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es ‘ A Pears , Deena tlt “ peat IEEE TENS REN ond STM eNO eee ers AVC Eee Rac Anatomia Geral e Odontoldgica Paulo Henrique Ferreira Caria "Nota: Assim como. meaicina, a edonttogia uma cenca em constante evouuga Ameaia que novaspesquisas ea prdpria experiencia cri amplam © nosso conhecimento, 0 necessirias mosfcagée na erapéuica, onde também ‘considered confivel, num exforge para oferacerinformagoes compietas 6 geratmente, de acordo com os pacroesacltos 3 epece da publeaao. Enuetano, sno em vista possibileade de fatha humana ou de aleragdes na lenclas médica, o eltores devem contimar estas informasdes com outasfontes Por exemplo, em parca, 0s letors so aconselnades a conte 2 Bula se que sinformagio cntida neste ra etd correla ede que no hare ali na ose recomend nem nas precaucbes © containcleagoes para seu uso. Essarecomenda¢de épartcularmente importante em elaio a meccamentos Introovlaoerecentemente no reread fsmactuiceauraramente ut z3eos. A535 Anatomia geraleedontelégle recurs eltri\eo)/ orga- izadores, LéoKriges Samuel Jorge Moysés, Simone ‘Tetu Moysés;coordenadora, Maria Celeste Mort: ‘autor, Paulo Henrique Ferrera Caria Dados letrbnicos. - Sto Paulo: Artes Méeleas, 2014. {ABENO : OdontologlaEssenciat: parte bssica) atta também como tro impresso em 2014, ISBN 972.-85-367.0222-3 1. Odontologia 2. Anatomia odontoléaica. Kroes, Léo. Nl. Moysés, Samuel Jorge. Il. Moysés, Simone Tetu.V. Mo ta, Maria Celeste. V. Cara, Paulo Henrique Ferrera. cousie.as:6n CCatalogacio na publicagéo: Ana Paula M, Magnus ~ CRE 10/2052 organizadores da série PEN Odontologia Essencial ‘Sanna’ pine oe samuel Jorge Moysés Parte Basica Simone Tetu Moysés coordenadoradaséie Maria Celeste Morita Anatomia Geral e Odontologica versio impressa desta obra: 2013 Paulo Henrique Ferreira Caria © Editora Artes Médicas Ltda., 2014 Diretor editorial: Milton Hecht Gerente editorial: Leticia Bispo de Lima Colaboraram nesta edicio: Editora: Miran Raquel Fachinetto Cunha Assistente editorial: Adriana Lehmann Haubert Capa e projeto grafico: Paola Manica llustragBes: Paulo Henrique Ferreira Cara, Vagner Coelho dos Santos e Shutterstocck Processamento pedagégico e preparacéo de originals: Laura Avia de Souza Leitura final: Samanta Sé Canfield Editoragio: Acquo Estidio Gatco Reservados todos 0s direitos de publicacio 8 EDITORA ARTES MEDICASLTDA. uma empresa do GRUPO A EDUCACAQ S.A. Editora Artes Médicas Lida. Rua Dr. Cesério Mota Jr, 63 - Vila Buarque CEP 0122-020 ~ S30 Paulo- SP Tel: (1) 3221-9033 ~ Fax: (11) 3223-6635 E prolbida a duplicagéo ou reprodugso deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrénico, mecnico, gravacio, fotocopia, distribuigo na Web e outros), sem permissio expressa da Eitora Unidade Sao Paulo ‘Ay, Embalxador Macedo Soares, 10735 - Pavilhao 5 - Cond, Espace Center Vila Anastacio - CEP 05095-035 ~ Sao Paulo~ SP. Fone: (11) 3665-1100 Fax: (11) 36671333, ‘SAC 0800 703-3444 - www.grupoa.com.br IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Paulo Henrique Ferreira Caria Cirurgio-dentista, Professor adjunto (livre-docente) da Faculdade de Odontologia de Piracicapa da Universidade Estadual de Campinas (FOP/Unicamp). Pesquisador pleno do Programa de Biologia Buco-dental da FOP/Unicamp. Mestre e Doutor em Anatomia pela Unicamp. ‘Ana Claudia Rossi Cirurgia-dentista. Doutora em Biologia Buco-dental: Anatomia pela FOP/Unicamp. Cristina Paula Castanheira Médica, Especialista em Ginecologia @ Obstetricia pela Associacso de Obstetricia e Ginecologia do Estado de Sdo Paulo (Sogesp) e em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastotogia (SBM), Felippe Bevilacqua Prado Cirurgiéo-dentista. Professor doutor de Anatomia do Departamento de Morfologia da FOP/Unicamp. Especialista em Odontologia Legal e Deontologia pela FOP/Unicamp. Mestree Doutor em Biologia Buco-dental: Anatomia pela FOP/Unicamp, Miguel Carlos Madeira Cirurgido-dentista. Professor titular (tive-docente) aposentado de anatomia da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Fitho (Unesp). Professor doutor de Anatomia do Centro Universitario Toledo (UniTotedo). Doutor