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Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: SEMIOLOGIA ESPECIALIZADA

29: 44-53, jan./mar. 1996 Capítulo IV

SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA

PSYCHIATRIC SEMIOLOGY

Antonio Waldo Zuardi, Sonia Regina Loureiro

Docentes do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universida-
de de São Paulo
CORRESPONDÊNCIA : Antonio Waldo Zuardi - Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto - Campus Universitário - CEP: 14.048-900 - Ribeirão Preto - SP.

ZUARDI AW & LOUREIRO SR. Semiologia psiquiátrica. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 44-53, jan./mar. 1996.

RESUMO: O objetivo principal deste artigo é introduzir o estudante de graduação, especialmente


de Medicina, na prática da semiologia psiquiátrica. Os autores discutem a entrevista psiquiátrica
como a maneira essencial de avaliação do paciente psiquiátrico. O artigo fornece uma visão geral da
história psiquiátrica e das partes componentes do exame do estado mental, incluindo: aparência, fala
e pensamento, distúrbios da percepção, afeto e humor, atenção e concentração, memória, orienta-
ção, consciência, inteligência e julgamento da realidade.

UNITERMOS: Anamnese. Psiquiatria. Relações Médico-Paciente. Entrevista Psiquiátrica.

INTRODUÇÃO A interação entre o entrevistador e o paciente,


não se constitui, necessariamente, numa distorção das
Os dados necessários à História Clínica Psiquiá- condições “naturais” de observação, se considerarmos
trica e ao Exame do Estado Mental, são obtidos, basi- que a conduta humana ocorre sempre “num contexto
camente através da entrevista psiquiátrica, estando de vínculos e relações humanas” e não isoladamente2.
sujeitos à influência de inúmeras variáveis, relaciona- Assim, a situação de entrevista psiquiátrica constitui-se
das ao entrevistador, ao entrevistado (paciente, fami- numa forma particular de interação, que ocorre den-
liar ou outro informante), à interação entre eles e ao tro de um campo delimitado pelos seus objetivos, ad-
ambiente onde o exame está sendo realizado. quirindo características próprias. Um dos integrantes
Características do entrevistador, como suas deste relacionamento é um profissional, que deve usar
crenças, valores, sensibilidade, estado emocional no seus conhecimentos para entender o que está aconte-
momento da entrevista e outras, podem interferir nos cendo com o outro e que deverá interagir de acordo
fenômenos observados. A forma como uma pergunta com esta compreensão. O paciente, por outro lado,
é formulada, o tom de voz utilizado, um olhar, um necessita e, em geral, espera obter auxílio do profissio-
gesto, poderão orientar a resposta do paciente. nal, o que deve estimulá-lo a falar e refletir sobre si
Variáveis do paciente, também interferem na mesmo, ainda que, o paciente psiquiátrico ao mesmo
obtenção dos dados, por exemplo, sua motivação em tempo que está motivado para revelar-se, pode ocul-
relação ao exame. Se o paciente procurou ajuda, es- tar sentimentos íntimos, por conta de suas defesas
pontaneamente, pode-se esperar que tenha uma certa psíquicas3. De qualquer forma, a interação é uma das
preocupação com seu estado e uma predisposição variáveis que influencia a observação, por exemplo, a
maior em colaborar. A situação daquele que foi tra- eclosão de sentimentos de simpatia ou antipatia, pode
zido contra sua vontade é, seguramente bem diversa1. influir no resultado do exame4.

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Semiologia psiquiátrica.

