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Faland

do sobre as Raízes da Sabedoria

Cai Gen Tan 菜根譚


ISBN 978-85-65996-15-0

O Cai Gen Tan 菜根譚[1] foi escrito no século 16 pelo erud


udito Hong

Yingming 洪應明 (ou


(o Hong Zicheng 洪自誠, 1572-1620), próxim
imo ao final

da dinastia Ming 大明 (1368-1644). Apesar de ter publicado vár


ários outros

textos, com certeza foi


fo o Cai Gen Tan que teve maior destaquee n
na obra de

Hong. O título é dee difícil


d tradução: literalmente, ele significaria
ia algo como

‘Discurso sobre ass raízes


r dos vegetais’. Hong buscava estabe
belecer uma

analogia entre as três


trê grandes correntes do pensamento chinê
inês em sua

época: Confucionism
mo, Daoísmo e Budismo Chan (Zen). Para que
ue as ‘raízes’

das três frutificassem


m, portanto, precisavam ser cultivadas no inti
timo do ser

humano. Daí, pois,, a opção (liberal, admito) por traduzir o livro


liv com o

título de ‘Falando sob


obre as raízes da Sabedoria’. Manter a tradução
ção literal do

mesmo seria, para nó


ós, quase incompreensível.

O livro de H
Hong é uma apresentação de trezentos e sessenta

aforismos sobre oss m


mais diversos aspectos da vida, sempre baseado
ba nos

ensinamentos das três


tr grandes linhas (tivesse ele colocado mais
m cinco

aforismos, e eu suge
geriria que fosse lido um por dia, ao longo
o do ano...).
Hong teria seguido à risca a proposta que ele mesmo apresentou
tou no livro:

uma vida simples,, desprendida, longe das convenções e di


dificuldades

representadas pelo co
otidiano. A prova disso é o quase total descon
nhecimento

de informações sobre
re sua vida. Muitas suposições (e poucos dados
os) apontam

que Hong tenha vivid


vido o curso de sua existência discretamente.. A partir do

livro, pois, é que p


podemos compreender um pouco mais ssobre seus

pensamentos.

O Cai Gen Tan está


e estruturado, como dissemos, nos trê
rês grandes

onfucionismo 儒家, o Daoísmo 道家e o Budi


ensinamentos: o Con dismo 佛教

Chan 禅 (em japonê


nês, Zen). Hong organizou seus aforismos em torno de

alguns aspectos princ


ncipais:

- A importân
tância da Educação: a busca de uma vida corret
reta

se centra no ideal do Junzi 君子, o ‘Educad


ado’

ista. Estudar 学 e Educar-se 教são fundamenta


confucionist tais

reender o Caminho (Dao 道), e para adquirir


para compre ir as
a

habilidadess sobre
s uma vivência correta. Estudar, na visã
isão

de Hong, in
inclui não apenas os clássicos confucionista
stas,

mas também
m, os textos daoístas e budistas.

- A ‘Não-açã
ção’: contudo, a busca constante pela perfeiçã
ição

moral, e pelo
elos ganhos do mundo cotidiano se constitui um

erro. O estu
studo precisa ser contrabalanceado pela açã
ção

isenta, ou
u ‘Não-ação’ (Wuwei 无为), conceit
eito
fundamental
tal do pensamento daoísta. A ação isenta de
d

propósitos artificiais permitira um retorno à noss


ossa

original’ (Ziran 自然), na qual o ser human


‘natureza or ano

alcança a ve
verdadeira harmonia com a natureza e consig
sigo

mesmo.

- Desprend
dimento, meditação e contemplação: aind
nda

assim, despr
sprender-se do mundo humano não leva aao

aperfeiçoame
mento da mente e da alma. Afinal, pode-se fug
ugir

para o meio
io do mato, e continuar com as mesmas tensõe
sões

de sempre.. Essa interiorização meditativa é trazida pel


pelo

aspecto bud
dista da obra. Hong insiste na necessidade da
d

contemplaçã
ção e na meditação para alcançar o que ele
e

chamava dee uma ‘verdadeira essência das coisas’ (o Li 理,

ou princípi
pio das coisas). O Budismo de Hong é,

e, o Chan 禅 (ou Zen), cujo impacto da


claramente, d

meditação aativa e do desprendimento são característica


icas

marcantes.. O controle da Mente é fundamental na


n

proposta daa vida ideal.

Hong, porém, balanc


nceava todas essas coisas. Seu sábio ideal bebe,
be canta,

estuda, passeia pelos


os bosques, mas sabe também agir em meio à multidão.

Ele medita, contem


mpla a natureza, adora a Lua, a simpli
plicidade, o

despojamento, mas conhece


co as armadilhas do mundo material. Oss aforismos

do livro se dirigem,, portanto,


p a necessidade de cuidar com as ilusõ
sões da vida.
Em alguns trechos,
s, o livro nos aconselha a pensarmos naa morte, e

encararmos a vida ccomo algo passageiro. Se bem compreendi


didas, essas

passagens nos esclare


recem que a vida é curta demais, e que deve ser
se vivida de

modo feliz; e para se alcançar essa felicidade, seria importantee retornar a

simplicidade.

Por fim, a men


entalidade presente no Cai Gen Tan é um prod
oduto típico

do pensamento chin
inês que busca, na síntese das idéias, a harm
armonia das

visões de mundo.
o. Para um pensador típico dessa civilização,
c

Confucionismo, Dao
aoísmo e Budismo são visões incompletas do
o todo; são,

hos (Dao 道) para se alcançar a Harmoni


justamente, Caminho nia 和 (ou,

‘Equilíbrio’). Todavia
via, cada uma dessas propostas foca em um aspecto

determinado, e diss
isso resultam suas incompletudes. Durant
nte séculos,

diversos pensadoress chineses se debruçaram sobre o problemaa de como

aproveitar os melhor
ores aspectos, de cada uma das três grandess linhas, em

um único sistema coe


oerente. Hong nos oferece, no livro, sua visão
o das coisas.

Ele viveu num momeento histórico em que a economia chinesa er


era uma das

maiores do mundo,
o, e a ideologia da riqueza fácil pulsava em meio à

sociedade. Por isso,, existia uma grande preocupação entre os in


intelectuais

chineses quanto à degradação


de de sua cultura e dos valores morai
ais e sociais.

A queda da dinast
astia Ming, em 1644, é em parte atribu
uída, pelos

historiadores tradicio
cionais chineses, a essa crise moral que ass
ssolou uma

China rica, poderosaa e, porém, corrompida.


§

É costume afirmar que


qu o Cai Gen Tan não foi muito lido na China
ina, mas isso

não me parece exato


to. Apesar de ser razoavelmente divulgado,, o livro não

fazia parte dos cânones tradicionais das três grande


des escolas

(Confucionismo, Dao
aoísmo e Budismo). Esse era o custo de Hongg Yingming

ser um pensador ind


dependente. Sabemos que ele era lido peloss in
intelectuais

chineses da época, se
sendo citado, ocasionalmente, em um ou ou
outro texto;

todavia, era um escri


crito que encontrava mais ressonância no leito
itor comum,

interessado em apren
ender um pouco mais sobre sabedoria.

Foi no Japão
o que
q o livro encontrou a sua total redenção. O Sankontai

(pronúncia japonesa
sa) se tornou um absoluto sucesso, por con
onta de sua

simplicidade e elegâ
gância. Os japoneses apreciavam bastante o livro, por

entender que ele resu


esumia, de maneira direta e profunda, os ens
nsinamentos

das três grandes escol


colas. Contudo, o Sankontai fazia mais: ele se to
tornara um

guia para a vida cotid


idiana.

Passados quas
ase quatrocentos anos, o livro continuou a ser
se um dos

clássicos mais admira


irados e consultados pelos japoneses. Foram eles,
ele de fato,

que ajudaram em sua


su divulgação maciça no Ocidente. Falando
do sobre as

raízes da sabedoria é um dos textos preferidos no país, sendo am


amplamente

citado e utilizado naa educação, no pensamento e no trabalho. De fato, essa

ampla divulgação reas


eascendeu o próprio interesse chinês pela obra.
a.
§

Quanto às traduções,
es, podemos encontrar um bom número delas
as em outros

idiomas – principalm
lmente em inglês, mas existem duas boas em
m espanhol.

Essa é a primeira trad


radução que tenho notícia em português. Com
mo sempre,

pode-se optar por do


dois tipos de tradução: uma mantém a estrutu
tura original

do texto, incluindo
o as imagens poéticas e a terminologia esp
specífica do

mesmo. Exemplo: usa


sar o termo original chinês ‘dez mil coisas’, que
qu significa

‘tudo’. Na maior part


rte dos casos, preferi usar essa opção, para fam
amiliarizar o

leitor. O outro modo


do de se traduzir é ‘transcriar’ a passagem, empregando
em

um termo que corres


responda ao sentido original. Exemplo: tradu
uzir ‘as dez

mil coisas abaixo do


o ccéu’ simplesmente como ‘mundo’. A questão
ão é que, em

alguns casos, Hongg variava


v o uso das expressões. Acoplar sentid
tidos é uma

opção do tradutor,, do
d qual me valho ocasionalmente quando vejo
v que o

texto fica incompree


eensível. Contudo, entendo que a ‘tradução do
d sentido’

deve ser uma opção,


o, quando não há solução viável, e não umaa regra. Se

assim fosse, a compr


preensão do livro seria dada por minhas inte
terpretações

pessoais, o que acaba


ba sendo um tanto problemático e limitador.
r. Por outro

lado, toda tradução não


n deixa de ser um conjunto de opções do tradutor.

Então... Decidi, porr fim, manter sempre que podia o mais pr


próximo do

original, e adaptar qu
uando necessário.

Em comparaç
ação com outras traduções, essa versão em português

parecerá, assim, simp


plista e direta. Entendo que esse era o estilo
ilo de Hong.

Como dizia Confúc


úcio, o ‘sábio não maltrata nem as pessoa
oas nem as
palavras’. Hong assi
ssimilou isso perfeitamente, e escreveu em aforismos

curtos, belos e elegant


ntes. Porque gastar palavras demais?

[1] Pronúncia aproxim


ximada em português: ‘Tsai Guen Tan’.

Obs: essa tradução tem por guia a de Alfonso Araujo, 2002.

O TEXTO

1.

Aquele que preservaa sua


s virtude, sofre de solidão.

Aquele que vive atrás


ás do poder e da riqueza, sofre uma miséria sem
em fim.

Aquele que aspira a vverdade, e vê além das coisas materiais, prefer


ere sofrer de

solidão, e evitar a mis


iséria sem fim.

2.

Quem experimenta as
a coisas do mundo de modo superficial, trazz consigo as

marcas da superficiali
alidade; quem conhece as tramas da vida, vivee da
d astúcia.

Quem busca virtude,


e, prefere a simplicidade ao invés da astúcia;; e se desfaz

das coisas, ao invés de ficar preso a elas.

3.

O coração do virtuoso
oso é claro como Céu azul, e ele não é mal inter
erpretado.
Os talentos de um vir
irtuoso devem ser como jades e pérolas ocultas
tas, de modo

que eles não sejam facilmente


fac conhecidos.

4.

Quem não está perto


to do poder e de seus luxos é limpo; quem está
tá perto, mas

não se contamina, é m
mais limpo ainda.

Quem não conhece as artimanhas do mundo é nobre; mas quem as


a conhece,

e não as usa, é mais nobre


n ainda.

5.

Escutamos com freqüência


fr palavras desagradáveis, nossaa mente é

incomodada por prov


ovocações, e nossa conduta moral é criticadaa ccomo uma

pedra de afiar facas.

Se tudo que escutáss


ássemos fosse agradável, e se tudo que vísse
semos fosse

conveniente, isso seri


ria como afogar-se em vinho venenoso.

6.

Com ventos ruins e chuvas fortes, as aves estão cansadas; com sol forte e

brisas suaves, a vegeta


etação floresce.

Assim, no mundo não


nã há um só dia que seja desprovido de paz
az, como no

coração das pessoass n


não deve haver um só dia desprovido de alegri
gria.
7.

As melhores bebidas
as, e as comidas mais saborosas, não contêm
têm o sabor

verdadeiro; o sabor ve
verdadeiro é insípido.

O fazedor de prodígio
gios não é verdadeiramente um sábio; o sábio vive
v em paz

no dia-a-dia.

8.

O mundo parece para


rado, mas suas partes se movem; sol e lua se m
mexem com

rapidez, dia e noite,, e brilham sempre.

Assim o sábio, quand


ndo não está ocupado, cuida com o que pensa;
sa; e quando

está ocupado, fica em


m paz.

9.

Nas profundezas daa n


noite uma pessoa, só e quieta, senta e esquec
ece.* Então,

os pensamentos imp
próprios desaparecem, e os verdadeiros per
ermanecem.

Quando termina, a pessoa


p se deleita com sua inspiração interio
rior; mas se

algum pensamento impróprio não foi eliminado, ela sente u


um grande

incômodo, e se enverg
ergonha de si mesma.

*Meditar

10.

A sorte pode trazer


er calamidades; em tempos de alegria, reflit
flita sobre o

futuro.
Depois de uma derro
rrota, pode vir a vitória; mas para isso, ponde
dere sobre o

que preocupa o coraç


ação, antes de eliminar a causa.

11.

Aqueles que comem


m e bebem, de modo simples, são claros co
como gelo e

puros como jade.

Aqueles que usam rroupas finas, e comem sofisticadamente,, encontram


e

deleite na adulação de seus escravos.

As aspirações nobre
res vêm da pureza do coração, e a virtude
de pode ser

alcançada abandonan
ando-se os prazeres materiais.

12.

Seja reservado, mass também


t tolerante e generoso, e as pessoas não
n ficarão

ressentidas.

Assim, suas obras du


durarão muito tempo, e as pessoas o record
rdarão com

saudade.

13.

Dê um passo atrás, e deixe


d passar aquele que está no seu Caminho.
o.

Essa é uma das condu


dutas sociais mais agradáveis e seguras.

14.

Para viver de modo


do verdadeiro, não é preciso nenhum talent
ento; apenas

abandone os sentimen
entos vulgares, e isso a tornará uma pessoa aut
utêntica.
Para seguir nos estud
udos, não é preciso nenhuma habilidade espec
ecial: apenas

afaste as preocupaçõe
ões que o perturbam, e isso o aproximará do m
mundo dos

sábios.

15.

Para fazer amigos, pre


precisa-se de certa cortesia.

Para fazer-se verdade


deiro, necessita-se de um coração puro.

16.

Não se adiante aos outros


ou para receber favores e benesses; não recu
ecue por agir

de modo correto; não


ão se exceda na sua posição; não aceite favor
ores; não se

detenha num problem


ema até esgotar o seu talento.

17.

Ao conduzir o povo
vo, o Educado deve ser respeitoso e deixar a passagem

livre. Ele dá um passo


sso atrás, para depois avançar resoluto. Tratar
ar as pessoas

generosamente é part
rte da própria felicidade, e ajudar aos outros é ajudar a si

mesmo.

18.

Todos os méritos e conquistas podem ser arruinados com apenas


ap uma

palavra desastrosa;

Todos os crimes e pecados


pe podem ser absolvidos com apenas um
uma palavra

de arrependimento verdadeiro.
ve
19.

Uma boa reputação


o e uma moral elevada não devem servir som
omente a si

mesmo, mas devem sser compartilhadas; assim, afastam-se os perig


rigos.

Uma má reputação e uma conduta vergonhosa não devem afetarr aos


a outros,

senão a si mesmo; ass


ssim, se ocultam os talentos e se cultiva a virtud
tude.*

*[No caso, a má repu


putação não é causada, necessariamente porr um
u defeito

moral da pessoa: ele pode ser vítima de uma intriga, e porr isso, deve

resguardar-se.]

20.

Em tudo que faço,, d


deixo sempre uma pequena parte incomple
pleta; assim,

Deus não se incomod


odará, e os espíritos não me perturbarão.

Se em todos os negó
egócios eu buscar a perfeição, e se em todas
as as coisas

mundanas eu deseja
jar ir além, não estarei incorrendo em nen
enhum erro

íntimo, mas atraireii muita


m desgraça externa sobre mim.

21.

Nas disputas, existem


m regras de cortesia;

Na vida cotidiana, se encontra o Caminho;

Se as pessoas praticas
assem a sinceridade e a harmonia, usando palav
lavras boas e

ponderadas, pais e filh


filhos não estariam separados.

