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FACULDADE DE ECONOMIA
MAPUTO
2020
IMAPACTO DAS INOVAÇÕES FINANCEIRAS NA VELOCIDADE DE
CIRCULAÇÃO DA MOEDA EM MOÇAMBIQUE (2005 - 2019)
MAPUTO
2020
i
DECLARAÇÃO
Eu, Leila Helena Constantino, declaro por minha honra, que este trabalho é de minha autoria e
resultado da minha própria nvestigação. Esta é a primeira vez que o submeto para obter um grau
Leila Constantino
APROVAÇÃO DO JÚRI
Este trabalho foi aprovado no dia ______ de ___________ de 20___ por nós, membros do júri
O Presidente do Júri
_______________________________
O Arguente
_______________________________
O Supervisor
______________________________
ii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à Deus e aos meus pais Laurenciana Seventine e Constantino Paulo.
iii
AGRADECIMENTOS
Sincero agradecimento endereço, primeiramente à Deus e aos meus pais, Laurenciana
Seventine e Constantino Paulo, pois se não fosse pela vontade de Deus e pelo apoio, esforço,
dedicação, confiança e investimento dos meus pais, a aquisição deste nível académico não seria
possível. Ao meu irmão Jeremias Paulo, pelo apoio moral.
À Faculdade de Economia em geral, desde o corpo docente aos demais colegas, pelas lições
e partilha de conhecimentos. Agradecimentos mais que especiais ao grupo Anointed, meu suporte,
e às minhas amigas e colegas de batalha Denise Saúde, Cremilda Simbine, Salva Tomocene e
Yolanda Sitoe, pelo apoio e momentos marcantes partilhados durante todo o período de formação.
Por último, mas não menos importante, agradeço a todos os familiares e amigos que de
alguma forma contribuíram para o sucesso da minha formação académica.
iv
ÍNDICE
DECLARAÇÃO ............................................................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. iv
RESUMO ....................................................................................................................................... ix
v
3.1.3. Procedimentos de estimação ................................................................................... 29
3.1.4. Teste de Diagnóstico do Modelo ............................................................................ 31
3.2. Fonte de Dados ............................................................................................................... 33
CAPÍTULO IV. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ..................................... 34
ANEXOS ...................................................................................................................................... 48
vi
ÍNDICE DE GRÁFICOS
ÍNDICE DE TABELAS
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
BM Banco de Moçambique
MM Multiplicador Monetário
M3 Massa Monetária
viii
RESUMO
O presente trabalho tem como objectivo analisar o impacto das inovações financeiras na
estabilidade da velocidade de circulação da moeda em Moçambique no período de 2005 a 2019.
Este estudo é de grande importância no que tange à operacionalização da política monetária no
país e contribui para a escassa literatura existente acerca do tema. Para o alcance deste objectivo,
usando dados em série temporal, foi estimado, com recurso ao Modelo de Vector de Correcção do
erro (VCE), um modelo de velocidade que incorpora como proxies para inovações financeiras o
número de cartões (de crédito e débito) e o número de ATMs existentes no país. Para completar a
análise foi testada a estabilidade da velocidade da moeda e do multiplicador monetário, de modo
a verificar o cumprimento dos pressupostos de estabilidade da velocidade da moeda e do
multiplicador monetário, subjacentes ao regime de metas de agregados monetários.
ix
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
A teoria monetária considera que as inovações financeiras têm um importante papel no
processo de crescimento e desenvolvimento económico, considerando-se a sua contribuição na
redução dos custos de transacção e melhoramento da alocação de recursos por via da adopção de
tecnologias modernas e mais eficientes (Nyamongo e Ndirangu, 2013, Darrat e Al-Sowaidi, 2009).
Segundo Darrat e Al-Sowaidi (2009), esse debate ganhou maior destaque na literatura
monetária moderna e tem sido bastante pesquisado nos últimos anos. Vários estudos empíricos
foram realizados e os resultados geralmente convergem ao considerar que as inovações financeiras
criam perturbações negativas na velocidade da moeda e induzem à ineficácia do regime de metas
de agregados monetários. Nyamongo e Ndirangu (2015) consideram que o efeito das inovações
financeiras na estabilidade da velocidade de circulação da moeda descredibilizou a efectividade
do regime de metas de agregados monetários e induziu vários países (Nova Zelândia, Reino Unido,
Canadá e Suécia) a adoptarem uma estratégia baseada no regime de metas de inflação. (Dunne e
Kasekende, 2016), Nyamongo e Ndirangu, 2015, Nyamongo e Ndirangu, 2013), Misati; et al, 2010
e Mishkin, 2013).
1
estabilidade da velocidade de circulação da moeda, bem como as suas implicações sobre a base de
operacionalização da política monetária. As conclusões deste trabalho serão de serventia para os
formuladores da política monetária uma vez que poderão ajudar a perceber até que ponto o regime
de metas monetárias é a melhor estratégia de condução da política monetária face ao cenário
financeiro e económico actual.
2
1.3. Objectivos do Estudo
O objectivo geral deste estudo é analisar o efeito das inovações financeiras na estabilidade da
velocidade de circulação da moeda em Moçambique entre 2005 e 2019. Os objectivos específicos
são:
1.4. Fundamentação
A política monetária em Moçambique assenta no regime de metas monetárias1, em que a
base monetária (BaM) é a variável operacional e a massa monetária (M3) variável intermédia, num
contexto de câmbios flexíveis. O regime baseia-se no pressuposto de existência de um
multiplicador e velocidade da moeda estável e previsível (BM, 2017).
1 Os regimes de política monetária podem ser agrupados em: (i) regime de metas de taxas de câmbio de 1975 a 1993 com adopção
de instrumentos directos da política monetária e (ii) metas monetárias, iniciado em 1994 até a actualidade. (BM, 2017)
2 Segundo Mishkin (2011), as metas monetárias podem mostrar sinais imediatos ao público e ao mercado acerca do estado da
política monetária e acerca das intenções dos fazedores de política para manter a inflação estável. Por seu turno, estes sinais ajudam
a estabelecer expectativas de inflação e produzir inflação baixa.
3
inflação. Adicionalmente, uma fraca relação entre agregados monetários e a variável-objectivo
torna difícil que o regime de metas monetárias funcione como um instrumento de comunicação
que aumenta a transparência da política monetária e que torne o banco central responsável ao
público (Mishkin, 2011).
A relevância desta investigação justifica-se por um lado, por ser uma discussão recente e
pelo facto de existirem poucos estudos realizados, principalmente em países em vias de
desenvolvimento, particularmente em África, onde o sistema financeiro tem vindo a apresentar
importantes desenvolvimentos. Por outro lado, no que tange à condução da política monetária,
argumenta-se muitas vezes que o regime de metas monetárias é a melhor estratégia, em detrimento
do regime de metas de inflação e o regime de metas cambiais (Mishkin 2013).
Neste contexto, as conclusões desse estudo poderão fornecer bases empíricas para esclarecer
o “trade-off” que teoricamente existe entre o papel das inovações financeiras no aumento da
eficiência do sistema financeiro (criando facilidades para a actuação do Banco Central) e a sua
contribuição na redução da eficácia da política monetária. Este “trade-off” é preocupante, uma vez
que várias políticas têm sido levadas a cabo pelo Governo e pelo Banco Central com vista a
incentivar as inovações financeiras e a expansão do sistema financeiro (como por exemplo a
EDSFM 2013-2022), enquanto, ao mesmo tempo, esse processo pode gerar constrangimentos na
operacionalização da política monetária. Portanto, este estudo poderá fornecer lições que podem
ajudar o Banco de Moçambique a optimizar o horizonte dos seus objectivos e ajustar os
mecanismos de operacionalização da política monetária ao ritmo de crescimento do sistema
financeiro.