em Odontologia pela Unesp, Organizadores da Série Abeno Leo Kriger Professor de Saude Coletiva da Pontificia Universidade Catolica do Parana (PUCPR). Mestre em Odontologia em Sadde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). ‘Samuel Jorge Moysés Professor titular da Escola de Satide e Biociéncias da PUCPR, Professor adjunto do Departamento de Satide Comunitria da Universidade Federal do Paran (UFPA). Coordenador do Comité de Etica ‘em Pesquisa da Secretaria Municipal da Sade de Curitiba, PR. Doutor em Epidemiologia e Sadide Pabtica pela University of London. Simone Tetu Moysés Professora titular da PUCPR. Coordenadora da drea de Sade Coletiva(mestrado e doutorade) do Programa de Pés-graduagio em ‘Odontologia da PUCPR, Doutora em Epidemiologia e Saude Publica pela University of London, Coordenadora da Série Abeno Maria Celeste Morita Presidente da Abeno, Professora associada da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Doutora em Satide Publica pela Université Paris, Franca, Consetho editorial da Série Abeno Odontologia Essencial Maria Celeste Morita, Léo Kriger, Samuel Jorge Moysés, Simone Tetu Moysés, ‘José Ranali, Adair Luiz Stefanelio Busato. Para Gabriel, Cristina e Elizabeth. Agradecimentos Ao amigo, Prof. Miguel Carlos Madeira, pela eterna amizade e valiosa colaboraco dos capitulos 6, 8, 9¢ 10. Ao Dr. Felippe Bevilcqua Prado, pela colaborago no capitulo 4; 8 Dra. Ana Claudia Rossi, pela colaboracao nos capitulos 3 e 9 e a Dra. Cristina Paula Castanheira, também pela colaboragao no capitulo 9. Ao Prof. Horacio Faig Leite, pelo incentivo e pelas fotografias do capitulo 7 e, a0 sempre disposto, José Ari Gualberto Junqueira, pelas imagens do capitulo 2, A todos, os meus mais sinceros agradecimentos. Prefacio A série de livros didaticos pare estudantes de Odontologia que a Artes Médicas esta langando em parceria com a Abeno, tenciona abranger todo o contetido do curso de graduacao, constituindo-se em uma iniciativa inédita e ao mesmo tempo arrojada, A obra que presentemente ¢ prefaciada constitui o embasamento das outras ciéncias basicas e das disciplinas clinicas subsequentes. Aborda, de forma um pouco condensada, a chamada anatomia odontolégica (aspectos anatomofuncionais essenciais da face e dos dentes) como seu grande assunto. Mas, para a formagio de um bom profissional, néo se admite a ideia de enfocar unicamente temas relativos a rea bucomaxilofacial: é necessério que o texto progrida rumo a anatomia geral, de forma a assegurar um conhecimento, pelo menos basico, de todo 0 corpo humano. Contrariamente, uma anatomia geral aprofundada fugiria da realidade profissional do aluno, Cuidadosamente escrito e ilustrado, o livro ird oferecer ao estudante oportunidades de aprendizagem que gerem o prazer intelectual, afeicoando-o ao estudo da anatomia, para depois iniclar sua vida profissional com um enxoval clentifico rico de possibilidades. Alunos dos tltimos anos, bem como os pés-graduandos, também sero beneficiados com esta obra, em razo da necessidade basica de se conjugar a anatomia com as atividades profissionalizantes (voltadas para pratica, a clinica). E, agora, uma palavrinha sobre o autor: este livro pode ser considerado a culminancia de seu trabalho na sala de aula e no laboratério, junto aos estudantes, e certamente enriquecera a literatura anatomica brasileira, Como um dos coautores, sinto-me honrado de ter sido convidado a colaborar. Lembro-me do Paulo aluno, monitor e depois colega professor. Digo, com orgutho, que fora meu discipulo. Seu inicio j4 apontava para um docente chelo de aptidao e talento, o que ele realmente mostraria mais tarde. Como tenho parte no seu processo de répida ascensio, hoje fico muito feliz (e sinto-me reconhecido) por ter sido Ultrapassado por ele, Prot. Paulo, como € respeitosa e carinhosamente chamado na Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual, ‘de Campinas (FOP/Unicamp),¢ responsavel por um dos mais completos laborat6rios de anatomia, no qual desempenha seu competente trabatho de desenvolvimento técnico e moral do alunado, sempre em consonancia com seus elevados principios valores. lidimo declarar