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FONTE: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/generos-
digitais.html
INTRODUÇÃO
Desde os anos 90, o mundo tem assistido a uma revolução dos meios de comunicação
por meio do advento e popularização do computador e, especialmente, da internet, a
rede mundial de computadores. Tal transformação afeta a todos em toda parte, em maior
ou menor grau. Todo esse processo não deixa incólume o mundo da linguagem e, assim,
parâmetros novos têm surgido também no mundo textual.
Na verdade, esses parâmetros talvez não possam ser simplesmente considerados novos,
uma vez que dialogam com formas textuais já pré-existentes. Um bom exemplo disso é
o e-mail, “correio eletrônico”, que é uma adaptação da velha carta ao mundo
cibernético.
Do mesmo modo, os recados ou mensagens de comunidades de relacionamentos são
adaptações, em diferentes níveis de formalidade e mesmo de sigilo do recado, agora não
mais no papel, mas em novo suporte.
NOVOS GÊNEROS
Um fato interessante a registrar é que o mundo digital vem (re)criando um grande
acervo de gêneros textuais, numa profusão que, muitas vezes, não permite ainda
definições completas.
Contudo, alguns princípios universais aos textos podem ser destacados:
• os gêneros textuais, mesmo digitais, continuam a ser definidos a partir de certos
elementos fixos;
• em decorrência do exposto anteriormente, a questão do formato, ou seja, da silhueta do
texto é, comumente marca distintiva. Pensemos no exemplo do e-mail que mantém as
marcas de silhueta da carta tradicional da despedida e da identificação do remetente;
• é ilusório tomar o espaço virtual por informal. Como em todo o resto, há níveis
distintos de formalidade/informalidade em seu meio;
• muitos desses gêneros textuais virtuais apresentam hibridismo entre traços
característicos de fala e de escrita, o que se manifesta mais claramente me gêneros mais
informais desse meio.
Esse último apontamento não é, em verdade, privativo do mundo virtual. Segundo o
professor Luiz Antônio Marcuschi, uma das maiores autoridades nos temas texto e
textualidade, escrita e fala não são dois planos opostos, mas sim complementares,
formando entre si um contínuo que vai desde o polo mais oralizado até o mais grafado,
passando por vários pontos intermediários, bastante presentes em nosso cotidiano.
Logo, o ocorrido no espaço virtual é uma continuidade disso.
Como dissemos acima, alguns gêneros textuais digitais ainda estão em processo de
conformação; outros, no entanto, já estão bem estabelecidos, dentre os quais: e-mail,
salas de bate-papo, fóruns, chats, blogues, textos acadêmicos, etc.
REDES SOCIAIS
As comunidades de relacionamento, independente de seu formato, dão suporte a toda
uma diversidade de gêneros em seu interior, com maior destaque ao chamado post, de
extensão e nível de formalidade variado e que tem por marca a anexação de símbolos
visuais, como os chamados “emoticons”, compensadores frequentes da ausência de
entonação encontrada nesse suporte. Note-se que aí há um típico caso de hibridismo
entre fala e escrita. Por um lado se lida com a perspectiva de uma prontidão de resposta
quase tão instantânea quanto a da fala, mas em meio escrito. Ainda acerca desses
símbolos, “emoticons”, ao contrário do que se supõe, seu uso não é anárquico, havendo
mesmo uma espécie de sintaxe para esses símbolos, já que não podem ser utilizados,
por exemplo, ao bel prazer, em qualquer parte da frase.
Facebook (Foto: Reprodução/Colégio Qi)