Capítulo II: aqui são definidos os dos principais termos usados no estudo. São também
apresentadas a teoria económica que versa acerca da velocidade da moeda, bem como alguns
4
estudos empíricos que envolvem o tema em causa, os quais constituem evidências do impacto das
inovações financeiras na velocidade (e procura) da moeda.
Capítulo III: este é o capítulo da metodologia e dos procedimentos usados para a elaboração
do estudo, especificação do modelo de velocidade a usar para a análise empírica.
Capítulo IV: O último capítulo deste trabalho apresenta os resultados da análise empírica e
infere sobre as implicações destes resultados na operacionalização da política monetária em
Moçambique.
5
CAPÍTULO II. REVISÃO DA LITERATURA
Portanto, com base nabordagem de Mishkin (2013), as inovações financeiras podem ser
definidas como o desenvolvimento de instrumentos financeiros que oferecem soluções de custo
mais baixo para a realização de operações comerciais e transacções financeiras e que sejam
lucrativas para as instituições financeiras. Contudo, (Nyamongo & Ndirangu, 2015) definem as
inovações financeiras em duas perspectivas, no sentido amplo e no sentido restrito. No sentido
restrito as inovações financeiras definem-se como a mera introdução de novos instrumentos
financeiros, como por exemplo a expansão da banca electrónica (ATMs, POSs, cartões de crédito
e débito, etc.), enquanto no sentido amplo para além da introdução de novos instrumentos
financeiros, as inovações financeiras envolvem também medidas legislativas favoráveis a redução
dos custos de transacção e melhoramento do sistema de pagamentos, tomando-se como exemplos
a liberalização das taxas de juros que consistem em eliminar os tectos de juros especialmente sobre
os depósitos, bem como medidas menos restritivas a introdução de novos instrumentos financeiros
como a titularização de activos não transaccionáveis. Para efeitos deste estudo será considerada a
definição no sentido amplo por ser mais abrangente e mais representativa do fenómeno da inovação
na esfera financeira.
6
2.1.2. O Sistema Financeiro Moçambicano: 2005-2019
O sistema financeiro é uma componente importante no processo de desenvolvimento
económico, visto que dá suporte à interacção entre agentes económicos e o mercado em geral no
âmbito da actividade económica. Sua importância vem ganhando espaço, no sentido de que o seu
bom desempenho e expansão geram impactos positivos na economia.
Nos últimos anos, o sector bancário em Moçambique tem a atraído o interesse de grandes
“players” do mercado financeiro provenientes da África do Sul, da Índia, da China e de Portugal,
entre outros. Verifica-se que os grandes projectos de investimento no sector mineiro e a alta
rentabilidade da indústria continuam a atrair essas instituições financeiras. Isto representa um
aumento de oportunidades para o sector bancário para prestarem serviços a empresas no sector da
energia e recursos naturais, bem como as indústrias que prestam serviços a esses megaprojectos.
O que resulta no aumento da concorrência no sector bancário apertando ainda mais as margens
neste período.
7
com os clientes, observância contínua dos requisitos regulamentares, inovação tecnológica,
operacional e relacional. Apesar da conjuntura económica adversa entre 2016 e 2019 o sector
contribuiu activamente no processo de bancarização da economia e aceleração da inclusão
financeira através do provimento de produtos e serviços digitais com objectivo de servir mais e
melhor os consumidores financeiros.
Em 1997 foram introduzidos os cartões (de crédito e débito), desde então, tem-se registado
evolução assinalável a avaliar pela quantidade de cartões emitidos, número de ATM e POS
instalados e volumes de transacções realizadas nestes dispositivos. Entretanto, a sistematização
das estatísticas da banca electrónica, com rigor, remonta ao ano de 2005.
3
Segundo o (Standard Bank, 2010) o “Mobile Bnaking” é um aplicativo, desenvolvido para Android, Windows 8,
IOS, que oferece uma visão única da relação com o banco através de dispositivos móveis.
4
Por (Mccarthy, 2018)“Mobile Money”, geralmente se refere aos serviços de pagamento, sob legislação financeira,
realizados por via de telemóveis.
5
Rede interbancária criada com o objectivo de reduzir os custos de transacções financeiras através de um programa
tecnológico de unificação do sistema electrónico dos bancos comerceia, microfinanças e de microcrédito.
8
introduzidos na década de 90 aumentaram de 246,300 em 2005 para 2,900,830 em 2019, ou seja,
um crescimento de 10.78% em 15 anos. O número de ATMs cresceu 3.93% ao se situar em 356
em 2005 para 1,755 em 2019 e POSs saiu de 1,744 mil em 2005 para 36,701 mil em 2019,
registando um crescimento de cerca de 21%. Entretanto, é importante salientar que maior parte das
agências bancárias e caixas electrónicas está concentrada na cidade e província de Maputo,
ademais, maior parte da população ainda não tem acesso a esses serviços, denunciando baixos de
níveis de inclusão financeira no país (Gráficos 1, 2 e 3).
6
O número de contas em IME é usado pelo BM como proxy para designar o número de clientes de IME.
9
Gráfico 1: Evolução do número de cartões bancários Gráfico 2: Evolução do número de ATMs
1766
1755
1744
3,425
3,417
3,350
1687
3,275
3,211
1576
3,002
2,900
2,276
1153
2,114
1078
1,831
950
848
1,511
727
1,292
1,072
588
514
936
431
382
356
246
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Fonte: BM (Relatórios Anuais 2005-2019 e RIEM 2019) Fonte: BM (Relatórios Anuais 2005-2019 e RIEM 2019)
Gráfico 3: Evolução do número de POSs Gráfico 4: Contas em instituições bancárias VS contas nas IME
36,701
8,985,523
7,985,879
32,659
31,169
6,640,715
25,428
5,602,891
5,213,411
4,928,711
4,896,544
4,746,935
4,405,157
20,482
4,059,612
3,577,102
3,311,806
3,197,507
12,525
11,733
9,147
6,371
4,876
4,663
4,103
183,056
3,645
3,248
2,784
Fonte: BM (Relatórios Anuais 2005-2019 e RIEM 2019) Fonte: BM (Relatórios Anuais 2005-2019 e RIEM 2019)
10
Adicionalmente, observa-se que o multiplicador monetário se apresentou uma tendência
geral de crescimento positivo até 2015, apresentado um decréscimo acentuado entre 2015 e 2016.
Embora tenha voltado a atingir um crescimento positivo de 2016 a 2017, esta veio decrescendo
desde então.
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Desde 1994, o Banco Central adoptou o regime de metas de agregados monetários como
forma de operacionalização da política monetária em Moçambique. O regime de metas de
agregados monetários é conduzido por via da programação financeira, com recurso exclusivo aos
instrumentos indirectos de controlo da oferta monetária, como as operações de mercado, reservas
compulsórias e o redesconto. Tem-se a BaM como variável operacional, a oferta monetária (M3)
como objectivo intermédio e a inflação como o primordial, objectivo final. De modo a atingir o
objectivo de estabilidade da inflação, o BM controla a oferta monetária, não obstante, visto que as
decisões sobre a taxa de expansão monetária dependem de factores que estão fora da esfera
imediata de influência de um banco central, as autoridades monetárias moçambicanas usam a
oferta monetária como a meta intermediária.
