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DIREITO E

TECNOLOGIA

Pós-Graduação “lato sensu”


Profa. Paula Guimarães Figueiredo
Pós-Graduação “lato sensu” | Direito e Tecnologia
Profa. Paula Guimarães Figueiredo
Pós-Graduação “lato sensu” | Direito e Tecnologia
Profa. Paula Guimarães Figueiredo

Unidade I
Boas-vindas e apresentação da Disciplina

Apresentação
Caros Alunas e Alunos,

Gostaria de lhes dar as boas-vindas à matéria de Direito e Tecnologia na


modalidade de ensino à distância da Escola Superior de Advocacia – ESA da
OAB/MG.

Nesse curso, voltaremos nossas atenções ao impacto da tecnologia em nossa


profissão, evidenciando as oportunidades e desafios que a tecnologia e os fenômenos
sociais a ela relacionados nos trazem.

Nossas aulas estão divididas em seis encontros, nos quais trataremos:

1) Introdução ao Direito e à Tecnologia. Era digital: sociedade da informação


e a economia do conhecimento;

2) Globalização e os impactos das novas tecnologias;

3) Contratos, documentos e assinaturas eletrônicas. Visual Law: documentos


interativos e focados no usuário.

4) Lei Geral de Proteção de Dados;

5) Inteligência Artificial no Direito;

6) Lawtechs e Legaltechs.

Meu nome é Paula Figueiredo, sou advogada, fundadora do escritório


www.figueiredo.law, especializado em Direito Empresarial Consultivo com ênfase
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em empresas de base tecnológica, e do projeto www.thelegals.law, voltado ao


atendimento jurídico para Startups. Também sou empreendedora da startup
www.modacad.com.br, que é uma solução para confeccionistas, grande responsável
pela minha atuação ter ser voltado para o mundo da tecnologia. Sou técnica em
administração de empresas pela Escola de Formação Gerencial do SEBRAE/MG,
graduada e pós-graduada pela Faculdade de Direito Milton Campos. Sou professora
e coordenadora de cursos de pós-graduação em Direito, Tecnologia e Startups em
Belo Horizonte. Sou mentora de empreendedorismo na Stato.br, bem como em
diversos programas de empreendedorismo e inovação, como o She’s The Boss. Sou
também fundadora e presidente da Comissão de Direito para Startups da OAB/MG,
que hoje conta com 340 membros, entre advogados e atores do ecossistema de
inovação e empreendedorismo, como empreendedores, investidores, bancos,
governo, governos de países estrangeiros, academia, outras entidades representativas
de classe, especialistas em tecnologia e estudantes. Auxiliamos a formação de
comissões como a nossa em diversos estados e subseções do Brasil, sendo a pauta
motivadora de formação da Comissão Especial de Direito para Startups no Conselho
Federal da OAB.

Espero poder conduzi-los por essa jornada e acima de tudo estimulá-los a


compor o time de profissionais do Direito que vão conduzir, no Direito e fora dele, a
transformação social que vivemos neste momento.

Aproveito para convidar a todos a utilizar intensamente nosso ambiente


virtual, no qual poderemos interagir diretamente. O ambiente virtual é o espaço
criado para que possamos maximizar o conteúdo que preparamos para vocês.

Vamos juntos?

Paula Figueiredo
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Introdução ao Direito e à Tecnologia. Era digital:


sociedade da informação e a economia do conhecimento
Aula 1
Passamos hoje por uma transformação social intensa ocasionada pela
digitalização cada vez maior das nossas vidas. É o que chamamos de 4ª Revolução: a
primeira com a invenção da máquina a vapor/industrialização, a segunda com a
popularização do computador, intensificação de nossos deslocamentos e trocas
globais (globalização), a terceira com os fenômenos propiciados pela internet e,
atualmente, a quarta revolução, da digitalização.

