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UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DA PRODUÇÃO

IMPACTOS AMBIENTAIS DE EMPREENDIMENTOS EÓLICOS OFFSHORE:


PROPOSTA DE PROGRAMAS PARA O GERENCIAMENTO

por

Lílian Oliveira Lima

Dissertação apresentada como requisito à


obtenção do grau de Mestre em Engenharia da
Produção.
Orientador: Prof. Dr. Mario Orestes Aguirre
González.

Natal (RN), julho de 2021


1

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Lima, Lílian Oliveira.


Impactos ambientais de empreendimentos eólicos offshore:
proposta de programas para o gerenciamento / Lílian Oliveira
Lima. - 2021.
121f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Complexo Tecnológico de Engenharias, Programa de Pós
Graduação em Engenharia da Produção, Natal, 2022.
Orientador: Dr. Mario Orestes Aguirre González.

1. Energia Renovável - Dissertação. 2. Impacto Ambiental -


Dissertação. 3. Certificação Ambiental - Dissertação. 4. Eólica
Offshore - Dissertação. I. González, Mario Orestes Aguirre. II.
Título.

RN/UF/BCZM CDU 658.5

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429


2

Lílian Oliveira Lima

IMPACTOS AMBIENTAIS DE EMPREENDIMENTOS EÓLICOS OFFSHORE:


PROPOSTA DE PROGRAMAS PARA O GERENCIAMENTO

Dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do Título Mestre
em Engenharia de Produção, e considerada APROVADA pela banca examinadora constituída pelo
professor orientador e membros abaixo mencionados.

Natal, RN, julho de 2021.

Banca examinadora:

Professor Mario Orestes Aguirre González, Dr.


Orientador

Professora Mariana Rodrigues de Almeida, Dra.


Membro interno

Professor Renato Samuel Barbosa de Araújo, Dr.


Membro externo
3

Dedico a todos que me apoiaram nesta trajetória,


a Deus que é minha fortaleza.
4

IMPACTOS AMBIENTAIS DE EMPREENDIMENTOS EÓLICOS OFFSHORE:


PROPOSTA DE PROGRAMAS PARA O GERENCIAMENTO.

RESUMO

A diversidade e disponibilidade de recursos naturais dão ao Brasil excelentes oportunidades para se


desenvolver de forma sustentável, combinando crescimento econômico, inclusão social e
conservação ambiental. Neste contexto, a energia elétrica desempenha um papel fundamental para
este desenvolvimento. Verifica-se no Brasil uma tendência estratégica para suprir o aumento da
demanda energética pela transição da matriz predominantemente fóssil para uma matriz energética
de fontes limpas e renováveis. Devido ao acelerado desenvolvimento tecnológico da turbina, a energia
eólica offshore surge como opção viável já explorada em vários países. Usinas eólicas offshore
possibilitam uso de turbinas de maior potência do que em terra, uso de área marítimo não explorada,
além de outras vantagens. O objetivo da pesquisa é propor programas de gerenciamento dos impactos
ambientais dos impactos ambientais de empreendimentos eólicos offshore do Brasil. O método da
pesquisa é caracterizado como descritiva, de natureza aplicada, com argumentação lógica indutiva,
com abordagem qualitativa e realização de estudo de casos. O procedimento da pesquisa contemplou
três etapas: pesquisa teórica, condução do estudo de casos e sistematização da proposta. Como
resultado, são apresentados programas de gerenciamento dos impactos ambientais que tem como
finalidade reduzir os impactos negativos e potencializar os impactos positivos de empreendimentos
de usinas eólicas offshore. Os programas foram sistematizados de acordo com as macro-fases do ciclo
de vida de um empreendimento eólico offshore: instalação, operação e manutenção e
descomissionamento. A proposta, tem como contribuição para que o gerenciamento dos impactos
ambientais seja melhor compreendido e gerido pelos empreendedores de usinas eólicas offshore e
pelos técnicos das instituições fiscalizadoras.

Palavras-chave: Energia Renovável, Impacto Ambiental, Certificação Ambiental, Eólica Offshore.


5

ENVIRONMENTAL IMPACTS OF OFFSHORE WIND STRUCTURES:


PROPOSAL FOR MANAGEMENT PROGRAMS.

ABSTRACT

The diversity and availability of natural resources give Brazil excellent opportunities to develop in a
sustainable way, combining economic growth, social inclusion, and environmental conservation. In
this context, electricity plays a fundamental role in this development. The government's strategy to
meet the increase in energy demand is the transition from the predominantly fossil matrix to an energy
matrix of clean and renewable sources. Due to the accelerated technological development of the
turbine, offshore wind energy appears as a viable option already explored in several countries.
Offshore wind farms allow the use of turbines with greater power than on land, use of an unexplored
maritime area, in addition to other advantages. The objective of the research is to propose programs
for managing the environmental impacts of the environmental impacts of offshore wind projects in
Brazil. The research method is characterized as descriptive, of an applied nature, with inductive
logical argumentation, with a qualitative approach and carrying out case studies. The research
procedure included three stages: theoretical research, conducting case studies and systematizing the
proposal. As a result, environmental impact management programs arepresented with the aim of
reducing negative impacts and enhancing the positive impacts of offshore wind farms. The programs
were systematized according to the macro-phases of the life cycle of an offshore wind project:
installation, operation and maintenance and decommissioning. The proposal contributes so that the
management of environmental impacts is better understood and managed by offshore wind farms
entrepreneurs and by technicians from regulatory institutions.

Keywords: Renewable Energy, Environmental Impact, Environmental certificate, Offshore Wind.


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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

FIGURA 1 - PROCEDIMENTO DA PESQUISA.................................................................................................................. 53


FIGURA 2 - ELEMENTOS DA AIA SEGUNDO DIRETIVA 2014/52/EU .................................................... 16
FIGURA 3 - ORDENAMENTO DO AIA/EIA ........................................................................................... 18
FIGURA 4 - DEFINIÇÕES DOS ELEMENTOS INTER-RELACIONADOS NA CADEIA DE CAUSA E EFEITO ......... 20
FIGURA 5 - QUANTIDADE DE EMISSÕES DE CO2 EVITADA PELA FONTE EÓLICA A CADA MÊS .................. 29
FIGURA 6 - POTÊNCIA INSTALADA NO BRASIL .......................................................................................................... 57
FIGURA 7 - PROCEDIMENTO PARA LICENCIAMENTO DE EMPREENDIMENTOS DE ACORDO COM A
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237................................................................................................... 60
FIGURA 8 - CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE ACORDO COM A SENSIBILIDADE AMBIENTAL ......................... 70
7

QUADROS

QUADRO 1 – CARACTERIZAÇÃO DO MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................. 53


QUADRO 2 - PLANOS E PROGRAMAS SUGERIDOS NOS ESTUDOS DE ACORDO COM OS IMPACTOS

IDENTIFICADOS ..................................................................................................................................................................... 22

QUADRO 3 - PROGRAMAS AMBIENTAIS TERMO DE REFERÊNCIA IBAMA EÓLICA OFFSHORE................ 23


QUADRO 4 - CARACTERIZAÇÃO DO MÉTODO DE PESQUISA .................................................................. 28
QUADRO 5 - QUADRO RESUMO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS PRESENTES NO EIA DA PLANTA PILOTO DE
GERAÇÃO EÓLICA OFFSHORE NA BACIA POTIGUAR ............................................................................................... 39
QUADRO 6 - TIPOS DE LICENÇA AMBIENTAL ............................................................................................................. 59
QUADRO 7 - ENQUADRAMENTO DE EMPREENDIMENTO DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ................. 63
QUADRO 8 - ENQUADRAMENTO PARA CLASSIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .............................................. 65
QUADRO 9 - PORTE DE EMPREENDIMENTOS EÓLICOS ............................................................................................. 66
QUADRO 10 - TIPOS DE LICENÇAS AMBIENTAIS CEARÁ ........................................................................................ 68
QUADRO 11 - PORTE VS POTÊNCIA PARA ENQUADRAMENTO DE EMPREENDIMENTOS LICENCIÁVEIS ..... 68
QUADRO 12 - TEMAS ABORDADOS NO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL EM EMPREENDIMENTOS
OFFSHORE ............................................................................................................................................................................... 75

QUADRO 13 - ASPECTOS AMBIENTAIS CONSIDERADOS PARA OS MEIOS FÍSICO, BIÓTICO E

SOCIOECONÔMICO ASSOCIADOS AOS IMPACTOS EFETIVOS .................................................................................... 76

QUADRO 14 - RELAÇÃO ENTRE OS FATORES AMBIENTAIS, ASPECTOS AMBIENTAIS E IMPACTOS

EFETIVOS SOBRE OS MEIOS FÍSICO E BIÓTICO IDENTIFICADOS NA FASE DE INSTALAÇÃO ............................. 77

QUADRO 15 - ENTREVISTADOS X PLANOS E PROGRAMAS ..................................................................................... 88


QUADRO 16 - PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO DO IMPACTO AMBIENTAL PARA IMPLANTAÇÃO ........... 94
QUADRO 17 - PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO DO IMPACTO AMBIENTAL PARA OPERAÇÃO .................. 95
QUADRO 18 - PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO DO IMPACTO AMBIENTAL PARA

DESCOMISSIONAMENTO ..................................................................................................................................................... 96
8

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 10

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................................................................................................10


1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................................................................................................12
1.3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................................................................................13
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ..........................................................................................................................................................13

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................................... 15

2.1 IMPACTOS, TERMOS DE REFERÊNCIA E PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS .........................15


2.1.1 TERMO DE REFERÊNCIA ........................................................................................................................................................................17
2.1.2 PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................................................................19
2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DE USINAS EÓLICAS ONSHORE ...................................................................................................................28
2.3 PRÉ ANÁLISE DA ÁREA DE USINAS EÓLICAS OFFSHORE E SEUS IMPACTOS................................................................................34
2.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO...............................................................................................................................................................................50

CAPÍTULO 3 – MÉTODOS DA PESQUISA .............................................................................................................. 52

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...........................................................................................................................................................52


3.2 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA ..............................................................................................................................................................53

CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASOS ......................................................................................................................... 56

4.1 SELEÇÃO DOS CASOS .................................................................................................................................................................................56


4.2 CASO DA ENERGIA EÓLICA ONSHORE DO BRASIL..............................................................................................................................56
4.2.1 TERMOS DE REFERÊNCIA ESTATAIS PARA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................................56
4.2.3 CONSIDERAÇÕES DO CASO ...................................................................................................................................................................71
4.3 CASO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE DO BRASIL ...............................................................................................72
4.3.1 TERMOS DE REFERÊNCIA PARA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL E PROGRAMAS AMBIENTAIS ................................................72
4.3.2 IMPACTOS AMBIENTAIS .........................................................................................................................................................................75
4.3.3 CONSIDERAÇÕES DO CASO ...................................................................................................................................................................78
4.4 CASO DA ENERGIA EÓLICA OFFSHORE DO REINO UNIDO .............................................................................................................78
4.4.1 TERMOS DE REFERÊNCIA PARA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL .....................................................................................................79
4.5 DESCRIÇÃO DO RESULTADO DAS ENTREVISTAS COM ESPECIALISTAS ........................................................................................82

CAPÍTULO 5 – PROGRAMAS PARA O GERENCIAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DE


EMPREENDIMENTOS EÓLICOS OFFSHORE ....................................................................................................... 92

CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................... 97

APÊNDICE A: ROTEIRO DE ENTREVISTAS ........................................................................................................ 103


ANEXO A .................................................................................................................................................................. 104
9

REQUISITOS MÍNIMOS QUE DEVEM CONTER NO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL CONFORME RESOLUÇÃO CONAMA
001, ARTIGO 6. ........................................................................................................................................................... 104
ANEXO B .................................................................................................................................................................. 106
TERMO DE REFERÊNCIA DE ACORDO COM ANEXO I E II RESOLUÇÃO CONAMA Nº 462 ............................................ 106
10

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização
A diversidade da indústria nacional e a disponibilidade de recursos naturais dão ao
Brasil excelentes oportunidades para se desenvolver de forma sustentável, combinando
crescimento econômico, inclusão social e conservação ambiental. Com base no Plano Decenal
Energético 2017–2026, é possível afirmar que, além do crescimento demográfico verificado no
Brasil, o aumento do consumo de energia também está associado ao crescimento na renda da
população e no consequente reflexo no consumo de bens e serviços. Estima-se que a população
brasileira cresça a uma taxa média de 0,7% a.a. (EPE, 2020), com isso, em 2026, o país passará
a ter 220 milhões de habitantes, com um acréscimo, no período, de aproximadamente 13
milhões de pessoas (EPE, 2017).
Na história mais recente, a energia elétrica passou, por razões técnicas, ambientais e
econômicas, a desempenhar papel mais importante na matriz energética. A estratégia
governamental para suprir o aumento da demanda energética é a transição da matriz
predominantemente fóssil para uma matriz energética mais equilibrada, com maior
predominância de fontes limpas e renováveis.
Nos anos 1970, o setor elétrico brasileiro foi estimulado por um grande salto
desenvolvimentista promovido e sustentado pelo governo. Nos anos 1980, a legislação
ambiental brasileira foi reformulada, através da Lei Nacional de Meio Ambiente (Lei nº
6.983/1981), das resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA e da
promulgação da nova Constituição da República Federativa do Brasil (1988), que instituíram
a obrigatoriedade de licenciamento para todos os empreendimentos que pudessem causar
significativo impacto ambiental (CNI, 2012).
Na década de 2000, lastreado em um modelo de geração essencialmente hidrelétrico
e sem a expansão, o Brasil estava em situação de emergência ao atravessar um período de
chuvas escassas que baixou consideravelmente os reservatórios das usinas hidroelétricas. Em
maio de 2001, o governo foi obrigado a adotar medidas emergenciais para evitar um colapso na
oferta de energia. A crise alertou para a necessidade de introduzir novas fontes de geração na
matriz energética nacional. Essa tendência culminou com o Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), implantado pelo Decreto nº 5.025/2004 com o
objetivo de aumentar a participação da energia elétrica produzida por empreendimentos
concebidos com base em fontes eólicas, biomassa e PCHs, bem como desenvolver a cadeia
produtiva dessas fontes.
11

As novas fontes renováveis de energia atraíram investimentos e o Brasil acelerou na


construção de parques eólicos onshore alcançando em abril de 2021, 18,1 GW de capacidade
instalada, em 714 parque eólicos. Segundo previsão da ABEEOLICA, considerando leilões já
realizados e contratos firmados no mercado livre o Brasil terá cerca de 22,5 GW de capacidade
eólica instalada até 2023 (ABEEOLICA, 2020).
Devido à tendência de escassez do potencial eólico em terra, a energia eólica offshore
surge como tendência de prospecção de novos territórios em alto mar, tendo já sido amplamente
explorada em vários países do mundo. Os parques eólicos offshore são uma grande aposta, pois
são menos intrusivos (relativamente às turbinas em terra), a turbulência do vento no mar é
inferior devido à inexistência de barreiras, o que torna o potencial eólico em mar muito maior
do que o potencial em terra.
Segundo dados do IRENA (2021), a capacidade instalada acumulada de energiaeólica
offshore no mundo aumentou de 67 MW em 2000 para cerca de 32 GW em 2020. A IRENA
espera crescimento contínuo, a capacidade instalada acumulada global aumentaria quase dez
vezes até 2030 para 228 GW e substancialmente até 2050, com a instalação offshore total
próxima 1.000 GW até 2050 (IRENA, 2019).
Para que ocorra o desenvolvimento da energia eólica offshore no Brasil, considerando
princípios do desenvolvimento sustentável (GONZÁLEZ et al., 2017) há a necessidade que a
regulamentação deste setor considere os impactos ambientais na implantação de usinas eólicas
offshore muito antes da concessão da área aos empreendedores.
O governo do Reino Unido por meio do Departamento de Energias e Mudanças e
Climáticas (DECC) realizou a Avaliação Ambiental Estratégica de Energia Offshore (OESEA),
onde como resultado foi publicado o documento: “Estratégias para avaliação dos impactos
ambientais na energia offshore no Reino Unido”. Neste documento consta os objetivos
principais dos programas ambientais e sua relação a outros programas.
Os regulamentos da estratégia marinha de 2010, transpõem as Diretivas da legislação
do Reino Unido, o qual exigiram o desenvolvimento dos cinco elementos da estratégia marinha:
(1) a avaliação da marinha águas; (2) a determinação das características de bom estado
ambiental; (3) o estabelecimento de metas e indicadores ambientais; (4) o estabelecimento
de um programa de monitoramento; e, (5) a publicação de um programa de medidas.
O estabelecimento dos programas de monitoramento é considerado um dos objetivos
ambientais, onde será determinado as diretrizes a serem seguidas e os indicadores ambientais a
serem medidos nos seguintes temas: biodiversidade, habitats, flora e fauna; geologia e solos;
paisagem/vista do mar; ambiente aquático; qualidade do ar; fatores climáticos; população e
12

s aúde humana; herança cultural e outros usuários do mar, bens materiais (infraestrutura e
recursos naturais).
Bailey, Brookes e Thompson (2014), concluíram que o processo de avaliação
ambiental de parques eólicos offshore na Europa, possui a necessidade de mais estudos sinóticos
para complementar as pesquisas específicas do local e o monitoramento ambiental. A
experiência na Dinamarca, Alemanha e Holanda destacou a importância de haver programas
de gerenciamento ambiental correlacionados de forma a estudar e monitorar os impactos e suas
interações nas áreas rasas do Mar do Norte.
Estudos ambientais realizados no Reino Unido, Dinamarca e Alemanha, para o
levantamento inicial das áreas propostas para implantação de usinas eólicas offshore e
plataformas óleo e gás foram conduzidos por entes governamentais e instituições de pesquisa,
porém para o Brasil ainda não foram desenvolvidos.
Pelo exposto, considerando-se a expectativa de desenvolvimento da energia eólica
offshore no Brasil, a questão que deu origem à pesquisa foi: Quais seriam os programas
ambientais adequados para o gerenciamento dos impactos ambiental de empreendimentos
eólicos offshore no Brasil? Para responder esse questionamento foi definido o objetivo da
pesquisa descrito na seguinte seção.

1.2 Objetivos

Propor programas para o gerenciamento dos impactos ambientais de empreendimentos


eólicos offshore do Brasil.

Objetivos específicos

Conhecer da literatura os impactos ambientais gerados na implantação de


Usinas Eólicas Offshore;
13

Identificar programas dos Termos de Referência utilizados no Brasil para


empreendimentos eólicos onshore e de Petróleo e Gás Offshore e de empreendimentos
eólicos offshore do Reino Unido.
Levantar diretrizes, boas práticas e programas de gerenciamento de impacto
ambiental dos setores de óleo e gás offshore e da eólica onshore, por meio de estudo de
casos;

Sistematizar os programas do gerenciamento de impacto ambiental de


empreendimentos eólicos offshore por macro fase do seu ciclo de vida.

1.3 Justificativa
O setor de energia eólica offshore no Brasil ainda está na fase de estudos e de
planejamento. Devido a necessidade de uso de boas práticas, diretrizes e programas de
gerenciamento de impactos ambientais, esta pesquisa pode ser justificada do ponto de vista
acadêmico, socioambiental e econômico-setorial.
No âmbito acadêmico, estudos sobre o tema possuem reduzido número de publicações
na literatura nacional. Além do setor estar em desenvolvimento, pesquisas notema de
impactos ambientais são escassos. Devido a isso, o resultado desta pesquisa possibilitará que
seja utilizado como referência para futuros trabalhos acadêmicos.
Na perspectiva socioambiental, propostas de programas de gerenciamento para a
mitigação de impactos negativos e potencialização dos impactos positivos contribuirão na
geração de empregos qualificados com responsabilidade socioambiental.
No âmbito econômico-setorial, diante do início da implantação de empreendimentos
de geração de energia através de fontes eólica offshore na costa brasileira, propostas de
programas para o gerenciamento de impactos ambientais, baseada na experiência dos setores
de óleo e gás offshore e da eólica onshore e da literatura, terá uma contribuição para os órgãos
regulamentadores, assim como para os empreendedores do setor, pois a mitigação de impactos
negativos e potencialização dos impactos positivos ocorrem com um adequado gerenciamento.

1.4 Organização da dissertação


O trabalho está organizado em 6 capítulos correlacionados. O Capítulo 1, Introdução,
apresentou por meio de sua contextualização o tema proposto neste trabalho. Da mesma
forma foram estabelecidos os resultados esperados por meio da definição de seus objetivos e
apresentadas as limitações do trabalho permitindo uma visão clara do escopo proposto.
O Capítulo 2, Pesquisa teórica, foi apresentado as classificações e tipos de impactos,
impacto na energia eólica offshore, avaliação de impactos no Brasil e Reino Unido, os Termos
de Referência de empreendimentos eólicos onshore e os programas de gerenciamento dos
impactos ambientais.
O Capítulo 3 apresenta o Método de Pesquisa e o Procedimento da Pesquisa utilizada
para elaboração da dissertação.
O Capítulo 4, Estudos de Casos, apresenta os critérios adotados para seleção do estudo
de casos, apresentação dos casos: eólica onshore no Brasil, óleo e gás offshore no Brasil e eólica
offshore no Reino Unido. Neste capítulo também foi apresentado os resultados das entrevistas.
O Capítulo 5 apresenta o resultado da pesquisa, onde é elencado a proposta dos
programas para o gerenciamento dos impactos ambientais de empreendimentos eólicos
offshore, por fim, o Capítulo 6 apresenta as Considerações Finais, Conclusões e
Recomendações.
CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo é apresentado o arcabouço teórico da dissertação nos temas sobre


impactos, impactos ambientais, Termos de Referência e programa de gerenciamento ambiental
que norteiam a elaboração das Avaliações de Impactos Ambientais e Estudos, descrição dos
Impactos Ambientais e Socioeconômicos e os Impactos Ambientais pelos empreendimentos
eólicos offshore.

2.1 Impactos, Termos de Referência e Programas de gerenciamento de impactos


ambientais
De acordo com a Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, impacto
ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as
atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e
a qualidade dos recursos ambientais.
Segundo Sánchez (2013), o impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pelo
choque da relação do homem com o meio ambiente. Os objetivos da avaliação de impacto
ambiental são: i) Assegurar que as considerações ambientais sejam explicitamente tratadas e
incorporadas ao processo decisório; ii) Antecipar, evitar, minimizar ou compensar os efeitos
negativos relevantes biofísicos, sociais e outros; iii) Proteger a produtividade e a capacidade
dos sistemas naturais, assim como os processos ecológicos que mantem suas funções; e iv)
Promover o desenvolvimento sustentável e otimizar o uso e as oportunidades de gestão de
recursos.
A avaliação ambiental deve conduzir a proposta por um de três caminhos: 1. A
preparação de um Estudo de Impacto Ambiental - EIA (Environmental Impact Statement – EIS),
porque os impactos potenciais são significativos; 2. A dispensa de um EIA porque são
conhecidas as medidas mitigadoras adequadas e de eficiência comprovada; ou 3. A dispensa
de um EIA porque se constata que os impactos ambientais não são significativos. Nos últimos
dois casos, é obrigatória a elaboração de um Relatório de Ausência de Impacto Ambiental
Significativo (Sanchez, 2013).
A Legislação Europeia em sua Diretiva 2014/52/EU, Figura 3.1 conceitua que a
avaliação de impacto ambiental deve identificar, descrever e avaliar de forma adequada, à luz
de cada caso, os efeitos significativos diretos e indiretos de um projeto nos seguintes fatores:
a) população e saúde humana; b) biodiversidade com especial atenção às espécies e habitats
protegidos; c) terra, solo, água, ar e clima; d) patrimônio material, patrimônio cultural e
paisagem; e, e) interação entre os fatores referidos nos itens a a d.

Figura 1 - Elementos da AIA segundo Diretiva 2014/52/EU.

A legislação Europeia ainda detalha o que deve conter no relatório de avaliação de


impacto ambiental como resultado da avaliação de impacto ambiental: a) Descrição do projeto
compreendendo informações sobre o local, design, tamanho e outras características relevantes
do projeto; b) Descrição dos prováveis efeitos significativos do projeto no meio ambiente; c)
Descrição das características do projeto e/ou das medidas previstas, a fim de evitar, impedir ou
reduzir e , se possível, compensar os efeitos adversos significativos prováveis no ambiente; d)
Descrição das alternativas razoáveis estudas pelo desenvolvedor, que são relevantes para o
projeto e duas características especificas, e uma indicação das principais razões para a opção
escolhida, levando em conta os efeitos do projeto no meio ambiente; e) um resumo não técnico
das informações referidas nas alíneas a), d) e; f).
Vale ainda citar sobre os fundamentos do processo de avaliação de impacto ambiental
estabelecidos nos Estados Unidos entre 1969 e 1970. Este instrumento legal dispôs sobre os
princípios da política ambiental americana e exigia para todos os empreendimentos que
apresentavam potenciais causadores de impactos a observação de alguns pontos como:
identificação dos impactos ambientais; efeitos ambientais negativos da proposta; as alternativas
da ação; relação entre a utilização dos recursos ambientais em curto prazo e a manutenção ou a
melhoria do seu padrão em longo prazo e a definição clara quanto aos possíveis
comprometimentos dos recursos ambientais, para o caso de implantação da proposta (ROCHA,
2005).

2.1.1 Termo de Referência


De acordo com o IBAMA (2017), Termo de Referência é o documento que estabelece
diretrizes, temas e especificações para a elaboração de estudos ambientais que embasarão as
análises de viabilidade ambiental de grandes empreendimentos. As diretrizes gerais para a
elaboração do EIA foram definidas pela Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio
Ambiente) nº 001/1986, cabendo ao órgão estadual competente, e ao IBAMA (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), fixar diretrizes adicionais
que, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem julgadas
necessárias, inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos (Resolução CONAMA nº
001, de 23 de janeiro de 1986).
No Artigo 5º, Resolução CONAMA n° 001 define as diretrizes gerais do que deve
conter no Estudo de Impacto Ambiental - EIA, obedecendo a legislação brasileira, sendo os
seguintes itens: I – Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto,
confrontando as com a hipótese de não execução do projeto; II – Identificar e avaliar
sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da
atividade; III – Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos
impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia
hidrográfica na qual se localiza; IV – Considerar os planos e programas governamentais,
propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. Ao
determinar a execução do estudo de impacto ambiental o órgão estadual competente, ou o
IBAMA ou, quando couber, o município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas
peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem julgadas necessárias,
inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos. O Artigo 6º, da mesma resolução,
descreve quais os requisitos mínimos devem conter no estudo de impacto ambiental, o qual é
descrito no Anexo 1 da dissertação.
É importante mencionar que para se realizar a avaliação de impacto ambiental, tal
avaliação deve seguir uma metodologia que consista em um conjunto de normas que variem
de acordo com o fator ambiental considerado, além de serem métodos flexíveis, aplicáveis em
qualquer fase do processo e revisados constantemente, devem seguir a legislação local, em seu
âmbito municipal, estadual e nacional.
Sanchez (2013) lista os elementos essenciais para o ordenamento para aplicação da
Avaliação do Impacto Ambiental e a Resolução CONAMA nº 001/1986 determina as etapas
para elaboração do Estudo do Impacto Ambiental, conforme foi explicitado neste item do
presente trabalho. A Figura 2 – Ordenamento do AIA/EIA, apresenta a interligação entre os
dois temas os quais serão melhor detalhados no desenvolvimento do tema proposto.

