Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROPÓSITO
Compreender as diferenças entre sistema nervoso autônomo e sistema nervoso motor
somático, bem como as características farmacológicas que afetam o funcionamento e as
respostas mediadas por cada sistema.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
APRESENTAÇÃO
Fonte: Shutterstock
Sabe-se que a natureza humana busca desbravar o mundo através da percepção de gostos,
cheiros, sons, luzes e toques, que correspondem a estímulos que despertam no ser humano
respostas de fuga ou luta para sentimentos aversivos ou de busca e apreço quando falamos
de
sentidos mais tenros.
Nossas decisões dependem de estímulos interpretados pelo nosso encéfalo através de sinais
recebidos de partes mais extremas de nosso corpo, que acarretam nas mais variadas
respostas no organismo, como salivar ao visualizar um alimento saboroso ou se deparar
com
uma experiência que cause grande medo, desencadeando a resposta de sair correndo em
fuga. Todos esses sentidos são dependentes de uma conversa entre diferentes regiões do
sistema nervoso, que promovem importantes respostas de nosso corpo ao longo da vida.
Foi também nesse período que os cientistas demonstraram que os músculos poderiam ser
movimentados após a estimulação dos nervos através de correntes elétricas e que o
próprio
encéfalo também produzia sinais elétricos enviados para a periferia. Essas
descobertas
esclareceram que os nervos eram como fios que conduzem sinais elétricos para
o encéfalo, e
vice-versa.
Eles perceberam que essa interação entre o sistema nervoso central e esses reflexos
apresentados no sistema nervoso periférico ocorria de forma autônoma, ou seja, sem o
controle direto das vontades apresentadas pelo indivíduo, sendo chamado de
sistema
nervoso autônomo.
Também foi reconhecido que os estímulos elétricos incidentes nas células musculares
esqueléticas promoviam ações contráteis e mediavam respostas motoras, sendo os estímulos
independentes das vias autonômicas e de controle através da consciência do indivíduo.
Assim,
denominaram-no sistema nervoso motor somático, ou somente
sistema nervoso
somático.
Fonte:Shutterstock
Atualmente, há uma série de fármacos com funções moduladoras das repostas associadas ao
sistema nervoso autônomo e motor somático. A regulação farmacológica desses sistemas vem
apresentando efeitos terapêuticos importantes na promoção da saúde, no controle de
doenças
e na realização de procedimentos médicos. Desta forma, dedicamos nossa viagem
neste tema
para conhecer as particularidades do sistema nervoso autônomo e motor
somático, a ação dos
fármacos na modulação das respostas adrenérgicas e no controle
colinérgico autonômico e
motor somático promovido por agentes farmacológicos.
MÓDULO 1
INTRODUÇÃO
O sistema nervoso de todos os mamíferos apresenta duas divisões: o sistema nervoso
central
(SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). Neste módulo, identificaremos
fatores importantes
da excitabilidade de membrana e transmissão do impulso elétrico,
vias de síntese e liberação
de neurotransmissores. Conheceremos importantes componentes
do sistema nervoso
periférico, discutiremos as diferenças entre o sistema nervoso
autônomo (SNA) e sistema
nervoso motor somático (SNMS).
Fonte: Shutterstock
EXCITABILIDADE DE MEMBRANA E
TRANSMISSÃO
DO IMPULSO ELÉTRICO
Neurônios e células musculares esqueléticas têm características excitáveis, ou seja,
respondem a estímulos elétricos recebidos através de comunicações celulares chamadas de
sinapses. Por gerarem diferença na concentração iônica através da bicamada lipídica, as
membranas celulares podem armazenar energia na forma de gradiente eletroquímico, os
quais
são importantes para gerar impulsos elétricos voltados para a comunicação celular.
Fonte: Shutterstock
Anatomia de um neurônio
As bicamadas lipídicas são altamente impermeáveis para a maioria das moléculas polares.
Para transportar pequenas moléculas hidrossolúveis para o interior ou o exterior celular
ou para
compartimentos intracelulares envoltos por membrana, as membranas contam com
várias
proteínas de transporte, cada qual responsável pela transferência de um soluto ou
uma classe
de solutos em particular através da membrana.