Variáveis do ambiente onde o exame é condu- forma, procura, ativamente, obter dados que lhe per-
zido, também interferem com o mesmo, por exemplo mitam preencher uma história clínica e elaborar um
o local, a duração, a disposição espacial dos partici- exame das funções mentais, seguindo algum roteiro,
pantes e as condições de privacidade. mesmo que não claramente explicitado. Assim, é im-
O conhecimento dessas variáveis e o preparo portante que o psiquiatra tenha sempre presente uma
técnico do entrevistador, contribuem para que ele esti- estrutura de história clínica e exame do estado men-
mule a comunicação do entrevistado com um mínimo tal, que lhe permita dirigir a entrevista, sem perder a
de interferência, permitindo que o campo da entre- dimensão do todo a ser explorado. Um roteiro de ana-
vista seja configurado, fundamentalmente, pela per- mnese e exame psicológico é apresentado na Tabela I.
sonalidade e psicopatologia do entrevistado.
Existem diferentes tipos de entrevistas que, de
uma maneira bastante ampla, poderiam ser agrupadas Tabela I - Tópicos a serem avaliados e registra-
em: abertas, estruturadas e semi-estruturadas. dos na Anamnese Psiquiátrica
Na entrevista aberta, o entrevistador não segue 1. Identificação.
um roteiro rígido e pré-determinado, permitindo que 2. Queixa Principal
o entrevistado fale o mais livremente possível, de tal 3. História da Moléstia Atual.
forma que o curso da entrevista seja por ele determi- 4. Antecedentes - História Médica e Psiquiátrica.
nado2. Este tipo de entrevista permitiria um acesso mais 5. Antecedentes - História Pessoal:
fácil ao material inconsciente, através da observação da a) História Pré-Natal / Nascimento.
ordem em que os assuntos são comunicados, da asso- b) Infância - desenvolvimento.
ciação entre os mesmos, das interrupções, das respos- c) Adolescência.
tas emocionais, etc. Suas principais limitações são: a d) Idade Adulta.
pequena possibilidade de concordância entre diferentes 6. Antecedentes - História Familiar
entrevistadores; a dificuldade para formulação de diag- 7. Personalidade Pré-Mórbida.
nósticos consistentes, em razão da investigação assiste- 8. Exame Físico.
mática dos sintomas; o tempo imprevisível e, muitas 9. Exame Psiquiátrico
Apresentação
vezes, longo para a obtenção de informações.
– Aparência
Nas entrevistas estruturadas, a forma pela qual se – Psicomotricidade
obtém as informações, a seqüência das perguntas e os – Situação da entrevista
registros dos resultados são pré-determinados. Geral- Linguagem e Pensamento
mente, os formulários dessas entrevistas contém glos- – Característica da fala
– Progressão da fala
sários, que procuram descrever, acuradamente, os ter- – Forma do pensamento
mos empregados. A principal vantagem desse tipo de – Conteúdo do pensamento
entrevista é aumentar a confiabilidade do diagnóstico – Capacidade de abstração
psiquiátrico, facilitando a concordância entre diferentes Senso-Percepção
profissionais. Em razão disso, as entrevistas estrutura- Afetividade e Humor
das tem se constituído em importante instrumento para – Tonalidade emocional
– Modulação
as atividades de pesquisa clínica e estudos epidemioló- – Associação pensamento/afeto
gicos5. Pode-se questionar a pequena flexibilidade des- – Equivalentes orgânicos
se tipo de entrevista, o que, em determinadas circuns- Atenção e Concentração
tâncias, poderia prejudicar a colaboração do paciente. – Manutenção
– Focalização
As entrevistas semi-estruturadas, tem um ní- – Desatenção seletiva
vel de estruturação maior ou menor, dependendo da Memória
entrevista, mas permitem sempre uma certa flexibi- – Remota
lidade na seqüência e/ou forma de formular as per- – Recente
guntas. Várias entrevistas semi-estruturadas são pa- – Imediata
dronizadas, estabelecendo os limites dessa flexibili- Orientação
– Autopsíquica
dade. Estas entrevistas, em geral, mantém níveis ele- – Alopsíquica
vados de confiabilidade. Consciência
As entrevistas psiquiátricas habituais, embora Capacidade intelectual
não padronizadas, podem ser consideradas do tipo Juízo Crítico da Realidade
semi-estruturada, porque o entrevistador, de alguma