que Paulo vive para a educacio e no da educacio. Sua outra faceta académica ¢ produzir ciéncia e estimular e amparar 'p6s-graduandos e novos docentes no estudo e na pesquisa, sempre de modo entusidstico e solidari Enfim, Paulo é um anatomista talentoso, moderno e em pleno vigor Nao obstante ser novo ainda, jé tem uma historia de sucesso nas lides universitérias, tanto no Brasil quanto no exterior. Contudo, como saldo desta resenha, apetece-me dizer que o mais importante mesmo é desfrutar da sua leal amizade. Miguel Carlos Madeira Cirurgiso-dentista, Professor titular aposentado de anatomia da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp). Professor doutor de ‘Anatomia do Centro Universitario Toledo (UniTotede). Doutor em Odontologia pela Unesp. Sumario 1 | Introdugo ao estudo da anatomia Paulo Henrique Ferreira Caria 2 | Sistema esquelético Paulo Henrique Ferreira Caria 3 | Sistema articular Paulo Henrique Ferreira Caria ‘Ana Cldudia Rossi 4 | Sistema muscular Paulo Henrique Ferreira Caria Feliope Bevilacqua Prado 5 | Sistema nervoso Paulo Henrique Ferreira Caria 6 | Sistema circulatorio Paulo Henrique Ferreira Caria Miguel Cartos Madeira 9 35 47 67 97 7 | Sistema digestério Paulo Henrique Ferreira Caria Sistema respiratério Paulo Henrique Ferreira Caria Miguel Carlos Madeira Sistema genital Paulo Henrique Ferreira Carias Cristina Paula Castanheira Ana Cléudia Rossi Miguel Carlos Madeira Sistema urinario Paulo Henrique Ferreira Caria Miguel Carlos Madeira Referéncias 109 ET B39 147 151 Recursos pedagdgicos que facilitam a {ura e 0 aprendizado! OBJETIVOS Informam a que o estudante deve estar apto apés a leitura do capitulo. DE APRENDIZAGEM Conceito Define um termo ou expressao constante do texto, LEMBRETE Destaca uma curiosidade ou informagao importante sobre o assunto tratado. PARA PENSAR Propde uma reflexao a partir de informacao destacada do texto, ‘SAIBA MAIS. Acrescenta informacdo ou referéncia ao assunto abordado, levando 0 RESUMINDO Eanes estudante a ir além em seus estudos. Chama a atengao para informacées, dicas e precaugdes que ndo podem passar despercebidas ao leitor. Sintetiza os ultimos assuntos vistos. [cone que ressalta uma informagao relevante no texto. {cone que aponta elemento de perigo em conceito ou terapéutica abordada. Apresentam em destaque situac6es da pratica clinica, tais como prevencao, posologia, tratamento, diagnéstico, etc. Introducaéo ao estudo Co CeWnetelneyeet te} Anatomia é uma palavra de origem grega cujos radicais, ana e tomia, _ OBJETIVOS significam, respectivamente, “através de” e “cortar”, fazendo DE APRENDIZAGEM referéncia a disseccao. Desde 1600 a.C., antigos papiros egipcios Scaeinir same Cacia apresentavam textos anatémicos, mas acredita-se que os gregos a evolugéo de seu estudo foram os primeiros a fazer dissecgdes com propésites cientificos. sfeminea a piase aes anatémicae os planos de diviso do corpo humano + Conhecer os termos de orientagio e os conceitos de Cconstrugao corporal Descrever as posices do corpo Descrever os planos eas ‘cavidades do corpo humano Com a evolucao da medicina, a anatomla tornou-se imprescindivel para 0 seu exercicio. Do mesmo modo, o dentista precisa ter um profundo conhecimento da anatomia da cabeca e do pescoco para exercer sua profissao. Para realizar o diagnéstico de alteracées ou lesbes, 6 necessério localizar as estruturas anatémicas, tanto intra quanto extraorais, e reconhecer sua forma e volume normais. 0 mesmo se aplica a definigio e 8 execucio do tratamento, bem como a realizagao de anestesia. No estudo da anatomia, é fundamental associar a forma fungSo. A anatomia macroscépica do corpo humano pode ser estudada de diferentes formas, apresentadas a seguir. ANATOMIA TOPOGRAFICA OU REGIONAL: JCETC EEOC especifica a relacao entre as estruturas de determinadas regides do corpo, reunindo elementos diferentes como um todo, ENIESSUSESGGI= estuda ocontorno.eatormade crgios Aterminciosiaanatomicad @estruturas da supericie do corpo. Ede grande importancia paraa_—_‘(Undamental paraa dreamécica, semiologia clinica, pois viabiliza a interpretacio corretados sinalse do grego eso usados no sintomas