Existem duas classes de proteínas de transporte através da membrana:
CARREADORAS
CANAIS
As proteínas carreadoras ligam solutos (íons) específicos e os transferem através da
bicamada
lipídica, alterando sua conformação e promovendo a permeabilidade aos íons
através da
membrana. Algumas proteínas carreadoras transportam um único soluto a
favor do seu
gradiente eletroquímico, enquanto outras atuam como bombas, carreando
os íons contra o
gradiente eletroquímico e utilizando energia pela hidrólise de ATP
na promoção do transporte,
Fonte: Shutterstock
Proteína
carreadora
Fonte: Shutterstock
Proteína de
canal
O potencial de membrana tem origem quando existe uma diferença na carga elétrica nos dois
lados de uma membrana devido a uma divergência na distribuição de íons positivos e
negativos em suas duas faces. Essas diferenças podem ocorrer por um bombeamento
eletrogênico ativo e por um transporte passivo de íons, sendo os últimos de movimentos
de
maior contribuição para a manutenção do potencial elétrico de membrana.
A condição de equilíbrio, na qual não existe fluxo de líquido de íons através da membrana
plasmática, define o potencial de repouso de membrana.
ATENÇÃO
Apesar dos diferentes sinais transmitidos pelas células neuronais, a forma do sinal é
sempre a
mesma, consistindo em mudanças no potencial elétrico através da membrana
plasmática do
neurônio. A comunicação acontece porque uma alteração elétrica em uma
região celular se
propaga para outra região, podendo tornar-se mais forte ou fraca
dependendo da trajetória,
amplificação e força do sinal recebido.
Fonte: Shutterstock
Desenvolvimento de um potencial de
ação em uma célula nervosa através da ação de um
canal de sódio
dependente de voltagem no corpo celular
O potencial de ação é uma consequência direta das propriedades dos canais iônicos
controlados por voltagem. Ele é desencadeado por uma despolarização da membrana
plasmática em células neuronais e musculoesqueléticas. Um estímulo que gere suficiente
segundo estímulo. Esses canais se abrem, de modo que o influxo de Na+ seja
rapidamente
São responsáveis pela geração dos potenciais de ação nas células eletricamente
excitáveis,
como os neurônios e as células musculoesqueléticas.
ETAPA 1
Uma mudança de potencial elétrico na célula pré-sináptica desencadeia a
liberação de
pequenas moléculas sinalizadoras, conhecidas como
neurotransmissores, que estão
armazenadas em vesículas sinápticas, envoltas
por membrana e liberadas por exocitose.
ETAPA 2
O neurotransmissor difunde-se rapidamente através da fenda sináptica e
provoca uma
mudança elétrica na célula pós-sináptica por ligação nos canais
iônicos controlados por
transmissor. Após a liberação do neurotransmissor,
ele é rapidamente removido, degradado por
enzimas específicas na fenda
sináptica, ou é captado novamente pelas terminações nervosas
que o liberaram
ou pelas células gliais presentes na sinapse.
ETAPA 3
A recaptação é mediada por uma variedade de proteínas carreadoras de
neurotransmissores
Fonte: Shutterstock
Sinapse Química
Vamos tratar especificamente do sistema nervoso autônomo simpático, parassimpático e do
sistema nervoso motor somático. Para tal, há duas grandes famílias de neurotransmissores
envolvidos. Quando tratarmos do sistema nervoso autônomo simpático, conheceremos as vias
adrenérgicas. Ao passo que, no sistema nervoso autônomo parassimpático e motor somático,
veremos as vias colinérgicas de neurotransmissão.
A farmacologia de cada sistema será tratada mais adiante, destacando o impacto dos
fármacos
sobre o sistema nervoso periférico e suas divisões.
SISTEMA COLINÉRGICO
No sistema colinérgico, a molécula neurotransmissora é a acetilcolina (Ach), que foi
a
primeira
substância identificada como neurotransmissor através de suas funções de
diminuição da
frequência de batimento cardíaco nas sinapses neuromusculares entre o
nervo vago e as
células musculares cardíacas. Posteriormente, a Ach foi associada às
funções
musculoesqueléticos nas sinapses entre o neurônio motor somático e fibra
muscular
esquelética e, finalmente, nas sinapses dos gânglios viscerais, atuando na
regulação das vias
autonômicas.
