Você está na página 1de 56

~Resumos da UC de História da Psicologia do 1º Ano da Licenciatura ~

Docente: Prof.ª. Dr.ª. Olga Cunha


Discente: Mafalda Gomes (a22103061)

Universidade Lusófona Do Porto


Faculdade de Psicologia, Educação e Desporto
2021/2022
1
Estudo da História da Psicologia
Porque é importante estudar a história da Psicologia?
Entender como a história da psicologia ajuda a entender a psicologia atual, nomeadamente que não há uma só
forma, abordagem ou definição de psicologia. Há uma enorme diversidade (e inclusive divisão ou
fragmentação) nas áreas profissionais e científicas especializadas da psicologia. Alguns psicólogos focam as
funções cognitivas, outros as forças inconscientes, outros os fatores sociais e culturais, outros trabalham apenas
com o comportamento visível ou com processos bioquímicos e fisiológicos. Apenas conhecendo a história
podemos dar coerência e compreender o aparente “caos”.
A história da psicologia por si só é fascinante, pois envolve drama, tragédia, heroísmo e revolução, além de um
pouco de sexo, drogas e comportamentos realmente extravagantes. Apesar do início hesitante, dos erros e dos
conceitos equivocados, no geral há uma nítida e contínua evolução na formação da psicologia contemporânea
que nos permite explicar sua riqueza.
O desenvolvimento da Psicologia moderna
No estudo da história da Psicologia por onde começamos?
A resposta depende de como definirmos psicologia. As suas origens podem ser traçadas em dois períodos
diferentes, com cerca de 2 mil anos de distância um do outro → podendo ser considerada como a disciplina
mais antiga de todas, mas também a mais jovem.
Ideias e especulações sobre a natureza humana e o comportamento já apareciam em Platão, Aristóteles e outros
filósofos Gregos. A psicologia como um novo campo de estudo que começou aproximadamente há cerca de 200
anos, quando a psicologia moderna emergiu da filosófica e de outras abordagens científicas para reclamar a sua
própria identidade como um campo de estudo formal.
Como se pode distinguir a psicologia moderna da “psicologia” dos séculos anteriores?
A distinção não tem a ver com o tipo de questões sobre a natureza humana, mas com os métodos e técnicas para
responder a essas questões.
Até ao último quartil do século XIX, os filósofos estudavam a natureza humana através da especulação, intuição
e generalização com base na sua experiência. Quando se começou a aplicar métodos e técnicas das ciências
biológicas e físicas para explorar as questões sobre a natureza humana. Apenas quando os investigadores
começaram a usar a observação e experimentação controlada ao estudo da mente humana é que a psicologia
começou a adquirir uma identidade separada das suas raízes filosóficas.
Forças contextuais na Psicologia
Uma ciência, tal como a Psicologia, não se desenvolve num vazio ou está só sujeita a influências internas.
Para compreender a história da psicologia é necessário considerar o contexto em que está envolvida, as ideias
prevalentes da ciência e da cultura – o Zeitgeist ou o clima intelectual dos tempos – assim como as forças
sociais, económicas e políticas.
As forças contextuais influenciam todas as ciências, quer seja de forma positiva ou negativa. Para compreender
o surgimento e desenvolvimento de teorias e abordagens psicológicas, há que se conhecer o terreno no qual tudo
nasceu.

2
Por volta de 1900, havia três vezes mais psicólogos com doutorado do que laboratórios onde pudessem
trabalhar. Nas universidades, a verba orçamentária para a psicologia era menor.
Os psicólogos perceberam que se havia a necessidade constante
de melhorar departamentos acadêmicos, verbas e receitas, eles deveriam demonstrar
às universidade e autoridades governamentais que a psicologia podia ser útil na solução dos
problemas sociais, educacionais e industriais. Assim, no campo económico, a psicologia americana mudou
dos experimentos nos laboratórios acadêmicos para a aplicação da psicologia nas questões do ensino e da
aprendizagem .
Com a Guerra Mundial, a psicologia encontrou terreno fértil para sua evolução devido à necessidade de testes
psicológicos para a seleção e nivelamento de homens para desempenho de determinadas funções. Com o final
das guerras, os soldados quando retornaram com o que antes se desconhecia ser Stress Pós Traumático, mas a
curiosidade e convicções de vários psicólogos e investigadores contribuíram para desenvolver fundamentos
desta perturbação e elevando ao palco a agressividade humana como tema de análise para muitos trabalhos
teóricos de Sigmund Freud e Eric Fromm.
Preconceito e discriminação são fatores contextuais que restringem o acesso de mulheres e das minorias à
educação e às oportunidades de trabalho. A APA (American Psychological Association) foi a primeira
sociedade científica a admitir mulheres. Mas a discriminação não era só com as mulheres. Na década de
1960, judeus (homens e mulheres) enfrentaram quotas de admissão em faculdades e cursos de pós-
graduação com Harvard, Yale e Princeton. Os afro-americanos enfrentaram fortes
preconceitos da psicologia em geral. Em 1940, apenas 4 faculdades para
negros nos Estados Unidos ofereceram o curso de graduação em psicologia.
Quando o negro era admitido numa faculdade para brancos enfrentava enormes barreiras para conseguir
frequentar os cursos.
Conceções da História Científica
Duas perspetivas de análise do desenvolvimento histórico da psicologia científica
• Teoria Personalista (Grande Homem) – a visão de que a mudança e o progresso na história da ciência
derivam das ideias de indivíduos com características únicas. Mas será suficiente para explicar todo o
desenvolvimento da ciência ou da sociedade?
• Teoria Naturalista (Zeitgeist) - a visão de que a mudança e o progresso na história da ciência derivam
do Zeitgeist, que faz com que a cultura seja receptiva a algumas ideias mas não a outras.
Escolas/correntes de pensamento na evolução da Psicologia Moderna
Durante o último quartil do século XIX – o início da evolução da psicologia como disciplina distinta – a direção
da nova psicologia foi influenciada por Wilhelm Wundt. Fisiologista Alemão, Wundt definiu ideias sobre a
forma que esta ciência devia assumir. Determinou os seus objetivos, objetos, métodos de investigação e tópicos
a investigar.
Foi Wundt no seu papel de agente do Zeitgeist que juntou o pensamento científico e filosófico, sendo a
psicologia por algum tempo influenciada pela sua visão.
Posteriormente, surgiram outros psicólogos que avançaram com novas ideias científicas e sociais, muitas
opostas a Wundt. Por volta de 1900, várias posições e escolas de pensamento coexistiram, diferindo nas
definição sobre a natureza da psicologia.

3
O termo escola ou corrente de pensamento refere-se a um grupo de psicólogos que se associam
ideologicamente, e às vezes geográfica, a um líder do movimento. Partilham uma orientação teórica e
investigam problemas semelhantes. A emergência de várias escolas de pensamento e a sua subsequente
declinação ou substituição por outras é umas das características inerentes à história da psicologia.
O estádio no desenvolvimento da ciência, quando ainda se encontra dividida em escolas de pensamento, foi
denominado "pré- paradigmático" (um paradigma, ou seja, um modelo ou padrão, é uma forma de
pensamento aceite na disciplina científica que fornece perguntas e respostas fundamentais).
A psicologia ainda não atingiu o estádio paradigmático. Ao longo de toda a história da psicologia, os cientistas e
profissionais vêm buscando, adotando e rejeitando diversas definições relacionadas com a área. Não houve uma
única escola ou uma única visão capaz de unificar as diversas posições.
O psicólogo cognitivo George Miller disse que "nenhum método e nenhuma técnica padrão integra a psicologia.
E parece não haver qualquer princípio científico fundamental comparável às leis da inércia de Newton e à teoria
evolucionista de Darwin“
As escolas de pensamento começaram com a psicologia experimental e o estruturalismo, seguidos pelo 4
funcionalismo, behaviorismo e a psicologia Gestalt, todos os três que se opõem ao estruturalismo. Quase ao
mesmo tempo, a psicanálise desenvolveu-se independente dessas outras escolas (em vez de se opor a elas). A
psicologia humanista desenvolveu-se posteriormente como uma reação à psicanálise e ao behaviorismo.
A última escola formal discutida no texto é a psicologia cognitiva que se opõe ao behaviorismo. Novos focos
atuais na psicologia incluem a psicologia evolutiva, a neurociência cognitiva e a psicologia positiva

Estruturalismo –Titchener, que tratou a experiência consciente como dependente da experimentação das
pessoas.
Funcionalismo –interesse na forma como a mente é usada na adaptação de um organismo ao seu ambiente.
Behaviorismo ou comportamentalismo – A ciência do comportamento de Watson, que só lida com os atos
comportamentais observáveis que podem ser descritos em termos objetivos.
Psicanálise – A teoria de Sigmund Freud sobre a personalidade e a psicoterapia.
Psicologia Humanista – O sistema da psicologia que enfatiza o estudo da experiência consciente e a
totalidade da natureza humana. Incorpora princípios da psicologia da Gestalt, desenvolvendo-se como reação
à psicanálise e ao comportamentalismo.
Psicologia cognitiva – O sistema da psicologia que foca o processo de conhecer, como a mente ativamente
organiza a experiência.
• Desafio ao comportamentalista e regresso ao estudos dos processos conscientes.
• Desenvolvimentos subsequentes: psicologia evolutiva, neurociência cognitiva, psicologia positiva.

O que é possível aprender com o estudo da história da psicologia?


Compreender a história da psicologia e, portanto, a evolução do pensamento anterior à psicologia
contemporânea vai ajudar a entender a psicologia na atualidade. Além disso, os psicólogos contemporâneos

4
diferem amplamente nas áreas que estudam, mas todos os psicólogos compartilham da história. Um estudo da
história da psicologia trará coesão à disciplina diversificada como um todo.
Influências Filosóficas na Psicologia
O espírito do mecanicismo e como foi aplicado ao ser humano
O Mecanicismo é a ideia de que todos os processos naturais podem ser explicados no que se refere às leis
naturais da física e da química.
Isto proporcionou uma maneira de estudar os humanos por meio de métodos científicos, já que significa que
todas as coisas podem ser explicadas empregando-se leis naturais, incluindo o comportamento humano.
Determinismo – todos os atos são determinados ou causados por acontecimentos passados, pode predizer-se as
mudanças que irão ocorrer porque entendemos a ordem e regularidade em que as coisas funcionam.
Reducionismo – pode compreender a física do universo analisando e reduzindo-o aos seus componentes
básicos.
Universo mecânico
O relógio mecânico enquanto metáfora perfeita para o espírito do mecanicismo do século XVII. O Universo
como relógio – regularidade, previsibilidade e precisão. O autómato como modelo para o ser humano. A pessoa
como máquina – o funcionamento e o comportamento humano são governados por leis mecânicas e os métodos
quantitativos e experimentais podem ser aplicados à natureza humana (e.g. Frankenstein). Força motriz do
Zeitgeist na ciência e na filosofia e durante muito tempo alterou a imagem predominante da natureza humana.
Os primórdios da ciência moderna
Empirismo – a busca de conhecimento através da observação e da experimentação.
René Descartes (1596-1650) – o seu trabalho ajudou a investigação científica a libertar-se do controle rígido
das crenças teológicas e intelectuais dos séculos anteriores. Simboliza a transição da ciência para a era moderna
e aplicou a ideia dos mecanismos do relógio ao corpo humano.
As contribuições de Descartes
O problema mente-corpo – a questão da distinção entre qualidades físicas e mentais (a mente e o corpo são
distintos um do outro?).
Durante séculos predominou o dualismo: se a mente e o corpo são de natureza distinta, qual é a sua relação?
Como interagem? São independentes ou influenciam-se um ao outro?
Antes de Descartes, a teoria aceita era que a interação entre mente e corpo ocorria numa direção: a mente exerce
influência no corpo mas o corpo tinha pouco efeito na mente.
Descartes aceitava a ideia de que mente e corpo eram essências distintas mas na sua teoria da interação, a mente
influencia o corpo mas o corpo também exerce grande influência na mente. Há uma interação mútua.
Como resultado, cientistas e filósofos começaram a dar importância ao corpo material e físico, as funções antes
atribuídas à mente eram agora consideradas funções do corpo (pensamento, razão, reprodução, percepção e
movimento).
A natureza do corpo – explicou o funcionamento do corpo em termos de física, influenciado pelo mecanismo.

