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Fígado

INDICAÇÕES
 Aumento de volume abdominal
 Dor abdominal
 Hepatomegalia
 massa/neoplasia hepática
 Alterações laboratoriais
 Icterícia
 Ascite
 Perda de peso
 Trauma
 Estudo vascular
 Punções guiadas, etc.

LIMITAÇÕES
 Baixa especificidade
 Exame normal não exclui doença
 Isolado não fornece prognóstico
 Dificuldade de visualização de órgão
 Falta de jejum prévio pode atrapalhar o exame
 Conformação anatômica do paciente pode dificultar a visualização

ANATOMIA
O fígado é o maior órgão da cavidade abdominal, sendo localizado no abdômen
cranial, parcialmente encoberto pelo arco costal (dificultando um pouco a visualização).
Esse órgão é dividido em quatro lobos, quatro sublobos e dois processos, sendo eles
lobo esquerdo (lateral e medial), lobo quadrado, lobo direito (medial e lateral) e lobo caudado
(processo papilar e caudado). Não dá para diferenciar cada lobo na ultrassonografia.
B - Representação esquemática dos principais ramos hepáticos e venosos portais para
os lobos hepáticos. CVC, veia cava caudal; GB, vesícula biliar; PV, veia porta.
O lobo caudado fica encostado no rim direito. A vesícula biliar fica entre o lobo caudado
e lobo medial direito. Cranialmente, é possível visualizar o diafragma. Se está vendo o fígado
dentro do tórax, o diafragma não está normal, logo, é necessário considerar ruptura ou hernia
diafragmática. Usa o diafragma para começar a avaliação hepática, aumentando a
profundidade do campo de imagem até conseguir visualizá-lo, para ter certeza que o fígado
inteiro está na tela. Ventralmente, é possível visualizar a gordura falciforme, ela é importante
para entender a ecogenicidade do fígado, sendo isoecoica, hiperecoica ou hipoecoica em
relação ao parênquima em cães e geralmente isoecoica em gatos.

Gordura falciforme (forma de triângulo)

Vista do fígado na ultrassonografia com animal em posição dorsal.

As relações anatômicas são: rim direito à direita; estômago ao fundo e baço a


esquerda.
Vascularização hepática ocorre em sistema duplo, chegando sangue pela veia porta (70%) e
saindo pelas artérias hepáticas. As veias hepática e porta (VPs) de cada dessas divisões do
lobo hepático são relativamente constantes em cães e podem representar pontos de referência
ultrassonográficos úteis. As veias portais são identificadas por suas paredes brilhantes e
ecogênicas. As veias hepáticas não possuem essas paredes proeminentes e aparecem como
estruturas tubulares anecóicas.
C - Planos de varredura sagital 1 a 6 correspondentes às imagens de ultrassom na A a F.
D - Planos de varredura transversais 7 a 10 correspondentes às imagens de ultrassom na G
para J

TÉCNICA DE VARREDURA
 Jejum alimentar prévio, uso de antifiséticos;
 Tricotomia e gel acústico (menos sphyntz e lulu)
 Decúbitos: laterais (direito e esquerdo)
 dorsal e em estação (raro);
 Tranquilização/sedação/anestesia
 Transdutores: - Linear - Convexo/microconvexo (o mais recomendado é utilizar os dois
aparelhos, começando pelo microconvexo porque teremos uma superfície de contato
pequena e conseguimos ver uma visão de parênquima maior, também o fígado é um
órgão profundo, precisando de frequências mais baixas).
 Ajustar equipamento – Foco sempre no meio, aumentar a profundidade até visibilizar a
superfície diafragmática e reduzir frequência.
 Janelas ultrassonográfica – Para cada região do fígado tem uma janela
ultrassonográfica ideal para avaliação.
 Sempre avaliar sagital e transversal, sendo sagital sempre o maior eixo do órgão.