Fonte: Shutterstock
Estrutura
química da acetilcolina
A íntima associação entre a ligação da Ach nos sítios específicos promove a abertura de
poros
e a permeabilidade de cátions através desses canais, permitindo a rápida resposta
excitatória
característica desses receptores. Tais receptores são encontrados no SNC,
associados a
ações estimulantes relacionadas ao consumo de nicotina e mimetizados na
presença de Ach,
mas também são os receptores da junção neuromuscular responsáveis pelo
potencial
excitatório na fibra muscular esquelética na indução do movimento.
RECEPTORES MUSCARÍNICOS
Fonte: Shutterstock
Estrutura
química das catecolaminas
SISTEMA ADRENÉRGICO –
CATECOLAMINAS
Membro da família das aminas biogênicas, os neurotransmissores adrenérgicos desempenham
muitas funções no SNC, mas também realizam importantes ações no SNP. As aminas
biogênicas que compõem o sistema adrenérgico são as catecolaminas (dopamina,
noradrenalina e adrenalina). Todas as catecolaminas são sintetizadas a partir de um
aminoácido precursor: tirosina. O primeiro passo na síntese das catecolaminas é
catalisado
pela enzima tirosina hidroxilase, que sintetizará, a partir da tirosina, a
dihidroxifenilalanina
(DOPA), molécula precursora da dopamina.
Fonte: Shutterstock
Dopamina
O SNA é composto por uma grande rede de conexão neuronal distribuída ao longo de nosso
organismo. Também é conhecido como sistema nervoso involuntário, visceral ou vegetativo,
uma vez que as funções viscerais são normalmente executadas de forma automática, sem
controle voluntário.
Imagine que, em uma aula de Farmacologia, logo pela manhã, um aluno está
utilizando
as
redes socais através de seu smartphone e, subitamente, o professor o
chama para a
frente da
turma, solicitando que explique as vias bioquímicas de ação dos fármacos
em discussão, tema
em que o aluno prestou pouca atenção. Nessa hora, ele está
exposto a uma situação clássica
de luta-ou-fuga, e seu corpo reagirá de acordo com a
situação de estresse, mesmo que sua
mente admita que ele esteja agindo erradamente
ao navegar nas redes sociais em sala de aula
e deva se desculpar. Essa resposta ao
estresse sentido em seu corpo, chamada de “frio na
barriga”, é uma resposta
fisiológica de seu organismo, incluindo aumento de frequência
cardíaca e da pressão
arterial, diminuição das funções vegetativas e mobilização de reservas
de glicose.
Todas essas respostas são produzidas por uma divisão do SNA, a divisão simpática
ou
adrenérgica.
ATENÇÃO
Alguns corpos celulares dos neurônios autônomos localizam-se fora do SNC, em grupamentos
celulares chamados de gânglios. Nesses gânglios, encontramos corpos
celulares de
neurônios chamados pós-ganglionares. Neurônios pós-ganglionares são controlados por
neurônios pré-ganglionares, cujos corpos celulares situam-se no SNC, mais precisamente
na
medula espinhal ou no tronco encefálico, dependendo da divisão em simpático ou
parassimpático.
Fonte: Shutterstock
Organização anatômica das divisões
simpáticas e parassimpáticas do SNA
Os neurônios pré-ganglionares simpáticos enviam seus axônios através das raízes ventrais
para realizarem sinapses com neurônios ganglionares da cadeia simpática, localizada
próxima
à coluna vertebral ou em gânglios dentro da cavidade abdominal. Os neurônios
pré-
ganglionares da divisão parassimpática encontram-se em núcleos do tronco encefálico,
e seus
axônios passam por nervos cranianos. Na porção sacral da medula espinhal,
encontramos
outros núcleos de neurônios parassimpáticos. Os axônios pré-ganglionares
parassimpáticos
possuem axônios longos, em comparação aos simpáticos, uma vez que os
gânglios
encontram-se próximos aos órgãos-alvo, como demonstrado na imagem.