Tendo em vista que o setor jurídico se destina, primordialmente, a compor


interesses das pessoas vivendo em sociedade – sendo a composição de conflitos
apenas uma parte de tais interesses – faz-se absolutamente necessário que tenhamos
conhecimento sobre nosso momento atual, as principais tecnologias e principais
tendências para o futuro próximo, de forma que possamos:

(i) Consumir tecnologia em nosso dia-a-dia, de forma que nossas


atividades possam ser otimizadas, disponibilizadas a um maior número
de pessoas e se tornarem mais lucrativas;

(ii) Atender as demandas jurídicas modernas e defender os interesses a elas


relacionadas;

(iii) Informar os processos legislativos e judiciais na adaptação normativa e


prestação jurisdicional adequadas aos desafios atuais;

(iv) Regular o uso da tecnologia na advocacia;

(v) Empreender no Direito.

Passemos a cada um desses temas individualmente.


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1) A Advocacia e a Tecnologia: especialização de atividades, aumento de


produtividade, disponibilidade de ferramentas tecnológicas, aumento do
acesso à justiça;

Vivemos em um país com números desafiadores no setor jurídico: (i) pouco


mais de 1.192.000 advogados ativos inscritos nos quadros da OAB1; (ii) mais de
1.565.000 (313.000 por ano do curso)2 de estudantes de Direito nas 1796 faculdades
aprovadas pelo MEC3, que juntas superam o número de faculdades de Direito no
mundo4; (iii) mais de 78,7 milhões de processos em tramitação no final de 2018,
segundo a última publicação Justiça em Números do CNJ5.

Adicione-se a esse cenário a constatação de muitos profissionais do Direito no


sentido de haver constante pressão para redução de honorários, por parte dos
demandantes dos serviços jurídicos e por parte dos próprios prestadores de serviços
jurídicos, que competem por serviços em detrimento de honorários mínimos.

Por outro lado, há que se considerar que a maior parte de possíveis demandas
sequer chegam ao Judiciário. O acesso à Justiça é obstado tanto pela dificuldade de
acesso ao serviço jurídico, seja por custo ou desconhecimento, quanto pelo colapso
do Judiciário, que não consegue resolver as demandas em tempo hábil,
comprometendo-se também por este último motivo a rentabilidade dos trabalhos dos
profissionais do Direito, que têm dificuldade em mensurar esforço e tempo para
solução de demandas judiciais.

1 Consulte o site do Conselho Federal para acesso aos números atualizados:


https://www.oab.org.br/institucionalconselhofederal/quadroadvogados.
2 https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/04/vagas-em-direito-disparam-apos-mec-facilitar-

a-abertura-de-novos-cursos.shtml.
3 Consulte o portal e-mec para o número atualizado de faculdades de Direito em funcionamento no

país, acessando o link http://emec.mec.gov.br/, opção consulta avançada, assinalar a opção curso de
graduação, preencher Direito no campo curso, assinalar a opção presencial e o grau bacharelado,
preencher o código de verificação e acionar o botão pesquisar.
4 https://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/brasil-tem-mais-cursos-de-direito-do-que-

todos-os-outros-paises-do-mundo-juntos/
5 https://www.cnj.jus.br/wp-

content/uploads/conteudo/arquivo/2019/08/justica_em_numeros20190919.pdf; Leia também:


http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Numero-de-processos-em-
tramitacao-na-Justica-cai-pela-primeira-vez-em-15-anos.aspx
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Além disso, devemos considerar ainda que matérias de gestão e de tecnologia


ainda não são comuns nos cursos de Direito, as quais permitiriam aos profissionais
tanto operar as ferramentas necessárias para exercício da profissão, quanto planejar e
gerenciar suas carreiras.

É nesse contexto que a tecnologia se revela como poderosa ferramenta para


alteração do cenário atual, na medida em que oferece ferramentas, a custos cada vez
menores ou até mesmo sem custo, acessíveis a uma parcela cada vez maior de
profissionais, para otimizarem o trabalho privativo do profissional do Direito, a
gestão de suas atividades, o contato com o destinatário de seus trabalhos.