A troca de idéias e o d
diálogo são melhores do que os exercícios res
respiratórios

e as meditações.
22.

Uma pessoa ativa é como


co um relâmpago no meio das nuvens, ou
u como
c uma

luz no meio da tormeenta.

Uma pessoa inativa é como brasa que se apaga, ou uma árvore mor
orta.

A essência do Camin
inho está no movimento da quietude, e na quietude
qu do

movimento, do mesm
smo modo com um pássaro atravessa as nuven
vens imóveis

no Céu, ou um peixee nada pelas águas quietas do lago.

23.

Ao censurar alguém p
pelas suas faltas, cuide com seu temperamento
nto;

Ao ensinar a moral pa
para alguém, considere suas propensões.

24.

O besouro que vive no


n excremento é sujo, mas um dia vira cigarra
ra, e bebe do

vento outonal.

A erva podre não brilha,


b mas nela nascem os vaga-lumes qu
ue cintilam

abaixo da lua de verão


rão.

Assim, a pureza pode


de surgir da impureza, e o claro pode vir do obs
bscuro.

25.

Presunção e arrogân
ância são os extremos; controle-os, e cultivar
ará atitudes

saudáveis.

Desejos e enganos vêm


vê de pensamentos impróprios; largue-os,
s, e realizará

sua verdadeira nature


reza.
26.

Quem come apenass p


para se saciar desfruta a verdadeira saciedad
ade, e a gula

desaparece.

Quem faz sexo apena


nas para se saciar desfruta a verdadeira calma,
a, e a luxúria

desaparece.

Por isso, se uma pess


essoa puder se arrepender de seus erros e se d
desfazer de

suas obsessões, então


ão sua natureza se acalmará e se centrará, e suas ações

serão sempre sem err


rro.

27.

Ao estar na Corte, não


ão se esqueça do cheiro da montanha e dos bosques;
bo

Ao estar só no meio d
da floresta, não esqueça do cheiro dos livros.

28.

Ao viver em socieda
dade, não busque com ansiedade o êxito; não
nã cometer

erros já um mérito.

Ao tratar os outros co
com Humanismo*, não espere gratidão em tro
troca; se eles

não virarem seus inim


imigos, isso já é gratidão.

*Ren 仁, o Humanism
ismo Confucionista, também traduzido como ‘A
‘Altruísmo’

ou ‘Benevolência’.

29.

Se mortificar por açõe


ções virtuosas é moralmente belo, mas sofrimen
ento demais

traz um grande desass


assossego interior.
Desprezar o poderr e a riqueza é uma qualidade notável, mas
as privações

demais dificultam a própria


p caridade com os outros.

30.

Ao julgar alguém que


ue arruinou-se, compreenda seus propósitos.

Ao julgar alguém que


ue alcançou sucesso, conheça seus fins.

31.

Aquele que tem um


m alto posto deve ser generoso e evitar a iintriga; do

contrário, agirá como


mo uma pessoa inferior. Como poderia, assim
m, desfrutar

de seu cargo?

Aquele que for Educa


cado deve ocultar seus talentos, e evitar a pres
resunção; de

outro modo, ele agirá


irá como um bobo. Como poderia, assim, evitar
tar a ruína?

32.

Quem morou em um lugar baixo, sabe o perigo de ir para o aalto. Quem

esteve na escuridão,, ssabe o quão deslumbrante é a luz.

Para manter-se sosse


segado, conheça as preocupações que o aflige
igem. Quem

sabe cultivar o silênci


cio, sabe quanto é incômodo o falatório.

33.

Ao abandonar os desejos
de de poder e riqueza, livra-se das ten
entações do

mundo.
Ao extrair do coração
ção as limitações da moralidade, pode-se entra
rar no reino

da sabedoria.

34.

O desejo não dana o coração puro, mas pensar em si mesmo, apen


enas, é uma

praga.

O prazer não é um obstáculo


ob ao Caminho da virtude, mas o uso in
inadequado

da inteligência é.

35.

Os sentimentos huma
manos mudam, o Caminho da vida é difícil.

Ao se deparar com um obstáculo, saiba dar um passo atrás.

Ao avançar sem prob


blemas, deve-se abrir Caminho para os que vêm atrás.

36.

Ao lidar com os maus


us, não é difícil ser correto, difícil é não odiá-lo
los.

Ao lidar com os sábio


bios, não é difícil ser respeitoso, o complicado
do é agradá-

los.

37.

Conserve a simplicid
cidade natural, não busque o sofisticado, e d
deixe uma

influência pura no mundo.


mu

Se satisfaça com o simples,


si abandone os luxos, e deixe um nom
me puro no

mundo.
38.

Para conquistar os demônios,


de primeiro conquiste o próprio coraç
ração. Quem

conquista seu coração


ão, submete os demônios.

Para controlar a violê


olência, primeiro se controlam os motivos. Se o espírito

estiver calmo, a violên


lência externa não poderá invadi-lo.

39.

Ensinar as crianças é como educar boas moças; o mais importante


te é mostrar

a sabedoria de escolhe
lher boas amizades.

Ser íntimo dos mauss é como jogar má semente em boa Terra; com
om o tempo,

a colheita será arruina


inada.

40.

Ao estar de posse de coisas materiais, não se apresse a tê-las em demasia.

Fazer isso o jogará num


nu poço profundo e difícil de sair.

Ao estar de posse d
da virtude, não retroceda nem um passo diante
d das

dificuldades. Fazer iss


isso o levará longe, a mil montanhas de distânc
ncia.

41.

Uma pessoa de pensa


samento magnânimo trata a si mesmo, e aos ou
outros, com

respeito; e por isso, sua


su grandeza está em toda parte.

Uma pessoa de pensa


samento mesquinho trata a si mesmo, e aos outros,
ou com

pequenez; e por isso,


o, sua malícia está em toda parte.
Uma pessoa virtuo
osa evita o luxo e a ostentação, e see afasta do

aborrecimento e do p
pessimismo.

42.

Outros têm riqueza


ezas, eu tenho o humanismo. Outros tê
têm cargos

importantes, eu tenh
nho a beleza interior. Um Educado não se apega as

aparências.

Uma pessoa verdade


deira pode conquistar o Céu, sua vontade dirige
d seus

pensamentos e emoç
oções. [Por isso] O Educado não se sujeita aos
a ganhos

materiais.

43.

Estar no mundo, sem


m ideais dignos, é como limpar a roupa com pó,
p ou lavar

os pés com lodo; com


mo realizar-se [interiormente], dessa forma?

Atuar no mundo, sem saber adaptar-se, é como ser uma maripo


iposa que se

lança na lama, ou como


com um carneiro que prende os chifres na cerca;
ce como

encontrar paz e alegri


gria dessa forma?

44.

Todos que estudam


am devem recolher seus pensamentos dis
dispersos, e

concentrá-los numaa única


ú direção.

Se ao cultivar a virtud
ude, espera-se uma boa reputação, com certeza
za falhará.

Se ao estudar, prete
tendem-se apenas belos poemas, com certez
eza nada se

arraigará no coração.
45.

Todas as pessoas têm


m a capacidade da compaixão. Wei Mo*, um açougueiro,

ou um carrasco não
o se distinguem em sua natureza humana.. E
Em todo o

lugar, existe algum tipo


tip de comunhão com a natureza.

Um palácio de ouro
ro ou uma cabana não se distinguem na Ter
erra que as

assenta. Mas o desej


sejo obstrui a generosidade pura, e se impon
ondo a ela,

separam-se uma da outra


ou como se estivessem a mil li** de distânci
cia.

*Vimalakirti, santo bu
budista.

** Li=500 metros

46.

Para ir pelo Caminh


inho da virtude, a mente precisa ser como
o madeira e

pedra*. Se a tentação
ão pela fama e riqueza for maior, com o tempo
po se fica no

mundo dos desejos.

Aquele que quer ajud


udar o mundo, deve desejar como as nuvens e as
a águas**.

Mas se a tentação pela


ela notoriedade for insaciável, ele atrairá perigo
go.

*Pureza e Fortaleza,, rrespectivamente.

**Apenas seguir o cur


urso, sem impor a vontade própria.

47.

As ações de uma pess


ssoa correta são serenas, seus sonhos são calmo
os.

As ações de uma pessoa


pe má são perversas, e suas conversas seempre têm

intenções nefastas.
48.

Quando o fígado est


está doente, os olhos não vêem; quando oss rins ficam

doentes, os ouvidoss não


n podem escutar. A doença está em um lugar
lug eu não

se pode ver, mas seus


us efeitos são visíveis.

Assim, o Educado,, sse não deseja que suas faltas apareçam no exterior,

corrige primeiro seus


us erros interiores.

49.

Estar feliz ou não dep


epende de quantas preocupações se têm.

Estar entristecido dep


epende do quanto o coração está disperso.

Só quem está cheio de preocupações sabe que ter poucas levam a felicidade.
fe

Só quem tem um cora


ração tranqüilo sabe que a agitação atrai probl
blemas.

50.

Em tempos tranqüilo
ilos, seja correto como um quadrado. Em tempos
t de

desordem, seja corr


rreto como um círculo*. Em tempos de d
decadência,

combine o quadrado
o e o círculo.

Ao lidar com gente boa,


b seja correto e generoso; ao lidar com gen
ente má, seja

correto e rigoroso;; aao lidar com gente comum, combine gener


erosidade e

rigor.

*Quadrado=retidão,, C
Círculo=flexibilidade

51.

Não me recordo do que


q fiz pelos outros.
Não me esqueço doss erros
e que cometi.

Não me esqueço da bondade


b dos outros.

Não me recordo dass ofensas


o dos outros.

52.

Um benfeitor não con


onsidera suas ações boas, nem que ajudou algu
guém.

Desse modo, um pun


nhado de grãos se transforma num celeiro.

O ganancioso pensaa no
n retorno do que dá, e calcula seus lucros sobre
so quem

ajuda.

Desse modo, uma for


ortuna eterna não vale uma moeda de cobre.

53.

Cada um tem sua vi


vida, com ou sem fortuna; como saber quem
m é mesmo

afortunado?

Cada um tem sua cabeça,


ca com ou sem estudo; como exigir do
os outros o

entendimento?

Desse modo, se podee comparar as pessoas, e observar suas conduta


utas.

54.

Somente uma pessoa


oa de bom coração pode apreciar a sabedoria dos
d antigos

pelo estudo dos clássi


ssicos.

Os maus roubam os antigos, usam-nos em benefício pessoal, e disfarçam

com palavras boas as suas ações nefastas.


55.

Para quem vive no luxo


lux e na extravagância, a riqueza nunca é sufic
ficiente.

Para quem vive na fru


frugalidade, o pouco que se têm pode ser repart
artido.

Uma pessoa de talen


lento se esforça, mas só consegue o ressenti
ntimento da

sociedade.

Uma pessoa simples


les age de modo simples, e dessa maneira,
a, vive sem

preocupação e manté
tém-se imaculado.

56.

Estudar, sem buscar


ar a virtude dos sábios, é ser um mero copis
ista; ter um

cargo oficial, sem ama


mar o povo, é ser um ladrão bem vestido.

Dar lições de virtud


ude, sem praticá-la, é como recitar os clás
lássicos sem

compreendê-los; real
alizar um trabalho, sem visar à virtude, é tão
tã efêmero

como a vida das flores


res ante os olhos.

57.

No coração das pes


essoas existe um livro da verdade; mas o texto está

incompleto, e as folha
lhas estão rasgadas.

O espírito das pesso


ssoas guarda uma melodia da verdade; maas ela está

encoberta por música


icas e danças sensuais e superficiais.

A busca da virtude deve


d apagar todas as coisas externas e penetr
etrar na raiz

das coisas, na origem


m de sua natureza íntima.

Só assim se alcançará
rá um verdadeiro aprendizado.
58.

No meio das dificulda


ldades, pode-se encontrar a alegria.

No orgulho dos própr


prios estratagemas, pode-se encontrar a decepç
pção.

59.

Se a riqueza e a repu
putação vierem do cultivo da virtude, elas serão
se como

flores nas montanhas


as e bosques; florescem naturalmente e em abu
undância.

A riqueza obtida pel


ela artimanha é como as flores dos jardins e canteiros;

florescem rápido, e ac
acabam logo.

A riqueza obtida pelo


elo poder e autoridade é como as flores de vaso
asos e jarros;

sem raízes fortes, apen


penas aguardam o dia de sua morte.

60.

Quando chega a prim


imavera, o clima é agradável, as flores cobrem
m a Terra de

cores, e os pássaros entoam


en belos cantos.

Os letrados se alegr
gram de estar nas listas dos aprovados nos
no exames

públicos, e voltam a sse vestir e comer bem.

Mas, se nesse tempo


o eles não prestarem atenção em dizer palavra
vras justas, e

realizar ações meritó


itórias, ainda que vivam cem anos nesse mu
undo, suas

vidas inteiras não terã


erão mais significado do que viver um dia apena
nas.

61.

Aquele que estuda d


deve pensar de modo consciente e cuidadoso
so, deve ter

gostos e modos aprop


opriados.
Se ele se apega a alegr
egrias e tristezas mundanas, ele decairá como o outono, e

não será forte como uma


u primavera.

Dessa forma, como po


pode fazer florescer as dez mil coisas?

62.

Uma pessoa verdad


adeiramente honesta não tem fama de honesta;
ho os

gananciosos é que qu
uerem essa reputação.

Uma pessoa realmen


ente talentosa não alardeia suas habilidades; os inaptos é

que fazem tal alarde.

63.

O cântaro Qi* se de
derrama quando está cheio; o cofre Puman*
n* continua

intacto mesmo quand


ndo está vazio.

Assim, o sábio pref


refere morar num lugar em que não haja
ja ambições

constantes; e deseja
ja viver num lugar que ainda esteja incomp
mpleto, sem

terminar.

*o cântaro Qi era um antigo vaso de bronze que só se equilibrav


rava quando

estava pela metade:: quando


q vazio, ele caía; cheio, ele derramava.. O vaso era

usado perto dos gove


vernantes, para advertir contra os excessos e ausências.

O cofre Puman eraa ffeito de barro, e era quebrado quando estav


ava cheio de

moedas.

64.
Aquele que não se livrou
liv da ânsia de reconhecimento, pode desd
sdenhar mil

riquezas e se compra
prazer em viver livremente, mas ao final se p
perderá na

vulgaridade do mund
ndo.

Aquele que é cerim


imonioso, mas não compreendeu o signif
ificado dos

costumes [ritos], por


or mais que sua influência se estenda pelos qua
uatro mares,

e dure por dez mil gerações,


ger ao final, seus gestos serão vazios.

65.

Se os pensamentos de uma pessoa forem claros, ela terá o Céu az


azul, mesmo

no meio de um quarto
rto escuro.

Se seus pensamento
tos ocultam intenções obscuras, mesmo em um dia

brilhante, haverá dem


emônios [em sua mente].

66.

As pessoas sabem que


ue um cargo e a fama fazem alguém feliz; mass não
n sabem

que aquele que é mais


ais feliz, é o que não tem nem cargos, nem fama
ma.

As pessoas sabem que


qu a fome e o frio preocupam; mas não sab
abem que se

preocupar sempre é p
pior do que a fome e o frio.

67.

Se uma pessoa faz algo


a errado e tem medo que os outros saib
ibam, ainda

assim ela tem consciê


iência em meio ao mal.

Se uma pessoa faz allgo correto e quer que todos saibam, aindaa assim sua

bondade está contam


minada pelas raízes do mal.
68.

O poder do Céu e a força


fo das coisas não têm medida; às vezes rest
stringem, às

vezes expandem, mov


ovem e dirigem os heróis, derrubam tiranos.

Quando um sábio encontra


en a adversidade, exercita sua paciênci
cia; quando

vive na tranqüilidade,
de, ele pensa no perigo.

Mesmo o Céu não pode


po influenciar sua natureza.

69.

Uma pessoa irascível


el é como um fogo devorador; tudo que ela encontra,
en ela

consome.

Uma pessoa malvadaa é fria como gelo; tudo que ela encontra, ela dana.
d

Uma pessoa obstinad


ada e inflexível é como água estacada ou made
deira podre;

sua vitalidade está ext


xtinta.

Essas pessoas vivem se


s preocupando em conseguir as coisas, mass a felicidade

continua escapando d
delas.

70.

A felicidade não pode


de ser conseguida; manter o espírito feliz é a eessência da

felicidade. Isso é tudo


do.