5
Undulatio reflexa.
Teoria do ato reflexo (comportamento reflexo que não envolve o pensamento mas que é mecânico ou
automático), um objeto externo (estímulo) pode levar a uma resposta involuntária.
Interação mente-corpo: porque a mente percebe, pensa e quer, esta influencia o corpo; de forma similar,
quando o corpo é estimulado a mente reconhece ou interpreta esses dados sensoriais e determina a resposta
apropriada. Esta interação ocorre algures dentro do cérebro (glândula pineal).
A doutrina das ideias – que influenciou o desenvolvimento da psicologia moderna. Sugere que a mente produz
2 tipos de ideias: derivadas e inatas.
• Ideias Derivadas – produto das experiências sensoriais.
• Ideias inatas – desenvolvidas a partir da mente ou da consciência (Deus, self, perfeição, infinito).
Principais contribuições
• A concepção mecanicista do corpo
• A teoria da ação reflexa
• A interação mente-corpo
• A localização das funções mentais no cérebro
• A doutrina das ideias inatas
As fundações filosóficas da nova psicologia
Positivismo – A doutrina que reconhece apenas os fenómenos ou factos que são objetivamente observáveis
(Comte).
Materialismo – A doutrina que considera que os factos do universo podem ser suficientemente explicados em
termos da física e química (matéria e energia).
Empirismo – preocupação como a mente adquire conhecimento. Todo o conhecimento é derivado da
experiência sensorial, a mente cresce através da acumulação progressiva de experiências sensoriais (contrasta
com as ideias inatas de Descartes).
Estas 3 doutrinas constituem as fundações da nova ciência da psicologia, em que o empirismo teve o principal
papel.
John Locke (1632-1704)
Preocupou-se com o funcionamento cognitivo, ou seja, como a mente adquire conhecimento.
Rejeita as ideias inatas de Descartes e defende a ideia da tábua rasa de Aristóteles.
A mente adquire conhecimento através da experiência.
Sensação e reflexão
Ideias Simples→ Advém da sensação (elementares)
Ideais Complexas→ Mediante o processo de reflexão a mente cria novas ideias, que advém da combinação das
ideias simples
6
Teoria da Associação→ A noção de ideias complexas marca o início da Teoria da Associação. Mente passa a
ser concebida como uma máquina
Qualidades primárias→ Existem no objeto independentemente de as percebemos ou não: tamanho, forma,
estrutura
Qualidades Secundárias → Não existem no objeto, mas no ato da perceção: cor, odor, som, gosto (subjetivas,
pois dependem da experiência do individuo)
George Berkeley (1685-1753)
Perceção é a única realidade → Mentalismo
Concorda com Locke na ideia de que todo o conhecimento do mundo externo vem da experiência. Mas
discorda com a distinção entre qualidades primárias e secundárias. Não existem qualidades primárias, só
existem as secundárias: todo o conhecimento é função ou depende da experiência da pessoa que perceciona.
Mais tarde isto deu origem ao mentalismo, no sentido de enfatizar os fenómenos mentais.
A associação de sensações:
• Aplicou o princípio da associação para explicar como conhecemos os objetos do mundo.
• Ideias complexas formadas a partir de ideias simples que são recebidas através das sensações.
David Hartley (1705-1753)
Associação por contiguidade e repetição
• Para explicar os processos de memória, raciocínio, emoção e ações voluntárias e involuntárias.
• As ideias ou sensações que ocorrem juntas, simultaneamente ou sucessivamente tornam-se associadas de
modo que a ocorrência de uma está ligada à ocorrência da outra.
• A repetição é necessária para que se forme a associação
A influência do mecanicismo
Vê o mundo mental em termos mecanicistas.
Tentou explicar os processos psicológicos através dos princípios mecânicos e processos fisiológicos (sistema
nervoso).
• Os nervos como estruturas sólidas e as vibrações dos nervos transmitiriam impulsos de uma parte do
corpo a outra.
• Estas vibrações iniciaram vibrações pequenas no cérebro, sendo os “parceiros” fisiológicos das ideias.
James Mill (1773-1836)
A mente como uma máquina
• Passiva - que se limita a receber estímulos externos.

7
John Stuart Mill (1806-1873)
A química mental
Rejeita a visão passiva de James Mill e defende que a mente tem um papel ativo na associação das ideias.
Síntese criativa
As ideias complexas formadas a partir das ideias simples assumem novas qualidades.
A combinação de elementos mentais criam algo maior do que a soma dos seus elementos de origem.
Contributos do Empirismo para a Psicologia
• O papel primário dos processos da sensação
• A análise da experiência consciente nos seus elementos
• A síntese dos elementos em experiências mentais complexas através do processo de associação
• O foco nos processos conscientes.
A Nova Psicologia: Wundt
Multitasking não é permitido
Wundt debruçou-se sobre a “equação pessoal” de Bessel, os erros de medição entre os astrónomos.
Se o observador olhar primeiro para a estrela, obtém uma determinada leitura; se olhar para a linha da luz,
obterá outra - é impossível o observador focar a sua atenção em ambos os objetos no mesmo momento.
O interesse de Wundt neste problema levou-o a modificar um relógio de pêndulo de modo a apresentar um
estímulo auditivo e um estímulo visual, i.e., um sino e um pêndulo a passarem um ponto fixo.
Ele chamou o instrumento a Gedanken Messer, que significa "medidor de pensamento" ou "medidor de
mente”, usando-o para medir o processo mental de percecionar os 2 estímulos.
Conclui-se que era impossível perceber os dois estímulos ao mesmo tempo: ou atendia ao som ou atendia à
visualização do pêndulo a passar pelo ponto fixo.
Os resultados das suas medidas mostraram que demorava cerca de 1/8 de segundo a registar ambos os estímulos
simultaneamente – para o observador comum os estímulos pareciam ocorrer simultaneamente, mas não para o
investigador.
A consciência mantém apenas um só pensamento, uma única percepção. Quando nos parece que temos
várias percepções ao mesmo tempo, estamos a ser “enganados” pela sua rápida sucessão.
Fechner já tinha feito esta descoberta mas foi Wundt que usou um experimento para tal – Wundt estava a medir
a mente.
O pai da Psicologia moderna → Wilhelm Wundt (1832-1920)
Contribuições e Obras
• “Contribuições para a Teoria da Percepção Sensorial”, 1858 a 1862.
• “ Conferências sobre as Mentes dos Homens e dos Animais”, 1863.
8
• “Princípios da Psicologia Fisiológica”, 1873 a 1874.
• Fundação do laboratório de Leipzig, 1875 (1879?).
• Funda a 1ª revista de Psicologia “Estudos Filosóficos”, 1881.
• “Psicologia cultural”/”Psicologia dos povos”(1900/1920), publicação em 10 volumes. É importante
porque fala da psicologia social, até aqui falava-se de psicologia experimental, mas Wundt introduz
outra área - psicologia social.
Psicologia Cultural (1900-1920)
Ao retomar a importância da psicologia social, nesta obra Wundt dividiu a nova ciência da psicologia em duas
partes
Só os processos mentais simples (sensação e percepção), podem ser estudados experimentalmente, por
investigação laboratorial.
Os processos mentais superiores (aprendizagem e memória) só podem ser estudados pelas abordagens não
experimentais, como a psicologia social, a antropologia e a sociologia.
O estudo da experiência consciente
O objeto de estudo da Psicologia é a consciência – a consciência inclui várias partes e pode ser estudada pelo
método da análise ou redução.
“o primeiro passo na investigação de um facto deve ser a descrição dos seus elementos individuais... Em que
consiste”
A partir deste ponto, há pouca semelhança com o ponto de vista da maioria dos empiristas e associacionistas.
Wundt não concordava com a ideia de que os elementos da consciência eram estáticos, que estariam
possivelmente ligados por algum processo mecânico de associação.
Wundt acreditava que a consciência era ativa em organizar o seu conteúdo. Assim, o estudo dos elementos,
conteúdo ou estrutura da consciência formas isoladas seria apenas o começo para compreender os processos
psicológicos.
Voluntarismo (Volition)
A ideia que a mente tem a capacidade de organizar os conteúdos mentais em processos de pensamento de nível
mais elevado.
Wundt enfatizava não os elementos em si, mas o processo ativo de organização e síntese desses elementos.
Objeto de Estudo da Psicologia: Experiência Imediata (em oposição à experiência mediata).
Experiência mediata (contém informação sobre algo mais do que os elementos da experiência) vs. Imediata
(livre de qualquer influência ou interpretação de nível superior).
Decompor a mente nos seus componentes mais elementares: sensações.

9
O método da introspecção
Se a psicologia é a ciência da experiência consciente (imediata), então o único método possível envolve a
observação da própria experiência, e como só o próprio pode observar a sua experiência, então o método
deve ser introspectivo (auto-observação).
A introspecção, ou perceção interna, praticada no laboratório de Wundt obedecia a regras e condições
estabelecidas por ele:
• Os observadores devem ser capazes de determinar quando o processo será introduzido.
• Os observadores devem estar em estado de prontidão e alerta.
• Deve haver condições adequadas para se repetir várias vezes a observação.
• Deve haver condições adequadas para se variar as situações experimentais quanto a manipulação
controlada do estímulo
Elementos da experiência consciente
Definidos o objeto de estudo e a metodologia para a nova ciência da psicologia, Wundt traçou suas metas:
• Analisar os processos conscientes, utilizando os seus elementos básicos;
• Descobrir como esses elementos eram sintetizados e organizados;
• Determinar as leis da conexão que regiam a organização dos elementos
Sensações
• Constituem o impulso cerebral resultante da estimulação de um órgão sensorial.
• Podem ser classificadas de acordo com a sua modalidade, intensidade e duração.
Sentimentos
• Complementos subjetivos das sensações, mas não provêm diretamente de qualquer órgão sensorial.
• Quando as sensações se combinam para formar um estado mais complexo, resulta uma qualidade de
sentimento.
Teoria Tridimensional dos Sentimentos
• Prazer/desprazer.
• Tensão/relaxamento.
• Excitação/depressão
A organização dos elementos da experiência consciente
Doutrina da apercepção
• Princípio da síntese criativa - vemos a coisa como um todo e não nos seus elementos mais simples (a
percepção).
Wundt reconheceu que quando olhamos o mundo real vemos uma unidade de percepções e postulou a sua
doutrina de percepção para explicar as nossas experiências conscientes unificadas.
10
Designou o processo de combinação dos vários elementos numa unidade como o princípio da síntese criativa ou
lei das resultantes psíquicas.
As numerosas experiências elementares são organizadas num todo por esse processo de síntese criativa, o qual
diz que a combinação de elementos cria novas propriedades, algo novo é criado em consequência da síntese das
partes elementares da experiência.
Wundt colocou a sua atenção ao oposto da síntese criativa: a análise da mente, a redução da experiência
consciente às suas partes componentes elementares.
Críticas à Psicologia de Wundt
Ao método da introspecção (percepção interna) – quando a introspecção de diferentes observadores dá
diferentes resultados, como é que decidimos o que está correto?
• Assenta na auto-observação, uma experiência individual.
• Assim, os desacordos não podem ser resolvidos pela repetição de observação.
• Wundt acreditava que tal se poderia melhorar através do treino.
Outros desenvolvimentos da Psicologia na Alemanha
Hermann Ebbinghaus (1850-1909)
Veio dizer que é possível utilizar o método experimental nos processos mentais superiores, ao nível da
memória
Séries sem sentido de sílabas - fez uma lista de 40 sílabas sem sentido e pediu aos seus alunos que as
recordam; são sem sentido porque não há nelas o fenômeno da aprendizagem - a aprendizagem de material sem
sentido e sem associações é aproximadamente nove vezes mais difícil que a de conteúdo conhecido.
Efeito do tamanho do material a ser aprendido sobre o número de repetições necessário para obter uma
reprodução perfeita - quanto mais longo o material a ser estudado, mais repetições eram necessárias e,
consequentemente, mais tempo para a aprendizagem.
O efeito da superaprendizagem (a repetição das listas por mais tempo do que o necessário para obter a
reprodução perfeita), as associações existentes nas listas, a revisão do material e o intervalo decorrido entre
a aprendizagem e a lembrança - curva de esquecimento de Ebbinghaus: 44% da informação perde-se nos 20
minutos seguintes à experiência) e aprendizagem.
Franz Brentano (1839-1917)
O objeto de estudo da psicologia é a atividade mental, o ato mental de ver opõe-se ao estudo do conteúdo
mental (aquilo que é visto) - Psicologia do Ato, contraria o ponto de vista Wundtiano de que os processos
psíquicos são conteúdos.
A distinção deve ser estabelecida entre experiência como estrutura e a experiência como atividade - o conteúdo
sensorial de vermelho é diferente da atividade de perceber o vermelho.
A metodologia é mais empírica do que experimental, o método primordial é a observação.
Uma abordagem empírica é mais ampla nas suas perspetivas, na medida em que obtém dados da observação e
experiência individual, assim como da experiência