Segundo nos revela a Lei de Moore6, nosso poder computacional dobra a cada
dois anos, e o preço da tecnologia cai pela metade. É por essa razão que hoje todos
possuímos, por exemplo, em nossos smartphones (aparelho de telefone celular
inteligente), mais poder computacional que nossos computadores de mesa de uma
década atrás. O mesmo acontece com os softwares (programas de computador) e
funcionalidades oferecidas, muito embora a realidade destes mude ainda mais
rápido que a dos equipamentos (hardwares). Estudos indicam que há 230 milhões de
smartphones em uso no Brasil, além de 180 milhões de computadores e tablets7,
sendo que 60% (sessenta por cento) da população adulta está conectada através de
smartphones8. Dessa forma, hoje um número crescente de pessoas está conectado,
acessa e é acessado através de ferramentas tecnológicas.

Todas as profissões estão sendo ou serão profundamente afetadas pelas


transformações tecnológicas e com o Direito não será diferente. No entanto, ao
contrário do que se noticia amplamente a respeito do trabalho jurídico poder ser
substituído pela tecnologia, a reflexão que os convido a fazer é diametralmente
oposta.

6 https://tecnoblog.net/277370/o-que-diz-a-lei-de-moore/
7 https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2019/04/26/internas_economia,1049125/brasil-
tem-230-mi-de-smartphones-em-uso.shtml;
8 https://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2019/02/07/interna_tecnologia,1028679/brasil-

lider-uso-de-smartphones-titulo-ainda-nao-deve-ser-comemorado.shtml. Veja também:


https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-
brasil.html
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O cenário aqui exposto revela uma situação de esgotamento do Poder


Judiciário e Poder Público, além da constante pressão sobre os serviços de natureza
técnica-jurídica. Nesse contexto, o uso de ferramentas tecnológicas que possam
otimizar o trabalho jurídico e aumentar a produtividade talvez seja a única forma de
realmente alterar a situação atual de dificuldade de acesso à advocacia e à justiça em
nosso país, bem como aumentar o espectro de atuação e pessoas atendidas. Trabalhos
repetitivos e que não exigem técnica para sua execução podem e devem deixar de
ocupar as horas técnicas de juristas, tanto na esfera privada quanto pública. A oferta
de ferramentas tecnológicas aumenta consideravelmente, e pode-se aprimorar ainda
mais. Trataremos das Startups do mundo jurídico em nosso sexto encontro, para uma
melhor visão do potencial de tais ferramentas em nosso dia-a-dia.

E para consumir tais ferramentas, precisamos conhecê-las. Além disso,


precisamos entender do uso de ferramentas já aplicadas para nosso trabalho diário,
desde os sistemas utilizados pelos tribunais, até ferramentas para assinaturas
eletrônicas ou produção de provas digitais. Essa é a nossa realidade atual, e não
futura. Muitos acreditam não ter porte para consumo de ferramentas tecnológicas ou
acreditam que tecnologia não é algo que lhes aproveite, porém desconhecemos quem
não utilize ferramentas de tecnologia diariamente, para as atividades mais simples
até as mais complexas. É hora de reconhecer a tecnologia como ferramenta, e
posicionarmo-nos como quem as utiliza e, acima de tudo, demandar da tecnologia o
que queremos que ela faça por nós, no exercício de nossa profissão.

