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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DA PRODUÇÃO
por
Banca examinadora:
RESUMO
ABSTRACT
The diversity and availability of natural resources give Brazil excellent opportunities to develop in a
sustainable way, combining economic growth, social inclusion, and environmental conservation. In
this context, electricity plays a fundamental role in this development. The government's strategy to
meet the increase in energy demand is the transition from the predominantly fossil matrix to an energy
matrix of clean and renewable sources. Due to the accelerated technological development of the
turbine, offshore wind energy appears as a viable option already explored in several countries.
Offshore wind farms allow the use of turbines with greater power than on land, use of an unexplored
maritime area, in addition to other advantages. The objective of the research is to propose programs
for managing the environmental impacts of the environmental impacts of offshore wind projects in
Brazil. The research method is characterized as descriptive, of an applied nature, with inductive
logical argumentation, with a qualitative approach and carrying out case studies. The research
procedure included three stages: theoretical research, conducting case studies and systematizing the
proposal. As a result, environmental impact management programs arepresented with the aim of
reducing negative impacts and enhancing the positive impacts of offshore wind farms. The programs
were systematized according to the macro-phases of the life cycle of an offshore wind project:
installation, operation and maintenance and decommissioning. The proposal contributes so that the
management of environmental impacts is better understood and managed by offshore wind farms
entrepreneurs and by technicians from regulatory institutions.
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
QUADROS
IDENTIFICADOS ..................................................................................................................................................................... 22
DESCOMISSIONAMENTO ..................................................................................................................................................... 96
8
SUMÁRIO
REQUISITOS MÍNIMOS QUE DEVEM CONTER NO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL CONFORME RESOLUÇÃO CONAMA
001, ARTIGO 6. ........................................................................................................................................................... 104
ANEXO B .................................................................................................................................................................. 106
TERMO DE REFERÊNCIA DE ACORDO COM ANEXO I E II RESOLUÇÃO CONAMA Nº 462 ............................................ 106
10
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A diversidade da indústria nacional e a disponibilidade de recursos naturais dão ao
Brasil excelentes oportunidades para se desenvolver de forma sustentável, combinando
crescimento econômico, inclusão social e conservação ambiental. Com base no Plano Decenal
Energético 2017–2026, é possível afirmar que, além do crescimento demográfico verificado no
Brasil, o aumento do consumo de energia também está associado ao crescimento na renda da
população e no consequente reflexo no consumo de bens e serviços. Estima-se que a população
brasileira cresça a uma taxa média de 0,7% a.a. (EPE, 2020), com isso, em 2026, o país passará
a ter 220 milhões de habitantes, com um acréscimo, no período, de aproximadamente 13
milhões de pessoas (EPE, 2017).
Na história mais recente, a energia elétrica passou, por razões técnicas, ambientais e
econômicas, a desempenhar papel mais importante na matriz energética. A estratégia
governamental para suprir o aumento da demanda energética é a transição da matriz
predominantemente fóssil para uma matriz energética mais equilibrada, com maior
predominância de fontes limpas e renováveis.
Nos anos 1970, o setor elétrico brasileiro foi estimulado por um grande salto
desenvolvimentista promovido e sustentado pelo governo. Nos anos 1980, a legislação
ambiental brasileira foi reformulada, através da Lei Nacional de Meio Ambiente (Lei nº
6.983/1981), das resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA e da
promulgação da nova Constituição da República Federativa do Brasil (1988), que instituíram
a obrigatoriedade de licenciamento para todos os empreendimentos que pudessem causar
significativo impacto ambiental (CNI, 2012).
Na década de 2000, lastreado em um modelo de geração essencialmente hidrelétrico
e sem a expansão, o Brasil estava em situação de emergência ao atravessar um período de
chuvas escassas que baixou consideravelmente os reservatórios das usinas hidroelétricas. Em
maio de 2001, o governo foi obrigado a adotar medidas emergenciais para evitar um colapso na
oferta de energia. A crise alertou para a necessidade de introduzir novas fontes de geração na
matriz energética nacional. Essa tendência culminou com o Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), implantado pelo Decreto nº 5.025/2004 com o
objetivo de aumentar a participação da energia elétrica produzida por empreendimentos
concebidos com base em fontes eólicas, biomassa e PCHs, bem como desenvolver a cadeia
produtiva dessas fontes.
11
s aúde humana; herança cultural e outros usuários do mar, bens materiais (infraestrutura e
recursos naturais).