11
Carl Stumpf (1848-1936)
O objeto da psicologia é o fenómeno – fenomenologia.
Fenomenologia – introspecção que se refere a análise das experiências sem viés, ou seja, a experiência tal ela
ocorre e não tentar reduzi-la aos seus componentes elementares (mais tarde inspirou a Gestalt).
Oswald Kulpe (1862-1915)
Defendeu que os processos de pensamento podem ser estudados experimentalmente, como ocorria com a
memória.
Introspecção experimental sistemática → Um método que usa os relatos introspectivos dos processos
cognitivos dos sujeitos depois de terem completado uma tarefa experimental.
Pensamento imagético→ o pensamento pode ocorrer sem qualquer componente sensorial ou sem envolver
imagens específicas. Aspetos não sensoriais da consciência.
Estruturalismo
E. Titchener (1867-1927)
Titchener alterou o sistema de Wundt, enquanto jurava ser um leal seguidor. Propôs uma nova abordagem que
designou estruturalismo e afirmou que esta apresentava a forma de Psicologia postulada por Wundt. Contudo,
os dois sistemas eram diferentes e o rótulo de estruturalismo só poderia ser aplicado à conceção de Titchener.
Assim, o estruturalismo foi estabelecido por Titchener como a primeira escola de pensamento no campo da
Psicologia.
O conteúdo da experiência consciente
Experiência Consciente (conteúdos conscientes da experiência).
Erro de Estímulo: confundir o processo mental com o objeto que está a ser observado.
Por exemplo, se mostrarmos uma maçã a alguém, e pedirmos para que essa pessoa descreva o que vê, muito
provavelmente dirá que se trata de uma maçã, não descrevendo suas características como cor, forma e brilho.
Sistema de Titchener
Diferença entre Mente e Consciência
• Consciência: soma das experiências de um indivíduo num dado momento de tempo.
• Mente: soma total das experiências de um indivíduo acumuladas ao longo da sua vida
Introspecção
Observação da experiência consciente (erro de estímulo) - introspecção experimental sistemática.
Utilizava relatos detalhados, subjetivos e qualitativos das atividades mentais dos indivíduos durante o ato de
introspecção.
Chama ao observador reagente - um reagente é uma substância que, por ter capacidade para certas reações, é
usada para detectar, examinar ou medir outras substâncias; Tem muito de um agente passivo, que é
simplesmente aplicado a algo em que provoca certas reações

12
O reagente serve para detectar, analisar, observar.
Os sujeitos eram usados como instrumentos registradores, notando objetivamente as características do objeto
observado.
O sujeito humano nada mais era do que uma máquina de observação objetiva e imparcial.
O método de estudo continua a ser a introspecção.
Os elementos da consciência
Titchener apresentou três propostas básicas para a Psicologia:
• reduzir os processos conscientes aos elementos mais simples;
• compreender como estes elementos se ligam;
• pôr estes elementos em ligação com a fisiologia.
Titchener diz existirem 3 estados elementares de consciência:
Sensações→ Os elementos básicos da percepção ocorrem nos sons, nas vistas, nos cheiros e outras experiências
ocasionadas por objetos físicos
Imagens → Os elementos de ideias e encontram-se no processo que descreve a experiências não realmente
presentes num dado momento, como a memória de uma experiência passada
Afetos→ Elementos da emoção e encontram-se em experiências como o amor, o ódio ou a tristeza
Atributos dos estados básicos da consciência (estão presentes em certo grau em toda e qualquer experiência) :
• Modalidade – qualidade ou característica (como frio ou vermelho) que claramente distingue um
elemento de outro elemento.
• Intensidade – a força, fraqueza, tamanho ou brilho de uma sensação.
• Duração – o curso da sensação ao longo do tempo.
• Nitidez/clareza – refere-se ao papel da atenção na experiência consciente; a experiência que é o foco da
nossa atenção é mais clara do que a experiência para a qual a nossa atenção não está dirigida.
Sensações e imagens têm estes quatro atributos e os sentimentos só possuem os três primeiros atributos.
Críticas ao estruturalismo
A principal crítica está à volta da introspecção:
Porque dificilmente os observadores tinham a mesma opinião, há pouca concordância e quando ocorre, esta
pode ser devida ao facto dos introspeccionistas serem meticulosamente treinados e existir uma predisposição
intrínseca (processo altamente artificial).
Impedia que houvesse qualquer hipótese de indução, nenhuma descoberta é possível daqueles que são treinados
especificamente sobre o que observar.
Só se podia aplicar a adultos, nem a crianças nem animais.

13
Dificilmente se pode confiar num depoimento da pessoa sobre si mesma.Grande parte do comportamento ocorre
sem correlatos conscientes.
Definição de introspeção:
Titchner teve dificuldades em defini-la e fê-lo relacionando-a a determinadas condições experimentais, sendo
um termo genérico e que abrange um grupo vasto de procedimentos metodológicos específicos.
Com tanta variação, é difícil encontrar semelhanças entre os diversos usos do termo.
Ebbinghaus: se a informação se perde tão rapidamente, ou o ser humano tem capacidades de reproduzir
rapidamente o que observou ou quanto mais tempo demorar mais informação se perde.
A introspecção era na realidade retrospecção, pois um certo período de tempo deve transcorrer entre a
experiência e a sua descrição. Como o esquecimento é muito rápido imediatamente depois de uma experiência,
parece provável que parte da experiência se perca.
O próprio ato de examinar minuciosamente a experiência de maneira introspectiva pode mudar radicalmente a
experiência.
O vasto e crescente acervo de dados que pareciam pertencer ao domínio da psicologia mas não eram acessíveis
ao introspector (psicologia animal, psicanálise).
Dimensão do artificialismo: processo altamente artificial e estéril devido à sua tentativa de analisar os
processos conscientes dos seus elementos, a experiência não chega ao homem em elementos sensoriais,
imaginais ou afetivos, mas em todos unificados.
Definição estreita de psicologia, a qual estava a crescer em áreas e os estruturalistas preferiam excluí-las para se
manterem congruentes com a definição e método que defendiam.
Contribuições do estruturalismo
O objeto de estudo (experiência consciente) foi definido de um modo claro e preciso.
Erro de estímulo.
Aplicar o método experimental a um objeto de estudo, os seus métodos de pesquisa situavam-se na melhor
tradição da ciência, envolvendo observação, experimentação e mensuração.
Importante: permitiu que a psicologia adquirisse uma identidade própria e um estatuto académico formal
que a separam claramente da filosofia e da fisiologia.
Ter servido de alvo para críticas, proporcionou um sistema muito forte de ortodoxia contra o qual os
movimentos funcionalistas, gestaltista e comportamentalista, recém-criados e em desenvolvimento, puderam
organizar as suas forças.
Com a ajuda da oposição estruturalista, a psicologia avançou muito para além das suas fronteiras iniciais.

14
Funcionalismo
Enquanto que o estruturalismo nasceu na Alemanha, sob o marco do rigor e do controlo, em que tudo já estava
definido, com regras. O funcionalismo nasceu nos E.U.A., sob o marco do liberalismo, pretende-se que se crie,
sociedade com conotação prática e não com as regras das coisas.
Ambas as correntes estudaram a consciência mas, enquanto o estruturalismo procurava estudar o funcionamento
da consciência ( como funciona), o funcionalismo vai estudar a funcionalidade das funções, qual a utilidade
da consciência, para que funciona.
A psicologia funcional interessa-se pela mente tal como funciona ou como é usada na adaptação do
organismo ao seu meio ambiente.
A questão é “o que é que a mente ou os processos mentais realizam?” O estudo da mente, não do ponto de vista
da sua composição, mas do ponto de vista da mente como um aglomerado de atividades ou funções que
acarretam consequências práticas.

Foi um movimento deliberado de protesto e oposição contra o estruturalismo, o qual não podia responder às
interrogações que os funcionalistas achavam importantes: O que é que a mente faz? Como é que o faz?
Todavia, não se opôs à introspeção, nem contestou o estudo experimental da consciência.
A sua oposição foi à definição de psicologia dos estruturalistas, que excluía qualquer consideração das
funções úteis e práticas da mente, as atividades em curso da consciência.
A consciência é para os funcionalistas um instrumento de adaptação e sobrevivência.
O funcionalismo (E.U.A.) tem uma perspetiva pragmática, funcional, lógica, prática, enquanto que o
estruturalismo (Alemanha) visa o rigor e o controle.
O objeto de estudo é a dimensão da função dos processos mentais, qual o partido que podemos tirar dos
processos mentais.
Por causa da ênfase no funcionamento do organismo no seu meio ambiente, o funcionalismo interessou-se
pela psicologia aplicada.
Precursores do funcionalismo
• Charles Darwin
• Francis Galton
• Psicologia animal
Charles Darwin
Em 1859, revelou a sua teoria - origem das espécies por seleção natural - ao sentir-se pressionado por
Wallace (porque este chegara às mesmas conclusões e Darwin decidiu antecipar-se).
A diferença entre os dois é que Wallace dizia que as características físicas podiam ser transmitidas aos
descendentes, isto é, as características seriam hereditárias.

15
Darwin, por seu lado, dizia que tendiam a sobreviver os seres com melhores características de adaptação, os
mais dominantes.
Aparece com Darwin a noção de sobrevivência e adaptação.
Noção de desenvolvimento - noção da continuidade do desenvolvimento, uma continuidade básica no
funcionamento mental entre animais e o homem.
As provas darwinianas eram de natureza anatómica, mas sugerem a existência de continuidades semelhantes
no desenvolvimento tanto do comportamento como dos processos mentais.
Se a mente humana evolui a partir de mentes mais primitivas, então podem existir semelhanças de mentalidade
entre animais e homem.
Muitos cientistas voltaram-se para a investigação do funcionamento mental em animais - a psicologia animal
foi o resultado.
Noção de demarcação entre estruturalismo e funcionalismo
Enquanto os estruturalistas estudavam o funcionamento da consciência, os funcionalistas estudavam a
funcionalidade das funções, procuram saber para que funciona a consciência. Darwin afirma que “a mera
análise do consciente não leva a nada”, fala na noção de adaptar.
Crescente enfoque nas diferenças individuais.
A variação é um ingrediente fundamental de qualquer teoria evolucionária, a evolução jamais poderia ocorrer
se cada geração fosse idêntica aos seus antepassados.
Enquanto que o estruturalismo se preocupa com leis gerais, o funcionalismo procura as diferenças individuais.
Francis Galton
“O génio hereditário” (1869)
Fala em herança mental - segundo Galton o génio é transmitido hereditariamente.
O seu intuito foi demonstrar que a grandeza ou génio individual segue linhas de família com uma frequência de
ocorrência demasiado elevada para que possa explicar-se na base de influências ambientais, daí a tese de que
homens eminentes têm filhos eminentes.
O interesse de Galton era encorajar a produtividade dos mais eminentes e desencorajar a taxa de natalidade dos
incapazes.
Para realizar este objetivo, ele fundou a ciência da eugenia e argumentou que a raça humana, tal como o gado,
poderia ser aperfeiçoada por seleção artificial.
A iminência ou falta dela era uma função da hereditariedade e não da oportunidade, argumentou ele.
Os Métodos Estatísticos
Galton foi o primeiro a aplicar a estatística à psicologia e o primeiro a falar, em 1888, em correlação.
O princípio da distribuição normal - Galton pressupôs que era válido tanto para as características físicas
como para as mentais (por exemplo, as notas dos exames) e propôs que uma gama inteira de mensurações
poderia ser definida e resumida com apenas dois números: a média e o desvio-padrão.