Figura 2 – Ordenamento do AIA/EIA


Fonte: Autoria própria.
2.1.2 Programas de gerenciamento de impactos ambientais
O estudo prévio do impacto ambiental previsto na fase inicial do projeto, elenca os
impactos e possíveis consequências ambientais, baseado em dados primários e estudos de
probabilidade de possíveis ocorrências.
Sanchez (2013), afirma que o Estudo do Impacto Ambiental não trabalha com
situações concretas de impactos ou riscos ambientais, mas com situações potenciais. Diante
dessa afirmação, verifica-se a necessidade de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental
com a proposição de programas de gerenciamento de impactos ambientais, onde com a análise
dos objetivos, definição dos indicadores e resultados obtidos permitirá a análise de dados
concretos e demonstráveis de proteção ambiental.
O programa de gestão ambiental é definido como um conjunto de medidas de ordem
técnica e gerencial que visam a assegurar que o empreendimento seja implantado, operado e
desativado em conformidade com a legislação ambiental e outras diretrizes relevantes, a fim de
minimizar os riscos ambientais e os impactos adversos, além de maximizar os efeitos benéficos.
O Programa de gerenciamento de impactos ambientais é uma ferramenta importante para
transformar ações propostas de um impacto potencial em contribuição efetiva para o
desenvolvimento sustentável, quando implantado por uma equipe competente pode trazer
inovações no projeto de mitigação dos impactos negativos e potencialização dos impactos
positivos.
A implantação das medidas de mitigação dos impactos deverá envolver o
compromisso do empreendedor uma vez que demandarão recursos humanos, financeiros e
organizacionais, como também os parceiros institucionais, órgãos de governo e organizações
não governamentais (HINNIG, et al., 2018).
Segundo estudo realizado pela ARCADIS (2018), os programas ambientais
regulamentam os controles necessários para implantação de medidas preventivas que evitem
impactos adversos, seguido de medidas que reduzam ou minimizem os impactos adversos,
seguida de medidas de correção ou de reparação dos impactos causados e, finalmente, de
medidas de compensação para os impactos que não foram evitados ou suficientemente
reduzidos, conforme pode-se verificar na Figura 3.
Figura 3: Definições dos elementos inter-relacionados na cadeia de causa e efeito.
Fonte: ARCADIS, 2018.

Sanchez (2015) reforça que os planos e programas ambientais devem ser elaborados
para todo o ciclo de vida da atividade, principalmente para implantação, operação e desativação.
Com efeito, para muitos empreendimentos, os impactos decorrentes da implantação e das
atividades de construção podem ser muito mais significativos do que aqueles advindos do seu
funcionamento, como é o caso de boa parte das obras de infraestrutura.
Com a maturidade do desenvolvimento das atividades offshore na área de petróleo e
gás, foi mapeado a necessidade da execução de programas ambientais, definidos de acordo com
o levantamento ambiental dos impactos. De acordo com pesquisa desenvolvida pela ARCADIS
(2015), os programas e planos ambientais são direcionados para cada impacto ambiental
identificado no levantamento das avaliações ambientas no período compreendido entre 2007 e
2017 no licenciamento de petróleo e gás, conforme Quadro 1.

Quadro 1 – Planos e programas sugeridos nos estudos de acordo com os impactos identificados.
Programa e plano Impacto ambiental
Projeto de Controle da Poluição – PCP Geração de resíduos e efluentes líquidos.
Projeto de Monitoramento Ambiental – PMA Impactos na água, sedimentos e biota.

Plano de Gerenciamento de Resíduos da Gestão de resíduos para acondicionamento e


Atividade de Perfuração – PGRAP50 destinação final dos resíduos.

Significância dos impactos ambientais nabiota


Projeto de Monitoramento da Biota Marinha
marinha, principalmente sobre
– PMBM
cetáceos e quelônios.

Interrelação com atividade pesqueira e


Projeto de Comunicação Social – PCS
comunidades.

Planos de Compensação da Atividade Interferência na atividade pesqueira


Pesqueira (PCAP) artesanal e industrial.

Projeto de Monitoramento de Impactos de


Plataformas e Embarcações sobre a Avifauna Impacto na Avifauna.
– PMAVE

Projeto de Monitoramento de Acústico


Ruído e vibração ambiental.
Passivo – PMAP

Atividades pesqueira e turística, biota aquática e


Projeto de Educação Ambiental para qualidade da água podem ser mitigados com
Trabalhadores – PEAT medidas preventivas
operacionais

Monitoramento dos cenários ambientais


Plano de Ação de Emergência – PAE
onde possam ocorrer emergências.

Plano de Emergência Individual – PEI Desenvolvimento pessoal para salvamento.

Através do levantamento primário é


Plano de Proteção à Fauna – PPAF proposto as medidas de proteção maiseficazes de
proteção a fauna.

Controle de espécies exóticas invasoras


Projeto de Prevenção e Controle de EspéciesExóticas
através da supressão desses indivíduos
Invasoras
excluindo a competição ambiental da área.

Estudo das atividades associadas ao


Programa de controle de emissões de gasesde efeito
processo produtivo e proposições para
estufa
mitigação das emissões.
Projeto de Desativação/Descomissionamento. Projeto de desmobilização onde deverádefinido a
destinação final dos equipamentos da obra.

Fonte: ARCADIS, 2015.

Em 2019, o IBAMA em consulta publica com a sociedade e a academia, emitiram o


termo de referência para elaboração do estudo de impacto ambiental e relatório de impacto
ambiental, EIA/Rima, para implantação de complexos eólicos marítimos (Offshore). O Termo
de Referência propõe os seguintes Programas Ambientais e Subprogramas, conforme Quadro
2.
Quadro 2 – Programas Ambientais Termo de Referência IBAMA Eólica Offshore.
Acessos, Segurança e Sinalização

Atendimento de emergência

Boas práticas construtivas

Controle de emissões atmosféricas

Controle de processos erosivos e assoreamento


Plano Ambiental de Construção
Controle de ruídos e vibrações

Controle da fotopoluição

Desmobilização de mão de obra

Gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes

Gestão e controle do tráfego de embarcações

Minimização de supressão de vegetação

Prevenção da contaminação do solo e água

Outros

Programa de Gestão de Resíduos Sólidos e Efluentes

Programa de Monitoramento de Ruídos e Vibrações

Programa de Recuperação de Áreas Degradadas

Afugentamento e Salvamento de Fauna

Projeto de Prevenção e Controle de Espécies Exótica

Peixes
Programa de Monitoramento daBiota
Bento

Tartarugas marinhas
Aves

Morcegos

Mamíferos marinhos

Programa de Comunicação Social

Programa de Educação Ambiental Grupos sociais da área de influência

PEAT (Trabalhadores)

Programa de Gerenciamento de Riscos / Plano Ação de Emergência

Fonte: IBAMA, 2020.

Vasconcelos (2019) realizou levantamento dos impactos ambientais offshore onde


propôs o diagnóstico e monitoramento, bem como a prevenção, mitigação e compensação para
os peixes e bentos, aves e morcegos, mamíferos marinhos, pesca e turismo e outros usos. Cabe
aqui também incluir a comunidade que circunda as áreas que são impactadas com os percursos
percorridos pelas partes interessadas para acesso ao empreendimento, alteração do meio físico
tais como: qualidade da água, alteração do relevo e vegetação presente, bem comoaumento no
tráfego marítimo pelo trânsito de embarcações de apoio. A seguir são apresentados os diferentes
impactos associados a peixes e bentos; avifauna; mastofauna marinha; e comunidade e
atividades econômicas.

a) Impactos associados a peixes e bentos


Peixes e bentos

Porção submersa das torres provoca alteração na distribuição da pluma de matéria orgânica, com aumento local
e redução a jusante do sentido da corrente, sendo um dos motivos que explicam as diversas alterações estruturais
observadas nas comunidades faunísticas;
▪ Riqueza de espécies de macrobentos é aumentada em cerca de três vezes;
▪ Biomassa de epi- e endobentos é reduzida, porém epifauna de substratos duros é aumentadaem até 4.500
vezes;
▪ Disponibilidade de matéria orgânica em suspensão no entorno dos aerogeradores éextremamente atrativa
para organismos filtradores;
▪ Habitat formado pelas fundações e torres serve de substrato para espécies oportunísticas, assim como
observa-se redução no número de espécies da zona intertidal;
▪ Potencial habitat para espécies invasoras, as quais, em regra, são de difícil erradicação. Entretanto,
normalmente se verifica como fator limitante o fato de os novos habitats ficarem restritos às poucas estruturas
físicas introduzidas;
▪ Peixes são fortemente influenciados pelo efeito recife artificial e maior disponibilidade alimentar, com aumento
significativo na abundância de algumas espécies comerciais;
▪ Aumento na atividade pesqueira próximo aos parques e respectivas áreas de segurança.

Diagnóstico e Monitoramento Prevenção, Mitigação e Compensação

Realizar diagnóstico da situação preexistente (habitat Avaliar grau de risco das espécies invasoras;
bêntico, qualidade do sedimento, áreas de desova e ▪ Estimular a utilização de novas tecnologias,tais
berçários de peixes), comparando com os indicadores como turbinas flutuantes;
obtidos durante a operação do empreendimento. ▪ Fazer uso compartilhado de cabos
submarinos ou definir corredores.
Plano e Programa

Projeto de Prevenção e Controle de Espécies Exóticas Invasoras – PPCEXPlano de


Proteção à Fauna – PPAF.
Projeto de Monitoramento de Acústico Passivo – PMAP

b) Impactos associados a avifauna


Aves e morcegos

Os impactos à avifauna ocorrem durante a operação do empreendimento;

▪ Além das espécies marinhas, aquelas que forrageiam offshore (p. ex.: limícolas) também são impactadas;
▪ Avifauna caracteristicamente apresenta respostas espécie-específicas, respondendo com deslocamento e perda
de habitats, mudanças nos padrões de migração e deslocamento (efeito barreira) MF, mortalidade por colisão
(atingindo até 15% das populações), incremento na abundância em decorrência de maior disponibilidade
alimentar;
▪ Morcegos são potencialmente impactados, especialmente por barotrauma, em noites com ventos fracos e boa
visibilidade, em particular espécies migratórias, havendo forte influência sazonal.

Diagnóstico e Monitoramento Prevenção, Mitigação e Compensação

Realizar diagnóstico da situação preexistente (rotas . ▪ Afastamento de aerogeradores, a mais de 10 km


migratórias, altura de voo, áreas de da costa, praticamente elimina
forrageio, reprodução e descanso), comparando com os impactos sobre aves limícolas;
indicadores obtidos durante a operação do ▪ Distribuição em linhas de aerogeradores;
empreendimento;
▪ Regulação ativa dos aerogeradores, com redução da
▪ Realizar levantamentos aéreos, antes e depois da velocidade das pás como resposta à aproximação de
instalação e operação; aves e morcegos;
▪ Utilizar modelagem para estimar o risco de colisões ▪ Configuração e gerenciamento dailuminação;
da avifauna (p. ex.: Band, 2012, ou similares, conforme
▪ Evitar a disponibilização de locais atrativos para
Masden, 2016);
morcegos (e aves) na estrutura da turbina;
▪ Dificuldades em obter dados de colisão, devido à ▪ Compatibilizar o tamanho das estruturascom a altura
queda no mar, sugerindo o uso de câmeras;
do voo das espécies potencialmente impactadas;
▪ Usar métodos de marcação para monitorar o
▪ Avaliar a adoção de medidas de compensação
afugentamento e utilização do espaço pela avifauna.
(para impactos como mortalidade de aves, por
exemplo), incluindo criação de novos habitats ou
eliminação de
predadores.
Plano e Programa

Plano de Proteção à Fauna – PPAF.


Plano de monitoramento de impactos de plataformas e embarcações offshore sobre aavifauna – PMAVE. (NT
89/2015/IBAMA)
1. Registro incidental obrigatório de aves mortas, debilitadas e arribadas;
2. Monitoramento através de observadores, ou integrado através de instrumentos;
3. Programas de monitoramento regionais padronizados e adoção de uma gestão adaptativa;Projeto de
Monitoramento de Acústico Passivo – PMAP

c) Impactos associados a mastofauna marinha


Mamíferos marinhos

▪ Ruídos afetam, durante a instalação, ao menos temporariamente, áreas de vida de cetáceosSD, JL, sendo
especialmente preocupante em áreas protegidas;
▪ Ruídos se propagam por extensas áreas e podem provocar impactos físicos auditivos (TTS,
PTS, mascaramento), não auditivos (tecidos e órgãos em geral), comportamentais (evasão, fuga, padrões de
vocalização, subidas à tona para respiração, encalhes, gasto energético) e até eventuais óbitos;
▪ Não foram registrados impactos aos mamíferos marinhos na fase de operação.
Diagnóstico e Monitoramento Prevenção, Mitigação e Compensação

▪ Realizar diagnóstico da situação preexistente ▪ Empregar observadores marinhos para suspensão


(rotas migratórias, áreas de forrageio, reprodução e das atividades quando presentesespécies-alvo;
descanso), comparando com os indicadores obtidos ▪ Definir percentual admissível de afugentamento
durante a operação do empreendimento. de mamíferos marinhos das áreas relevantes para o
▪ Realizar levantamentos aéreos, antes e depois da grupo durante as obras de instalação (p. ex.: 10- 20%
instalação e operação, para obtenção de dados de da população, por dia);
densidade e movimentações sazonais; ▪ Prever início gradual de atividades, execução das
▪ Realizar levantamentos embarcados, para obtenção fundações fora das estações de ocorrência/ reprodução
de dados de composição emovimentações sazonais; das espécies de interesse, microlocalização dos pilares
▪ Realizar levantamentos acústicos de mamíferos em substratos menos impactantes, checagem da
marinhos, para identificar movimentações sazonais e modelagem na implantação dos primeiros pilares,
de curta duração; afastamento acústico, utilização detécnicas de redução

▪ Utilizar modelagem matemática para estimar de ruídos (p. ex.: cortina de bolhas ou blue-piling”) e
níveis de ruídos subaquáticos gerados pela execução evitar ruídos simultâneos;

das fundações, considerando também os ruídos ▪ Entender por que os animais estão se movimentando
cumulativos, gerados por fontes como levantamentos e como podemos influenciar;
geofísicos da indústria de óleo e gás e sonares ▪ Estimular a utilização de novas tecnologias,tais como
militares; turbinas flutuantes ou técnicas alternativas ao
▪ Validar modelagem de ruídos por meio do estaqueamento;
monitoramento durante a execução das primeiras ▪ Estabelecer períodos do ano para construção, em
fundações; razão do deslocamento de espécies na área;
▪ Utilizar monitoramento acústico passivo. ▪ Evitar ruídos cumulativos oriundos de
empreendimentos distintos.
Plano e Programa

Programa de monitoramento do ruído e vibração. Programa conservação da fauna marinha Programa qualidade
da água submarina Projeto de Monitoramento da Biota Marinha – PMBM

d) Impactos associados a comunidade e atividades econômicas


Pesca, turismo e outros usos

▪ Limitação à pesca ou tipos de artefatos de pesca, com implantação de zonas de segurançano entorno dos
aerogeradores e cabos submarinos;
▪ Atividade de pesca próxima às áreas de segurança, devido ao aumento na quantidade depeixes e tamanho
de algumas espécies;
▪ Aumento na movimentação de embarcações;
▪ Rejeição popular quanto à interferência na paisagem, tendendo a ser de maior nível quantomais próxima à
costa;
▪ Aumento no turismo de observação dos parques eólicos.
Diagnóstico e Monitoramento Prevenção, Mitigação e Compensação

Realizar diagnóstico da situação preexistente (áreas e Incorporar comunidade, grupos sociais e ONGs ao
técnicas de pesca) e estatísticas de pesca; processo, em todas as fases, especialmente no
▪ Utilizar embarcações pesqueiras nos planejamento, visando evitar demandas judiciais;
levantamentos. ▪ Adotar ajustes locacionais, no layout (espaçamento,
alinhamento, posicionamento) e na proteção de
cabo/amarração em comum acordo com o setor de
pesca;
▪ Preparação dos pescadores para emergências e
treinamento de resposta;
▪ Utilizar embarcações pesqueiras nos
levantamentos;
Prevenção da rejeição da comunidade por meio do
afastamento dos CEOs da costa;

▪ Evitar áreas rochosas e protegidas quando da


instalação de cabos na praia;
▪ Compensação aos pescadores somente deveser feita
com base em perdas documentadas durante as
atividades de diagnóstico e
▪ construção, não durante a fase de operação.
Planos e Programas

Projeto de Controle da Poluição – PCPProjeto


de Comunicação Social – PCS
Projeto de Educação Ambiental para Trabalhadores – PEAT
Plano de Ação de Emergência – PAE

2.2 Impactos ambientais de usinas eólicas onshore


Os empreendimentos eólicos possuem diversos impactos positivos e negativos, e que
são classificados em ambientais e socioeconômicos. A seguir apresenta-se uma descrição dos
diferentes impactos.

2.2.1 Impactos positivos

Além da contribuição positiva da geração da energia através de fonte renovável, outros


impactos positivos são observados através destas atividades conforme será listado abaixo.

a) Redução da emissão de gases do efeito estufa

Além de ser uma fonte com baixíssimo impacto de implantação, a eólica não emite
CO2 em sua operação, substituindo, portanto, outras fontes de geração de energia elétrica com
emissão. A Figura 4- Quantidade de emissões de CO2 evitada pela fonte eólica a cada mês
apresenta a quantidade de emissões de CO2 evitada pela fonte eólica a cada mês (ABEEOLICA,
2020).
Figura 4- Quantidade de emissões de CO2 evitada pela fonte eólica a cada mês
.Fonte: ABEEólica, 2020.

Em termos comparativos, um parque eólico emite somente 1/40 do total de emissões


de dióxido de carbono que seria produzido por um sistema de energia de queima de carvão –
igual a uma redução de 97,48%. Prospecta-se que até 2020, a china reduzirá em 6,4% as suas
emissões de CO2, se comparada a 2005, através do uso da energia dos ventos (PRESLEY;
WESSEH; BOQIANG, 2015 e XUE, at al., 2015).

b) Desenvolvimento local

A geração de energia através de fonte eólica tem um importante impacto positivo nas
comunidades devido à realização de projetos sociais, culturais, de saúde e ambientais para
desenvolvimento da população local. Importante ressaltar que devido ao financiamento
adquirido pelos investidores do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social), um percentual do investimento para implantação do empreendimento, deve ser voltado
para projetos sociais. No entanto, a maioria dos casos vai além dessa obrigação e desenvolve
projetos de altíssima relevância para a comunidade. São exemplos de projetos realizados pelas
empresas, entre outros (ABEEOLICA, 2017):
• Ações de inclusão digital, com capacitação para jovens e adultos, estimulando a
empregabilidade e o empreendedorismo;
• Projetos que visam ampliar acesso da população à água segura para consumo e
produção/criação de, por exemplo, peixes, ovinos e galinhas;
• Fortalecimento e ampliação das cadeias produtivas locais, como de coco, mandioca,
milho, feijão, mel, leite, entre outros, com objetivo de melhorar renda da população e promover
o desenvolvimento sustentável;
• Projetos de promoção da saúde, com ações para saúde bucal e nutrição, por exemplo;
• Ações de incentivo para prática de esporte aliada ao acompanhamento escolar;
• Fomento ao turismo, arte, gastronomia e cultura regionais por meio de festivais,
cursos, treinamentos e concursos;
• Estímulo à produção de artesanato local;
• Projetos educacionais com creches e escolas, por meio de iniciativas que visam o
aumento da qualidade de vida estudantil de alunos de escolas públicas, utilizando ações de
cidadania, de capacitação de educadores e de melhoria do ambiente escolar, promovendo
discussões sobre desenvolvimento sustentável e energias renováveis;
O Relatório Anual da ABEEOLICA 2019 acrescenta os benefícios da energia eólica
para a comunidade são:
• É renovável, não polui, contribui para que o Brasil cumpra seus objetivos no acordo
do Clima;
• Gera renda e melhoria de vida para proprietários de terra com arrendamento para
colocação das torres. Estimamos que mais de 4.000 famílias recebem ao todo mais de R$ 10
milhões mensais pelo arrendamento de terra.
Quanto à coesão social, o projeto de energia renovável é uma alternativa para as
atividades agrícolas tradicionais, tendo a potencialidade de melhorar as perspectivas
socioeconômicas da população jovem e, assim, a autoconfiança da população em geral,
aumentando o nível de envolvimento em associações (que é considerada chave para a dimensão
social da sustentabilidade) e melhorando a qualidade e a quantidade das relações sociais.
Embora esses benefícios são menos tangíveis do que os outros, eles são fundamentais para
Desenvolvimento Social local e para obtenção do apoio dos agentes locais para o projeto.
(MARUYAMA, et.al, 2007; RIO; BURGUILLO, 2008).
A redução dos diferenciais de renda tem um impacto positivo sobre a sustentabilidade
local, como resultado da geração de empregos e aquecimento da economia local. Portanto, é
desejável que o projeto leve a geração de renda e emprego às pessoas menosfavorecidas. Deve
ser analisado se os benefícios do projeto decaem em grupos de baixa renda e como o projeto
contribui para a redução da pobreza (RIO e BURGUILLO, 2008).
Dando prosseguimento à análise dos impactos positivos, um conceito que vem
ganhando espaço nas discussões de benefícios sociais e econômicos em uma economia de baixo
carbono é o de empregos verdes, ou Green Jobs. Os empregos verdes são aqueles que
contribuem substancialmente para preservar ou recuperar a qualidade ambiental. Estes
empregos estão localizados em diversos setores da economia e incluem empregos em eficiência
energética, tecnologias limpas, eficiência na utilização de recursos naturais, e em atividades de
baixa emissão de gases do efeito estufa (SIMAS, 2012).

c) Desenvolvimento da economia municipal


Um projeto de energia renovável pode ter um efeito positivo sobre o orçamento
municipal. Em primeiro lugar, pode haver transferências financeiras diretas da empresa, como
parte de compensações. Em segundo lugar, a maior atividade econômica induzida pelo projeto,
construção de pousadas para hospedagem, restaurantes e etc., leva a uma maior base tributária
local, aumentando os recursos arrecadados. Por fim, a instalação do projeto de energia
renovável pode implicar na concessão de subsídios para a empresa e para a comunidade local a
partir de fundos dos governos nacionais ou regionais. Todos estes fatores resultam na melhoria
da economia local (RIO; BURGUILLO, 2008).

d) Acesso à energia

A nível mundial, 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso à energia elétrica, 85% dos
quais vivem em áreas rurais (LEARY et al., 2012). Atualmente, não há uma definição única
aceita internacionalmente, e os termos "acesso à energia", " acesso aosserviços de energia" e
"pobreza energética", muitas vezes são usados como sinônimos. No entanto, há um consenso
crescente de que a definição do acesso à energia deve incluir o fornecimento de energia
moderna, limpa e disponível para as necessidades humanas básicas, bem como para permitir o
uso produtivo e o desenvolvimento econômico (IRENA, 2014).
O acesso à energia está relacionado com a criação de valor, em sua maior parte
intangível, e na forma de como quantificá-lo. A inserção de energia renovável permite a
possibilidade de criação de empregos, instalação de empresas locais, ganhos de produtividade
agrícola, conservação de alimentos, etc. Apesar de a quantificação dos benefícios não ser
fácil, eles devem ser levados em consideração na avaliação da criação de valor completo do
acesso à energia (IRENA, 2014).

2.2.2 Impactos Negativos

Além dos impactos positivos, é importante estudar os efeitos negativos advindos da


implantação de aerogeradores. Antes de qualquer decisão ser tomada, deve ser realizado estudos
que qualifique e quantifique todas as variáveis ambientais, avaliando as formas de mitigação e
redução de danos de forma que sejam minimizados os impactos negativos e compensados
aqueles que não podem ser evitados. Os impactos negativos mais comuns em projetos de
complexos eólicos são: o efeito na fauna e avifauna, efeitos visuais e paisagísticos, ruído,
descontinuidade da geração de emprego na fase de operação dos empreendimentos, dentre
outros (SAIDUR et al., 2011).

a) Efeito sobre fauna e avifauna

Os impactos na fauna e avifauna ocasionados pela instalação de aerogeradores em um


complexo eólico é uma preocupação uma vez que ocorre a degradação do habitat, alterando os
locais de pousio, nidificação, reprodução, alimentação e rotas migratórias de algumas espécies.
Para a mitigação deste impacto é realizado um estudo prévio nas áreas previstas para
implantação do empreendimento onde são observados o comportamento da fauna terrestre e
avifauna, sobretudo na quiropterofauna, espécieis ameaçadas de extinção, aves de rapina, o que
irá subsidiar ações para minimizar os impactos impostos na instalação dos empreendimentos.
Em curto prazo, a intensa fiscalização dos ecossistemas e a criação e devida
manutenção de áreas de proteção natural poderiam também contribuir para a conservação dos
ambientes remanescentes (AZEVEDO, 2006).

b) Ruído e impacto visual

O ruído ambiental ocasionado pelos aerogeradores é proveniente da mecânica do rotor


e suas engrenagens e o ruído aerodinâmico pelo atrito das hélices, em que esses efeitos
vem acarretando problemas as comunidades das áreas diretamente afetada e influência direta
do complexo eólico.
Atualmente este impacto é enfrentado como um grande problema ambiental frente as
comunidades uma vez que foi identificado problemas relacionados a saúde, sobretudo
relacionados ao sono, sintomas de estresse, dores de cabeça e transtornos psicológicos
(GONZÁLEZ; GONÇALVES; VASCONCELOS, 2017).
Verificaram que o ruído das turbinas eólicas pode ser significativamente minimizado
colocando obstáculos no caminho de propagação. O experimento realizado por Oerlemans et
al. mostra que uma pá otimizada com lâmina serrilhada pode reduzir o nível de ruído, em média,
0,5 e 3,2 dB, respectivamente (SNYDER; MARK, 2009).
Quanto ao impacto visual, este é percebido de maneira subjetiva pelas pessoas.
Algumas pessoas pensam que as turbinas eólicas são agradáveis na paisagem e compõe de
maneira positiva o ambiente, enquanto outros têm opiniões opostas. Pesquisas relevantes
mostraram que mais de 70% das pessoas não têm uma opinião negativa sobre turbinas eólicas.
Por outro lado, alguns responsáveis pelo turismo acreditavam que as turbinas eólicas poderiam
danificar o turismo local (SNYDER; MARK, 2009).

c) Alterações Climáticas

À medida que a escala dos parques eólicos se torna maior, os efeitos climáticos tornam-
se cumulativos. Alguns engenheiros ambientais especulam que a turbulência na esteira de
turbinas eólicas pode causar alterações climáticas locais, misturando o ar para cima e para
baixo, em que esta turbulência pode ser detectada a grandes distâncias. A turbulência na esteira
das turbinas também pode mudar a direção do vento de alta velocidade na superfície, o que
aumentaria a evaporação local da umidade, conduzindo a um aquecimento na superfície e
arrefecimento em alturas mais elevadas (ASIF, 2009).

d) Interferência eletromagnética

Embora o campo magnético de uma turbina eólica seja extremamente fraco, ele pode
gerar interferência em transmissões de rádio, televisão, sistemas de comunicação, sistemas de
navegação.
e) Erosão do solo

Durante a construção de um parque eólico, algumas atividades, como a escavação da


fundação e construção de estradas, podem afetar a biossistema local. Se as plantas da superfície
são removidas, a superfície do solo fica exposta a fortes ventos e chuvas, resultando em erosão
do solo.