observados no exame clinico de um paciente LEMBRETE Aterminologia anatémica & mundo todo. SAIBAMAIS MINIS Rode Estuda as estruturas internas do corpo mediante raios X e, associada a anatomia de superficie, oferece os Os epénimos, denominacdes : i Nede _ fundamentos morfolégicos para o exame clinico. formadas a partir do nome de uma pessoa, foram totalmente eee Seat ENTS eles Aborda segmentos funcionais do corpo, médicos edentistas clinicos @Stabelecendo relag6es funcionais entre as varias estruturas dos ainda os utiizem, diferentes sistemas. CXSIVGNEOY Destaca a importancia dos conhecimentos . anatémicos para as atividades clinicas e/ou cirargicas. TOTO) Estuda a anatomia de diferentes espécies de animais comparando 0 desenvolvimento filogenético @ ontogenético dos diferentes rgaos. Para fazer referéncia a qualquer estrutura anatémica do corpo humano, é necessério utilizar uma terminologia apropriada, especifica e oficial, a terminologia anatémica. A descricso Inequivoca de ndmeras estruturas seria impossivel sem um vocabulario extenso e especializado, Para evitar ambiguidade, todas as descricoes anatomica: independentemente da posigio do cadsver ou pega anatémica, deve assumir que o corpo humano esteja na posigo anaté: que corresponde & posicéo ereta, em pé, de frente para o observador, com a face voltada para.a frente e o olhar voltado para horizonte, 0s membros superiores estendidos paraletamente ao troncoe as palmas das maos voltadas paraa frente, os membros inferiores paralelos e os calcanhares unidos, com os dedos dos pés voltados paraa frente (Fig. 12). Figura 11 ~ Posigao anatomica, PLANOS DE DELIMITAGAO E SECGAO As descricées baseiam-se em planos de delimitagao que contornam 0 corpo humano por planos tangentes a sua superficie e determinam um contorno com a forma de um paralelepipedo (Fig. 1.2). Tém-se, assim, os seguintes planos: * ventral ou anterior (plano vertical tangente ao ventre); + dorsal ou posterior (plano vertical tangente ao dorso}; * lateral direito e esquerdo (plano vertical tangente ao lado do corpo); * cranial ou superior (plano horizontal tangente a cabec: + podalico ou inferior (plano horizontal tangente a planta dos pés). PS eee hace a ceratico Z Venta Dorsal Figura 1.2- Pianos de delimitagdo definindo um contomo.com a forma de um paraietepipedo no corpo humano. Postico Os planos de secego so planos imaginarios perpendiculares ao corpo ina posigo anatémica. plano mediano passa longitudinalmente através do corpo e o divide em metades direita e esquerda. O plano ssagital é qualquer plano vertical paralelo ao plano mediano; embora muitas vezes utilizado, o termo “parassagital” é redundante. O plano frontal ou coronal ¢ ortogonal ao plano mediano, ou seja, divide 0 corpo em anterior ou ventral e posterior ou dorsal. O plano transversal ‘ou horizontal é ortogonal aos planos mediano e sagital (Fig. 1.3). No Quadro 11 sao descritos os principios fundamentals de construcao do corpo humano. QUADRO 1.1 - PRINCIPIOS ANATOMICOS DE CONSTRUGAO. DO CORPO HUMANO Plano sagitat ago frontal ou coronal Plano transversal ‘ouhorizontal Z Figura 1.3 Representagdo ‘0s ptanos median esagital SAIBA MAIS Os radiolocstas se referem a0 plano transversal como axial (axis = eval j8 9 convengio anatomiea define axial como se olhando dos pés 8 cabeca Antimeria Divide 0 corpo em duas metades (dois antimeros), se for feito um corte no plano sagital median Simetria Divide 0 corpo em duas metades iguais Estratificagso__ Sobreposicdo por estratos ou camadas. Os estratos podem ser de um mesmo tecido ‘ou de tecidos diversos Metameria __ SegmentagSo craniocaudal em unidades ou metameros Paquimeria —_Diviso pelo plano frontal médio em paquimeros ventral, com a grande cavidade ‘que contém as visceras, e dorsal, com a cavidade que contém o neuroeixo: TERMOS DE POSICAO, DIREGAO E SITUAGAO As partes do corpo também podem ser descritas pelos termos de osico, que se baseiam em sua proximidade aos planos de delimitago @ Secgo ou ao plano mediano. Tais termos indicam que uma estrutura 6, por exemplo, mais cranial que outra, pois nenhuma estrutura ou 6rgao ¢ simplesmente cranial ou ventral, jé que esses