16
A correlação resultou da sua observação de que as características herdadas tendem a retroceder no sentido da
média da distribuição dessas características (por exemplo, os homens altos não são em média tão altos como os
pais e os filhos de homens baixos são em média mais altos que os pais).
Testes mentais (medidas psicométricas)
Galton não foi o primeiro a utilizar o nome “testes mentais”, mas foi o primeiro a utilizá-los sem lhes dar o
nome.
Para o funcionalismo é importante estudar e analisar as diferenças individuais, para sobreviver - os com menos
medidas teriam de adaptar-se para sobreviver.
Para Galton é importante ter a noção de quem é gênio ou não.
O gênio devia ser encorajado a produzir mais e o que não fosse deveria ter consciência disso e não ser
encorajado.
Foi o primeiro a desenvolver certos testes mentais específicos: pressupôs que a inteligência podia ser medida
em termos do nível de capacidade sensorial e que quanto mais elevada a inteligência mais alto o nível de
discriminação sensorial.
Construiu numerosos instrumentos de medição dos sentidos e estabeleceu o laboratório antropométrico.
Associação de ideias
Estudo da grande diversidade de associações de ideias e o estudo do tempo que uma pessoa leva para produzir
associações.
Introdução do estudo experimental da associação - a invenção de Galton do teste de associação verbal
assinalou a primeira tentativa de sujeitar a associação à experimentação laboratorial.
Imagens mentais e sua utilização nos questionários
A sua investigação das imagens mentais marca o primeiro uso extensivo do questionário psicológico - os
sujeitos eram solicitados a recordar uma cena e a tentar evocar imagens dessa cena, deviam indicar se as
imagens eram ténues ou nítidas, brilhantes ou escuras, coloridas ou não coloridas.
Psicologia Animal
No estruturalismo era impossível pensar em fazer qualquer coisa com animais.
No funcionalismo, na medida em que têm necessidade de sobrevivência e adaptação, os animais passam a
constituir objeto de estudo - Darwin, Lloyd Morgan (utilizou pela primeira vez o método experimental nos
animais).
Pioneiros do funcionalismo
• William James
• Stanley Hall
• James Cattell

17
William James
A época fez o Homem - “zeitgeist”, que permitiu que William James desenvolvesse a sua teoria.
Para James:
• a função da consciência é guiar o organismo para a sobrevivência;
• os processos mentais são vistos como atividades funcionais com vista à adaptação;
• dever-se-ia estudar a pessoa como um todo, em termos da sua sobrevivência e adaptação.
A James não há nada que o marque, somente aproveitou as condições da altura. Ele vai criar condições para que
uma das principais correntes da psicologia se desenvolva: o comportamentalismo.
3 razões para a sua influência:
• a sua personalidade e a forma de escrever com um brilho e clareza raros em Psicologia, de grande
magnetismo, espontaneidade e beleza;
• a sua oposição ao estruturalismo, à análise introspetiva da consciência nos seus elementos;
• ofereceu um modo alternativo de exame da mente, o estudo da pessoa viva enquanto se adapta ao seu
meio, em oposição à descoberta dos elementos da experiência.
A função da consciência é guiar o organismo para os fins da sobrevivência → a consciência é concebida
como um órgão, apropriado às necessidades de um organismo complexo num meio ambiente complexo, sem o
qual o processo de evolução não poderia ter ocorrido no homem.
Psicologia = ciência natural, como ciência biológica
James interessou-se pelos processos conscientes como atividades de um organismo que produzem diferença na
vida desse organismo.
Os processos mentais são vistos como atividades funcionais úteis das criaturas vivas, na medida em que
procuram manter-se e adaptar-se no mundo real.
A Psicologia vai preocupar-se em descrever, explicar, analisar e mudar os estados de consciência:
sensações, desejos, emoções, conhecimento, raciocínio.
Objeto de estudo da psicologia
A psicologia é a ciência da vida mental, tanto dos seus fenómenos como das suas condições.
Os fenômenos indicam que o objeto de estudo deve ser encontrado na experiência imediata.
As condições dizem respeito à importância do corpo (cérebro) na vida mental.
As sub estruturas físicas da consciência formam uma parte importante da Psicologia.
Importante considerar a consciência no seu contexto natural - o ser humano físico ( papel da biologia, da ação
do cérebro sobre a consciência).
O que é a consciência?
Para o estruturalismo importam os elementos simples reduzidos, a consciência é estanque, rígida.

18
No funcionalismo, a consciência é um fluxo constante – fluxo de consciência:
• contínua, a consciência não para, está em contínuo movimento, fazer parar a consciência é distorcer a
mesma, não é necessário pará-la para estudá-la.
• mudança, a consciência está constantemente a mudar, é impossível ter o mesmo pensamento duas vezes
(fenómeno de aprendizagem).
• seletiva, é capaz de filtrar e combinar os estímulos sensoriais.
• pessoal ou intencional, a consciência pertence à intimidade pessoal.
O que são as emoções?
Teoria das emoções de James-Lang, artigo célebre em 1884 “what is an emotion?” numa revista de filosofia
intitulada Mind.
Até aqui defende-se que perante o estímulo desencadearam-se determinadas emoções e só depois se davam as
reações corporais:
E → Emoções → RC (as emoções precedem as reações corporais)
A teoria de James-Lang inverteu a ordem, o estímulo desencadeia reações corporais e só depois temos as
emoções:
E → RC → Emoções (as reações corporais precedem as emoções)
Existiam dois tipos de emoções: emoções duras (amor, ódio, medo) e emoções mais subtis (do tipo moral,
intelectual, estética).
Supunha-se anteriormente que a experiência de emoção precede a sua expressão física ou corporal -
encontramos um urso, ficamos assustados e fugimos; a emoção (ficar assustado) precede a expressão corporal
(fugir).
James inverteu isso e afirmou que a reação física precede o surgimento da emoção - vemos o urso, fugimos e
depois sentimos medo.
Em essência, a emoção seria o sentimento das mudanças corporais. Se essas mudanças (e.g.,
recrudescimento das palpitações, tensão muscular, respiração ofegante) são eliminadas, a emoção também
desaparece.
O que é o método para os funcionalistas ?
Métodos comparativos: na perspetiva de James é um método pouco exato, mas tem uma particularidade - tapa
a lacuna da introspecção, pode ser utilizado em crianças e animais.
Método experimental: também foi utilizado por James, mas num grupo muito mais restrito - na memória e nas
emoções
Stanley Hall
Quadro de referência: princípios da teoria da evolução aplicados à psicologia do desenvolvimento e à
psicologia da educação. Ideia de que o crescimento normal da mente envolve uma série de estádios
evolucionários.

19
Questionários: substitui a introspeção - crianças e adolescentes sujeitos à experiência, à investigação, através
destes questionários.
Conhecido por Darwin da mente
Pega nos princípios de Darwin e utiliza-os na mente. Preocupação com o desenvolvimento humano e animal e
todos os problemas afins de adaptação e desenvolvimento. Acreditava que a criança no seu desenvolvimento
individual repete a história da raça – teoria da recapitulação.
Em 1904 publicou “A Adolescência”. → A velhice foi pela primeira vez objeto de estudo, na sequência da
teoria da evolução.
James Cattell
Sempre se caracterizou por duas coisas:
• Atrevido conceitualmente: primeiro discípulo de Wundt, pôs em causa tudo o que adquiriu de Wundt
(rigor, controlo) e passou a agir conforme a sociedade americana.
• Independência de Wundt e de toda a parte conceitual do estruturalismo.
O que havia de comum entre Wundt e Cattell era o tempo de reação (tempo que vai entre o estímulo e a
resposta), pois era aqui que se fazia a introspecção .
Cattell considerava-o útil para o estudo do tempo necessário a várias operações mentais, sobretudo na pesquisa
de diferenças individuais.
A discordância está no facto de que enquanto o estruturalismo procura leis gerais, o funcionalismo defende que
há diferenças individuais.
Particularidade de Cattell:
Não ligava muito à parte teórica, mas era um organizador nato. Cattell, sem quebrar os princípios do
funcionalismo, põe uma certa ordem no funcionalismo.
Foi Cattell em 1890 que criou o termo testes mentais.
Ele influenciou a psicologia com a sua obra sobre diferenças individuais e testes mentais. Os tipos de testes
usados por ele tentavam medir o alcance e a variabilidade da capacidade humana; lidavam com medidas
corporais ou sensório-motoras mais elementares ( taxa de movimento, áreas de sensação, tempo de reação, etc).
Todavia, Cattell foi apenas um intencionado, quem consolidou foi Binet que, em 1905, utilizou testes mentais
na experiência e os usou em medidas mais complexas de aptidões mentais superiores.
Outras contribuições importantes
• John Dewey
• James Angell
• Harvey Carr
• Robert Woodworth
Desempenham o papel de tornar o funcionalismo coerente em termos de corrente.

20
O funcionalismo ocupa-se do funcionamento e processos dos fenómenos conscientes, interessa-se pela
utilidade dos processos mentais para o organismo vivo, na sua contínua adaptação ao meio ambiente.
Os processos mentais são considerados atividades que acarretam consequências práticas, e não elementos - a
configuração prática do funcionalismo despertou o interesse pela aplicação da ciência aos assuntos do mundo
(psicologia aplicada).
John Dewey
“O conceito de arco reflexo em psicologia” – criticava o aspecto molecular, elementar e reducionista
psicológico do arco reflexo, devido à sua distinção entre estímulo e resposta.
Os proponentes do arco reflexo argumentam que qualquer unidade de comportamento extingue a resposta a
um estímulo (p. ex., quando a criança afasta a mão do fogo).
Dewey sugeria que o reflexo formava mais um círculo do que um arco, já que a percepção da criança sobre a
chama muda, servindo, assim, diferentes funções.
Argumentou que o comportamento envolvido numa resposta reflexa não pode ser significativamente reduzido
aos seus elementos sensório-motores básicos, assim como a consciência não pode ser significativamente
analisada nos seus elementos componentes.
O objeto de estudo mais adequado para a psicologia seria a análise do organismo inteiro e o seu
funcionamento no ambiente.
James Angell
Uma função mental, ao invés de um dado momento de consciência estudado pelos estruturalistas, não é uma
coisa momentânea e perecível, antes persiste da mesma maneira que as funções biológicas.
Para ele não existe diferença entre mente e corpo (organismo como um todo), é preciso perceber as relações
psicofísicas e ver de que forma esta relação psicofísica funciona com o meio ambiente onde está incluído.
O funcionalismo inclui todas as funções mente-corpo; não encontra qualquer distinção entre a mente e o corpo,
considerando-os pertencentes à mesma ordem, não como entidades diferentes e admitindo uma transferência
fácil da mente para o corpo e vice-versa.
Harvey Carr
Objeto de estudo
Atividade mental - processos como a memória, a percepção, a imaginação, os sentimentos, os julgamentos e as
vontades.
A atividade mental é sinônimo de ação, verbos que significam agir, adquirir, reter, fixar, organizar e avaliar. É
em função de agir, adquirir, reter, fixar, organizar e avaliar que nos vão permitir sobreviver através de um
processo mental.
O método experimental era o seu método preferido, mas admitiu que uma adequada investigação experimental
da mente é extremamente difícil.
Reconheceu a validade da observação objetiva e introspectiva

21
Robert Woodworth
Foi dos primeiros a dizer que entre o estímulo e a resposta há algo de novo - reforça os processos mentais,
porque estímulo e resposta não são processos mentais.
O conhecimento psicológico deve começar por uma investigação dos E e R, ou seja, com os eventos externos e
objetivos, mas não deve esquecer o elemento mais importante de todos: o próprio organismo vivo.
O estímulo não é a causa completa de uma resposta: o organismo, com os seus níveis variáveis de energia,
experiência passada e atual, etc, também atua na resposta.
A psicologia deve considerar o organismo como interpolado entre o E e a R, o seu objeto de estudo deve ser a
consciência e o comportamento.
Críticas ao funcionalismo
A nova psicologia estava dividida:
Alguns consideravam essa divisão valiosa - vitalidade, flexibilidade e capacidade para explorar novos
conceitos, metas e enfoques.
Para outros era perturbadora - indicava uma falta de maturidade relativamente às ciências naturais.
A definição da palavra função:
Chegou-se à conclusão que genericamente função tem duas definições:
• função = atividade;
• função = utilidade dessa atividade.
Esta crítica foi rebatida por Carr em 1930, que afirmou que não eram contraditórias mas que se completavam.
A própria definição de psicologia:
Os estruturalistas diziam que os funcionalistas tinham um objeto de estudo demasiado lato.
No estruturalismo o objeto de estudo era a consciência imediata, no funcionalismo era toda a psicologia.
Aplicabilidade:
Outra crítica levantada pelos estruturalistas tem a ver com a aplicabilidade. Os funcionalistas não deviam
preocupar-se com a aplicação dos seus conhecimentos (para os estruturalistas psicologia é teoria).
Eclecticismo
Os funcionalistas foram criticados pelo seu ecleticismo:
Os estruturalistas eram muito mais dogmáticos, aceitavam aquilo que confirmasse os seus conceitos e teorias.
Os funcionalistas eram mais abertos, tudo o que resolvesse qualquer problema era aceito, iam buscar
conhecimentos a outras ciências, a outros campos.
Contribuições do funcionalismo
A sua oposição ao estruturalismo foi de imenso valor.

22
As consequências da sua mudança de ênfase da estrutura para a função: a psicologia animal, estudo de
crianças, retardados mentais e loucos.
Permitiu completar o método da introspecção com outras técnicas de obtenção de dados, como a pesquisa
fisiológica, os testes mentais e as descrições objetivas do comportamento.
Com o funcionalismo a psicologia tornou-se muito mais ampla, mais prática e sempre com a preocupação do
fenômeno da sobrevivência.