Bailey, Brookes e Thompson (2014), concluíram que o processo de avaliação
ambiental de parques eólicos offshore na Europa, possui a necessidade de mais estudos sinóticos
para complementar as pesquisas específicas do local e o monitoramento ambiental. A
experiência na Dinamarca, Alemanha e Holanda destacou a importância de haver programas
de gerenciamento ambiental correlacionados de forma a estudar e monitorar os impactos e suas
interações nas áreas rasas do Mar do Norte.
Estudos ambientais realizados no Reino Unido, Dinamarca e Alemanha, para o
levantamento inicial das áreas propostas para implantação de usinas eólicas offshore e
plataformas óleo e gás foram conduzidos por entes governamentais e instituições de pesquisa,
porém para o Brasil ainda não foram desenvolvidos.
Pelo exposto, considerando-se a expectativa de desenvolvimento da energia eólica
offshore no Brasil, a questão que deu origem à pesquisa foi: Quais seriam os programas
ambientais adequados para o gerenciamento dos impactos ambiental de empreendimentos
eólicos offshore no Brasil? Para responder esse questionamento foi definido o objetivo da
pesquisa descrito na seguinte seção.
1.2 Objetivos
Objetivos específicos
1.3 Justificativa
O setor de energia eólica offshore no Brasil ainda está na fase de estudos e de
planejamento. Devido a necessidade de uso de boas práticas, diretrizes e programas de
gerenciamento de impactos ambientais, esta pesquisa pode ser justificada do ponto de vista
acadêmico, socioambiental e econômico-setorial.
No âmbito acadêmico, estudos sobre o tema possuem reduzido número de publicações
na literatura nacional. Além do setor estar em desenvolvimento, pesquisas notema de
impactos ambientais são escassos. Devido a isso, o resultado desta pesquisa possibilitará que
seja utilizado como referência para futuros trabalhos acadêmicos.
Na perspectiva socioambiental, propostas de programas de gerenciamento para a
mitigação de impactos negativos e potencialização dos impactos positivos contribuirão na
geração de empregos qualificados com responsabilidade socioambiental.
No âmbito econômico-setorial, diante do início da implantação de empreendimentos
de geração de energia através de fontes eólica offshore na costa brasileira, propostas de
programas para o gerenciamento de impactos ambientais, baseada na experiência dos setores
de óleo e gás offshore e da eólica onshore e da literatura, terá uma contribuição para os órgãos
regulamentadores, assim como para os empreendedores do setor, pois a mitigação de impactos
negativos e potencialização dos impactos positivos ocorrem com um adequado gerenciamento.
Sanchez (2015) reforça que os planos e programas ambientais devem ser elaborados
para todo o ciclo de vida da atividade, principalmente para implantação, operação e desativação.
Com efeito, para muitos empreendimentos, os impactos decorrentes da implantação e das
atividades de construção podem ser muito mais significativos do que aqueles advindos do seu
funcionamento, como é o caso de boa parte das obras de infraestrutura.
Com a maturidade do desenvolvimento das atividades offshore na área de petróleo e
gás, foi mapeado a necessidade da execução de programas ambientais, definidos de acordo com
o levantamento ambiental dos impactos. De acordo com pesquisa desenvolvida pela ARCADIS
(2015), os programas e planos ambientais são direcionados para cada impacto ambiental
identificado no levantamento das avaliações ambientas no período compreendido entre 2007 e
2017 no licenciamento de petróleo e gás, conforme Quadro 1.
Quadro 1 – Planos e programas sugeridos nos estudos de acordo com os impactos identificados.
Programa e plano Impacto ambiental
Projeto de Controle da Poluição – PCP Geração de resíduos e efluentes líquidos.
Projeto de Monitoramento Ambiental – PMA Impactos na água, sedimentos e biota.
Atendimento de emergência
Controle da fotopoluição
Outros
Peixes
Programa de Monitoramento daBiota
Bento
Tartarugas marinhas
Aves
Morcegos
Mamíferos marinhos
PEAT (Trabalhadores)
Porção submersa das torres provoca alteração na distribuição da pluma de matéria orgânica, com aumento local
e redução a jusante do sentido da corrente, sendo um dos motivos que explicam as diversas alterações estruturais
observadas nas comunidades faunísticas;
▪ Riqueza de espécies de macrobentos é aumentada em cerca de três vezes;
▪ Biomassa de epi- e endobentos é reduzida, porém epifauna de substratos duros é aumentadaem até 4.500
vezes;
▪ Disponibilidade de matéria orgânica em suspensão no entorno dos aerogeradores éextremamente atrativa
para organismos filtradores;
▪ Habitat formado pelas fundações e torres serve de substrato para espécies oportunísticas, assim como
observa-se redução no número de espécies da zona intertidal;
▪ Potencial habitat para espécies invasoras, as quais, em regra, são de difícil erradicação. Entretanto,
normalmente se verifica como fator limitante o fato de os novos habitats ficarem restritos às poucas estruturas
físicas introduzidas;
▪ Peixes são fortemente influenciados pelo efeito recife artificial e maior disponibilidade alimentar, com aumento
significativo na abundância de algumas espécies comerciais;
▪ Aumento na atividade pesqueira próximo aos parques e respectivas áreas de segurança.