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A avaliação psiquiátrica começa antes mesmo 2. Queixa principal - origem e motivo do enca-
do início da entrevista, com a observação da expres- minhamento
são facial do paciente, seus trajes, movimentos, ma- Utilizando-se a terminologia do paciente, de-
neira de se apresentar, etc. Como a colaboração do ve-se fazer uma breve descrição sobre o problema atual
paciente é fundamental para a obtenção dos dados, o para o qual ele está buscando ajuda profissional, ou
esforço inicial do entrevistador deve ser no sentido de para o qual foi trazido por outros para o tratamento. É
estabelecer um contacto que permita ao paciente sen- importante observar quem encaminhou, de quem foi a
tir-se à vontade para expor suas dificuldades. O início iniciativa de buscar ajuda e com que objetivo.
da entrevista deve ser pouco diretiva, permitindo a li-
vre expressão do paciente, com interferência mínima 3. História da Moléstia Atual:
do entrevistador e apenas com o objetivo de esclare-
Neste tópico, deve-se avaliar como a doença
cer pontos obscuros do relato. Após a exposição inicial
começou, se existiram fatores precipitantes, como evo-
do paciente, o entrevistador deve adotar um papel mais luiu, qual a gravidade e o impacto da doença sobre a
ativo, conduzindo a entrevista, com tato, para cobrir
vida da pessoa.
todos os aspectos da anamnese. É importante salien-
É importante considerar a descrição detalhada
tar que o entrevistador deve adaptar sua entrevista ao dos sintomas, a freqüência, duração e flutuações dos
paciente e não forçar o paciente a adaptar-se à entre-
mesmos. Ainda, deve-se observar a seqüência crono-
vista6. No decorrer da entrevista, é importante aten-
lógica dos sintomas e eventos relacionados desde as
tar-se não apenas ao que o paciente diz, mas também primeiras manifestações até a situação atual.
à forma como se expressa e ao que faz enquanto fala.
Igualmente importante é a auto-observação do entre-
4. Antecedentes - História Médica e
vistador para suas próprias reações diante do paciente. Psiquiátrica
Na parte final da entrevista, o entrevistador pode fa-
zer perguntas mais diretas para esclarecer os pontos Descrever, em ordem cronológica, as doenças,
que faltem para completar a história psiquiátrica ou o cirurgias e internações hospitalares. Observar o estado
exame do estado mental. Antes de finalizar a entre- atual de saúde, as mudanças recentes de peso, de sono,
vista, o entrevistador deve abrir um espaço para co- hábitos intestinais e problemas menstruais.
mentários adicionais do paciente, esclarecer suas dú- Colher informações sobre medicamentos em uso
vidas e, em seguida, formular sua impressão até aquele e, habitualmente, consumidos verificando dosagem e
momento. Quando necessário, devem ser conduzidas quem prescreveu. Verificar abuso de medicamentos,
entrevistas adicionais e consultas a outras fontes de de drogas e álcool.
informação, tais como, parentes ou conhecidos, sempre Quanto aos antecedentes psiquiátricos levantar
com o prévio conhecimento e anuência do paciente. informações sobre os tratamentos prévios, especifi-
cando há quanto tempo ocorreram, o tipo e a duração
dos mesmos. Verificar a utilização prévia de psicofár-
HISTÓRIA CLÍNICA PSIQUIÁTRICA macos, especificando tipo e dosagem.
A História Clínica Psiquiátrica ou Anamnese Deve-se incluir, quando for o caso, dados sobre
Psiquiátrica objetiva fornecer elementos para a for- a situação atual de atendimento psiquiátrico, infor-
mulação diagnóstica, incluindo a descrição detalhada mando sobre o tipo de tratamento, duração e a utili-
dos sintomas e a identificação dos fatores predispo- zação de psicofármacos.
nentes, precipitantes e perpetuantes da doença6. Con- É importante estar atento ao significado e aos
siste, ainda, em uma caracterização da personalidade, sentimentos do paciente frente a sua história de doen-
incluindo aspectos relativos ao desenvolvimento, aos ça, o impacto sobre a sua vida, os sistemas de apoio
potenciais e fraquezas1,7. com que conta e as expectativas de recuperação.
Apresentamos, a seguir, uma descrição breve
dos tópicos a serem avaliados e registrados com rela- 5. Antecedentes - História Pessoal:
ção à história. a) História pré-natal/nascimento
1. Identificação: Informações sobre a gestação, o parto e as con-
Nome, sexo, idade, estado civil, grupo étnico, pro- dições do nascimento, incluindo: peso, anoxia, icterí-
cedência, religião, profissão. cia, distúrbio metabólico.

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Semiologia psiquiátrica.

b) Infância e desenvolvimento violação da lei ou dos padrões sociais. Com relação


Descrever: as condições de saúde; os compor- aos irmãos, observar a ordem cronológica de nasci-
tamentos e hábitos com relação ao sono, alimentação; mento. Caso os pais ou irmãos sejam falecidos, espe-
as aquisições de habilidades, incluindo o desenvolvi- cificar a causa da morte e a idade na ocasião.
mento motor, da linguagem e o controle esfincteriano; O ambiente familiar: o nível de interação, os
a vida escolar, abrangendo idade de início da aprendi- padrões de relacionamento dos pais entre si, com os
zagem, o ajustamento, o temperamento, medos, o re- filhos e destes entre si, constitui-se numa informação
lacionamento e interação social. importante.