Movimento da Psicanálise
Objetivo de estudo da Psicanálise: A psicanálise tem como objeto de estudo o comportamento anormal, a
psicanálise surge com a preocupação de trabalhar os distúrbios mentais, ou seja, a compreensão e o tratamento
dos indivíduos com distúrbios emocionais.
Método da Psicanálise: Observação clínica (e não experimentação laboratorial controlada).
Nascimento da Psicanálise: Nasce em 1895 com a publicação do livro “Estudos sobre a Histeria”.
Aspetos primordiais: Teoria da personalidade e a técnica psicoterapêutica.
A Psicanálise nasce da psiquiatria ou da psicologia? Existia a escola psiquiátrica e a escola psicológica, dentro
da escola psiquiátrica existia a parte somática e a parte psíquica. A psicanálise nasce dentro da escola
psiquiátrica, mas não vai à parte somática (sintomas), vai preocupar-se com a parte psíquica.
Características da Psicanálise: mecanicista, porque todo o sistema da personalidade é altamente mecânico e
motórico (sequências); e determinista, porque tem sempre muita preocupação em termos de causa.
Foco num tópico ignorado por outros sistemas de pensamento: o inconsciente.
Antecedentes históricos que influenciaram a Psicanálise:
Leibnitz (1646 – 1716) e a teoria da monadologia: mónadas com atividade semelhante às perceções (petites
perceptions) e sua atualização consciente comparável à aperceção.
Herbat (1776 – 1841) e o conceito de limiar da consciência.
Fechner (1801 – 1887): a mente equivale a uma iceberg.
A Psicanálise é uma escola altamente pessoal centrada primordialmente em Freud e secundariamente nos seus
discípulos. Não surge como movimento de protesto a nenhuma escola de pensamento da psicologia, nem está
ligada aos meios académicos (métodos distintos). Surge como uma oposição à prática tradicional de tratamento
dos doentes mentais e à orientação somática vigente no séc. XIX.
Psicopatologia: a psicanálise como movimento de protesto à orientação somática no tratamento dos distúrbios
emocionais
No séc. XIX existiam duas escolas principais de pensamento na psiquiatria:
• Somática: Os distúrbios orgânicos do cérebro, explicam o comportamento anormal.
• Psíquica: As causas do comportamento anormal são mentais ou psicológicas.
No Séc. XIX surge a hipnose como meio de tratamento dos distúrbios emocionais (Charcot e Pierre Janet) .

23
Sigmund Freud (1856/1939)
Três etapas na vida e da obra de Freud:
1.ª Etapa (1885/1887) - fase do relacionamento e de trabalho com Breuer no tema da Histeria. Elaboração de
conceitos chave da psicanálise, como traumas sexuais, conceito de transferência, associação livre, interpretação
dos sonhos, complexo de édipo.
2.ª Etapa (1887/1923) - fase da definição da primeira tópica da organização do aparelho psíquico (consciente,
pré-consciente, inconsciente).
3.ª Etapa (1923/1939) - fase do desenvolvimento final e consolidação da psicanálise. Definição da Segunda
tópica da organização do aparelho psíquico (Id, Ego e Super Ego).
Métodos da Psicanálise
• Catarse - método de purgação que tem como objetivo a descarga de elementos psíquicos patológicos,
pede-se à pessoa para evocar e reviver acontecimentos traumático.
• Método de psicoterapia que consiste em permitir ao sujeito evocar, relatar e reviver determinado
acontecimento traumático
Objetivo: o efeito terapêutico procurado é uma purgação (catharsis), ou seja, uma descarga adequada dos
afectos patogénicos ou dos elementos psíquicos patológicos.
• Associação livre - é dizer uma palavra e aplicar-lhe significados, é quebrar todos os nossos mecanismos
de defesa, estamos a ser espontâneos. Quando durante o processo de associação livre aparecem
resistências é sinal de estarmos no bom caminho. →método que consiste em exprimir
indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito.
• Análise dos sonhos - os sonhos têm dois tipos de conteúdo, o manifesto e o latente.
o O conteúdo manifesto é a forma como os sonhos se nos apresentam
o O conteúdo latente é o significado simbólico.
o Os sonhos representam para Freud uma satisfação de desejos reprimidos, as defesas estão mais
enfraquecidas. Nós podemos analisar isto através do conteúdo manifesto, a pessoa conta o que
sonhou, mas o importante é perceber o conteúdo latente do sonho, o seu significado.
• Transferência - momento em que o paciente passa para o psicanalista sentimentos que tem por outra
pessoa. Esta transferência é um passo importante mas é perigosa.
o A contratransferência é a reação do psicanalista ao paciente e aos seus sentimentos.
o A transferência tanto pode ser explícita (aqui a contratransferência aparece) ou implícita (a
pessoa não se apercebe, vai-se manifestando) e o problema aparece quando é implícita.
o A psicanálise demora muito tempo, é um processo demasiado longo, cria uma certa dependência.
Ato falho/falhado
• No comportamento quotidiano, as ideias inconscientes em busca de expressão afetam os nossos
pensamentos e as nossas ações.
• O que parece ser apenas um ato falho ou um ato de esquecimento normalmente é o reflexo de motivos
não reconhecidos, porém, reais.
Atos falhos: atos de esquecimento ou lapsos de fala que refletem motivos inconscientes ou ansiedade

24
Energia Motivacional:
• Ao falar de energia motivacional estamos a falar de pulsões. Pulsões são forças biológicas que lidera a
energia mental, as pulsões são propulsoras da personalidade
• Há dois tipos de pulsões:
o pulsões de vida, tem como objetivo a autoconservação e a sobrevivência - fome, sede, sexo;
o pulsões de morte, contrapõem-se às pulsões de vida e podem ser de dois tipos - ou de fora para
dentro (leva ao suicídio, ao masoquismo) ou de dentro para fora (agressão e ódio contra os
outros).
• É daqui que surge “Para além do princípio do prazer”.
Organização do aparelho psíquico
Primeira Tópica: a personalidade divide-se em consciente, pré-consciente e inconsciente.
• Consciente - está na periferia do aparelho psíquico, a informação é de fácil acesso.
• Inconsciente - constituído por forças ocultas subjacentes ao nosso comportamento; estas forças ocultas
são conteúdos recalcados que não tiveram acesso ao nosso pré-consciente.
• Pré-consciente (ou subconsciente) - também são conteúdos mas não são totalmente recalcados, são mais
fáceis de trazer ao consciente.
Segunda tópica: Apesar de haver uma ligeira semelhança com a primeira tópica, não correspondem exatamente.
Esta é mais desenvolvida e elaborada: Id, Ego, Super-ego.
• Id - “caldeirão repleto de excitações fervilhantes”, é o polo pulsional da personalidade; todos os
conteúdos que estão no Id podem ser de 4 tipos: inatos, herdados, adquiridos e recalcados. O Id não tem
juízos de valor, não há moralidade e é por isso que para Freud toda a nossa energia psíquica está aqui.
• Ego - está numa situação de dependência em relação às exigências do Id. O Id são as paixões, a vontade,
enquanto que o Ego é a razão, a nossa parte racional. O ego atua sobre o princípio da realidade,
preocupa-se em arranjar a situação adequada para manifestar o Id, o Ego ajuda o Id.
• Super-ego - Herdeiro do complexo de Édipo, é o castrador, o que diz que não; o Super-ego é que tem a
moralidade, é quem faz o papel da juiz, é o controlador, a censura. Quando nascemos não temos Super-
ego, a censura é feita pelos nossos pais. À medida que estas regras são interiorizadas, o Super-ego
“externo” passa a ser Super-ego “interno”, as regras passam a estar de fora para dentro. O Super-ego
está em conflito permanente com o Id, enquanto que o Ego o ajuda, isto é, a função do Ego é encontrar o
“vulcão” adequado.
Mecanismos de defesa:
A ansiedade funciona como um alerta das ameaças contra o ego. A ansiedade provoca a tensão, motivando o
indivíduo a tomar alguma atitude para reduzi-la.
De acordo com a teoria de Freud, o ego desenvolve um sistema de proteção - os chamados mecanismos de
defesa - que consistem nas negações inconscientes ou distorções da realidade.
Definição: comportamentos que representam negações inconscientes ou distorções da realidade, mas que são
adotados para proteger o ego contra a ansiedade.

25
Estádios de desenvolvimento psicossexual: Zonas erógenas são regiões de revestimento cutâneo mucoso
suscetível de excitação sexual. As 4 zonas erógenas são a zona oral, a zona anal, a zona uretrogenital e a zona
mamilar.
• Fase oral - na fase oral todas as nossas exigências libidinais são satisfeitas através dos atos de mamar,
chupar, morder, engolir; estes atos têm para a criança um significado sexual.
• Fase anal - a gratificação passa da boca para o ânus.
• Fase fálica - que corresponde ao declínio do complexo de Édipo, a gratificação sexual passa do ânus
para a região genital; é nesta fase que a criança se sente atraída pelo sexo oposto.
Estas 3 primeiras fases podem sobrepor-se e podem coexistir.
• Fase de latência - nesta fase as excitações fervilhantes estão latentes, o Ego avalia a melhor
oportunidade para as pulsões do Id se manifestarem, fase do predomínio do princípio da realidade.
• Fase da Genitalidade - o comportamento heterossexual torna-se evidente
Outras contribuições: neofreudianos
Neofreudianos: grupo de analistas que aceitam os pressupostos fundamentais do sistema freudiano, mas que
modificaram e ampliaram certos aspectos deste.
Principais modificações e revisões:
• Reformulação e ampliação do conceito de Ego: possui a sua própria energia e funções; capacidade
para realizar as funções normais da consciência (perceção, aprendizagem e memória).
26
• As forças biológicas não têm uma influência exclusiva na personalidade: importância das forças
sociais e psicológicas.
• Minimização da importância da sexualidade infantil e do complexo de Édipo.
Anna Freud
Principais Obras:
• 1924, “Fantasias e Devaneios de Espancamento”
• 1927, “Introdução à Técnica da Análise Infantil”
• 1936, “O Ego e os Mecanismos de Defesa”
Principais contribuições na revisão da psicanálise ortodoxa:
• A Psicologia do Ego: ampliação do papel e funcionamento do Ego independentemente do Id.
• Teoria das relações objectais não exclusivamente sexual: importância dos aspetos sociais e
cognitivos.
Carl Jung
Conceitos importantes, distintos de Freud:
• Libido - para Freud era a força sexual, energia sexual; para Jung toda a libido que nós temos é virada
para a nutrição e crescimento, só na puberdade é que passa a ser heterossexualidade.
Freud interpreta o acto de mamar como satisfação das necessidades sexuais, Jung diz que a criança mama para
satisfação da nutrição.
A conceção da libido como energia não exclusivamente sexual.
• Libido é concetualizada como a energia vital generalizada, da qual o sexo constitui apenas um dos
impulsos que a compõem (forma de expressão em outros aspectos).
• Rejeição do complexo de Édipo: dependência nutricional; a energia libidinal só assume forma
heterossexual após a puberdade.
A personalidade - a “psiquê” para Jung divide-se em 3: consciência, inconsciente pessoal e inconsciente
coletivo.
Consciência:
• a conceção que temos da nós próprios, conjunto das nossas recordações e perceções; é visível e de fácil
acesso.
• está no centro da mente consciente (Ego); inclui as nossas recordações e perceções e constitui o modo
como contactamos com a realidade para nos adaptarmos ao ambiente.
Inconsciente pessoal
• São os nossos impulsos, desejos, as nossas experiências reprimidas ou esquecidas; todo este conjunto é
possível de trazer para o consciente.
• Inclui todas as recordações, impulsos, desejos, e experiências de vida reprimidas ou recalcadas; estes
conteúdos estão a um nível mais superficial, pelo que podem ser atualizados a um nível mais consciente
mais facilmente; conteúdos organizados em termos de complexos (padrões de emoções, recordações ou
receios com temáticas comuns)
27
Inconsciente coletivo
• nível mais profundo da personalidade, não é conscientemente conhecido por nós, as experiências que
estão lá são as experiências acumuladas e herdadas não só dos nossos antepassados mas de toda a
espécie humana.
• nível da psique mais profundo e desconhecido pelo indivíduo; inclui todas as experiências evolutivas
universais de todas as gerações precedentes (humanas e de outros animais) sendo a base e força mais
poderosa da personalidade (dirige todo o comportamento corrente); universalidade do inconsciente
coletivo.
Os 4 arquétipos de Jung:
Arquétipos: tendências herdadas (preexistentes ou inatas) contidas no inconsciente coletivo, que nos levam a
atuar conforme os nossos antepassados perante determinadas situações análogas.
• Persona - algo que esconde o nosso verdadeiro eu, é uma máscara que esconde a nossa personalidade
real; é a responsável pela resposta social. Aspeto mais aparente da personalidade que oculta o verdadeiro
eu; representa o modo como desejamos ser perante a sociedade (pode não corresponder à verdadeira
personalidade).
• Anima ou Animus - representam o modo como cada pessoa exibe algumas características do sexo
oposto (são estas características que nos levam à atração do sexo oposto).
• Sombra - arquétipo onde se encontram todas as nossas tendências animalescas, imorais e censuradas.
Representa o nosso eu mais sombrio e animalesco da personalidade; inclui todas as tendências e desejos
imorais censurados socialmente.
• Self - representa o EU no seu todo, equilibrando todos os aspetos do inconsciente de modo a
proporcionar estabilidade e utilidade à personalidade; procura promover a integração da personalidade
no sentido da auto realização
Alfred Adler
Primeira forma sociopsicológica da psicanálise
“…quem tem familiaridade com o trabalho da minha vida verá com clareza a concordância entre os factos da
minha infância e os pontos de vista que exprimi”.
Diferenças entre Freud e Adler:
• Freud estava essencialmente virado para o passado, Adler estava essencialmente virado para o futuro.
• Freud divide a personalidade em três, para Adler a personalidade é uma só, indivisível.
• Para Freud o comportamento humano é
determinado por forças biológicas (pulsões),
para Adler o comportamento humano é
determinado por forças sociais.
• Diferenças profundas, ao ponto da
psicanálise de Freud ser virada para o
trauma, não há transferência de saberes, é o
psicanalista que resolve os problemas,
criando uma grande dependência. Freud
explica tudo com base na sexualidade.
• Adler contesta tudo isto: o comportamento humano é em função daquilo que o futuro nos espera.
28
Críticas
• Recolha de dados desprovida da qualquer sistematização, associada a uma ausência da tratamento
estatístico.
• Secretismo de Freud, que sempre guardou para si o processo pelo qual chegava às suas conclusões.
• A linguagem - muito metafórica -, dá prazer ler mas é muito horoscopiana, é desprovida de qualquer
base científica e objetiva.
• Ausência de metodologia experimental, o que é importante porque se foi o método experimental que
autonomizou a psicologia, como é que se aceita a psicanálise?
• O facto de se atribuir um papel decisivo da sexualidade infantil na explicação dos comportamentos
anormais.
Contribuições
• O peso que a psicanálise deu à consciência e à personalidade.
• Abriu caminho para o desenvolvimento das técnicas psicoterapêuticas.
• Psicanálise como identidade, tem uma identidade e autonomia própria, nunca aceitou nenhuma invasão
de outras correntes.
• A psicanálise introduziu uma nova forma de ver o ser humano que é muito valorizado; a psicanálise veio
humanizar a forma como se viam os que tinham comportamentos anormais.
Comportamentalismo
Associacionismo
Se o funcionalismo abalou de uma forma subtil e conseguiu dinamitar as bases do estruturalismo. O
associacionismo conseguiu dinamitar o funcionalismo também de uma forma subtil.
O associacionismo é uma corrente de transição - porque será o comportamentalismo que irá aparecer de uma
forma violenta - Watson, 1913.
Psicologia = ciência do comportamento
A psicologia passa a estudar só aquilo que se vê (a introspeção é arrasada).
O Associacionismo (abordagem experimental dos processos associativos dos animais), explica a transição
entre o Funcionalismo e o Comportamentalismo.
Principais Influências
Objetivismo e mecanicismo
• Influência de cariz filosófica, marcou um corte com toda a actividade mental.
Psicologia animal
• Loeb através do conceito de tropismo, em que definiu que a resposta de um animal é consequência
imediata de um estímulo.
• Podemos mudar os comportamentos sem que haja consciência, acaba-se com a introspecção e com a
consciência, retirou o conceito de consciência.

