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LÍNGUA PORTUGUESA

AULA 6

Profª Zuleica Aparecida Michalkiewicz


CONVERSA INICIAL

Ao longo das aulas desta disciplina, revimos questões gramaticais


bastante pontuais, sempre tendo em vista a questão textual. Nosso objetivo é a
escrita bem articulada de textos, e a leitura e a compreensão dos mais variados
gêneros. Nesta aula, retomaremos o texto e o contexto, e reveremos as
tipologias e os gêneros textuais para adentrarmos nos gêneros acadêmicos,
textos aos quais vocês terão mais acesso a partir do ingresso no ensino superior.
A escrita acadêmica tem suas especificidades e requer uma linguagem
objetiva, um texto bem argumentado, dentro da norma-padrão da língua. Assim,
nosso objetivo é compreender e construir diferentes textos que circulem pela
esfera acadêmica amparados na oralidade e na escrita, reconhecendo os
elementos que caracterizam um texto argumentativo.

TEMA 1 – TEXTO E CONTEXTO

Texto é uma palavra que vem do latim texere, que significa construir,
tecer. Assim, podemos dizer que as palavras são tecidas, ou seja, articuladas,
formando uma estrutura que dá origem ao texto. Essa tessitura, porém, não
acontece de modo tão ordenado e sistemático, em que primeiro, aprendemos as
palavras, depois as frases, para só depois entendermos o texto.
Antunes, em sua obra Análise de textos: fundamentos e práticas (2010),
conta que o professor Luiz Antônio Marcuschi, em uma de suas aulas, afirmou
que o texto começa no momento que alguém abre a boca para falar. Sendo
assim, “[...] todos os segmentos de nossa atividade de linguagem, desde os
primeiros balbucios são entendidos e classificados como partes funcionais de
um todo integrado: o texto” (Antunes, 2010, p. 32). Na mesma direção, Koch e
Elias (2007, p. 10) afirmam que “o texto é o lugar da interação e da constituição
dos interlocutores”. Por isso dizemos que os sentidos dos textos são construídos,
pois o sujeito se constitui e é constituído na e pela linguagem, e, nessa interação,
o texto ganha forma.
Todo texto que construímos tem um propósito comunicativo, isto é, uma
função, por mais simples que possa parecer, pois sempre há uma intenção de
interagir e agir sobre o outro, nosso interlocutor. O texto passa, então, a ser uma
atividade social porque faz parte das atividades do ser humano.

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Mas não se pode classificar como texto um conjunto qualquer de frases,
não é assim que funciona. Além daquilo já explicitado anteriormente, é preciso
que haja textualidade, ou seja, propriedades para que o texto seja construído.
Há necessidade de coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade,
informatividade, intertextualidade e situacionalidade. Como bem se sabe,
nenhum texto surge no vazio. Tem de haver um contexto sociocultural
determinado, uma situação real de uso, como um anúncio de um vendedor pelo
alto-falante em uma loja, um bilhete na geladeira, uma conversa na esquina.
Assim, sendo seres com linguagem, nossas ações sociais passam a
parecer óbvias, como ressalta Antunes (2010, p. 34): “[...] o absolutamente
evidente é que falamos sempre em um lugar, onde acontece determinado evento
social, e com a finalidade de, intervindo na condução desse evento, executar
qualquer ato de linguagem: expor, defender, comentar, etc.”, e todas essas
ações estão situadas dentro de um contexto social qualquer.

TEMA 2 – TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS

Como visto anteriormente, todas as nossas ações de linguagem são


executadas por meio de textos. Esses textos pertencem sempre a um gênero e,
portanto, a comunicação só é possível por meio de gêneros textuais. Além disso,
eles apresentam uma sequência textual que constitui os mais diversos gêneros,
a tipologia; todavia, eles variam menos que a função da circunstância social.
Para esclarecer, explicaremos separadamente esses termos.