11
Gráfico 6: Evolução da inflação (%), 2005-2019
25.27
16.5 15.47
15.04 14.49
11.42 12.27
11.01
7.2 7.25 7.25
5.56
3.58 3.52 2.78
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Contudo, como se pode constatar pelas estatísticas, de um modo geral, a política monetária
do BM nos últimos oito (8) anos conseguiu alcançar resultados consistentes com as suas metas
anuais em termos de inflação, tendo esta estado desde então em 1 dígito, com excepção de 2016
em que a inflação media registada foi de 25.27%, justificada pela crise da dívida que eclodiu
naquele ano (Gráfico 6).
A Teoria Quantitativa da Moeda foi desenvolvida pelos economistas clássicos nos séculos
XIX e princípios do século XX. Esta teoria foi primeiramente desenvolvida por David Hume em
1750, mas foi com o economista Inglês Irving Fisher no seu principal livro: “The Purchasing
Power of Money” que procurou explicar como o valor nominal do rendimento agregado é
determinada.
As características mais importantes desta teoria sugerem que a procura por moeda é
puramente uma função do rendimento e que taxas de juro não têm nenhum efeito sobre a procura
por moeda, visto que para os economistas clássicos, as pessoas procuram moeda pelo único motivo
de transacção, isto é, a moeda é assumida como o único meio pelo qual as pessoas podem realizar
transacções diárias.
12
Segundo Mishkin (2016), a velocidade da moeda é o número médio de vezes por ano que
uma unidade monetária é usada na compra de bens e serviços produzidos na economia. Em termos
mais simplistas pode se definir velocidade de circulação da moeda como o número de vezes com
que uma unidade de moeda muda de mãos na economia em determinado período de tempo.
Em seus estudos, Fisher (1911) citado por Mishkin (2016), examinou a relação entre a
oferta monetária (M) e o montante total dos gastos em bens e serviços finais na economia (P * Y),
onde P é o nível de preços e Y o rendimento ou produto agregado (em termos nominais).
Entretanto, a velocidade da moeda é o conceito que gera a ligação entre M e P*Y, mais
precisamente, a velocidade da moeda é definida como o gasto total (P*Y) dividido pela quantidade
de moeda (M), isto é:
𝑃∗𝑌
𝑉= (1)
𝑀
Segundo Mishkin (2016), multiplicando ambos membros da equação (1) por M, obtém-se
a Equação de Trocas, esta relaciona o rendimento nominal à quantidade e moeda e à velocidade
da moeda:
𝑀∗𝑉 =𝑃∗𝑌 (2)
A Equação (2) é uma mera identidade, ela não nos diz a prior que quando a oferta de moeda
M altera, o rendimento nominal (P*Y) altera na mesma proporção, por outro lado, um aumento na
M pode ser anulado por uma redução em V, deixando M*V e P*Y inalterados. Entretanto, para
transformar a equação de trocas (uma identidade) em uma teoria que nos elucide como o
rendimento nominal é determinado, é necessário que se entenda os factores que determinam a
velocidade da moeda. (Mishkin, 2016).
De acordo com (Mishkin F. S., 2016), citando (Fisher, 1911), a velocidade da moeda é
determinada pelas instituições e tecnologias que numa economia afectam a forma como os
indivíduos realizam transacções. Se as pessoas usam contas de cobrança e cartões de crédito para
realizar transacções, tal como o fazem actualmente, usando consequentemente menos moeda ao
realizar pagamentos, menos moeda é necessária para realizar as transacções geradas pelo
rendimento nominal (M reduz relativamente a P*Y, assim sendo a V aumenta). De outro modo, se
for mais conveniente que os pagamentos sejam feitos por via de moeda, mais moeda é usada para
a realização de transacções geradas pelo mesmo nível de rendimento nominal, e assim V reduz.
13
Contudo, para Fisher, desenvolvimentos institucionais e tecnológicos da economia
somente afectariam a velocidade da moeda vagarosamente ao longo do tempo, tal que a velocidade
da moeda seria constante no curto prazo. Este pressuposto de velocidade constante apesar de ser
uma simplificação da realidade, proporciona uma boa aproximação em muitas situações, pois
mesmo os clássicos não consideram que ela seja totalmente constante, podendo ela variar no longo
prazo de forma lenta e previsível, mas ela permanecendo constante no curto prazo.
7K é determinada por oito factores com relação positiva com K, nomeadamente: a utilidade marginal de se deter moeda, a utilidade
marginal de se deter bens relativamente a moeda, taxa de retorno esperada de activos, expectativas de inflação, instrumentos de
crédito bancário substitutos de moeda no portefólio de activos e pagamentos, factores institucionais, grau de confiança no
fortalecimento da economia e cumprimento de pagamentos, choques económicos não previstos.
14
2.1.3.2. A abordagem Keynesiana
O motivo de especulação de Keynes explica que os indivíduos procuram moeda como uma
forma de acumulação de riqueza, a especulação depende do rendimento e é especialmente sensível
às taxas de juro e às expectativas acerca de futuros movimentos nas taxas de juro. O economista
dividiu os activos que podem ser usados para acumular riqueza em duas categorias: moeda e
títulos. A decisão de manter um activo em detrimento de outro seria determinada pelo ganho
esperado de cada activo. Keynes assumiu que o ganho esperado da moeda é zero9, por outro lado,
o rendimento esperado dos títulos depende do pagamento de juros e da taxa esperada dos ganhos
de capital. Keynes concluiu que existe uma relação negativa entre taxas de juro e procura por
moeda, ou seja, quando as taxas de juro aumentam a procura por moeda reduz (Mishkin, 2011).
Para a sua função de procura por moeda, Keynes considerou a moeda em termos reais
(Md/P), estando também relacionada ao rendimento real Y e taxa de juro i. Esta função é também
designada função de preferência por liquidez:
𝑀𝑑
= 𝑓(𝑖, 𝑌) (4)
𝑃
A Equação (4) implica que a procura real por moeda é uma função das taxas de juro e do
rendimento, onde (Md/P) é negativamente relacionada i e positivamente relacionada a Y.
𝑃𝑌
Derivando a função de preferência por liquidez para velocidade da moeda (𝑉 = ), temos:
𝑀
8
Patente na obra A Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda lançada de John Maynard Keynes de 1936.
9
Porque na sua época, ao contrário do tempo actual, maior parte dos depósitos em cheques não rendiam juros.
15
𝑃 1
= (5)
𝑀𝑑 𝑓(𝑖,𝑌)
Sabendo que i é negativamente relacionada a Md, quando as taxas de juro aumentam, f (i,Y)
reduz, consequentemente V também reduz.
A taxa de juro para Keynes é pro-cíclica, isto é, ela aumenta em períodos de expansão
económica e reduz nas recessões, e a velocidade tende a acompanhar o seu movimento. Outro
motivo pelo qual Keynes refuta o pressuposto de V ser constante, são as expectativas dos
indivíduos com relação ao nível de taxas de juro e rendimentos esperados de títulos e moeda, as
quais podem causar mudanças na procura por moeda, que consequentemente causaria mudanças
em V.
A teoria de Keynes para explicar a procura de moeda por motivos de especulação foi alvo
de severas críticas, visto que segundo esta teoria, um indivíduo detém somente moeda como
reserva de riqueza quando o retorno esperado de títulos for menor que o retorno esperado da moeda
e, detém somente títulos quando o retorno esperado dos títulos for maior que o da moeda. Assim,
somente em casos raros quando têm retornos esperados iguais tanto em títulos como em moeda é
que os indivíduos deteriam ambos activos. Para Keynes, nenhum individuo detém um portfólio
diversificado de títulos e moeda simultaneamente como reserva de riqueza (Mishkin., 2011).