ATENÇÃO
Normalmente, o SNA simpático e parassimpático apresenta
influências fisiológicas opostas
umas das outras. Enquanto a divisão simpática
apresenta-se mais ativa em situações de
estresse reais ou imaginários (como ser
chamado pelo professor para ir à frente da turma
enquanto checava as redes
sociais), sua resposta é sempre semelhante à reação de luta ou de
fuga.
Em uma situação como a apresentada no exemplo do aluno que vimos anteriormente, as duas
divisões respondem de formas distintas:
DIVISÃO SIMPÁTICA
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
DIVISÃO SIMPÁTICA
Aumenta a frequência e força de batimento cardíaco.
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
DIVISÃO SIMPÁTICA
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
DIVISÃO SIMPÁTICA
DIVISÃO PARASSIMPÁTICA
Podemos perceber que as ações do SNA ocorrem tipicamente em múltiplos órgãos e são bem
distribuídas pelo organismo e relativamente lentas. De modo distinto, o sistema nervoso
motor
somático, cujos neurônios motores alfa podem rapidamente ativar músculos
esqueléticos com
alta precisão espacial, promove contração muscular e efeitos motores.
LISOS
Revestem o tubo digestivo e as artérias, onde vimos anteriormente que podem
regular o
peristaltismo e a pressão arterial. É inervado e influenciado pela
ação do SNA.
ESTRIADO CARDÍACO
É o músculo do coração com contração rítmica, mesmo sem inervações, pela
presença do
sistema de marca-passo. É inervado e influenciado pela ação do
SNA.
O controle das atividades musculares deve-se a disparos oriundos do SNC destinados ao SNP
para controle de eventos de contração muscular. Os neurônios motores comunicam-se com as
fibras musculares através da liberação do neurotransmissor acetilcolina na junção
neuromuscular, sinapse entre o neurônio motor e a fibra muscular, causando como
respostas a
contração muscular esquelética.
SISTEMA COLINÉRGICO X
SISTEMA
ADRENÉRGICO
Neste vídeo, veremos as especificidades e diferenças entre
os dois sistemas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Sistema límbico.
D) Reflexos medulares.
B) D1=parassimpático, M= noradrenalina.
GABARITO
1. Enquanto você checava as redes sociais no meio da aula, foi surpreendido pelo
convite do professor, chamando-o para ir até a frente da turma e explicar o que ele
acabara de falar. Isso lhe causou algumas reações, como: aumento da frequência
cardíaca, aumento da frequência respiratória e aumento do retorno venoso. Essas
alterações fisiológicas são estimuladas pelo(s):
O aumento das frequências cardíaca e respiratória, bem como o aumento do retorno venoso,
são característicos de situações de luta-ou-fuga, associadas à liberação de catecolaminas pelo
sistema nervoso simpático.
Reconhecer os fármacos
anticolinesterásicos, antagonistas muscarínicos naturais
e sintéticos e bloqueadores
neuromusculares, seus efeitos farmacológicos
INTRODUÇÃO
As drogas ativadoras e inibidoras dos receptores colinérgicos são aquelas que atuam no
SNA
parassimpático. Existem dois tipos de receptores colinérgicos (receptores de
acetilcolina), os
muscarínicos e os nicotínicos. Dentro desses dois tipos, há os
subtipos, sendo que, nas ações
no SNA, os muscarínicos se subdividem em M1, M2 e M3, e
os nicotínicos dividem-se em
receptores nicotínicos de placa motora e nicotínicos
ganglionares.
Receptores colinérgicos
Muscarínicos Nicotínicos
Receptoresnicotínicos de
M1 M2 M3 Nicotínicosganglionares
placamotora
Atenção! Para
visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
MUSCARÍNICOS
M1
É mais expresso no SNC e atua alterando, por exemplo, fome, memória, reações
emocionais
etc.