2.3 Pré análise da área de usinas eólicas offshore e seus impactos

Para desenvolvimento de atividades econômicas em áreas na jurisdição brasileira,


sujeitas ao licenciamento ambiental, segundo a legislação brasileira através da Lei
complementar nº 140, 8 de dezembro de 2011, que tem por objetivo fixar normas de proteção
das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em
qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora, determina que o
investidor deve solicitar uma licença ambiental, concedida pelo órgão ambiental federal,
IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, na fase preliminar do planejamento do
empreendimento a qual aprova a localização e a concepção do projeto, atestando a viabilidade
ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas
próximas fases de sua implementação (IBAMA, 2020).
O processo de concessão da licença ambiental tem início na submissão de informações
relativo ao empreendimento através da Ficha de Caracterização da Atividade (FCA), onde são
declaradas a caracterização inicial do empreendimento, área e layout proposto do
empreendimento, com vistas ao exame da competência licenciatória, à aplicabilidade do
instrumento do licenciamento ambiental e do tipo de estudo a ser exigido pelo órgão ambiental.
Passo seguinte o órgão ambiental irá enquadrar o porte do empreendimento e o
potencial poluidor o qual poderá causar degradação ambiental, com base em critérios legais e
ambientais. Definido o escopo da análise a ser realizada o interessado poderá apresentar
proposta do conteúdo mínimo dos critérios para elaboração do estudo ambiental onde o órgão
ambiental irá avaliar e consolidar o documento a ser adotado como referência para
levantamento dos dados ambientais.
A apresentação do estudo ambiental em conformidade ao termo de referência será
analisada pelo IBAMA o qual se manifestará quanto ao atendimento dos critérios exigidos no
termo indicando necessidade de adequação ou prosseguimento do requerimento da licença
ambiental.
O conteúdo do estudo ambiental será apresentado a comunidade com objetivo de
esclarecer questões técnicas relacionadas ao empreendimento e colher dados subsidiários à
tomada de decisão do órgão. A consulta pública será realizada conforme procedimento adotado
para o licenciamento ambiental.
Após análise dos estudos e consulta pública realizada pelo IBAMA, este poderá
solicitar complementação dos dados presente nos estudos ambientais ou decidir pelo
deferimento ou indeferimento da licença requerida, tornando público a decisão seguirá para as
próximas etapas para instalação do empreendimento.
Semelhante a este processo ocorre com o desenvolvimento de um projeto offshore no
Norte da Bélgica, um o desenvolvedor deve obter (1) um domínio concessão e (2) uma
permissão para avaliação ambiental. Sem a permissão ambiental, o desenvolvedor do projeto
não poderá explorar a área construindo o complexo eólico, mesmo que se este obter aconcessão
de domínio da área. O procedimento administrativo para análise da área possui várias etapas,
incluindo consulta pública onde as partes interessadas podem expressar quaisquer comentários
ou objeções com base em o estudo de impacto ambiental (EIA) que desenvolvido de acordo
com o escopo do projeto (DEGRAER, 2016).
Em análise ao Estudo do Impacto Ambiental (EIA) da Planta Piloto de Geração Eólica
Offshore na Bacia Potiguar, solicitado pela PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A., cujo
processo para licenciamento junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) é de número 02001.004675/2018-81. O empreendimento em
questão esta localizado a aproximadamente 1 km de extensão da costa do Rio Grande do Norte
no município de Guamaré e será interligado à Plataforma de petróleo Ubarana 3 (PUB- 3),
localizada na Bacia Potiguar.
O Estudo Ambiental em questão é composto pelos seguintes itens: I - Introdução; II
– Identificação do Empreendedor; III - Dados do Empreendimento; IV – Definição das Áreas
de Estudo; V - Diagnóstico Ambiental; VI - Análise Integrada e Síntese da Qualidade
Ambiental; VII - Identificação e Avaliação de Riscos e Impactos Ambientais; VIII – Medidas
Mitigadoras, Compensatórias, Programas de Controle, Monitoramento e Gerenciamento de
Riscos e Acidentes; IX - Conclusão; X – Bibliografia; XI - Glossário; XII – Anexos; e XIII –
Equipe Técnica.
A análise do diagnostico ambiental deve ser levantado através de pesquisa de dados
secundários e campanhas de coletas de dados primários para que possa ser avaliados de acordo
com os impactos positivos e negativos ao meio ambiente. A identificação dos impactos e dos
riscos ambientais baseia-se na identificação de relações causa-efeito, sendo as causas os aspetos
ambientais do projeto (Sánchez, 2013).
Os impactos ambientais são ocasionados por atividades desenvolvidas na instalação
do empreendimento. Para cada etapa executiva foram mapeados os impactos significativos ao
meio ambiente.
Para atividade de perfuração para fixação das subestruturas do aerogerador ocorre a
alteração morfológica do fundo marinho acarretando a perda do habitat de espécies, como
também alteração na qualidade da água marinha, alteração das características físico-químicas
da água devido a suspensão do sedimento, alterando a transparência da coluna d’agua. simples
afugentamento temporário da biota local até a mortalidade de alguns indivíduos que estejam
localizados junto às âncoras. O revolvimento do sedimento marinho pode provocar a morte de
alguns organismos sésseis por soterramento e/ou asfixia.
O trânsito de embarcações e as estruturas auxiliares utilizadas como apoio às
atividades de implantação da usina pode acarretar a geração de efluentes e resíduos
provenientes dos restos alimentares efluentes sanitários e águas servidas descartados
pontualmente, em decorrência do efetivo a bordo, poderão aumentar a disponibilidade de
nutrientes e turbidez da água, podendo ocorrer a alteração das características físico-químicas da
água. Essa dinâmica afeta diretamente a Produtividade Primária (Clorofila a), uma vez que o
ambiente marinho é extremamente sensível à inserção de material alóctone e às mudanças
drásticas na conformação geoquímica e físico-química da água, pois afetam sobremaneira a
biota planctônica, que é a base de toda a cadeia alimentar nesse nicho. Níveis de clorofila-a
constituem importantes bioindicadores das superpopulações de algas e os processos de
eutrofização em regiões tropicais. O monitoramento das concentrações de clorofila-a, da
temperatura da superfície do mar e das atividades bióticas de produtividade primária, são
importantes conhecimentos para a gestão dos recursos hídricos oceânicos, das modificações
populacionais e dos serviços atrelados a esses ambientes (retirado do EIA do plano piloto).
A avaliação do ruido aquático é na possibilidade de impactar a biota nectônica,
especialmente, mamíferos marinhos e algumas espécies da ictiofauna. Estudos sobre as
respostas de cetáceos à poluição sonora incluem o afugentamento da fonte de ruído e a
alteração de comportamento (GORDON; MOSCROP, 1996; MOORE; CLARKE, 2002;
WILLIAMS et al., 2002). Entretanto o conhecimento científico atual sobre o efeito do ruído em
mamíferos marinhos e seu habitat ainda é insuficiente para compreender a relação entre
intensidade, frequência e duração da exposição que pode levar a consequências negativas
irreversíveis. Para os cetáceos, sirênios e peixes passam pela alteração do comportamento,
mascaramento dos sinais emitidos por esses animais e alterações no seu sistema fisiológico.
Como exemplo destes efeitos, podem ocorrer perturbações ou mesmo lesões a nível do ouvido
interno (WEILGART et al., 2007; SLABBEKOORN., 2010) e alterações comportamentais no
padrão de respiração à superfície, no caso dos mamíferos marinhos (RICHARDSON et al.,
1995).
Com a alteração da dinâmica do habitat para as comunidades planctônicas, nectônicas
e bentônicas, podendo correr desequilíbrio em zona de reprodução e desenvolvimento de
peixes, afetando a pesca, que é a principal economiza de subsistência de regiões litorâneas.
No Quadro 3 foi sistematizado os impactos ambientais presentes no Estudo do
Impacto Ambiental (EIA) da Planta Piloto de Geração Eólica Offshore na Bacia Potiguar.

Quadro 3 – Quadro resumo dos impactos ambientais presentes no EIA da Planta Piloto de Geração
Eólica Offshore na Bacia Potiguar.
Aspecto Impacto
-Alteração nas populações bentônicas;
- Aumento de indivíduos nas áreas da usina;
- Colonização de organismos nos substratos artificiais duros e
formação de comunidades macrobênticas em sedimentos arenosos
enriquecidos de material;
- Diminuição da diversidade da comunidade bentônica durante a
Modificação do ambiente instalação;
natural marítimo
- Introdução e colonização de espécies;
- Inserção de substratos duros através da implantação de fundações das
turbinas eólicas ocorrendo a cobertura por organismos bentônicos;
- Perda e degradação do habitat;
- Deslocamento de populações;
- Desequilíbrio da cadeira alimentar.
- Emissões de poluentes.
- Perturbações de mamíferos marinhos devido a presença de estacas ou
Colisão e emaranhamento de substrato mole de bentos os quais surgiram devido as atividades de
vertebrados marinhos com dragagem;
estruturas subaquáticas - Aumento de encalhes de botos durante a migração;
- Na fase operacional, quando ocorre a estabilização do ambiente os
botos são atraídos pelo aumento da
quantidade de alimento ao redor dos complexos eólicosoffshore;

- Aumento da concentração de aves marinhas pela presença de


espécies alimentares;
- Aumento do risco de mortalidade por colisão, nas regiõesdos parques
eólicos offshore;
Alteração no comportamentodas - Gaivotas são, provavelmente, atraídas de uma perspectiva física,
aves com o movimento das pás do aerogerador, funcionando como um
trampolim, local de descanso ou como referência no mar aberto; -
Algumas espécies de aves evitam os parques eólicos offshore, enquanto
que outras são atraídas;
- Alteração na rota migratória, local de pousio, reproduçãoe descanso.
Reduziram das atividades de natação e cessaramtodos os ataques a co-
específicos no início do exposição sonora impulsiva.
- O ruído operacional dos aerogeradores pode causar uma resposta
Ruído subaquático/Vibração comportamental dos botos;
- Mamíferos marinhos são perturbados por ruídos subaquático e
acabam se afastando das zonas de parques eólicos offshore em
construção;

Percepção da Paisagem - Alteração da paisagem.


marítima
- Aumento da aprovação pela população, da presença deparques
Socioeconômica eólicos offshore;
- Exclusão da pesca de arrasto nas regiões das usinas;
- Gestão da pesca sustentável.
- Aumento na biomassa epibenthos e substratos duros;
- As comunidades macrobênticas desempenham um papel crucial no
acoplamento bento-pelágico e são considerados uma importante fonte
de alimento para espécies tróficas mais altas, como caranguejos e peixes
(Vandendriessche et al. 2015). Alterações com nessas comunidades,
Desequilíbrio da cadeia portanto, é provável que alterar os fluxos gerais de energia da cadeia
alimentar alimentar (Colson et al. 2017; Danheim et al. 2014). Benthic
comunidades são menos sensíveis à escala local impactos em áreas com
alto nível físico natural perturbação (Cooper et al. 2011).
Portanto, impactos a curto prazo através da pós- instalação acredita-se
que a mortalidade seja limitada nocomunidades pobres em espécies que
prosperam.
- Contaminação do ambiente;
Alteração na qualidade da água - Alteração hidrodinâmica;
marinha
- Aumento da presença e densidade de algumas espécies de peixes,
supostamente atraídos por alimento
Movimentação do substrato - Aumento da turbidez da água;
marinho - Alteração na hidro-geomorfologia
- Aumento de espécies da macrofauna que não existiam naregião;
Desequilíbrio ecossistêmico - Predação de ovos e larvas de peixes e larvas de lulas;
Aumento de densidade populacional e um possível "efeito refúgio".
Criação de novos habitats

Fonte: EIA, IBAMA, 2019.

Considera-se que a energia eólica, pertencente a um novo cenário do desenvolvimento


sustentável, com menor impacto negativo, em comparação com outras fontes de energias,
transmita a ilusão de um recurso de fonte renovável livre de qualquer crítica ou reflexão.
Diante do fato do crescente aumento da quantidade de parques eólicos construídos no
Brasil, principalmente no Nordeste, os impactos socioeconômicos e ambientais ocasionados
pela implantação e operação desses complexos eólicos tornaram-se notórios e motivo de
reinvindicações, conforme pretende-se apresentar neste capítulo os impactos positivos e
negativos desta atividade.
Os impactos diretos e indiretos do desenvolvimento de parques eólicos offshore
incluem riscos semelhantes aos riscos identificados nos parques eólicos onshore, tais como:
risco de colisão para pássaros e morcegos, deslocamento de animais voadores e terrestres de
habitats preferenciais e interrupção de corredores migratórios, particularmente para os
mamíferos, ademais para os impactos offhore: colisões de pássaros e morcegos; perturbação
dos corredores de mamíferos marinhos, bem como danos aos mamíferos marinhos, peixes e
tartarugas marinhas devido à construção de torres de turbina montadas no fundo; o potencial
para lavagem e ressuspensão de sedimentos em torno das fundações de turbinas eólicas
montadas no fundo; e alguma evidência de deslocamento ou efeitos de barreira devido à
presença de grandes parques eólicos offshore (COPPING et al., 2020).
O ambiente marinho apresenta uma fonte de energia mais eficiente, porém as
preocupações sobre os potenciais impactos negativos a biodiversidade de instalações de
complexos eólicos marinhos. Por outro lado, sugere-se que, estes complexos podem aumentar
a biodiversidade local e potencialmente beneficiar o meio marinho em geral. As instalações têm
a capacidade de atuar como recifes artificiais e dispositivos de agregação de peixes, que foram
usados anteriormente para facilitar a restauração de ecossistemas danificados e de fato
áreas marinhas protegidas, que se mostraram bem-sucedidas no aumento da biodiversidade e
da pesca (INGER et al., 2009).
Ainda sobre os impactos negativos e positivos, Bailey, Brookes e Thompson (2014),
citam as principais preocupações ambientais relacionadas ao desenvolvimento da produção de
energia através de usinas eólicas offshore são: aumento dos níveis de ruído, o risco decolisões,
alterações nos habitats bentônicos e pelágicos, alterações das redes alimentares e à poluição
causada pelo aumento do tráfego de embarcações ou liberação de contaminantes dos sedimentos
do fundo do mar. Além dos potenciais impactos adversos, há possíveis benefícios ambientais.
Por exemplo, as fundações de turbinas eólicas podem atuar recifes artificiais, proporcionando
uma superfície à qual os animais formam seu habitat, consequentemente, pode haver aumentos
no número de marisco, e os animais que se alimentam deles, incluindo peixes e mamíferos
marinhos. Formação de zona de segurança em torno das turbinas eólicas pode tornar-se uma
reserva marinha, com a exclusão da circulação de barcos dentro desta zona. A exclusão de
alguns ou de todos os tipos de pesca poderá também aumentar os locais onde há abundância de
algumas espécies (BAILEY et al., 2014).
O desenvolvimento da utilização do ambiente marinho para diversas atividades tem
sido estudado principalmente para o desenvolvimento de fontes renováveis offshore em
diversos países como a Dinamarca, Reino Unido, Estados Unidos, dentre outros, resultando um
número crescente de estudos destacando a potenciais impactos no meio ambiente local,
impactos estes que podem ser caracterizados como positivos e negativos (GILL, 2005).
Para levantar e quantificar os impactos estes devem ser avaliados, minimizados e
mitigados os efeitos prejudiciais, considerando os impactos sinérgicos dentro de um contexto
mais amplo das áreas de implantação, levando em consideração as evidências e discutindo
alguns conflitos entre grupos de interesse, incluindo empresas de energia, o setor pesqueiro,
comunidades e grupos ambientais devendo estes ser minimizados através da integração dos
principais intervenientes nas fases de concepção, escolha da localização, método construtivo,
operação e descomissionamento das instalações e potencializando os benefícios ambientais
(INGER et al., 2009).
Nos próximos itens será discutido cada possíveis impactos negativos e positivos a
biodiversidade quando da instalação de complexos eólicos marítimos.
2.3.1 Impactos a biodiversidade marinha
Neste item será abordado alguns potenciais impactos ocasionados pela instalação de
Complexos Eólicos Marítimos, como também as ameaças genéricas e os impactos significantes
entre a construção, operação e descomissionamento (GILL, 2005).
Construção e instalação das fundações e equipamentos requer máquinas e
equipamentos sofisticados. Elas mover-se ao redor do mundo, da China para a Europa, da
América para Índia, que leva ao aparecimento de espécies invasoras, viajando nos cascos das
embarcações, invadindo ecossistemas naturais e criando problemas e desnaturação no ambiente
original (DEL CAMPO et al., 2020).
Estudos de monitoramento dos parques eólicos offshore, existentes há vários anos,
concluíram que os efeitos foram insignificantes até o momento. A existência de um efeito de
“recife artificial”, associado às fundações de turbinas eólicas, tem sido claramente observado
nas usinas construídas em outras regiões, mas só depois de 1 ano. De acordo com essas
observações, o estabelecimento de parques eólicos no mar parece favorecer o aumento local da
biomassa e da biodiversidade marinha, o que pode ter efeito positivo nas comunidades de peixes
(ADEME, 2013; GUENARD, 2018).
O aumento da biodiversidade marinha potencializa a introdução de espécies invasoras
no habitat, as quais, em regra, são de difícil erradicação. Entretanto, normalmente severifica
como fator limitante o fato de os novos habitats ficarem restritos às poucas estruturas físicas
introduzidas (DEGRAER, 2018).

2.3.2 Modificação do ambiente natural marítimo


A instalação de complexos eólicos marinhos envolve variáveis como: tipo de
fundações que serão utilizadas, quantidade de aerogeradores a ser instalado, localização do
micrositing: se está situado em habitat degradado ou intocado e o estágio do ciclo de vida do
local, dentre outros, que interferem diretamente na modificação do habitat natural do bioma
aquático podendo ocasionar a perda de locais de reprodução, alimentação e descanso de animais
típicos de uma determinada região, ocasionando a dispersão de espécies para áreas com
condições semelhantes as anteriores a modificação desse ambiente.
Os impactos variam de acordo com o ciclo de vida do projeto, onde os maiores
impactos esperados ocorrem durante a construção e descomissionamento em consequência da
destruição direta do habitat, ruído gerado, alteração da geomorfologia do relevo submarino e

sedimentação do solo. (INGER et al., 2009).


Enquanto os Complexos Eólicos Marinhos podem resultar em alguma perda de habitat,
a infra-estrutura associada ao leito do mar, particularmente de estacas de turbinas eólicas podem
atuar na formação de recifes artificiais, aumentando assim a quantidade de habitat disponível
para alguns táxons (INGER et al., 2009).
Wilson e Elliott (2009), realizaram estudo nos parques eólicos instalados no Reino
Unido e constataram que as medidas de mitigação realizadas para recuperar o ambiente marinho
após a retirada do substrato natural para instalação das fundações dos aerogeradores foi de 2,5
vezes a quantidade de área retirada, isso se deu devido ao aumento da superfície dura, uma vez
que o habitat natural se constitui de substratos moles onde a construção é favorecida. A
recuperação da área degradada é realizada com a instalação de materiais com características
semelhantes a natural: fundo mar com proteções de cascalho, afloramentos rochosos com os
pedregulhos, leitos de ervas marinhas com folhas sintéticas e pontos de referência pelágicos e
a própria torre. Esses artifícios foram inseridos objetivando a fixação do substrato evitando
erosões.
A adoção dessas medidas proporcionou ganho líquido mesmo que o habitat adquirido
pode ter um caráter diferente daquele que perdeu, atraindo peixes juvenis e habitat essencial
para espécies de grande importância para a conservação, como cavalos-marinhos e peixes-pipa,
além de fornecer áreas de alimentação e abrigo contra predação, bem como estabilizando
sedimentos que permitem a abrigo de uma fauna diversificada e abundante de invertebrados, o
que permite o apoio a uma comunidade de peixes saudáveis.
Mangi (2013) indicou que o aumento da complexidade do habitat em torno das turbinas
aumenta a riqueza e a biomassa das espécies após a estabilização do ambiente durante a fase
de operação de parques eólicos, não sendo observado impacto na abundância de focas, enquanto
as operações de cravação de estacas de uma fundação levaram a observação da diminuição no
número de focas nos locais de reprodução nas proximidades dessas construções. Esta
redistribuição das espécies impactaria a biomassa, a produção e a riqueza de espécies de
comunidades bentônicas, mostrando uma troca entre o impacto negativo de áreas abertas e a
recuperação de estoques em áreas fechadas.
Segundo Degraer (2016), a introdução de novas espécies nas populações bentônicas,
promoveu a colonização nesse novo habitat (Kerckhof et al., 2010) e a proeminência emergente
da introdução espécies na zona entremarés (Kerckhofet al., 2011). De acordo com sua pesquisa,
no total foram introduzidas onze espécies e duas espécies criptogênicas, sete das quais são
espécies entremarés e quatro são espécies submarinas. Observou-se que na zona de maré, os
complexos eólicos marítimos contribuirão apenas marginalmente para disseminação de
espécies introduzidas, dada a vasta quantidade desubstrato rígido natural e artificial disponíveis
no mar do Norte, que já contêm populações estabelecidas da mesma espécie introduzida. No
entanto, para zona entremarés, os complexos eólicos podem ter o potencial de aumentar
substancialmente o risco da disseminação adicionalde espécies, dado que o habitat marítimo
onde ainda é relativamente raro.

2.3.3 Colisão e emaranhamento de vertebrados e aves marinhas com as estruturas do


complexo eólico marinho
O risco de colisão de aves marinhas presentes nos complexos eólicos marinhos é
dividido em dois principais tipos: colisões acima da água, em pás e estrutura da turbina eólica,
atingindo as aves, morcegos, aves migratórias e aves locais e colisão entre colônias de
vertebrados com estruturas subaquáticas - fundações. O estudo dos impactos nas aves marinhas
é mais desafiador exigindo o desenvolvimento e aplicação de novas estratégias de detecção
(DESHOLM, 2009). Além do que, os Complexos Eólicos Marinhos utilizam luzes de
navegação, que têm o potencial de atrair aves marinhas, aumentando os riscos de colisão.
(INGER et al., 2009).
Pesquisas sugerem que os impactos são altamente dependentes do local, a natureza e
estado de conservação de ambos os residentes e espécies migratórias utilizando a área (BUSCH,
et al., 2013). Geralmente, os parques eólicos têm um impacto na abundância local de aves, dado
que os níveis reais de mortalidade causados por colisões parecem ser baixos. Redução na
abundância pode ser atribuída à evitação e não à efeito direto de colisões (DESHOLM, 2009).
Conhecimento sobre distribuição, abundância e status de populações de aves marinhas
em escala marítima regional são necessárias para estabelecer metas e medidas de mitigação,
orientando os estudos de impactos ambientais para uma abordagem ecossistêmica dos
impactos cumulativos. Através do mapeamento das áreas prioritárias de conservação, espécies
ameaçadas de extinção em habitats ou espécies, deve ser considerado para coordenar decisões
transnacionais sobre localização de futuros Complexos Eólicos (BUSCH et al, 2013).
As atividades marinhas antrópicas na construção das fundações e estruturas associadas
aos complexos contribuem para a colisão e emaranhamento nas estruturas submersas fixas,
enquanto cabos, correntes, linhas de energia e componentes sem movimento na superfície ou
na coluna de água representam um risco muito maior de colisão. Um certo número de propostas
dispositivos possuem turbinas rotativas, que têm o potencial de ferir ou matar organismos. Além
disso, uma variedade de organismos são atraídos por fontes de luz marinha. (INGER et al,,
2009).
A avaliação de risco na instalação de Usinas Eólicas nos Estados Unidos são baseadas
no contexto da proteção conferida pela legislação, como por exemplo, a Lei de Espécies
Ameaçadas. Um método tradicional para conservação é estabelecer prioridades através do
desenvolvimento de listas de espécies em risco e espécies vulneráveis. Garte e Huppop (2004)
desenvolveram um índice de vulnerabilidade da população de aves marinhas eólica offshore,
com base em escores de importância de conservação de diferentes populações de espécies e
riscos de comportamento relacionados com o deslocamento, hábitos e atividades das aves.
A avifauna caracteristicamente apresenta respostas espécie-específicas, respondendo
com deslocamento e perda de habitats, mudanças nos padrões de migração e deslocamento
(efeito barreira), mortalidade por colisão (atingindo até 15% das populações). Morcegos são
potencialmente impactados, especialmente por barotrauma, em noites com ventos fracos e boa
visibilidade, em particular espécies migratórias, havendo forte influência sazonal
(VASCONCELOS, 2019).