2.1 Tipologia textual

É o conjunto de características comuns em termos de estruturação,


seleção lexical, uso de tempos verbais, advérbios e outros elementos que
permitem reconhecer um texto como pertencente a uma determinada classe.
São modos textuais que podem também ser chamados de
superestruturas, e que predominam em um dado texto concreto. São eles:

 Narrativo: apresentam uma sequência temporal de eventos; há verbos de


ação, personagens e um narrador dentro de um espaço no qual há uma
sucessão de acontecimentos (enredo);

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 Descritivo: trata-se de um relato que apresenta propriedades, qualidades
e elementos componentes de uma entidade, de uma situação e de um
espaço. Há predominância de verbos de estado e situação;
 Expositivo: apresenta um conceito ou uma ideia; a análise – ou síntese de
representações conceituais – aparecem em uma ordenação lógica;
 Injuntivo ou instrucional: são aqueles que introduzem uma explicação e
um método para a realização da ação; apresentam prescrições
ordenadas. Tem, como marca, verbos no imperativo, infinitivo ou futuro
do presente;
 Argumentativo: defende uma ideia, um ponto vista, uma teoria, uma
opinião; apresenta uma ordenação ideológica de argumentos e contra-
argumentos.

2.2 Gêneros textuais

São todas as produções, sejam orais, sejam escritas, que apresentam,


em termos bakhtinianos, uma forma relativamente estável em sua estruturação.
São todos os textos que encontramos na vida cotidiana e em situações reais de
uso, e que apresentam um propósito comunicativo.
Os gêneros textuais têm composições específicas que variam de acordo
com contexto e estilo. Não é possível estabelecer uma classificação de gêneros
porque eles são infindáveis. Veja alguns exemplos: bilhete, sermão, carta,
reportagem, romance, fábula, horóscopo, bula de remédio, piada, bate-papo,
inquérito policial, entre tantos outros.
Dentro dos gêneros estão os tipos de textos. Em outras palavras, um texto
narrativo pode se apresentar nos gêneros romance, conto, fábula, novela etc. Já
o texto argumentativo pode ser encontrado em artigos, anais, revistas, editoriais
e outros. Evidentemente, essa separação serve apenas para fins didáticos, para
mostrar que os tipos são finitos e os gêneros, infinitos, haja vista que um está
contido no outro.
Quanto a características, os gêneros apresentam um plano
composicional, certas particularidades. Por exemplo, uma carta deve ter
destinatário, remetente, saudação e mensagem.
Além disso, os gêneros têm temas; é o sentido do texto como um todo.
Em uma tirinha, é comum o uso de humor como composição temática para levar
o leitor a refletir sobre um determinado assunto.
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E, por último, o estilo que as escolhas linguísticas selecionadas para
cumprir com o que se quer dizer.
Os gêneros textuais circulam em variadas esferas, conforme o propósito
e as características que se queira imprimir aos textos, por exemplo, jornalística,
acadêmica, religiosa etc. Cada uma das instâncias de discurso abarca gêneros
textuais específicos, uma vez que são rotinas comunicativas institucionalizadas
e que instauram as relações de poder.

TEMA 3 – GÊNEROS ACADÊMICOS

Ao ingressar na universidade, uma das maiores dificuldades dos alunos


está relacionada ao gênero textual utilizado no contexto do discurso acadêmico.
Geralmente, os alunos sentem dificuldade na leitura e têm pouca
compreensão do que leem. Diante dessa dificuldade inicial, é comum que não
consigam organizar a escrita de forma reflexiva. Como diz Bakhtin (1992), os
gêneros são estruturas mais ou menos estáveis de comunicação, pois podem
sofrer alterações conforme o propósito comunicativo, o estilo e a forma. Todavia,
em diferentes instâncias discursivas, há gêneros específicos que circulam na
esfera acadêmica como forma institucionalizada de estabelecer as relações de
poder. Dentre eles, encontramos resumo científico, resenha, artigo científico,
ensaio, trabalho de conclusão de curso (TCC), monografia, resumo expandido,
memorial descritivo, fichamento, glossário, dentre vários outros. Vejamos a
seguir as características de alguns deles.
A resenha é um texto que apresenta, de forma concisa, a apreciação
crítica de uma obra. Sua estrutura consiste basicamente na apresentação do
autor, da obra, do resumo da obra, da apreciação crítica e da indicação da obra.
Vale destacar que a obra pode ser literária, científica ou pertencer a qualquer
outra área. A função principal da resenha é apresentar a contribuição do autor
para o assunto ou tema referente à sua área de atuação. Ao elaborar uma
resenha, é preciso competência na leitura, na análise e na compreensão de
textos científicos, uma vez que esse gênero é utilizado na esfera acadêmica com
o propósito de ajudar os alunos a aproveitar ao máximo o texto discutido. Por
isso, é necessário passar por três níveis de leitura a fim de fazer uma análise do
texto, do tema e uma apreciação crítica a respeito do que se leu.