A desventura não pode


p ser evitada; expulsar os pensamentos
os daninhos

mantém a desventura
ra longe. Isso é tudo.

71.
Se de dez frases ditas
tas, nove forem corretas, não se receberá crédi
dito; mas se

uma frase for falsa, se carrega toda a culpa.

Se de dez planos traça


açados, nove se realizam, não se receberá felicit
citações pelo

talento demonstrado;
o; mas um plano que fracassa atrai todas as crít
ríticas.

Uma pessoa realizada


da prefere o silêncio à ação impetuosa, e prefe
efere parecer

um bobo a talentoso.

72.

Há um espírito do C
Céu e da Terra*; quando ele é cálido, faz com
co que as

coisas cresçam; quand


ndo ele é frio, faz com que as coisas morram.

Assim, quando o es
espírito humano é frio, ele é triste; mas quando
qu um

coração é cheio de calor,


cal ele é feliz e benévolo.

*Vento

73.

O Caminho do Céu
u é muito amplo; se o coração se inclina em su
sua direção,

ele se expandirá e bril


rilhará em seu peito.

O Caminho do desej
sejo humano é muito pequeno; quem caminh
har por ele,

encontrará espinhoss e lamaçais.

74.

Vivendo a constant
nte alternância entre tristeza e alegria, chega-se
c à

verdadeira felicidade;
e; provando por si mesmo a dúvida e a certez
eza, alcança-

se o verdadeiro conhe
hecimento.
75.

O coração não deve


ve estar cheio de desejos; apenas vazio, ele recebe a

presença da razão.

O coração não deve


ve estar sem substância; somente assim ele
le impede a

entrada das tentações


es.

76.

Em lugares sujos, m
muitas coisas florescem; às vezes, nas águass cristalinas,

não há peixes.

O sábio deve preser


ervar a paciência em seu coração, pois elee não
n estará

sozinho, o tempo tod


do, desfrutando de suas virtudes.

77.

Um cavalo impetuos
oso pode ser domado e cavalgado; as gotas de ouro que

caem de um forno po
podem voltar ao molde; mas uma pessoa capaz,
z, que tenha

perdido seu entusiasm


smo, e está parado, não poderá progredir.

Baisha* disse: ‘as pes


essoas cometem erros, e isso não é causa dee vergonha;

mas uma vida toda se


sem erros, isso sim me preocuparia!’.

Sábias palavras!

*Sábio Confucionista
ta do período Ming.

78.
Se apenas um pensam
samento errado entra na mente, a força se converte
co em

fraqueza, a inteligênci
ncia se confunde, o Humanismo se desvia, o esp
espírito puro

se corrompe, e a virtu
tude acumulada por toda uma vida se perde.

Assim diziam os anti


tigos: ‘não corrompa seus tesouros’; e puderam
am vencer a

ambição durante toda


das as suas vidas.

79.

O olho e ouvido vêem


vêe e enxergam as coisas que lhe atraem,, externas e

enganadoras.

A mente tem seus des


esejos e paixões, íntimas e enganadoras.

A pessoa de mente cclara não se confunde; ela se coloca no cen


entro de sua

casa, e converte os inimigos


ini em hóspedes.

80.

Planejar, para alcan


ançar aquilo que não se tem, não é melho
hor do que

progredir, e se expand
ndir, com o que se tem.

Arrepender-se dos eerros passados não é tão bom quanto prev


evenir-se de

enganos futuros.

81.

O espírito humano d
deve ser elevado e amplo, mas não disperso ou
o fechado;

deve ser meticuloso


o e detalhado, e não insosso ou trivial; o temp
mperamento

deve ser tranqüilo e ssensível, mas sem ser insípido ou monótono;


o; suas ações

devem ser ordenadas


as e imparciais, mas não extremas e inflexíveis.
82.

O vento agita um bos


osque de bambus, sopra, e não deixa nem um
m silvo atrás

de si; um pato voaa sobre o lago no inverno, passa, e ao ir em


embora, sua

imagem não permane


nece na água.

Assim, o sábio vai atté o problema e se concentra nele; depois que


qu termina,

seu coração volta a repousar.


re

83.

Ser puro, mas toleran


ante com os demais;

Ser humanista, e toma


mar decisões justas;

Ser claro, mas criticar


ar sem ferir;

Ser reto, mas sem see exceder;


e

Assim como as fruta


utas em conserva não devem ser muito doc
oces, nem a

comida do mar muito


ito salgada, tudo isso* forma a virtude perfeita.

*O equilíbrio, a justa
ta medida das coisas.

84.

Um homem pobre capina


ca o baldio até ele estar pronto; a mulherr pobre lava

a pele até deixá-la lim


impa. Essas cenas não parecem bonitas, mas sua grandeza

as reveste de elegância
cia.

Assim, quando um Educado


E encontra pobreza e austeridade, por
orque razão

ele desistiria de seuss iideais?


85.

No ócio, não desperd


rdice seu tempo; há sempre algo com que ocupa
par-se.

Na tranqüilidade, não
nã deixe de fazer as coisas; há sempre um bem
b que se

possa fazer.

Na obscuridade, não
ão deixe que sua mente trame ou se engane:
e: é benéfico

manter o pensamento
to claro.

86.

Se seu pensamento busca


bu o Caminho dos desejos, então o traga d
de volta; ao

notar uma idéia impu


pura, pegue-a e a jogue-a fora.

Assim, se transformaa a desventura em felicidade, e se afasta a mort


rte.

É um momento cruci
cial, em que não deve haver pressa.

87.

Na tranqüilidade, oss pensamentos são claros como a água, e see pode


p ver a

verdadeira essência do
d coração;

Nos momentos de ócio,


óc o espírito não está perturbado, e se pod
odem ver as

verdadeiras intenções
es do coração;

Em uma vida simple


ples, a atitude é modesta e moderada, e assim
sim se pode

sentir a verdadeira essência


ess do coração;

Para examinar um coração,


co essas são as três melhores coisas.
88.

Estar em um lugar sil


silencioso não é o silêncio verdadeiro; o silênci
cio em meio

aos afãs é que está dee acordo com a natureza do Céu.

Estar feliz numa situa


uação alegre não é felicidade verdadeira; a felic
licidade, em

meio à adversidade,, é a verdadeira realização do coração.

89.

Ao sacrificar seus int


nteresses, não tenha dúvidas; ter dúvidas atrai
rai vergonha

sobre o sacrifício.

Ao ser caridoso, nã
não exija recompensa: exigir recompensa arruína
ar um

coração generoso.

90.

Se o Céu me concede
de uma pequena porção de felicidade, eu acumu
mulo virtude

para compensar o que


ue falta.

Se o Céu me enche d
de adversidades, eu alegro meu coração paraa ccompensar

as circunstâncias.

Se o Céu põe desvios


os no meu Caminho, aperfeiçôo meu entendim
imento para

suavizar minha andan


ança.

Sendo assim, o que o Céu pode me fazer de mal?

91.

Um Educado não re
reza por felicidade, e o Céu, sem mostrar,
r, enche seu

coração de felicidade.
e.
O ignorante se conce
centra em evitar acidentes, e o Céu sempre fa
faz com que

ele se perca.

Assim vemos que o poder


p e a sutileza do Céu são as coisas mais
is profundas

que existem; de que aadianta a astúcia contra ele?

92.

Se depois de anos um
ma cortesã se casa, é porque sua vida passadaa n
não foi um

obstáculo; se uma mulher


mu virtuosa perde a integridade, tudo que
ue ela fez ao

longo dos anos se per


erde.

Um provérbio diz: ‘ao julgar uma pessoa, olhe seus últimos anos’.

Palavras acertadas!

93.

Se uma pessoa comu


um está disposta a cultivar a virtude em segr
egredo, ela é

como um alto oficial


al sem
s fama.

Se um nobre fica ape


penas tramando meios de aumentar seu poder
er e fortuna,

ele não é mais do que


ue um miserável com um alto posto.

94.

Ao lembrar os mérit
ritos de nossos antepassados, graças aos quais
ais podemos

desfrutar de nossass vvidas, devemos pensar também nas dificuld


ldades pelos

quais passaram.
Ao pensar na felicida
idade de nossa descendência, que aproveitará
rá a herança

que a deixarmos, devemos


de lembrar também o quanto é fácill q
que eles a

dilapidem.

95.

Uma pessoa suposta


stamente justa, que só pretende fazer o be
bem, não é

diferente de um egoís
ísta.

Uma pessoa supostam


tamente justa, que mascara sua conduta, está
tá abaixo de

um comum que apen


enas começou a mudar de vida.

96.

Quando membros de uma família têm suas desavenças, não é apro


ropriado ter

ataques de fúria, nem


m descartar os problemas como se fossem trivia
viais.

A situação pode ser difícil


d de discutir; assim, é melhor usar de anal
alogias para

mostrar o problema.
a. Se isso não funcionar no momento, esperee o outro dia

para corrigir o culpad


ado.

Como o vento da prim


rimavera que descongela, como o calor que der
errete o gelo

lentamente; esse é o m
modelo para cuidar de assuntos domésticos.

97.

Se o coração olhasse
se paras as coisas e achasse tudo bom, todas
as as coisas

abaixo do Céu seriam


m perfeitas.

Se o coração for hab


abitualmente generoso e sereno, desaparecerão
rão todos os

vícios e a malícia dest


ste mundo.
98.

Aquele que não busc


sca fama nem riqueza certamente desperta a inveja do

ambicioso; aquele qu
que é moderado em sua conduta certamentee desperta o

incômodo no falador.
or.

Nessas circunstâncias
ias, o sábio não deve comprometer de modo
o algum sua

conduta, nem mesmo


o ser condescendente com tais atitudes.

99.

Em meio à adversidad
dade, tudo o que encontramos tem o efeito dee agulhas de

acupuntura e da meedicina dos remédios amargos; essas coisas


as reforçam

nosso caráter, sem qu


que notemos.

Em meio a circunstân
tâncias favoráveis, é como se estivéssemos entre
tre soldados,

facas, machados e lanças*,


lan ou como uma lâmpada que vai se con
onsumindo:

essas coisas enfraquec


ecem nosso espírito, sem que notemos.

*Desgaste de um com
mbate; Tensão gradual.

100.

Em meio aos luxos e ccomodidades, uma pessoa é como um fogo abrasador,


ab e

sua ânsia de poder é como


c um incêndio violento.

Se esses desejos não


o fforam moderados com aspirações sensíveiss e honestas,

esse fogo não consum


mirá aos outros, mas a si próprio.
101.

Quando um coração
o atinge a sinceridade perfeita, pode nevar no verão, as

muralhas caírem, e a rocha mais dura ser gravada.

Uma pessoa falsa não


n é mais do que uma casca vazia; sua
ua natureza

apodreceu, ele é odi


diado pelos demais, e somente atrai vergonh
nha sobre si

mesma.

102.

Quando um escrito
to alcança a perfeição, não é porque cont
ntenha algo

extraordinário, mass p
porque está escrito de forma apropriada.

Quando uma pessoa


oa eleva seu caráter à perfeição, não tem em
m si mesmo

nada de estranho ou secreto, mas simplesmente alcança suaa verdadeira

natureza.

103.

Nesse mundo de pal


alavra e ilusões, tanto a riqueza quanto ass posições,
p e

mesmo os membros
os de nosso corpo, tudo nos foi concedido
o por certo

tempo.

No Caminho correto
to, não apenas pais e irmãos, mas as dez mil
il coisas do

mundo formam umaa só coisa com o ser humano.

Se uma pessoa forr capaz de ver além das diferenças, e reco


econhecer o

verdadeiro, ele podee sse responsabilizar por todas as coisas debaixo


xo do Céu, e

tomar as rédeas do m
mundo em suas mãos.
104.

As comidas gostosass e delicadas são como venenos, que apo


podrecem o

intestino e corrompe
pem os ossos; ao comer, apenas se sacie, sem
se causar

exageros.

As coisas que provo


vocam prazer estragam o corpo e destroem
m o caráter;

somente desfrutando-as, na medida correta, não haverá arrependim


dimento.

105.

Não reprove aos outr


tros por suas pequenas transgressões, não div
ivulgue seus

segredos vergonhosos
sos, não pense em suas faltas passadas.

Essas coisas refinam nosso


n caráter, e mantém afastada a desgraça.

106.

Um Educado não dev


deve ter uma conduta frívola. Se ele for frívolo
lo, as coisas

externas o afetarão,, e ele não conseguirá se aperfeiçoar.

Ao usar sua mente,


e, não a carregue de coisas pesadas. Se a men
ente estiver

pesada, as coisas em
emperram, e não se pode desfrutar dass atividades

prazerosas.

107.

O Céu e a Terra duram


du para sempre, mas a vida humana não.
nã A vida

humana dura cem an


anos, e seus dias passam depressa.

Dispondo apenas des


esse tempo, evite desperdiçar o tempo com pre
reocupações

desnecessárias, e saiba
iba viver feliz.
108.

Encontrar inimizade
de graças a sua virtude, ou as pessoas quee se sentem

agradecidas contigo;; m
mas não pense que inimizade e gratidão são diferentes.
d

Pode haver ressenti


ntimento devido a sua bondade, ou pesso
soas que o

reconheçam pelo que


ue você é; mas não pense que a bondade faz desaparecer
d

o ressentimento.

109.

A velhice traz consigo


igo doenças, e todas elas têm raízes na juventud
ude;

Na decadência se co
cometem excessos, e todos tem origem noss tempos
t de

prosperidade;

Por isso, o sábio é ccuidadoso, e mantém seus passos retos nas


as épocas de

plenitude.

110.

Negociar com a gratid


tidão não é tão bom quanto ajudar sem interess
esse;

Fazer novos amigoss não


n é tão bom quanto tê-los há muito tempo;

Criar uma boa repu


putação não é tão bom quanto guardar a vvirtude do

silêncio;

Dedicar-se a conduta
utas espalhafatosas não é tão bom quanto lev
levar a cabo

pequenas coisas com


m esmero.

111.

Não transgrida contra


tra o justo, ou se envergonhará para sempre.
Não vá onde se usaa o poder com fins egoístas, ou será desacred
editado para

sempre.

112.

É melhor despertar a perfídia dos outros por agir de modo corre


reto, do que

perverter o caráter para


pa agradar aos outros.

É melhor ser caluniad


iado sem ter cometido faltas, do que ser reconh
nhecido sem

ter feito coisas boas.

113.

Quando uma desgraç


aça se abate sobre a família, mantenha-se tranq
nqüilo e não

se desespere.

Quando um amigo erra,


er tente corrigi-lo, e não deixe que ele se per
erca.

114.

O verdadeiro herói
ói não desdenha os pequenos detalhes, não
nã comete

maldades escondido
o dos demais, e nem mede esforços para
ra enfrentar

obstáculos formidáve
veis.

115.

Mil peças de ouro não


ão compram um momento de amizade verdad
adeira;

Uma comida simple


ples, oferecida com amor, merece toda um
ma vida de

gratidão.

Um amor, levado ao
o eextremo, pode despertar a inimizade;
Mas uma amizade p
pura, e sem amarras, pode transformar o rancor
r em

alegria.

116.

Disfarce seu talento


o com
c inaptidão, e use sua luz em segredo; en
encubra sua

claridade, encolha-se,
se, para depois expandir-se.

Essas técnicas são co


como um vaso para preservar alimentos, ou
o como o

coelho que têm três to


tocas.*

*[Preserve-se, escon
onda-se, surja somente no momento oportuno
op e

necessário.]

117.

As causas da decadên
ência estão presentes nos tempos de prosperida
idade; e uma

nova vida surge quan


ando tudo está podre.

Assim, o sábio, nas épocas


ép de paz e abundância, está atento as pos
ossibilidades

de desastre; e nos tem


mpos turbulentos, mantém-se firme e olha par
ara os êxitos

que vêm adiante.

118.

Quem é fascinado por


or maravilhas e novidades, não obtém um con
nhecimento

profundo e extenso.

Quem persegue a vir


irtude em completa solidão, não conseguirá manter
m seu

sossego por muito tempo.


tem
119.

Quando a fúria de alg


alguém é como fogo, seus desejos como águaa fervente, e

mesmo sabendo quee está


e errado, ele persiste em suas ações;

Essa pessoa sabe que


ue está errada; mas quem é o ‘alguém’ quee a obriga a

continuar errando?