2.3.4 Ruído subaquático marinho


O impacto do ruído antropogênico subaquático e vibrações sobre a vida marinha é um
impacto ambiental preocupante. Estudos demonstram efeito adverso sobre uma série de táxons
marinhos (HOROWITZ; JASNY, 2007; DOLMAN et al, 2007),
particularmente em espécies acusticamente sensíveis, como os mamíferos marinhos. A
perturbação é mais severa durante a instalação das fundações afetando diretamente o
comportamento das focas e cetáceos, possivelmente através da interferência da vocalização no
grupo (INGER et al., 2009).
O ruído da turbina eólica é de intensidade muito baixa para causar deficiênciaauditiva
permanente ou transitória em peixes, mesmo em intervalos de poucos metros das turbinas
eólicas (MADSEN et al., 2006).
O ruído pode ser definido como som que prejudica a recepção de sinais de interesse
ou que afeta o animal de uma forma que perturba o comportamento normal. Richardson et al.
(1995) definiram 4 zonas de impacto em torno de uma fonte sonora piogênica: (1) a zona de
audibilidade, (2) a zona de resposta, (3) a zona de mascaramento, e (4) a zona de lesão. O ruído
tonal de uma turbina eólica é criado por vibrações na caixa de engrenagens dentro da nacele, e
tem radial e componentes tangenciais. As vibrações são conduzidas para a coluna de água e no
fundo do mar através das fundações da turbina (BAILEY et al., 2010).
Mamíferos marinhos usam o som para forrageamento, orientação e comunicação e são,
portanto, possivelmente suscetíveis aos efeitos negativos do ruído produzido pelo homem na
construção e operação de grandes turbinas eólicas offshore (MADSEN et al., 2006).
Diante da implementação da transição energética na Alemanha, em 2005, a BSH
(Bundesamt für Seeschifffahrt und Hydrographie) iniciou o planejamento espacial na ZEE
(Zona Econômica Exclusiva) pertencente à região da Alemanha. Para subsidiar o planejamento
espacial foram desenvolvidos estudos pela Agência Federal Marítima e Hidrográfica (BSH) em
relação aos diversos impactos relacionados a implantação de usinas eólicas offshore. No que
tange aos botos, as aprovações de planejamento da BSH, primeiramente, levam em conta que a
instalação das fundações de parques eólicos offshore deve ser conduzida de acordo com os
métodos mais modernos (detonações são proibidas), visando emissões de ruído mínimo, com a
instalação a ser completada dentro de 18 meses. Em seguida, o proponente deve implementar
método de mitigação de ruído adaptado ao tipo de fundação escolhido e ao processo de
instalação, garantindo que os níveis de exposição sonora não excedam 160 dB, em um raio de
750 metros, nem nível de pico de 190 dB (ct, 2019). A eficácia das medidas de minimização e
prevenção de ruído, durante a instalação, também deve ser monitorada de acordo com as
“Instruções de Medição para Monitoramento de Som Subaquático” da BSH. O monitoramento
deve se referir a ruídos relacionados às embarcações e à cravação das estacas, com medições
entre 750 e 1.500 metros do pilhamento.Para qualquer área protegida, potencialmente afetada,
também deve-se usar detectores de toninhas ou equipamentos similares. No caso de
monopiles, o processo de pilhamento deve ser completado dentro de 180 minutos por pilha.
Outros detalhes técnicos são apresentados nas “Previsões de Monitoramento de Som
Subaquático (Requisitos Mínimos e Documentação)” e “Especificação de Medição para a
Determinação Quantitativa da Eficácia de Sistemas de Controle de Ruído”, elaborados pela
BSH (BURGHARDT, 2019). A construção e operação de parques eólicos offshore podem ser
consideradas invasão do ecossistema marinho. É dada especial atenção aos efeitos adversos a
que os botos ameaçados de extinção e as aves migratórias estão expostos. As estacas para as
fundações das usinas são o foco principal, devido às fortes emissões sonoras emitidas. A
pesquisa de acompanhamento ecológico iniciada pelo BMUB começa com numerosos projetos
de pesquisa que examinam as influências e seus efeitos sobre o ambiente marinho e
desenvolvem abordagens para a minimização (BMWI, 2019).

2.3.5 Campos Eletromagnéticos


Além das estruturas usadas para aproveitar a energia marinha, cabos elétricos
submarinos são necessários para transferir energia entre dispositivos, transformadores e
continente, produzindo uma alta concentração de cabeamento para interligações entre os
dispositivos. Esses cabos produzir campos eletromagnéticos que podem ser detectados pelos
organismos marinhos, incluindo peixes eletro sensíveis (WALKER, 2001; GILL; KIMBER,
2005). O componente magnético é similar a força do campo magnético da Terra em estreita
proximidade com os cabos (WALKER, 2001), e assim tem o potencial de afetar espécies
sensíveis, como peixes ósseos, elasmobrânquios, mamíferos e tartarugas marinhas (INGER et
al., 2009).
A colocação de cabos e o deslocamento associado de sedimentos provocam a perda
direta de comunidades do leito marinho e de peixes demersais. Também cria plumas de turbidez
que afetam o ambiente. Em operação, os cabos de corrente contínua de alta voltagem emitem
calor e campos eletromagnéticos. Nos últimos anos foram realizadas pesquisas sobre os
impactos nos organismos bentônicos e nos sedimentos adjacentes. O aumento da temperatura
pode afetar o metabolismo de organismos vivos e levar a uma mudança na composição da
comunidade da fauna em sedimentos ao redor do cabo. Pesquisas apontam que os campos
eletromagnéticos gerados por cabos submarinos afetam o comportamento (de caça e orientação)
dos tubarões e raias demersais. As espécies de peixes migratórios, que usam o campo
magnético da Terra para navegar, também podem ser afetadas por campos eletromagnéticos
artificiais. Há necessidade de mais pesquisas para comprovação. (VASCONCELOS, 2019)

2.3.6 Recifes Artificiais


A proposta de construção dos Usinas Eólicas Offshore aumentará a quantidade de
substrato duro em ambientes costeiros e, portanto, pode ter impacto positivo significativo
(DESHOLM, 2009) nas estruturas artificiais. As estruturas colocadas no fundo do mar atraem
muitos organismos marinhos (INGER et al., 2009).
Estes recifes artificiais são frequentemente utilizados para melhorar a pesca,
reabilitação de habitats, para proteção costeira e para atrair ecoturistas (JENSEN, 2002).
Outras estruturas antropogênicas fixadas ao fundo do mar, cujas função não é atuar como recifes
artificiais, como plataformas de petróleo e piers, também foram relatados como atração de
organismos marinhos (HELVEY, 2002), e têm sido chamados de recifes artificiais secundários
aumentando tanto a densidade de indivíduos como a biomassa de peixes quando comparados
com áreas de fundo mesmo recifes naturais locais (WILHELMSSON; MALM 2008). Porém
este fenômeno pode promover a colonização e disseminação de espécies não nativas (invasoras)
e proliferação de algas nocivas (BULLERI; AIROLDI, 2005).

2.3.7 Dispositivos de Agregação de Peixes


Enquanto as turbinas eólicas estão restritas a águas relativamente rasas como os
projetos atuais são anexados diretamente ao fundo do mar, um número dos fabricantes estão
atualmente desenvolvendo turbinas flutuantes (MUSIAL; BUTTERFIELD; BOONE, 2003;
FAYRAM; DE RISI, 2007) que serão ancorados leito marinho, mas estará livre para se mover
na superfície, ou dentro da coluna de água. Esses dispositivos flutuantes podem ter amarras e
alguma engenharia subaquática que ainda pode atuar como dispositivos de agregação de peixes
(FAYRAM; DE RISI, 2007). Muitas espécies de peixes agregam em torno de objetos flutuantes
e pescadores tendo este conhecimento, aproveitam deste fenômenopara aumentar suas capturas
(CASTRO, at al., 2002). Além disso, a agregação dos peixes pode atuar no aumento da
concentrar dos peixes, possibilitandoa superexploração de maneira desordenada (INGER et al.,
2009).

As Usinas Eólicas Offshore podem ser usadas como ferramenta para a conservação e
restauração ecológica, criando Zona de Proteção e Conservação de espécies locais, protegendo
o habitat de espécies ameaçadas de extinção, propiciando um ambiente harmonioso e sem
ameaças antropogênicas.

2.3.8 Áreas Protegidas Marinhas


A possibilidade de colisão e emaranhamento de engrenagens significa que, mesmo sem
fiscalização, a proximidade imediata dos Usinas Eólicas Offshore pode trazer perigos a vida
marinha. A localização das Usinas está dentro de zonas de exclusão obrigatórias para segurança
e proteção das instalações e podem, de fato, atuar como Áreas de Proteção Ambiental e
desenvolvido um programa de gestão da pesca sustentável, conservação e ferramenta de
restauração ecológica.
Inger et al. (2009) sintetizaram os resultados de 89 estudos e constatou que, em geral,
a instalação de Usinas Eólicas Offshore aumentou a densidade, biomassa, tamanho do
organismo e diversidade dentro das reservas quando comparada com a áreas ao redor.
Para realizar a gestão de áreas protegidas, em março de 2010 foi formada a
Organização de Gestão Marinha, a qual foi instituída pelo Secretário de Estado do Meio
Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido, através da seção 55 da Lei de
Acesso Marinho e Costeiro de 2009. As funções de planejamento marinho foram delegadas ao
Organização de Gestão Marinha em março de 2010, que tem como objetivo tomar decisões
sobre os desenvolvimentos propostos em uma área de plano em linha com a Declaração de
Política Marinha e planos marinhos. Os planos marinhos possibilitaram o encorajamento das
comunidades locais a se envolverem no planejamento, possibilita o máximo de aproveitamento
do crescimento e as oportunidades de emprego, fornece informações necessárias para que a
atividade a ser desenvolvida considere o meio ambiente desde o início do seu planejamento,
possibilita o desenvolvimento sustentável na área marinha, integra as atividades marítimas com
o planejamento da terra, permite com que o investidor e desenvolvedores economize tempo e
dinheiro, dando orientações claras sobre o que considerar ou evitar, encoraja o uso
compartilhado de áreas ocupadas para beneficiar o maior número de indústrias possível,
encoraja empreendimentos que considerem a vida selvagem eo ambiente natural (UK, 2011).

Para delimitação das áreas protegidas, o governo da União Européia elaborou um Road
Map com objetivo de promover o desenvolvimento dos Planos Marinhos que conta com dez
princípios:
1. Usar o planejamento marinho de acordo com a área e o tipo de atividade;
2. Definir objetivos para orientar o planejamento marinho;
3. Participação de áreas e desenvolver o planejamento marinho de maneira transparente;
4. Participação das partes interessadas (Coordenação dentro dos Estados-Membros)
5. Simplificação dos processos de decisão;
6. Assegurar o efeito jurídico do planejamento marinho nacional;
7. Cooperação e consulta transfronteiriça;
8. Incorporação de monitoramento e avaliação no processo de planejamento;
9. Alcançar a coerência entre o ordenamento do território terrestre e marítimo; e
10. Uma forte base de dados e conhecimento.
Dessa forma, o tempo para o levantamento dos dados primários, nas áreas com
potencial eólico offshore na costa brasileira, seria reduzido, uma vez que os locais previstos
para instalação de aerogeradores, já estariam mapeados e os impactos ambientais quantificados,
de maneira que a decisão do licenciamento ambiental do empreendimento seria realizada de
maneira simplificada e os monitoramentos e compensações seriam definidos de acordo com o
impacto ambiental.

2.3.9 Interação entre os Impactos Positivos e Negativos


As Usinas Eólicas Offshore têm o potencial de produzir efeitos antropogênicos e
influenciar os ecossistemas marinhos, acarretando efeitos positivos e negativos sobre o
ambiente, podendo interagir de forma complexa e imprevisível. Esses impactos também podem
ser cumulativos, com a inserção de usinas eólicas na área de influência indireta, por isso é
fundamental que consideremos um ecossistema marinho mais amplo, em vez de se concentrar
nos efeitos instalações apenas na área de influência direta. Além disso, para todos os táxons de
organismos, incluindo aves cujas rotas de voo possam ser afetadas pela Usina, avaliando os
impactos na fauna local e nas que utilizam como rota de migração a área de influência direta e
indireta do complexo eólico (ELPHICK, 2008).

Petersen e Malm (2006) discutem uma questão pertinente: deve dispositivos marinhos
renováveis serem projetados para que as estruturas sejam construídas de forma a atrair e
aumentar a biodiversidade?
Vale destacar a necessidade de programas de pesquisa direcionados, particularmente
aos potenciais impactos negativos, mas também a perspectiva da melhoria do habitat e até
mesmo recuperação ambiental. É essencial que o projeto das Usinas Eólicas Offshore a serem
implantadas sejam estudados adequadamente para quantificar impactos e benefícios, resultados
a partir dos quais os dados sejam retroalimentados para o estudo do design dos projetos de
implantação de futuras instalações e usados para modelar os prováveis impactos sinérgicos de
usinas eólicas contiguas.
Para os estudos da viabilidade ambiental de áreas para implantação das Usinas é
essencial que todas os stakeholders estejam envolvidos no desenvolvimento do projeto,
incluindo empresas de energia, engenheiros, comunidades locais, organizações governamentais
e não governamentais, representantes da comunidade de pesca, instituições acadêmicas,
envolvidas em todas as etapas projeto: localização, monitoramento pré- construção,
acompanhamento da construção, operação e descomissionamento.

2.4 Síntese do capítulo


À medida que os parques eólicos offshore aumentam de escala, é necessário colocar
quaisquer impactos biológicos observados em um contexto populacional. Isto requer uma
compreensão da escala relativa de quaisquer impactos em relação à variação natural existente
e outros fatores antropogênicos, tais como capturas acessórias ou exploração das pescas. Só
então as consequências da população podem ser modeladas e as prioridades de conservação
identificadas.
Drewitt e Langston (2009) recomendaram melhores práticas para reduzir os impactos
dos parques eólicos nas aves. Essas recomendações incluíam assegurar que áreas chave de
importância e sensibilidade de conservação sejam evitadas, agrupando turbinas para evitar o
alinhamento perpendicular às principais rotas de vôo ou corredores de migração. Na prática, é
improvável que todas essas recomendações possam ser atendidas, devido ao desafio de
equilibrar as necessidades de todas as partes interessadas no processo de planejamento espacial
marinho, porém há necessidade de se considerar o desenvolvimento de empreendimentos
eólicos offshore com o viés da sustentabilidade do local.
Vários locais, adequados para o desenvolvimento de energia eólica offshore, tais como
bancos de areia no alto mar, também são habitats importantes para espécies marinhas e para a
pesca. Há, portanto, a necessidade de uma consideração cuidadosa em um planejamento
espacial de escala mais fina e a identificação de outras medidas de mitigação para minimizar os
conflitos entre usuários ambientais e humanos. A pesquisa estratégica e direcionada em torno
da próxima geração de parques eólicos offshore agora é necessária para apoiar a necessidade
dos reguladores para alcançar um equilíbrio entre as metas de mudança climática e a legislação.
CAPÍTULO 3 – MÉTODOS DA PESQUISA

Nesta seção, é caracterizada a pesquisa e descrito os procedimentos metodológicos


utilizados para o desenvolvimento da dissertação.

3.1 Caracterização da Pesquisa

A pesquisa em questão tem um gênero teórico (pressupõe a discussão e fundamentação


da teoria além de dar margem a possíveis contra-argumentos e questionamentos acerca da
legitimação das hipóteses) e empírica (pressupõe a comprovação prática através de diversos
métodos sejam de observação ou experimentação em determinado contexto com o objetivo de
colher dados em campo) (GIL, 2002).
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e foi empregado o método descritivo, analisando
tecnicamente e discutindo os dados coletados durante os estudos. Temargumentação logica do
tipo indutivo e foi usado estudo de caso como método de procedimento de pesquisa. O Quadro
2.1 apresenta a caracterização do método de pesquisa dadissertação.

Critérios Classificação/Tipos

Quanto ao gênero da pesquisa Teórica X


(DEMO, 2000) Metodológica

Empírica X

Prática

Quanto ao objeto da pesquisa (YIN,2001) Exploratória

Descritiva X

Explicativa

Quanto ao tipo de argumentaçãológica Indutivo X


(MARCONI; LAKATOS,2003) Dedutivo

Hipotético-dedutivo

Dialético

Quanto à abordagem de pesquisa(YIN, Quantitativo


2001) Qualitativo X

Quantitativo-Qualitativo
Quanto ao método de procedimento de Survey
pesquisa (YIN, 2001) Simulação

Pesquisa-ação

Estudo de caso único

Estudo de casos x

Quadro 4 – Caracterização do método de pesquisa


Fonte: Adaptado de González (2010)

3.2 Procedimentos da pesquisa


A pesquisa foi desenvolvida em três etapas: pesquisa teórica, pesquisa de campo e
análise e sistematização da proposta, conforme a Figura 1.

Figura 5 - Procedimento da Pesquisa


Fonte: autoria própria.

A primeira etapa consiste de uma pesquisa bibliográfica tradicional e uma RBS. A


pesquisa tradicional congregou a revisão de livros, relatórios e resoluções. Já a pesquisa
bibliográfica sistemática foi realizada com levantamento de artigos do portal de periódicos
SCOPUS, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o tema central da pesquisa.
Foi realizada pesquisa com as palavras-chave: Offshore Wind Power e Environment Impact
e palavras sinônimas que foram encontradas ao longo da pesquisa.
As palavras-chave foram combinadas através de operadores lógicos booleanos,
objetivando a compilação dos principais artigos e teses relacionados ao tema, destacando as
publicações de maior relevância e seus respectivos autores. Os artigos selecionados foram
categorizados em uma planilha onde foi realizada a análise estruturada dos conteúdos
publicados sobre o tema.
Esta metodologia denominada Revisão Bibliográfica Sistemática - RBS é um tipo
teórico-conceitual por ter como foco a realização de uma pesquisa de revisão bibliográfica
sistemática, conceituada por Pai et al. (2004), como uma abordagem de pesquisa confiável pela
sua abrangência e apresentação explícita dos meios e resultados obtidos. Cook, Mulrow e
Haynes (1997) e Pai et al. (2004) consideram que a revisão bibliográfica sistemática, em
comparação com a revisão tradicional, inclui uma declaração clara do propósito da revisão, uma
busca minuciosa de publicações, a avaliação crítica das principais publicações e apossibilidade
de replicação do método de pesquisa (GONZÁLEZ et al., 2012).
O método de revisão bibliográfica sistemática é um meio de gerar resultados
generalizáveis e que podem ser usados para predições razoáveis de eventos futuros em relação
ao tema (WEBSTER; WATSON, 2002). Para os autores, a pesquisa bibliográfica sistemática
deve garantir que uma quantidade significativa das publicações pertinentes foi levantada. A
revisão bibliográfica poderá ser concluída quando o pesquisador não encontrar mais novos
conceitos e conhecimentos sobre o tema na sua pesquisa (GONZÁLEZ et al., 2012).
A segunda etapa foi realizada estudo de casos com formulação de roteiro de entrevista
a ser aplicado nos setores relacionadas com o objetivo de levantamento dos elementos para o
termo de referência e programas de gerenciamento ambiental. Foi realizado o inter-
relacionamento das atividades da indústria de petróleo e gás offshore do Brasil e no Reino Unido
onde a cadeia produtiva da geração de energia eólica offshore é madura. Para o caso óleo e gás
offshore foram utilizadas como fontes de pesquisa: relatórios técnicos; informações do site das
ANP e IBAMA e entrevistas. Para o caso da eólica onshore foram utilizados relatórios técnicos
e consultas aos sites dos órgãos licenciadores estaduais dos 5 estados que são os maiores
produtores de energia eólica no Brasil.
Na etapa de entrevistas foram selecionados pesquisadores, consultores e analistas
ambientais de órgãos reguladores.
Quadro 1 – Perfil dos entrevistados
Entrevistado Perfil

Entrevistado 1 Biólogo, especialista em fauna marinha, possui 10 anos de


experiência em consultoria ambiental. Participou de 2 estudos
prévios para eólica offshore e em torno de 18 estudos prévios para
implantação de parques eólicos onshore.
Entrevistado 2 Licenciado e bacharel em Geografia e Biólogia, mestre pelo
PRODEMA, especialista em botânica. Analista ambiental do
IDEMA/RN a 8 anos. Responsável pelo herbário do Parque das
Dunas.
Entrevistado 3 Geóloga, Sócia diretora de uma consultoria ambiental. Gestora do
nucleo de licenciamento ambiental. Possui 12 anos de experiência em
estudos ambientais.
Entrevistado 4 Biólogo, especialista em herpetofauna, ex-analista ambiental no
IDEMA e coordenador do Nucleo de Parques Eólicos, atualmente é
diretor de uma consultoria ambiental.
Entrevistado 5 Engenheira da produção, mestranda em energias renovaveis,
pesquisadora em energia eólica offshore.
Fonte: produção própria, 2021.

A terceira etapa considerou a análise cruzada das informações dos casos e a


sistematização das informações para a elaboração da proposta de programas para o
gerenciamento de impactos ambientais de empreendimentos eólicos offshore do Brasil.
CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASOS

Este capítulo apresenta a descrição da pesquisa de campo da dissertação. Comtempla


a seleção dos casos: empreendimentos eólicos onshore e offshore, indústria de petróleo e gás
offshore no Brasil e o caso de empreendimento eólico offshore do Reino Unido. Também inclui
a descrição de entrevistas com pesquisadores, consultores e analista ambiental.

4.1 Seleção dos casos

Foram selecionados os casos de acordo com a disponibilidade e acesso aos órgãos


responsáveis pelo licenciamento de empreendimentos eólicos onshore e offshore, indústria de
petróleo e gás offshore, no Brasil e o caso de empreendimento eólico offshore do Reino Unido,
por causa da disponibilização dos dados públicos disponíveis em site dos países escolhidos para
o estudo.

4.2 Caso da energia eólica onshore do Brasil

Foram considerados como fonte de dados relatórios técnicos, legislação vigente do


setor, informações dos sites dos órgãos regulamentadores ambientais dos estados e da
Associação Brasileira de Energia Eólica - ABEEOLICA.

4.2.1 Termos de referência estatais para certificação ambiental

A disponibilidade de energia apresenta-se como um fator de fundamental importância


para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Nesse contexto, encontra-se a
necessidade de fomento do setor energético em uma matriz diversificada, de fontes renováveis,
como a de origem eólica. Especificamente sobre a situação do Brasil, além de ter acompanhado
a tendência mundial de modificação da matriz energética, houve uma grave crise do setor
nacional (seca generalizada nos últimos anos que impactou o sistema, na maior parte formado
por usinas hidrelétricas) e que também serviu como mola propulsorapara os investimentos
no setor de energia eólica.
Existem atualmente no Brasil 530 usinas de energia eólica que conjuntamente possuem
capacidade instalada para produção de 13,18 GW, o que representa 8,3 % da matriz energética
brasileira (ABEEÓLICA, 2018). O crescimento foi verificado nos últimos anos decorrente,
primordialmente, de programas governamentais de incentivo à contratação de
empreendimentos de geração de energia eólica, como o PROEÓLICA, PROINFA e BNDES.
Incluindo-se os dados sobre parques eólicos em fase de efetiva construção e, também, os já
contratados há uma expectativa de dobrar a capacidade instalada até o final de 2022, chegando
a 2,30 GW (ABEEÓLICA, 2020).

Figura 6 - Potência
instalada no Brasil
Fonte: ABEEOLICA, 2020.

Atualmente os estados brasileiros que possuem maior potência instalada são: Rio Grande do
Norte com 137 parques eólicos, Bahia com 103 parques eólicos, Ceará com 80 parques eólicos
seguido pelo Rio Grande do Sul, conforme Figura 6 - Potência instalada no Brasil.
Diante do fato do crescente aumento da quantidade de parques eólicos construídos no
Brasil, abordaremos sobre o Licenciamento Ambiental dos 4 maiores estados produtores de
energia através de fonte renováveis, sendo eles: Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Rio
Grande do Sul.

4.2.2 Licenciamento ambiental para projetos de energia eólica onshore no Brasil

O Licenciamento Ambiental é o instrumento instituído pela Política Nacional do Meio


Ambiente através da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Tem como objetivo o
estudo das atividades potencialmente poluidoras que possam causar degradação da qualidade
ambiental, prejuízo a saúde, ao bem estar da população, as atividades sociais e econômicas, a
biota, as condições estéticas, sanitárias do meio ambiente, bem como o lançamento de matérias
ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
A competência para o licenciamento é pela instituição onde o impacto for ocasionado,
entidades municipais quando estas possuem competência e estaduais nas demais jurisdições.
Quando o empreendimento a ser instalado ou atividade a ser desenvolvida encontra-se em áreas
localizadas no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona
econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União;
localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados; cujos impactos ambientais diretos
ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou maisEstados; destinados a pesquisar,
lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer
estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante
parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN; bases ou empreendimentos
militares, quando couber, observada a legislação específica, será de competência para licenciar
é o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis,
conforme Art. 4º da Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de 1997.
De acordo com a mesma resolução em seu Art. 5º, compete ao órgão ambiental
estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades
localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de conservação de
domínio estadual ou do Distrito Federal; localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais
formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº
4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas
federais, estaduais ou municipais; cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites
territoriais de um ou mais municípios; delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal,
por instrumento legal ou convênio.
O conceito de Licença Ambiental segundo a Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de
dezembro de 1997 é o que segue:

“Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as


condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar,
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.”

De acordo com a mesma Resolução CONAMA (2017), as licenças ambientais são as


denominadas de acordo com a etapa de implantação do empreendimento, que foram listadas
na Quadro 5 – Tipos de Licença Ambiental.

Tipos de Licença Características


Licença Prévia (LP) Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou
atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade
ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem
atendidos nas próximas fases de sua implementação.

Licença de Instalação (LI) Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as


especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes,
da qual constituem motivo determinante.

Licença de Operação (LO) Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após averificação


do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as
medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para
operação.

Quadro 5 – Tipos
de Licença Ambiental
Fonte: Resolução CONAMA Nº 237.

De acordo com a Resolução CONAMA nº 237 para o licenciamento ambiental de um


empreendimento ou atividade deverá ser seguido o seguinte procedimento apresentado na
Figura 7.
Figura 7 – Procedimento para licenciamento de empreendimentos de acordo com a Resolução
CONAMA nº 237.
Fonte: autoria própria.

Para o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica a


partir de fonte eólica terrestre – onshore – foi instituída a Resolução CONAMA nº 462, de 24
de Junho de 2014. Nesta Resolução, os empreendimentos eólicos são considerados
licenciamento ambiental de baixo impacto ambiental, sendo realizado mediante procedimento
de licenciamento simplificado contendo as informações relativas ao diagnóstico ambiental da
região de inserção do empreendimento em suas áreas de influência direta e indireta, sua
caracterização, a identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, mitigadoras
e compensatórias, devendo o órgão ambiental competente adotar o Termo de Referência
constante no Anexo II, resguardadas as características regionais.
Alguns empreendimentos estão localizados em regiões ambientalmente sensíveis, com
a possibilidade de impacto ambiental maiores. São ambientes sensíveis os empreendimentos
localizados em ambientes que possuem as seguintes característica:
• Formações dunares, planícies fluviais e de deflação, mangues e demais áreas
úmidas;
• Bioma Mata Atlântica e implicar corte e supressão de vegetação primária e
secundária no estágio avançado de regeneração, conforme dispõe a Lei n° 11.428, de 22 de
dezembro de 2006;
• Zona Costeira e implicar alterações significativas das suas características
naturais, conforme dispõe a Lei n° 7.661, de 16 de maio de 1988;
• Zonas de amortecimento de unidades de conservação de proteção integral,
adotando-se o limite de 3 km (três quilômetros) a partir do limite da unidade de conservação,
cuja zona de amortecimento não esteja ainda estabelecida;
• Áreas regulares de rota, pousio, descanso, alimentação e reprodução de aves
migratórias constantes de Relatório Anual de Rotas e Áreas de Concentração de Aves
Migratórias no Brasil a ser emitido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade – ICMBio;
• Locais em que venham a gerar impactos socioculturais diretos que impliquem
inviabilização de comunidades ou sua completa remoção; em áreas de ocorrência de espécies
ameaçadas de extinção e áreas de endemismo restrito, conforme listas oficiais (Resolução
CONAMA nº 462).
Para estes empreendimentos será exigido a apresentação de Estudo de Impacto
Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), além de realização de audiências
públicas, nos termos da legislação vigente.