Janela subxifóide

Transdutor na linha média, ventral à porção caudal do processo xifóide do esterno, com a
marcação do transdutor cranialmente, inclinado aprox. 45°; avaliando longitudinal e
transversalmente (rodar 90º)

O que poderá ser visualizado? Parte dos lobos esquerdos, lobo quadrado e VB.
Janela subcostal direita

Decúbito lateral esquerdo, com o transdutor colocado subcostal na linha média ou decúbito
dorsal com o transdutor no último arco costal (do lado direito), marcação do transdutor
cranialmente. Paciente deitado de lado, palpa o gradil costal, coloca o transdutor na última
costela.

O que poderá ser visualizado? Lobos esquerdos (medial e vascularização hepática, parede
gástrica).

Subcostal na linha média


Janela intercostal

Decúbito lateral esquerdo com o transdutor colocado para uma visão no 10o ao 12o espaço
intercostal direito ou deslocar o transdutor da porção caudal da xifóide até a coluna (lado
direito). Cachorro faz nódulo bem nessa janela.

O pode poderá ser visualizado? Lobos direitos, visualização dos 3 grandes vasos da região
portal: Veia porta,VCC e Aorta.
AJUSTES DE IMAGEM
 Escolha de transdutor
 Frequência X tamanho do paciente
 Profundidade (aproximar e afastar)
 Ganho/brilho – Fígado o ganho deve ser aumentado
 Zona focal
 Dividir o fígado em secções

PLANOS DE IMAGEM
Lembrar dos planos de imagem: no corte longitudinal o lado cranial é à esquerda do monitor e
caudal a direita. Já no corte transversal o lado direito é à esquerda do monitor e o lado
esquerdo é a direita do monitor. OBS: Depende da orientação de imagem no monitor.

No fígado serão avaliados: topografia, tamanho, contornos, margens, ecogenicidade,


ecotextura, VB, vias biliares e vascularização.

ECOGENICIDADE E ECOTEXTURA
A ecogenicidade do fígado será hipoecoica em relação ao baço e isoecoico/levemente
hiperecoico em relação a cortical renal. A comparação deve ser feita na mesma altura.
A ecotextura é homogênea, interrompida apenas pelos vasos e vias biliares.
Os contornos serão definidos (quando saudável) ou pouco definidos. As margens serão
finas (quando saudável) ou abauladas. A superfície será lisa/regular (quando saudável) ou
irregular.
O tamanho do fígado será avaliação subjetiva. Para avaliar o tamanho do fígado o
melhor método é avaliação do lobo lateral esquerdo, geralmente o lobo para na altura do
estômago. Quando está aumentado, se projetará para fora do gradil costal. Além disso, as
margens podem estar arredondadas, pode haver maior distância entre o diafragma e
estômago, aumento da extensão do fígado ventral para o estômago ou ventral para o rim
direito. Normalmente o lobo lateral esquerdo para na altura do estômago, quando ele está
passando do estômago, pode haver a hepatomegalia. Como está levando em consideração o
estômago, o animal deve estar em jejum.

Figura A e B - Tamanho normal do fígado (A) e hepatomegalia (B). A - A margem


ventral do fígado normal (setas) é finao tem uma margem afiada e não se estende muito além
do estômago ventralmente ou caudalmente. B - Imagem sagital mostra um fígado aumentado
com margens caudoventrais espessas e arredondadas (entre as setas) e uma hiperecóica
difusa, de textura fina parênquima. Um estômago vazio é notado no campo distante. Este cão
tinha lipidose hepática.

Quando está diminuído vai haver uma má visualização do fígado, ele se projeta para
dentro do gradil costal, a borda caudal é visibilizada acima dos últimos espaços intercostais,
RD deslocado cranialmente.

OBS - Fatores que influenciam a relação de ecogenicidade:

 Doença renal ou esplênica;


 Gordura no tecido subcutâneo;
 Questões técnicas: profundidade, ganho, etc;
 Variabilidade individual.