Se neste momento eele subitamente pondera, então, seu demôn


nio interior

pode virar um mestre


tre.

120.

Não veja apenas um


m lado da moeda, pois os maus o enganarã
arão; não se

obstine no egoísmo,, o
ou serás sempre impulsivo.

Não use sua força para


pa subjugar os fracos; não faça com que ssua inépcia

atrapalhe os talentoss dos


d outros.

121.

Para emendar as falta


ltas alheias, use meios indiretos; ao usar meios
ios bruscos e

reveladores, você usar


sará suas próprias faltas para atacar os outros.

Para lidar com umaa p


pessoa obstinada, deve-se ser sutil e amável;
el; se você se

enojar, ou se enjoar,
r, aante tais atitudes, estará usando sua própriaa obstinação
o

para vencer a do outr


tro.

122.

Ao encontrar uma pessoa


pe calada e reservada, não revele seus pensa
samentos.

Ao encontrar uma pessoa


pe orgulhosa e soberba, guarde bem suas palavras.
pa
123.

Quando sua mente estiver


es confusa e dispersa, você deve saber see cconcentrar

e estar alerta.

Quando ela estiver


er confusa e tensa, você deve saber rel
relaxar seus

pensamentos.

De outro modo, a confusão


co se tornará enfermidade, e trará cons
nstante mal-

estar adiante.

124.

Um Céu claro e enso


solarado pode, rapidamente, se converter em
m nublado e

tormentoso.

O vento forte e a chuv


uva podem se converter, rapidamente, em uma
ma paisagem

clara a luz da lua.

Podem os moviment
ntos da natureza cessarem por apenas um m
momento?

Pode a essência do un
universo ser captada nas coisas mínimas?

A essência do coração
ão humano tem essa mesma natureza.

125.

Alguns não dominam


am seus desejos mundanos porque não os p
percebem a

tempo; outros os perc


rcebem, mas falham em resistir às tentações da carne.

A percepção é uma pé
pérola para enxergar os demônios da mente;; a vontade é

uma espada poderosa


sa para afugentá-los.

Não podemos permit


itir, nunca, que nossa percepção e vontade dec
ecaiam.
126.

Ao encontrar alguém
ém que te engana, não o denuncie; ao ser
er insultado,

permaneça impassíve
vel.

Assim você terá um bom humor infindável, incontáveis benefícios


be e

vantagens.

127.

A adversidade e a p
privação forjam e temperam as pessoas exc
xcepcionais,

como se fossem um martelo


m e uma bigorna.

Essas provas benefi


eficiam o corpo e coração, e sua ausência
cia causa a

deterioração do corpo
po e do coração.

128.

O corpo humano é um pequeno universo; se a alegria e a tristeza ti


tiverem seu

tempo certo, se os ggostos e aversões tiverem sua justa medida


da, isso será

resultado da habilidad
ade em seguir as propensões naturais.

O universo é como p
pai e mãe das coisas: evitar que as pessoas se ressintam,

que sejam afetadas p


por desastres, essa é a natureza pacífica e sincera
s do

universo.

129.

Não se deve conspi


spirar e atacar os outros, mas precisamoss saber nos

defender. Essa é umaa advertência para os que são negligentes em


m apreciar o

caráter das pessoas.


É melhor equivocar--se do que ser enganado, ou pensar quee os outros

querem nos enganar


ar. Essa advertência é para os que falham ao julgar as

pessoas.

Mantenha consigo eessas advertências, e você se destacará com


omo alguém

perspicaz e honesto.

130.

Não vacile em suas convicções


co porque outros duvidam delas, não
ão se obstine

em suas opiniões, e de
descarte a dos demais;

Não conceda favores


es triviais em prejuízo aos seus princípios, e não
nã aprove a

opinião pública paraa satisfações


s pessoais.

131.

Ante uma pessoa virt


irtuosa, não é correto incomodá-la, apressá-laa o
ou abordá-

la de modo inconveni
niente, pois isso a exporia a calúnia dos ignoran
rantes.

Ante uma pessoa máá, não a corte bruscamente, nem a desmascar


are antes do

tempo; fazer isso prov


ovocaria uma onda de desastres.

132.

A virtude é como um sol brilhante no Céu claro, que se cultivaa eem meio a

um lugar escuro e inv


nvisível.

Adquirir a habilidade
de para manejar as coisas do mundo é um proc
ocesso longo

e lento, como desfiar


ar um casulo de seda.
133.

Um pai é fraterno e amoroso com seus filhos, os irmãos maiss velhos são

cordiais com os meno


nores; ainda que isso seja levado à perfeição,, n
não é mais

do que obrigação, e não


n deve ser causa de gratidão.

Se aquele que distrib


tribui bondade se orgulha disso, e os que recebem
re se

sentem agradecidos,
s, então os familiares se convertem em estranh
nhos, e suas

relações se transforma
mam em negócios.

134.

Se há beleza, certam
amente haverá fealdade; se não me incomod
odar com a

beleza, quem me acha


hará feio?

Se há limpeza, certam
mente haverá sujeira; se eu mesmo não me lim
impar, quem

poderá me sujar?

135.

Ser ‘frio e quente’* é coisa muito mais dos ricos do que dos pobre
res; brigas e

ciúmes são mais forte


rtes entre familiares do que entre estranhos.

Ao tratar com as pes


essoas, sem o ventre livre* e o espírito equili
ilibrado, até

mesmo o brilhante p
perde sua luz, e fica-se constantemente preo
reocupado e

incomodado.

*Frio e quente = simp


pático e solícito

*Ventre livre= aberto


to, simpático (contrário da pessoa com ‘prisão
o de ventre’,

ou ‘ventre preso’ = an
antipática, insensível, pesada). A analogia é semelhante
sem a

que encontramos no
o Brasil.
B
136.

A respeito dos méri


ritos e faltas dos outros, não deve haver confusão
co ou

ambigüidade; senão,, o
os corações se assustarão, e ficarão inertes.

Os favores e os ranco
cores não devem ficar bem definidos; senão,
o, as pessoas

desejarão trair.

137.

Nunca fique numa po


posição muito alta, ela traz perigo; nunca ganh
nhe demais,

isso gera decadência;


ia; nunca se orgulhe de ser virtuoso, isso atrai
rai calúnia e

ruína.

138.

Teme o mal à noite;; teme


te o bem de dia.

O mal feito de dia é su


superficial; mas na escuridão é profundo.

O bem feito de dia é ssuperficial; mas na escuridão, ele é magnânim


imo.

139.

A virtude é senhora do
d talento, e o talento é servo da virtude. O ta
talento, sem

virtude, é como um
ma casa sem amo, controlada pelos servos
os; quantos

demônios e monstros
os não surgirão assim?
140.

Ao afugentar traidor
ores e aduladores, é necessário deixar-lhes uma
u via de

escape; se não os de
deixar escapar, é como encurralar um rato,
o, que rói e

destrói todas as suass coisas


c para fugir.

141.

Compartilhar com os outros o peso de suas faltas, e não dividirr a glória de

seus méritos: isso atra


trairá ciúmes mútuos.

Passar junto com oss o


outros suas atribulações e dificuldades, mass não
n dividir

com eles sua paz e ale


legria: isso leva a inimizade mútua.

142.

Um Educado que ca
caiu na pobreza não pode ajudar os outross com bens

materiais; mas ao enc


ncontrar alguém que perdeu o Caminho, pod
de lhe dizer

algumas palavras boas


bo e ajudá-lo; ao encontrar alguém que passa
p pela

adversidade, pode diz


izer palavras amáveis e resgatá-lo.

Isso se constitui num


m bem incomensurável.

143.

Famintos, buscamoss ajuda de alguém; satisfeitos, vamos embora.


ra. Frente ao

poderoso, nos apressa


ssamos e aproximamos; frente ao pobre, o aban
andonamos.

A natureza das relaçõ


ções humanas tem seus problemas.
144.

Uma pessoa virtuosa


sa aclara sua visão, de modo a ser sóbrio, e é cuidadoso

em não ser apressado


do com sua conduta reta e justa.

145.

A virtude segue a tole


lerância, e a tolerância cresce com o conhecime
mento.

Assim, quem deseja


ja aprofundar a virtude, não pode deixarr de lado a

tolerância; e se aspi
pira à tolerância, não pode se contentar com
co pouco

conhecimento.

146.

Quando a luz da lâm


mpada é tênue como um vaga-lume, e as dezz mil flautas

não produzem nenh


hum som; esse é o estado de ‘alegria e repo
pouso’* que

alguém pode alcançar


ar.

No meio da madruga
gada, quando não há nenhum barulho; é com
mo emergir

no próprio caos origin


ginal, antes da criação.

Se aproveitarmos eesses momentos para refletir sobre nós


ós mesmos,

perceberemos que o
ouvidos, bocas e nariz não são mais que correntes
c e

grilhões, e que noss


ossos desejos e vontades nos desviam do verdadeiro
v

entendimento.

*Serenidade, equilíbri
brio interno e desprendimento do ambiente ad
advindos da

meditação.
147.

Aquele que exercita


ita a introspecção, converte as coisas em remédios
re e

agulhas de pedra; o qu
que critica e culpa os demais, faz com que o pe
pensamento

seja como uma adaga


ga ou uma lança.

Uma atitude abre o C


Caminho para todos os bens; outra, para todo
os os males.

Ambas estão tão sepa


paradas como o Céu e a Terra.

148.

As obras e os escrito
itos perecem com seus criadores, mas o esp
spírito delas

permanece por dez m


mil anos.

Um grande nome e a riqueza podem mudar o mundo; mas


m para a

sinceridade moral, mi
mil anos são apenas um dia.

O Educado nunca dev


eve trocar o valioso pelo vão.

149.

Ao jogar uma rede d


de pesca, às vezes cai nela uma folha; o louva
va-deus vem

comê-la, mas vira pre


resa de um pardal.

Existem engrenagens
ns nas engrenagens, e mudanças nas mudança
ças; de nada

vale a astúcia vã do ser


se humano.

150.

Uma pessoa sem pensamentos


pe sinceros é como um adorno
o de vestir,

superficial e vazio.
Uma pessoa que trat
rata o mundo sem maleabilidade e atenção é como um

boneco de madeira:: d
duro, encontra obstáculos em todos os lugares
es.

151.

Águas tranqüilas não


ão têm ondas; um espelho limpo não tem pó.

O coração não precis


cisa ser limpo; apenas afaste os pensamentoss impuros,
i e

ele ficará puro.

A felicidade não pod


de ser encontrada; apenas afaste a dor do cor
oração, e ela

surge.

152.

ento pode ir contra as proibições dos deusess e espíritos;


Apenas um pensamen

apenas uma palavraa pode


p acabar com a comunhão do Céu da Ter
erra; apenas

uma única ação pode


de desgraçar nossos filhos e netos.

Devemos ser cuidado


dosos e conscientes de nossos atos.

153.

Existem coisas que


ue, quanto mais buscamos, mais nos esc
escapam ao

entendimento; do mesmo
m modo, quando não estamos mais an
ansiosos por

elas, elas aparecem de modo natural a nossa frente.

Existem pessoas quee recusam ajuda, mas ao deixá-las por si meesmas, elas

abandonam seus inter


eresses.

Não se deve pressiona


nar, nem provocar, aqueles que são muito obst
stinados.
154.

Ainda que sua moral


ralidade seja alta como as nuvens, e seus escr
critos puros

como neve branca; se essas coisas não foram modeladas pela virtu
tude, ao fim,

todas as suas ações


es se basearam no egoísmo, e toda a suaa técnica e

capacidade serão Nad


ada.

155.

Retire-se do seu posto


sto de trabalho quando está no auge da prosper
eridade, e se

transfira para um luga


gar tranqüilo e retirado.

156.

Quanto à virtude, seja


eja atento e cuidadoso com as mínimas coisas;

Quanto à generosidad
ade, exercite-a com quem não pode retribuir.

157.

Ser amigo de um meercador não é tão bom quanto ser amigo dee u
um asceta;

ser recebido nas port


rtas vermelhas* não é tão bom quanto freqüe
üentar casas

brancas**; escutar ass conversas nas ruas não é tão bom quanto ouv
uvir o canto

dos pássaros ou as ca
canções dos pastores; e comentar os erros dass pessoas de

hoje não é tão bom quanto


qu refletir sobre a virtude dos antigos.

*Portas Vermelhas:: C
Casas de pessoas ricas ou importantes.

** Casas brancas: resi


sidências humildes ou pobres.

158.
A virtude é a base do sucesso; sem raízes não há frutos, sem alice
cerce não há

casa que dure.

159.

Um bom coração é a raiz da prosperidade das gerações futuras;


as; sem raiz,

não há crescimento,, folhas


f e plantas não florescem.

160.

Os antigos diziam:: ‘abandone


‘a seu lugar sem guardar nada, e passe
p pelas

portas com uma cuia


ia de esmolas, como o filho de um pobre’.

Também diziam: ‘o ffilho de um pobre não deve dizer que é rico,


o, como um

louco sonhador; onde


de já se viu uma estufa com fogo, mas sem fum
maça?’

O primeiro provérbio
io nos aconselha a conhecer a nós mesmos; o segundo,
s a

nos guardar contra so


soberba. Ambos devem servir de guia em nosso
ssos estudos.

161.

Seguir o Caminho é aalgo para todos, mas cada um tem o seu própr
prio.

O estudo [do Caminh


inho] é como cozinhar, ou fazer os trabalhoss ccotidianos;

deve-se estar preparad


rado e atento.

162.

Aquele que age de bo


boa fé atua com sinceridade, mesmo que oss outros
o não

sejam sinceros;
Aquele que suspeitaa de tudo age com falsidade, mesmo que oss o
outros não

sejam falsos.

163.

Uma pessoa de pensa


samento generoso é como o vento da primave
vera que faz

florescer a Terra, e qu
que faz as Dez mil coisas se desenvolverem.

Uma pessoa de pens


nsamento egoísta é como a neve do norte,
e, sombria e

gelada, que traz a mor


orte a tudo que toca.

164.

Ao se fazer o bem não


nã se vê os benefícios; é como um melão, que
ue cresce no

mato sem ser notado.


o.

Ao se fazer o mal não


ão se vê os danos; é como geada, que cai no pá
pátio no fim

da primavera, e quase
se não se nota o avanço da decadência.

165.

Ao encontrar um velh
elho amigo, o afeto é maior do que antes;

Ao encontrar conh
hecimento oculto e secreto, a ansiedadee deve ser

controlada;

Ao tratar dos mais velhos


v e incapazes, nossa cortesia e respeito
o devem ser

ainda maiores.
166.

Aquele que é realmeente diligente se aprimora na virtude e na moral;


m mas

existem aqueles quee ssó são diligentes para escapar da pobreza.

Aquele que realmente


nte é simples é indiferente a comodidades e riqu
iquezas; mas

existem pessoas quee utilizam


u a simplicidade para disfarçar sua obtu
usidade.

É uma pena que aq


aquilo que o Educado usa pra se cultivar,, as
a pessoas

pequenas usam paraa ssuas mesquinharias.

167.

Quem se move, imp


pulsionado pela animação, acaba ficando pa
parado; uma

roda não gira pra trás


ás.

Quem se baseia apenas


ap na percepção, acaba ficando confus
uso e nada

compreende.

Guarde: uma lâmpada


ada não ilumina para sempre.

168.

O apropriado é perdo
doar os erros alheios, e evitar cometê-los.

O apropriado é ter paciência


p com nossas adversidades, mas não
o com a que

os outros sofrem.

169.

Aquele que evita ass cconvenções é especial; mas aquele que as bus
usca para se

diferenciar é um excê
cêntrico.
Aquele que não se contamina
co com coisas banais é puro; mas aqu
quele que se

desliga de tudo que é banal é um radical.

170.

Ao praticar o Hum
manismo, o apropriado é ir do pouco ao muito; do

contrário, as pessoass se
s esquecerão rápido dos benefícios recebidos
os.

Ao exercer a autorid
ridade, é apropriado ir da severidade a tole
lerância; do

contrário, as pessoass se
s ressentirão amargamente.

171.

Sem pensamentos im
mpuros, a verdadeira essência do coração aflora
ora.

Buscar a verdadeira eessência, sem um coração tranqüilo, é como fazer


fa ondas

na água querendo ver


er o reflexo da lua.

Se os pensamentos são
s puros, o coração estará sempre limpo.. Buscar
B um

coração brilhante, se
sem pensamentos puros, é como buscar brilh
ilho em um

espelho empoeirado.