c) Adolescência 7. Personalidade pré-mórbida


Descrever: os interesses, as aquisições quanto Compreende o conjunto de atitudes e padrões
à vida escolar, a profissionalização ou trabalho, as in- habituais de comportamento do indivíduo, a descri-
terações e o relacionamento com familiares e colegas, ção deve abarcar o modo de ser habitual do paciente,
a sexualidade incluindo a menarca, namoro, a 1ª rela- independente da sua situação de doença. Trata-se de
ção sexual, o uso de drogas ou álcool. É importante uma tarefa complexa e difícil.
observar a atitude frente ao crescimento, os sentimen- Deve englobar os seguintes aspectos: as preo-
tos de isolamento ou depressão e as manifestações de cupações excessivas com ordem, limpeza, pontuali-
delinqüência. dade, o estado de humor habitual, a capacidade de
d) Idade adulta expressar os sentimentos, a maneira como se expressa
habitualmente, o nível de desconfiança e competitivi-
Descrever as situações e as atitudes frente ao
dade, a capacidade para executar planos e projetos e a
trabalho, a vida familiar e conjugal, a sexualidade, os
maneira como reage quando se sente pressionado.
relacionamentos e a situação sócio-econômica.
É importante observar as mudanças de perso-
Quanto ao trabalho é importante observar: o tipo
nalidade com a doença.
de atividade, a evolução, as interrupções, as mudan-
ças, o nível de satisfação e as dificuldades relativas à 8. Exame físico
competência e aos relacionamentos.
A vida familiar e conjugal englobam informa- Deve ser feito de rotina, visando verificar se os
ções sobre os relacionamentos anteriores, as condi- sinais e sintomas estão associados a condições orgâ-
ções do casamento, as características do cônjuge, se- nicas ou psiquiátricas.
parações, a sexualidade, a idade, sexo e as condições
físicas e psicológicas dos filhos.
EXAME DO ESTADO MENTAL
Com relação à sexualidade, colher informações
sobre as experiências sexuais, as dificuldades de rela- O exame do estado mental é uma avaliação do
cionamento, contracepção, gestações e abortos. funcionamento mental do paciente, no momento do
Os relacionamentos englobam a convivência exame, com base nas observações que foram feitas
social nas rotinas de vida, no lazer, na situação fami- durante a entrevista. Assim, ele pode variar de um
liar, de vizinhança e de trabalho. momento para outro, em função de mudanças na
A situação sócio-econômica deve incluir as psicopatologia do paciente. Da mesma forma que o
condições de moradia, as fontes de provisão de recur- exame físico de um paciente com hipertensão arterial,
sos, as dificuldades financeiras e os planos e projetos pode mostrar uma pressão arterial normal, em razão
futuros. do paciente estar medicado, o exame do estado men-
tal de um esquizofrênico pode deixar de apresentar
6. Antecedentes - História Familiar alucinações, pelo mesmo motivo.
Colher informações sobre os pais e irmãos Com o objetivo de facilitar a descrição, o exa-
quanto à idade, sexo, nível educacional, atividade pro- me do estado mental é organizado por áreas (p.ex.,
fissional, características de personalidade, problemas pensamento, senso-percepção, afeto, etc.), embora
de saúde, com destaque aos relacionados com à saúde exista uma grande inter-relação entre estas diferentes
mental. Observar história de adoção, de suicídio e de áreas.

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As partes que compõem o exame do estado men- LINGUAGEM E PENSAMENTO


tal e suas principais alterações, são descritas abaixo:
O examinador tem um acesso indireto ao pen-
samento do paciente, através do discurso do mesmo
APRESENTAÇÃO GERAL
durante a entrevista. Assim, a linguagem e o pensa-
Trata-se de uma descrição da impressão geral mento são avaliadas conjuntamente, nesta parte do
advinda da aparência física, da atitude e conduta do exame, segundo os seguintes aspectos:
paciente na interação com o entrevistador.
1- Características da fala - Deve ser anotado se a
- Aparência - A descrição deve permitir formar uma fala é espontânea, se ocorre apenas em resposta à
imagem sobre o paciente, de forma a reconhecê-lo, estimulação ou não ocorre (mutismo). Descreve-se,
englobando: também, o volume da fala e se ocorre algum defeito
a) aparência quanto à idade e à saúde; na verbalização, tais como: afasia (prejuízo na com-
b) a presença de deformidades e peculiaridades fí- preensão ou transmissão de idéias, através da lin-
sicas; guagem, que é devido à lesões ou doenças nos cen-
c) o modo de vestir-se e os cuidados pessoais, in- tros cerebrais envolvidos com a linguagem8), di-
cluindo ordem, asseio e excentricidades; sartria (incapacidade na articulação das palavras),
d) a expressão facial, através da mímica e en- gagueira, rouquidão, etc.
quanto sinais sugestivos de doença orgânica, de-
pressão, ansiedade, alegria exagerada ou sem mo- 2 - Progressão da fala - Deve ser observada a quanti-
tivo aparente. dade e a velocidade da verbalização do paciente,
durante a entrevista. Algumas alterações possíveis
- Psicomotricidade são listadas abaixo:
a) o comportamento e atividade motora, envolvendo - Linguagem quantitativamente diminuída - o pa-
a velocidade e intensidade da mobilidade geral ciente restringe sua fala ao mínimo necessário,
na marcha, quando sentado e na gesticulação; com respostas monossilábicas ou muito sucin-
b) a atividade motora, incluindo a agitação (hipera- tas, sem sentenças ou comentários adicionais.
tividade) ou retardo (hipoatividade), a presença de - Fluxo lento - são notadas longas pausas entre as
tremores, de acatisia, estereotipias, maneirismos palavras e/ou latência para iniciar uma resposta.
(movimentos involuntários estereotipados), tiques - Prolixidade - o paciente fala muito, discorrendo
(movimentos involuntários e espasmódicos); longamente sobre todos os tópicos, porém ainda
c) a presença de sinais característicos de catatonia dentro dos limites de uma conversação normal.
(anomalias motoras em distúrbios não orgânicos), - Fluxo acelerado - o paciente fala, continuamen-
como flexibilidade cérea (manutenção de postu- te, e com velocidade aumentada. O examinador,
ras impostas por outros), obediência automática, geralmente, encontra dificuldade ou não conse-
resistência passiva e ativa, negativismo (resistên- gue interromper o discurso do paciente.
cia imotivada), estupor (lentificação motora, imo-
3 - Forma do pensamento - neste item, deve ser exa-
bilidade) e catalepsia (manutenção de uma posi-
minada a organização formal do pensamento, sua
ção imóvel).
continuidade e eficácia em atingir um determi-
- Situação da entrevista/interação - Deve-se descre- nado objetivo. Alguns distúrbios observados neste
ver as condições em que a entrevista ocorreu abran- item são:
gendo: - Circunstancialidade - o objetivo final de uma
a) o local; determinada fala é longamente adiado, pela in-
b) a presença de outros participantes e corporação de detalhes irrelevantes e tediosos.
c) intercorrências eventuais - Tangencialidade - o objetivo da fala não chega a
ser atingido ou não é claramente definido. O
Quanto à interação, deve-se descrever a dispo- paciente afasta-se do tema que está sendo dis-
nibilidade e interesse frente à entrevista, destacan- cutido, introduzindo pensamentos aparentemente
do-se: cooperação, oposição, tendência a conduzir a não relacionados, dificultando uma conclusão.
entrevista, indiferença, negativismo frente ao exame. O paciente fala de forma tão vaga, que apesar