29
Funcionalismo
• O funcionalismo permitiu que houvesse uma preocupação com a sobrevivência (há comportamentos que
permitem com maior probabilidade que possamos sobreviver).
Edward Thorndike
Foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da psicologia animal.
Deixa-se a introspeção e passa-se a analisar os processos associativos ordinários (comportamentos dos animais).
Se conseguíssemos compreender estes processos não precisaríamos de estudar os processos mentais.
Thorndike e os associacionistas começaram a definir o que era psicologia: tudo o que era observável, tudo o
que não fosse processos mentais.
Característica comum entre o estruturalismo e o associacionismo:
• O estruturalismo tinha como objetivo chegar aos elementos mais reduzidos da consciência (sentimentos,
sensações, perceções, imagens).
• O associacionismo estuda a dualidade estímulo-resposta , que é a ínfima parte do que é possível analisar.
Influências: mecanicismo e objetivismo.
Primeiro psicólogo americano que recebeu toda a sua formação nos E.U.A.
As suas primeiras experiências foram com pintos, cães e gatos, o que o levou em 1899 a fazer a sua tese de
doutoramento “a inteligência animal”, com o subtítulo “estudos associativos sobre os processos associativos em
animais”.
Desenvolvimento de uma teoria objetiva da aprendizagem
• A aprendizagem pode explicar-se por meio de processos associativos ordinários, sem recorrer aos
pensamentos.
• Conexionismo: aprendizagem com base nas conexões entre as situações e as respostas.
As conclusões de Thorndike derivam do uso da “caixa quebra-cabeça” ou “caixa-problema”:
Um animal colocado na caixa tinha que aprender a acionar um trinco para escapar. Assim, colocou um gato
privado de alimento na caixa e o alimento estava fora como recompensa da fuga. Inicialmente o gato
apresentava um comportamento randómico e caótico, até que acertava no comportamento adequado
acidentalmente e a porta se abria. Nas tentativas seguintes as condutas caóticas diminuíam, até que, quando a
aprendizagem estava concluída, o gato exibia logo o comportamento correto.
Consequências dos seus estudos:
• Aprendizagem por ensaio e erro: aprendizagem com base na repetição das tendências de resposta que
levam ao êxito.
• Definiu a lei do efeito: todo e qualquer ato que numa dada situação produz satisfação associa-se a essa
situação de tal forma que quando essa situação se repete a probabilidade de repetição do ato é maior do
que antes. O mesmo acontece inversamente.
• Definiu a lei do exercício ou lei do uso e desuso: qualquer resposta dada numa determinada situação
passa a estar associada a essa situação, quanto mais a resposta for usada na situação mais fortemente lhe
ficará associada.
30
Principais técnicas utilizadas
• Análise dos comportamentos errados.
• Análise do tempo de reação
Ivan Pavlov
Dois méritos de Pavlov:
• Mudança que ele introduziu no associacionismo - tirou o associacionismo de um conjunto mais
subjetivo e aplicou todas estas dimensões do associacionismo a um campo de estudo mais objetivo:
o Esse campo de estudo foi “as secreções glandulares e movimentos musculares”.
• O mérito não ficou para ele mas ficou de herança para Watson: permitiu que se estabelecessem
condições sociais e culturais para o aparecimento do comportamentalismo
Principais pesquisas:
• Estudo da função dos nervos do coração.
• Glândulas digestivas primárias.
• Estudo dos centros nervosos superiores do cérebro (conceito de reflexo condicionado).
Sempre que Pavlov e os seus assistentes entravam no laboratório os cães começavam a salivar. Mas porquê?
Quando colocavam um cão novo no laboratório isso não acontecia, então, existe aqui qualquer coisa. Fizeram a
experiência....

Estímulo incondicionado: estímulo que produz uma resposta natural e espontânea.


Resposta incondicionada: resposta natural e espontânea.
Estímulo neutro: não dá origem a qualquer resposta.
Estímulo condicionado: foi em tempos neutro, mas depois de várias e intensas vezes associado passou a
originar uma resposta através do fenómeno da aprendizagem.
Aprendizagem: algo que faz com que as pessoas se tornem mais adaptadas ao meio ambiente.

31
Reflexo Inato ou Não Condicionado: resposta reflexa natural e espontânea do organismo a um estímulo
incondicionado; são respostas automáticas que não necessitam de aprendizagem.
Reflexo Condicionado: não é uma resposta reflexa pois tem de ser aprendida, ou seja, é produzida na sequência
da apresentação de um estímulo condicionado.

Watson
Ele permitiu que aparecesse um novo capítulo na psicologia
Influências negativas - versão relativamente ao passado
• Cansado dos paradigmas psicanalíticos;
• Frustrado com todos os estudos inconsequentes e improdutivos acerca da consciência;
• Insatisfação total relativamente à introspeção.
Influências positivas
• Versão relativamente ao presente: associacionismo (mecanicismo, objectivismo, atomismo).
• Versão relativamente ao futuro: define a psicologia como um ramo puramente objetivo e experimental
das ciências naturais.
• Psicologia = Psicologia do comportamento.
• Rejeita o método da introspeção, rejeita o estudo dos processos mentais
A psicologia é um ramo objetivo e experimental da ciência natural.
Psicologia é a ciência do Comportamento e tem como finalidade prever e controlar o comportamento.

32
Recurso exclusivo aos conceitos comportamentais de estímulo e resposta: a psicologia só se pode focar nos
atos de comportamento objetivamente observáveis e descritos em termos de estímulo e resposta.
Inovador à época- rejeição e eliminação na psicologia:
• Mente e consciência.
• Conceitos mentalistas.
• Especulação acerca dos processos mentais.
• Uso da introspecção.
Métodos utilizados
• Observação com ou sem instrumentos.
• Testes (para medir comportamentos).
• Método do relato verbal
o Estamos a relembrar e se estamos a relembrar estamos a fazer uma espécie de introspeção: Ora,
os comportamentalistas rejeitam a introspeção (contradição!)
o Isto prova que o comportamentalismo como unidade ortodoxa não funciona, não existe
comportamentalismo puro.
• Eliminação da introspeção como método
o No estruturalismo o sujeito (ou reagente) era simultaneamente observador e observado, fazia
tudo.
o No comportamentalismo existe o sujeito, que é observado, e um observador que faz um relato
verbal do comportamento do sujeito.
Objeto de estudo
Para os comportamentalistas o objeto de estudo são os comportamentos, que genericamente são de dois tipos:
• movimentos musculares
• secreções glandulares.
Em termos de reducionismo para os comportamentalistas é na base de:

Segundo eles, se soubermos sempre o que é o estímulo e a resposta vamos conseguir sempre prever e controlar
os comportamentos. Quer os movimentos musculares, quer as secreções glandulares podem ser sempre vistos
sob estes quadrantes:
• Explícitos - diretamente observáveis.
• Implícitos - não são diretamente observáveis ou são em potência diretamente observáveis (podem criar-
se mecanismos para tornar observável o que não o é).
• Aprendidos - passaram pelo processo de
aprendizagem.
• Não aprendidos - inatos, não sujeitos ao processo
de aprendizagem.

33
Conceitos:
Instinto - Watson negava os instintos porque tudo era aprendido, tudo era consequência do ambiente e da
aprendizagem (ambientalista extremo).
Aprendizagem - variável importante para os comportamentalistas, porque tudo é aprendizagem (os
estruturalistas não falavam de aprendizagem).
Emoção - (a emoção não pode ser observada). Os comportamentalistas definem as emoções como sendo
respostas corporais implícitas, isto é, quando nós choramos, independentemente de ser por tristeza ou alegria,
são comportamentos explícitos, mas com componentes mais implícitos.
Perceção- Diferença entre sensação e perceção:
• Sensação tem a ver com o estímulo, os 5 sentidos são as 5 sensações possíveis;
• Perceção é a forma como organizamos as sensações, logo, é um fenómeno interno.

Os comportamentalistas defendiam que a perceção é um fenómeno interno e, portanto, como é que se pode
analisar a perceção à luz de uma grelha que só aceita comportamentos observáveis?
O que os comportamentalistas fizeram foi fugir à questão e disseram que a perceção é sempre acompanhada de
respostas implícitas, secreções glandulares, de respostas internas. O que significa que os comportamentalistas
arranjaram sempre uma forma de analisar estas situações mais subjetivas à luz da sua grelha, nomeadamente as
emoções e a perceção.
O comportamentalismo é uma corrente “aceitável”, o problema são os comportamentalistas ortodoxos que não
aceitam variáveis mais internas (emoções, perceção, pensamento).
Dupla exceção à regra: os comportamentalistas aceitavam 3 emoções inatas - medo, cólera, amor.
• Medo (produzido por sons fortes e pela perda súbita de apoio).
• Cólera (suscitada pelo bloqueio do movimento corporal).
• Amor (originado por carícias na pele e embalos).
Pensamento - Como é que se analisa o pensamento? - A definição dos comportamentalistas é que o
pensamento é um comportamento motor implícito, que sempre que nós estamos a pensar nós temos o
movimento implícito da fala.
O caso do pequeno Alberto: o pequeno Alberto não tinha medo de ratos, que numa criança não é uma coisa
normal ou vulgar, mas assustava-se com o som de uma barra de aço.