Realizar diagnóstico da situação preexistente (habitat Avaliar grau de risco das espécies invasoras;
bêntico, qualidade do sedimento, áreas de desova e ▪ Estimular a utilização de novas tecnologias,tais
berçários de peixes), comparando com os indicadores como turbinas flutuantes;
obtidos durante a operação do empreendimento. ▪ Fazer uso compartilhado de cabos
submarinos ou definir corredores.
Plano e Programa
▪ Além das espécies marinhas, aquelas que forrageiam offshore (p. ex.: limícolas) também são impactadas;
▪ Avifauna caracteristicamente apresenta respostas espécie-específicas, respondendo com deslocamento e perda
de habitats, mudanças nos padrões de migração e deslocamento (efeito barreira) MF, mortalidade por colisão
(atingindo até 15% das populações), incremento na abundância em decorrência de maior disponibilidade
alimentar;
▪ Morcegos são potencialmente impactados, especialmente por barotrauma, em noites com ventos fracos e boa
visibilidade, em particular espécies migratórias, havendo forte influência sazonal.
▪ Ruídos afetam, durante a instalação, ao menos temporariamente, áreas de vida de cetáceosSD, JL, sendo
especialmente preocupante em áreas protegidas;
▪ Ruídos se propagam por extensas áreas e podem provocar impactos físicos auditivos (TTS,
PTS, mascaramento), não auditivos (tecidos e órgãos em geral), comportamentais (evasão, fuga, padrões de
vocalização, subidas à tona para respiração, encalhes, gasto energético) e até eventuais óbitos;
▪ Não foram registrados impactos aos mamíferos marinhos na fase de operação.
Diagnóstico e Monitoramento Prevenção, Mitigação e Compensação
▪ Utilizar modelagem matemática para estimar de ruídos (p. ex.: cortina de bolhas ou blue-piling”) e
níveis de ruídos subaquáticos gerados pela execução evitar ruídos simultâneos;
das fundações, considerando também os ruídos ▪ Entender por que os animais estão se movimentando
cumulativos, gerados por fontes como levantamentos e como podemos influenciar;
geofísicos da indústria de óleo e gás e sonares ▪ Estimular a utilização de novas tecnologias,tais como
militares; turbinas flutuantes ou técnicas alternativas ao
▪ Validar modelagem de ruídos por meio do estaqueamento;
monitoramento durante a execução das primeiras ▪ Estabelecer períodos do ano para construção, em
fundações; razão do deslocamento de espécies na área;
▪ Utilizar monitoramento acústico passivo. ▪ Evitar ruídos cumulativos oriundos de
empreendimentos distintos.
Plano e Programa
Programa de monitoramento do ruído e vibração. Programa conservação da fauna marinha Programa qualidade
da água submarina Projeto de Monitoramento da Biota Marinha – PMBM
▪ Limitação à pesca ou tipos de artefatos de pesca, com implantação de zonas de segurançano entorno dos
aerogeradores e cabos submarinos;
▪ Atividade de pesca próxima às áreas de segurança, devido ao aumento na quantidade depeixes e tamanho
de algumas espécies;
▪ Aumento na movimentação de embarcações;
▪ Rejeição popular quanto à interferência na paisagem, tendendo a ser de maior nível quantomais próxima à
costa;
▪ Aumento no turismo de observação dos parques eólicos.
Diagnóstico e Monitoramento Prevenção, Mitigação e Compensação
Realizar diagnóstico da situação preexistente (áreas e Incorporar comunidade, grupos sociais e ONGs ao
técnicas de pesca) e estatísticas de pesca; processo, em todas as fases, especialmente no
▪ Utilizar embarcações pesqueiras nos planejamento, visando evitar demandas judiciais;
levantamentos. ▪ Adotar ajustes locacionais, no layout (espaçamento,
alinhamento, posicionamento) e na proteção de
cabo/amarração em comum acordo com o setor de
pesca;
▪ Preparação dos pescadores para emergências e
treinamento de resposta;
▪ Utilizar embarcações pesqueiras nos
levantamentos;
Prevenção da rejeição da comunidade por meio do
afastamento dos CEOs da costa;
Além de ser uma fonte com baixíssimo impacto de implantação, a eólica não emite
CO2 em sua operação, substituindo, portanto, outras fontes de geração de energia elétrica com
emissão. A Figura 4- Quantidade de emissões de CO2 evitada pela fonte eólica a cada mês
apresenta a quantidade de emissões de CO2 evitada pela fonte eólica a cada mês (ABEEOLICA,
2020).