2) Atendimento a demandas jurídicas modernas

Conforme exposto em nossa videoaula, vários são os desafios para


implementação dos modelos de negócio modernos. Muitas vezes as soluções que as
empresas buscam oferecer são inovadoras, ou os seus mercados ainda inexistentes.
Na maior parte das vezes, inovam não apenas nos produtos e serviços oferecidos,
mas na forma como fazem isso, e para mercados que ainda não existiam. Assim,
encontram um cenário jurídico sem que haja previsão legal ou referências de
julgados ou, ainda, podem até ser contrários a alguma legislação vigente.
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Além dos quatro exemplos discutidos em aula, vale pontuar ainda: exemplo
da gigante de transportes particular de passageiros, que por um lado (i) aumentou a
cobertura desse tipo de transportes, alcançando pessoas que anteriormente não eram
servidas pelos modos tradicionais de transporte, (ii) abaixou consideravelmente o
valor desse tipo de transporte e aumentou a preocupação com a qualidade, (iii)
viabilizou o trabalho de centenas de milhares pessoas, (iv) mas também traz riscos
para os envolvidos no transporte, tanto passageiros quanto motoristas, (v) questiona-
se as regras impostas aos motoristas e sua remuneração, (vi) é contrária à
regulamentação de transporte de passageiros na maior parte dos países que opera.
Naturalmente, a análise jurídica da atividade dessa referida empresa, que motivou o
surgimento de tantas outras empresas similares de transporte e, mais ainda, motivou
o modelo de remuneração de várias plataformas, não para por aí. As discussões
atingem a seara regulatória, trabalhista, tributária, responsabilidade civil,
responsabilidade da plataforma, seguros e muito mais. E ainda mais intrigante é
analisar que a mesma empresa, revolucionária, com valor de mercado altíssimo, dá
prejuízo anualmente, evidenciando um fenômeno de descolamento entre o valor da
empresa e o lucro, seguido de toda a estrutura de direitos relacionadas a lucro, como
direitos dos acionistas, tributação e afins.

Esse é um exemplo da multiplicidade de relações que pode advir de um só


agente, simultaneamente, e com o potencial de atingir milhares de pessoas ao redor
do mundo. Poucas discussões a respeito desse modelo de negócios, por exemplo,
abordam o direito dos consumidores em ter esse tipo de serviço garantido. Para
ilustrar, basta imaginar o caos em todas as grandes metrópoles do planeta caso os
servidores da empresa caiam ou caso o país da sede determine a interrupção de suas
atividades.

É nesse contexto que o conhecimento técnico-jurídico é essencial para avaliar o


cenário legal existente em determinado local e apontar caminhos e riscos para
implementação do negócio. Muitos modelos de negócio falham por problemas
societários que poderiam ter sido evitados ou solucionados com estruturação correta,
ou fecham por falta de aconselhamento no processo de estruturação, ou ainda por
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falta de aconselhamento no processo de recebimento de investimentos e crescimento


da empresa. A assistência jurídica é fundamental para o sucesso de um negócio
inovador, e para prestar esse tipo de assistência precisamos entender do contexto de
tecnologia, negócios e interesses envolvidos. Hoje faltam profissionais da área
jurídica para atendimento dessas demandas.

Para referenciar a importância desse cenário, vale mencionar que o Brasil já


conta com 16 empresas com valor de mercado superior a um bilhão de dólares, e a
tendência é que esse número cresça: o mercado de tecnologia e inovação cresce
exponencialmente, como mostram as notícias em referência9. Nesse campo, a
capacidade criativa que nos é nata, aliada ao acesso às ferramentas tecnológicas, nos
dão uma vantagem competitiva considerável. E não precisamos ir longe: o San Pedro
Valley, comunidade de Startups de Belo Horizonte, é conhecido mundialmente. Fica
em Belo Horizonte a sede de tecnologia do Google no Brasil. Além de profissionais
do Direito capacitados para tratar dessas demandas jurídicas modernas nas esferas
pública e privada, precisamos que nossas contribuições também informem nossos
processos legislativos e judiciais, para que tenhamos ambiente jurídico propício para
nascimento e consolidação dessas iniciativas. Esse é o nosso próximo tópico.