Quanto a ecogenicidade da vascularização hepática: artéria hepática e seus ramos é de


difícil visualização, ramos portais tem paredes hiperecogênicas e as veigas hepáticas paredes
finas pouco visibilizadas (leito venoso)

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES HEPÁTICAS


Vários distúrbios hepáticos são encontrados em cães e gatos e podem causar lesões
parenquimatosas focais, multifocais ou difusas. A avaliação do fígado deve incluir vários
parâmetros: tamanho e contorno do fígado, ecogenicidade do parênquima, atenuação do feixe
de ultra-som, como bem como a distribuição de anormalidades. Embora alguns desses
distúrbios têm características ultrassonográficas características, a maioria das alterações não
são patognomônica de um determinado processo. Um diagnóstico mais preciso é geralmente
com base na combinação de apresentação clínica, resultados de exames de sangue, achados
ultrassonográficos e resultados citológicos ou histopatológicos.
Os tipos de alterações são:
 Difusas hiperecogênicas
 Difusas hipoecogênicas
 Focais ou multifocais
 Difusas mistas

ALTERAÇÃO DIFUSA HIPERECOGÊNICA


Vai ser visualizado um aumento difuso de ecogenicidade. É mais correlacionado a
doenças crônicas, mas há exceções como lipidose hepática nos gatos. Mais comum é a
cirrose, hepatite, infiltração gordurosa, hepatopatia por esteroide, linfoma, etc. Na rotina da
Denise ela vê mais infiltrações gordurosas e hepatopatias esteroidais. 

INFILTRAÇÃO GORDUROSA
Pode ocorrer no caso de esteatose hepática e hepatopatia esteroidal/vacuolar. A
imagem vai ser a mesma, diferencia apenas na histopatologia. No caso da esteatose vai haver
acúmulo de gordura entre os hepatócitos (animal obeso ou lipidose hepática) e no caso da
hepatopatia esteroidal vai haver infiltração gordurosa dentro dos hepatócitos (ocorre nas
endocrinopatias, utilização de corticoide). Essa última não dá pra reverter, a outra dá.
Geralmente a margem fica abaulada. A gordura falciforme fica bem aparente (lembrando que
no gato é quase isoecoica então provavelmente o animal está com lipidose).

A ecogenicidade do fígado deve ser comparada com a dos rins e baço em


profundidade semelhante e configurações de ganho do instrumento. A possibilidade de uma
combinação de anormalidades hepáticas, renais e esplênicas deve sempre ser considerado. As
margens das veias porta estarão diminuídas devido a um aumento global da ecogenicidade.

Quais serão os aspectos ultrassonográficos? No grau leve vai haver uma hepatomegalia e
um parênquima hiperecoico. No grau moderadora vai haver hepatomegalia, parênquima
hiperecoico com atenuação do feixe sonoro distal e diminuição da visualização da
vascularização intra-hepática. No grau avançado vai haver hepatomegalia, parênquima
acentuadamente hiperecoico e com acentuada atenuação do feixe sonoro distal e perda da
visualização da vascularização intra-hepática.
Fígado hiperecoico – Fígado e baço de um cão que foram obtidos com configurações
idênticas (profundidade, ganho e foco), permitindo que as ecogenicidades parenquimatosas
fossem comparadas. A lipidose hepática causou um fígado difusamente hiperecoico, isoecoico
ao baço.

Lipidose hepática felina - Imagens sagitais (A) e transversais (B) do fígado em um gato com
hiperecogenicidade difusa e hiperatenuação do feixe ultra-sonográfico. O fígado (L) é
marcadamente hiperecogênico à gordura falciforme (FF). Os ecos provenientes das porções
mais profundas do fígado foram reduzidos e só puderam ser parcialmente compensados por
aumentando o ganho distante. Um pequeno volume de derrame peritoneal (EP) é observado
entre os lobos do fígado.
Hepatopatia esteroidal - Imagens longitudinais da porção esquerda do fígado em um cão com
hiperadrenocorticismo. O fígado (L) está aumentado, difusamente hiperecogênico e
heterogêneo. Múltiplos focos nodulares hipoecoicos são observadas no fígado (A) (setas). B -
O contorno do fígado está arredondado (pontas de seta) e se estende além o fundo gástrico.
Em A, a porção profunda do fígado é difícil de avaliar devido ao aumento da atenuação do
feixe de ultrassom. Biópsia guiada por ultrassom indicou hepatopatia vacuolar e hiperplasia
nodular benigna