Baseando-se nos três motivos de procura por moeda descritos por Keynes, William Baumol
e James Tobin, desenvolveram modelos independentes que demonstraram que para além dos
motivos de precaução e especulação, a procura por moeda para transacção também é sensível ao
nível das taxas de juro.
Para Baumol-Tobin, quando as taxas de juro aumentam, o montante de moeda tido para
transacções irá reduzir, o que por seu turno implica que a velocidade da moeda aumentará, isto é,
a componente de transacções na procura por moeda é negativamente relacionada ao nível de taxas
16
de juro. Quando as taxas de juro aumentam, os indivíduos irão tentar economizar seus montantes
guardados por motivos de transacções porque o custo de oportunidade de manter o dinheiro
aumentou (Mishkin, 2011).
Baumol e Tobin também acrescentaram que o retorno esperado da moeda é zero enquanto
o retorno dos títulos varia, considerando que os agentes económicos são aversos ao risco. Deste
modo, eles detêm o activo que tenha menos riscos nos seus retornos, portanto não detêm títulos
quando o seu retorno esperado for menor que o da moeda porque o risco associado a moeda é
menor que o de títulos. Entretanto, a análise de Tobin mostra que os indivíduos podem reduzir o
montante total de riscos através da diversificação do seu portfólio detendo ambos activos.10
(Mishkin, 2011).
𝑀𝑑 𝑀 2𝑏𝑌
= 2𝑃 = 1/2√ (7)
𝑃 𝑖
Esta equação destaca a influência da renda real, da taxa de juros e dos custos de transacção
na procura de moeda. Onde:
Md/P = M/2P - saldo médio em conta corrente (procura por saldos reais)
Uma conclusão fundamental do esquema Baumol-Tobin é que a procura por moeda é uma
procura por saldos reais. Esta característica da procura é geralmente conhecida como ausência de
"ilusão monetária". Uma alteração do nível de preços P afecta na mesma proporção o valor do
montante que os indivíduos desejam deter, mas a procura real por moeda permanece inalterada.
Um aumento do rendimento real leva a um aumento da procura real por moeda, embora em
10O modelo de Tobin sugere que os indivíduos irão deter, simultaneamente, títulos e moeda como reserva de riqueza.
11b é muito influenciado pelas alterações tecnológicas e pela regulamentação financeira. As alterações na tecnologia bancária,
como a introdução dos cartões de crédito, transferência electrónica de depósitos e caixas electrónicos facilitaram as transacções
sem exigir a ida ao banco.
17
proporções reduzidas. Em termos de velocidade V, a teoria de Baumol-Tobin nos induz a seguinte
equação:
𝑀𝑑
𝑉= = (2iY/b)1/2 V = (2iY/b)1/2 (8)
𝑃
Onde: Md/P – procura real por moeda, Yp - rendimento permanente13, rm - retorno esperado
da moeda, rb - retorno esperado dos títulos, re - retorno esperado do “equity” (stocks comuns), Infe
-taxa de inflação esperada Nesta função, o rendimento permanente, principal determinante, é
positivamente relacionado à procura por moeda e, retornos esperados de títulos e inflação esperada
12Patente no seu famoso artigo de 1956 “The Quantity Theory of Money: A Restatement”.
13Medida de riqueza de Friedman, que é o valor presente descontado de todos os futuros rendimentos, ou simplesmente, rendimento
médio esperado no longo prazo. O conceito de rendimento permanente de Friedman como determinante de procura por moeda
implica que a procura por moeda não apresentará muitas flutuações relativamente aos movimentos do ciclo económico.
18
são negativamente relacionados com a procura por moeda. Para Friedman o retorno esperado da
moeda não é constante, tal como postulou Keynes14. Segundo Friedman, a procura por moeda pode
ser prevista através da equação de procura por moeda, uma vez que as flutuações aleatórias da
procura por moeda são pequenas, combinando este facto com o pensamento de que a procura por
moeda não é sensível às taxas de juro, Friedman argumenta que a velocidade da moeda V é
altamente previsível. Sendo assim, V é dada por:
𝑌
𝑉 = 𝑓(𝑌𝑝) (10)
A relação entre Y e Yp é geralmente muito previsível, assim uma função de procura por
moeda estável e previsível, implicando que a velocidade da moeda é também previsível, embora
não constante. Para efeitos deste estudo, foi adoptada a abordagem monetarista, pois é sobre esta
que de efectiva a operacionalização da política monetária em Moçambique.
14 Quando as taxas de juro na economia aumentam, os bancos têm mais lucros nos seus empréstimos tentado assim atrair mais
depósitos pagando taxas de juro mais altas, de modo a aumentar o volume de seus empréstimos mais lucrativos. Assim, o retorno
esperado da moeda em forma de depósitos bancários aumenta com taxas de juros mais altas de títulos e empréstimos. (Mishkin F.
S., 2011)
19
monetários-chave e a procura por moeda. Consequentemente, a estabilidade da velocidade da
moeda pode ser determinística para a efectividade da política monetária.
20
2.2. Literatura Empírica
O debate empírico referente ao impacto das inovações financeiras e do desenvolvimento
financeiro sobre a condução da política monetária centra-se essencialmente na análise da
estabilidade da procura por moeda (ou velocidade de circulação) face a introdução de novos
produtos financeiros nos mercados. De acordo com (Dunne e Kasekende, 2016) citando Mishkin,
(1999), a instabilidade da função da procura por moeda e da velocidade de circulação são
apontadas como razões principais que ditaram o fracasso do regime de metas monetárias em vários
países como Nova Zelândia, Reino Unido, Canadá, Suécia, tendo os levado a abandonar o regime
e adoptar uma estratégia baseada no regime de metas de inflação.
15
(Lippi e Secchi, 2009), (Fischer, 2007), (Sichei e Kamau, 2012) e (Attanansio et al., 2002)
16 (Nagayasu, 2011)
17 (Hye, 2009) e (Mannah-Blankson e Belyne, 2004)
18 (Hafer e Kutan, 2003) e (Augustina, et al, 2010)
21
períodos de 1975-1989 e 1980-1989, respectivamente. Os resultados desse estudo sugeriram a
existência de uma importante componente na procura por moeda não capturada pelas variáveis
tradicionais (taxas de juro e rendimento), mas pelas inovações financeiras que foram modeladas
como choques não observáveis na função da procura por moeda. Neste caso, as inovações
financeiras induziram a redução da procura por moeda e um aumento da velocidade de circulação
da moeda. O mesmo resultado foi obtido por Taylor (1987), Mullineux (1994), Mariscal , et al,
(1995), Hendry e Ericsson (1991), Ericson e Sharma (1998) e Arestis, et al, (1992).
Nyamongo e Ndirangu (2013) referenciam que um estudo realizado para a Coreia, mostrou
que a velocidade tendia a reduzir à medida que novos instrumentos financeiros eram introduzidos.
Esta tendência deveu-se essencialmente ao facto de que a preferência por liquidez aumentava à
medida que crescia a renda, o que revela um alto nível de monetarização da economia Coreana.