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Semiologia psiquiátrica.

da fala estar quantitativamente adequada, pou- B - Logicidade do pensamento, ou o quanto o


ca informação é transmitida (pobreza do con- pensamento pode ser sustentado por dados da reali-
teúdo do pensamento). dade do paciente. Alguns tipos de pensamento ilógico
- Perseveração - o paciente repete a mesma res- são descritos abaixo:
posta à uma variedade de questões, mostrando - Idéias supervalorizadas - o conteúdo do pensa-
uma incapacidade de mudar sua resposta a uma mento centraliza-se em torno de uma idéia parti-
mudança de tópico. cular, que assume uma tonalidade afetiva acen-
- Fuga de idéias - ocorre sempre na presença de tuada, é irracional, porém sustentada com me-
um pensamento acelerado e caracteriza-se pelas nos intensidade que uma idéia delirante.
associações inapropriadas entre os pensamen- - Delírios - crenças que refletem uma avaliação fal-
tos, que passam a serem feitas pelo som ou pelo sa da realidade, não são compartilhadas por ou-
ritmo das palavras (associações ressonantes). tros membros do grupo sócio-cultural do paciente
- Pensamento incoerente - ocorre uma perda na e das quais não pode ser dissuadido, através de
associação lógica entre partes de uma sentença argumentação contrária, lógica e irrefutável1.
ou entre sentenças (afrouxamento de associa- Os delírios podem ser primários, quando não
ções). Numa forma extrema de incoerência, ob- estão associados a outros processos psicológicos,
serva-se uma seqüência incompreensível de fra- p.ex., inserção de pensamento (crê que pensa-
mentos são colocados em sua cabeça), irradia-
ses ou palavras (salada de palavras).
ção de pensamento (acredita que os próprios
- Bloqueio de pensamento - ocorre uma interrup-
pensamentos são audíveis ou captados pelos ou-
ção súbita da fala, no meio de uma sentença.
tros) e secundários, quando vinculados a outros
Quando o paciente consegue retomar o discur-
processos psicológicos( derivados de uma aluci-
so, o faz com outro assunto, sem conexão com a
nação, associados à depressão ou mania)7.
ideação anterior.
Os delírios podem ser descritos em função de seu
- Neologismos - o paciente cria uma palavra nova
grau de organização, em: sistematizados (rela-
e ininteligível para outras pessoas, geralmente
cionados a um único tema, mantendo uma lógica
uma condensação de palavras existentes.
interna, ainda que baseada em premissas falsas,
- Ecolalia - repetição de palavras ou frases ditas
o que pode conferir maior credibilidade) e não
pelo interlocutor, às vezes com a mesma ento- sistematizados (quando envolvem vários temas,
nação e inflexão de voz. são mais desorganizados e pouco convincentes).
4 - Conteúdo do pensamento - Neste item, investi- Os delírios podem ser descritos, também, pelo
gam-se os conceitos emitidos pelo paciente du- seu tema predominante, p. ex., como delírio de
rante a entrevista e sua relação com a realidade. referência (atribuição de um significado pessoal
Deve-se assinalar: a observações ou comentários neutros), perse-
cutório (idéia de que está sendo atacado, inco-
A -Tema predominante e/ou com característi-
modado, prejudicado, perseguido ou sendo ob-
cas peculiares, tais como:-
jeto de conspiração), de grandiosidade (o con-
- Ansiosos - preocupações exageradas consigo mes-
teúdo envolve poder, conhecimento ou importân-
mo, com os outros ou com o futuro.
cia exagerados), somáticos (o conteúdo envolve
- Depressivos - desamparo, desesperança, ideação uma mudança ou distúrbio no funcionamento cor-
suicida, etc. poral), de culpa (acredita ter cometido uma falta
- Fóbico - medo exagerado ou patológico diante ou pecado imperdoável), de ciúmes (acredita na
de algum tipo de estímulo ou situação. infidelidade do parceiro), de controle (acredita
- Obsessivos - pensamentos recorrentes, invasi- que seus pensamentos, sentimentos e ações são
vos e sem sentido, que a pessoa reconhece como controlados por alguma força externa)8.
produtos de sua própria mente e tenta afastá-los
da consciência. Podem ser acompanhados de 5 - Capacidade de abstração - reflete a capacidade
comportamentos repetitivos, reconhecidos como de formular conceitos e generalizações. A inca-
irracionais, que visam neutralizar algum descon- pacidade de abstração é referida como pensamen-
forto ou situação temida (Compulsões)8. to concreto. Este item pode ser avaliado, através