Lipidose hepática - Fígado branco, com atenuação do feixe sonoro distal pq o ultrassom
perde a força depois de passar pelas gorduras. Normalmente causado por algum estresse no
gato. 

CIRROSE
Hoje em dia sabemos que a cirrose não é apenas aquele fígado heterogêneo e diminuído. Há
alguns níveis que pode ser classificado a cirrose. Há algumas alterações na doença hepática
crônica: A Denise só afirma que é cirrose no último estágio. O fígado que sempre estará com
infiltração gordurosa pode se tornar um fígado cirrótico, necessário acompanhar.
ALTERAÇÃO DIFUSA HIPOECOGÊNICA
Vai haver uma redução difusa de ecogenicidade do parênquima hepático. Doenças
hepáticas difusas podem produzir hipoecogenicidade do fígado, no qual o parênquima hepático
parece menos ecogênico que o córtex renal, e as paredes da veia porta aparecem mais
proeminente do que o habitual

Mais comum em casos de hepatite, colangiohepatite aguda, linfoma, leucemia,


congestão passiva crônica (ICC direita) e toxemia. Na rotina da Denise ela vê mais hepatite,
complexo colangiohepatite e fígado congesto por ICC, principalmente em casos de paciente
com dirofilariose. 

Em gatos, a colangite/colangiohepatite foi relatada como sendo comumente


associada a uma diminuição da ecogenicidade do parênquima e uma maior visibilidade da
vasculatura portal, embora o fígado possa parecer normal, hiperecóica ou heterogênea. Além
disso, este processo está frequentemente associado a anomalias biliares, como como lodo
biliar, colelitíase ou espessamento da parede, e com pancreatite.
Colangiohepatite felina - A: Imagem longitudinal da porção esquerda do fígado (setas) de um
gato com febre e icterícia. O parênquima hepático é difusamente hipoecogênico e as margens
da veia porta aparecem proeminentes. Esses recursos são sugestivos de colangiohepatite ou
colangite em gatos. B: Imagem oblíqua dorsal da porção esquerda do fígado em outro gato
com colangiohepatite. Características semelhantes são observadas. O fígado (L) está
aumentado e hipoecóico quando comparado com o falciforme gordura (FF) localizada
ventralmente. As setas em A delineiam a borda hepática cranial. C, D: Colangiohepatite
supurativa grave e crônica e colelitíase (setas) em um gato de 8 anos. O parênquima hepático
neste caso é hiperecogênico.

Na hepatite aguda vai ser visualizado fígado aumentado ou normal (rim deslocado
caudalmente, arredondamento de bordas, aumento da distância entre estomago e diafragma,
etc), parênquima geralmente hipoecoico e ecotextura variável. Vai haver uma evidenciação dos
vasos portais.
Hepatite canina - A: Imagem oblíqua transversal do lado esquerdo do fígado em um cão com
hepatite aguda com veias porta (VP) proeminentes devido à hipoecogenicidade difusa do
parênquima. A principal veia hepática esquerda (VH) também é observada, mas sua parede é
menos aparente. A proeminência dos limites da VP também pode estar relacionada ao
processo inflamatório. B: Leptospirose - Imagem ultrassonográfica de uma porção do fígado
em um cão com leptospirose aguda. O fígado é difusamente hipoecóico e suas paredes portais
são proeminentes, aparecendo como linhas duplas e “donuts” em todo o parênquima. Estes
achados são comuns em cães com leptospirose. C: Hepatite supurativa crônica. Neste
Labrador de 6 anos, o fígado (L) é heterogeneamente hiperecogênico.