172.

Se tenho fama e pod


oder, as pessoas me saúdam; mas o que ela
elas buscam,

mesmo, é meu cinto


o de
d oficial e meus distintivos.

Se me acho na pobrez
eza, as pessoas me desprezam; mas o que elass desprezam,
d

mesmo, são minhass roupas


r gastas e humildes.

Assim, se de fato não


ão meu saúdam, porque me sentir lisonjeado?? Se não me

desprezam, porque m
me sentir afrontado?
173.

Diz um provérbio: ‘Deixe


‘D um pouco de arroz pros ratos, e apaguee a lâmpada

para os cupins’. Essa


sa atitude compassiva dos antigos é o que fazz com
c que a

humildade prosperee e floresça. Sem essa atitude, as pessoas não são


sã mais do

que uma casca vazia,


a, um templo sem alma.

174.

A essência do coraç
ação é como a essência do Céu: um pensa
samento de

felicidade, e aparecem
em estrelas e nuvens de bom auspício; um pe
pensamento

desagradável, e desat
atam trovões e chuvas violentas. Um pensam
amento bom

traz ventos suaves e orvalho


o doce; um pensamento incômodo é como
c o sol

ardente, ou o gelo do
o outono.

Como harmonizar os extremos? Seguindo as mutações do univer


erso: depois

que algo floresce, háá a continuidade. Assim, de forma livre e sem obstáculos,
o

se unem as essênciass d
do Céu e da Terra.

175.

Sem ocupação, a m
mente facilmente obscurece; então, é necessária
ne a

tranqüilidade para aclarar


ac as idéias.

Ocupada demais, a m
mente facilmente se agita; então, é necessário
rio aclarar a

mente para devolverr a tranqüilidade ao espírito.


176.

Quem contempla as coisas está fora delas, e compreende os ganhos


ga e as

perdas de suas possíve


íveis ações.

Quem realiza as coisaas está submerso nelas, e ignora as perdas e os ganhos

de suas ações.

177.

Um Educado, com al
alto cargo, deve ser incorruptível, mas deve ser
se amável e

modesto.

Não deve compromeeter sua integridade de modo algum, nem b


buscar algo

em proveito próprio.
io. Não deve ser extremado, nem perder a centralidade,
cen

muito menos provoca


car enxames de insetos venenosos.*

*Literalmente: atrair
ir gente
g corrupta.

178.

Aquele que alardeiaa moralidade


m atrai maledicência; quem se gabaa de virtude

e saber, receberá cens


nsura.

Por isso, o Educado


o se afasta tanto da má quanto da boa repu
putação; ele

apenas preserva suaa iintegridade e gentileza, e onde mora, sua cond


nduta é tida

como exemplo.

179.

Ao encontrar uma pessoa


p equivocada, use a sinceridade para m
mudar sua

mente; ao encontrar
ar uma pessoa violenta, use a calma e a gent
ntileza para
conquistá-la; ao enco
contrar uma pessoa malvada e egoísta, use seu
u bom
b nome

e a energia moral para


ara ensiná-la.

Assim, não haverá na


nada, debaixo do Céu, que você não possa m
mudar com

sua influência.

180.

Um pensamento de bondade
b pode harmonizar o Céu e a Terra;

Um coração, sem m
manchas, estende a fragrância de sua pureza
eza por cem

gerações.

181.

Tramar intrigas, terr h


hábitos inconvenientes, fazer coisas estranhas
as, essas são

as causas dos problem


emas do mundo.

Somente por meio da


d virtude, no cotidiano, se pode preservarr a natureza

original, e se consegu
guir a paz harmoniosa.

182.

Diz um provérbio: ‘ao escalar uma montanha, deve-se suportar a subida, ao

caminhar pelo gelo de


deve-se suportar a ponte perigosa’.*

A palavra ‘suportar’’ te
tem um significado muito importante.

Ao ver corações inc


inclinados ao mal, e uma vida cheia de frustrações,
fr

pensamos: ‘quantass pessoas,


p por não terem a habilidade de ‘supor
ortar’, caem

em desgraça, e encont
ntram infortúnios?’

*Gelo quebradiço que


ue ocorre na superfície dos lagos congelado.
183.

Aquele que exageraa eem seus sucessos, e se gaba de suas criações


es literárias,

depende de coisas ext


xternas para agradar a si mesmo.

Não se dá conta de que


qu aquele que preserva a pureza original de se
seu coração,

sem ter grandes suce


cessos, ou escrever grandes coisas, se realizaa ccomo uma

pessoa magnânima.

184.

Se em meio às ocup
upações e dificuldades, alguém deseja um mo
omento de

descanso, deve ter autoridade


a para tomá-lo; se em meio ao
o ruído e a

confusão, alguém d
deseja silêncio e calma, deve dominar a arte da

tranqüilidade;

Do contrário, essee alguém estará sempre sujeito a modifica


car-se, uma

constante vítima dass ccircunstâncias.

185.

Não vá contra o quee diz


d seu coração, não leve suas emoções ao ext
xtremo, não

esgote suas forças e recursos.


re

Siga esses três consel


elhos, e alcançará uma virtude apreciada pelo
lo mundo, a

continuidade da vida,
a, e a felicidade para os descendentes.

186.

O serviço público te
tem dois preceitos: ‘A imparcialidade dá o exemplo,
e a

retidão confere autori


oridade’.
O cuidado de umaa casa tem dois preceitos: ‘Tolerância geraa harmonia,

simplicidade gera a fa
fartura’.

187.

Quando desfrutar da riqueza, esteja consciente das adversidades,


s, e do risco

de cair na pobreza.

Quando aproveitarr a juventude, esteja consciente das dificu


culdades da

velhice.

188.

Ao se conduzir de mo
odo apropriado no mundo, não seja moralista
sta demais, e

prepare-se para ser in


insultado e caluniado.

Ao tratar com as pes


essoas, no mundo, não seja exigente demais;; lembre
le que

elas são feitas de virtu


tudes e fraquezas.

189.

Não provoque inimiizade com pessoas de baixo caráter, elas já têm seus

próprios rancores;

Não louve pessoas já realizadas e superiores, elas não concedem favores de

forma ordinária.
190.

Os males causadoss p
pelos desejos irrefreados podem ser curado
dos, mas os

males causados por u


uma percepção equivocada das coisas são mu
uito difíceis

de curar.

As barreiras formada
das pelo materialismo podem ser facilmente eliminadas,
e

mas as barreiras do entendimento


en são muito difíceis de eliminar.

192.

É preferível a perfídi
ídia e a zombaria dos néscios, do que suas lo
louvações e

elogios.

É preferível a censura
ra dos sábios, ao invés de sua tolerância e perdã
dão.

193.

Quem é materialista,
ta, e prejudica a sua conduta moral; o dano
o é óbvio e

superficial.

Quem persegue a rep


reputação moral, disfarçando sua maldade dee virtude; o

dano é oculto e profu


fundo.

194.

Receber bondade, sem


em retribuir;

Pensar em vingança,
a, mesmo
m diante de uma pequena ofensa;

Dar ouvidos e acredit


itar em mexericos;

Ver a bondade em plena


ple luz do dia, e não acreditar nela;
Essas são as caracterís
rísticas de uma pessoa de baixo caráter moral;
al; corte-a de

suas amizades.

195.

Quando uma pessoaa pequena calunia um Educado, é como umaa nuvem


n que

obscurece o sol; em p
pouco tempo, ele volta a brilhar.

Mas aquele que busc


sca benefícios, em troca de favores, é como
o um vento

ruim; ele invade o cor


orpo, e causa uma doença invisível.

196.

Nas ladeiras altas e inclinadas


in nas montanhas não crescem árvor
ores, mas os

vales com rios e lagos


os estão cheios de vegetação florescente.

Nas cachoeiras não


o se encontram peixes, mas os tanques tranqüilos
tra e

profundos estão cheio


eios de peixes e tartarugas.

Uma conduta muito


ito severa e rígida, uma mente fechada e um coração

estreito são coisas com


om as quais um sábio cuida.

197.

O Educado é sempre
re modesto e compreensivo; quem fracassa,, eem geral, é

obstinado e inflexível
el.

198.

Na vida cotidiana, não


nã se envolva demais com gente pequena, par
ara não cair

nas suas vulgaridades


es.
Ao realizar ações mer
eritórias, não se afaste da gente vulgar, mas também
tam não

espere sua aprovação.


o.

199.

O sol está se pondo,, aas nuvens e o Céu são magníficos ao entardece


ecer;

O ano está terminan


ando, e as folhas de laranjeira desprendem u
um aroma

sublime;

Nos últimos anos dee sseu Caminho, o sábio já refinou seu espírito cem
c vezes.

200.

A águia, de pé, par


arece estar dormindo; o tigre, quando avan
ança, parece

cansado; por meio desses


de disfarces, eles apanham suas presas.

Assim, o Educado não


n revela sua inteligência, nem faz alard
rde de seus

talentos, e desse modo


do leva a cabo suas difíceis tarefas.

201.

A simplicidade é uma
um qualidade virtuosa; mas, levada ao extremo,
ex se

transforma em sovini
nice, mesquinharia vulgar, e atrapalha o Camin
inho.

A modéstia também
m é uma boa qualidade; mas levada ao extremo,
ex se

transforma em leniên
ência, complacência vulgar, e hipocrisia.

202.

Não se angustie quan


ando as coisas não vão como o desejado, nem se regozije

com qualquer prazer;


er;
Não espere que a tran
anqüilidade dure muito tempo, nem tema as di
dificuldades

para começar uma tarefa.


tar

203.

Uma família que gost


sta muito de festas e bebidas não é uma boa família;
fam

Um mestre que busca


ca os prazeres da carne não é um bom mestre;

Um oficial que pensa


sa demais na sua carreira não é um bom oficial.
al.

204.

As pessoas tomam por


p prazeroso aquilo que as satisfaz; mas, quando
qu seus

corações estão cheios


os de prazeres, elas ficam amarguradas.

Por isso, o sábio se compraz


co com aquilo que contraria seus desejos
jos, e no fim,

sua amargura se trans


nsforma em alegria.

205.

Quem vive satisfeito


o e na abundância é como água, a ponto de transbordar:
tra

não se pode aumentar


tar uma só gota.

Quem vive em crisee e perigo constante, é como madeira a ponto de


d quebrar:

não se pode aumentar


tar nem um pouco a pressão.

206.

Com olhos tranqüilos


los, observa as pessoas;

Com ouvidos sóbrios


os, escute as palavras;

Com o coração tranqü


qüilo, perceba os problemas;
Com a mente serena,
a, encontre a razão das coisas.

207.

Um Educado é abert
erto e generoso, goza de bondade e prosperid
ridade, e faz

tudo com verdadeira


ra alegria.

Uma pessoa pequena


na vive miseravelmente, sua visão é estreita,, suas ações

são estéreis, e tudo o q


que faz é com o espírito de avareza.

208.

Ao escutar que alguém


uém fez o mal, não se apresse em condená-lo;; podem ser

apenas calúnias.

Ao escutar que algué


uém fez o bem, não se apresse em elogiá-lo
lo; pode ser

apenas uma artimanh


nha.

209.

Uma pessoa rude e impetuosa


im não termina nada;

Uma pessoa tranqüila


ila é abençoada em tudo o que faz.

210.

Ao tratar com as pes


essoas, não seja seletivo ou exigente demais,
s, ou poderá

afastar pessoas que po


poderiam ser úteis.

Ao fazer amizades, não


nã seja seletivo ou exigente de menos, ou atra
trairá apenas

os bajuladores.
211.

Em meio aos ventoss cortantes


c e chuvas violentas, firme seus pés;

Em meio ao mato alto


lto e campos de flores, olhe para cima;

Em meio a um Camin
inho perigoso e difícil, olhe para a trilha.

212.

Uma pessoa casta e ín


íntegra cultiva sua amabilidade, e assim, não aabre portas

para o desentendimen
ento.

Uma pessoas que bus


usca honra e posição deve cultivar a virtude da modéstia,

e assim, não abrirá po


portas para a intriga.

213.

Ao ocupar um cargo
go oficial, não envie cartas sem selo; seja difí
ifícil de ver,

evitando oportunistas
tas e bajuladores.

Ao visitar sua aldeia,


ia, não seja orgulhoso nem mal humorado; se
seja fácil de

ver, fortalecendo as antigas


an e verdadeiras amizades.

214.

A uma pessoa de pos


osto alto se mostra respeito, e assim, evita-se a baixeza;
b

A uma pessoa comum


um se mostra respeito, e assim, evita-se a arrogâ
gância.

215.

Quando as coisas vão


ão contra sua vontade, pense naqueles cuja situ
tuação não é

boa como a sua; seu ssofrimento desaparecerá.


Quando seu coração
ão estiver desalentado, pensa naqueles cujo
jos sucessos

superam aos seus; voc


ocê se sentirá renovado.

216.

Não faça promessass im


impensadas, com a desculpa de que estava feli
eliz;

Não fique encolerizad


ado, com a desculpa de que estava bêbado;

Não discuta por nada


da, abusando da vontade alheia;

Não abandone uma ta


tarefa, com a desculpa de que está cansado.

217.

Quem compreende p
perfeitamente um livro, alcança o ponto em que suas

mãos e pés bailam jun


juntos, e ele não cai nem na rede nem no anzol.
ol.*

Quem observa as cois


oisas com perfeição, chega ao ponto em que seu
se coração

se funde com o espíri


írito das coisas, e ele não deixa pegadas no chão
ão.**

* Não se atrapalha com as palavras ou pensamentos.

**Agir natural e isent


nto.

218.

O Céu torna alguém ssábio para ensinar o povo ignorante, mas no


o mundo,
m há

quem se vanglorie de seus conhecimentos somente para mostrarr aos outros

seus defeitos.

O Céu torna alguém rico


r para que alivie o sofrimento das multidõ
dões, mas há

quem use da riquezaa para


p abusar e maltratar os pobres.

Ah, essas pessoas ofen


fendem a vontade do Céu!
219.

O sábio não tem preo


eocupações, o parvo não tem entendimento; co
com ambos,

se pode estudar e con


nstruir.

As pessoas com pro


ropensões destacadas, mas sem um guia, desenvolvem
de

apenas um aspecto
to da percepção e do entendimento; isso
so as torna

introspectivas e desco
confiadas, e é difícil ajudá-las.

220.

A boca é a porta daa mente; vigie-a com cuidado, ou deixará escapar


es suas

intenções ocultas.

Os pensamentos são
ão os pés da mente; controle-os firmemente
nte, ou será

levado para o Caminh


nho da perdição.

221.

Se aquele que julgaa o


os outros se comporta com clemência, por
or encontrar

algo de impecável naq


aquele que cometeu um erro, então ele fica em
m paz.

Se o que julga a si mesmo


m se comporta com exigência, por enc
ncontrar um

erro mesmo entre ass ccoisas boas que fez, ele se aproxima da virtude
de.

222.

Uma criança é um molde


m de adulto, um letrado é um molde de ministro;
m se

nesse ponto não se aplica


ap fogo, a cerâmica não endurece, e um dia
ia, diante da

corte, será difícil quee ele tenha alguma utilidade.


223.

O sábio não se aflig


flige no meio da adversidade, mas fica inqu
quieto num

banquete ou numa viagem


via de descanso.

Ao encontrar com ric


ricos e poderosos ele não muda, mas ao ver gente
ge aflita e

abandonada, seu cora


ração fica tocado.

224.

As flores do pessegue
ueiro e da ameixeira são lindas, mas como compará-las
co

com a constância do
o vverde escuro do pinheiro, ou do verde jade do cipreste?

A pêra e o pêssego
o são doces, mas como compará-los com o cheiro da

laranja ou da tangerin
rina?

Aquilo que é muito ccolorido desaparece rápido, o que é discreto


o permanece
p

muito tempo.

O que floresce muito


ito rápido não é tão bom quanto aquilo quee amadurece
a

com o tempo.

225.

Com ventos suavess e ondas tranqüilas, se pode contemplar a verdadeira


v

condição da vida hum


umana.

Comendo de forma ssimples e falando pouco, se pode conhecer a verdadeira

raiz do coração.
226.

Aqueles que falam da


d felicidade da vida nas montanhas e bos
osques, não

necessariamente ente
tendem desse tipo de vida.

Aqueles que desden


enham de cargos e riquezas, não necess
essariamente

desprezam essas coisa


isas.