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da observação de algumas manifestações espontâ- flutuações do humor e seus componentes somáticos.


neas, durante a entrevista (p.ex., diante da pergunta Considera-se humor a tonalidade de sentimento man-
“como vai” o paciente responde “vou de ônibus”), tido pelo paciente durante a avaliação. Para a avalia-
ou através da solicitação para que o paciente inter- ção desta função considera-se:
prete provérbios habituais para sua cultura. a) o conteúdo verbalizado;
b) o que se observa ou se deduz do tom de voz, da
expressão facial, da postura corporal;
SENSO - PERCEPÇÃO c) a maneira como o paciente relata experimentar os
próprios sentimentos, o que pode requerer um
O examinador deverá avaliar se as sensações e questionamento específico sobre “como os senti-
percepções do paciente resultam da estimulação es- mentos são experimentados”, e
perada dos correspondentes órgãos do sentido. Para d) o relato de oscilações e variações de humor no cur-
isso, pode valer-se de relatos espontâneos de percep- so do dia.
ções alteradas; da observação de comportamentos
sugestivos de percepções, na ausência de estímulos - Tonalidade emocional: avalia-se a tonalidade
externos (conversar consigo mesmo, rir sem motivo, emocional predominante durante a entrevista, ob-
olhar repentinamente em determinada direção, na au- servando-se a presença e a intensidade de manifes-
sência de estímulo aparente); ou, ainda, pode formu- tações de: ansiedade, pânico, tristeza, depressão, apa-
lar perguntas diretas sobre tais alterações (p.ex., “Você tia, hostilidade, raiva, euforia, elação, exaltação,
já teve experiências estranhas, que a maioria das pes- desconfiança, ambivalência, perplexidade, indife-
soas não costumam ter?” “Você já ouviu barulhos rença, embotamento afetivo (virtualmente, sem ex-
ou vozes, que outras pessoas, estando próximas, não pressão afetiva, p. ex. voz monótona, face imóvel8).
conseguiram ouvir?”). As principais alterações da sen-
- Modulação: Refere-se ao controle sobre os afetos,
so-percepção são comentadas abaixo:
deve-se observar a presença de hipomodulação, as-
- Despersonalização: refere-se à sensação de estra-
sociada à rigidez afetiva, caracterizada pela manu-
nheza, como se seu corpo, ou partes dele não lhe
tenção de uma certa fixidez no afeto externalizado,
pertencessem, ou fossem irreais.
e de hipermodulação, associada à labilidade afetiva,
- Desrealização: o ambiente ao redor parece estra-
caracterizada por marcadas oscilações no humor
nho e irreal, como se “as pessoas ao seu redor esti-
manifesto.
vessem desempenhando papéis”.
- Ilusão: interpretação perceptual alterada, resultante - Associação pensamento/afeto: A avaliação da
de um estímulo externo real. relação do conteúdo do pensamento ao afeto mani-
- Alucinações: percepção sensorial na ausência de festo constitui-se em ponto importante, devendo-se
estimulação externa do órgão sensorial envolvido. considerar: o nível de associação / dissociação e a
As alucinações podem ser: auditivas (sons ou vo- adequação / inadequação das manifestações, para tal
zes; as vozes podem dirigir-se ao paciente ou discu- deve-se levar em conta a temática e o contexto na
tirem entre si sobre ele), visuais (luzes ou vultos até qual ela está inserida.
cenas em movimento, nítidas e complexas), táteis - Equivalentes orgânicos: Os equivalentes ou conco-
(toque, calor, vibração, dor, etc.), olfatórias e mitantes orgânicos do afeto devem ser avaliados com
gustativas. As alucinações que ocorrem no estado base nas alterações do apetite, peso, sono e libido.
de sonolência, que precede o sono (hipnagógicas)
É importante observar na avaliação desta a fun-
e no estado semiconsciente, que precede o desper-
ção, a presença de manifestações ou risco de auto e
tar (hipnopômpicas) são associadas ao sono nor-
heteroagressividade, tais como idéias ou planos de
mal e não são, necessariamente, patológicas.
suicídio, ou ainda idéias ou projetos de homicídio ou
agressão voltada para o meio.
AFETIVIDADE E HUMOR Deve-se considerar, ainda, na avaliação desta
função as manifestações relativas a auto-estima, e a
A avaliação do afeto inclui a expressividade, o volição, enquanto a energia que a pessoa está inves-
controle e a adequação das manifestações de senti- tindo e a disposição com a qual está se envolvendo na
mentos, envolvendo a intensidade, a duração, as realização de seus projetos pessoais.