3) Ambiente jurídico propício para inovação e tecnologia

Vários são os desafios para criação de um ambiente jurídico propício para


nascimento e crescimento de empresas de base tecnológica. Desde a necessária
desburocratização ao tratamento tributário adequado, ao incentivo do
empreendedorismo e investimento, especialmente considerando que a tecnologia
permite que desempenhemos trabalho sem a necessidade de identidade física com
um só local de prestação de serviços. E ainda que tenhamos um longo caminho a

9https://blog.aaainovacao.com.br/unicornios-brasileiros/
https://forbes.com.br/colunas/2019/12/o-que-esperar-do-mercado-de-startups-em-2020/
https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2020/01/o-que-esperar-das-startups-brasileiras-em-
2020.html
https://www.terra.com.br/noticias/tecnologia/inovacao/mercado-brasileiro-de-fusoes-e-aquisicoes-
em-startups-sobe-233-em-2019,bece80cc8d8c4603de2e3f4df8944a8dgkw4fxnh.html
https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2020/02/10-startups-estao-perto-de-virar-
unicornios-saiba-quais-sao.html
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traçar nesse sentido, já possuímos reflexos em nosso ordenamento jurídico nesse


sentido, veja-se:

a. Marco Legal das Startups (Federal): Em tramitação: aprovado pelo Senado


Federal com emendas, retorna para a Câmara para apreciação10.

b. Lei 23.793/202111, Marco Legal Estadual das Startups - dispõe sobre a


adoção de medidas de estímulo ao desenvolvimento de startups no Estado
de Minas Gerais;

c. Lei de incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no


ambiente produtivo, suas alterações e recente regulamento, que promovem
maior interação da tríplice hélice Estado-Academia-Iniciativa Privada: Lei
no 10.973/0412 e Decreto no 9.283/201813;

d. Decreto Estadual no 47.442/201814, que dispõe sobre incentivos à inovação


e à pesquisa científica e tecnológica no âmbito do Estado de Minas Gerais;

e. Alteração da Lei Complementar no 123/0615, com o advento dos artigos 61-


A, B, C e D para previsão da figura do investidor-anjo;

f. Lei Geral de Proteção de Dados: Lei no 13.709/201816;

10
https://www.conjur.com.br/2021-fev-25/senado-aprova-marco-legal-startups-alteracoes
https://www.camara.leg.br/noticias/715720-camara-dos-deputados-aprova-marco-legal-das-
startups/
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=71C799984289CBC209
9D7F0F5A362C9B.proposicoesWebExterno1?codteor=1757419&filename=PLP+146/2019. Veja
também as notícias: (1) https://www.camara.leg.br/noticias/626494-PROPOSTA-ESTABELECE-
MEDIDAS-PARA-ESTIMULAR-A-CRIACAO-DE-STARTUPS; (2)
https://www.camara.leg.br/noticias/627666-instalada-comissao-especial-para-analisar-marco-legal-
das-startups/; (3) https://exame.abril.com.br/economia/governo-finaliza-projeto-que-cria-novo-
marco-legal-para-startups/; (4) https://exame.abril.com.br/revista-exame/um-marco-para-as-
startups/
11
Legislação Mineira - Lei 23793, de 14/01/2021 - Assembleia de Minas (almg.gov.br)
http://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticia/governador-romeu-zema-sanciona-lei-de-estimulo-ao-
desenvolvimento-de-startups
12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#view
13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9283.htm
14 https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa-nova-

min.html?tipo=DEC&num=47442&comp=&ano=2018&texto=consolidado
15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
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g. Marco Civil da Internet: Lei no 12.965/201417;

h. Lei Municipal nº 7.638/199918 e Decreto Municipal no 17.044/201919, de


Belo Horizonte: PROEMP, regime de tributação diferida para Startups e
empresas de base tecnológica;

Além das legislações acima citadas, vale citar também regulamentações da


CVM para emissão e comercialização de títulos mobiliários por empresas limitadas
(Resolução CVM no 588/2017) e a regulamentação do banco central para novas
modalidades de empresas no sistema financeiro nacional, notadamente as
Sociedades de Crédito Direto e Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (Resolução
BACEN nº 4.656/2018), além de diversas inovações nos campos de pagamentos.