O estudo realizado por Darrat e Al-Sowaidi (2009) é um dos poucos estudos em que a
evidência apontou para uma fraca relação entre as inovações financeiras e a procura por moeda,
tomando as três economias emergentes da região do GCC (Bahrain, UAE e Quatar) no período de
1994-2004, os autores analisaram a relação entre as inovações financeiras e a estabilidade da
procura por moeda no longo prazo, os resultados apontaram que as inovações financeiras não
causaram distorções na procura por moeda, bem como na velocidade implicando que o regime de
metas monetárias representa ainda uma estratégia de política monetária nestas economias.
Contudo, importa destacar que a metodologia adoptada por estes autores não envolve
nenhuma variável que expressa as inovações financeiras na especificação da função da procura
por moeda, tendo sido baseada no teste de estabilidade dos vectores cointegração entre a procura
por moeda e os seus determinantes tradicionais (rendimento, taxa de juros, expectativa de inflação
e taxa de câmbio).
22
representar as inovações financeiras foi usado como proxy o rácio M2/M119, como proxies
alternativas para as inovações financeiras foram também usadas a concentração de ATMs, a
concentração de bancos e o crédito ao sector privado como percentagem do PIB. Como resultado,
o estudo concluiu que as inovações financeiras são um importante determinante da procura por
moeda, tendo estas um efeito negativo sobe a procura, o que sugere que a velocidade de circulação
da moeda tende a aumentar a medida que importantes inovações financeiras são introduzidas,
causando complicações ao ambiente de operacionalização da política monetária. No entanto, a
metodologia adoptada neste estudo apresenta algumas limitações. A principal limitação está no
facto de considerar o agregado M1 como representante da oferta de moeda em todos países
analisados.
O Quénia é o país com mais evidências empíricas a nível da África devido a explosão das
inovações financeiras que experimentou principalmente a partir de 2007 com a introdução do M-
PESA, o que excitou um debate em torno das deficiências técnicas do regime de metas monetárias
como estratégia de condução da política monetária e a discussão sobre a possibilidade da adopção
do regime de metas de inflação. Nyamongo e Ndirangu (2013) estudaram o efeito das inovações
financeiras no Quénia no período de 1998-2012, o estudo concluiu que a partir de 2007, devido a
expansão das inovações financeiras, verificou-se uma maior efectividade da politica monetária,
mas entretanto as inovações financeiras conduziram a uma instabilidade no multiplicador
monetário, na procura por moeda e na velocidade de circulação da moeda, retractando o efeito
adverso sobre a operacionalização da política monetária. Misati et al. (2010) obtiveram resultados
similares, tendo verificado que os canais tradicionais sofreram sérias distorções, impondo desafios
ao Banco Central Queniano na operacionalização da política monetária.
19A escola desta medida foi motivada pelo facto de que quando as inovações financeiras se desenvolvem, os indivíduos tendem a
abandonar os activos mais líquidos (M1) optando por activos menos líquidos (M2).
23
Contrariamente aos resultados das análises de Nyamongo e Ndirangu (2013), Nampewo e
Opolot, (2016) estudaram o impacto das inovações financeiras na estabilidade da velocidade da
moeda na economia de Uganda no período de 2000-2013, baseando sua metodologia no teste de
limites de Pesara et al, (2001) e o teste de CUSCUM para a estabilidade de longo prazo. Foram
usadas como proxies (em modelos separados) o rácio de moeda em circulação e M2 e o rácio
tempo de depósito e procura por depósito, os autores constataram que existe uma estabilidade na
velocidade de circulação da moeda, implicando que as inovações financeiras não afectam a
estabilidade dos agregados monetários. Estes resultados são consistentes com os de Ndirangu e
Nyamongo (2015) para Quénia, os quais confirmam que as inovações financeiras não afectam a
estabilidade dos agregados monetários, citados por Nampewo e Opolot (2016).
20Dummy que captura as inovações financeiras que ocorreram a partir do lançamento em 1986 do SAP-Programa de Ajustamento
Estrutural na Nigéria, que levaram a mudanças no seu sistema financeiro.
24
CAPÍTULO III. METODOLOGIA
Para avaliar o impacto das inovações financeiras na velocidade de circulação da moeda, foi
adoptada uma metodologia de análise econométrica. Entretanto, este capítulo está dividido em 4
(quatro) secções: a primeira, referente à especificação do modelo econométrico; a segunda se
refere à formulação das hipóteses em termos dos parâmetros do modelo; a terceira secção descreve
os procedimentos de estimação e; a quarta secção é relativa à descrição dos dados de análise.
3.1. Metodologia
O objectivo desta investigação é de analisar as implicações das inovações financeiras e do
desenvolvimento financeiro sobre a operacionalização da política monetária em Moçambique.
Para tal, foi adoptada uma metodologia que consiste em avaliar prováveis distorções que as
inovações financeiras e o desenvolvimento financeiro possam ter causado sobre os pressupostos
estruturais do regime de metas de agregados monetários. Sabendo-se que este regime funciona
sobre o pressuposto de que a velocidade de circulação da moeda, e o multiplicador monetário são
estáveis, a metodologia que empregue consiste em:
Para a análise do impacto das inovações financeiras na velocidade de circulação da moeda, foi
adoptado o Modelo de Vectores de Correcção do erro (VCE) e o teste de causalidade de Granger.
O VECM contempla também a adopção de ferramentas que tornam a análise mais detalhada do
21 Representa a parte quantificável do objectivo intermédio que no caso de Moçambique foi definida como M3 ou oferta de Moeda
conforme a EMLPM (2007)
22 Representa a parte quantificável do objectivo operacional que no caso de Moçambique foi definida como Base Monetária (notas
25
impacto, trata-se da Função Impulso Resposta (FIR) e do teste de Decomposição do erro. Para
testar a estabilidade do modelo e da velocidade de circulação da moeda foram usados os testes de
CUSUM e CUSUM of Squares.
Para a análise das séries temporais, recorre-se primeiramente ao teste de raiz unitária, para a
aferir a estacionariedade ou não das séries de modo a torna-las estacionárias. Sendo estacionárias
as series em ordem I (1) abre-se espaço para a realização do teste de cointegração, entretanto,
observando-se a existência de uma equação de cointegração recorre-se à adopção da metodologia
do Modelo de Correção do Erro (MCE). Estando-se numa situação de existência de mais de uma
equação de cointegração deve-se, no entanto, recorrer ao uso do Modelo de Vector de Correcção
do erro (MVCE), o qual é o caso presente.
Em 1980, com a publicação do artigo Macoeconomics and Reality, o autor Christopher Sims
acabou por gerar uma rápida disseminação dos modelos Autoregressivos, especialmente em
investigações empíricas na área de macroeconomia. Esta rápida expansão dos modelos VAR,
segundo (Cavalcanti, 2010), deriva, em grande medida, da percepção de que tais modelos
permitem analisar as interrelações entre múltiplas variáveis a partir de um conjunto mínimo de
restrições de identificação. Os modelos VAR Surgem como resposta às críticas às restrições
impostas às estimações pelos modelos estruturais.
Estes, são modelos em que todas as variáveis de estudo são endógenas e são definidos por
sistemas de equações e que podem ser vistos como uma combinação de séries temporais de
sistemas de equações simultâneas, isto é, examinam relações lineares entre cada série e os valores
desfasados dela própria e de todas as demais séries.
O modelo VCE é uma versão vectorial do MCE e ainda uma alternativa ao VAR para o caso
de as variáveis do sistema serem cointegradas.