planos so tangentes ao corpo e sdo usados como referéncia (Quadro 1,2). QUADRO 1.2 - TERMOS ANATOMICOS DE POSIGAO Termo Descrigso Exemplo Lateral Faz referéncia a umaestruturasituada A oretha é lateral em relacdo ao olho mais afastada do plano mediano eno réximas ao plano lateral. A referéncia sempre é 0 plano mediano Medial Faz referéncia a umaestruturaque se __Q olho é medial em relacao a oretha situa mals préxima ao plano mediano em relacdo a uma outra Posterior oudorsal Faz referénciaaumaestruturaquese A colunavvertebral é posterior em situa mais proxima ao plano dorsalem —_relacao.ao coragao relacao a outra Anteriorou ventral ‘Faz referénciaaumaestruturaquese _O corago é anterior em relaco situa mais préxima ao plano ventral em —_& coluna vertebral relaao a outra Inferior ou podalico —Fazreferénciaaumaestruturaquese © oso hidideo ¢ inferior em relagso, situa mais préxima ao plano podlico 8 mandibula em relacSo a outra Superior oucranial Faz refer€nciaaumaestruturaquese A mandibula é superior em relacao situa mais préxima ao plano cranialem a0 oso hioide relacdo a outra Outros termos também sio usados para descrever a posicao entre partes do corpo na posiga0 anatomica. Os termos proximal e distal so utllizados para fazer referéncia as estruturas dos membros superiores (bracos) e inferiores (pernas) (Fig. 14). € denomninada proximal toda estrutura que esta préxima a raiz do membro (onde ele esta implantado ao resto do corpo) e distal toda estrutura que esta afastada da raiz do membro, como as maos € os pés (p. ex., 0 cotovelo é proximal ao punho e distal a0 ombro). Ainda sobre os termos de posigo, para se referir as faces dos dentes, so usados os termos mesial, distal, vestibular e lingual, sendo mesial a face do dente voltada para o plano mediano, distal a face do dente afastada do plano mediano, vestibular a face do dente voltada para os labios e bochechas e lingual a face do dente voltada para a lingua ‘Termos adicionals podem ser usados para descrever a relacao entre estruturas. Estruturas dispostas no mesmo lado do corpo sao chamadas ipsilaterais. Estruturas do lado oposto do corpo so chamadas contralaterais. Por exemplo, a perna direita é ipsilateral ao braco direito, mas contralateral a0 braco esquerdo. Os termos de direco fazem referéncia aos eixos ortogonais € sto usados para se referir a uma estrutura em relacdo a outra, na mesma diregao (vertical, horizontal ou lateralmente): * anteroposterior ou dorsoventral (p. ex. 0 coracdo est alinhado com a traqueia anteroposteriormente); * Longitudinal ou craniocaudal (p. ex., as vértebras estdo dispostas tongitudinatmente na coluna vertebral); * laterolateral (p. ex., 0 muisculo pterigéideo medial, o ramo da mandibula eo masculo masseter estao dispostos no sentido laterolateral). Do mesmo modo, certos termos s4o usados para dar informacao sobre a profundidade de uma estrutura em relacéo a outra com base ra superficie do corpo. As estruturas localizadas préximas & superficie (pele) sao denominadas superfi Ja as estruturas localizadas no interior, afastadas da superficie (pele) do corpo, sao chamadas de profundas. Para informar a localizacéo de estruturas no interior de 6rgaos cos, como o cranio eo abdome, denominam-se internas as que esto em seu interior e externas as que esto fora deles (p. ex., o encéfalo € interno ao cranio, e o coure cabeludo ¢ externo), Os termos de situago so usados para fazer referéncia a estruturas em relagdo aos planos de orientagdo e @ outras. Médio faz referéncia a uma estrutura que esta disposta entre outras duas; intermédio faz referéncia a uma estrutura disposta no sentido laterolateral. VARIAGAO ANATOMICA Oestudante de odontologia deve ter em mente que as descrigbes das estruturas anatémicas nos textos de anatomia refletem as condicdes mais comuns, mas podem existir variagdes anatomicas que ainda sao consideradas normais. O nimero de ossos e musculos do corpo todo 6 geralmente constante, mas detalhes especificos dessas estruturas podem variar de paciente para paciente, Os ossos podem apresentar diferentes tamanhos de processos, ¢ 05 misculos podem diferir no volume, bem como no tamanho e nos