34
Isto é condicionamento clássico: aprendizagem sujeita apenas a estímulos.
Críticas
• Rejeita variáveis internas, que vai entrar consequentemente em contradição.
• Importantes componentes da psicologia, como os processos sensoriais e perceptuais, são deixados de
fora.
• Um dos principais críticos de Watson foi William McDougall, porque este tinha desenvolvido uma
teoria dos instintos, logo, não estava na onda dos comportamentalistas.
• W. McDougall dizia que quem critica deve apresentar sugestões e, então, sugeriu : o objeto de estudo
não devia ser só o comportamento mas sim o comportamento e a consciência, porque se só
analisássemos o comportamento não poderíamos estudar e compreender o significado das respostas.


• Não aceitam nada que seja inato, tudo é aprendido. O comportamentalismo é muito determinista.
• Relato verbal: porque se aceitavam o relato verbal aceitavam a introspecção e se aceitavam a
introspecção implicava que aceitassem a consciência.
Contribuições
• Foi e é uma das correntes mais fortes na psicologia.
• A forma como o comportamentalismo aumentou a objetividade do próprio objeto de estudo.
• Ter tornado muito claro o que é psicologia: Psicologia = Psicologia do comportamento.
• Permitiu transpor o fenómeno da aprendizagem dos animais para a espécie humana.
• Permitiu transportar a metodologia experimental à espécie humana.
• Permitiu controlar e prever o comportamento.
• Clara corrente contra a psicanálise.
A segunda fase do comportamentalismo
Neocomportamentismo – Skinner

35
Skinner
O sistema de Skinner foi sempre um sistema empírico, nunca se preocupou muito com o sistema concetual.
Baseou-se muito mais em termos do método indutivo e preocupou-se mais em descrever o comportamento do
que em explicar o comportamento - apenas analisava e descrevia, se ele quisesse explicar obrigava-o a ir para
variáveis internas.
Em termos metodológicos preocupou-se mais em estudar profundamente indivíduos e a partir de aqui fazer
generalizações, do que pegar em amostras significativas.
Sistema de Skinner
• Defende um sistema empírico sem qualquer referência a quadros teóricos para levar a cabo pesquisas
(método indutivo).
• Lei da Aquisição: é através das consequências, que se reforçam as ligações entre estímulo e resposta.
Skinner atacou principalmente 4 grupos de psicólogos:
• Cognitivistas - porque queriam estudar variáveis internas.
• Psicanalistas - porque estudavam a consciência, subconsciente e inconsciente.
• Psicoterapeutas - porque para além de descrever comportamentos explicavam-nos.
• Humanistas - porque o seu objeto de estudo era a “ausência de objeto de estudo”, porque não tinham
um objeto de estudo muito claro e definido como o comportamentalismo.
Porque é que para Skinner não era preciso estudar a mente? Porque a mente não é nada mais do que aquilo que
o corpo faz, logo, ao analisarmos o comportamento analisamos a mente. Sofreu influências de Watson e Pavlov.
Qual a grande diferença entre as teorias de Watson e Skinner?
Condicionamento Clássico vs.
Condicionamento Operante
Condicionamento Clássico - os
comportamentos dos humanos e dos animais
são aprendidos por uma cadeia complexa de
emparelhamento entre estímulo condicionado e estímulo incondicionado.
Condicionamento Operante (Skinner)- os comportamentos dos humanos e dos animais são regulados pelas
suas consequências e são essas consequências que selecionam os comportamentos a ser desenvolvidos.
• Os comportamentalistas operantes são menos ortodoxos porque aceitam que a resposta não é só
condicionada pelo estímulo. Para estes as consequências tinham mais peso que os estímulos.
Duas leis fundamentais caracterizam o condicionamento operante
Quando a ocorrência de um comportamento é seguida da apresentação de uma consequência reforçadora, a
força desse comportamento aumenta.
Quando a ocorrência de um comportamento anteriormente fortalecido por um processo de condicionamento,
deixa de ser seguida por uma consequência reforçadora, a força desse comportamento diminui.
Reforço - é a consequência de um comportamento que quando acontece esse reforço faz aumentar a sua
duração, intensidade e frequência.
36
Tanto pode ser positivo como negativo.
Reforço positivo - tem como objetivo a procura de prazer, é um acontecimento pós-resposta e faz aumentar a
sua duração, intensidade e frequência (consequência positiva)
Reforço negativo - tem como objetivo a fuga à dor, é um acontecimento que põe fim a uma situação aversiva e
faz aumentar o comportamento precedente (interromper uma situação aversiva)
Punição - consiste na apresentação de um acontecimento aversivo ou na retirada de um reforço positivo como
consequência da emissão de uma determinada resposta.
Em qualquer dos casos, conduz à diminuição da duração, intensidade e frequência do comportamento.
Extinção - consiste em fazer com que uma determinada resposta deixe de ser seguida do respectivo reforço
positivo.
A consequência natural da extinção é o enfraquecimento da resposta operante.
Escalas de reforço - são programas através dos quais o reforço é administrado e cujo objectivo é a mudança do
comportamento.
Existem dois tipos de escalas de reforço:
• escalas de reforço contínuo (todas as respostas operantes são seguidas de reforço)
• escalas de reforço intermitente (apenas algumas respostas são seguidas de reforço).
Escalas de reforço intermitente (apenas algumas respostas são seguidas de reforço).
Por proporção de resposta (fixa ou variável):
• Fixa: o reforço aparece após um n.º fixo de respostas.
• Variável: reforço administrado aleatoriamente.
Por intervalo de tempo (fixa ou variável):
• Fixo: reforço aparece após um determinado intervalo de tempo.
• Variável: a duração do intervalo varia aleatoriamente.
Controlo de estímulo - considera-se que o comportamento está sob o controlo de estímulo quando esse
comportamento é diferencialmente controlado por estímulos antecedentes, desde que repetidamente associados
com determinada consequência.
Processo de reforço diferencial
• Estímulo discriminativo: reforço de uma resposta na presença de um estímulo.
• Estímulo delta: não reforço de uma resposta na presença de um estímulo.

Skinner foi um comportamentalista não tão ortodoxo como Watson, mas também o foi porque não aceitou
variáveis internas.
Contribuições
• Objetivação definitiva da observação dos comportamentos.

37
• Comportamento humano pode ser controlado, guiado e modelado pelo uso apropriado do reforço
positivo.
Crítica Principal
• Positivismo extremo; é impossível eliminar toda a teorização porque os detalhes de uma experiência são
planeados previamente.
Psicologia de Gestalt
A Gestalt vai pegar novamente na consciência (o comportamentalismo tinha cortado com a consciência).
Enquanto que para o estruturalismo a consciência era divisível, na Gestalt a consciência é una, é uma só.
A Gestalt aparece como oposição ao estruturalismo: a Gestalt vem estudar essencialmente a perceção e vem
provar que 1+1=3. E como?
• Para o estruturalismo E1+ E2= Perceção
• Para a Gestalt a perceção é mais que a soma dos estímulos, a perceção é um todo organizado: 
• E1 + E2 < Perceção
A Gestalt surge como um movimento de protesto ao Estruturalismo na Europa:
• aceita o estudo da consciência, mas rejeita a tentativa de a analisar nos seus componentes mais básicos.
Perceção na Gestalt: é a forma como organizamos os sentidos
• Quando os elementos sensoriais se combinam algo de novo se forma, que não existia nos elementos
individuais: o todo é maior do que a soma das partes.
Qual o objeto de estudo?
• É a experiência interna ou externa imediata tal e qual como nos é dada, isto é, ingénua e original.
Qual a diferença entre o objeto de estudo da Gestalt e o objeto de estudo do Estruturalismo?
• Na Gestalt a experiência pode ser externa e é ingénua e original;
• No estruturalismo a experiência é só interna e é altamente trabalhada.
Qual o método de estudo?
• Introspeções e observações ingénuas sobre a experiência direta (sem treino).
• Quer a Gestalt quer o comportamentalismo se opuseram ao estruturalismo, mas enquanto que a Gestalt
aceitava o valor da consciência mas rejeitava a sua análise nos elementos componentes; o
comportamentalismo recusava-se a lidar com a consciência e a aceitar a sua existência.
• Os wundtianos afirmavam que a perceção é a acumulação de elementos em grupos.
• A Gestalt diz que quando os elementos sensoriais se conjugam algo de novo se forma - o todo é mais do
que a soma das partes.
• Na perceção há mais do que os nossos olhos veem, a perceção vai mais além dos dados físicos básicos
fornecidos pelos órgãos sensoriais
Princípios da organização percetiva

38
• Wertheimer defende que uma pessoa percebe objetos da mesma maneira imediata e unificada com que
percebe o movimento aparente, ou seja, como todos unificados e não como aglomerados de sensações
individuais .
• Estes princípios são leis pelas quais uma pessoa organiza o seu mundo percetivo.
• Fenómeno da perceção figura fundo: elementos do campo percetivo combinam-se e unem-se,
formando estruturas que são diferentes do fundo
• Na perceção, a organização ocorre instantaneamente, é espontânea e inevitável, não temos que
aprender a organizar assim.
• O processo cerebral primário na perceção visual não é uma coleção de pequenas atividades separadas,
mas um sistema dinâmico - o cérebro constitui um sistema dinâmico em que interagem todos esses
elementos ativos num dado momento.
• Perceção figura de fundo - a figura é que é percebida como forma, enquanto que o fundo é visto como
uniforme.
• A figura tende a aparecer em primeiro lugar e o fundo é que aparece por trás.
3 particularidades importantes na figura fundo:
• A figura é sempre percebida como forma.
• O contorno pertence à figura e não ao fundo.
• A figura aparece sempre em primeiro plano.
Há uma tendência de organizar as perceções do objeto (a figura) e do fundo (a base) sobre o
qual ele aparece. A figura parece mais substancial e parece destacar-se do fundo. Nesta imagem
a figura e a base são reversíveis, ou seja, é possível ver dois rostos ou um vaso, dependendo de
como a perceção é organizada.
3 princípios fundamentais (do agrupamento percetivo):
• Princípio da proximidade: os elementos de estímulos próximos uns dos outros tendem a ser percebidos
como um todo (parecem formar uma unidade).
• Princípio da Semelhança: estímulos semelhantes tendem a ser percebidos como parte de um grupo
comum.
• Princípio da Boa Forma: os elementos de estímulos que compõem uma boa forma tendem a agrupar-se
uns aos outros, ou seja, são claramente percebidos como completos e organizados.
Estes fatores de organização não dependem dos processos mentais superiores do sujeito nem da sua experiência,
mas estão presentes nos próprios estímulos.
Princípios da Gestalt
O princípio que está subjacente a toda a Gestalt é o princípio do isomorfismo (genérico a toda a Gestalt)
• O produto mental não é um resultado direto da soma das sensações.
• Até aqui a percepção era essencialmente mecânica e associacionista.
• Na Gestalt, a perceção não é uma cópia real do conjunto de estímulos - “a ordem experienciada no
espaço é sempre estruturalmente idêntica a uma ordem funcional na distribuição de processos cerebrais
subjacentes”.