4.2.2.1 Licenciamento Ambiental no Estado do Rio Grande do Norte

O estado do Rio Grande do Norte é o maior produtor de energia elétrica através da


fonte eólica do Brasil. O órgão licenciador do estado é o Instituto de Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente – IDEMA, que através da Lei Complementar Estadual nº
272/2004 foi instituído como entidade executora, coordenadora e supervisionadora da Política
Estadual do Meio Ambiente.
De acordo com a Lei Complementar Estadual nº 272/2004, em seu artigo 46, a
construção, a instalação, a ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e atividades
relacionados com o uso de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente
poluidores, bem como, os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento por parte da Entidade Executora.
Além das licenças ambientais previstas na Resolução CONAMA Nº 237, a Lei
Complementar Estadual nº 272 acrescenta as Licenças ambientais presentes na Quadro 5 –
Tipos de Licença Ambiental.

Tipo de Licença Características


Concedida para a localização, instalação, implantação e operação de
empreendimentos e atividades que, na oportunidade do
licenciamento, possam ser enquadrados na categoria de pequeno e
médio potencial poluidor e degradador e de micro ou pequeno porte.
A critério do interessado, esta licença poderá ser expedida em duas
Licença Simplificada (LS)
etapas, sendo a primeira para análise da localização do
empreendimento (Licença Simplificada Prévia – LSP) e a segunda
para análise das respectiva instalação, implantação e operação
(Licença Simplificada de Instalação e Operação – LSIO);

Licença de caráter corretivo e transitório, destinada a disciplinar,


durante o processo de licenciamento ambiental, o funcionamento de
Licença de Regularização de empreendimentos e atividades em operação e ainda não
Operação (LRO) licenciados, sem prejuízo da responsabilidade administrativa
cabível.
Licença para alteração, ampliação ou modificação do
Licença de Alteração (LA) empreendimento ou atividade regularmente existente.

Licença de Instalação e Licença concedida para empreendimentos cuja


Operação (LIO) instalação e operação ocorram simultaneamente.
Licença concedida para atividades de caráter temporário ou que não
Autorização Especial (AE) impliquem em instalações permanentes.

Autorização concedida previamente à concessão da LO, quando


necessária para avaliar a eficiência das condições, restrições e
Autorização para Teste de
medidas de controle ambiental impostas à atividade ou ao
Operação (ATO)
empreendimento.

Quadro 1 - Tipos de Licenças ambientais.


Fonte: Lei Complementar Estadual nº 272.

Para licenciamento de um empreendimento ou atividade deverá ser realizado a


classificação do empreendimento de acordo com a atividade principal desenvolvida. A
Resolução CONEMA nº 04/2006 e sua atualização em outubro de 2011, estabelece parâmetros
e critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor/degradador, de acordo com
cada atividade desenvolvida. Para sistema de geração elétrica, atividade estudada nesta
dissertação, o parâmetro adotado para classificação e enquadramento é a potência de energia
elétrica gerada em MW, conforme Quadro 6 - Enquadramento de empreendimento de Geração
de energia elétrica.
ATIVIDADES/ POTENCIAL
PORTE
EMPREENDIMENTOS POLUIDOR/DEGRADADOR
Parametro Solol
Sistema de Geração de Excepcio
adotado para Micro Pequeno Médio Grande Ar Água e/ou Geral
Energia Elética nal
classificação subsolo
Eólica Potência Até 5 > 5 a < 15 > 15 a < > 45 a < > 135 P P M P
(MW) 45 135

Quadro 6 - Enquadramento de empreendimento de Geração de Energia elétrica.


Fonte: Resolução CONEMA Nº 04/2006 e sua atualização em outubro de 2011.

Feito o enquadramento do empreendimento deverá ser apresentado documentos


constantes na Relação de Documentos disponíveis no site do IDEMA,
http://www.idema.rn.gov.br, de acordo com a etapa do licenciamento requerido. Para
implantação será solicitado Licencia Prévia, onde será analisado as características da área em
seus meios físico, biótico, socioeconômico e impactos ambientais em suas áreas de influência
direta e indireta.
Para empreendimentos enquadrados como excepcional porte e/ou instalados em áreas
com sensibilidade ambiental alta, conforme descrito na Resolução CONAMA nº 462, será
solicitado EIA/RIMA – Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental,
conforme Termo de Referência emitido pelo órgão licenciador. Para os demais
empreendimentos será solicitado RAS – Relatório Ambiental Simplificado.
Após apresentados os documentos, projetos e estudos relacionados ao
empreendimento na Central de Atendimento do IDEMA, é formado um processo identificado
por um número que poderá ser acompanhado a análise e tramitação no sistema chamado
CERBERUS, disponível no site do órgão. Este processo é encaminhado para equipe técnica
multidisciplinar que é composta por analistas ambientais com formações em áreas especificas
para análise de cada meio onde ocorre o impacto ambiental. Durante analise do estudo
apresentado poderá ser solicitado complementações de informações através de Solicitação de
Providencias que deverá ser atendida no prazo estabelecido pelo analista ou solicitado
prorrogação de acordo com justificativa exposta pelo interessado.
Para empreendimentos que está enquadrado para entrega de estudo EIA/RIMA deverá
ser realizado Audiência Pública, conforme termos Resolução CONAMA nº 9, de 3 de
dezembro de 1987, que dispõe sobre a realização de Audiências Públicas no processo de
licenciamento ambiental e para o RAS poderá ser realizada Reuniões Técnicas quando
necessário. A equipe técnica deverá realizar vistoria na área de implantação para registrar em
parecer técnico a viabilidade ou inviabilidade da área a ser instalado o empreendimento e
emissão da Licença Ambiental contendo condicionantes ambientais propondo medidas e
diretrizes de conservação da área prevista para instalação do empreendimento.
4.2.2.2 Licenciamento Ambiental no Estado do Bahia

O estado da Bahia é o segundo em potência instalada de geração de energia produzida


por fonte eólica. Possui 103 parques eólicos instalados e 96 em construção (ABEEOLICA,
2018) quando finalizados e em operação o estado da Bahia ocupará o primeiro lugar em
produção de energia através da fonte eólica.
O órgão licenciador do estado da Bahia é o Instituto de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos – INEMA, que através da Portaria nº 11.292 de 13/02/2016 determinou que este órgão
possui a competência de orientar os processos para obtenção de regularidade ambiental dos
empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.
Além das licenças previstas pela Resolução CONAMA Nº 237, a Portaria Nº 11.292
de 13/02/2016 estabelece os seguintes atos administrativos para processos de licenciamento e
autorização ambiental de empreendimentos e atividades, são eles: Autorização Ambiental
(AA); Licença Unificada (LU), Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI), Licença de
Operação (LO) e suas renovações, Licença de Alteração (LA), Licença de Regularização (LR),
Licença por Adesão e Compromisso (LAC) e Licença Conjunta (LC); Revisão ou prorrogação
de prazo de condicionantes de autorização ou licença ambiental (RC); Prorrogação do Prazo de
Validade de licenças (PPV); Alteração de Razão Social (ALRS); Transferência de Licença
Ambiental (TLA); Autorização de Supressão de Vegetação Nativa (ASV); Aprovação para
Execução das Etapas do Plano de Manejo Florestal Sustentável (EPMF); Reconhecimento de
Volume Florestal Remanescente (RVFR); Reconhecimento e Emissão de Crédito de Volume
Florestal – ECVF; Transferência de Crédito de Volume Florestal – TCVF; Autorizações de Uso
e Manejo de Fauna Silvestre (SISFAUNA): Autorização Prévia (AP); Autorização de
Instalação (AI); Autorização de Uso e Manejo de Fauna Silvestre (AM).
Inicialmente para licenciar um empreendimento ou atividade deverá ser realizado o
enquadramento da atividade ou empreendimento, conforme Anexo IV, do Regulamento da Lei
Estadual n° 10.431/2006, que em seu art. 108 classifica os empreendimentos em classes de 1 a
6 de acordo com seu porte e potencial poluidor. O Quadro 7 - Enquadramento para classificação do
empreendimento.mostra o enquadramento de acordo com o porte doempreendimento e potencial
poluidor geral, a partir deste enquadramento será classificado e definido o estudo que deverá
ser apresentado para análise ambiental.
Quadro 7 - Enquadramento para classificação do empreendimento.
Porte do Potencial Poluidor Geral
empreendimento
P M A
P 1 2 4
M 2 3 5
G 4 5 6
Legenda: P- pequeno, M- médio, G-grande, A-Alto
Fonte: Regulamento da Lei Estadual n° 10.431/2006.

Para empreendimentos enquadrados nas classes 1 e 2, será solicitado EstudoAmbiental


para Atividades de Pequeno Impacto - EPI, para concessão de Licença Unificada – LU; para os
empreendimentos enquadrados nas classes 3, 4 e 5 será solicitado o EstudoAmbiental para
Atividades de Médio Impacto – EMI; para os empreendimentos e atividadesenquadrados na classe
6, será solicitado Estudo Prévio de Impacto Ambiental e respectivoRelatório de Impacto Ambiental
- EIA/RIMA. Os estudos devem ser elaborados conformeTermo de Referência emitido
pelo órgão licenciador, podendo ser solicitado complementações de informações
conforme análise técnica e vistoria ao local de implantação.Para os empreendimentos de geração de
energia elétrica a partir de fonte eólica, foi regulamentada a Norma Técnica NT-01/2011 que se
aplica às atividades de planejamento,projeto, construção, operação e ampliação de empreendimentos
de geração de energia elétrica a partir de fonte eólica no Estado da Bahia.

Esta Norma Técnica enquadra os empreendimentos eólicos de acordo com o porte do


empreendimento que é quantificado pelo número de aerogeradores conforme Quadro 8 - Porte de
empreendimentos eólicos.

Quadro 8 - Porte de empreendimentos eólicos.


PORTE NUMERO DE AEROGERADORES

Micro < 15
Pequeno > 15 < 30
Médio >30<60
Grande >60 < 120
Excepcional >120
Fonte: Norma Técnica 01, 2011.

Esta Norma Técnica considera os empreendimentos de Geração de Energia Elétrica a


partir de fonte eólica, de baixo impacto ambiental uma vez que utiliza fonte renovável e limpa,
não geram resíduos tóxicos e não provocam contaminação ambiental, contribuindo para a
redução de emissões de gases de efeito estufa. Diante deste entendimento os projetosde
geração de energia elétrica para integração à rede, a partir de fonte eólica, ficam sujeitos aos
seguintes tipos de Licenças:
Licença Simplificada (LS): para micro e pequeno porte;
Licença de Localização (LL), Licença de Implantação (LI), Licença de Operação (LO)
ou Licença de Alteração (LA): para médio, grande e excepcional porte, em conformidade com
a legislação específica.
Em relação aos estudos ambientais por se tratar de empreendimentos de geração de
energia elétrica a partir de fonte de energia renovável e considerada de potencial baixo
impacto, não se aplica, em princípio, a exigência de realização de EIA/RIMA, entretanto, se
forem passíveis de causar significativa degradação do meio ambiente, estarão sujeitos à
realização de EIA/RIMA, conforme Termo de Referência para elaboração do estudo do
EIA/RIMA presente no Anexo III da dissertação.

4.2.2.3 Licenciamento Ambiental no Estado do Ceará

O estado do Ceará é o terceiro em produção de energia elétrica através da fonte eólica


do Brasil. O órgão licenciador do estado é a Superintendência Estadual do Meio Ambiente -
SEMACE, que através da Lei Estadual nº 11.411, de 28 de dezembro de 1987 define que este
órgão integra o Sistema Nacional de Meio Ambiente na qualidade de órgão Seccional do Estado
do Ceará.

Foi elaborada a Resolução COEMA nº 05, de 12 de julho de 2018, devido a


necessidade de revisão e simplificação dos procedimentos, critérios e parâmetros aplicados aos
processos de licenciamento e autorização ambiental dos empreendimentos de geração de
energia elétrica por fonte eólica no Estado do Ceará onde instituiu que o processo de
licenciamento deve incentivar o aumento substancial e a participação de energias renováveis na
matriz energética global.
De acordo com a Lei Estadual nº 11.411/87 e a Resolução COEMA nº 08/04, o Sistema
de Licenciamento Ambiental do estado do Ceará compõe-se das seguintes modalidades de
Licenças, Autorizações e Cadastros, Quadro 9 - Tipos de Licenças ambientais Ceará.

Tipos de Licença Características


Licença Prévia (LP) Licença concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e
concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos econdicionantes a serem atendidos nas próximas
fases de sua implementação. Saliente-se que nesta fase do
licenciamento ainda não é autorizado o início de obras.
Licença de Instalação (LI) Autoriza o início da instalação do empreendimento ou atividade de
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e
projetos executivos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo
determinante. Neste momento não é autorizada a operacionalização
do empreendimento.
Licença de Operação (LO) Autoriza a operação da atividade, obra ouempreendimento, após a
verificação do efetivo cumprimento das exigências das licenças
anteriores (LP e LI), bem como do adequado funcionamento das
medidas de controle ambiental, equipamentos de controle de
poluição e demais condicionantes determinados para a operação.

Licença de Instalação e Operação(LIO) Será concedida para empreendimentos de baixo potencial poluidor
ambiental, consoante às especificações do projeto básico, medidas
e condições de controle ambiental estabelecidas pelo órgão
ambiental.
Licença Simplificada (LS) Será concedida exclusivamente quando se tratar da localização,
implantação e operação deempreendimentos ou atividades de porte
micro, com pequeno potencial poluidor-degradador. O processo de
licenciamento ambiental simplificado constará de Licença
Prévia (LP) e Licença de Instalação/Operação (LIO).
Autorização Ambiental (AA) Será concedida a empreendimentos ou atividades de caráter
temporário. Caso o empreendimento, atividade, pesquisa, serviço ou
obra de caráter temporário, exceda o prazo estabelecido de modo a
configurar situação permanente, serão exigidas as licenças
ambientais correspondentes, em substituição à Autorização
Ambiental expedida.

Quadro 9 - Tipos de Licenças ambientais Ceará.


Fonte: Lei Estadual nº 11.411/87 e a Resolução COEMA nº 08/04.

A alteração da Licença, está condicionada à existência de Licença de Instalação (LI)


ou Licença de Operação (LO), observando, ainda, o seu respectivo prazo de validade, quando
porventura ocorrer modificação no contrato social da empresa, empreendimento, atividade ou
obra, ou qualificação de pessoa física.
Será igualmente exigida a alteração da Licença, no caso de ampliação ou alteração do
empreendimento, obra ou atividade, obedecendo à compatibilidade do processo de
licenciamento em suas etapas e instrumentos de planejamento, implantação e operação (roteiros
de caracterização, plantas, normas, memoriais, portarias de lavra), conforme exigência da
SEMACE.
Para enquadramento dos empreendimentos eólicos foi definido, no art. 2 da Resolução
COEMA nº 5, os portes de acordo com a potência gerada em cada empreendimento conforme
Quadro 10 - Porte vs Potência para enquadramento deempreendimentos licenciáveis. O tipo de
licença ambiental a ser requerida será de acordo com o Art. 3º Resolução COEMA nº 05 onde
prevê: Licença Prévia (LP) e Licença de Instalação e Operação (LIO) para os portes micro,
pequeno, médio e grande e para o porte excepcional, a licença ambiental será emitida em três
etapas: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO).

Porte Micro Pequeno Médio Grande Excepcional

Potência 5-10 10-30 30-60 60-150 >150

Quadro 10 - Porte vs Potência para enquadramento de empreendimentos licenciáveis.


Fonte: Resolução COEMA nº 5.

Os empreendimentos eólicos classificados como de porte excepcional, conforme


estabelecido no art. 2º desta Resolução, não será considerado de baixo impacto, exigindo a
apresentação de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA),
e a realização de audiências públicas, nos termos da legislação vigente, além das situações
previstas no art. 3º, § 3º da Resolução CONAMA nº 462/2014. O Termo deReferência para
elaboração do EIA/RIMA para empreendimentos de geração de energiaatravés de fontes eólica
é baseado na Resolução CONAMA nº 279, conforme Anexo IV desta dissertação.

4.2.2.4 Licenciamento Ambiental no Estado do Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul possui como órgão licenciador Fundação Estadual de Proteção
Ambiental Henrique Luiz Roessler – FEPAM, que é um dos órgãos executivos do Sistema
Estadual de Proteção Ambiental - SISEPRA, Lei 10.330 de 27/12/94, que a partir de 1999
passou a ser coordenado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA, Lei 11.362 de
29/07/99.
Os empreendimentos eólicos são norteados através da Portaria FEPAM nº 118/2014
que estabelece os critérios, exigências e estudos prévios para o licenciamento ambiental de
empreendimentos de geração de energia a partir da fonte eólica, no Estado do Rio Grande do
Sul. Nesta Portaria os estudos solicitados para analise da viabilidade ambiental é realizado
através do enquadramento do empreendimento quanto ao porte e localização, sendo
classificados quanto ao porte grande a excepcional (acima de 100 MW), em todos os casos,
deverão ser licenciados mediante a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e Respectivo
Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA, quanto a localização aqueles empreendimentos
localizados nos ambientes descritos no §3.º do art. 3.º da Resolução CONAMA 462/2014, como
anteriormente descrito nesta capitulo. Além das definições de áreas sensíveis o órgão
licenciador classificou as áreas de alta e média sensibilidade ambiental, onde são previstos
significativos impactos ambientais, como identificadas no mapa georreferenciado disponível no
endereço eletrônico www.fepam.rs.gov.br/eolica e representado na Figura 8 - Classificaçãodas
áreas de acordo com a sensibilidade ambiental.
Figura 8 - Classificação das áreas de acordo com a sensibilidade ambiental.
Fonte: Site FEPAM, 2018.

Ainda relacionada a exigência do EIA/RIMA a Portaria FEPAM nº 14/2018, altera a


Portaria FEPAM nº 118/2014 incluindo a necessidade de solicitação de anuência do gestor da
unidade de conservação em processos de licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos
localizados dentro da poligonal do parque nacional da lagoa do peixe em processos de
licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos com potencial interferência em aves
migratórias a FEPAM deverá consultar o Órgão Gestor da Unidade de Conservação Parque
Nacional Lagoa do Peixe (ICMBIO).
Será exigido RAS para fins do licenciamento ambiental para os empreendimentos
eólicos enquadrados como porte pequeno e médio (potência menor do que 100 MW) propostas
em áreas de baixa e média sensibilidade ambiental, onde não são previstos significativos
impactos ambientais, como identificadas no mapa georreferenciado disponível no endereço
eletrônico www.fepam.rs.gov.br/eolica e apresentado no mapa Figura 8 - Classificação das áreas
de acordo com a sensibilidade ambiental.
O órgão licenciador poderá, a qualquer tempo e de forma justificada, definir critérios
diferenciados do acima descrito em função de peculiaridades da localização proposta, incluídas
aqui as áreas que não foram objeto do levantamento realizado nesta Portaria.
Os Termos de Referência Básicos para a elaboração de RAS e EIA-RIMA devem
obedecer aos anexos I e II previstos na Resolução CONAMA 462/2014, presentes no anexo II
desta dissertação, bem como seguir o conteúdo técnico constante nas “Diretrizes e
Condicionantes para licenciamento ambiental nas regiões com potencial eólico” disponíveis
no endereço eletrônico www.fepam.rs.gov.br/eolica, que define por região do estado as
metodologias que devem ser utilizadas para estudo de cada meio ambiente. As regiões listadas
neste anexo são as seguintes: Região Eólica Campanha, Região Eólica Costa Leste da Laguna,
Região Eólica Costa Norte da Laguna, Região Eólica Costa Oeste da Laguna, Região Eólica
Coxilha de Santana, Região Eólica Escudo, Região Eólica Litoral Norte, Região EólicaLitoral
Sul e Região Eólica Serra Gaúcha. Os meios ambientais são os seguintes: herpetofauna,
paisagem, mastofauna, peixes anuais, quirópteros, áreas úmidas relevantes para a avifauna,
avifauna, áreas de interesse para a conservação, meio físico e vegetação. Além dasDiretrizes
citadas a portaria trás em seu anexo II um documento denominado “Compilação de estudos,
metodologias, dados técnicos e conclusões como subsídios as diretrizes ambientais para
implantação de empreendimentos eólicos no Estado do Rio Grande do Sulimpactos que
descreve os estudos básicos, critérios e metodologias para elaboração dos estudos ambientais.
Os tipos de licenças ambientais emitidas para estes empreendimentos são as mesmas
definidas na Resolução CONAMA nº 237.

4.2.3 Considerações do caso

O licenciamento ambiental para projetos de energia eólica onshore no Brasil ocorre de


maneira particular em cada OEMA – Órgão Estadual de Meio Ambiente que apesar dos órgãos
ambientais serem regidos por legislação federal única, possuem ordenamentos estaduais através
de portarias e decretos que regimentam critérios de enquadramento, tipo de estudos a serem
solicitados, método de levantamento ambiental dos meios a serem estudadose avaliação dos
impactos ambientais para analise final e emissão do parecer técnico do empreendimento a ser
instalado.
Sugere-se que seja realizada consulta pública para elaboração de normativa técnica
que unifique os critérios para enquadramento do empreendimento de acordo com seu porte,
potencial poluidor e sensibilidade da área onde pretende-se instalar o empreendimento, bem
como elaboração de termo de referência que balize o levantamentos dos dados primário e
secundário das áreas, delimitando a área de influencia direta, indireta e diretamente afetada nos
meios físicos, bióticos, social e impactos cumulativos. Para a elaboração do estudoambiental
para levantamento das características ambientais da área proposta para implantação do
empreendimento eólico é importante definições referente aos métodos aplicados no
levantamento primário, conduzindo ao executor a considerar as particularidades de cada bioma,
táxon ou característica da área a ser estudada.

4.3 Caso da indústria de petróleo e gás offshore do Brasil

Para análise do caso da indústria de petróleo e gás offshore no Brasil foi analisado o
Termo de Referência emitido pelo IBAMA para realização do Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para a Atividade de Produção e
Escoamento de Petróleo e Gás Natural do Polo Pré Sal da Bacia de Santos – Etapa 3.
A obtenção da Licença Prévia implicou, de acordo com o art. 8º, inciso I da Resolução
CONAMA nº 237/97, na aprovação da localização e concepção do projeto, atestando sua
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos
para as próximas fases de sua implantação.
O sumário contendo o conteúdo mínimo que compõe o Termo de Referência do Estudo
de Impacto Ambiental (EIA), o qual subsidiou a análise da viabilidade ambiental para atividade
de produção e escoamento de petróleo, será discutido neste item e será avaliado para conclusão
desta dissertação.

4.3.1 Termos de referência para certificação ambiental e programas ambientais

O Termo de Referência emitido pelo IBAMA para o empreendimento/atividade de


Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural do Polo Pré Sal da Bacia de Santos – Etapa
3, abrange orientações para realização do estudo para diagnóstico ambiental da área prevista
para implantação de 13 (treze) novos projetos de Desenvolvimento da Produção no Polo Pré-
Sal da Bacia de Santos. Para o tema onde será discutido o levantamento dos impactos
ambientais consta no termo de referência no item II.6 o título: Identificação e avaliação dos
impactos ambientais e no item II 6.1 as diretrizes metodológicas para identificação e avaliação
dos impactos ambientais bem como a modelagem a ser utilizada para avaliação da dispersão de
óleo em caso de incidente. Nestes tópicos é orientado sobre a avaliação dos impactos nas
Unidade de Conservação na área do entorno do empreendimento; a interferência da atividade
pesqueira artesanal e industrial listando os impactos sociais e econômicos efetivos e potenciais
nas comunidades pesqueiras; realizar a análise dos serviços ecossistêmicos na avaliação de
impacto ambiental com objetivo de demonstrar os efeitos do projeto nos componentes e
processos ambientais (hidrodinâmica, dinâmica sedimentar e biodiversidade) e também no
bem-estar humano; avaliar os impactos associados à dispersão de Espécies Exóticas Invasoras
(potencialmente presentes na água de lastro e na bioincrustação de estruturas marinhas)
determinando sua área de dispersão através de modelagem considerando: estruturas marinhas
do empreendimento; embarcações envolvidas com a instalação, operação e desativação dos
projetos que compõe o empreendimento (embarcações lançadoras de âncoras e linhas,
embarcações de apoio, embarcações de emergência, etc.); estruturas de apoio às operações e
rota de navegação (TR, IBAMA, 2020).
As diretrizes metodológicas para identificação e avaliação dos impactos ambientais
foram definidas em Nota Técnica emitida pelo IBAMA onde normatiza que a pesquisa deverá
ser realizada em duas etapas: primeira etapa – meio físico e biótica; segunda etapa – meio
socioeconômico. Em seu anexo B a nota técnica direciona a organização dos resultados da
seguinte maneira: em cada um dos capítulos de cada parte, e para cada etapa do
empreendimento, deverão ser descritos, avaliados e interpretados os impactos identificados e
sintetizados em uma matriz de impactos, contemplando os aspectos ambientais, os fatores
ambientais, os impactos e suas respectivas avaliações em relação aos seguintes atributos: a)
natureza; b) forma de incidência; c) abrangência espacial; d) duração e permanência; e)
reversibilidade; f) cumulatividade; g) impacto em UC indicando apenas se causa impacto em
UC ou não); h) magnitude; e i) importância.
Para cada etapa do diagnóstico ambiental deverá constar os levantamentos que segue
no Quadro 11.

Meio biótico A estrutura e organização da comunidade.