M2
M3
AGONISTAS DE RECEPTORES
MUSCARÍNICOS
Agonistas de receptores muscarínicos colinérgicos podem ser divididos em dois grupos:
Fonte: Shutterstock
USOS TERAPÊUTICOS
Fonte: Shutterstock
Miose
METACOLINA
BETANECOL
CARBACHOL
CLORIDRATO DE PILOCARPINA
É administrada por inalação para o diagnóstico de hiperatividade das vias aéreas
brônquicas
em pacientes que não têm asma clinicamente aparente. Enquanto agonistas
muscarínicos
podem causar broncoconstrição e aumento de secreções traqueobrônquicas
em todos os
indivíduos, pacientes asmáticos respondem com intensa restrição
brônquica e redução da
capacidade vital.
Inicialmente, afeta os tratos urinário e gastrointestinais. No trato urinário, o
betanecol tem
utilidade no tratamento da retenção urinária e esvaziamento inadequado
da bexiga, quando a
obstrução orgânica está ausente, como na retenção urinária
pós-operatória, neuropatia
autônoma diabética e em certos casos de bexiga hipotônica
crônica, miogênica ou
neurogênica; assim, o cateterismo pode ser evitado. No TGI, o
betanecol estimula a peristalse
(movimentos naturais do intestino) e aumenta a
motilidade e o repouso no esôfago inferior.
FÁRMACOS ANTAGONISTAS DO
RECEPTOR
MUSCARÍNICO
Os antagonistas do receptor muscarínico incluem:
Derivados sintéticos, alguns dos quais mostram seleção para subtipos de receptores
muscarínicos.
Fonte: Shutterstock
Estrutura química da Atropina
Fonte: Shutterstock
Coração
humano
ATENÇÃO
Fonte: Shutterstock
Comparação entre miose e midríase
ATENÇÃO
ATROPINA
ESCOPOLAMINA
A atropina tem efeitos mínimos no SNC em doses terapêuticas, embora possa ocorrer
leve
estimulação dos centros medulares parassimpáticos. Com doses tóxicas de
atropina, a
excitação central se torna mais proeminente, levando à inquietação,
irritabilidade,
desorientação, às alucinações ou ao delírio. Com doses ainda
maiores, a estimulação é
seguida pela depressão, levando ao colapso circulatório e à
insuficiência respiratória após um
período de paralisia e coma.
IPRATRÓPIO E TIOTRÓPIO
Acredita-se que o grau de broncodilatação alcançado por esses agentes reflita o nível de
tônus
parassimpático basal, complementado pela ativação reflexa das vias colinérgicas
provocadas
por diversos estímulos. Uma propriedade terapeuticamente importante de
ipratrópio e tiotrópio
é seu efeito inibitório mínimo na liberação mucociliária em
relação à atropina. Assim, a escolha
desses agentes para uso em pacientes com doença das
vias aéreas minimiza o aumento da
acumulação de secreções mais baixas das vias aéreas
encontradas com atropina.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Embora estes últimos não sejam graves, podem ser suficientemente perturbadores
para
diminuir a adesão dos pacientes, particularmente durante a administração de
longo prazo.
Esses agentes são frequentemente usados com agonistas de receptores
adrenérgicos
inalados, embora haja pouca evidência de verdadeiro sinergismo.
Fonte: Shutterstock
ANTICOLINÉRGICOS
A função da acetilcolinesterase (AChE) no terminal sináptico colinérgico (Ach) nas
junções das
várias terminações nervosas colinérgicas com seus órgãos-alvo ou sítios
pós-sinápticos foi
descrita quando abordamos o sistema nervoso periférico.
Drogas que inibem AChE são chamadas de agentes anticolinesterásicos (anti-ChE) . Eles
fazem
com que a Ach se acumule nas proximidades dos terminais do nervo colinérgico
e,
portanto, são potencialmente capazes de produzir efeitos equivalentes à estimulação
excessiva
de receptores colinérgicos em todo o sistema nervoso central e periférico.
Em geral, os compostos que contêm um grupo quaternário de amônio não penetram facilmente
nas membranas celulares; portanto, os agentes anti-ChE desta categoria são mal
absorvidos
pelo TGI ou através da pele e são excluídos do SNC pela barreira
hematoencefálica. Por outro
lado, tais fármacos atuam preferencialmente nas junções
neuromusculares do músculo
esquelético, exercendo sua ação tanto como agentes anti-ChE
como agonistas diretos.