Figura 4- Quantidade de emissões de CO2 evitada pela fonte eólica a cada mês
.Fonte: ABEEólica, 2020.
b) Desenvolvimento local
A geração de energia através de fonte eólica tem um importante impacto positivo nas
comunidades devido à realização de projetos sociais, culturais, de saúde e ambientais para
desenvolvimento da população local. Importante ressaltar que devido ao financiamento
adquirido pelos investidores do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social), um percentual do investimento para implantação do empreendimento, deve ser voltado
para projetos sociais. No entanto, a maioria dos casos vai além dessa obrigação e desenvolve
projetos de altíssima relevância para a comunidade. São exemplos de projetos realizados pelas
empresas, entre outros (ABEEOLICA, 2017):
• Ações de inclusão digital, com capacitação para jovens e adultos, estimulando a
empregabilidade e o empreendedorismo;
• Projetos que visam ampliar acesso da população à água segura para consumo e
produção/criação de, por exemplo, peixes, ovinos e galinhas;
• Fortalecimento e ampliação das cadeias produtivas locais, como de coco, mandioca,
milho, feijão, mel, leite, entre outros, com objetivo de melhorar renda da população e promover
o desenvolvimento sustentável;
• Projetos de promoção da saúde, com ações para saúde bucal e nutrição, por exemplo;
• Ações de incentivo para prática de esporte aliada ao acompanhamento escolar;
• Fomento ao turismo, arte, gastronomia e cultura regionais por meio de festivais,
cursos, treinamentos e concursos;
• Estímulo à produção de artesanato local;
• Projetos educacionais com creches e escolas, por meio de iniciativas que visam o
aumento da qualidade de vida estudantil de alunos de escolas públicas, utilizando ações de
cidadania, de capacitação de educadores e de melhoria do ambiente escolar, promovendo
discussões sobre desenvolvimento sustentável e energias renováveis;
O Relatório Anual da ABEEOLICA 2019 acrescenta os benefícios da energia eólica
para a comunidade são:
• É renovável, não polui, contribui para que o Brasil cumpra seus objetivos no acordo
do Clima;
• Gera renda e melhoria de vida para proprietários de terra com arrendamento para
colocação das torres. Estimamos que mais de 4.000 famílias recebem ao todo mais de R$ 10
milhões mensais pelo arrendamento de terra.
Quanto à coesão social, o projeto de energia renovável é uma alternativa para as
atividades agrícolas tradicionais, tendo a potencialidade de melhorar as perspectivas
socioeconômicas da população jovem e, assim, a autoconfiança da população em geral,
aumentando o nível de envolvimento em associações (que é considerada chave para a dimensão
social da sustentabilidade) e melhorando a qualidade e a quantidade das relações sociais.
Embora esses benefícios são menos tangíveis do que os outros, eles são fundamentais para
Desenvolvimento Social local e para obtenção do apoio dos agentes locais para o projeto.
(MARUYAMA, et.al, 2007; RIO; BURGUILLO, 2008).
A redução dos diferenciais de renda tem um impacto positivo sobre a sustentabilidade
local, como resultado da geração de empregos e aquecimento da economia local. Portanto, é
desejável que o projeto leve a geração de renda e emprego às pessoas menosfavorecidas. Deve
ser analisado se os benefícios do projeto decaem em grupos de baixa renda e como o projeto
contribui para a redução da pobreza (RIO e BURGUILLO, 2008).
Dando prosseguimento à análise dos impactos positivos, um conceito que vem
ganhando espaço nas discussões de benefícios sociais e econômicos em uma economia de baixo
carbono é o de empregos verdes, ou Green Jobs. Os empregos verdes são aqueles que
contribuem substancialmente para preservar ou recuperar a qualidade ambiental. Estes
empregos estão localizados em diversos setores da economia e incluem empregos em eficiência
energética, tecnologias limpas, eficiência na utilização de recursos naturais, e em atividades de
baixa emissão de gases do efeito estufa (SIMAS, 2012).
d) Acesso à energia
A nível mundial, 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso à energia elétrica, 85% dos
quais vivem em áreas rurais (LEARY et al., 2012). Atualmente, não há uma definição única
aceita internacionalmente, e os termos "acesso à energia", " acesso aosserviços de energia" e
"pobreza energética", muitas vezes são usados como sinônimos. No entanto, há um consenso
crescente de que a definição do acesso à energia deve incluir o fornecimento de energia
moderna, limpa e disponível para as necessidades humanas básicas, bem como para permitir o
uso produtivo e o desenvolvimento econômico (IRENA, 2014).