Linfoma e congestão passiva – diminuição da ecogenicidade, hepatomegalia e em casos de


ICC dá para ver congestão das veias hepáticas e cava. 

A congestão passiva pode ser causada por ICCD, doença pericárdica, pulmonar, dirofilariose,
neoplasia cardíaca, insuficiência renal, super-hidratação, hernia ou ruptura diafragmática. Isso
porque as veias hepáticas desembocam na veia cava e esta irá para o átrio direito, se o
coração não bombeia direito, haverá refluxo sanguíneo para cava e ocorrerá congestão no
fígado.

ALTERAÇÕES FOCAIS OU MULTIFOCAIS


Calcificações hepáticas, cistos, abscessos, hiperplasia nodular benigna e neoplasia.
HIPERPLASIA NODULAR BENIGNA
É uma alteração muito presente na na ultrassonografia de cães, podendo ocorrer em até 70%
dos cães idosos. Há trabalhos que dizem que a maioria é isoecoica, não sendo possível
visualizar. Geralmente são lesões solitárias, geralmente menores de 5cm, com margens
regulares e bem definidas, porém sem capsula.

O aspecto ultrassonográfico será isoecoico, hiperecoico ou hipoecogênico ao parênquima


hepático, podendo também ter ecogenicidade mista. Como nódulo é nódulo, só seria
diferenciado de algo maligno pela histopatologia, então é importante esclarecer no laudo
(Denise não colocar hiperplasia nodular benigna no laudo). A hiperplasia nodular tem aparência
variável e não pode ser diferenciado com base apenas na ultrassonografia. Quando é
hiperecogênico a Denise pensa mais em hiperplasia ou fibrose do que quando é hipoecoico.

Hiperplasia nodular hepática - Espectros de padrões no cão. A - Lesões (setas) associadas à


hiperplasia nodular focal podem ser isoecoicos e não visualizados ultrassonograficamente, a
menos que pareçam como um nódulo próximo à margem do fígado. No entanto, às vezes
aparecem mais ecogênico (B e C), menos ecogênico (D).
Hiperplasia nodular em quatro cães – A - Vários focos hipoecoicos mal definidos com menos
de 1 cm de largura são observado em um fígado (L) que é hiperecogênico. B - O nódulo
regenerativo neste outro cão é hiperecogênico e bem definidos. C - A hiperplasia nodular (entre
cursores) também pode parecer mais heterogênea. D - Hiperplasia nodular com hemorragia
aguda e crônica e necrose formando uma massa heterogênea de 6,6 cm.

CALCIFICAÇÕES HEPÁTICAS
Podem ser únicas ou múltiplas. Podem ser granulomas, hematomas, neoplasias ou cistos
parasitários. Na ultrassonografia é possível visualizar pontos/áreas hiperecoicas podendo
formar sombra acústica posterior.

O difícil é diferenciar se é calcificação no parênquima ou mineralização em vias biliares intra-


hepáticas (não dá para diferenciar). Se tiver áreas calcificação hepática em gato pensa logo em
cálculo intrabiliar, ainda mais se tiver cálculo na vesícula biliar.
Cachorro com hiperadreno faz facilmente calcificações hepáticas (no baço, na pele também)

Quando é visualizado essa ‘’árvore’’ se pensa mais em cálculo nas vias biliares

CISTOS HEPÁTICOS
Geralmente são achados incidentais, podendo ser únicos ou múltiplos. Afetam
parênquima ou trato biliar. Pode também ser congênitos (ex: doença renal policística) ou
adquiridos (ex: trauma ou alterações inflamatórias).

No aspecto ultrassonográfico vai ser visualizado alterações anecogênicas


arredondadas, contornos definidos, paredes finas e hiperecoicas, reforço acústico posterior.