detalhes de seus tendées, Articulacées, vasos, nervos, glandulas, linfonodos, planos faciais e espagos podem variar de tamanho, localizacao e mesmo de presenca. Os dentes estao entre as variacdes mais comuns presentes nas estruturas da cabeca e do pescoco, Superior Interior ete ace aa Lado direto Lado esquerdo Linha Central Proxima Laterat Medial Distal Proxima Laterat 2 Distal, Figura 14 ~ Termos de posicdo proximal e distal LEMBRETE © termo palatino também é usado para descrever a face do dente voltada paraa lingua, mas somente para os dentes superiores, LEMBRETE Além das variagSes ditas, individuals, o corpo humano apresenta variagées devidas a fatores gerais como idade, género, etniae biotipo. Sistema Esquelético Osistema esquelético determina a forma do corpo humano e permite ages como caminhar e definir diferentes posturas, além de proteger 6rgaos vitais como 0 cérebro, 0 coracao e os pulmées. O tecido ésseo, ou simplesmente asso, é constituido por cerca de 30% de substancia orgénica e 70% de substancia mineral A substncia organica é formada por colageno, proteinas e substancia fundamental amorfa, J4 a substancia mineral é densa, formada de cristais de hidroxiapatita que contém principalmente calcio, fésforo @ fons hidroxila, além de sais inorganicos também compostos por carbonato, citrato de sédio, fluor e magnésio. A combinacio da estrutura organica com os sais inorganicos aumenta aresisténcia éssea. A parte organica oferece resiliéncia, e a inorganica, rigidez. A primeira resiste as forcas de tensao, e a segunda, as forcas de compressao. O processo de endurecimento do osso é chamado de mineralizacdo ou calcificacao. A seguir, sao descritas as importantes fungdes do esqueleto humano. SUSTNICECIUECSIGM 0: o:50s dos membros inferiores, da pelve e da coluna vertebral sustentam o corpo. Quase todos os ossos fornecem suporte para os musculos e também apoio para os dentes. EEEISSLEH Os oss0s protegem o cérebro, a medula espinal, 0 coraglo, 0s pulmées eas estruturas da cavidade péivica EVIEXIM Os movimentos dos membros na deambulacio, para 3 respiragao e outros movimentos produzidos pela aco dos misculos sobre 0s ossos. FESTUS Eee © esqueteto ¢ reservatério de ions Calcio, fésforo, magnésio, sédio e potassio e os libera nos tecidos fluidos eno sangue de acordo com as necessidades fisiolégicas do corpo. oBvETIVoS DE APRENDIZAGEM + Nomeare identificar as cestruturas que compéem sistema esquelético + Indicar as diferentes fungées do sistema esquelético + Identificaros ossos do esqueleto axiale do esqueleto apendicular Reconhecer os tipos de cossificagao Reconhecer as estruturas ‘anatOmicas docranioem suas diferentes vistas SAIBA MAIS. ‘A substncia mais dura do corpo 130 € oss0, mas sim o esmatte dos dentes, SAIBA MAIS (Os ossos secos presentes nos laboratérios de anatomia sugerem ‘erroneamente que 0 esqueleto é ‘uma estrutura rigida einerte, como ‘as vigas de sustentagao de um cedificio, Na realidade, oesqueleto apresenta certa flexibilidade e € dindmico, pois é formado por élulas que remodelam os ossos continuamente e promovern Interacao com todos os outros sistemas e éraos do corpo ‘humane. AUER Saw © tecido ésseo equilibrao sangue contra alteragbes excessivas do pH, absorvendo ou liberando fosfate alcalino e sais de carbonato. NACE SSM A meduta dssea ‘vermetha € 0 principal produtor de células sanguineas, incluindo {as células do sistema imunotégico. ‘A formacao de 0ss0, chamada de ossificagéo ou osteogénese, tern inicio aproximadamente na sexta semana de vida intrauterina e ocorre por dois tipos de ossificacio, intramembranosa e endocondral. Na ossificagio endocondral, 0 osso é precedido por um “modelo” de cartilagem hialina que é substituido por tecido dsseo, A maioria dos ‘95505 do corpo se desenvolve dessa forma, incluindo as vértebras, as costelas, 0 esterno, a escdpula, a cintura pélvica e os ossos dos membros, Na ossificagio intramembranosa, 05 ossos se desenvolvem dentro de uma fotha fibrosa de tecido conectivo, semethante a derme da pele, que produz os ossos planos do cranio, partes da mandibulae clavicula. Embora esses processos de ossificagio sejam diferentes, os ‘95505 resultantes de ambos sao idénticos. ‘Ao observarmos um corte transversal de um osso, ¢ possivel identificar duas estruturas distintas. A primeira delas €a substancia compacta, sélida e resistente, sem espacos entre si, que define o contorno externo dos ossos, chamada de cortical éssea (cértex = periferia), Auta, substancia esponjosa, ¢ aerada, ou seja, com espacos no seu interior, mais frégil que a primeira, sendo também conhecida Por 0550 trabecular ou esponjoso. A substancia esponjosa é encontrada nos ossos curtos, nas extremidades dos ossos longos no interior de alguns ossos planos do cranio. ‘A.quantidade de substancia éssea compacta e esponjosa sofre diferenciago nas diversas partes e em diferentes ossos. Nos ossos longos, a substancia esponjosa é maior na cavidade medular. Nos ‘ossos planos, como os do cranio (da calota craniana), existe uma camada externa e outra interna de osso compacto e, entre elas, uma camada de substéncia esponjosa, Esse arranjo no cranio é chamado de diploe. Oesqueleto é permeado por nervos e vasos sanguineos, o que atesta sua sensibilidade e sua atividade metabélica. Essa atividade metabélica € realizada por osteoblastos e osteoclastos, células de formacao e de reabsorcao éssea, respectivamente. A modificagao da estrutura éssea é chamada de remodelacio e ocorre durante toda vida do individuo. A remodelagio é mais evidente nos casos de fratura e osteoporose (diminuicao da massa 6ssea). ‘Todos os ossos sao recobertos por uma membrana fibrosa, elastica, esbranquicada, chamada de peridsteo. O periésteo é altamente inervado e vascularizado e apresenta duas camadas, uma externa, de tecido conectivo fibroso, e outra interna, com vasos sanguineos, nerves e células osteoprogenitoras. Ele serve de ancoragem para tendées e ligamentos, e $6 néo ha periésteo nas superficies articulares dos ossos. O tecido conectivo que reveste internamente os ossos é 0 ‘endésteo, presente no canal medular e nos espacos intertrabeculares. (Os 206 ossos de um ser humano adulto tém diferentes formas e, portanto, so classificados de acordo com as suas caracteristicas ete nce cy morfolégicas, mediante os critérios de comprimento, largura, espessura e forma. Desse modo, sao clasificados como longos (05 05s0s que apresentam o comprimento maior que a largura ea espessura. ‘Qs oss0s longos apresentam um canal no seu interior, o canal medular, suas extremidades sao chamadas de epifises. O segmento central entre as epifises, onde esta o canal medular, é denominado diafise, © unio das duas epifises com a didfise é denominada metal (Os ossos dos membros superiores e inferiores so exemplos de ‘0ssos longos. ‘Sao classificados como ossos planos ou chatos aqueles que tem ‘seu comprimento e largura maiores que a espessura, apresentando uma forma laminar (p. ex., escdpula, osso do quadril e, no cranio os parietais, frontal e occipital). Os ossos que néo apresentam predominic do comprimento, da largura e da espessura S30 denominados ossos curtos (p. ex., ossos do carpo e do tarso). Os oss0s do corpo que nao seguem os critérios de comparagéo entre comprimento, largura e espessura so classificados como irregulares, pneumaticos e sesamoides. Os ossos irregulares S40 0 que justificam sua classificaggo, como as vértebras, a mandibula e 0 o5so temporal. Pneumiticos 50 os que apresentam seio ou cavidade em seu interior, ‘como a maxila e os oss0s esfenoide, etmoide e frontal. Por fim, ‘sesamoides s8o os ossos envolvidos por tendées, sejana mio, no pé ou nojoetho, como a patela. Didaticamente, podemos dividir 0 esqueleto humano em esqueleto axial (axis = eixo) e esqueleto apendicular (apéndice = anexo) (Fig. 2:1). Oesqueleto axial ¢ formado por 22 ossos do cranio; 33 vértebras da coluna vertebral, sendo 7 vértebras cervicais, 12 tordcicas, 5 lombares, 5 sacrais (sacro) e 4 coccigeas; 24 costelas articuladas posteriormente com 12 vértebras, 10 pares de costelas articuladas anteriormente com um osso esterno e os dois tiltimos pares de costelas, chamadas de costelas flutuantes. Hé ainda o osso hioide, que ndo estd articulado: diretamente com nenhum outro osso. Situado na regio cervical, entre o