O acesso à energia está relacionado com a criação de valor, em sua maior parte
intangível, e na forma de como quantificá-lo. A inserção de energia renovável permite a
possibilidade de criação de empregos, instalação de empresas locais, ganhos de produtividade
agrícola, conservação de alimentos, etc. Apesar de a quantificação dos benefícios não ser
fácil, eles devem ser levados em consideração na avaliação da criação de valor completo do
acesso à energia (IRENA, 2014).
c) Alterações Climáticas
À medida que a escala dos parques eólicos se torna maior, os efeitos climáticos tornam-
se cumulativos. Alguns engenheiros ambientais especulam que a turbulência na esteira de
turbinas eólicas pode causar alterações climáticas locais, misturando o ar para cima e para
baixo, em que esta turbulência pode ser detectada a grandes distâncias. A turbulência na esteira
das turbinas também pode mudar a direção do vento de alta velocidade na superfície, o que
aumentaria a evaporação local da umidade, conduzindo a um aquecimento na superfície e
arrefecimento em alturas mais elevadas (ASIF, 2009).
d) Interferência eletromagnética
Embora o campo magnético de uma turbina eólica seja extremamente fraco, ele pode
gerar interferência em transmissões de rádio, televisão, sistemas de comunicação, sistemas de
navegação.
e) Erosão do solo
Quadro 3 – Quadro resumo dos impactos ambientais presentes no EIA da Planta Piloto de Geração
Eólica Offshore na Bacia Potiguar.
Aspecto Impacto
-Alteração nas populações bentônicas;
- Aumento de indivíduos nas áreas da usina;
- Colonização de organismos nos substratos artificiais duros e
formação de comunidades macrobênticas em sedimentos arenosos
enriquecidos de material;
- Diminuição da diversidade da comunidade bentônica durante a
Modificação do ambiente instalação;
natural marítimo
- Introdução e colonização de espécies;
- Inserção de substratos duros através da implantação de fundações das
turbinas eólicas ocorrendo a cobertura por organismos bentônicos;
- Perda e degradação do habitat;
- Deslocamento de populações;
- Desequilíbrio da cadeira alimentar.
- Emissões de poluentes.
- Perturbações de mamíferos marinhos devido a presença de estacas ou
Colisão e emaranhamento de substrato mole de bentos os quais surgiram devido as atividades de
vertebrados marinhos com dragagem;
estruturas subaquáticas - Aumento de encalhes de botos durante a migração;
- Na fase operacional, quando ocorre a estabilização do ambiente os
botos são atraídos pelo aumento da
quantidade de alimento ao redor dos complexos eólicosoffshore;
As Usinas Eólicas Offshore podem ser usadas como ferramenta para a conservação e
restauração ecológica, criando Zona de Proteção e Conservação de espécies locais, protegendo
o habitat de espécies ameaçadas de extinção, propiciando um ambiente harmonioso e sem
ameaças antropogênicas.
Para delimitação das áreas protegidas, o governo da União Européia elaborou um Road
Map com objetivo de promover o desenvolvimento dos Planos Marinhos que conta com dez
princípios:
1. Usar o planejamento marinho de acordo com a área e o tipo de atividade;
2. Definir objetivos para orientar o planejamento marinho;
3. Participação de áreas e desenvolver o planejamento marinho de maneira transparente;
4. Participação das partes interessadas (Coordenação dentro dos Estados-Membros)
5. Simplificação dos processos de decisão;
6. Assegurar o efeito jurídico do planejamento marinho nacional;
7. Cooperação e consulta transfronteiriça;
8. Incorporação de monitoramento e avaliação no processo de planejamento;
9. Alcançar a coerência entre o ordenamento do território terrestre e marítimo; e
10. Uma forte base de dados e conhecimento.
Dessa forma, o tempo para o levantamento dos dados primários, nas áreas com
potencial eólico offshore na costa brasileira, seria reduzido, uma vez que os locais previstos
para instalação de aerogeradores, já estariam mapeados e os impactos ambientais quantificados,
de maneira que a decisão do licenciamento ambiental do empreendimento seria realizada de
maneira simplificada e os monitoramentos e compensações seriam definidos de acordo com o
impacto ambiental.
Petersen e Malm (2006) discutem uma questão pertinente: deve dispositivos marinhos
renováveis serem projetados para que as estruturas sejam construídas de forma a atrair e
aumentar a biodiversidade?