‘’Os cistos hepáticos típicos são caracterizados por paredes finas e bem definidas,
ausência de ecos internos, bordas distais nítidas, zonas reflexivas e refrativas periféricas, e
fortes distais realce acústico. Ocasionalmente, os cistos não atendem a todos esses critérios.
Podem possuir paredes irregulares, septações, detritos internos ou elementos sólidos.’’
Cisto hepático – A - Um cisto hepático típico (setas pretas) tem uma fina e bem definida
parede, sem ecos internos ou septações e forte realce acústico distal (seta branca). B - Este
pequeno cisto hepático (aproximadamente 5 mm, seta) tem líquido anecóico, realce da parede
distante, mas pouco realce acústico distal por ser pequeno. O fígado está aumentado, baseado
em uma margem caudoventral arredondada e espessa. C - Cistos hepáticos atípicos não
preenchem todos os critérios de um cisto típico e pode ter septações, paredes irregulares ou
espessadas ou mesmo havendo realce acústico distal (setas). D – Múltiplos e pequenos cistos
como visto aqui (setas) podem ser difíceis de diferenciar de neoplasia hepática. Tumores
hepáticos benignos, como cistoadenomas hepáticos, e alguns tumores malignos tumores
hepáticos primários ou metastáticos podem ter uma aparência semelhante. A aspiração guiada
por ultrassom é indicada em casos duvidosos.

ABCESSO HEPÁTICO
Relativamente incomuns em cães e gatos, geralmente associado à alterações em
outros órgãos (doença biliar, pancreatite, neoplasia e administração prolongada de esteróides)
ou a Diabetes Mellitus. Pode ter produção de gás em seu interior.

Na ultrassonografia vai ser visualizado uma área central hipo/anecoica, com margens
hiperecoicas, irregulares e pouco definidas, podendo ser multifocais ou focais.

‘’Abscessos hepáticos são relativamente incomuns em cães e gatos, e a causa dos


abscessos hepáticos espontâneos é desconhecido. Os abscessos foram frequentemente
associados à infecção de outros órgãos ou sistemas de órgãos, e as bactérias foram cultivadas
a partir dos abscessos na maioria dos casos.’’

Normalmente fica inflamado ao redor, gera peritonite, tornando a imagem em volta


hiperecoica. Diferencia de cisto porque o cisto é anecoico, o abcesso é anecoico, mas possui
muita celularidade. E diferença de uma hemorragia com a clinica (se o animal tiver vomito,
febre, desvio a esquerda é mais provável que tenha abcesso; já o animal que chegou
atropelado e está hipotenso é mais provavelmente que tenha uma hemorragia).
NEOPLASIA
Tumor não tem ‘’cara’’. As neoplasias hepáticas podem ser primárias ou metatasticas,
única ou múltiplas. O exame ultrassonografico não define o tipo de neoplasia.

O fígado é um alvo comum de metástases, principalmente através do sistema porta,


que drena a maioria das estruturas abdominais. Neoplasias hepáticas primárias, como
carcinomas hepatocelulares também podem ser vistos como ou massas multifocais, embora
com menos frequência do que metástase.

Em cães, os tumores hepáticos metastáticos são mais comuns do que os tumores


primários, geralmente decorrentes de tumores do pâncreas, baço e trato
gastrointestinal.83,84,85 Os tumores hepatobiliares primários são mais comuns do que a
doença metastática em gatos

 Benignas – Hiplerplasia nodular, hemangiomas e, cistoadenoma felino e adenomas.


 Malignas – Carcinoma hepatocelular, conlangiocarcinoma, metástase (tumor de mama
ou sarcomas esplênicos).

Não dá para caracterizar um aspecto ultrassonográfico pois é de diferentes aspectos.


Nódulo é pequeno e quando é grande é formação/massa.

Gato ictérico/fígado muito provavelmente é alteração nas vias biliares (mais provável que
massa) e cão é o oposto.
Carcinoma hepatocelular – C - Envolvimento hepático difuso, com e áreas hipoecoicas. D -
Massa hiperecoica irregular e focal. E - Massa focal com hipoecóica e áreas anecóicas. F -
Grande massa hiperecóica com áreas nodulares hipoecóicas focais.