Supondo que Π = r < k, pode-se mostrar que existem matrizes αk × rαk × r e βk × rβk × r tais
que Πk × k= αk × rβ′r × kΠk × k= αk × rβr × k tais que:
Πk × k= αk × rβ′r × kΠk × k= αk × rβr × k′
26
Substituindo na equação do VAR reparametrizado, tem-se:
ΔYt = αβ′Yt-1 +∑ i=1p − 1ΓiΔYt-i + ϵtΔYt = αβ′Yt-1 + ∑i=1 p-1 Γi ΔYt-i + ϵt (11)
• β′Yt−1: são as relações de cointegração que definem a trajectória de longo prazo (equilíbrio)
entre as variáveis.
• α: é a matriz de coeficientes de ajustamento para o equilíbrio de longo prazo
• Γi: são as matrizes de coeficientes que definem a dinâmica de curto prazo.
Para a estimação do VAR, as variáveis são diferenciadas tantas vezes quanto necessário,
geralmente duas vezes, de modo a verificar sua estacionariedade. Esta diferenciação pode, no
entanto, mascarar a cointegração. Se houver presença de cointegração, o mais adequado é, no
entanto, a estimação de um modelo com vetor de correção do erro (VEC).
A literatura existente acerca das inovações financeiras e condução da política monetária, tem
geralmente como foco o estudo do impacto das inovações financeiras na estabilidade da procura
por moeda, sem tomar em consideração a velocidade de circulação da moeda. Entretanto, para
efeitos deste estudo, a base usada é a abordagem adoptada por Nampewo e Opolot (2016), visto
que os autores exploram a componente do efeito das inovações financeiras na velocidade da
moeda. Ademais, estes autores baseiam seu estudo na teoria monetarista de procura por moeda, a
qual comunga com a realidade da política monetária em Moçambique, isto é, considera a
velocidade da moeda uma variável estável.
23Onde Y representa o PIB; e a taxa de câmbio; 𝜋 𝑒 é a taxa de inflação esperada; r representa a taxa de juro de bilhetes de tesouro
de 91 dias; 𝜃t representa a proxy para as inovações financeiras.
27
Neste estudo, foram adoptadas como proxys para inovações financeiras o número de ATMs e
o número de cartões bancários. Ademais, foi escolhida a forma funcional log-lin em logaritmo
natural para a variável dependente, pois esta forma funcional para além de suavizar as variâncias
subjacentes das variáveis induzindo assim a erros homoscedásticos, também automaticamente
converte os coeficientes estimados em elasticidades.
Ln(V) = β0 + ∑𝑛𝑖=1 𝛽 1 PIBt-j + ∑𝑛𝑖=1 𝛽 2et-j + ∑𝑛𝑖=1 𝛽 3rBTt-j + ∑𝑛𝑖=1 𝛽4Inft-j + ∑𝑛𝑖=1 𝛽 5ATMt-j +
∑𝑛𝑖=1 𝛽 6Cart-j + εt (13)
24
Adoptado por Nampewo e Opolot (2016), Nyamongo e Ndirangu (2013) e Darrat & Al-Sowaidi (2009).
28
dependendo do efeito dominante entre operações de levantamento de numerário e transacções em
ATMs e por via de cartões.
Importa referir que os testes e demais procedimentos foram feitos com recurso à ferramenta
econométrica E-Views 9.0.
O uso de séries não estacionárias para efeitos de inferências, pode gerar uma regressão
espúria, isto é, sem sentido, face a isto, seus resultados podem ser enganosos, o que
consequentemente levaria a inferências também enganosas.
Dentre os diferentes testes de raiz unitária existentes, para neste estudo foi adoptado o teste
de Dickey-Fuller Aumentado (DFA), por ser um teste amplamente adoptado na literatura existente.
O teste de DFA é realizado sob a hipótese nula (H0) de não estacionariedade da série.
Entretanto, a H0 será rejeitada se o valor de tau (τ) observado for menor que o valor de tau (τ)
crítico, ou ainda se o valor associado ao p-value for menor que os níveis de significância
convencionais (1%, 5% e 10%).
29
ordem superior, isto é, I (1), I (2) ou I (3). Assim sendo, de modo a que se torne estacionária,
recorre-se à primeira ou segunda diferença.
Segundo (Gujarati e Porter, 2008), duas variáveis são cointegradas, do ponto de vista
económico, se entre elas existir uma relação de longo prazo, ou de equilíbrio.
A ideia intuitiva de cointegração é que variáveis não estacionárias podem caminhar juntas,
isto é, podem ter trajetórias temporais interligadas, de forma que no longo prazo apresentem
relação de equilíbrio.
Dentre os demais testes de cointegração existentes na literatura, para o presente estudo será
adoptado o teste de cointegração de Johansen, denotado pela seguinte equação:
30
3.1.4. Teste de Diagnóstico do Modelo
A causalidade de Granger implica que existe uma correlação entre os valores presentes de
uma variável e os valores passados de outras variáveis, este teste parte do pressuposto de que o
futuro não pode causar o passado nem o presente. Segundo Moreira (2011), se uma variável Y1 é
utilizada para previsão de outra Y2, então se pode dizer que Y1 causa Granger em Y2.
Entretanto, o teste consiste num modelo bivariado, neste caso para cada proxy de inovação
financeira, que é denotado por:
Vt = 𝑎1 + ∑𝑛𝑖=1 𝛼 0Vt-1 + 𝜇 t
Vt = 𝑎1 + ∑𝑛𝑖=1 𝛼 0Vt-1 + 𝜇 t
31
H1: ATMt causa Vt e,
Neste caso, recorreu-se a FIR para mostrar como a variável dependente (velocidade),
responde aos impulsos de um desvio padrão das inovações financeiras (número de ATM e
Cartões).
32
Wt =( ∑𝑡𝑟=𝑘+1 𝑤 2r) / ∑𝑇𝑟=𝑘+1 𝑤2r) (15)
33
CAPÍTULO IV. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
O teste de DFA realizado sob a hipótese nula de raiz unitária, ao nível de significância de
5%, demonstrou que nenhuma das séries é estacionária em níveis, dado que todas apresentam
estatísticas τ- tau inferiores aos seus respectivos τ críticos e, os seus p-values são maiores que o
nível de significância de 5%, conforme se pode observar na tabela abaixo.
Tendo se constatado que as séries não são estacionárias em níveis, persiste ainda a
necessidade de as tornar estacionarias, assim sendo, foram feitas as primeiras diferenças às
mesmas. Feitas as primeiras diferenças, todas as séries tornaram-se estacionárias.
34
4.2. Determinação do Número Óptimo de Defasagens
Após o teste de raiz unitária, deve-se proceder com o procedimento de escolha do número
óptimo de defasagens (lags). Observando-se a Tabela 3 abaixo, pode-se constata-se que todos os
critérios comungam com a escolha de 4 como número óptimo de defasagens para a estimação do
modelo em análise.
O resultado do teste de raiz unitária revelou que todas as séries são estacionárias de ordem
de integração um, I (1), face a esta constatação, torna-se provável que exista uma relação de
equilíbrio de longo prazo entre as variáveis do modelo, visto que possuem a mesma ordem de
integração. No entanto, para comprovar a existência ou não de uma relação de equilíbrio de longo
prazo entre as variáveis, há uma necessidade de se realizar um teste de cointegração, neste caso o
teste de cointegração de Johansen.
O teste de cointegração de Johansen revelou que entre as variáveis do modelo, existe uma
relação longo prazo, isto é, as variáveis do modelo são cointegradas. Pode-se observar no Anexo
3 a existência de cinco (5) equações de cointegração no modelo.
Este resultado induz à adopção do modelo do Vector de Correção do Erros (VCE)25 para
estimação do modelo em análise.