Fonte: Shutterstock
Olhos
Fonte: Shutterstock
Intestino
Fonte: Shutterstock
Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Neostigmina#
Estrutura química de Neostigmina
A maioria dos efeitos de potentes drogas anti-ChE no músculo esquelético pode ser
explicada
adequadamente com base em sua inibição de AChE em junções neuromusculares. No
entanto,
há boa evidência para uma ação direta da neostigmina e outros agentes
quaternários no
musculoesquelético.
TOXICOLOGIA
Os efeitos da intoxicação aguda por agentes anti-ChE manifestam-se por sinais e sintomas
muscarínicos e nicotínicos, e, com exceção de compostos de solubilidade lipídica
extremamente baixa, por sinais referenciados ao CNS. Os efeitos sistêmicos aparecem em
poucos minutos após a inalação de vapores ou aerossóis. O início dos sintomas é adiado
após
a absorção percutânea.
ATENÇÃO
Fonte: Shutterstock
Trata-se dos locais clássicos da ação dos curares e da nicotina e definiram o conceito de
receptor nicotínico de Ach há mais de um século e fizeram deste o receptor farmacológico
prototípico dos efeitos da Ach nesses locais. Aproveitando-se de estruturas
especializadas que
evoluíram para mediar a neurotransmissão colinérgica e de toxinas
naturais que bloqueiam a
atividade motora, receptores nicotínicos periféricos e, em
seguida, centrais foram isolados,
caracterizados, e representam marcos no
desenvolvimento da farmacologia molecular.
O bloqueador neuromuscular clássico, o curare, foi a ferramenta que Claude Bernard usou
em meados do século
XIX para demonstrar um local de ação medicamentosa na junção
neuromuscular. Os agentes
de bloqueio neuromuscular modernos geralmente caem em duas
classes, despolarizantes e
competitivos/não despolarizantes. Atualmente, apenas um único
agente despolarizante,
succinilcolina, está em uso clínico geral, enquanto múltiplos agentes
competitivos ou
não despolarizadores estão disponíveis, mas sem grande utilização clínica.
CLAUDE BERNARD
AGENTE DESPOLARIZANTE
Os agentes despolarizadores, como a succinilcolina, agem por
um mecanismo
diferente. Sua
ação inicial é despolarizar a membrana, abrindo canais
iônicos da mesma forma que a Ach. No
entanto, eles persistem por efeitos
mais duradouros na junção neuromuscular, principalmente
por causa de sua
resistência ao AChE. Essa despolarização inicial é seguida pelo bloqueio da
transmissão neuromuscular e da paralisia flácida; isto posto, essa sequência
é influenciada por
alguns fatores, como os agentes anestésicos usados
simultaneamente aos bloqueadores
musculares.
A succinilcolina em
doses que produzem relaxamento neuromuscular raramente causam
efeitos
atribuíveis ao bloqueio ganglionar. No entanto, os efeitos cardiovasculares,
às vezes,
são observados, provavelmente devido à estimulação sucessiva de
gânglios vagais e gânglios
simpáticos.
AGENTES COMPETITIVOS
A tubocurarina e outros agentes de bloqueio neuromuscular
são desprovidos de
efeitos
centrais após doses clínicas comuns devido à sua incapacidade de
penetrar a barreira
hematoencefálica.
Agentes de bloqueio
neuromuscular mostram potências variáveis na produção de bloqueio
ganglionar. Assim como na placa motora, o bloqueio ganglionar por
tubocurarina e outras
drogas estabilizadoras é invertido ou antagonizado por
agentes anti-ChE.
Fonte:Shutterstock
ATENÇÃO
ESTUDO DE CASO
Neste vídeo, veremos um estudo de caso sobre intoxicação
com organofosforados
(“chumbinho”).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Exerce efeito sobre o nível de consciência; o paciente perde a sensibilidade de dor e torna-
se incapaz de comunicar-se com o anestesista.