227.

Pescar sentado a beira


ira d’água é um passatempo elegante, mas aind
nda assim, se

tem poder sobre a vid


ida e a morte;

A dança Xianqi é ap
apenas uma representação de luta, mas o espírito
e da

batalha está ali presen


ente;

Assim, desfrutar da aç
ação não é tão bom quanto a não-ação*.

Mostrar habilidade em
e tudo não é tão bom quanto preservarr a natureza

original**.

*Wuwei, não-ação, ou ação isenta de propósito. [aproveite sem esg


sgotar-se]

**Ziran, natureza orig


riginal, espontaneidade. [aja sem excesso]

228.

Os campos estão chei


eios de pássaros e flores, as montanhas, exuber
erantes, e os

vales, belíssimos;

Mas tudo isso é umaa ilusão


i do Céu e da Terra.

As águas secam, as áárvores caem, as pedras estão nuas, e os cam


mpos cheios

de vegetação morta;

Esses são o Céu e a Terra.


Te
229.

O tempo em si é long
ngo, mas as pessoas dividem-no em meses e ano
nos;

O Céu e a Terra são


ão vastos, mas as pessoas dividem-nos em ped
edaços, e os

usam mal;

As flores da primaver
era, os ventos do verão, a lua de outono, e mes
esmo a neve

do inverno, servem para


p a apreciação humana, mas as pessoas,, ssempre tão

preocupadas, não con


onseguem perceber isso.

230.

Para desfrutar da natu


atureza, não é preciso ir longe; um pequeno laguinho,
lag do

tamanho de uma tige


igela de arroz, algumas pedras miúdas, e se po
ode montar

uma linda paisagem para


p contemplação.

Para aprender a cap


aptar uma paisagem, não é preciso ir longe
ge; de uma

pequena janela, num


uma cabaninha de bambu, com o vento e a lua a

disposição, isso é o suficiente.*


su

Chinês (Yuanlin 园林, cuja miniaturização


*Arte do Jardim Ch o das coisas

(árvores, pedras, lago


gos, etc.) é um dos objetos de contemplação Ch
han.

231.

Ao escutar o som dee um sininho numa noite quieta, podemos despertar


de do

sonho do sono, paraa o sonho da vida real.

Ao observar o reflex
lexo da lua nas águas límpidas de um lago,
o, podemos

revelar aos olhos o corpo


co real* fora do corpo físico.

*Alma, espírito.
232.

O canto dos pássaros


ros, e o zumbindo dos insetos, são naturais para
p eles; a

beleza das flores, e as cores das ervas, apenas mostram o Caminho.


o.

O Educado deve deci


cifrar os mistérios da natureza, e manter sua mente
m clara

e sensível para compr


preender as essências de todas as coisas.

233.

As pessoas só podem
em entender livros que tenham palavras, n
não podem

entender os livros eescritos sem palavras; elas podem tocar alaúdes


ala com

cordas, mas não pode


dem tocar alaúdes sem cordas.

Usam as formas exter


teriores, mas não compreendem a essência; com
omo podem

então compreender re
realmente o que está escrito, ou o que é a músi
úsica?

234.

Se um coração não
o é materialista, ele é como um Céu de ou
outono sem

nuvens, ou como um
m mar sem brumas.

Se alguém tem apena


nas seus livros e um alaúde por companhia, seu
u cantinho

será como um quarto


to de pedra, ou um palácio imortal.

235.

Uma festa cheia de cconvidados, bebendo e festejando, parece ser


er perfeita e

animada.
Mas quando a ampu
pulheta e as velas se esgotam, a festa termin
ina; não há

incenso, o chá está frio,


fr vomita-se o que se comeu, as pessoas estã
stão bêbadas

e indispostas.

Todas as coisas abaix


aixo do Céu são assim; porque não prevenir,, ao
a invés de

arrepender-se depois?
is?

236.

Se alguém puder com


ompreender a essência das coisas, é como se entrasse
e na

eterna contemplação
o dos Cinco Lagos e da Lua envolta em Bruma.
a.*

Se alguém puder reve


velar aquilo que se move diante de seus olhos,
s, é como se

unisse aos heróis de mil


m anos atrás, e compartilhasse suas virtudes.
es.

*Paraíso Budista

237.

As montanhas, rios,
s, a Terra, são apenas um grão de poeira no universo;
u a

humanidade e o mun
ndo material são menores ainda, pois!

O corpo de carne e sangue, ao fim, se reduz a nada; e todas


as as coisas

materiais se transform
rmam em meras sombras.

238.

A vida é como umaa chispa que sai da pedra, impermanente e efêmera;

porque se perde tanto


to tempo?!!

O poder dos reinoss é como um chifre de caracol; porque tan


anto esforço

inútil?!!
239.

Uma lâmpada apaga


gada não tem pavio, um abrigo em ruínass não
n abriga

calor; ambos são resu


sultados do uso que se fez deles ao longo do tem
empo.

Se alguém é um falso
so asceta, cujo corpo se transforma em árvoree sseca, mas o

coração em cinzas fria


rias, é inevitável que caia em erro.

240.

Se alguém está ocupa


pado com uma vida ativa, ele pode parar, descansar,
de e

recomeçar quando for


fo apropriado.

No entanto, se algué
uém busca apenas uma oportunidade para eestancar, é

como se estivesse num


nu casamento em que sempre há o que fazer,
f e os

problemas nunca acab


cabam.

Tornar-se um mon
nge budista ou daoísta é bom, mas a busca
b pelo

aprimoramento não
o termina
t por aí.

Como diziam os anti


ntigos: ‘no momento de meditar, medite; se esperar
e por

uma oportunidade es
especial, nunca a terá’.

Sábias palavras!

241.

Quando estiver frio,, pense


p no calor; verá que a pressa não ajuda.

Quando a perturbaçã
ção dá lugar à calmaria, percebe-se o valor do descanso

silencioso.
242.

Se para alguém a riqueza


riq e a fortuna são vãs, como nuvens p
passageiras

arrastadas pelo vento,


to, ele não precisa ir morar numa gruta da mon
ontanha.

Se alguém não for obc


bcecado por retirar-se no meio das montanhas
as e fontes a

ponto de adoecer, pod


ode se permitir então tomar um pouco de vinh
nho e recitar

poesias.

243.

Deixe que os outross briguem


b pela fama e pela riqueza, e não se per
erturbe com

os corações atorment
ntados.

Seja indiferente a tudo


do isso, mas não se orgulhe de sua sabedoria.

É o que se diz, no Budismo:


Bu ‘não se deixe cegar pelas dez mil cois
oisas, não se

engane com as ilusões


ões, e liberte o corpo e a alma’.

244.

A pressa ou a morosid
sidade do tempo estão na mente;

A grandeza ou a pequ
quenez estão no tamanho do coração;

Para aquele cujo coraação está em paz, um dia apenas é como mill an
anos;

Para aquele cuja men


ente está em paz, uma casinha pequena é vas
asta como o

Céu e a Terra.

245.
Diminua seus desejo
jos, diminua ainda mais, até que se resumam
m a cultivar

flores e podar bambu


bus; ao fim, você alcançará a natureza original
al pela não–

ação.

Esqueça as coisas ext


xternas, até que se lembre apenas de queimar
ar incenso e

servir chá; ao fim, voc


ocê não precisará mais pedir por vinho.*

*[No original, ‘cham


mar pelo servo de branco’ (garçom), ou seja,
ja, dispensar

favores e necessidades
des externas.]

246.

Todas as coisas passa


ssam diante dos olhos: quem as compreende por
p inteiro,

alcança o domínio dos


do imortais; quem não as compreende, conti
ntinua preso

do mundo material.

Todas as coisas do Céu


Cé e da Terra têm seus princípios: que souber
er empregá-

los com perfeição,, conseguirá


c manter sua vitalidade; quem não
nã souber,

caminha rumo à mor


orte.

247.

Quem se apressa a ba
bajular o poderoso, atrai pra si mesmo o mai
ais rápido e

miserável dos azares.

Quem é indiferente aao poder e a fama, permanece na mais sutil e duradoura

tranqüilidade.

248.
Caminho sozinho, cajado
ca na mão, por entre as alamedas de pi
pinheiros; e

quando faço uma pau


ausa, a bruma envolve minhas roupas rotas.

Baixo a janelinha dee bambu, a cabeça encostada num livro; despe


perto com a

luz da lua sobre minh


nha coberta.

Tais são os prazeress da


d solidão, que qualquer um pode perceber,
r, se cultivar

sua mente.

249.

A luxúria é um fogo
go devorador, mas apenas um pensamento
to sobre sua

inconveniência a tran
ansforma em cinzas.

A ambição material
al é atraente como um doce, mas apenas uma
u breve

ponderação sobre os perigos de buscá-la fazem com que ela pe


perca o seu

sabor.

250.

Quando todos querem


rem avançar ao mesmo tempo, o Caminho se atravanca;

dê um passo atrás, e o Caminho se libera.

Quando uma comida


da é muito condimentada, ela perde seu sabor
or agradável;

com a medida certa de


d tempero, ela se torna excelente.

251.

Para a mente ficar calma


c em tempos agitados, ela deve ser cul
ultivada em

tempos de paz.
Para que o coração
o seja firme perante a morte, acostume-o com
co a idéia

durante a vida.

252.

No bosque dos ermitã


itãos, não existe nem glória nem desgraça;

No Caminho correto,
to, não existe nem frio nem quente.

253.

Quando está muito q


quente, não é preciso acabar com o calor intenso,
int mas

apenas se refugiar naa sombra do Terraço da Brisa;*

A pobreza não precis


isa ser eliminada; apenas pare de se preocupar
ar com ela, e

seu coração ficará calm


almo, tranqüilo e alegre.

*Pavilhão coberto par


ara a contemplação dos jardins.

254.

Quando se vai bem,, pense no que pode dar errado; isso evita acidentes,
ac e

prepara para os avanç


nços e retrocessos que sempre acontecem.

Quando se dedicar a uma tarefa, primeiro pense em como vaii tterminá-la;

isso evita o perigo dee ter que cavalgar no lombo do tigre.*

*Enrascada, situação
o ccomplicada de sair.
255.

Quem gosta de ouro,


o, mas se ressente de não ter jade; quem ganha
ha um posto,

mas se ressente de não


nã ter um cargo mais alto; esse, mesmo tend
ndo poder e

riqueza, continua sen


endo um mendigo.

Quem se contenta co
com a sorte; toma sopa como se fossem carne
ne e grão de

primeira; que se veste


ste com roupas comuns, mas se sente confortá
rtável, como

se estivesse com pele


le d
de raposa ou arminho;

O Humilde não é, ass


ssim, menos feliz do que reis ou príncipes.

256.

Esconder o próprio nome


n é melhor do que divulgá-lo;

Deixar as coisas do mundo,


m e ficar em paz, é melhor do que se cansar
c sem

fim nas coisas materia


riais.

257.

Quem se aquieta p
percebe as nuvens brancas, as pedras, e começa a

compreender as coisa
isas mais profundas.

Quem se cansa corre


rrendo atrás de riqueza, precisa de música e festa para

esquecer suas fadigas.


as.

Quem realmente see ilumina,


i não se perde na solidão ou na sen
ensualidade,

mas encontra, em qua


ualquer lugar, as manifestações das leis do Céu
éu.
258.

Uma nuvem solitária


ia atravessa as montanhas sem se preocupar se vai passar

ou cair;

A lua no Céu continu


nua calma, estando além dos problemas munda
danos.

259.

O verdadeiro saborr n
não está nos pratos finos e caros, mas em comer
c grão

simples e beber água;

A tristeza não nasce


ce da solidão, mas sim de viver entre a sed
eda fina e o

bambu;

Assim, o verdadeir
iro sabor não está nos prazeres efêmero
ros que se

desvanecem, mas sim


im, no que é sutil e simples.

260.

Diz um ditado Chan


han: ‘coma quando tiver fome, durma quan
ando estiver

cansado’;

O Tratado das Poes


esias diz: ‘veja o que se passa diante de seu
eus olhos, e

transforme em frases bonitas’;

A verdade mais prof


ofunda reside no mais simples; o mais difíci
ícil surge do

mais fácil.

Quem deseja chegarr se


s desvia, e nunca alcança; quem se esvazia de desejo, se

mantém no Caminho
ho correto.

261.
Quem vive na margem
gem de um rio se acostuma com o barulho daa água,
á e não

o escuta mais; assim,, é possível ter tranqüilidade perto da confusão


ão.

As montanhas são alt


altas, mas não impedem a passagem das nuvens
ns; assim, se

aprecia o mistério daa transformação das coisas.

262.

As montanhas e os bosques
bo são paisagens belíssimas, mas quando
o as pessoas

se encantam com elas


las, se transformam em feiras.

Livros e pinturas ssão objetos apreciáveis, mas quando as p


pessoas os

valorizam, se transfor
ormam em mercadorias.

Um coração, livre dos


do desejos de fama e riqueza, transforma a T
Terra numa

residência imortal;

Mas um coração, sem


empre cheio de desejos, faz com que até um paraíso
p seja

um mar de lágrimas.

263.

No meio do barulho
o e da confusão, a tranqüilidade da mente se dispersa
di e se

perde;

Em meio à paz e a tranqüilidade, o que se perdeu regressa, e o que foi

esquecido é lembrado
do;

Entre a calma e a agitação


ag há pouca diferença, mas entre a igno
norância e a

sapiência, há uma dife


iferença enorme.
264.

Deitado na minha cabana


ca nas montanhas, a neve cai, as nuvens
ns voam ao

meu redor no ar da n
noite; apenas com meu copo de vinho na mão
ão, recitarei

poemas ao vento, sob


ob a luz da lua, e estarei longe de tudo*.

*[No Original: ‘Estar


arei a dez mil Zhang (丈= aprox. 3, 3 metro
ros) de toda

poeira vermelha’.]

265.

Se entre todos os ofic


ficiais paramentados, surge um montanhês rud
ude com seu

bastão, a cerimônia adquire


ad importância;

Se pescadores ou len
enhadores fossem acompanhados por um ofic
ficial vestido

de gala, o grupo ficari


aria muito estranho;

O exagero não é mel


elhor que o simples, o vulgar não é tão bom
m quanto o

refinado.

266.

Só é preciso estudarr e experimentar o Caminho para se realizarr n


no mundo;

não é necessário afast


star-se das pessoas, ou fugir da civilização.

Para que o coração


ão se realize, use suas habilidades ao máx
áximo, não

transforme sua mente


te em cinzas, nem deprecie o mundo.
267.

Se minha vida não es


está em conflito com o mundo; glória ou deso
esonra, êxito

ou fracasso, quem pod


ode me dar ou tirar tais coisas?

Se meu coração perm


rmanece em paz e sossego; bem ou mal, ganho
ho ou perda,

quem poderá me enga


ganar ou confundir com essas coisas?

268.

Perto da cerca de bam


ambu, ouço o cão ladrar, e a galinha cacarejar,
r, e me sinto

como se estivesse num


um mundo de nuvens;

Da minha sala de estudo,


es escuto o som dos grilos e dos patos,
s, e me dou

conta que, dentro do


o silêncio, há um outro mundo.

269.

Se não cobiço honras


as e riquezas, que favores ou ganhos podem ten
entar-me?

Se não compito porr altos


a cargos, que problemas oficiais podem in
incomodar-

me?

270.

Passeando pelas mon


ntanhas e bosques, pelas fontes e rochedos, a agitação
a do

coração gradualmente
nte desaparece.

Há uma calma praze


zerosa na poesia e na pintura, que faz os pen
ensamentos

vulgares desaparecere
rem.

Assim, o sábio não


o se apega aos prazeres, nem perde suas asp
aspirações, e

sempre encontra form


rmas de cultivar a si mesmo.
271.

Na primavera, a paisagem
pa é toda florida, e as pessoas se enchem
e de

felicidade;

Mas o melhor é o out


utono, com suas nuvens brancas e seu vento fresco,
fr suas

orquídeas cheirosass e ramos frondosos, a água e o Céu com a mesm


sma cor.

Acima e abaixo, tudo


o brilha, dando leveza e purificando o corpo e o espírito.

272.

Uma pessoa sem con


onhecimento, mas que fala com um sentiment
nto poético,

pode ter compreendid


dido a poesia;

Uma pessoa que n


não estudou as escrituras budistas, mas
as que fala

sabiamente, pode ter


er despertado para a sabedoria das coisas.