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Semiologia psiquiátrica.

Os sentimentos despertados no avaliador du- ser avaliada, também, através de testes específicos,
rante a entrevista, podem também ser um recurso útil alguns deles bastante simples, e que podem ser intro-
na avaliação do afeto, para tal é necessário que o en- duzidos numa entrevista psiquiátrica habitual. A in-
trevistador seja mais experiente e capaz de perceber vestigação da memória é, particularmente, impor-
os elementos transferenciais. tante quando se suspeita de quadros de etiologia or-
gânica. Habitualmente, divide-se a avaliação da me-
mória em três tipos:
ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO - Memória Remota: avalia a capacidade de recor-
dar-se de eventos do passado, podendo ser avaliada
Na avaliação é considerada a capacidade de durante o relato feito pelo paciente, de sua própria
focalizar e manter a atenção em uma atividade, envol- história.
vendo a atenção/distração, frente aos estímulos exter- - Memória Recente: avalia a capacidade de recor-
nos ou internos. Esta função quando prejudicada in- dar-se de eventos que ocorreram nos últimos dias,
terfere, diretamente, no curso da entrevista, requeren- que precederam a avaliação. Para esta avaliação o
do que o entrevistador repita as perguntas feitas. A examinador pode perguntar sobre eventos verificá-
avaliação pode envolver, além da observação da pró- veis dos últimos dias, tais como: o que o paciente
pria situação de entrevista, a proposição de tarefas/ comeu numa das refeições anteriores, o que viu na
testes simples como: TV na noite anterior, etc.
a) dizer os dias da semana e os meses do ano em uma - Memória Imediata: avalia a capacidade de recor-
dada ordem proposta pelo entrevistador, e dar-se do que ocorreu nos minutos precedentes. Pode
b) realizar cálculos simples. A complexidade das ta- ser testada, pedindo-se ao paciente que memorize
refas deve levar em conta o nível sócio-cultural do os nomes de três objetos não relacionados e depois
paciente avaliado. É importante observar o quanto de 5 minutos, durante os quais se retomou a entre-
a dificuldade está associada à atenção ou relacio- vista normal, solicitando-se que o paciente repita
nada a um distúrbio de ansiedade, do humor ou da esses três nomes.
consciência
- Manutenção prejudicada: dificuldade de manter Ao observar-se uma deficiência de memória é
a atenção focalizada sobre os estímulos mais rele- importante, para alguns diagnósticos diferenciais, ve-
vantes do meio, desviando a atenção para os estí- rificar-se como o paciente lida com ela, ou seja: tem
mulos irrelevantes e exigindo intervenções do en- uma reação catastrófica, diante da deficiência; nega
trevistador para manter a atenção focalizada nos es- ou tenta não valorizar o déficit de memória; preenche
tímulos principais. lacunas de memória com recordações falsas
(confabulação).
- Focalização prejudicada: dificuldade de focali-
zar a atenção sobre os estímulos mais relevantes
do meio, não atendendo às intervenções do entre- ORIENTAÇÃO
vistador.
- Desatenção Seletiva: desatenção frente a temas A avaliação envolve aspectos auto e alopsíquicos.
que geram ansiedade. - Autopsíquica: Os aspectos autopsíquicos se ca-
racterizam pelo reconhecimento de si envolvendo:
a) saber o próprio nome;
MEMÓRIA
b) reconhecer as pessoas do seu meio imediato, atra-
vés de seu nome ou de seu papel social e
A memória começa ser avaliada durante a ob-
tenção da história clínica do paciente, com a verifica- c) saber quem é o entrevistador.
ção de como ele se recorda de situações da vida pre- - Alopsíquica: Com relação aos aspectos alopsiquícos
gressa, tais como, onde estudou, seu primeiro empre- são avaliados:
go, perguntas sobre pessoas significativas de sua vida a) a orientação no tempo, englobando saber infor-
passada, tratamentos anteriores, etc. A memória pode mar - o ano, o mês, o dia da semana, o período do