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O fichamento é um texto que objetiva organizar e sistematizar o
conhecimento. Para isso, são feitos apontamentos ao longo da coleta de
informações.

Fichar um texto significa sintetizá-lo, o que requer a leitura atenta do


texto, sua compreensão, a identificação das ideias principais e seu
registro escrito de modo conciso, coerente e objetivo. Pode-se dizer
que esse registro escrito – o fichamento – é um novo texto, cujo autor
é o "fichador", seja ele aluno ou professor. A prática do fichamento
representa, assim, um importante meio para exercitar a escrita,
essencial para a elaboração de resenhas, papers, artigos, relatórios de
pesquisa, monografias de conclusão de curso, etc. Além de ser uma
das bases da leitura acadêmica. (Campos, 2015, p. 17)

O relatório é um gênero textual que objetiva comunicar a experiência


vivenciada na realização de um trabalho e apresentar os resultados obtidos. Ele
precisa ser claro e direto, de modo que o leitor possa reproduzir a experiência
do autor. Tipo, objetivo, estrutura e linguagem são elementos importantes de um
relatório. Para isso, deve-se fazer sempre todas as anotações necessárias ao
longo do processo da experiência que será relatada para que todos os pontos
relevantes sejam indicados. Quanto à escrita, o relatório é uma descrição ou uma
narrativa em que é exposto o passo a passo da pesquisa realizada, a finalidade
do trabalho, a justificativa do procedimento escolhido, a discussão dos dados
obtidos e, por fim, a conclusão.
O resumo científico é um gênero que apresenta, de forma concisa e clara,
os pontos mais relevantes de um texto. Nele devem constar o objetivo do texto,
o tema, o método de pesquisa, os resultados e a conclusão. Ao final devem ser
incluídas palavras-chave, que são os principais temas abordados no texto.
Geralmente, devemos seguir cinco passos para produzir um resumo
científico. O primeiro situa o território da pesquisa que expõe o problema
abordado no trabalho e estabelece a importância da pesquisa. Nessa etapa,
pode-se ainda contestar pesquisas prévias ou indicar algumas de suas lacunas.
Em um segundo momento são apresentados os objetivos principais da pesquisa;
suas principais características são indicadas e hipóteses são levantadas. No
terceiro passo, deve-se descrever a metodologia trabalhada, as técnicas de
pesquisa e a estrutura do trabalho. A revisão da literatura é o quarto passo, em
que são citadas as principais teorias e os conceitos utilizados no texto. Por fim,
são apresentados os principais resultados encontrados e as conclusões.

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Evidentemente, outros gêneros fazem parte da esfera acadêmica. Porém,
neste primeiro momento, esses gêneros citados aqui já esclarecerão muitas
leituras.

TEMA 4 – ARGUMENTAÇÃO NA ESCRITA ACADÊMICA

Na escrita acadêmica, há sempre uma argumentação com base em


evidências, em que se defende um posicionamento. O texto científico é todo
sustentado por evidências e justificativas, por fontes seguras de pesquisa,
conceitos e teorias.
O objetivo da construção de um argumento é mostrar e/ou explicar um
ponto de vista, podendo-se também sugerir uma solução para o problema
levantado. Entretanto, um argumento não se limita apenas a oferecer
informações. Quando construímos um argumento, interagimos com outros
pesquisadores de nossa área. Assim, buscamos validação de nossos pontos de
vista para que eles sejam considerados.
A argumentação também pode ser contra-argumentada, isto é, refutada.
A contra-argumentação consiste em apresentar evidências. Ela pode ser
comprovada de modo factual ou por meio de estatísticas, ou por meio de
pesquisas que vão de encontro ao argumento. Vale destacar que a contra-
argumentação não é sinônimo de invalidação de um texto, mas de um diálogo
que inclui outros olhares sobre o mesmo problema. Na verdade, o contra-
argumento é um recurso que o próprio autor do texto pode utilizar para contrapor
ideias e deixar claro que compreende outras possibilidades que levam a
resultados diferentes.
Para isso, é preciso que a argumentação tenha credibilidade, ou seja,
tenha respaldo científico e teórico. É possível apresentar dados estatísticos e
fatos por meio de exemplos e ilustrações combinados com a literatura da área
pesquisada, contrapondo outras pesquisas já feitas a respeito do assunto. A
argumentação também pode ser comprovada por meio de outros textos,
poemas, reportagens, fotos, entrevistas, fotos, cartas, documentos oficiais etc.
Porém, tenha cuidado com as falhas na argumentação! Elas acontecem
quando se faz generalizações sobre um assunto, quando se usa clichês,
crendices, falsas analogias, comparações subjetivas, opiniões sem dados
concretos e deduções precipitadas ou frágeis. Por isso, é necessário ler com