25
Do inglês Vector Error Correction Model (VECM)
35
4.3. Resultados da Estimação do Modelo VCE
Apos a realização do teste de cointegração, segue-se então a estimação dos modelos de
curto e longo prazo do modelo em estudo, pelo método VCE. (Anexo B)
A estimação do modelo de VCE no curto prazo, ilustra que as inovações financeiras (ATM
e Car) tiveram um impacto negativo na velocidade da moeda, sendo que um aumento do número
de ATMs em unidades, cereris paribus, gerou uma redução da velocidade da moeda em 0.0002%.
Por outro lado, cereris paribus, um aumento do número de cartões em milhares, gerou uma redução
da velocidade em 0.0001%.
Ao nível de significância de 5%, o coeficiente da variável ATMs é estatisticamente
insignificativo, ao passo que o coeficiente da variável Car é estatisticamente significativo.
Portanto, foi visto que no longo prazo as inovações financeiras tiveram um impacto
positivo sobre a velocidade da moeda, mas no curto prazo esse impacto foi negativo. Este facto
implica que, no longo prazo os indivíduos usam ATMs e cartões para realizar transacções em si,
reduzindo deste modo a procura por moeda e aumentando a velocidade de circulação da moeda no
36
país. Em contrapartida, os resultados do curto prazo implicam que os indivíduos usaram ATMs e
cartões para levantamento de numerário, aumentando deste modo a procura por moeda e,
consequentemente, reduzindo a velocidade da moeda.
37
Tabela 5: Teste de Causalidade de Granger
Hipótese Nula P-value Conclusão
ATM não causa LnV 0.7326 Não rejeita H0
Car não causa LnV 0.6370 Não Rejeita H0
Pelo Gráfico 8 abaixo demonstrado, pode-se observar que a velocidade da moeda responde
de forma negativa aos impulsos do número de cartões. Estes impulsos do número de cartões são
estatisticamente significativos na velocidade da moeda. Este resultado converge com os resultados
da estimação do modelo no longo prazo.
38
4.7. Análise da Decomposição da Variância
A decomposição da variância é um método usado para avaliar a importância relativa das
perturbações em determinada variável na variável de interesse. Para este caso em específico,
analisa-se a decomposição da velocidade de circulação da moeda relativamente às demais
variáveis do sistema, particularmente as inovações financeiras (ATMs e Car).
39
Tabela 6: Decomposição da Variância da Velocidade de Circulação da Moeda
Period S.E. LNV PIB E RBT P ATM CAR
40
Gráfico 9: Testes de CUSUM e CUSUM of Squares para Velocidade da de Circulação da
Moeda
41
Gráfico 10: Testes de CUSUM e CUSUM of Squares para o Multiplicador Monetário
Não obstante, constata-se uma relação forte entre a base monetária e a oferta monetária.
Assim sendo, é fiável a relação entre estas duas variáveis.
42
Tabela 7: Correlação entre BaM e M3 e entre M3 e Inflação
M3 Inf
M3 1 0.193531
Inf 0.193531 1
BaM M3
BAM 1 0.982157
M3 0.982157 1
Esta constatação comunga com as conclusões dos estudos dos autores Nampewo e Opolot,
(2016) para a economia do Uganda e Ndirangu e Nyamongo (2015) para o Quénia, que referem as
inovações financeiras não afectam a estabilidade da velocidade de circulação da moeda e, deste
modo, não prejudicaram a actuação do regime de metas de agregados monetários.
43
CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
O sistema financeiro moçambicano passou por diversas reformas e transformações e, pelo
desenvolvimento tecnológico e institucional, se tem introduzido novos e melhores meios de
pagamento e actuação na banca moçambicana. Neste estudo, foi analisado o efeito das inovações
financeiras na velocidade de circulação da moeda em Moçambique no período de 2005 a 2019.
Uma das principais motivações deste estudo foi a existência de uma certa escassez (tanto em
Moçambique como na diáspora) de estudos empíricos que versam acerca deste tema, tendo a
velocidade da moeda como ponto fulcral, uma vez constatado que maior parte dos estudos analisa
somente o impacto das inovações financeiras na procura por moeda.
44
O impacto positivo e significativo do aumento do número de cartões bancários sobre a
velocidade da moeda, no longo prazo, comunga com as teorias que postulam que à medida que as
inovações financeiras se desenvolvem com o decorrer do tempo, os indivíduos tendem a mover-se
se meios de pagamentos mais líquidos a outros menos líquidos, isto é, tendem a usar meios de
pagamento menos líquidos, em detrimento dos mais líquidos, como o numerário.
5.2. Recomendações
As iniciativas de inovações financeiras são de grande importância no âmbito da expansão e
acessibilidade dos serviços financeiros, o que constitui um dos aspectos críticos para o
desenvolvimento da economia moderna. Assim sendo:
45
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2005q4 1.48 217,331.5 25.31 9.37 15.58 367 747 47,455.2 15,005.0 3.51
2006q1 1.46 227,425.8 26.07 9.57 15.08 374 915 49,329.1 14,903.9 3.59
2006q2 1.44 236,146.1 26.09 9.44 14.61 387 1,019 51,850.4 14,890.8 3.66
2006q3 1.51 204,958.8 23.24 7.08 16.09 376 478 54,867.3 14,965.6 3.72
2006q4 1.39 251,454.6 24.09 8.78 13.72 405 1,015 58,285.2 15,128.3 3.78
2007q1 1.37 259,722.0 23.45 8.59 13.31 420 1,037 62,048.8 15,379.0 3.85
2007q2 1.34 269,113.3 23.29 8.48 12.92 439 1,089 65,639.2 15,717.6 3.90
2007q3 1.41 244,048.6 25.50 9.22 14.16 400 1,062 68,961.4 16,144.1 3.96
2007q4 1.30 293,220.9 24.42 9.71 12.19 483 1,197 71,834.6 16,658.6 4.01
2008q1 1.27 303,433.5 24.93 9.80 11.86 505 1,261 73,957.8 17,261.0 4.06
2008q2 1.25 311,085.0 25.31 9.64 11.55 525 1,327 77,606.6 17,951.4 4.11
2008q3 1.32 280,054.1 23.57 8.56 12.55 460 1,148 82,553.4 18,729.7 4.15