Cistoadenoma felino - Este tumor benigno do fígado ocorre em gatos mais velhos,
geralmente 10 anos ou mais. É caracterizada por massas de ecogenicidade mista (setas) que
contêm cistos que variam em tamanho de vários milímetros a mais de 10 cm
Vesícula biliar e vias
biliares
SISTEMA BILIAR

A vesícula biliar faz parte do sistema biliar, juntamente com o ducto cístico e os ductos biliares
intra e extra-hepáticos; localizada no sétimo espaço intercostal, entre os lobos quadrado e
medial direito. A vesícula terá um formato variável, dependendo do corte: será arredondada no
corte transversal e ovalada/piriforme no corte longitudinal.
O sistema biliar é relativamente semelhante em cães e gatos. O GB, ocasionalmente bilobado
em gatos, representa o reservatório de bile e é uma forma anecóica em forma de lágrima
possuindo uma estrutura com extensão cônica: o ducto cístico.

Figura - Vesícula biliar bilobada em um gato. CD – Ducto cístico

 A bile vai participar da digestão seguindo para o intestino (se o animal está de jejum
então espera-se que a vesícula biliar esteja bastante distendida).
 Formato oval ou arredondado, de paredes finas e hiperecoicas, preenchida por
conteúdo anecogênico e homogêneo (bile);
 Divisão - fundo, corpo e colo;
 Gato - VB bilobada; VB duplicada
 Espessura da parede varia de acordo com grau de distensão
 De acordo com Penninck e D’Anjou, 2015 – CÃES e GATOS até 0,1 cm de espessura.
 Transdutor de alta frequência (maior resolução)
 A árvore biliar intra-hepática, composta por canalículos biliares e ductos biliares
maiores, não é observada em pacientes normais.
 Vias biliares extra-hepáticas (dá para seguir em alguns casos, ainda mais em gatos) -
Ducto cístico + Ducto biliar comum/Ducto colédoco desembocando na papila duodenal.

 Em gatos o ducto pancreático se junta ao ducto biliar comum e entram junto na papila
duodenal. Em cachorro isso não ocorre, as duas vias entram no intestino por vias
diferentes. Os gatos desenvolvem a tríade felina com muita facilidade por isso
(inflamação intestinal se torna hepática e pancreática).
Técnica de escaneamento do ducto biliar comum em um gato - Representação
esquemática da anatomia regional e pontos de referência do trato biliar no gato, com a
sonda de ultra-som colocada para obter uma visão longitudinal (A) do ducto biliar. A
sonda é então girada para obter um plano transversal (B) - O ducto biliar comum (2 m
de largura) encontra-se ventralmente a a veia porta (VP) e dorsal ao duodeno proximal
(D). Este duto pode às vezes ser seguido até o nível do canal principal
papila duodenal, no mesmo nível da terminação do ducto pancreático.
ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DAS
ALTERAÇÕES BILIARES
LAMA BILIAR
Mistura de cristais precipitados, glicoproteínas, proteínas, restos celulares e mucina. A lama
biliar em excesso pode evoluir para mucocele. Um estudo concluiu que o lodo não era
particularmente relacionado à doença hepatobiliar e deve ser considerada uma achado
incidental.

Pode estar presente em:

 Animais normais;
 Animais doentes – jejum prolongado/anoréticos;
 Animais obesos e polifágicos;
 Animais idosos;
 Endocrinopatas.

Visibilizada acúmulo de material hiperecoico de quantidade variável, sem sombreamento


acústico, com dependência da gravidade.

Lama biliar

Progressão:

 Resolução completa;
 Cálculos biliares;
 Mucocele;
 Colangite, pancreatite aguda, ...