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muita atenção a teoria, analisar os dados com cuidado, fazer fichamentos das
teorias para não haver falhas ao se expor um ponto de vista e defendê-lo.
Na escrita acadêmica, a argumentação é sempre modalizada, assertiva,
isto é, nada imperativa ou determinativa, uma verdade absoluta. Isso porque as
pesquisas se proliferam na academia com vistas sempre à inovação e à evolução
da sociedade. Além disso, a modalização na escrita deixa claro o respeito por
outros pesquisadores e pelos resultados de suas respectivas pesquisas.

TEMA 5 – ELEMENTOS DA ESCRITA ACADÊMICA

Como já visto e destacado em aulas anteriores, o texto científico é um


texto objetivo; nele, não há espaço para divagações. A teoria precisa ser exposta
de forma concisa e apresentar as ideias principais do tema explorado de modo
claro, a fim de que possa ser compreendida pelo leitor. Os conceitos da teoria
precisam ser discutidos, e não apenas definidos. Isso porque na escrita científica
partimos de um conceito, mas, ao longo da pesquisa, há adaptações quanto ao
modo com que esse conceito funciona para a problemática.
Assim, existe uma complexidade maior nas sentenças, porque passa pela
apreensão da teoria para diversas situações de aplicação. São feitas ligações
entre várias áreas do saber, e essas pontes, muitas vezes, dificultam a leitura
porque há necessidade de compreender a perspectiva do pesquisador.
O vocabulário técnico, os jargões e a linguagem culta exigem do leitor
uma atenção maior e a pesquisa constante para compreender o que está sendo
dito. Além disso, esses textos tendem a ser impessoais, isto é, são escritos em
terceira pessoa ou na primeira pessoa do plural, porque há muita informação de
inúmeras fontes. Desse modo, os demais pesquisadores são respeitados e há
um distanciamento do texto, ou seja, não há marcas emocionais ou subjetivas,
o que colabora para que não haja falha de argumentação.
A escrita acadêmica apresenta marcas coesivas que estabelecem as
relações de sentido entre as sequências discursivas. Essas marcas linguísticas,
muitas vezes, geram a complexidade da leitura, dificultando a compreensão das
ideias subjacentes do texto. O texto acadêmico também é modalizado, e nele
não são feitas afirmações que não possam ser comprovadas. É preciso seguir
uma unidade de escrita, padronizando a pessoa do discurso, as marcas de
modalização, as marcas coesivas de referenciação e a sequenciação.
Vejamos alguns exemplos:
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 É possível observar que...;
 Pode-se perceber/dizer/argumentar que...;
 Nota-se, nos dados coletados, que...;
 É provável que tal fato se deva... .

Note que em nenhuma das expressões acima há marcas subjetivas. O


sujeito está ausente pela impessoalidade da terceira pessoa (pode-se, nota-se).
Além disso, as expressões estão modalizadas e abrem possibilidades de
interpretação ao não fazer afirmações categóricas.
A articulação de ideias em um parágrafo deve construir uma sequência
coerente, para que haja progressão no texto e o leitor seja conduzido à
compreensão de seu significado. Para isso, sugerimos o uso de alguns
articuladores que indiquem seu uso e alguns cuidados, como:

 Relações de tempo: não use repetidamente a expressão “e depois”. Ela


pode ser substituída por: “em seguida”; “mas antes”; “mais adiante”; “logo
a seguir”; “anteriormente”; “posteriormente” etc.;
 Espaço: é sempre importante indicar o local ou a posição dos elementos
a que se refere. Tome como exemplo a análise de um anúncio. Nas
descrições, utilize expressões como: “à esquerda”, “à direita”; “em cima”;
“por baixo”; “ao fundo”; “logo à entrada”; “atrás”; “em primeiro lugar”; “por
último”; “em primeiro plano”; “ao centro”; “acima”; “abaixo” etc.;
 Relações de causa: quando precisar explicar o motivo pelo qual acontece
determinada situação, use as seguintes expressões: “é por isso que”;
“porque”; “visto que”; “foi por causa de”; “uma vez que”; “devido a” “em
virtude de” etc.;
 Relações de comparação e/ou oposição: quando houver a necessidade
de ligar duas ideias ou acontecimentos, utilize expressões como: “pelo
contrário”; “do mesmo modo”; “por outro lado”; “por sua vez”; “porém”; “no
entanto”; “contudo”; “mesmo assim”; “igualmente”; “contrariamente”
“nesse âmbito”; “nesse ínterim”;
 Demonstração de raciocínio: use essas expressões para convencer o
leitor de seu texto: “com efeito”; “efetivamente”; “na verdade”; “desta
forma”; “com certeza”; “decerto” “tendo em vista”; “haja vista”;