51
A. W. Zuardi & S. R. Loureiro

dia, ou ainda a estação do ano, ou marcos tempo- ções como pensamento, atenção - concentração, ou
rais como Natal/ Carnaval/ Páscoa; ainda a não aquisição de habilidades, em função de
b) a orientação no espaço envolve saber informar baixa escolaridade ou de experiência em um meio só-
onde se encontra no momento, nomeando o lu- cio-cultural pobre.
gar, a cidade e o estado. Na situação de entrevista deve ser observado:
o vocabulário, sua propriedade e nível de complexi-
dade, e a capacidade de articular conceitos, de abs-
CONSCIÊNCIA trair e generalizar.

Neste item, deve ser registrado o nível de cons- - Prejuízo intelectual: Para a avaliação deste item,
ciência do paciente, dentro do contínuo que vai desde a observação da situação de entrevista, pode ser
o estado de consciência plena (percebe o que ocorre complementada com a proposição de atividades
a sua volta e responde à essa percepção) até o coma como:
(não responde à estimulação em diferentes graus). Esta a) perguntas que avaliam as informações sobre as-
avaliação decorre do contacto com o paciente durante suntos ou temas gerais (por exemplo, quem é o
a entrevista. Algumas alterações de consciência são Presidente da República);
descritas abaixo: b) a resolução de problemas aritméticos (por exem-
- Sonolência: lentificação geral dos processos idea- plo, quanto receber de troco em uma situação de
cionais, com predisposição para dormir, na ausên- compra e venda);
cia de estimulação. c) a leitura de textos escritos comentando a com-
- Obnubilação da consciência: diminuição do ní- preensão dos mesmos. É importante observar o
vel de vigília, acompanhado de dificuldade em fo- nível sócio-cultural do paciente na seleção das
calizar a atenção e manter um pensamento ou com- atividades e na complexidade das mesmas.
portamento objetivo.
- Deterioração: Deve-se estar atento à presença de
- Estupor: permanece em mutismo e sem movimen- uma deterioração global, com prejuízo no funciona-
tos, com preservação relativa da consciência. mento intelectual, sem obnubilação da consciência
- Delirium: quadro agudo caracterizado por diminui- no caso de demência (disfunção cerebral orgânica)
ção do nível de vigília, acompanhado de alterações ou pseudodemência (depressão).
cognitivas (desorientação, déficits de memória) ou A avaliação psicodiagnóstica, através dos tes-
perceptuais (ilusões e alucinações). tes específicos de inteligência, deve ser solicitada
- Estado crepuscular: estreitamento da consciên- quando foi observado na entrevista a presença de
cia, podendo manter comportamentos motores rela- déficits específicos.
tivamente organizados, na ausência de um estado
de consciência plena. Ocorre, predominantemente,
em estados epilépticos. JUÍZO CRÍTICO DA REALIDADE

Esta avaliação deve ser feita durante a obten-


CAPACIDADE INTELECTUAL ção da história do paciente, sendo os testes formais
de pouca utilidade. Objetiva verificar se as ações do
A avaliação desta função, de forma empírica paciente são determinadas por uma avaliação coe-
na situação de entrevista, envolve uma estimativa do rente da realidade, do ponto de vista do funciona-
nível de desempenho intelectual esperado, em fun- mento mental e da capacidade adaptativa, incluindo
ção da escolaridade e do nível sócio-cultural, en- o nível realista dos projetos e da avaliação das pró-
quanto capacidade de compreensão e integração de prias realizações. Considera-se que o juízo crítico
experiências. da realidade está alterado, por exemplo, quando as
Trata-se de uma função complexa, pois seu com- decisões do paciente são determinadas por delírios
prometimento pode refletir o prejuízo de outras fun- ou alucinações.

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Semiologia psiquiátrica.

ZUARDI AW & LOUREIRO SR. Psychiatric semiology. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 44-53, jan./mar. 1996.

ABSTRACT: The main objective of this article is to introduce undergraduate students, especially
of medicine, in the practice of psychiatric semiology. The authors discuss the psychiatric interview as
the essential way for assessment of the psychiatric patient. The article provides an outline of a psychiatric
history and of the component parts of the mental status examination, including: appearance; speech
and thought; perceptual disturbances; affect and mood; attention and concentration; memory;
orientation; consciousness; intelligence; and reality judgment.

UNITERMS: Medical History Taking. Psychiatry. Physician - Patient Relations. Mental Status

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 5 - DEL PORTO JA. Visão geral sobre os instrumentos para
obtenção de informações (entrevistas estruturadas e
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suas variáveis específicas. Psychiatric Association, Washington, 1994.

Recebido para publicação em 04/03/96

Aprovado para publicação em 14/03/96

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