Vale destacar a necessidade de programas de pesquisa direcionados, particularmente
aos potenciais impactos negativos, mas também a perspectiva da melhoria do habitat e até
mesmo recuperação ambiental. É essencial que o projeto das Usinas Eólicas Offshore a serem
implantadas sejam estudados adequadamente para quantificar impactos e benefícios, resultados
a partir dos quais os dados sejam retroalimentados para o estudo do design dos projetos de
implantação de futuras instalações e usados para modelar os prováveis impactos sinérgicos de
usinas eólicas contiguas.
Para os estudos da viabilidade ambiental de áreas para implantação das Usinas é
essencial que todas os stakeholders estejam envolvidos no desenvolvimento do projeto,
incluindo empresas de energia, engenheiros, comunidades locais, organizações governamentais
e não governamentais, representantes da comunidade de pesca, instituições acadêmicas,
envolvidas em todas as etapas projeto: localização, monitoramento pré- construção,
acompanhamento da construção, operação e descomissionamento.
Critérios Classificação/Tipos
Empírica X
Prática
Descritiva X
Explicativa
Hipotético-dedutivo
Dialético
Quantitativo-Qualitativo
Quanto ao método de procedimento de Survey
pesquisa (YIN, 2001) Simulação
Pesquisa-ação
Estudo de casos x
Figura 6 - Potência
instalada no Brasil
Fonte: ABEEOLICA, 2020.
Atualmente os estados brasileiros que possuem maior potência instalada são: Rio Grande do
Norte com 137 parques eólicos, Bahia com 103 parques eólicos, Ceará com 80 parques eólicos
seguido pelo Rio Grande do Sul, conforme Figura 6 - Potência instalada no Brasil.
Diante do fato do crescente aumento da quantidade de parques eólicos construídos no
Brasil, abordaremos sobre o Licenciamento Ambiental dos 4 maiores estados produtores de
energia através de fonte renováveis, sendo eles: Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Rio
Grande do Sul.
Quadro 5 – Tipos
de Licença Ambiental
Fonte: Resolução CONAMA Nº 237.
Micro < 15
Pequeno > 15 < 30
Médio >30<60
Grande >60 < 120
Excepcional >120
Fonte: Norma Técnica 01, 2011.
Licença de Instalação e Operação(LIO) Será concedida para empreendimentos de baixo potencial poluidor
ambiental, consoante às especificações do projeto básico, medidas
e condições de controle ambiental estabelecidas pelo órgão
ambiental.
Licença Simplificada (LS) Será concedida exclusivamente quando se tratar da localização,
implantação e operação deempreendimentos ou atividades de porte
micro, com pequeno potencial poluidor-degradador. O processo de
licenciamento ambiental simplificado constará de Licença
Prévia (LP) e Licença de Instalação/Operação (LIO).
Autorização Ambiental (AA) Será concedida a empreendimentos ou atividades de caráter
temporário. Caso o empreendimento, atividade, pesquisa, serviço ou
obra de caráter temporário, exceda o prazo estabelecido de modo a
configurar situação permanente, serão exigidas as licenças
ambientais correspondentes, em substituição à Autorização
Ambiental expedida.
O Rio Grande do Sul possui como órgão licenciador Fundação Estadual de Proteção
Ambiental Henrique Luiz Roessler – FEPAM, que é um dos órgãos executivos do Sistema
Estadual de Proteção Ambiental - SISEPRA, Lei 10.330 de 27/12/94, que a partir de 1999
passou a ser coordenado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA, Lei 11.362 de
29/07/99.
Os empreendimentos eólicos são norteados através da Portaria FEPAM nº 118/2014
que estabelece os critérios, exigências e estudos prévios para o licenciamento ambiental de
empreendimentos de geração de energia a partir da fonte eólica, no Estado do Rio Grande do
Sul. Nesta Portaria os estudos solicitados para analise da viabilidade ambiental é realizado
através do enquadramento do empreendimento quanto ao porte e localização, sendo
classificados quanto ao porte grande a excepcional (acima de 100 MW), em todos os casos,
deverão ser licenciados mediante a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e Respectivo
Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA, quanto a localização aqueles empreendimentos
localizados nos ambientes descritos no §3.º do art. 3.º da Resolução CONAMA 462/2014, como
anteriormente descrito nesta capitulo. Além das definições de áreas sensíveis o órgão
licenciador classificou as áreas de alta e média sensibilidade ambiental, onde são previstos
significativos impactos ambientais, como identificadas no mapa georreferenciado disponível no
endereço eletrônico www.fepam.rs.gov.br/eolica e representado na Figura 8 - Classificaçãodas
áreas de acordo com a sensibilidade ambiental.