esterno ea mandibula, ele é unico, anterior e mediano. (O esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros superior e inferior e das cinturas escapular (clavicula e escépula) ¢ pétvica (osso do quadril). A cintura pélvica ¢ formada por dois ossos do quadril, unidos posteriormente ao osso sacro. Cada osso do quadril, é formado por trés ossos que esto fusionados no adutto: fio (superior), isquio (inferior) e pubis (anterior), assim denominados também quando estdo separados no estégio embrionario. ‘Cada membro superior é formado pelo osso do braco, o mero, ¢ pelos oss0s do antebraco, a ulna (medial) e o radio (lateral). O punho, nna base da mao, é formado por oito ossos curtos, os oss0s do carpo, ‘denominados trapézio, trapezoide, capitato, hamato, pisiforme, piramidal, semilunar e escafoide. 34 na palma da mao, ha outros cinco ‘0850s, denominados metacarpos, que s3o numerados de | a V a partir do polegar. Os ossos dos dedos sd denominados falanges proximal, meédia e distal, definidos também dela V. | metacarpo (primeiro ‘metacarpo) (polegar) tem duas falanges (proximal |e distal |); os ‘outros dedos tém trés falanges (proximal, média e distal). ‘SAIBA MAIS ‘A metafise dos ossos em crescimento longitudinal {comprimento) desaparece por volta dos 20 anos de idade e é ‘chamada de cartilagem epifisal. LEMBRETE Embora tenham o comprimento ‘maior que a largura, as costelas ea clavicula ndo possuem canal ‘medular, tampouco metsfises; por isso, sio classificadas como ossos. alongados. LEMBRETE ‘Como profissional da area de satide, o dentista deve conhecer os ‘ossos do esqueleto nao s6 por raz6es de conhecimanto geral, mas por sua importancia para algumas. especialidades odontolégicas. 1. Frontal 2. Maxila 3. Mandibula 4. Vertebra 5. Clavicula 6. Umer 7. Estero 8. Costela 9. Radio 10. Ulna 12, Sacro 13, Carpo 14, Metacarpos 15. Falanges 16, Femur 7, Patela 18. Fibula 19. Tibia 20. Tarso 21. Metatarsos 22. Falanges Figura 21 - Principais ossos do esqueleto human. ‘Cada membro inferior ¢ formado pelo oss0 da coxa, o fémur; patela, localizada anteriormente ao joetho; e pela tibia (medial) e pela fibula (lateral), locatizadas na perna, O esqueleto do pé é formado por outros sete oss0s: tdlus, calcaneo, navicular, cuboide, cuneiforme medial, cuneiforme intermédio e cuneiforme lateral. Hd ainda outros cinco, denominados metatarsais (metatarso I I Ill IV, V) e 14 falanges (proximal, média e distal), © hélux (metatarsal |) sé apresenta falanges proximal e distal. OCRANIO ‘O cranio é 0 esqueleto da cabeca e pode ser dividido didaticamente ‘em viscerocranio (esqueleto da face) € neurocranio, assim denominado por alojar 0 encéfalo (base do cranio e calvaria). No viscerocranio, estdo os érgdos dos sentidos, a boca (paladar), os ‘thos (visdo) e o nariz (olfato). E formado por 14 ossos: duas maxilas, dois palatinos, dois lacrimais, dois zigomiticos, dois nasais, duas ‘conchas nasais inferiores, um vomer, todos esses unidos entre si por articulagbes fibrosas (suturas), além da mandibula, que é 0 unico ‘9550 mével do cranio, Exceto a mandibula, todos 0s outros ossos do viscerdcranio se articulam com as maxilas, que servem de implantagso dos dentes superiores. ‘O neurocranio é formado por oito ossos: um etmoide, um esfenoide, tum occipital, um frontal, dois parietais e dois temporais (no seu ete nce cy interior, estéo os ossos da orelha média - martelo, bigorna e estribo). Todos esses ossos sdo também articulados por meio de suturas e dao forma a cavidade craniana, onde esta alojado o encéfalo, Para othar a base do cranio, € preciso remover a calvéria, também conhecida como calota craniana, que é determinada por um corte transversal desde a glabela até a protuberdncla occipital externa. Na calvéria, 0s ossos apresentam arranjo denominado diploe. Em casos de traumatismo craniano, a lamina interna, que é mais LeMBRETE fragil que a externa, pode sofrer fratura e provocar rupturas de vasos sanguineos da dura-mater (meninge). A base do cranio €formada por iacoes clinleaso estado Go 0880s irregulares com varios forames e canais por onde passam vas0s

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