273.

Uma pessoa inquieta


ta vê sombras de serpentes, e suspeita de todo
os; vê tigres

na espreita, onde háá rrochas paradas; enfim, tudo lhe parece sinistro
tro e fatal.

Uma pessoa tranqüila


ila vê gaivotas nas pedras em que os outros vê
vêem tigres;

ouve canções nos ramos


ram que se mexem, e tudo que vê lhe pare
rece ter um

aspecto benéfico.

274.

O corpo é como um
m bote desamarrado, bóia na corrente até topar
to numa

margem;
O coração é como m
madeira queimada, não se pode cortá-lo, nem
m fazer dele

incenso.

275.

As pessoas escutam o canto do papa-figo e acham-no agradável


el, ouvem o

coaxar das rãs e acham


am-no repulsivo.

Ao verem flores, querem


qu cultivá-las, ao verem ervas-daninha
has, querem

arrancá-las.

Essas são manifestaçõ


ações de personalidade, de aversão ou repulsão
são por uma

coisa ou outra.

Se pudermos reconh
nhecer o princípio do Céu, não haverá som
so animal

incômodo, e todas as plantas nascerão livremente, seguindo nat


aturalmente

sua natureza original.


al.

276.

O cabelo e os dentess caem,


c é o declínio natural do corpo físico;

Mas no canto dos pássaros


p e na beleza das flores, podemoss perceber
p a

vitalidade essencial da natureza.

277.

Um coração cheio de desejos cria ondas num lago gelado, e não


ão encontra

paz, nem nas montan


anhas, nem nos bosques;

Um coração calmo encontra


e frescor no verão mais quente, e ne
nem nota o

alvoroço no mercado
o.
278.

Quem acumula riqu


queza, multiplica cuidados; os ricos e poder
erosos têm,

assim, mais preocupa


pações que os pobres.

Quem alçou um alto


o cargo vacila e cai; e quem se preocupa com isso,
i nunca

descansa como as pes


essoas comuns.

279.

Ao amanhecer, lendo
do o Tratado das Mutações debaixo da jane
nela, môo a

pedra de pigmento e uso orvalho dos pinheiros para fazer tinta,, e sublinhar

passagens de sabedor
oria.

Ao meio dia, coment


ntando as escrituras budistas sobre a mesa, ouç
uço tocar os

sinos de jade pelo vento,


ve e deixo que ele leve esses sons para o bosque de

bambus.

280.

Uma flor pode cresce


cer num vaso, mas sua força natural logo se esg
sgota;

Um pássaro podee cantar numa gaiola, mas nunca será um


u canto

naturalmente livre;

Não são os pássaros


os e as flores da montanha que estão mist
isturados na

paisagem rica de core


ores, mas sim, é a liberdade que permite comp
mpreender a

sua existência, sem gr


grilhões, em meio à natureza.
281.

A pessoa vulgar pens


nsa demais em si mesmo, e por isso também se preocupa

demais com tudo.

Os antigos diziam: ‘s
‘se você conhece a si mesmo, como pode se preocupar

tanto com as coisas?’.


?’.

Também disseram:: ‘se


‘s você sabe que seu corpo não é você mesm
mo, porque

deixa que tantas preo


eocupações entrem em seu coração?’

Essas palavras dizem toda a verdade!

282.

Ao ver um velho trist


iste e solitário, pense que talvez ele possa ter p
passado sua

vida lutando por bens


ns e fortuna;

Ao ver uma pessoa q


que acabou com sua fortuna, pense no fato d
de que toda

sua riqueza se foi, sem


em deixar nada atrás de si.

283.

Os Caminhos human
anos e das formas naturais mudam, num pisca
car de olhos,

de dez mil maneirass diferentes,


d mas isso não deve ser levado ao pé da letra.

Disse Yaofu*: ‘o quee nos tempos passados se chamava ‘Eu’, no presente


p se

chama ‘Ele’; mas não


ão sei no que se converterá, no futuro, o que
qu hoje se

chama ‘Eu’.’

Reflita com cuidado


do nessa afirmação, e se livrará de toda a angústia
a e

ansiedade.

*Poeta que viveu dura


rante a dinastia Song (960-1127)
284.

Em meio à algazarra,
ra, considere as coisas com um olhar sóbrio,, eeliminando

da mente o que lhe in


incomoda.

Em meio à desolação
ão, conserve a alegria do espírito, e encontrará
ará as causas

da felicidade verdadei
eira.

285.

Onde há alegria, há tr
tristeza; onde há prazer, há desgosto;

Numa vida comum,, em sua própria casa, comendo de maneiraa simples,


s se

pode encontrar as coisas


co mais belas, tendo o conforto e a seguran
rança de um

ninho.

286.

Abra as cortinas, vej


eja as montanhas verdes e as águas azuis en
envoltas em

bruma, e entenderá o quão livres são o Céu e a Terra.

Veja os bambus e as árvores que acolhem os pardais, anuncian


ando a nova

estação, e esquecerá a diferença entre você e o mundo.

287.

Sabendo que existe a mutação, e que tudo um dia declina, o desej


ejo de obter

sucesso já não é tão fo


forte;

Sabendo que existee vvida, e que tudo um dia morre, não desper
perdice mais

tanta energia querend


ndo ser imortal.
288.

Um monge budistaa d
de grande virtude disse: ‘A sombra das fol
olhagens do

bambu varre os pass


ssos, e não larga poeira; o reflexo da lua, naa lagoa, não

deixa marcas na água


ua’.

Um estudioso confu
fucionista comentou: ‘Ainda que as águas fluam
f com

violência, permanece
cem tranqüilas; ainda que caiam pétalas de rosa
r em ti,

permaneces o mesmo
o’

Uma pessoa que culti


ltivar esse tipo de atitude conseguirá obter a liberdade
lib do

corpo e da alma.

289.

Escuta o som dos p


pinheiros no bosque, ou o murmúrio dass fontes nas

rochas, e poderá adm


mirar os sons do Céu e da Terra;

Observe a névoa por


or cima dos pastos, e o reflexo das nuvenss na
n água, e

poderá contemplar o belíssimo idioma da natureza.

290.

Quando a Dinastia Jin estava prestes a acabar, um par de camelos


os de bronze

reais foi roubado, e largado no meio do mato, cumprindo u


uma antiga

profecia sobre o fim


im do reino; ainda assim, eles se orgulhava
vam de seu

garboso exército.

Mesmo que seus corp


rpos estivessem prontos para servir de pasto para
pa os cães

e as raposas do norte,
te, ainda assim, se preocupavam em acumularr ouro.
o
Um provérbio diz:: ‘bestas ferozes podem ser domadas, mass o coração

humano é difícil de dominar;


d vales profundos podem ser preenchi
hidos, mas a

ganância humana é in
insaciável’.

Palavras verdadeiras!

291.

Se dentro de sua men


ente não houver nem vento nem ondas, então,
o, em todo o

lugar, você estará em


m meio a montanhas e águas azuis.

Se seu espírito alcanç


nçou o florescimento da consciência perfeita,
a, então, em

todo o lugar você verá


erá peixes saltando, e pássaros cantando.

292.

Quando alguém bem


m vestido vê a felicidade de um pobre em su
suas roupas

humildes, ele susp


spira desconcertado, e pensa em suas
as pesadas

responsabilidades;

Quando alguém rico


co, em meio a um suntuoso banquete, vê a alegria do

humilde em seu próp


prio canto, sente um tanto de inveja;

Porque as pessoas fazem


fa bois correrem com fogo? Porque tent
ntam cruzar

touros com cavalos?

Porque as pessoas vivem


viv de aparências, ao invés de simplesmente
nte seguirem

suas naturezas?

293.

Quando um peixe nad


ada, não tem consciência da água em que se move;
m
Quando um pássaro
o voa,
v não tem consciência do ar em que se mov
ove;

Quem se der conta disso,


di pode superar as aparências, e adentrar os mistérios

da natureza.

294.

As raposas dormem nas


n ruínas, e os coelhos em terraços desolados
os; ambos já

foram, antes, salões de


d baile e de festa;

Os campos de lírioss molhados


m de orvalho, e cobertos agora de erv
rva e bruma,

foram os lugares onde


de lutaram os heróis;

A prosperidade e a d
decadência são eternas; onde estão aqueles
es que eram

fortes, e onde estão os que eram fracos?

Esse pensamento fazz ccom o que o coração se aflija!

295.

Não importam os fa
favores ou os insultos que você receba; em seu posto,

nunca mude de condu


duta.

Na calmaria, observ
rve a Corte como as flores, que se abrem
m e depois

murcham.

Não importa que voc


ocê permaneça, ou seja retirado de seu posto
sto; que isso

não seja nada para você.


vo

Apenas observa o Céu,


Cé serenamente, e veja como as nuvens se ju
juntam e se

dispersam logo.
296.

No Céu claro ilumin


inado pela lua não há um espaço enorme pa
para voar? E

assim mesmo, a marip


riposa se lança contra a luz da vela.

Entre as fontes puras


as e os frutos silvestres, não há o que beber e comer?
c No

entanto, a coruja não


o insiste em seu vício pela carne podre dos rato
atos?

Ah! Quantas pessoas


as no mundo não são como as mariposas e as co
corujas?

297.

Quem tomou uma balsa


ba para atravessar o rio, e depois se esquec
eceu dela, é

alguém que já não est


stá no Caminho das aparências.

Quem está montado


o num burro, e pensa nos burros que vai montar,
m não

compreendeu nada,, ainda,


a do Caminho Chan.

298.

Quem é rico e podero


eroso, com porte de dragão voador, herói deste
stemido, que

luta com tigres;

Para o Educado, elee é como uma formiga ao redor de carne podre


re, ou como

uma mosca disputand


ndo uma gota de sangue.

As perguntas sobree bem e mal, que incomodam como um enxame


e de

abelhas, e as discussõ
sões sobre perda e ganho, que espetam como
o um porco

espinho, não devem


em incomodar um espírito tranqüilo; assim
m, elas se

fundirão como ouro


onno forno, ou como a neve na água fervente.
299.

Quem leva a vida, aco


correntado aos desejos, pensa que ela é ruim.

Quem chega à morad


rada do conhecimento em si mesmo, pensa que
qu a vida é

boa.

Reconheça a origem da
d aflição, elimine-a, e seu espírito se acalmar
ará.

Ao saber a razão dass aalegrias, se chega à morada dos sábios.

300.

Se no coração não houver


ho mais desejos materiais, ele é como a neve
n numa

estufa, ou o gelo quee derrete


d debaixo do sol.

Se os olhos vêem um pedaço de brilho na vastidão, sabem quee é a lua do

Céu, refletida nas ond


ndas do lago.

301.

Sobre a ponte Balingg, a inspiração poética produz poemas profun


fundos sobre

bosques e montanhas
as, que parecem perfeitos ante a própria perfeiç
eição.

Nas margens do lago


go Jinhu, nos invade uma sensação de rustici
icidade; e ao

nos aproximarmos,, só
sós, vemos as montanhas refletidas nas águas.

302.

Uma ave há muito tempo


tem escondida sai voando, de repente, em disparada;
dis

Uma floração, apressa


ssada em abrir, certamente murchará rápido;

Sabendo dessas coisas


sas, se evitam os perigos de assumir altos cargo
gos, livrando

os pensamentos da im
impaciência de ir longe.
303.

Uma árvore volta àss rraízes, e então vemos que as flores, as folhass e os ramos,

floresceram em vão.

Os assuntos humano
nos se encerram no caixão; e então, vemos que
q sedas e

jades não servem pra


ra nada.

304.

Ao buscar ir além do
o mundo das formas, quem se aferra na buscaa perde-se,
p e

acaba vivendo de ilus


usão.

Pergunta-se aos Patri


triarcas Budistas: como isso pode acontecer?

Para quem está nesse


se mundo, e quer ir além dele, desejar a busca
ca traz dor, e

cortar os desejos tamb


mbém traz dor.

Escute; a justa medida


ida, para o espírito, é o Caminho correto.

305.

Uma pessoa boa dáá mil riquezas, mas o mau briga por uma m
moeda; eles

estão tão distantes um do outro como a estrela está do abismo,, m


mas ambos

buscam um bom nom


me para si.

O imperador que governa


go o mundo, e o mendigo que pedee sobras de

comida, são tão difer


erentes entre si como o Céu e a Terra; mas há diferença

quando gritam de ang


ngústia, ou quando se preocupam seriamente?
306.

Aquele que conheceu


eu os segredos do mundo deixa que a chuva apague
ap seus

rastros, e que as nuv


uvens o encubram; ele não se preocupa em como
c será

compreendido.

Aquele que realment


nte conheceu a humanidade , quando insistem
tem com ele

em algo, simplesment
nte responde como um boi ou um cavalo: apen
enas a abana

a cabeça, com indifere


erença.

307.

Hoje em dia, as pessoas


pe tentam meditar para apagar seuss desejos e

pensamentos confuso
sos, mas nunca conseguem fazê-lo.

Apenas a mente quee apaga


a os pensamentos anteriores, e se fechaa aos
a anseios

futuros, pode ter suce


cesso.

Só uma mente que expulsa


ex o imediatismo pode alcançar alguma co
coisa.

308.

Uma imagem que sur


urge na mente, de forma natural é a mais belaa paisagem;
p

Uma coisa que surge


ge no mundo, de forma natural, permite que ve
vejamos sua

verdadeira essência.

A mínima intervençã
ção artificial lhe estraga o sabor.

Bai Juyi disse: ‘umaa iidéia poética que não se prende a nada, e não
nã depende

de coisa alguma, é a melhor


m de todas; uma brisa que sopra esponta
ntaneamente

é a mais refrescante’.

Que grande verdade!


309.

Coma quando tem fome,


fo beba quando tem sede; com o espírito
o puro,
p nada

mais faça do que nutr


trir o corpo e o coração de saúde.

Mas se o espírito está


tá corrompido, ainda que alguém leia escritura
ras sagradas,

e faça orações divinas


as, seu coração é somente astúcia e fel.

310.

Na mente humana,, há
h um verdadeiro paraíso: ela tem a verdadeir
eira alegria e

paz, sem precisar dee ssedas finas ou bambus; ela tem o mais puro do
dos aromas,

sem precisar de incen


ensos ou chás perfumados.

Pense num lugar vazi


azio, em que só há a pureza*, e você esquecerá
rá o mundo

das formas; assim, vo


você poderá entrar no mundo dos santos.

*[Alusão ao Budismo
o da Terra Pura, que busca um paraíso imac
aculado das

sensações e ilusões m
materiais.]

311.

O ouro vem de umaa mina


m escura, o jade vem de pedras simples:: não
n se pode

saciar o verdadeiro co
com o que é ilusório.

O mistério do Cam
minho está numa garrafa de vinho; o Cam
aminho dos

imortais está num pes


essegueiro;

Não se pode buscar o espírito se separando do cotidiano.


312.

Há dez mil coisas entre


en o Céu e a Terra; há dez mil coisas naa cabeça
c das

pessoas; há dez mil coisas


co nos Caminhos do mundo.

Na visão comum, ttodas as coisas parecem diferentes; mas para


p quem

encontrou o Caminh
nho, todas parecem a mesma coisa, que vêm da mesma

semente.

Assim, porque buscar


ar diferenças?

Porque escolher ou refutar?


re

313.

Dormir profundamen
ente, envolto numa coberta simples, pode rev
evelar muito

sobre o Céu e a Terra


ra.

Viver de modo fruga


gal, comendo sopas de vegetais e arroz, nos
os afasta de

muitos problemas daa riqueza material.

314.

Um coração livre, de correntes, vive na Terra da Pureza, mesmo


o que esteja

no meio de um açoug
ugue ou numa taverna.

Um coração, preso
o aos prazeres do mundo, está sempre am
marrado às

tentações e armadilha
has dos demônios.

Diz um provérbio:

‘Descanse dos desejos


jos, e o mundo se converte num lugar puro e bom;
bo

[Mas] Viva na ilusão,


o, e mesmo sendo um monge, continuará na ig
ignorância’.
315.

Sentado num quartin


rtinho pequeno, dez mil pensamentos me ab
abandonam;

porque suspiraria por


or viver entre cortinas de pérolas, que caem com
omo chuva?

Depois de três copos


os de vinho me encontro comigo mesmo, esp
spontâneo e

natural, e só escuto o alaúde cantar para a lua, e a flauta cantar com


om o vento.

316.