Figura 8 - Classificação das áreas de acordo com a sensibilidade ambiental.
Fonte: Site FEPAM, 2018.
Para análise do caso da indústria de petróleo e gás offshore no Brasil foi analisado o
Termo de Referência emitido pelo IBAMA para realização do Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para a Atividade de Produção e
Escoamento de Petróleo e Gás Natural do Polo Pré Sal da Bacia de Santos – Etapa 3.
A obtenção da Licença Prévia implicou, de acordo com o art. 8º, inciso I da Resolução
CONAMA nº 237/97, na aprovação da localização e concepção do projeto, atestando sua
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos
para as próximas fases de sua implantação.
O sumário contendo o conteúdo mínimo que compõe o Termo de Referência do Estudo
de Impacto Ambiental (EIA), o qual subsidiou a análise da viabilidade ambiental para atividade
de produção e escoamento de petróleo, será discutido neste item e será avaliado para conclusão
desta dissertação.
De acordo com Sanchez (2015), uma das funções da avaliação de impactos ambientas,
através do levantamento dos dados primários e secundários na área de estudo, após tabulados e
analisados, servem como ferramenta para planejar a gestão ambiental das ações e iniciativas as
quais se aplicam para elaboração de estudos ambientais prévio, fornecendo embasamento para
formular recomendações que visem a redução dos impactos adversos e realçar os impactos
benéficos, bem como traçar diretrizes de manejo, nas áreas onde pretende- se implantar
empreendimento eólicos offshore.
Com base na análise dos Termos de Referência, artigos, relatórios técnicos e
entrevistas fonte de informações utilizadas nesta pesquisa, verificou-se a necessidade depropor
diretrizes para o gerenciamento dos impactos ambientais, orientando os órgãos licenciadores
brasileiro nos requisitos mínimos a serem considerados para emissão de parecer técnico sobre
os impactos ambientais e sociais, concessão de licenças ambientas das áreas propostas e a
definição dos programas de gerenciamento dos impactos ambientais a serem implantados para
o gerenciamento dos impactos ambientais, minimizando os impactos negativos e
potencializando os impactos positivos.
A proposta foi agrupada de acordo com as macro-fases do ciclo de vida de uma usina
eólica offshore: Instalação da usina; Operação e Manutenção e Descomissionamento. No
Quadro 15 é listado os programas de gerenciamento ambiental previstos para fase de instalação
do empreendimento.
e da
água)
da fisionomia do solo.
significativas do solo.
herança
Programa Impacto
Plano de Ação Nacional para a Conservação Impacto nos albatrozes e pétreas– habitat,
dos Albatrozes e Petréis. hábitos, reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para Conservação da Impacto da Toninha– habitat, hábitos,
Toninha. reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para a Conservação Impacto das aves marinhas– habitat,
das Aves Marinhas. hábitos, reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para a Conservação Impacto dos manguezais– habitat,
dos Manguezais; hábitos, reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para a Conservação Impacto do peixe boi – habitat, hábitos,
do Peixe-boi marinho. reprodução e alimentação.
Quadro 16 – Programas de gerenciamento do impacto ambiental para operação.
Fone: Autoria própria, 2021.
Programa Impacto
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APÊNDICE A: ROTEIRO DE ENTREVISTA
Público-alvo:
Consultores
Analistas
Ambientais
Empresarios
Questionário da entrevista
Questão 01: Quais são os planos e programas ambientais implantados na fase de instalação do
empreendimento que são mais significativos para a preservação do bioma a ser explorado?
Questão 02: Quais seriam as boas práticas para a elaboração de um estudo de impacto
ambiental na implantação de empreendimentos offshore (óleo e gás offshore, eólica offshore,
etc)? No Brasil e na costa do Nordeste?
Questão 03: Quais são os principais impactos negativos mitigáveis e não mitigáveis na
implantação de empreendimentos offshore (óleo e gás offshore, eólica offshore, etc)? No Brasil
e na costa do Nordeste?
Questão 04: Quais foram os principais dificuldades ou problemas na elaboração de estudos de
impactos ambiental para empreendimentos offshore? No Brasil e na costa do Nordeste?
Questão 05: Como é o processo de monitoramento dos impactos ambientais em
empreendimentos eólicos offshore?
Questão 06: Quais são os planos e programas ambientais implantados na fase de instalação de
empreendimentos eólicos onshore que são mais significativos para a preservação do bioma a
ser explorado?
Questão 07: Quais foram as principais dificuldades enfrentadas no levantamento dos dados para
elaboração do diagnóstico ambiental das áreas propostas para implantação de parques eólico
onshore ocorrida na fase inicial da construção dos primeiros empreendimentos eólicos?Questão
08: Quais os principais impactos negativos não mitigáveis na implantação de empreendimentos
eólicos onshore localizados no Nordeste do Brasil?