DEPÓSITO MINERAL E CÁLCULO


 Podem ser achados incidentais;
 Geralmente formados a partir da precipitação do colesterol em pequenos cristais;
 Presentes em qualquer parte do sistema biliar;
 Podem causar processos obstrutivos – GATOS!

Aspectos ultrassonográficos - Focos de superfícies hiperecogênicas bem definidas,


geralmente formadoras de sombra acústica posterior. Deposito mineral é mais denso que a
lama, então será mais hiperecogênica.

ESPESSAMENTO DA PAREDE BILIAR


A parede normal da vesícula biliar é mal visualizada ou aparece como uma linha ecogênica
fina. A espessura da parede depende da angulação do som feixe e grau de distensão. A
medição é mais precisa quando o feixe é direcionado perpendicularmente à parede próxima. A
espessura normal em cães é relatada em um estudo como 2 a 3 milímetros; em outro,
verificou-se ser de aproximadamente 1 a 2 mm. Em gatos, a espessura normal da parede é
menor de 1 mm.

O espessamento difuso da parede da vesícula biliar é uma anormalidade, causada tanto por
doença primária da vesícula biliar quanto por envolvimento secundário da vesícula biliar por
doença.

 Parede com duplo halo hiperecoico com centro hipoecoico = EDEMA - associado à
hepatite, congestão passiva, hipoalbuminemia grave ou doença envolvendo a VB
(agudo);
 Parede difusamente espessa e hiperecoica – COLECISTITE;

 Aparência descontínua ou tri-laminar da VB - Necrose da parede (ruptura).


 Espessamento focal – Pólipos, Neoplasia.

OBS: CUIDADO: “pseudo-espessamento” da VB – líquido livre abdominal;

MUCOCELE
 Acúmulo excessivo de muco dentro do lúmen da VB
 Evolução progressiva
 Pode haver distensão excessiva levando a necrose ou ruptura
 Os tampões mucinosos intraluminais podem se estender ou migrar para dentro do
ducto biliar comum causando obstrução
 Aspecto ultrassonográfico - Estriações radiadas, hiperecoicas e imóveis – padrão
similar a fruta kiwi. A parede da VB pode estar espessa, hiperecoica e irregular.
COLANGITE (COLANGIO-HEPATITE)
 Inflamação das vias biliares (inflama também o fígado)
 Mais comum em gatos – “TRÍADE FELINA”
 Aguda ou crônica
 Classificação - Colangite neutrofílica, colangite linfocítica e colangite crônica associado
à infestação por vermes do fígado (Platynosomum fastosum)
 Aspectos ultrassonográficos – Fígado e vias biliares podem estar normais. Com a
evolução pode haver espessamento da vesícula biliar e/ou da parede do ducto biliar
comum, conteúdo hiperecoico na vesícula biliar, colélitos e/ou coledocolitos, fígado
com parênquima hipoecoico. Com a cronicidade o fígado fica hiperecoico.

VIAS BILARES EXTRA-HEPÁTICAS: PROCESSOS


OBSTRUTIVOS
 Avaliar da vesícula biliar até a papila duodenal
 Distensão da VB, ductos cístico e biliar comum – 24/48 horas
 Distensão dos ductos biliares intra-hepáticos é evidente de 5 a 7 dias – Processo
obstrutivo crônico – 4 – 6 semanas
 Diâmetro do DBC – Variável – Gatos › 0,5 cm de diâmetro (PROCESSO
OBSTRUTIVO)

OBS: O grau de dilatação da VB NÃO indica gravidade de processo obstrutivo!


MODELO DE LAUDO

 Fígado com tamanho normal, contornos regulares e margens afiladas. Parênquima


hepático, avaliado sem a sobreposição gástrica, com arquitetura e ecogenicidade
preservadas. Vasos hepáticos com calibre e trajeto habituais.
 Vesícula biliar com dilatação habitual, com paredes finas e regulares. Bile com
aspecto límpido. Vias biliares sem alterações sonográficas visíveis no momento do
exame.

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