Quando os dez mil sons


so se calam, escuto o canto do pássaro, e co
compreendo

a beleza.

Quando as dez mill plantas


p murcham, de pronto vejo o broto nascendo,
n e

compreendo a vida.

A energia do Céu nun


unca acaba, e espalha a vida em tudo que toca.

317.

Bai Juyi disse: ‘deixee o corpo e a mente seguirem sua própria natu
tureza; deixe

o Céu decidir pela sor


orte ou azar de alguém’.

Cao Shi disse: ‘refreie


eie o corpo e a mente, para que eles não desejem
jem: e assim,

repousarão naturalme
mente’.

Quem faz tudo que o corpo e a mente desejam, termina indolente


te e louco;

Quem refreia tudo que


qu o corpo e a mente desejam, termina só e est
estagnado;

Apenas quem sabe controlar


c a si mesmo, pode se liberar ou see refrear no

momento adequado.
318.

Quando vê a lua no Céu, durante uma noite nevada, o coraçã


ação sente a

mesma pureza;

Quando sente o sop


opro da brisa na primavera, o coração sente
te a mesma

suavidade;

Nesses momentos, o coração se funde com a natureza, e ass diferenças

desaparecem.

319.

Os escritos verdadei
eiramente cultos são simples. O Caminho ttransforma

tudo em simplicidade
de; e a simplicidade significa ‘não ter limites’.

Por exemplo: ‘o latir


ir dos
d cães, o pessegueiro, o cacareco das galinh
nhas ao lado

das amoreiras... ’

Quanta pureza e simp


plicidade há nisso!

Mas nas palavras: ‘o reflexo da lua no lago frio, e os corvos pou


ousados nas

velhas árvores... ’

Quanta tristeza e deca


ecadência há nisso!

320.

Quem usa sua própria


ria força interior para mudar as coisas, não see o
orgulha do

sucesso, nem se chate


teia com o fracasso, não se prende a nada neste
ste mundo.

Quem se apega as coisas,


co fica ressentido com os obstáculos quee eencontra, e

se aferra ao que conse


segue; para esse, um fio de cabelo o prende no
o mundo.
321.

Ao desaparecer a idéi
éia de uma coisa, a coisa em si desaparece.

Quem se afasta de uma


um coisa, mas continua pensando nela, tenta
ta separar a

sombra do objeto: maas prende-se ao corpo e a forma.

Quando a mente está


tá vazia, o restante se esvazia. Mas quem deseja
eja ater-se ao

restante, sem esvaziar


iar a mente, no fundo tenta separar as moscass da comida

podre.

322.

O Educado, recluso,, faz tudo o que pode para chegar à compree


eensão; bebe

vinho sem se embr


briagar, joga xadrez sem disputar, toca flauta
f sem

preciosismo, e o alaúd
úde de forma simples; ele reúne os amigos ver
erdadeiros e

sinceros, em encontro
tros animados e despojados de requintes.

Quem não compreen


ende isso, e se atém aos formalismos rígidos,, viverá
v num

mar de lágrimas nesse


sse mundo.

323.

Pense em sua aparê


rência antes de nascer; imagine como seráá depois de

morrer; assim, seuss dez


d mil pensamentos se tornarão cinzas frias,
fri e você

encontrará a tranqüili
ilidade da natureza original.

Você poderá sair dess


esse mundo, e viajar ao tempo anterior a todas
as as dez mil

coisas.
324.

Ficar doente, para dep


epois dar valor a saúde; brigar, para depois ent
ntender que

a paz é uma benção;

Quem disse que isso


o é sapiência?

Ficar feliz, mas comp


preender que a raiz da tristeza já está presente
te; cuidar da

vida, sabendo que ess


ssa é a causa da morte;

Isso sim é inteligência


cia!

325.

Atores usam escovas


as e pó vermelho* para se transformarem em aparências

diversas, boas ou más


ás; mas num momento, sua função termina.

Onde está o belo e o ffeio?

Jogadores de xadrezz disputam avidamente para vencer seu opon


onente; mas

num momento, o jogo


ogo acaba.

Onde está a vitória e a derrota?

*Maquiagem própria
ia do Teatro Chinês.

326.

Apenas quem está calmo


c pode apreciar por completo a beleza
za do vento

soprando sobre as flo


lores, ou o brilho pálido da chuva sobre a neve.
e.

Apenas quem domin


ina a não-ação pode se impressionar com as mudanças

das águas e dos bosq


sques, e com as transformações sutis dos bam
ambus e das

pedras.
327.

Os camponeses saltam
tam de prazer e felicidade quando alguém fala
la de frango

cozido e aguardente;
e; mas
m ao falar de comidas refinadas, servidas em trípodes

de ouro, eles não com


mpreenderão.

Fale de roupas sim


simples e vestimentas confortáveis, e ele
eles ficarão

interessados; mas com


omente sobre os trajes cerimoniais da corte,
e, e eles não

saberão nada.

Mantenha a natureza
za original tranqüila e sem mudanças, sem pre
reocupar-se

com riquezas e glória


ias;

Esse é o maior prazer


er da vida humana, o outro extremo da miséria
ria humana.

328.

Uma mente livre dos


os desejos não se preocupa mais com si mesmo
mo; por isso,

o Budismo aconselha
ha a observar a mente, fonte dos mais pesadoss o
obstáculos.

As dez mil coisas têm


m apenas uma raiz; para que se preocupar em diferenciá-
d

las?

Zhuangzi disse: ‘todas


das as coisas são uma só, e por isso não devemo
os dividir o

um em dois’.

329.

Alguém que, no mei


eio da festa mais animada, é capaz de se arrumar
arr e ir

embora, é uma pessoa


soa sábia e admirável, capaz de andar a cavalo
o na
n beira de

um precipício.
Alguém que, findand
do a água da clepsidra, continua pensando em
m riqueza, é

uma pessoa mesquin


uinha e ridícula, que banha seu corpo num
um mar de

amargura.

330.

Quem não consegue


ue ainda se controlar, deve afastar-se um pouco da

confusão cotidiana,, d
de modo que sua mente não veja o que a inqu
quieta, e não

se perca; assim, ele ac


acalmará seu corpo e seu coração.

Quem consegue se d
dominar, deve voltar para a agitação da vida
ida, pois sua

mente vê, mas não se sente tentada ou atraída, e isso o ajudará ainda
ain mais a

superar as coisas do mundo.


m

331.

Quem ama silêncio,


o, e detesta barulho, vai acabar buscando tran
ranqüilidade

fora do mundo cotid


idiano. Mas, sem o contato humano, a mente
te retorna ao

seu estado original, e ela pode se inquietar e ficar ansiosa.

A quietude está na rai


raiz do movimento;

Como compreenderr q
que eu e os outros somos um só?

Como esquecer a dife


iferença entre quietude e movimento?

332.

Na montanha, a ment
nte respira, e fica cheia de bons pensamentos;

Uma nuvem que pass


ssa, o canto das garças, isso incita a mente a voar;
vo

Um riacho que murm


rmura nas pedras, isso banha a mente em águaa cristalina;
Fazer carinho num zzimbro ou numa ameixeira, isso dá um sent
ntimento de

segurança e retidão;

Com aves e cervos co


como companhias, a mente esquece imediatam
tamente seus

problemas;

Mas ao voltar ao mundo


m da agitação, uma pessoa não apen
enas volta a

relacionar-se com ass coisas,


c mas torna-se servo delas.

333.

Feliz, ande tranquilam


lamente pelos pastos, descalço; as aves te acom
mpanharão,

e te farão esquecer seus


seu problemas.

Deixe sua mente see fundir


f com a paisagem; sente sobre as péta
talas caídas,

observe as nuvens no
o Céu, e deixe o sentido de ‘eu’ desaparecer.

334.

Na vida, felicidade e ttristeza surgem na mente.

Diz o Budismo: ‘a ganância é um fogo devorador, e um aabismo de

sofrimento’.

Ter desejos insaciávei


eis é como afundar num mar de amargura;

Mas apenas um pensa


samento bom é capaz de mudar o fogo para água;
ág

Apenas um pensamen
ento correto é capaz de levá-lo, como um bot
ote, até uma

margem segura.

Assim, os pensamen
entos são levados, de um lado ao outro, che
hegando aos

extremos. Devemos,
s, p
portanto, ser cuidadosos com a mente.
335.

Uma serra de cordaa corta a madeira, uma gota d’água fura a rocha;
ro quem

estuda o Caminho, deve


de ser constante.

A água que flui se transforma


tr em canal, a fruta madura cai do
o pé; quem

busca o Caminho, dev


eve procurar a perfeição.

336.

Ao vencer os combat
ates da vida, chega-se a um lugar em que a lua é clara, a

brisa é suave, e a vida


da não é mais um mar de amarguras.

Ao limpar a mente das


d agitações, não se escuta mais o ruído dos
os cavalos e

carruagens, e não é necessário fugir para a montanha paraa conseguir

sossego.

337.

Quando as árvores e plantas


p murcham, os brotos nascem de suass raízes;
r

O inverno é gelado,, m
mas quando o vento sopra e as cinzas voam,, é porque o

sol está voltando;

Mesmos nas solenida


dades funerais, pode-se perceber os sinais da vida;
vid

Assim, apreciamos os espíritos do Céu e da Terra.

338.

Olhe a cor da montan


anha, quando chove; ela ganha uma beleza dife
iferente.

Ouve o som de um sininho


sin no meio da noite; ele fica muito maiss cclaro.
339.

Vá para um lugar alto


lto, e amplie sua mente;

Contempla a água, e deixe


d que ela leve seus pensamentos;

Leia um livro numa noite


n fria de inverno, e purifique seu coração;

Suba uma montanha


ha, declame poemas para o Céu, e vá para além
a desse

mundo.

340.

Para um coração aber


erto, dez mil tigelas são como uma vasilha dee b
barro;

Para um coração mes


esquinho, um cabelo é tão grande como a roda
rod de uma

carruagem.

341.

Sem chuva, vento, flo


lores e salgueiros, não existe a natureza;

Sem sentimentos, ans


nseios, preferências e hábitos, não existe mente
te.

Somente quem contr


trola as coisas, e não é escravo delas, tem sua
su vontade

inspirada pelo Céu,, e seus pensamentos encontram a justa medida


da.

342.

Somente quando uma


ma pessoa compreende a si mesma, é que pode
de deixar as

dez mil coisas se dese


senrolarem, conforme suas dez mil naturezas.

Somente quando se governa corretamente pela não-ação, sem


m reclamar

méritos, mas deixand


do a natureza agir, essa pessoa pode ser dita sábia.

343.

Numa vida ociosa, pensamentos


pe estranhos chegam como ladrões.

Numa vida ocupada,


a, a natureza humana não pode ser percebida.

Não afaste totalment


nte as preocupações com o corpo e a mente
te, mas não

evite, por completo,, as


a preocupações com a natureza.

344.

A mente se perde em
m meio ao caos e a confusão;

Mas em silêncio, elaa se


s esvazia por completo;

Ascende ao Céu, voaa longe com as nuvens;

Refresca-se com as gotas


go de chuva;

Alegra-se, e entendee o canto dos pássaros;

Acalma-se, e pondera
ra sobre a queda das pétalas das flores;

Esse não é o paraíso?

Como compreenderr a verdade do mundo?

345.

Quando nasce umaa ccriança, a mãe corre risco; riquezas guardad


adas atraem

ladrões; assim, ondee h


há razão pra comemorar, há que se preocupar
ar também.

A pobreza ensina a simplicidade


si e a diligência; a doença ensina a cuidar da

saúde; assim, onde há razão para se preocupar, há aprendizado tam


ambém.

O sábio olha sorte e azar como coisas iguais, e esquece a difere


erença entre

alegria e tristeza.
346.

O Ouvido aprendee escutando; ouve os ventos sibilarem noss abismos e

ravinas, mas depois que


q passam, tudo fica em silêncio.

Os estados da mente
te são como a lua refletida no lago; quando
o o céu está

vazio, não se vê nada.


a.

Assim, se esquece a d
diferença entre “isso” e o “eu”.

347.

Quando o coração es
está enredado em honras e benefícios, tudo o que se faz

ou se diz no mundo termina


te em tristeza;

Não se conhece as nuvens


nu brancas, o vento puro, o rio que corre,
re, as pedras

amontoadas, o rosto
sto das flores, a alegria dos pássaros, ou o canto do

lenhador que ecoa no vale.

Mas quem as conhece


ece, se acalma; e a tristeza vai embora, pois foii ele
e mesmo

que sossegou sua men


ente.

348.

Observe as flores qu
quando estão pra desabrochar; beba vinho somente
so até

ficar um pouco tonto


to; dessa forma, aproveita-se muito mais as cois
oisas.

Observe as flores em todo o seu esplendor; beba até ficar bêb


êbado; dessa

forma, tudo que é bom


om fica ruim.

Quem tem uma alta


lta posição, deveria refletir um pouco mais sobre
s essas

coisas.
349.

As plantas crescem nas montanhas, sem que alguém lhes dê água ou

estrume, e seu saborr é delicioso;

As aves voam pelos ca


campos, sem que alguém as crie ou lhes dê com
omida, e seu

sabor é incomparável
el;

Dá-se o mesmo com


m quem convive com o vulgar, mas não é con
ontaminado

por ele, mantendo sua pureza original. Tal pessoa não é um exemp
plo?

350.

Cultivar flores, plant


ntar bambus, brincar com as garças, observar
ar os peixes,

tudo isso deve ser feit


eito com atenção.

Quem o faz de formaa vazia e displicente, sem perceber a beleza da natureza,

é aquele que os conf


nfucionistas chamam de ‘superficial’, e os budistas
bu de ‘

pretensioso’.*

O que pode haver dee bom nisso?

*no original, ‘pessoaa de boca e ouvido’ (=superficial); e ‘pessoa ig


ignorante e

arrogante’ (=pretens
nsioso). [O primeiro despreza conhecer; o segundo

‘pretende’ que conhec


ece.]

351.

O Educado que vive


ive nos bosques e montanhas leva uma vid
ida austera,

honesta, simples, e es
está sempre satisfeito;

O camponês dos pra


rados leva uma vida simples e ignorante, maas conserva

sua ingenuidade e pur


ureza;
Quem foge do mund
do das coisas pra depois voltar a ele, se transfo
sforma num

mísero negociante; seria


se melhor ter morrido nos campos, sem ccontaminar

seu corpo e alma.

352.

Tome cuidado quand


ndo ganhar fortunas sem razão, ou desfrutarr de
d alegrias

não-merecidas; podee ser um teste, uma tentação imposta pelo Céu


éu.

Há gente de visão lim


imitada, que sempre cai nessas armadilhas.

353.

A vida humana é com


mo uma marionete:

Se as cordas estão em
e suas mãos, livres, desembaralhadas, e você
v pode

movê-las como quiser


ser;

Então, você controla


la sua
s vida, e nada pode manipulá-lo;

Só assim livra-se dass cordas


c do mundo.

354.

Vantagens e desvanta
ntagens surgem juntas; quem sabe disso, abaix
aixo do Céu,

entende que a felicida


dade é a não-ação.

Um antigo provérbio
io diz:

‘Aconselha o soberan
ano a deixar de lado suas conquistas, pois ap
apenas uma

vitória deixa dez mil


il crânios
c apodrecendo no campo’

E também:
‘Deixa em paz todass aas dez mil coisas abaixo do Céu, e não se imp
porte se sua

espada enferrujar naa bainha


b por mil anos’.

Quem compreende eessas palavras, pode amansar um coração impulsivo


im e

violento, como se o refrescasse


re debaixo do sol.

355.

Uma mulher indócil


il pode
p corrigir-se, e virar monja; um homem m
mesquinho

pode controlar-se, e seguir


s o Caminho num templo.

Por isso, os temploss servem


s para o refúgio e a correção dos perdido
idos.

356.

Quando as ondas che


hegam até o Céu, quem está no barco não se assusta,
as mas

quem está de fora, fica


fic amedrontado;

Quando acontece um tumulto numa festa, quem está no salã


alão não se

impressiona, mas que


uem vê de fora, fica apavorado;

Por isso, o sábio, qua


uando está dentro de alguma situação, projeta
ta sua mente

para fora dela.

357.

Aja menos, erre meno


nos;

Menos amigos, meno


nos confusão;

Fale menos, menos equívocos;


eq

Preocupe-se menos,, menos


m aporrinhação;

Menos astúcia, maiss iintegridade;

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