GABARITO
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Veremos, em nosso último módulo, que catecolaminas e drogas simpatomiméticas são
classificadas como simpatomiméticos de ação direta, indireta ou de ação mista. As drogas
simpaticomiméticas de ação direta agem em um ou mais dos receptores adrenérgicos. Drogas
de ação indireta aumentam a disponibilidade de noradrenalina ou adrenalina para
estimular os
receptores adrenérgicos.
Fonte: Shutterstock
Ampola de
adrenalina
SIMPATOMIMÉTICOS ENDÓGENOS
ADRENALINA
Os efeitos sobre o músculo liso vascular são de grande importância fisiológica, enquanto
aqueles no músculo liso do trato gastrointestinal são relativamente menores. O músculo
liso do
TGI é, em geral, relaxado pela adrenalina. Este efeito é devido à ativação de
receptores α e β.
No tônus intestinal, a frequência e amplitude das contrações
espontâneas são reduzidos. O
estômago geralmente é relaxado, e os esfíncteres pilóricos
e ileocecal são contraídos.
A adrenalina tem uma poderosa ação broncodilatadora, mais evidente quando o músculo
brônquico está contraído em decorrência da asma brônquica, por exemplo. Em tais
situações,
a adrenalina tem um efeito terapêutico marcante, como um antagonista
fisiológico a
substâncias que causam broncoconstrição.
ATENÇÃO
Angina pode ser induzida por adrenalina em pacientes com doença arterial coronariana. O
uso
de adrenalina geralmente é contraindicado em pacientes que estão recebendo
antagonistas
não seletivos do receptor β, uma vez que suas ações não colocadas em
receptor vascular α1
podem levar à hipertensão grave e hemorragia cerebral.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
USOS TERAPÊUTICOS
NORADRENALINA
Fonte: Shutterstock
Estrutura química da noradrenalina
Fonte: Shutterstock
USOS TERAPÊUTICOS
DOPAMINA
Fonte: Shutterstock
USOS TERAPÊUTICOS
Os β agonistas podem ser usados para estimular a taxa e a força da contração cardíaca. O
efeito cronotrópico é útil no tratamento emergencial de arritmias, bradicardias ou
bloqueio
cardíaco, enquanto o efeito ionotrópico é usado quando é desejável aumentar a
contratilidade
do miocárdio.
ISOPROTERENOL
Isoproterenol é um potente agonista não seletivo de receptores β com baixa afinidade para
α
receptores.
Fonte: Shutterstock
Estrutura química do isoproterenol
Fonte: Shutterstock
AÇÕES FARMACOLÓGICAS
Isoproterenol relaxa quase todas as variedades de músculo liso quando o tônus está alto,
mas
esta ação é mais pronunciada em músculo brônquico e gastrointestinal. Previne ou
alivia a
broncoconstrição.
DOBUTAMINA
Fonte: Shutterstock
USOS TERAPÊUTICOS
A dobutamina é indicada para o tratamento a curto prazo da
descompensação cardíaca, que
pode ocorrer após cirurgia cardíaca ou em pacientes
com insuficiência cardíaca congestiva ou
infarto agudo do miocárdio. A
dobutamina aumenta a produção cardíaca e o volume de ejeção
em tais pacientes,
geralmente sem aumento acentuado na frequência cardíaca. Alterações na
pressão
arterial ou resistência periférica usualmente são menores, embora alguns
pacientes
possam ter acentuado aumento na pressão arterial ou na frequência
cardíaca.
AGONISTAS β2 - SELETIVO DE
RECEPTORES
ADRENÉRGICOS
Alguns dos principais efeitos adversos dos agonistas β no tratamento de asma ou DPOC são
causados pela estimulação de receptores β1 no coração. Assim, foram desenvolvidas drogas
com afinidade preferencial para receptores β2 em comparação com os receptores β1. No
entanto, essa seletividade é relativa, não absoluta, e se perde em altas concentrações
dessas
drogas. Além disso, até 40% dos receptores β no coração humano são receptores β2,
que
podem causar estimulação cardíaca.