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 Apresentação de exemplos: para apresentar exemplos ou esclarecer uma
ideia, use as expressões: “isto é”; “por outras palavras”; “aliás”; “ou seja”;
“quer dizer”; “ou melhor”; “no que respeita a”; “por exemplo”.

Todo texto acadêmico segue as normas da Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT), que estabelece uma padronização em layout,
espaçamento, tipo de letra, enfim, em detalhes estruturais de um modo geral.
Cabe destacar que muitas instituições seguem normas próprias em seus
trabalhos, como artigos, trabalhos de conclusão de curso (TCCs), monografias
etc. Essa especificação institucional acontece porque as normas da ABNT
mudam com frequência e são extensas. Assim, para facilitar o trabalho do
pesquisador, a instituição estabelece quais normas devem ser seguidas.

NA PRÁTICA

Leia o texto a seguir e identifique gênero e tipologia, indicando suas


características.

A confiança tem sido amplamente abordada por diversas disciplinas,


como a Sociologia, a Psicologia, a Economia e o Marketing. Entretanto,
após um exame do estado da arte dessa abordagem, vislumbram-se
ainda lacunas no conhecimento da confiança. Um desses hiatos refere-
se às bases afetivas da confiança, amplamente ignoradas pelos
pesquisadores, que consideram, na maioria das vezes, apenas as
bases cognitivas. Buscando preencher essa lacuna, o objetivo principal
deste ensaio teórico é investigar a confiança interpessoal baseada no
afeto, incluindo nessa investigação, com base na literatura existente
sobre o tema, especialmente nos estudos de Bernard (2006) e Suotis
(2008; 2010), sua precisa e clara definição, suas bases (como é
construída), em que situações seria mais relevante e, finalmente, sua
influência nas intenções de lealdade. Ao longo do ensaio são
elaboradas proposições de pesquisa e, ao final, são feitas
considerações e sugeridas futuras trilhas de pesquisa. Propõe-se
neste estudo que a confiança interpessoal baseada no afeto seja
explicada pela teoria do cuidado humano advinda da medicina e da
enfermagem, que explora a necessidade de percepção pelo paciente
de cuidado, atenção e interesse por parte do prestador de serviço.
Palavras-chave: confiança interpessoal; influência intencional; afeto.
(Santos; Terres, 2010)

FINALIZANDO

Nesta aula retomamos a noção de texto, que pode ser definido como a
tessitura de ideias, discursos, orações e palavras, além de ser o lugar da
interação entre autor-texto-leitor. Os textos apresentam tipologias e gêneros
diferentes para cada situação comunicativa. Como vimos, as tipologias textuais
são limitadas; já os gêneros são infinitos e ressignificados constantemente.
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Os gêneros textuais circulam em diferentes esferas devido às suas
instâncias discursivas. Ao longo de nossa aula, voltamos nossa atenção para os
gêneros acadêmicos, já que, a partir de agora, serão os gêneros com os quais
você mais terá contato.
Os gêneros acadêmicos exigem níveis profundos de leitura e domínio de
textos expositivos-argumentativos, porque a argumentação é uma das
características dos textos científicos. Dessa maneira, eles precisam ser bem
alicerçados em evidências para que possam imprimir credibilidade no texto.
Vimos que, dada a sequência expositivo-argumentativa, os gêneros
acadêmicos têm elementos específicos que os compõem, e que sua leitura exige
atenção redobrada.

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REFERÊNCIAS

ANTUNES, I. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola,


2010.

CAMPOS, M. Manual dos gêneros acadêmicos. Mariana: Edição do autor,


2015.

CITELLI, A. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 2000.

KOCH, I. V.; ELIAS, V. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo:


Contexto, 2006.

SANTOS, C. P. dos.; TERRES M. da S. Exame da confiança interpessoal


baseada no afeto. REGE, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 427-449, jul./set., 2011.

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