As relações tróficas.
A biodiversidade.
As áreas de alimentação.
As áreas de reprodução e recrutamento.
As áreas de preservação permanente (APP).
As áreas de ressurgência.
As espécies endêmicas e/ou raras.
As espécies ameaçadas.
A resiliência do sistema.
O estado de conservação.
A representatividade da população/comunidade/ecossistema e a existência de
assembleias com características semelhantes em níveis delocal a global.
A importância cinófila (biológica, farmacológica, genética, bioquímica, etc.).
A capacidade suporte do meio.
Os períodos críticos (migração, alimentação, reprodução, recrutamento, etc.).
O isolamento genético.
As Unidades de Conservação da natureza (SNUC).
As áreas prioritárias para conservação da biodiversidade (de acordo com o
documento oficial do Ministério do Meio Ambiente).
Os recursos pesqueiros.
Os predadores de topo na teia trófica.
O tamanho mínimo viável das populações.
A produtividade do ecossistema.
Os ciclos biogeoquímicos.
Os nichos ecológicos (alteração, introdução e extinção de nichos). Outros
fatores, condições, processos, etc., que não constam nestarelação e
sejam considerados pertinentes pela equipe técnica
responsável pela elaboração da avaliação de impactos ambientais.
Meio Físico A capacidade de diluição do corpo receptor.
O regime hidrodinâmico e as variáveis meteoceanográficas (ondas,ventos,
correntes, marés, etc.)
A topografia e geomorfologia.
A representatividade.
Áreas de ressurgência.
Mudanças climáticas e efeito estufa.
A lâmina d'água.
A qualidade ambiental prévia
.Os ciclos biogeoquímicos.
As Unidades de Conservação da natureza (SNUC).
Outros fatores, condições, processos, etc., que não constam nestarelação e
sejam considerados pertinentes pela equipe técnica responsável pela elaboração
da avaliação de impactos ambientais.

Meio Socioeconômico A saúde, a segurança e o bem-estar de populações.


A segurança alimentar de populações.
A execução de atividades culturais, sociais e econômicas.
As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente.
O patrimônio histórico, arqueológico, paleontológico, cultural, etc.
O uso e ocupação do solo.
A infraestrutura de serviços básicos (segurança pública, saúde,transporte,
etc.)
A atividade pesqueira e aquicultura.
O exercício do direito de ir e vir.
A paisagem natural e/ou antrópica.
Os ciclos econômicos e respectivas cadeias produtivas.
As Unidades de Conservação da natureza (SNUC).
Áreas quilombolas, indígenas ou de populações tradicionais,
demarcadas/homologadas ou não.
Outros fatores, condições, processos, etc., que não constam nestarelação e
sejam considerados pertinentes pela equipe técnica responsável pela elaboração
da avaliação de impactos ambientais.

Fonte: TR, IBAMA, 2020.

4.3.2 Impactos ambientais

Neste subitem foi realizada Revisão Bibliográfica Sistemática sobre os impactos


ambientais existentes na implantação da indústria de petróleo e gás offshore do Brasil.
A atividade de implantação de plataformas de petróleo e gás offshore, assemelha-se
as atividades de implantação de usinas eólicas offshore, conforme abordaremos os quais foram
sugeridos no Estudo de Impacto Ambiental para Atividade de Produção e Escoamento de
Petróleo e Gás Natural do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos – Etapa 3, estudos para avaliação da
evolução e sistematização de informações dos processos de licenciamento de Petróleo e Gás
realizados pelo emitidos pelo IBAMA no período compreendido entre 2007 a 2017 visando ao
aprimoramento da eficiência regulatória ambiental no setor e orientações técnicas disponíveis
no site do IBAMA sobre o licenciamento ambiental federal para atividade de perfuração
marítima em águas oceânicas. Na Quadro 12 foi elencado os aspectos ambientais que ocasionam
impactos ambientais no meio físico e biótico e no meio socioeconômico.

Aspecto Ambiental Meio Meio


Físico/Biótico Socioeconômico
Pré-Ancoragem dos FPSOs e das linhas de coleta X
Instalação dos Sistemas de Coleta e Escoamento X
Trânsito de embarcações de apoio X
Geração de ruídos X
Geração de luminosidade X
Descarte do efluente de teste estanqueidade X
Descarte de efluentes sanitários e resíduos alimentares X
Descarte de água produzida X
Descarte de efluente de unidade de remoção de sulfato X
Presença dos FPSOs e equipamentos submarinos X
Emissões atmosféricas X
Remoção das estruturas submarinas X
Divulgação do empreendimento X
Demanda por mão de obra X
Demanda/Aquisição de bens e serviços X
Geração de resíduos sólidos X
Tráfego aéreo X
Pagamento de royalties e participação especial X
Vazamento acidental de produtos químicos no mar X
Vazamento acidental de combustível e/ou óleo no mar X X
Trânsito de embarcações de apoio X X
Transporte dos FPSOs X
Quadro 12 – Aspectos ambientais considerados para os meios físico, biótico e socioeconômico
associados aos impactos efetivos.
Fonte: Relatório Técnico Bacia de Santos. IBAMA, 2018.

No relatório técnico, os resultados do Estudo de Impacto Ambiental para Atividade de


Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos – Etapa
3, apresentou uma importante relação entre os fatores ambientais, aspectos ambientais e
impactos efetivos sobre os meios físico e biótico identificados na fase de instalação
possibilitando a organização dos impactos ambientais e elaboração de programas de
gerenciamento dos impactos ambientais da atividade. Na Quadro 13 é possível definir os
programas de gerenciamento dos impactos de acordo com a sensibilidade ambiental.

Fator Ambiental Sensibilidade Aspecto Ambiental Impacto


Sedimento Baixa Instalação dos Alteração da morfologia de fundo
sistemas de coleta e pela instalação dos sistemas decoleta e
escoamento escoamento.
Água oceânica Baixa Pré-ancoragem dos Alteração da qualidade da água
FPSOs e das linhas de oceânica por ressuspensão de sedimento
coleta e escoamento devido a pré-ancoragem
dos FPSOs e das linhas de coleta e
escoamento.
Instalação dos Alteração da qualidade da água
sistemas de coleta e oceânica por ressuspensão de sedimento
escoamento devido à instalação dos sistemas de
coleta e escoamento.
Descarte de efluentes Alteração da qualidade da água
sanitários e resíduos oceânica por descarte de efluentes
alimentares sanitários e resíduos alimentares.
Descarte do efluente de Alteração da qualidade da água
teste estanqueidade oceânica por descarte do efluentede
teste de estanqueidade.
Ar Baixa Emissões atmosféricas Alteração da qualidade do ar.
Clima Alta Emissões atmosféricas Contribuição para o efeito estufa.
Comunidade Baixa Pré-ancoragem dos Perda de habitat bentônico devido à
bentônica FPSOs e das linhas de pré-ancoragem dos FPSOs e linhasde
coleta e escoamento coleta e escoamento.
Instalação dos Perda de habitat bentônico devido à
sistemas de coleta e instalação dos sistemas de coleta e
escoamento escoamento
Pré-ancoragem dos Perturbação na comunidade bentônica
FPSOs e das linhas de por ressuspensão do sedimento devido
coleta e escoamento a pré-ancoragem dos FPSOs e das
linhas de coleta e escoamento
Instalação dos Perturbação na comunidade
sistemas de coleta e bentônica por ressuspensão do
escoamento sedimento devido à instalação dos
sistemas de coleta e escoamento
Nécton Alta Geração de ruído Perturbação no nécton pela geraçãode
ruídos
Geração de Perturbação no nécton pela geração
luminosidade de luminosidade
Presença dos FPSOs e Perturbação no nécton pela
dos sistemas de coleta instalação dos FPSOs e dos
e escoamento sistemas de coleta e escoamento
Aves marinhas Alta Geração de Perturbação nas aves marinhas pela
luminosidade geração de luminosidade
Quadro 13 – Relação entre os fatores ambientais, aspectos ambientais e impactos efetivos sobre os
meios físico e biótico identificados na fase de instalação.

No levantamento do impacto ambiental na atividade de Produção e Escoamento de


Petróleo e Gás Natural do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos – Etapa 3, elaborado pelaPetrobras,
para cada impacto identificado era atribuído a Legislação diretamente relacionada ao impacto,
assim como Planos e Programas Governamentais, tais como:
• Plano de Ação Nacional para a Conservação das Tartarugas Marinhas;
• Plano de Ação Nacional para Conservação dos Pequenos Cetáceos;
• Plano de Ação Nacional para Conservação dos mamíferos aquáticos: grandes
cetáceos e pinípedes;
• Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Albatrozes e Petréis;
• Plano de Ação Nacional para Conservação da Toninha;
• Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Manguezais;
• Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves Marinhas;
• Plano de Ação Nacional para a Conservação do Peixe-boi marinho.

Os Planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção


ou do Patrimônio Espeleológico (PAN) são políticas públicas, pactuadas com a sociedade,
que identificam e orientam as ações prioritárias para combater as ameaças que põem em risco
populações de espécies e os ambientes naturais e assim protegê-los.
Cada Plano de Ação possui a listagem das espécies ameaçadas de extinção que possui
ordenamento e a priorização de ações para a conservação da biodiversidade e seus ambientes
naturais, com um objetivo estabelecido em um horizonte temporal definido.
Além dos planos de ação nacional são sugeridos os Planos Diretores Municipais,
Planos de Gerenciamento Costeiro, Planos de Habitação Municipais e os Planos de Manejo das
Unidades de Conservação.

4.3.3 Considerações do caso

Diante dos resultados encontrados através da pesquisa aos termos de referência e


resultados apresentados nos diagnósticos ambientais, entregues no Estudo de Impactos
Ambientais – EIA , o qual atendeu as metodologias e normativas estabelecidas pelo órgão
licenciador, que estabeleceu os critérios para o levantamento dos dados ambientais nas áreas
previstas para a instalação do empreendimento em questão, de forma a subsidiar a tomada de
decisão por parte dos responsáveis pela elaboração de parecer técnico e emissão da Licença de
Instalação a qual concede anuência para início das atividades por parte do interessado.
Constatou-se que os resultados obtidos nas campanhas de campo – pesquisa dos dados
primários; e na pesquisa através de fontes bibliográficas – pesquisa dos dados secundários,
possibilitou a esquematização e padronização dos resultados apresentados, tornando as
informações mais claras e mais suscinta, tornando o processo para tomada de decisão, mais
transparente de forma a tornar ampla a identificação dos impactos positivos e negativos,
norteando o responsável pelas análises dos estudos com as informações suficiente para a
definição das medidas compensatórias e mitigadoras para cada impacto levantado.

4.4 Caso da Energia Eólica Offshore do Reino Unido

A necessidade de desenvolvimento da geração de energia renovável no Reino Unido,


incluindo a energia eólica offshore, principalmente, surge da exigência de reduzir as emissões
de gases de efeito estufa.
O Reino Unido, que possui cerca de 35% da capacidade eólica offshore global
instalada, representa a maior parte na lista de maiores projetos offshore, seguido pela Holanda,
China e Alemanha. Entre os dez maiores projetos offshore, sete estão localizados no Reino
Unido, representando mais de 74% da capacidade total desses projetos. O maior projeto do
mundo, o Hornsea One, ainda não totalmente comissionado, teve a primeira turbinainstalada e
a rede conectada no início de 2019 e agora tem uma capacidade ativa de mais de 1 GW.
O Reino Unido é o país que detém da maior capacidade instalada de energia eólica
offshore no mundo (GWEC, 2018). Também, similar ao Brasil, possui uma indústria de óleo e
gás offshore desenvolvida, sendo assim uma região importante e que deve ter sua atividade de
usina eólica offshore estudada.

4.4.1 Termos de referência para certificação ambiental


No Reino Unido, instrumentos de planejamento são usados para obter informações
sobre relevantes para tomada de decisões sobre o planejamento de parques eólicos offshore.
Exemplos desses instrumentos são: Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), Avaliação do
Impacto Ambiental (AIA), Avaliação de Habitats, planejamento espacial (por exemplo,
critérios para identificação de áreas adequadas para parques eólicos), áreas protegidas emedidas
de prevenção e mitigação (RIEFOLO, 2016).

O Departamento de Meio Ambiente alimentação e Assuntos Rurais regulamentara a


Avaliação Ambiental Estratégica de Energia Offshore (SEA) através do processo de AAE,
visando apoiar as decisões ministeriais através da consideração das implicações ambientais dos
resultados apresentados no projeto proposto. O Departamento de Negócios, Energia e Estratégia
Industrial (BEIS), como o principal órgão regulador ambiental da indústria offshore de petróleo
e gás, assumiu uma postura proativa sobre o uso da AAE. Comomeio de obter um equilíbrio
entre a promoção do desenvolvimento econômico dos recursos energéticos offshore do Reino
Unido e a proteção ambiental efetiva.

A Diretiva da AAE estabelece as informações que deve constar no relatórioambiental


da Avaliação Ambiental Estratégica, conforme listado abaixo:

4.4.1.1 Esboço do conteúdo, principais objetivos do plano ou programa e


relacionamentocom outros planos e programas relevantes;
4.4.1.2 Aspectos relevantes do estado atual do ambiente e sua provável evolução
sem aimplementação do plano ou programa;
4.4.1.3 As características ambientais das áreas que podem ser significativamente afetadas;
4.4.1.4 Quaisquer problemas ambientais existentes que sejam relevantes para o plano
ou programa, incluindo, em particular, os relacionados com quaisquer áreas de uma
importância ambiental específica, tais como áreas designadas nos termos das
Diretivas 2009/147 / CE e 92/43 / CEE (as Aves e Diretivas sobre Habitats);
4.4.1.5 Os objetivos de proteção ambiental, estabelecidos a nível internacional,
comunitário ou dos Estados-membros, que sejam relevantes para o plano ou
programa e a forma como esses objetivos e quaisquer considerações ambientais
foram tidos em conta durante a sua preparação;
4.4.1.6 Os prováveis efeitos significativos sobre o meio ambiente, incluindo questões
como biodiversidade, população, saúde humana, fauna, flora, solo, água, ar, fatores
climáticos, bens materiais, patrimônio cultural, incluindo patrimônio arquitetônico
e arqueológico, paisagem e a inter-relação entre os fatores acima;
4.4.1.7 As medidas previstas para prevenir, reduzir e, na medida do possível,
compensar quaisquer efeitos adversos significativos no ambiente da implementação
do plano ou programa;
4.4.1.8 Um resumo das razões para selecionar as alternativas tratadas e uma descrição
de como a avaliação foi realizada, incluindo quaisquer dificuldades (como
deficiências técnicas ou falta de conhecimento) encontradas na compilação das
informações necessárias;
4.4.1.9 Uma descrição das medidas previstas relativas ao acompanhamento.
4.4.1.10 Um resumo não técnico das informações fornecidas sob os títulos acima.
4.4.1.11 Os impactos devem incluir os impactos secundários, cumulativos,
sinérgicos, de curto, médio e longo prazo, permanentes e temporários, positivos e
negativos.

O Secretário de Estado do Departamento de Energia Empresarial e Estratégia


Industrial (BEIS) ao lado da Organização de Gestão Marinha (MMO) realizou revisão,
conhecida como Revisão de Consentimentos, em relação aos parques eólicos offshore
consentidos sob a Lei de Planejamento de 2008, a Lei de Eletricidade de 1989 e a Lei de Acesso
Marítimo e Costeiro de 2009 que pode causar um efeito significativo na Área Especial de
Conservação do Mar do Norte do Sul. A Revisão dos Consentimentos foi concluída e, após
análise do Ministro da Energia, obteve aprovação ministerial em setembro de 2020. O resultado
acordado da Avaliação dos Regulamentos de Habitats (HRA) é a exigência de que um Plano de
Integridade do Local (SIP) seja submetido e aprovado pelo MMO antes do iníciode qualquer
atividade de construção que possa afetar a integridade do Special Areas ofConservation -
SAC.
O Instrumento Estatutário n° 588 que está em vigor para a Proteção Ambiental no
Licenciamento Marítimo Regulamenta as Obras Marinhas (Avaliação de Impacto Ambiental),
a Conservação de Habitats e Regulamentos de Espécies 2017 e as Diretivas do habitat das aves
silvestres. Neste instrumento é exigido um escopo mínimo a ser apresentado para analise e
consentimento: Uma descrição do projeto e da atividade regulamentada, incluindo detalhes dos
seguintes assuntos: Uma descrição da localização do projeto e da atividade regulamentada;
Uma descrição das características físicas de todo o projeto e atividade regulamentada, incluindo
demolição necessária (incluindo natureza e fonte de quaisquer materiais e os métodos de
trabalho a serem utilizados); Uma descrição das principais características da fase operacional
do projeto; Uma estimativa dos resíduos e emissões esperados (por exemplo, água, ar, ruído,
vibração etc.) resultantes do projeto; Uma descrição de alternativas razoáveis (por exemplo,
projeto de projeto, tecnologia, localização); Uma descrição do estado atual do ambiente (linha
de base), e a provável evolução da linha de base na ausência do projeto; Uma descrição de como
os seguintes fatores provavelmente serão significativamente afetados pelo projeto, incluindo
quaisquer interações entre esses fatores: População e saúde humana; Biodiversidade; Terra,
solo, água, ar, clima, paisagem; bens materiais e patrimônio cultural.

Uma descrição dos prováveis efeitos significativos do projeto sobre o ambiente


resultante de:
• Construção e existência do projeto (incluindo demolição, quando forrelevante);
• O uso de recursos naturais;
• Emissão de poluentes, ruído, vibração, luz, calor, radiação;
• Riscos à saúde humana, ao patrimônio cultural ou ao meio ambiente (por
exemplo, devido a acidente ou desastre);
• Os efeitos cumulativos com outros projetos existentes;
• O impacto sobre o clima (por exemplo, a natureza e a magnitude das emissões
de gases de efeito estufa) e a vulnerabilidade do projeto às mudanças climáticas;
• Tecnologias e substâncias utilizadas;
A descrição deve abranger cada uma das seguintes categorias de efeito:
• Efeitos diretos e indiretos;
• Efeitos secundários;
• Efeitos cumulativos;
• Transfronteiriços;
• Efeitos de curto, médio e longo prazo;
• Efeitos permanentes e temporários;
• Efeitos positivos e negativos;
Os métodos de previsão utilizados pelo requerente para avaliar os principais efeitos
que o projeto e a atividade regulamentada provavelmente terão sobre o meio ambiente.
Uma descrição das medidas previstas para evitar, prevenir, reduzir e, se possível,
compensar quaisquer efeitos adversos significativos do projeto e da atividade regulamentada
sobre o meio ambiente e quaisquer arranjos de monitoramento propostos. Esta descrição deve
explicar até que ponto os efeitos significativos sobre o meio ambiente são evitados, prevenidos
ou reduzidos, abrangendo tanto as fases de construção quanto operacionais.

4.5 Descrição do resultado das entrevistas com especialistas


Participaram da pesquisa de campo um analista ambiental do IDEMA, um pesquisador
e três consultores ambientais, que possuem significativo envolvimento com temas relacionado
a licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos. Foram utilizados como instrumento de
pesquisa: questionário semiestruturado, conforme apresentado no Apêndice A.

A seguir, apresenta-se a descrição das informações levantadas, onde as 5 primeiras


questões referem-se: a empreendimentos offshore e da questão 6 a 10 empreendimentos
onshore:

Questão 01 - Quais são os planos e programas ambientais implantados na fase


de instalação do empreendimento que são mais significativos para a preservação do bioma
a ser explorado?

Em entrevista realizada com o participante 1 foi citado os seguintes planos: Plano de


Monitoramento da Fauna Marinha, Plano de Monitoramento do Ruído Subaquático e Plano de
Emergência para Vazamento de Óleo. Segundo o entrevistado é importante a realização de
monitoramentos na fase de implantação do empreendimento de forma a resguardar as espécies
da fauna e da flora do habitat aquático, como também constatar se as medidas mitigadoras
implantadas para atenuar os impactos estão sendo implantadas de maneira eficaz e se
necessitam de adequações.
O entrevistado 5 abordou os critérios necessários para a fase de estudo prévio para
instalação de empreendimentos eólico offshore, onde cita que um dos fatores chave no
desenvolvimento dos projetos, visando a preservação do meio ambiente, é a seleção dos
melhores locais para instalação do parque. O entrevistado considera como melhores locais
aqueles cuja fragilidade ambiental é de baixa significância. Na Europa, os Estados-Membros da
União Europeia são obrigados a desenvolver um Plano Espacial Marítimo Nacional (Maritime
Spatial Planning-MSP) com base na Diretiva de Ordenamento do Território Marítimo (Diretiva
2014/89/UE), a qual foi normatizada pelo Reino Unido. Neste sentido o desenvolvimento de
estudos de Avaliação Ambiental Estratégica (Strategic Environmental Assessment -SEA) como
ocorre nos países europeus, onde a autoridade governamental competente realiza investigação
prévia para futuras áreas a serem ocupadas por projetos offshore podendo garantir a anuência
célere do processo de consentimento ambiental e a possível garantia de maior proteção do meio
ambiente marinho. Outro tema levantado pela entrevistada 5 foi sobre o desenvolvimento de
estudos de Avaliação de Regulamentos de Habitats (Habitats Regulations Assessment – HRA),
o qual seria realizado a identificação das áreas favoráveis para o desenvolvimento de energia
eólica offshore obedecendo as normas de conservação da natureza na Zona Econômica
Exclusiva (ZEE), conforme determina a legislação dos países europeus considerando as áreas
de proteção e conservação Natura 2000.

Questão 02 - Quais seriam as boas práticas para a elaboração de um estudo de


impacto ambiental na implantação de empreendimentos offshore (óleo e gás offshore,
eólica offshore, etc)? No Brasil e na costa do Nordeste?
O entrevistado 1 considera que a fase de planejamento do empreendimento deve ser
realizada a coleta de dados e informações que serão necessários para o diagnóstico ambiental
submetido aos órgãos reguladores. Também, a realização de treinamento e capacitação dos
especialistas envolvidos, voltado para os riscos à saúde durante os trabalhos em alto mar,
salvagem, dispositivos de segurança dos equipamentos (de modo a evitar cair na água) e dentre
outros perigos e riscos associados a atividade.
O entrevistado 5 citou como boa prática o desenvolvimento de Estudos de Impacto
Ambiental de acordo com a adversidade dos impactos ambientais restritos as áreas previstas
para implantação, de acordo com suas características e particularidades. O entrevistado citou
que em Taiwan, os projetos eólicos offshore estão sujeitos a duas fases diferentes de EIA,
dependendo da adversidade dos impactos ambientais, a primeira fase de reconhecimento dos
impactos e a segunda fase para avaliação de acordo com as adversidades identificadas.
Nos países: Reino Unido, Alemanha e Dinamarca, os estudos são conduzidos de
acordo com os critérios de dimensionamento do parque eólico offshore a ser instalado, é
definido o tipo de estudo ambiental a ser realizado, bem como a autoridade licenciadora. Assim,
para projetos-piloto, de menor grau de impacto, pode ser realizado um estudo simplificado,
denominado como Declaração de Impacto Ambiental (Environmental Impact Statement – EIS).
Para projetos com impacto adverso, é solicitada pelo órgão certificador, a Avaliação de Impacto
Ambiental (Environmental Impact Assessment – EIA) detalhada, nesta avaliação acontece as
etapas de consultas públicas, que tem como stakeholders: o público, comunidades do entorno,
as autoridades, grupos de interesse e todos os cidadãos que são diretamente afetados com a
implantação do empreendimento, nesta fase de consulta públicaos comentários e contribuições
são argumentos para a decisão final sobre a implantação dos projetos eólicos offshore. Esta
prática é realizada nos países: Taiwan, Dinamarca, Reino Unido e Alemanha.
Na Escócia, além de outros estudos, é requerido a Declaração de Desenvolvimento da
Cadeia de Fornecimento (Supply Chain Development Statement – SCDS), trata-se da
documentação exigida no processo de arrendamento de terras offshore. Esse documento deve
descrever com antecedência o nível e a localização dos impactos ambientais da cadeia de
suprimentos do projeto proposto, discriminados por cada etapa do projeto (desenvolvimento e
anuência, construção, operação, manutenção e descomissionamento). O desenvolvedor do
projeto deve explicar quais medidas mitigadoras que devem ser adotadas em cada fase do
projeto, no que diz respeito ao planejamento de pré-implantação, implantação do projeto e
utilização das instalações pós-projeto, a fim de atingir as metas de proteção ambiental, uma vez
que a maioria das emissões de GEE oriundas a energia eólica surge durante a fabricação das
turbinas e construção da usina.

Questão 03 - Quais são os principais impactos negativos mitigáveis e não


mitigáveis na implantação de empreendimentos offshore (óleo e gás offshore, eólica
offshore, etc)? No Brasil e na costa do Nordeste?
O entrevistado 1 listou os Impactos Mitigáveis, são eles: tombamento e/ou colisão de
cargas, colisão entre embarcações e/ou plataforma, ruptura de amarras, adernamento excessivo,
criação de micro-habitat (fauna marinha), perfuração do fundo marinho para a fixação de
estruturas, geração de ruído subaquático, interferência na comunidade bentônica/planctônica,
interferência na qualidade do sedimento e distúrbios na rota de animais. Para os Impactos não-
mitigáveis listou os seguintes: mortandade de animais pela contaminação de óleo extravasado
das plataformas de óleo, destruição de recifes por falta de definição de rotas durante o
assentamento dos cabos, estabelecimento de zona de exclusão de pesca, incremento no
comércio e serviço costeiro, criação de novas qualificações técnicas.
O entrevistado 5 elencou os impactos negativos mitigáveis e citou alguns países que
em seus estudos citaram a ocorrência destes impactos, conforme segue abaixo:
- Impactos aos pescadores locais: Na Dinamarca e Taiwan, o desenvolvedor deve
consultar os pescadores locais e discutir as possíveis medidas de mitigação ou compensação
financeira pela perda estimada de renda. Na Dinamarca, o desenvolvedor tem que negociar uma
compensação com cada pescador afetado, e a licença para produzir eletricidade do parque
eólico offshore só pode ser concedida se um acordo foi feito com todos os pescadores afetados.
- Impactos às espécies de aves: Na Alemanha, como parte do estudo ambiental, o
proponente do projeto deve dedicar recursos significativos à análise de especialistas técnicos
ambientais através de levantamentos sobre se a área do projeto é relevante para pássaros e
morcegos e se essas espécies têm probabilidade de colidir com turbinas eólicas.
- Impacto visual: Parques eólicos offshore de ZEE geralmente não criam impactos
visuais significativos já que suas localizações possuem distâncias significativas da costa.
- Impacto sonoro e Impacto nas espécies marinhas: garantir que as espécies marinhas
sejam devidamente consideradas para evitar impactos significativos durante a construção,
operação e descomissionamento.
Devem ser adotadas medidas de prevenção e mitigação, como seleção dos tipos de
fundação menos intensos em ruído e proibição de trabalhos de construção com alto ruído
durante os períodos de acasalamento e parto, como ocorre na Alemanha. No Reino Unido, com
exceção onde um parque eólico não é visível da costa, o desenvolvedor deve realizaruma
Avaliação do Seascape e Impacto Visual como parte do processo de EIA para identificar um
local com o menor impacto visual adverso.

Questão 04 - Quais foram os principais dificuldades ou problemas na elaboração


de estudos de impactos ambiental para empreendimentos offshore? No Brasil e na costa
do Nordeste?
Para os entrevistados 1 e 5 a principal dificuldade sobre a elaboração dos estudos de
impactos ambientais para empreendimentos offshore é a ausência de acervo técnico-
científico/literatura brasileiro relativo ao ambiente marítimo e a escassez de profissionais
habilitados para atuar no segmento, uma vez que especialistas do ambiente subaquático são
poucos e as pesquisas na área acadêmica são poucos em quantidade. Ainda para o entrevistado
5 a complexidade dos processos de licenciamento e pela falta de estruturas legais específicas
nesse processo para consentimento com relação aos projetos de parques eólicos offshore.