Fonte: Shutterstock
AGONISTAS α1 SELETIVOS DE
RECEPTORES
ADRENÉRGICOS
Os principais efeitos clínicos de uma série de drogas simpatomiméticas ocorrem devido
à
ativação de receptores α adrenérgicos no músculo liso vascular. Como resultado, a
resistência
vascular é aumentada, e a pressão arterial é mantida ou elevada. Embora
a
utilidade clínica
dessas drogas seja limitada, elas podem ser úteis no tratamento de
alguns pacientes com
hipotensão, incluindo hipotensão ortostática, ou choque. A
fenilefrina e a metoxamina são
vasoconstritores de
ação direta e são ativadores
seletivos de receptores α1.
Fonte: Shutterstock
AGONISTAS SELETIVOS α2 DE
RECEPTORES
ADRENÉRGICOS
Agonistas adrenérgicos α2-seletivos são usados principalmente para o tratamento da
hipertensão sistêmica. Sua eficácia como agentes anti-hipertensivos é um tanto
surpreendente,
uma vez que muitos vasos sanguíneos contêm receptores adrenérgicos
α2-sinápticos, que
promovem a vasoconstrição. De fato, a clonidina, o prototípico
agonista α2, foi inicialmente
desenvolvida como um vasoconstritor descongestionante
nasal. Sua capacidade de diminuir a
pressão arterial resulta da ativação de receptores
α2 nos centros de controle cardiovascular do
SNC; tal ativação suprime o fluxo de
atividade do sistema nervoso simpático do cérebro.
Fonte: upload.wikimedia.org
Estrutura química da clonidina
SAIBA MAIS
ANFETAMINAS
As anfetaminas têm poderosas ações estimulantes do SNC, além das ações periféricas α e β
comuns a drogas simpatomiméticas de ação indireta. Ao contrário da adrenalina, é eficaz
após
a administração oral, e seus efeitos duram várias horas.
Fonte: Shutterstock
Estrutura química da anfetamina
Fonte: Shutterstock
ATENÇÃO
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
USOS TERAPÊUTICOS
O bloqueio dos receptores α2 com antagonistas seletivos, como a ioimbina, podem aumentar
o
fluxo simpático e potencializar a liberação de noradrenalina a partir de terminações
nervosas,
levando à ativação de receptores α1 e β1 no coração e na vasculatura
periférica, com
consequente aumento da pressão arterial.
Fonte: Shutterstock
USOS TERAPÊUTICOS
Fonte: Shutterstock
Estrutura química do propranolol
Parâmetros farmacocinéticos.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
USOS TERAPÊUTICOS
Fonte: Shutterstock
Antagonistas β não seletivos, tais como propranolol, agem na musculatura lisa dos
brônquios.
Isso geralmente tem pouco efeito sobre a função pulmonar em indivíduos
normais. No entanto,
em pacientes com DPOC, esse bloqueio pode levar à broncoconstrição
e risco de morte.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A REDUÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL PODE SER ALCANÇADA COM A
UTILIZAÇÃO DE FÁRMACOS QUE DIMINUEM A RESISTÊNCIA VASCULAR
PERIFÉRICA ATRAVÉS DE MECANISMOS DISTINTOS E ENVOLVENDO O
SISTEMA NERVOSO AUTONÔMICO.
GABARITO
1. A redução da pressão arterial pode ser alcançada com a utilização de fármacos que
diminuem a resistência vascular periférica através de mecanismos distintos e
envolvendo o sistema nervoso autonômico.
A adrenalina age nos receptores alfa dos vasos sanguíneos e promove a vasoconstrição.
Quando administrada localmente em associação com anestésicos locais, aumenta o tempo de
ação dos anestésicos pela redução da absorção local dos mesmos.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante toda a discussão deste tema, conhecemos os componentes do sistema nervoso, bem
como sua divisão em sistema nervoso autônomo e motor somático. Compreendemos que o
sistema nervoso autônomo age através de suas divisões simpática e parassimpática, com a
ação das catecolaminas e da acetilcolina, respectivamente.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; WALTER, P. Biologia molecular da célula. 5.
ed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
CONTEUDISTA
Marcelo Gomes Granja
CURRÍCULO LATTES