Muito embora já tenhamos progresso em algumas searas, muitas ainda


precisam ser enfrentadas pelo mundo jurídico, a exemplo de edição de genoma ou a
forma de lidar com os benefícios e impactos do uso da inteligência artificial (nossa
quinta aula é dedicada a esse tema), ou ainda sobre os diversos progressos que a
tecnologia 5G pode permitir e as incertezas sobre os efeitos da referida tecnologia.

Acima de tudo, importante questionarmos quais interesses precisamos


proteger. É dessa reflexão que parte o movimento de intensificação do direito à
privacidade e da propriedade e controle sobre dados pessoais, por exemplo. Da
mesma forma, não deveríamos proteger também o direito ao acesso à tecnologia,
considerando que através dela expressaremos vários contornos dos nossos direitos
individuais e coletivos, por exemplo?

Estes são desafios de escala mundial, e não apenas brasileira. E são os juristas
da nossa geração que irão construir as teses que permitirão que o Direito se renove
como veículo de coexistência social e de progresso.

16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709compilado.htm
17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm
18 http://www.fazenda.pbh.gov.br/internet/legislacao/formkey.asp?key=919
19 http://www.fazenda.pbh.gov.br/internet/legislacao/formkey.asp?key=901
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4) Autorregulação do uso da tecnologia no Direito

Na mesma esteira do tópico anterior, muito se discute sobre o uso da


tecnologia no Direito e sua regulamentação. Nesse ponto, importante fazer, em
primeiro lugar, uma distinção fundamental: uso de tecnologia e observância do
código de ética da advocacia são coisas distintas. Se, por um lado, é inegável que o
código de ética mereça revisões para adequá-lo aos desafios e realidade da prática da
advocacia, por outro, o uso da tecnologia não está relacionado ao descumprimento
do código.

Não obstante, as alterações sociais advindas da digitalização de nossas


relações sociais, econômicas e produtivas, como dito, afetam todas as profissões, da
qual não nos excluímos. Exemplo disso é a recente regulamentação da telemedicina
pelo Conselho dessa classe, potencializada pela pandemia mundial do Coronavírus.

E para que possamos regulamentar o uso da tecnologia em nossa profissão, é


fundamental que seus operadores informem referido processo. Vale ressaltar a
recente consulta pública promovida pelo Conselho Federal da OAB acerca da
publicidade na profissão20, além da insegurança gerada pelo tratamento diferenciado
por cada seção estadual sobre temas de impacto nas atividades diárias de todos os
profissionais na atualidade.

Também deve ser incluído neste debate o trabalho a ser efetuado junto ao
Poder Público, especialmente, mas não se limitando, ao Judiciário, no que se refere,
por exemplo, ao acesso a dados públicos como processos e decisões21: o direito de
acesso a processos administrativos e judiciais é garantido à advocacia (art. 7º, XIII da
Lei no 8.906/94), não pode ser obstado e deve ser veementemente defendido em um
cenário de recusa de acesso a referidos dados por parte dos tribunais. Novamente,

20https://www.oab.org.br/enquete/limites-publicidade-advocacia.
21https://www.cnj.jus.br/grupo-inicia-trabalho-para-regulamentar-acesso-a-bases-de-dados-do-
judiciario/
https://www.cnj.jus.br/cnj-fara-audiencia-publica-antes-de-regulamentar-gestao-de-dados-
processuais/
https://www.cnj.jus.br/stj-e-cnj-realizam-evento-para-discutir-gestao-de-dados-no-ambito-do-
judiciario/
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não é uma questão exclusiva brasileira, como se verifica da repercussão da discussão


sobre acesso a dados e jurimetria criminalizada na França22.

5) Empreender no Direito

Na qualidade de operadores do Direito no maior mercado jurídico mundial,


conhecemos profundamente quais são as necessidades e desafios para prática de
nossa profissão. Estamos experimentando um momento de transformação da
humanidade que é equiparado não às revoluções anteriores, mas ao domínio do fogo
pela humanidade23.