Questão 09: Quais os principais entraves do licenciamento ambiental junto ao órgão ambiental
para empreendimentos eólicos onshore? (responder em caso de expertise em onshore)
Questão 10: Qual a principal lição apreendida com o amadurecimento da análise ambiental
relativo à implantação de empreendimentos eólicos onshore e que podem ser aproveitados em
empreendimentos eólicos offshore?
ANEXO A
Requisitos mínimos que devem conter no Estudo de Impacto Ambiental conforme
Resolução CONAMA 001, Artigo 6.
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise
dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação
ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais,
a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes
marinhas, as correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies
indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de
extinção e as áreas de preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a
sócioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a
potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de
identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos
relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e
indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de
reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios
sociais.
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada
uma delas.
IV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos
positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental o órgão
estadual competente; ou o IBAMA ou quando couber, o Município fornecerá as instruções
adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características
ambientais da área.
Artigo 7º - O estudo de impacto ambiental será realizado por equipe multidisciplinar
habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que será
responsável tecnicamente pelos resultados apresentados.
ANEXO B
Termo de Referência de acordo com Anexo I e II Resolução CONAMA nº 462
Introdução.
Esta proposta de termo de referência tem por objetivo estabelecer um referencial para
a elaboração dos Estudos de Impactos Ambiental (EIA), que integram os procedimentos
ordinários para o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica
proveniente de fonte eólica enquadrados como de significativo potencial de impacto ambiental.
Os estudos a serem realizados devem se basear em informações levantadas acercados
fatores ambientais da área de influência, que deverá ser delimitada. Devem ser levantados e
avaliados as alternativas construtivas tecnológicas e de localização em função das
características do ambiente, e os impactos ambientais relativos às etapas do projeto
(planejamento, implantação e operação), e propostas mitigadoras e programas de
monitoramento e controle dos impactos negativos.
As metodologias para o estudo ambiental e para a avaliação dos impactos ambientais
deverão ser detalhadas.
1 Informações Gerais
1.1. Identificação do empreendedor.
o Nome ou razão social.
o CNPJ e Registro no Cadastro Técnico Federal.Endereço completo, telefone e e-mail.
o Representante legais (nome completo, endereço, fone e e-mail).Pessoa de contato (nome
completo, endereço, fone e e-mail).
2. Caracterização do empreendimento.
Apresentar os objetivos e as justificativas técnicas, econômico e socioambientais para a
proposição do empreendimento, considerando o Sistema Interligado Nacional quando couber.
5. Diagnósticos Ambiental
6. Análise Integrada
A análise integrada tem como objetivo fornecer dados para avaliar e identificar os impactos
decorrentes do empreendimento, bem como a qualidade ambiental futura da região.
Esta análise, que caracteriza a área de influência do empreendimento de forma global, deve ser
realizada após a conclusão do diagnóstico de cada meio.
Deve conter as interrelações entre os meios físico, biótico e socioeconômico, ilustrados com
mapas de integração, sensibilidades e restrições ambientais.
8. Prognótico Ambiental
O prognóstico ambiental deverá ser elaborado após a realização do diagnóstico, análise
integrada e avaliação de impactos, considerando os seguintes cenários:
• Não implantação do empreendimento
• Implantação e operação do empreendimento, com a implementação das medidas e programas
ambientais e os reflexos sobre os meios físico, biótico, socioeconômico e no desenvolvimento
da região;
• Proposição e existência de outros empreendimentos e suas relações sinérgicas, efeito
cumulativo e conflitos oriundos da implantação e operação do empreendimento. O prognóstico
ambiental deve considerar os estudos referentes aos diversos temas de forma integrada e não
apenas um compilado dos mesmos, devendo elaborar quadros prospectivos, mostrando a
evolução da qualidade ambiental na área de influência direta do empreendimento, avaliando-
se, entre outras:
• Nova dinâmica de ocupação territorial decorrente de impactos do empreendimento – cenários
possíveis de ocupação; • Efeito do empreendimento nos componentes da flora e fauna;
• Mudança nas condições de distribuição de energia, considerando o novo aporte de energia
elétrica no SIN, com foco no desenvolvimento econômico das regiões beneficiadas.
11. Conclusão
Esse item deve refletir sobre os resultados das análises realizadas referentes às prováveis
modificações na Área de Influência do empreendimento, inclusive com a implementação das
medidas mitigadoras e compensatórias propostas, de forma a concluir quanto à viabilidade ou
não do projeto proposto.