2008q4 1.20 317,276.9 26.19 4.27 10.98 552 1,413 88,778.1 19,595.9 4.19
2009q1 1.18 322,787.9 26.81 3.55 10.73 572 1,471 96,463.7 20,550.1 4.23
2009q2 1.16 331,671.0 27.74 3.68 10.50 598 1,541 103,644.5 21,592.2 4.26
2009q3 1.23 315,976.6 25.70 8.85 11.26 543 1,382 110,610.8 22,722.3 4.30
2009q4 1.11 359,278.0 32.10 15.68 10.10 678 1,710 117,577.0 23,940.3 4.33
2010q1 1.09 372,651.9 33.37 17.33 9.93 713 1,792 124,721.6 25,246.2 4.35
2010q2 1.07 384,339.6 33.51 17.40 9.78 744 1,871 130,380.6 26,640.1 4.38
2010q3 1.14 343,712.2 29.30 5.33 10.29 631 1,620 134,416.0 28,121.9 4.40
2010q4 1.03 402,636.1 28.92 6.73 9.53 805 2,037 136,349.8 29,691.7 4.42
2011q1 1.01 412,323.0 27.54 5.30 9.44 835 2,104 135,274.6 31,349.4 4.43
2011q2 0.99 422,977.0 27.13 5.08 9.37 863 2,150 138,575.8 33,095.1 4.45
2011q3 1.05 394,434.5 32.34 15.99 9.65 774 1,951 145,530.3 34,928.6 4.46
2011q4 0.95 445,693.1 27.01 2.15 9.29 906 2,126 156,063.3 36,850.2 4.47
2012q1 0.93 457,730.2 27.39 1.86 9.28 933 2,170 170,734.1 38,859.6 4.47
2012q2 0.91 470,019.3 27.96 1.98 9.30 964 2,289 182,409.7 40,957.0 4.47
2012q3 0.97 434,211.9 27.10 4.72 9.32 888 2,166 191,791.8 43,142.3 4.47
2012q4 0.88 493,996.8 28.98 3.91 9.38 1,037 2,947 199,116.5 45,415.6 4.47
2013q1 0.86 505,824.1 29.69 4.32 9.45 1,070 3,181 204,199.0 47,776.8 4.46
2013q2 0.84 517,108.9 30.53 4.47 9.54 1,096 3,317 211,247.9 50,226.0 4.45
2013q3 0.89 482,241.4 28.56 2.36 9.33 998 2,517 219,954.9 52,763.1 4.44
2013q4 0.82 534,538.7 31.89 0.81 9.78 1,087 3,453 230,286.2 55,388.1 4.43
2014q1 0.80 546,281.8 33.02 0.52 9.93 1,108 3,472 242,476.6 58,101.1 4.41
2014q2 0.79 561,387.8 34.62 0.87 10.10 1,160 3,445 255,785.1 60,902.0 4.39
2014q3 0.83 527,058.3 31.32 4.13 9.65 1,110 3,401 270,932.1 63,790.9 4.36
2014q4 0.77 601,146.1 40.20 9.17 10.51 1,465 3,043 288,946.3 66,767.7 4.34
2015q1 0.76 623,840.7 43.06 10.59 10.74 1,565 2,943 311,357.4 69,832.4 4.31
2015q2 0.75 648,741.4 46.17 11.35 10.99 1,621 2,956 328,585.6 72,985.1 4.28
2015q3 0.78 579,579.7 36.86 2.21 10.30 1,258 3,331 341,941.6 76,225.7 4.24
49
2015q4 0.73 711,700.8 57.05 23.43 11.56 1,651 3,312 351,975.4 79,554.3 4.21
2016q1 0.73 740,859.2 61.30 25.37 11.87 1,673 3,433 358,578.7 82,970.8 4.17
2016q2 0.72 766,922.7 64.50 25.99 12.21 1,701 3,476 365,094.8 86,475.2 4.12
2016q3 0.74 677,311.8 50.37 13.29 11.27 1,652 3,066 370,685.0 90,067.6 4.08
2016q4 0.71 815,093.4 70.71 25.79 12.93 1,716 3,313 374,301.5 93,747.9 4.03
2017q1 0.71 834,888.9 72.39 26.00 13.33 1,736 3,263 374,491.2 97,516.1 3.98
2017q2 0.71 850,659.8 72.40 25.93 13.74 1,759 3,255 379,045.6 101,372.3 3.93
2017q3 0.72 791,325.2 67.43 26.28 12.56 1,723 3,447 386,615.3 105,316.4 3.87
2017q4 0.71 865,265.2 62.00 5.13 14.63 1,717 3,301 396,379.8 109,348.5 3.81
2018q1 0.72 876,710.5 59.66 2.64 15.10 1,730 2,628 407,893.5 113,468.5 3.75
2018q2 0.72 893,765.8 60.43 2.91 15.60 1,773 3,421 420,538.9 117,676.5 3.68
2018q3 0.71 861,461.9 69.74 23.37 14.17 1,766 3,714 434,338.1 121,972.4 3.61
2018q4 0.72 915,482.5 63.62 4.92 16.11 1,843 3,638 449,493.5 126,356.2 3.54
2019q1 0.45 661,938.9 59.65 3.13 13.25 1,726 3,003 451,479.3 137,021.3 3.35
2019q2 0.44 666,755.0 60.69 2.85 13.60 1,727 2,831 461,461.9 142,042.2 3.27
2019q3 0.43 677,705.3 62.55 2.57 13.98 1,756 2,845 473,428.3 147,164.6 3.18
2019q4 0.42 688,724.9 65.23 2.29 14.36 1,811 2,922 487,322.3 152,388.7 3.09
50
Anexo B: Resultados da Estimação
do Modelo VCE para Velocidade da
Moeda
LNV(-1) 1.000000
Y(-1) 5.80E-07
(8.0E-07)
[ 0.72667]
E(-1) -0.023291
(0.00915)
[-2.54570]
RBT(-1) -0.106253
(0.01086)
[-9.78330]
Inf(-1) 0.021040
(0.00700)
[ 3.00514]
ATM(-1) 0.001680
(0.00018)
[ 9.48998]
CAR(-1) 5.47E-05
(5.0E-05)
[ 1.08853]
C -1.209019
51
D(Y(-1)) 5.57E-07 -0.184210 6.00E-06 4.94E-06 2.72E-05 -3.56E-06 -0.000124
(2.1E-07) (0.24800) (3.2E-05) (3.1E-06) (4.6E-05) (0.00052) (0.00180)
[ 2.64311] [-0.74278] [ 0.18756] [ 1.59289] [ 0.59509] [-0.00684] [-0.06923]
52
(0.00010) (119.261) (0.01539) (0.00149) (0.02198) (0.25051) (0.86322)
[-1.60749] [-1.44104] [-1.35446] [-2.27931] [-0.81648] [-1.49958] [-0.30259]
53
**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values
1 80.16900 0.0033
2 69.68231 0.0276
3 56.04140 0.2277
4 83.40973 0.0016
54
2. Normalidade dos Erros
14
Series: LNV
12 Sample 2005Q1 2019Q4
Observations 60
10
Mean 0.984721
8 Median 0.920000
Maximum 1.580000
6 Minimum 0.420000
Std. Dev. 0.309614
4 Skewness 0.256195
Kurtosis 2.121151
2
Jarque-Bera 2.587297
0 Probability 0.274268
0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6
3. Heteroscedascidade
VEC Residual Heteroskedasticity Tests: No Cross Terms (only levels and squares)
Joint test:
Chi-sq df Prob.
Individual components:
55
res5*res2 0.933579 3.513891 0.0143 52.28044 0.1833
res5*res3 0.868993 1.658288 0.1841 48.66358 0.2908
res5*res4 0.864063 1.589088 0.2061 48.38753 0.3003
res6*res1 0.953426 5.117853 0.0029 53.39188 0.1568
res6*res2 0.969225 7.873530 0.0004 54.27661 0.1378
res6*res3 0.932007 3.426850 0.0158 52.19239 0.1855
res6*res4 0.889779 2.018171 0.1042 49.82763 0.2527
res6*res5 0.922374 2.970586 0.0275 51.65297 0.1996
res7*res1 0.594093 0.365905 0.9912 33.26922 0.8810
res7*res2 0.599130 0.373644 0.9899 33.55130 0.8737
res7*res3 0.672562 0.513503 0.9414 37.66346 0.7386
res7*res4 0.590965 0.361195 0.9919 33.09404 0.8855
res7*res5 0.667798 0.502555 0.9470 37.39671 0.7487
res7*res6 0.537475 0.290511 0.9984 30.09860 0.9454
56
Y does not Granger Cause CAR 0.68412 0.5659
BaM M3
BaM 1 0.982157
M3 0.982157 1
M3 Inf
M3 1 0.193531
Inf 0.193531 1
57