Questão 05 - Como é o processo de monitoramento dos impactos ambientais em


empreendimentos eólicos offshore?
O entrevistado 1 relata que o monitoramento da fauna marinha ocorre a nível de
superfície através do avistamento com binóculos. A investigação subaquática é comprometida
por falta de habilitação técnica e tecnologia para execução de tal atividade. Além
disto, os custos com as atividades de monitoramento offshore são extremamente elevados, já
que a logística requer o envolvimento de embarcações e empresas terceirizadas.
O entrevistado 2 apresentou informações relativo as experiências da Alemanha, onde
reporte de informações ao órgão competente ocorre anualmente por meio do envio dos dados
de monitoramento. Com base nos resultados e outras informações atualizadas disponíveis, o
órgão licenciador determina medidas a serem implementadas para prevenir e mitigar os
impactos ambientais e, se necessário, a paralisação temporária das operações. Os dados de
monitoramento incluem a documentação sobre o estado ambiental antes e depois da construção.

Questão 06 – Quais são os planos e programas ambientais implantados na fase de


instalação de empreendimentos eólicos onshore que são mais significativos para a
preservação do bioma a ser explorado?
De acordo com as respostas dos entrevistados os programas ambientais presentes no
Relatório do Detalhamento dos Programas Ambientais são importantes, porém os de maior
significância para preservação do bioma a ser explorado são os seguintes (Quadro 15):
Plano de Plano de Plano de Programa
Plano de Plano de Plano de Programa de
Entrevistad controle de manejo prospecção de
o e monitoramen educação comunicaçã gerenciament PRAD
desmatament arqueológic preservaçã
resgate to da fauna ambiental o social o de resíduos
o a o de APP
da flora
E1 X X X X
E2 X X X X X X
E3 X X X
E4 X X X X

Quadro 14 – Entrevistados x Planos e Programas


Fonte: Autoria própria, 2021

O entrevistado 5 abordou sobre os estudos ambientais solicitados pelos órgãos


ambientais estaduais, que no Brasil, cada estado estabelece como será conduzido o
licenciamento do empreendimento/atividade, definido critérios para dimensionamento do porte
e o potencial poluidor dos empreendimentos eólicos, norteando a elaboração do Termo de
Referência (TR) para a realização dos estudos ambientais na forma de um Relatório Ambiental
Simplificado (RAS) ou Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto do Meio
Ambiente (EIA/RIMA), conforme enquadramento pré estabelecido em Resoluções estaduais.
A definição dos estudos ambientais a serem apresentados visam a preservação de áreas com
maior sensibilidade ambiental, tais como: formações dunares, bioma, Mata Atlântica, Zona
Costeira, rotas de aves migratórias e outras áreas com a presença de marcadores ambientais que
caracterizam a área como alta sensibilidade ambiental.

Questão 07 – Quais foram as principais dificuldades enfrentadas no levantamento


dos dados para elaboração do diagnóstico ambiental das áreas propostas para
implantação de parques eólico onshore ocorrida na fase inicial da construção dos
primeiros empreendimentos eólicos?
As principais dificuldades relatadas pelos entrevistados 1 e 4 são relacionadas ao acesso
a área do empreendimento, uma vez que algumas áreas estão localizadas em zonas rurais e não
possuem vias pavimentadas ou estão localizadas em propriedades fechadas. Devido a difícil
localização das áreas onde pretende-se a instalação dos aerogeradores, ocorre também a
dificuldade de comunicação com os proprietários, impossibilitando acionar e/ou obter
autorização para acesso do proprietário ao imóvel.
Para o entrevistado 2, a ausência de dados secundários para o levantamento das
informações que subsidiam a elaboração do diagnóstico ambiental, bem como a ausência de um
histórico (banco de dados) das ocorrências da fauna e flora presente no local do
empreendimento já levantada em estudos anteriores. O entrevistado 2 já fez parte da equipe
técnica de análise dos estudos ambientais apresentados nos processos para anuência do órgão
ambiental para instalação de empreendimentos eólicos onshore, este relatou que as principais
dificuldades para análise dos estudos são informações insuficientes da área pretendida para
instalação do empreendimento, que as campanhas para levantamento dos dados são de curta
duração, não contemplando as estações do ano e ciclo de vida de alguns animais e vegetação.
O terceiro entrevistado faz parte da equipe técnica do órgão ambiental estadual
licenciador e relata ausência de dados importantes fornecidos pelas consultorias ambientais,
sobre os impactos ambiental do empreendimento, bem como a existência de legislação que
normatize o levantamento dos dados primários e dimensionamento ambiental do
empreendimento referente ao seu impacto ambiental e sensibilidade do bioma, na definição do
estudo ambiental que deverá ser solicitado ao empreendedor. A ausência de regulamentações
e normatizações fragiliza a análise e não fornece suporte técnico e legislativo aos analistas
ambientais responsáveis pela análise e parecer técnico que subsidia o processo de decisão dos
entes superiores que liberam a licença ambiental.

Questão 08 – Quais os principais impactos negativos não mitigáveis na implantação


de empreendimentos eólicos onshore localizados no Nordeste do Brasil?
Para o entrevistado 1 os impactos negativos que impactam o meio socioambiental
através do ruído gerado pelos aerogeradores impactam de maneira permanente as populações
e comunidades que residem no entorno do empreendimento, uma vez que provocam alteração
irreversíveis na qualidade de vida destes. Embora, nos últimos anos foram instaladas pás com
tecnologias que geram menor ruído, ainda pode ser considerado um impacto negativo.
Para o entrevistado 2 e 3 a degradação de áreas prioritárias para conservação são os
principais impactos não mitigável e irrecuperável sobretudo nos empreendimentos localizados
em áreas de Caatinga, alguns deles em topos de serra e áreas de preservação permanente como
dunas e restingas. Por suas características e por possuir baixa potencialidade produtiva a
Caatinga é um dos biomas mais devastados, que mais sofreram alterações e que é pouco
protegido e estudado. Por este motivo os estudos não contemplam as informações necessárias
para avaliação dos impactos negativos, uma vez que os responsáveis pelos levantamentos de
dados são elaborados no período seco, quando a fauna e flora está em seu período dedormência,
sendo apresentados resultados com amostragem insuficiente para caracterizar a
biodiversidade da área em questão. O entrevistado 1 relata que os impactos em relação a fauna
e flora são mitigáveis quando controlados no período de instalação do empreendimento. O
entrevistado 4 sinalizou que instalar empreendimento em habitats de espécies da fauna e flora
em situação de vulnerabilidade ou presente na lista de espécies ameaçadas de extinção é um
impacto não mitigável e com danos irreversíveis para o meio ambiente, mesmo que
acompanhado por equipes de biólogos que realizem o monitoramento, afugentamento, resgate
e salvamento dessas espécies. Este também alertou sobre a degradação de áreas contínuas,
causando impactos cumulativos, sem a preservação de áreas “pulmões” ou corredores
ecológicos onde a fauna local pudesse migrar e formar um novo habitat.

Questão 09 – Quais os principais entraves do licenciamento ambiental junto ao


órgão ambiental para empreendimentos eólicos onshore? (responder em caso de expertise
em onshore)
O entrevistado 1 relata que atualmente, a constante rotatividade da equipe técnica do
órgão licenciador e a falta de capacitação dos analistas ambientais do órgão ambiental do Rio
Grande do Norte são os principais entraves nas atividades de licenciamento ambiental. O
entrevistado 2 corrobora com esta informação e completa que é de suma importância que todos
os atores do licenciamento recebam, constantemente, capacitações e treinamentos com intuito
de sedimentar o conhecimento em relação aos trâmites processuais. O entrevistado 4 relata que
as Instruções Técnicas estão obsoletas e necessitam de atualização para a realidadea nível de
pesquisa ambiental e que devido a rotatividade dos analistas ambiental, essas instruções são
desconhecidas pela maioria dos novos ingressantes no órgão ambiental.
Para o entrevistado 3, as regulamentações e normativas serem responsabilidade de cada
órgão licenciador estadual dificulta no atendimento as solicitações uma vez que a existência de
mais de um procedimento para o licenciamento ambiental de empreendimentos e a pluralidade
de órgãos com a necessidade de anuência em diversos temas, tais como IPHAN, COMAER,
ANM, torna o processo mais longo e burocrático.
Em relação a documentação a ser apresentada na abertura do processo junto ao órgão
licenciador, o entrevistado 4 relata fragilidade nas validades dos documentos legais, que
possuem validade de curta duração e por vezes vencem durante a análise do processo.

Questão 10 – Qual a principal lição apreendida com o amadurecimento da análise


ambiental relativo à implantação de empreendimentos eólicos onshore e que podem ser
aproveitados em empreendimentos eólicos offshore?
O entrevistado 1 considera os empreendimentos onshore e offshore dois cenários
distintos, onde as dinâmicas sociais e da fauna são diferentes. Na esfera social enquanto no
ambiente onshore os residentes locais são, em sua maioria, agricultores rurais, no ambiente
offshore existe pescadores. Se faz necessário a orientação dessas populações referente aquestões
ambientais uma vez que estes estão alheios a estes temas. A entrevistada 4 abordou que as
questões sociais tiveram maior relevância após o amadurecimento da cadeia produtiva dos
empreendimentos eólicos onshore e que para os empreendimentos eólicos offshore as questões
sociais podem ser priorizadas, em especial a pesca artesanal.
O entrevistado 2 expõe que nas campanhas para levantamento de informações que irão
compor o diagnóstico ambiental, tanto a fauna e flora, para empreendimentos onshore é possível
a identificação por meio de tecnologias como Cameras Traps, imagens de satélite, armadilhas
tipo tomahawk, dentre outras técnicas para levantamento de dados primários. No levantamento
dos dados nos empreendimentos offshore esses métodos não são aplicáveis. Logo, as práticas
de investigação em campo são bastante divergentes entre si.
Os entrevistados 3 e 4 sugerem a elaboração de um mapeamento ambiental por região,
enquanto o entrevistado 5 cita que no estado do Rio Grande do Sul, há o mapeamento de áreas
impróprias para o desenvolvimento de energia eólica onshore, sendo necessário estudos como
RAS – Relatório Ambiental Simplificado ou o EIA/RIMA de acordo com o porte do projeto. O
mapeamento ambiental seria alimentado com informações presente nos estudos ambientais
realizados em empreendimentos dentro das zonas definidas, gerando base de dados com os
dados. De posse das informações os especialistas ambientais podem realizar estudos mais
aprofundados, amadurecendo as técnicas de coleta de dados primário considerando o
conhecimento secundário de levantamento de dados anteriores. Para empreendimentos
offshore, seria importante o mapeamento das zonas de interesse econômico em conjunto com
as áreas prioritárias, áreas sensíveis e onde ocorrem locais habitat de espécies fixas com risco
de ameaça de extinção ou vulnerabilidade ambiental. Sendo responsabilidade das instituições
governamentais em conjunto com instituições de ensino e pesquisa o mapeamento das espécies,
meio físico e informações socioeconômicos.

O entrevistado 5 abordou sobre a experiência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente


e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) nos trâmites envolvendo o licenciamento de
empreendimentos offshore da indústria de Petróleo & Gás para formatação do Termo de
Referência de empreendimentos eólicos offshore. O entrevistado 4 abordou sobre realização
de pesquisa de práticas adotadas em outros países que possui empreendimento eólicos offshore
instalados, como também a necessidade de uma equipe multidisciplinar com especialistas em
cada área de estudo.
CAPÍTULO 5 – PROGRAMAS PARA O GERENCIAMENTO DOS
IMPACTOS AMBIENTAIS DE EMPREENDIMENTOS EÓLICOS
OFFSHORE

De acordo com Sanchez (2015), uma das funções da avaliação de impactos ambientas,
através do levantamento dos dados primários e secundários na área de estudo, após tabulados e
analisados, servem como ferramenta para planejar a gestão ambiental das ações e iniciativas as
quais se aplicam para elaboração de estudos ambientais prévio, fornecendo embasamento para
formular recomendações que visem a redução dos impactos adversos e realçar os impactos
benéficos, bem como traçar diretrizes de manejo, nas áreas onde pretende- se implantar
empreendimento eólicos offshore.
Com base na análise dos Termos de Referência, artigos, relatórios técnicos e
entrevistas fonte de informações utilizadas nesta pesquisa, verificou-se a necessidade depropor
diretrizes para o gerenciamento dos impactos ambientais, orientando os órgãos licenciadores
brasileiro nos requisitos mínimos a serem considerados para emissão de parecer técnico sobre
os impactos ambientais e sociais, concessão de licenças ambientas das áreas propostas e a
definição dos programas de gerenciamento dos impactos ambientais a serem implantados para
o gerenciamento dos impactos ambientais, minimizando os impactos negativos e
potencializando os impactos positivos.
A proposta foi agrupada de acordo com as macro-fases do ciclo de vida de uma usina
eólica offshore: Instalação da usina; Operação e Manutenção e Descomissionamento. No
Quadro 15 é listado os programas de gerenciamento ambiental previstos para fase de instalação
do empreendimento.

Programa Impacto ambiental


Programa de Controle da Poluição Gestão das etapas do processo de implantação do
empreendimento de forma a minimizar a
Resíduo sólido, efluente e

poluição ao meio ambiente (alteração do solo, ar


controle da poluição

e da
água)

Programa de Gestão de Resíduos Sólidose Gestão de resíduos sólidos e efluentes, forma


Efluentes. de acondicionamento, transporte e
destinação final dos resíduos gerados
no processo de instalação do
empreendimento.
Programa de Monitoramento Ambiental Gestão e monitoramento das atividades que
causam impactos na água, sedimentos e biota.
Controle da turbidezda água, alteração do habitat,
afugentamento de espécies e alteração
Qualidade ambiental

da fisionomia do solo.

Programa de controle de Emissões degases Controle da poluição do ar pela emissãode


de efeito estufa partículas dos navios e máquinas.
Controle nos processos produtivos
identificando atividades potencialmente
poluidora.

Programa de Comunicação Social Gerenciamento da comunicação com as


comunidades da área de influência direta e
indireta e stakeholders.
Comunicação das comunidades sobre asetapas do
projeto, atividades realizadas no entorno do
empreendimento e impactos
relacionados ao
desenvolvimento produtivo.
Socioeconômico

Programa de Compensação da Atividade Gestão das interferências nos stakeholders


Pesqueira comunitários e suas relações com as atividades
pesqueiras
artesanal e industrial.

Programa de Educação Ambiental para Educação ambiental para os envolvidos na


Trabalhadores atividade sobre atividade pesqueira e turística,
biota aquática e qualidade da água podem ser
mitigados com medidas preventivas
operacionais, para o
convívio harmonioso.

Programa de Monitoramento de Significância dos impactos ambientais


Impactos de Plataformas e Embarcaçõessobre a na biota marinha, principalmente sobre
Fauna e Avifauna cetáceos e quelônios e Avifauna.
Fauna, avifauna

Programa de Monitoramento Acústico e Ruído e vibração ambiental.


vibração
Programa de Prevenção e Controle de Controle de espécies exóticas invasoras através
Espécies Exóticas Invasoras. da supressão desses indivíduos excluindo a
competição ambiental da
área.

Programa de Atendimento a Emergência Gerenciamento dos cenários de


nto
me

e Contingência. emergência e preparação para mitigação


de emergências ambientais e
desenvolvimento pessoal para
salvamento.
Programa Controle de processos Controle dos processos erosivos para mitigação
erosivos e assoreamento de deslocamento de camadas de solo e ocorrência
de alterações
Controle físico

significativas do solo.

Programa de controle a supressão de Controle da supressão vegetal além das


vegetação áreas licenciadas e minimização da
retirada da camada vegetal.
Programa de Acessos, Segurança e Sinalização das áreas com restriçõesambientais,
Sinalização fluxo de embarcações e
acessos seguros.
Sinalização e
tráfego

Programa de controle do tráfego de Controle do trafego de embarcações objetivando


embarcações. evitar a degradação acelerada do bioma.

Programa de Monitoramento da Biota –Peixes Impacto nos cardumes e espécies


ameaçadas de extinção – habitat,
hábitos, reprodução e alimentação.

Programa de Monitoramento da Biota – Impacto nos bentos – habitat, hábitos,


Monitoramento e conservação por táxon

Bento reprodução e alimentação.


Programa de Monitoramento da Biota – Impacto nas tartarugas marinhas –
Tartaruga marinha habitat, hábitos, reprodução e
alimentação.
Programa de Monitoramento da Biota –Aves Impacto nas aves – habitat, rotas demigração,
hábitos, reprodução e
alimentação.

Programa de Monitoramento da Biota – Impacto nos morcegos – habitat,


Morcego hábitos, reprodução e alimentação.
Programa de Monitoramento da Biota - Impacto nos mamíferos marinhos –
Mamíferos marinhos habitat, hábitos, reprodução e
alimentação.
e

Resgate e conservação do patrimônio e herança


Programa de conservação e resgate do
Patrimô

herança

cultural presente no ambientemarinho.


patrimônio e herança cultural.
nio

Quadro 15 – Programas de gerenciamento do impacto ambiental para implantação de usinas eólicas


offshore.
Fone: Autoria própria, 2021.
Além dos programas de gerenciamento dos impactos identificados na fase de
implantação os programas devem ser continuados na fase de operação, conforme listado na
Quadro 16.

Programa Impacto

Impacto nas tartarugas marinhas –


Plano de Ação Nacional para a Conservaçãodas
habitat, hábitos, reprodução e
Tartarugas Marinhas.
alimentação.
Plano de Ação Nacional para Conservação Impacto nos pequenos cetáceos– habitat,
dos Pequenos Cetáceos. hábitos, reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para Conservação dos Impacto nos mamíferos aquáticos –
mamíferos aquáticos: grandes cetáceos e habitat, hábitos, reprodução e
pinípedes. alimentação.

Plano de Ação Nacional para a Conservação Impacto nos albatrozes e pétreas– habitat,
dos Albatrozes e Petréis. hábitos, reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para Conservação da Impacto da Toninha– habitat, hábitos,
Toninha. reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para a Conservação Impacto das aves marinhas– habitat,
das Aves Marinhas. hábitos, reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para a Conservação Impacto dos manguezais– habitat,
dos Manguezais; hábitos, reprodução e alimentação.
Plano de Ação Nacional para a Conservação Impacto do peixe boi – habitat, hábitos,
do Peixe-boi marinho. reprodução e alimentação.
Quadro 16 – Programas de gerenciamento do impacto ambiental para operação.
Fone: Autoria própria, 2021.

Para a fase do descomissionamento os programas ambientais da fase de operação


devem ser avaliados a sua eficácia de forma a garantir que foram atendidos de maneira
satisfatória. Além dos programas que necessitem de continuidade deverá ser implantado os
programas constantes na Quadro 17.

Programa Impacto

Deverá contemplar as etapas do


Programa de Descomissionamento.
descomissionamento, destinação final dos
equipamentos da obra e resíduos gerados.
Controle dos equipamentos utilizados no
Programa de Controle da Poluição
descomissionamento, eventuais incidentes
ambientais da desmontagem das máquinas e
transporte dos equipamentos
desmobilizados.

Deverá prever as áreas prioritárias pararecuperação,


Programa de Recuperação de Áreas
método de recuperação das
Degradadas
áreas passiveis de serem restauradas.
Garantir a comunicação com a mão de obrasobre a
Programa de desmobilização de mão de obra
desmobilização, recomendando para
atividades correlatas.
Quadro 17 - Programas de gerenciamento do impacto ambiental para descomissionamento.
Fone: Autoria própria, 2021.
CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS, CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES

Devido às melhores condições do vento, em ambiente marítimo, para obter maior


geração de energia elétrica, a eólica offshore tem se desenvolvido em países de diferentes países
do mundo. Os parques eólicos offshore possuem várias vantagens, pois são menos intrusivos
(relativamente às turbinas em terra), a turbulência do vento no mar é inferior devido à
inexistência de barreiras, o que torna as condições de geração de energia elétrica com maiores
vantagens.
Para que ocorra o desenvolvimento da energia eólica offshore no Brasil, considerando
princípios do desenvolvimento sustentável (GONZÁLEZ et al., 2020) há a necessidade que a
regulamentação deste setor considere os impactos ambientais na implantação de usinas eólicas
offshore muito antes da concessão da área aos empreendedores.
Dentro desse contexto, a avaliação dos impactos ambientais exige o desenvolvimento
dos cinco elementos da estratégia marinha: (1) a avaliação da águas; (2) a determinação das
características de bom estado ambiental; (3) o estabelecimento de metas e indicadores
ambientais; (4) o estabelecimento de um programa de monitoramento; (5) a publicação de um
programa de medidas.
O estabelecimento dos programas de monitoramento é considerado os objetivos
ambientais, as diretrizes a serem seguidas e os indicadores ambientais a serem medidos nos
seguintes temas: biodiversidade, habitats, flora e fauna; Geologia e Solos; Paisagem / Vista do
mar; Ambiente aquático; Qualidade do ar; Fatores Climáticos; População e Saúde Humana;
Herança Cultural e outros usuários do mar, bens materiais (infraestrutura e recursos naturais).
Estudos ambientais realizados no Reino Unido, Dinamarca e Alemanha, para o levantamento
inicial das áreas propostas para implantação de usinas eólicas offshore e plataformas óleo e
gás foram conduzidos por entes governamentais e instituições de pesquisa, porém para o
Brasil ainda não foram desenvolvidos.
Pelo exposto, considerando-se a expectativa de desenvolvimento da energia eólica
offshore no Brasil, a questão que deu origem à pesquisa foi: Quais seriam os programas
ambientais adequados para o gerenciamento dos impactos ambiental de empreendimentos
eólicos offshore no Brasil?
Para isso, foram propostos quatro objetivos específicos: (i) Conhecer da literatura os
impactos ambientais gerados na implantação de Usinas Eólicas Offshore; (ii) Identificar
programas dos Termos de Referência utilizados no Brasil para empreendimentos eólicos
onshore e de Petróleo e Gás Offshore e de empreendimentos eólicos offshore do Reino Unido;
(iii) Levantar diretrizes, boas práticas e programas de gerenciamento de impacto ambiental dos
setores de óleo e gás offshore e da eólica onshore, por meio de estudo de casos; (iv) Sistematizar
os programas do gerenciamento de impacto ambiental de empreendimentos eólicos offshore
por macro fase do seu ciclo de vida.
O primeiro e segundo objetivos específicos foram alcançados e estão descritos no
capítulo 2, Fundamentação Teórica. O terceiro objetivo foi alcançado na pesquisa por meio do
estudo de casos e entrevistas, e foram sintetizadas mediante um quadro explicativo e está
descrito no capítulo 4.
O quarto objetivo específico foi atingido utilizando pela estruturação e sistematização
dos programas e está descrita no capítulo 5. Como consequência, foi atingida oobjetivo geral
da pesquisa que buscou responder à problemática deste trabalho “Quais seriam os programas
ambientais adequados para o gerenciamento dos impactos ambiental de empreendimentos
eólicos offshore no Brasil?”. A estruturação dos programas, considerando as macro fases de
uma usina eólica offshore, possibilita uma melhor visualização para o seu gerenciamento e
como diretrizes tanto para os empreendedores como para os órgãos fiscalizadores.
Como limitações da pesquisa, pode-se destacar que o tema é pouco explorado e os
estudos ambientais para áreas marítimas são insuficientes. Nesse sentido, recomenda-se para
futuros temas de pesquisa o detalhamento de cada programa de gerenciamento dos impactos
ambientais na fase das diretrizes propostas, além de comparar esse modelo com o de outros
países.
Recomenda-se também que sejam definidos os programas ambientais e seus termos de
referência, afim de construir um modelo de programas aplicado à realidade brasileira. Além
disso, estudos com relação a propostas de licenciamento, desenvolvimento de leis específicas,
com base na legislação dos países experientes na energia gerada offshore também são
necessários, bem como estudo dos processos de descomissionamento das usinas eólicas
offshore.
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APÊNDICE A: ROTEIRO DE ENTREVISTA

Público-alvo:
Consultores

Analistas
Ambientais

Empresarios

Questionário da entrevista
Questão 01: Quais são os planos e programas ambientais implantados na fase de instalação do
empreendimento que são mais significativos para a preservação do bioma a ser explorado?
Questão 02: Quais seriam as boas práticas para a elaboração de um estudo de impacto
ambiental na implantação de empreendimentos offshore (óleo e gás offshore, eólica offshore,
etc)? No Brasil e na costa do Nordeste?
Questão 03: Quais são os principais impactos negativos mitigáveis e não mitigáveis na
implantação de empreendimentos offshore (óleo e gás offshore, eólica offshore, etc)? No Brasil
e na costa do Nordeste?
Questão 04: Quais foram os principais dificuldades ou problemas na elaboração de estudos de
impactos ambiental para empreendimentos offshore? No Brasil e na costa do Nordeste?
Questão 05: Como é o processo de monitoramento dos impactos ambientais em
empreendimentos eólicos offshore?
Questão 06: Quais são os planos e programas ambientais implantados na fase de instalação de
empreendimentos eólicos onshore que são mais significativos para a preservação do bioma a
ser explorado?
Questão 07: Quais foram as principais dificuldades enfrentadas no levantamento dos dados para
elaboração do diagnóstico ambiental das áreas propostas para implantação de parques eólico
onshore ocorrida na fase inicial da construção dos primeiros empreendimentos eólicos?Questão
08: Quais os principais impactos negativos não mitigáveis na implantação de empreendimentos
eólicos onshore localizados no Nordeste do Brasil?
Questão 09: Quais os principais entraves do licenciamento ambiental junto ao órgão ambiental
para empreendimentos eólicos onshore? (responder em caso de expertise em onshore)
Questão 10: Qual a principal lição apreendida com o amadurecimento da análise ambiental
relativo à implantação de empreendimentos eólicos onshore e que podem ser aproveitados em
empreendimentos eólicos offshore?
ANEXO A
Requisitos mínimos que devem conter no Estudo de Impacto Ambiental conforme
Resolução CONAMA 001, Artigo 6.
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise
dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação
ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais,
a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes
marinhas, as correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies
indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de
extinção e as áreas de preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a
sócioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a
potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de
identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos
relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e
indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de
reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios
sociais.
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada
uma delas.
IV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos
positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental o órgão
estadual competente; ou o IBAMA ou quando couber, o Município fornecerá as instruções
adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características
ambientais da área.
Artigo 7º - O estudo de impacto ambiental será realizado por equipe multidisciplinar
habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que será
responsável tecnicamente pelos resultados apresentados.
ANEXO B
Termo de Referência de acordo com Anexo I e II Resolução CONAMA nº 462
Introdução.
Esta proposta de termo de referência tem por objetivo estabelecer um referencial para
a elaboração dos Estudos de Impactos Ambiental (EIA), que integram os procedimentos
ordinários para o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica
proveniente de fonte eólica enquadrados como de significativo potencial de impacto ambiental.
Os estudos a serem realizados devem se basear em informações levantadas acercados
fatores ambientais da área de influência, que deverá ser delimitada. Devem ser levantados e
avaliados as alternativas construtivas tecnológicas e de localização em função das
características do ambiente, e os impactos ambientais relativos às etapas do projeto
(planejamento, implantação e operação), e propostas mitigadoras e programas de
monitoramento e controle dos impactos negativos.
As metodologias para o estudo ambiental e para a avaliação dos impactos ambientais
deverão ser detalhadas.