Em outras palavras, somos nós, juristas desta geração, que criaremos as novas
ferramentas que vão reescrever a forma como operamos o Direito e entregamos
justiça. E estamos no melhor local do mundo para esse desenvolvimento: é natural
que surjam aqui, local com maiores desafios no mundo jurídico, as soluções que vão
informar o futuro do Direito.

Se nossas atuações são limitadas à(s) jurisdição(ões) nas quais temos requisitos
para atuar, o mesmo não se pode dizer sobre as ferramentas que criamos.

As soluções de tecnologia no Brasil e no mundo estão em franco crescimento e


chamam atenção do mundo empresarial como um poderoso e necessário nicho. E
considerando que ainda há muitos problemas a solucionar no nosso meio, a
tendência é de que nosso seguimento continue sendo “a bola da vez” por bastante
tempo.

Dedicaremos nosso último encontro ao conhecimento mais detalhado sobre as


Lawtechs e Legaltechs, as startups do Direito. Até lá, convido vocês a conhecerem a
Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (www.ab2l.org.br), em especial o

22 https://www.conjur.com.br/2019-jun-05/franca-proibe-divulgacao-estatisticas-decisoes-judiciais
https://cleorbete.jusbrasil.com.br/artigos/717166477/franca-proibe-predicao-baseada-em-sua-
jurisprudencia-com-pena-de-ate-5-anos-de-prisao
23 Sobre a quarta revolução industrial: https://www.salesforce.com/br/blog/2018/Janeiro/O-que-e-

Quarta-Revolucao-Industrial.html
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/4-revolucao-industrial-como-robos-
conversando-com-robos-pela-internet-vao-mudar-sua-vida.ghtml
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mapeamento do ecossistema nacional dessas empresas, e também o Techindex do


Codex (http://techindex.law.stanford.edu/), da Universidade norte-americana
Stanford, que faz o mapeamento internacional de iniciativas de tecnologia para o
setor jurídico.

***

Reitero a disponibilidade de nosso ambiente virtual para abordarmos os temas


expostos aqui e em nossa aula. Na próxima página vocês encontrarão referências
bibliográficas e de vídeos complementares ao conteúdo dessa aula.

Um abraço e até a próxima!


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REFERÊNCIAS

LIVROS

1) Para entender mais sobre a quarta revolução e seus impactos, sugiro a leitura
dos livros do Yurval Noah Harari:

a. Sapiens: Uma breve história da humanidade. HARARI, Yurval Noah.


Ed. L&PM (2015).

b. Homo Deus: Uma breve história do Amanhã. HARARI, Yurval Noah.


Ed. Cia das Letras (2016).

2) Uma das principais referências para as transformações do Direito face aos


desafios atuais é o autor britânico Richard Susskind, autor dos livros
“Tomorrow’s Lawyers” e outras 10 obras: http://www.susskind.com/, ainda
sem tradução para o português. Não obstante, autores brasileiros publicaram
um livro em homenagem ao trabalho deste jurista:

c. O Advogado do Amanhã: Estudos em homenagem ao Professor


Richard Susskind. FEIGELSON. Bruno; BECKER, Daniel;
RAVAGNANI, Giovani. Ed. Thomson Reuters / Revista dos Tribunais
(2019).

d. Advocacia 4.0. MALDONADO, Viviane Nóbrega (coord.); FEIGELSON


Bruno (coord.). Ed. Thomson Reuters / Revista dos Tribunais (2019).

3) Direito para Startups:

a. Direito das Startups. FEIGELSON, Bruno; NYBO, Erik Fontelene;


FONSECA, Victor Cabral. Ed. Saraiva (2018).

VÍDEOS

1) Entrevista para o Programa Beagá Invisível, da Band News: Episódio Beagá


das Startups: https://www.youtube.com/watch?v=nQKVb1UQNBU

2) Entrevista no Canal Mais Direito, de Franco Maziero: O que são Startups:


https://www.youtube.com/watch?v=StTAk4dlhwk&t=11s

Três dicas para advogar para Startups:


https://www.youtube.com/watch?v=qrgQlO-zm4Q

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