A área de influência Direta (AID) é aquela cuja incidência dos impactos da


implantação e operação do empreendimento ocorre de forma direta sobre os recursos
ambientais, modificando a sua qualidade ou diminuindo seu potencial de conservação ou
aproveitamento. Para sua delimitação, deverão ser considerados os limites doempreendimento,
incluindo as subestações, nas áreas destinadas aos canteiros de obras, as áreas onde serão
abertos novos acessos, e outras áreas que sofrerão alterações decorrentes da ação direta de
empreendimento, a serem identificadas e delimitadas no decorrer dos estudos.
A Área de Influência Indireta (AII) é aquela potencialmente ameaçada pelos
impactos indiretos da implantação e operação do empreendimento de serviços e equipamentos
públicos e as características urbano-regionais a ser identificada e delimitada no decorrer dos
estudos.

1 Informações Gerais
1.1. Identificação do empreendedor.
o Nome ou razão social.
o CNPJ e Registro no Cadastro Técnico Federal.Endereço completo, telefone e e-mail.
o Representante legais (nome completo, endereço, fone e e-mail).Pessoa de contato (nome
completo, endereço, fone e e-mail).

1.2. Identificação da empresa responsável pelos estudos


Nome ou razão social.
CNPJ e Registro no Cadastro Técnico Federal.
Endereço completo, telefone e e-mail.
Representante legais (nome completo, endereço, fone e e-mail).
Pessoa de contato (nome completo, endereço, fone e e-mail).
• ART da empresa

1.3. Dados da equipe técnica multidisciplinar:


• Nome.
• Formação profissional.
• Número do registro no respectivo Conselho de Classe, quando couber.
• Número do Cadastro Técnico Federal.
• Currículo profissional
• ART quando couber.
Observação: cada membro da equipe técnica deverá assinar o EIA na página de identificação
da equipe técnica multidisciplinar.
O Coordenador deverá rubricar todas as páginas do estudo.

1.4 Identificação do empreendimento:


• Nome oficial e respectivo código de registro na ANEEL
• Município(s) e UF(s).
• Coordenadas geográficas Lat/Long, Datum SIRGAS2000 de todos os vértices da poligonal
solicitada.

2. Caracterização do empreendimento.
Apresentar os objetivos e as justificativas técnicas, econômico e socioambientais para a
proposição do empreendimento, considerando o Sistema Interligado Nacional quando couber.

2.1. Descrição Técnica do Projeto

Descrever e detalhar o projeto, fornecendo os dados técnicos e localização georreferenciada


de toda a obra e infraestrutura associada, inclusive acessos.
Incluir:
• Potência prevista (MW).
• Característica técnica do empreendimento apresentado em escala adequada.
• Área total e percentual de área com intervenção durante todas as fases do empreendimento.
• Número estimado e altura das torres (estruturas padrão e especiais, distância média entre
torres, tipos e dimensão das bases)
• Distâncias elétrica de segurança e sistema de aterramento de estruturas e cercas.
• Identificação de pontos de interligação e localização de subestações.
• Descrição da infraestrutura e sistemas associados ao empreendimento, com ênfase nos
acessos necessários.
• Especificação técnica dos aerogeradores (potência nominal, sistema de transmissão e
dimensão das pás).
• Descrição sucinta do funcionamento da subestação, tensão nominal, área total e do pátio
energizado e o sistema de drenagem pluvial.
• Rede de distribuição interna de média tensão. Estimativa de volumes de corte e aterro, bota-
fora e empréstimos, com indicação de áreas potenciais para as últimas.
• Estimativa de tráfego.
• Ações necessárias para a operação e manutenção do empreendimento
• Restrições ao uso da área do empreendimento e acessos permanentes.
• Alternativas tecnológicas, construtivas e de localização do empreendimento.
• Apresentar a estimativa do custo do empreendimento e o Plano de obras com cronograma
físico.
• Indicação de pontos de interligação e localização das subestações.
2.2. Implantação do projeto.
Caracterizar a(s) áreas destinadas ao canteiro de obra, incluindo layout e descrição de suas
unidades, oficinas mecânicas e postos de abastecimentos. Descrever a geração, destinação,
tratamento e controle de resíduos sólidos e efluentes gerados durante a implantação do
empreendimento. Estimar volumes de corte e aterro, necessidade de áreas de bota-fora e de
empréstimos, indicando áreas potenciais para as últimas. Estimar a contratação de mão de obra.
Indicar as praças de montagem das torres, estimar o fluxo de tráfego. Apresentar asáreas
de supressão de vegetação. Apresentar as diretrizes para logística de saúde, transporte e
emergência médica das frentes de trabalho, e estimar a demanda prevista para utilizar o sistema
local de saúde no período de obras, considerar os riscos construtivos, a probabilidade de
sinistros e a questão das doenças tropicais à luz das orientações da SVS/MS e especificar as
ações de controle. Estimar as áreas de supressão de vegetação destacando as Áreas de
Preservação Permanente e de reserva Legal, considerando todas as áreas de apoio e
infraestrutura durante as obras. Estimar restrições ao uso da área do empreendimento eacessos
permanentes. Apresentar a estimativa do custo do empreendimento e o plano de obras com o
cronograma físico.

2.3 Operação e manutenção


• Indicar as ações necessárias para a operação e manutenção do empreendimento.
• Indicar o quantitativo de pessoal envolvido
• Indicar as restrições ao uso da área do empreendimento e acesso associados.
• Indicar os acessos permanentes.

3. Estudos de alternativas tecnológicas construtivas e de localização.

Apresentar alternativas tecnológicas construtivas, e de localização/locacionais para o


empreendimento, bem como a hipótese de não instalação do mesmo, devendo utilizar matriz
comparativa das interferências ambientais e viabilidade do potencial eólico na região
integrando os meios físicos, bióticos e 10 socioeconômico. Indicar a magnitude de cada aspecto
considerando (peso relativo de cada um) e justificar as alternativas selecionadas. Considerando
quando couber.
• Necessidade de abertura de estrada de acessos.
• Interferência em área de importância biológica, áreas prioritárias para a conservação da
biodiversidade (MMA) e em áreas legalmente protegidas.
• Interferência na paisagem.
• Necessidade de realocação populacional.
• Localização ou interferência em áreas urbanas.
• Interferências em terras indígenas, projetos de assentamentos, comunidades quilombolas e
de outras comunidades tradicionais.
• Localização em patrimônio arqueológico, histórico e cultural.

4. Planos, Programas e Projetos

Avaliar a compatibilidade do empreendimento. Com os planos, programas e projetos


governamentais e privados, propostos e em implantação na área de influência.

5. Diagnósticos Ambiental

Todas as bases e metodologias utilizadas devem ser claramente especificadas, referenciadas,


justificadas e apresentadas de forma detalhada, junto ao tema. Os estudos abrangerão os
aspectos abaixo relacionados:
• O diagnóstico deve traduzir a dinâmica ambiental das áreas de influência da alternativa
selecionada. Deve apresentar a descrição dos fatores ambientais e permitir a identificação e
avaliação dos impactos ambientais decorrentes das fases de planejamento, implantação e
operação, subsidiando a análise integrada, multi e interdisciplinar.
• As informações relativas à área de influência indireta podem ser baseadas em dados
secundários, desde que sejam atuais e possibilitem a compreensão sobre os temas em questão,
sendo complementadas com dados primários na inexistência de dados secundários.
• Para a área de influência direta devem, preferencialmente, ser utilizados dados primários.
Serão aceitos dados secundários, obtidos em estudos ambientais, dissertações e teses
acadêmicas, livros, publicações e documentos oficiais, desde que a(s) metodologia(s) e a
localização de coleta de dados esteja(m) citados no EIA.
• Todas as bases e metodologias utilizadas devem ser claramente especificadas, referenciadas,
justificadas e apresentadas de forma detalhada, junto ao tema. Os estudos abrangerão os
aspectos abaixo relacionados.

5.1. Meio Físico


5.1.1. Clima e Condições Meteorológicas
Caracterizar o clima e as condições meteorológicas, segundo os seguintes parâmetros: regime
de precipitação, temperatura do ar, regime de ventos, fenômenos meteorológicos extremos.
5.1.2. Geologia, geomorfologia e geotecnia
Descrever as principais unidades geomorfológicas e suas características dinâmicas; caracterizar
os diversos padrões de relevo e os diferentes graus de suscetibilidade ao desencadeamento de
movimentos de massas, processos erosivos e assoreamentos de corpos d'água, tanto naturais
como de origem antrópica. Identificar, mapear e caracterizar as áreas prováveis de serem
utilizadas para empréstimo e bota-fora, com vistas à obtenção de licença ambiental específica.
5.1.3 Recursos Minerais
Identificar junto ao DNPM, os processos de extração de minerais existentes na área de
influência direta, com localização geográfica das diferentes áreas registradas, incluindo
informações sobre a situação dos processos (requerimento/autorização de pesquisa ou lavra).
5.1.4. Recursos hídricos
Identificar e mapear os principais corpos d'água, inclusive subterrâneas, na área de influência
direta do empreendimento. Apresentar a caracterização geral dos principais cursos d'água na
área de influência do empreendimento. Avaliar as condições de escoamento subsuperficial e
de drenagem nas áreas úmidas em que for necessária a construção de acessos, com o objetivo
de verificar as interferências nos fatores bióticos e abióticos.
5.1.5. Cavidades
Estudar o patrimônio espeleológico na área de influência direta, conforme estabelecido no
Decreto nº 99.556/90.
5.1.6. Sismicidades
Caracterizar a ocorrência (distribuição geográfica, magnitude e intensidade) de movimentos
sísmicos, incluindo histórico de eventos.
5.1.7. Ruídos
Caracterizar os índices de ruídos, na área de influência direta do empreendimento, em
atendimentos as normas da ABNT. Para os empreendimentos cujo limite do parque esteja
posicionado a menos de 400m de distância de residências isoladas ou comunidades apresentar
este estudo de forma a caracterizar os índices de ruídos e o efeito estroboscópio visando o
conforto acústico e a preservação da saúde da comunidade.
5.2. Meio Biótico
Caracterizar os ecossistemas nas áreas atingidas pelas intervenções do empreendimento, a
distribuição, interferência e sua relevância biogeográfica.
Descrever o total da área amostrada e o percentual em relação à AID e em relação a cada
fitofisionomia, considerando a sazonalidade regional. Selecionar as áreas de estudo de acordo
com a variabilidade de ambientes, para que a amostragem seja representativa em todo o mosaico
ambiental.
Os locais selecionados para a amostragem deverão ser listados, georreferenciados mapeados e
acordados com o órgão ambiental responsável pelo licenciamento antes do início dos trabalhos.
Identificar espécies vetores e hospedeiras de doenças.
Descrever e caracterizar a cobertura vegetal; indicar a sua extensão e distribuição em mapa
georreferenciado identificando rede hidrográfica, biomas, corredores ecológicos, áreas
protegidas por legislação e outras áreas com potencial para refúgio de fauna. Identificar e
caracterizar as unidades de conservação no âmbito federal, estadual e municipal, localizadas na
AII e as respectivas distâncias em relação à poligonal do empreendimento, mapear e apresentar
a relação das áreas prioritárias para conservação legalmente definidas pelos governos federal,
estadual e municipal.
Caracterizar as populações faunísticas e suas respectivas distribuições espacial sazonal, com
especial atenção às espécies ameaçadas de extinção, raras e/ou endêmicas e migratórias.
Caracterizar fauna silvestre em nichos de vegetação e corredores, em unidades de conservação
ou em áreas especialmente protegidas por lei, que funcionem como possível rota migratória ou
berçário para espécies existentes.
O levantamento da vegetação deve incluir espécies arbóreas, arbustivas, subarbustivas,
herbáceas, epífitas e lianas.
O levantamento florístico deve ser realizado em todos os estratos fitofisionômicos, inclusive
nos ambientes alagáveis.
A caracterização da flora deve consistir na amostragem qualiquantitativa, devendo o estudo
apresentar, no mínimo:
• Identificação e mapeamento das fitofisionomias presentes.
• Identificação e mapeamento dos fragmentos florestais indicando suas áreas (em hectare) e
seus estágios secessionais.
• Lista de espécies da flora informando: o Ordem, família, nome científico, nome vulgar; o
Estado de conservação, considerando as listas oficiais de espécies ameaçadas, tendo como
referência CITES, IUCN, MMA, listas estaduais e municipais. o Georreferenciar o local onde
foram encontradas aquelas ameaçadas de extinção; o Condição bioindicadora, endêmica, rara,
exótica, não descrita pela ciência e não descrita para região. o Habitat; o Estudos
fitossociológicos, com estimativa dos parâmetros de estrutura horizontal, tais como: densidades
absoluta e relativa, frequência, dominâncias absoluta e relativa, e índice de diversidade;
A caracterização da fauna deve consistir na amostragem qualiquantitativa, devendo o estudo
apresentar no mínimo: o Ordem, família, nome científico, nome vulgar; o Estado de
conservação, considerando as listas oficiais de espécies ameaçadas, tendo como referência
CITES, IUCN, MMA, listas estaduais e municipais. o Georreferenciar o local onde foram
encontradas aquelas ameaçadas de extinção; o Condição bioindicadora, endêmica, rara, exótica,
não descrita pela ciência e não descrita para região.
Forma de registro; o Habitat;
Destacar as espécies de importância cinergética, invasoras, de risco epidemiológico e as
migratórias. Para as espécies migratórias, as rotas deverão ser apresentadas em mapa com escala
apropriada. Identificar e mapear em escala compatível os sítios de reprodução, nidificação e
refúgio da fauna. Quando a interferência dos sítios de reprodução e descanso identificados
oficialmente nas rotas de aves migratórias, estas deverão ser apresentadas em mapa com escala
apropriada. Identificar e mapear em escala compatível os sítios de reprodução, nidificação e
refúgio da fauna. Apresentar estudo e mapeamento de comportamento sazonal da fauna
(avifauna e quiropterofauna).

5.3. Meio Socioeconômico


Demonstrar os efeitos sociais e econômicos advindos das fases de planejamento, implantação
e implantação e operação e suas interrelações com os fatores ambientais, possíveis de
alterações relevantes pelos efeitos diretos e indiretos do empreendimento. Quando procedente,
as variáveis estudadas no meio socioeconômico deverão ser apresentadas em séries históricas
representativas, visando à avaliação de sua evolução temporal. A pesquisa socioeconômica
deverá ser realizada de forma objetiva, utilizando dados atualizados e considerando a cultura e
as especificidades locais. Os levantamentos deverão ser complementados pela produção de
mapa temáticos, inclusão de dados estatísticos, utilização de desenhos esquemáticos, croquis e
fotografias. O estudo do meio socioeconômico deverá conter, no mínimo:

5.3.1. Caracterização populacional


Apresentar quantitativo, distribuição e mapeamento da população, densidade e crescimento
populacional com base em informações do IBGE; identificar os padrões de migração existentes
e as interferências sobre os serviços de saúde, educação e segurança pública; e identificar os
vetores de crescimento regional. Identificar grupos e instituições sociais (associações e
movimentos comunitários); avaliar as expectativas da população em relação ao
empreendimento.

5.3.2. Uso e Ocupação do Solo


Descrever o histórico da ocupação humana na área de influência direta do empreendimento.
Caracterizar e mapear o uso e ocupação do solo, em escala adequada; indicar os usos
predominantes, áreas urbanas e malha viária. Identificar os planos diretores ou de ordenamento
territorial nos municípios interceptados; analisar a compatibilização do empreendimento com
os zoneamentos, áreas e vetores de expansão urbana e restrições de uso e ocupação do solo.
Identificar a existência ou previsão de projetos de assentamentos rurais; caracterizar quanto à
localização, área, número de famílias e atividades econômicas. Identificar as principais
atividades agrossilvipastoris; indicar as culturas temporárias e permanentes. Identificar a
ocorrência de interceptação pelo empreendimento em reservas legais. Identificar interferências
do empreendimento com a malha de transportes, infraestrutura de saneamento, dutos,
transmissão e distribuição de energia elétrica e telecomunicações.

5.3.3. Estrutura Produtiva e de Serviços


Na Área de Influência Direta (AID) caracterizar os setores produtivos e de serviços, formais e
informais, incluindo os seus principais fluxos e mercados.
Identificar e caracterizar a infraestrutura existente e as demandas em relação à: educação, saúde,
transporte, energia elétrica, comunicação coleta e disposição de lixo, e segurança pública.
Apresentar as atuais atividades econômicas das comunidades atingidas pelo empreendimento,
com destaque para os principais setores, produtos e serviços (separando áreas urbanas e rurais);
geração de emprego; situação de renda, e potencialidades existentes.

5.3.4. Caracterização das Condições de Saúde e de Doenças Endêmicas


Analisar a ocorrência regional de doenças endêmicas, notadamente malária, dengue, febre
amarela e DSTs; Apresentar, quando disponível, os dados quantitativos da evolução dos casos,
a fim de possibilitar uma avaliação da influência do empreendimento nestas ocorrências.

5.3.5. Caracterização das comunidades


Tradicionais, Indígenas e Quilombolas Identificar a existência de comunidades tradicionais
(definidas pelo Decreto nº 6.040/2007), terras indígenas e territórios quilombolas; apresentar a
distância entre essas e o empreendimento. Apresentar para todas as comunidades identificadas
na Área de Influência Direta (AID): localização, descrição das atividades econômicas e fontes
de renda (agricultura, pecuária, pesca, extrativismo, artesanato e outras atividades produtivas),
aspectos e características culturais, expectativas em relação ao empreendimento.

5.3.6. Patrimônio Histórico, Cultural e Arqueológico


Diagnosticar, caracterizar e avaliar, na Área de Influência Direta (AID), a situação atual do
patrimônio histórico, cultural e arqueológico com base em informações oficiais;
Identificar e mapear possíveis áreas de valor histórico, cultural, arqueológico e paisagístico,
incluindo os bens tombados pelo IPHAN ou outros órgãos Estaduais e municipais de proteção
ao patrimônio histórico.

6. Análise Integrada
A análise integrada tem como objetivo fornecer dados para avaliar e identificar os impactos
decorrentes do empreendimento, bem como a qualidade ambiental futura da região.
Esta análise, que caracteriza a área de influência do empreendimento de forma global, deve ser
realizada após a conclusão do diagnóstico de cada meio.
Deve conter as interrelações entre os meios físico, biótico e socioeconômico, ilustrados com
mapas de integração, sensibilidades e restrições ambientais.

7. Identificação e Avaliação de Impactos Ambientais


Deverão ser identificadas ações impactantes e analisados os impactos ambientais potenciais nos
meios físico, biótico e socioeconômico, relativos às fases de planejamento, implantação e
operação do empreendimento. Os impactos serão avaliados considerando as áreas de influência
definidas. Na avaliação dos impactos sinérgicos e cumulativos deverão ser considerados os usos
socioeconômicos existentes nas áreas de influência direta e indireta, de forma a possibilitar o
planejamento e integração efetiva das medidas mitigadoras. Para efeito de possibilitar o
planejamento e integração efetiva das medidas mitigadoras. Para efeito de análise os impactos
devem ser classificados de acordo com os seguintes critérios:
• Natureza – característica do impacto quanto ao seu resultado, para um ou mais fatores
ambientais (positivo ou negativo);
• Importância – característica do impacto que traduz o significado ecológico ou
socioeconômico do ambiente a ser atingido (baixa, média, alta);
• Magnitude - característica do impacto relacionada ao porte ou grandeza da intervenção no
ambiente (alta, média ou baixa);
• Duração - característica do impacto que traduz a sua temporalidade no ambiente (temporário
ou permanente);
• Reversibilidade - traduz a capacidade do ambiente de retornar ou não à sua condição original
depois de cessada a ação impactante (reversível ou irreversível);
• Temporalidade - traduz o espaço de tempo em que o ambiente é capaz de retornar a sua
condição original (curto, médio ou longo prazo);
• Abrangência - traduz a extensão de ocorrência do impacto considerando as áreas de
influência. (direta ou indireta);
• Probabilidade - a probabilidade, ou frequência de um impacto será Alta (ALT) se sua
ocorrência for certa, Média (MED) se sua ocorrência for interinante, e baixa (BAI) se for
improvável que ele ocorra. Na apresentação dos resultados deverão constar:
• Metodologia de identificação dos impactos, avaliação e análise de suas interações;
• Planilha contendo os impactos classificado conforme os critérios estabelecidos neste Termo
de Referência, indicando as fases de ocorrência (planejamento, implantação e operação) e as
medidas necessárias para seu controle.

8. Prognótico Ambiental
O prognóstico ambiental deverá ser elaborado após a realização do diagnóstico, análise
integrada e avaliação de impactos, considerando os seguintes cenários:
• Não implantação do empreendimento
• Implantação e operação do empreendimento, com a implementação das medidas e programas
ambientais e os reflexos sobre os meios físico, biótico, socioeconômico e no desenvolvimento
da região;
• Proposição e existência de outros empreendimentos e suas relações sinérgicas, efeito
cumulativo e conflitos oriundos da implantação e operação do empreendimento. O prognóstico
ambiental deve considerar os estudos referentes aos diversos temas de forma integrada e não
apenas um compilado dos mesmos, devendo elaborar quadros prospectivos, mostrando a
evolução da qualidade ambiental na área de influência direta do empreendimento, avaliando-
se, entre outras:
• Nova dinâmica de ocupação territorial decorrente de impactos do empreendimento – cenários
possíveis de ocupação; • Efeito do empreendimento nos componentes da flora e fauna;
• Mudança nas condições de distribuição de energia, considerando o novo aporte de energia
elétrica no SIN, com foco no desenvolvimento econômico das regiões beneficiadas.

Realizar prognósticos, considerando a caracterização da qualidade ambiental atual da área de


influência do empreendimento, os impactos potenciais e a interação dos diferentes fatores
ambientais, incluindo a análise de conforto acústico das comunidades locais e a preservação
da saúde no que tange ao sombreamento e ao efeito estroboscópico dos aerogeradores. O
empreendimento deverá obedecer às normas ABNT no que diz respeito à acústica e a outros
itens relacionados à saúde das comunidades e dos trabalhadores do empreendimento.

9. Medidas Mitigadoras e Programas Ambientais


Identificar as medidas de controle que possam minimizar, compensar ou evitar os impactos
negativos do empreendimento, bem como as medidas que possam potencializar os impactos
positivos. Na proposição deverão ser considerados:
• Componente ambiental afetado
• Fase do empreendimento em que estes deverão ser implementados;
• Caráter preventivo, compensatório, mitigador ou potencializador de sua eficácia;
• Agente(s) executor(es), com definição de responsabilidades; e
• Período de sua aplicação: curto, médio ou longo prazo. Deverão se propostos Programas para
avaliação sistemática da implantação e operação do empreendimento, visandoacompanhar a
evolução dos impactos previstos, a eficiência e eficácia das medidas de controle e permitir
identificar a necessidade de adoção de medidas complementares. Osprogramas deverão conter:
objetivos, justificativas, público-alvo, fase do empreendimento em que serão implementados
em relação às atividades previstas e interrelação com outros programas. Apresentar, dentre
outros, os seguintes planos e programas:
• Programa de comunicação social
• Programa de educação ambiental, voltado para as comunidades atingidas e para os
trabalhadores do empreendimento;
• Programa de Gestão Ambiental;
• Programa de Monitoramento da fauna; e
• Plano ambiental para a Construção.

10. Compensação Ambiental


Apresentar proposta para atendimento à Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que trata da
compensação ambiental dos empreendimentos. Apresentar o Plano de Compensação
Ambiental, do qual deverá constar, no mínimo:
• Informação necessária para o cálculo do Grau de Impacto; e
• Indicação de proposta de Unidade de Conservação a serem beneficiadas com os recursos da
Compensação Ambiental, podendo incluir propostas de criação de novas unidades de
Conservação.

11. Conclusão
Esse item deve refletir sobre os resultados das análises realizadas referentes às prováveis
modificações na Área de Influência do empreendimento, inclusive com a implementação das
medidas mitigadoras e compensatórias propostas, de forma a concluir quanto à viabilidade ou
não do projeto proposto.

12. Referência bibliográfica

O EIA/RIMA deverá conter a bibliografia citada e consultada, especificada por área de


abrangência do conhecimento. Todas as referências bibliográficas utilizadas deverão ser
mencionadas no texto e referenciadas em capítulo próprio, segundo as normas de publicação de
trabalhos científicos na ABNT.

13. Orientações Gerais


Os textos deverão ser apresentados em formato Portable Document File (*.pdf) desbloqueado
e os dados tabulares/gráfico em formato de bancos de dados – Data bank File (*dbf) ou planilha
eletrônica (*.ods ou *xls). O número de cópias do Estudo Impacto Ambiental, do Relatório de
Impacto Ambiental e respectivos anexos, impressas e em meio eletrônico, será definido pelo
órgão licenciador. As informações cartográficas deverão ser georreferenciada; ao Datum
SIRGA2000; apresentadas em meio impresso e digital (formato ArcGIS caompatível (shp,
dxf,dgn).

14. Relatório de Impacto Ambiental


O relatório de impacto ambiental – RIMA, refletirá as conclusões do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA. Suas informações técnicas devem ser expressas em linguagem acessível ao
público, ilustradas por mapas em escala adequada, quadros, gráficos e demais técnicas de
comunicação visual, de modo que se possa entender claramente as possíveis consequências
ambientais do projeto e suas alternativas, comparando as vantagens e desvantagens de cada uma
delas. Em linha gerais, ele deverá conter:
• os objetivos e justificativas do projeto/empreendimento, bem como sua relação e
compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais;
• Descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada
uma delas, nas fases de implantação e operação, área de influência. Matérias-primas, fonte de
energia, processo e técnicas operacionais, efluentes, emissões e resíduos, empregos diretos e
indiretos a serem gerados nas fases de implantação e operação, relação custo/benefício
sociais/ambientais;
• Descrição dos impactos ambientais, considerando o projeto, as suas alternativas, os
horizontes de tempo de incidência dos impactos.
• Medidas Mitigadoras e Compensatórias.

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