39
Principais Gestaltistas
• Max Wertheimer
• Kurt Kofka
• Wolfgang Kohler
Max Wertheimer (1880-1943)
• Nasceu em 1880 e morreu em 1943.
• Nasceu em Praga.
• Líder intelectual da Gestalt.
• Responsável pelo fenómeno phi (movimento aparente).
A sua pesquisa envolveu o problema da perceção do movimento aparente, a perceção do movimento quando
nenhuma mudança de posição teve lugar.
Projetou luz através de duas ranhuras, primeiro uma e depois outra, e quando o intervalo entre as luzes era
muito breve os sujeitos viam a luz mover-se.
Mas, de acordo com o estruturalismo, toda a experiência podia ser analisada nos seus elementos sensoriais -
como explicar então essa perceção do movimento aparente em termos de uma soma de elementos sensoriais
individuais?
A introspeção do estímulo produziria duas linhas sucessivas e nada mais, no entanto a perceção de uma única
linha de movimento persiste - o todo (movimento) era de facto maior do que a soma das partes (as duas linhas).
A este fenómeno observado no seu laboratório chamou-lhe de fenómeno phi e afirmou que o movimento
aparente não necessita ser explicado, que ele existe tal como é percebido e não pode ser reduzido a qualquer
coisa mais simples.
Kurt Kofka (1886-1941)
• Nasceu em 1886 e morreu em 1941.
• O seu auge foi em 1935 com o livro “os princípios da psicologia da Gestalt”.
• Foi o mais produtivo dos três.
Wolfgang Kohler (1887-1967)
• Foi um dos que ficou mais conhecido, devido à primeira Guerra Mundial.
• Em 1913 foi para as Canárias e em 1914 rebenta a guerra, não podendo sair de lá. Faz então estudos
durante 5 anos com macacos e bananas.
• Em 1917 publica o livro “a mentalidade dos símios”.
A aprendizagem para a Gestalt
A aprendizagem até aqui era essencialmente comportamentalista, vista sob duas formas:
• ou tentativa e erro (Thorndike).
• ou estímulo-resposta (Watson).
Para a Gestalt a aprendizagem é feita essencialmente por reorganização do campo percetivo
• A aprendizagem é a reestruturação do campo percetivo.
40
• Os estudos de Kohler acerca do comportamento dos chimpanzés ilustram este novo conceito de
aprendizagem.
Críticas
• Descrever problemas em vez de os tentar resolver (ex.: fenómeno Phi na organização percetiva, não foi
tratado como um problema a resolver, mas como um fenómeno que simplesmente existia).
• Falta de rigor científico na terminologia: preocupouse em formular postulados com termos demasiado
vagos e ausência de rigor nestes mesmos termos.
• Recurso excessivo à teoria e pouca utilização do método experimental.
Contribuições
• Reintroduziu algo que estava a “morrer”: a consciência.
• Influenciou significativamente o estudo da perceção e da aprendizagem.
• Sempre conseguiu manter-se como um campo autónomo e independente, separada no seu objeto de
estudo das outras correntes da psicologia (nunca evoluiu para outra corrente).
Movimento Humanista
Movimento de protesto ao artificialismo do comportamentalismo: desumanização da natureza humana.
O Humanismo é conhecido como a 3ª força:
• 1ª Comportamentalismo
• 2ª Psicanálise
• 3ª Humanismo
Como é que o sujeito é visto por estas 3 forças?
Comportamentalismo: o sujeito não é mais do que um feixe de respostas condicionadas - observação.
Psicanálise: o sujeito é para os psicanalistas uma pilha de forças inconscientes, de pulsões, de instintos, as quais
deveriam ser interpretadas - interpretação.
Humanismo: o sujeito deveria ser interpretado como uma pessoa total que deveria ser compreendida e aceite
no seu contexto. O comportamentalismo e o estruturalismo eram frios, analisavam as partes, o Humanismo veio
trazer calor à psicologia.
Humanismo vs. Psicanálise
Os impulsos para os Humanistas são inatos, virados para a nossa completa autorrealização.
Os impulsos para os psicanalistas são muito mais interpretados como negativos, virados para o conflito
prazer/desprazer.
• Têm em comum os impulsos.
• Diferenças: os fins e as razões destes impulsos
Comportamentalismo vs. Humanismo
Comportamentalismo - busca encontrar leis gerais que explicassem e previssem o funcionamento humano.
Humanismo - rejeita leis gerais, cada homem é um só, cada homem é total mas individual.
41
(Comportamentalismo)→ (Humanismo) (Psicanálise)
Cada uma destas correntes vai criticar o Humanismo e a principal crítica é a ausência de um campo concetual,
que não é uma corrente.
O Humanismo foi uma escola, mas nunca teve um campo concetual. Os humanistas nunca se preocuparam com
os críticos e a forma como lidavam com a crítica era dizendo que a Psicologia é uma ciência do Homem para o
Homem. Diziam que o Homem é intrinsecamente bom.
O Humanismo nasceu em 1961/62. Aparece em 1961, mas é em 1962 que ocorre a sua oficialização com a
ocorrência de uma reunião da AAHP.
Tópicos essenciais do Humanismo:
Conceção positiva do ser humano
• Objetivo: permitir a confrontação do ser humano com a realidade “nua e crua”.
• Conceção do ser humano como um todo (aceitação de todos os aspetos da experiência humana);
impulsos inatos; possibilidade de autorrealização; diferenças inter-individuais.
Temas básicos
• Experiência
• Foco na integridade da conduta humana
• Aceitação do livre arbítrio e no poder criativo do ser humano
• Estudo dos aspetos essenciais da condição humana
Nova abordagem terapêutica: terapias do crescimento.
Representantes do humanismo
• Carl Rogers (1902-1987)
• Abraham Maslow (1908-1970)
Foram os que claramente fizeram com que o Humanismo se demarcasse como a 3ª força.
Carl Rogers
• Teve uma educação religiosa.
• Estudou na universidade de Wiscongin.
• Licenciado em agricultura, acaba por desistir e tira um bacharelato em História. Tira também psicologia
na universidade de Columbia.
• Foi professor em várias universidades, Ohio, Chicago, etc.
• Presidente da APA em 1946.
• Em 1968 cria o centro de estudos da pessoa.
• Abandona a carreira universitária e vai para a Califórnia para desenvolver o humanismo.
O pensamento de Rogers teve uma aproximação fenomenológica, isto é, era importante estudar os fenómenos e
experiências de cada pessoa no seu contexto, sem interpretação.
O fenómeno era analisado, mas não interpretado, sem juízos de valor.
O Homem era aceite tal como era.
42
Características do Pensamento Rogeriano
Estudo fenomenológico do homem.
Aceitação incondicional da pessoa tal como ela é: pessoa é essencialmente positiva; movimento em direção à
auto atualização; obstáculos à autorrealização pessoal.
2 tipos de Self:
• Self Real: aquilo que na realidade somos.
• Self Ideal: conceção que cada um de nós tem relativamente ao que deseja ser.~
Conceito de Self
O Self para Rogers é o núcleo de cada pessoa, em que esse núcleo é sempre positivo.
É esse núcleo positivo que nos faz mover em direção ao progresso, à atualização, à maturidade e à socialização.
Se nós formos seres livres e se o contexto o permitir, se nos der liberdade suficiente, então conseguiremos que
estes impulsos passem do núcleo para o exterior - somos um animal positivo o construtivo.
Rogers tem em comum com Maslow o fim, a autorrealização.
A personalidade para Rogers
Há dois tipos de Self:
• o self real, a concepção que temos de nós próprios, é a organização da nossa autoperceção, é a forma
como interagimos as seguintes variáveis - Eu, Mim e Eu Mesmo (a forma como nós nos vemos, como
nós somos)
• o self ideal, a conceção que cada um gostaria de ter ou ser
Quando passamos do self real para o self ideal temos a
autorrealização. O núcleo duro é a força que nos leva ao self ideal. O
problema aparece quando este processo não é congruente.
Teoria da personalidade Rogeriana
Atualização do self é a principal força motivadora da personalidade: conduzir o organismo no sentido do self
ideal (autorrealização).
Foco na responsabilidade do indivíduo no alcance do self ideal.
Obstáculos à auto realização (estima positiva incondicional: personalidade saudável; estima positiva
condicional: impede o desenvolvimento em pleno).
Auto atualização é o nível mais elevado da saúde psicológica e permite alcançar o funcionamento em pleno.
Congruência entre o self e o self ideal
Autorrealização congruente é quando existe uma forte coerência entre a conceção que temos de nós próprios
(self) e as experiências que temos; quando os comportamentos que temos são compatíveis com o self que temos.
Para atingirmos a autorrealização os nossos comportamentos têm de ser congruentes com o nosso self.

43
Mente sã para Rogers é quando existe uma forte coerência entre o self e as experiências que temos. Numa
mente sã nós temos consciência dos nossos sentimentos, do que somos, da nossa forma de funcionar e tendemos
a arranjar comportamentos compatíveis. Na mente doente os comportamentos não são compatíveis com o self.
A incongruência entre self e self ideal resulta na ativação de mecanismos de defesa:
O que acontece quando o processo de autorrealização não é mentalmente são?
São 3 as estratégias defensivas utilizadas quando as experiências não são compatíveis com o self:
• Racionalização - quando o sujeito distorce a realidade para que esta fique compatível com o self.
• Fantasia - quando o sujeito cria imagens, sonhos, delírios, de acordo com o seu conceito de self ou para
achar que é o self ideal ou para negar experiências que não são compatíveis com o seu self ideal.
• Projeção - quando o sujeito elimina de si próprio (do self) aqueles comportamentos que são
incompatíveis com a sua imagem.
Psicopatologia é quando existe uma discrepância entre o self real e o self ideal.
3 condições facilitadoras das transformações terapêuticas:
• Autenticidade na atuação do terapeuta: o terapeuta quando aceita o cliente na sua frente,
independentemente do que fez ou disse, é autêntico na sua aceitação, aceita com autenticidade.
• Empatia: independentemente de aceitar ou não, compreender o outro, colocar-se no papel do outro.
• Aceitação positiva incondicional: aceitar o paciente sempre com aquele núcleo positivo.
Se o psicoterapeuta tiver estas 3 características, o processo psicoterapêutico tende a ser mais fácil.
“A nossa primeira reação à maior parte das afirmações que ouvimos aos outros é uma apreciação imediata, é
mais um juízo do que uma tentativa de compreensão. (…) Raramente permitimos a nós próprios compreender
precisamente o que significa para essa pessoa o que ela está a dizer” (Rogers, 1977)
As 3 etapas na teoria/terapia de Rogers
Terapia não diretiva - terapeuta não assume o papel de autoridade no contexto terapêutico.
• Objetivo: facilitar a clarificação dos sentimentos do paciente.
• A função do terapeuta é apenas aceitar e compreender os sentimentos do cliente, clarificar os
sentimentos - “o outro”.
Terapia centrada no cliente - o objetivo é trabalhar a empatia, valorizando o paciente tal como ele é, de modo
a promover neste a aceitação própria.
• Tem a ver com as atitudes do terapeuta durante o processo psicoterapêutico: nunca dá conselhos e nunca
faz interpretações, porque não é autoridade no processo - “o eu”.
Elaboração de pautas para a criação de uma atmosfera psicoterapêutica - desenvolver conceitos que
facilitem a relação - “nós”.
Maslow
• Nasceu em 1908 e viveu até 1970.
• Nova Iorquino de gema, Brooklyn.
• Licenciou-se em 1930.

44
• Foi professor de 1935 a 37 na Universidade de Columbia, de 38 a 51 foi professor no Brooklyn College.
• De 58 a 60 começou a ter problemas universitários, ele era Humanista e como o Humanismo não era
uma corrente bem vista começou a ser criticado.
• No final da época de 60 vai para a Califórnia, onde arranja um espaço físico onde o humanismo se
desenvolve.
• Foi presidente da APA em 1967.
Sofreu dois grandes tipos de influência: da Gestalt (Wertheimer, Kofka e da psicanálise (Adler).
Principais obras
• 1954, “personalidade e motivação”
• 1962, “para uma psicologia do ser”
“Um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso pretendam deixar o seu
coração em paz. O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o nome de auto-
realização.”
Teoria da Personalidade: Pirâmide das necessidades
Foco na motivação para o crescimento, desenvolvimento em pleno das potencialidades humanas e realização
do eu.
Tendência inata para a autorrealização: desenvolvimento e uso de todas as qualidades e capacidades, ou
seja, a realização de todo o nosso potencial.
O desenvolvimento da personalidade no sentido da autorrealização, implica a satisfação de uma hierarquia de
necessidades básicas. Estas necessidades são inatas e cada uma delas deve ser satisfeita antes que a próxima
necessidade da hierarquia surja para nos motivar
Para Maslow o ser humano é visto como um ser total, integrado e organizado.
Para Maslow o desenvolvimento da personalidade era visto em termos de desenho como uma escada, em que
cada degrau é uma fase da personalidade (necessidades).
Hierarquia de necessidades de Maslow:

45
Autorrealização - nível mais elevado da existência humana, que permite um funcionamento em pleno e
psicologicamente saudável.
• Praticamente nunca se atinge, no entanto, todos os nossos impulsos estão virados no sentido de atingi-la.
Autoestima - reconhecimento pelos outros e de si mesmo, êxito, aprovação.
• amor de nós próprios, a imagem que temos de nós.
Amor - 3 dimensões: afiliação, aceitação e pertença
• amor materno e paterno (filiação), amor de sermos aceites tal e qual como somos, amor de pertença.
Segurança - estabilidade, ordem, proteção, libertação do medo e da ansiedade
• ausência de perigos; segurança interna e externa
Necessidades fisiológicas básicas - fome, sede, sono, sexo, eliminação, movimento, repouso.
Praticamente não podemos ter motivações no degrau seguinte se as do degrau anterior não estiverem satisfeitas.
Dois pontos chave:
• a autorrealização nunca se atinge, mas os nossos impulsos estão virados para atingi-la;
• só podemos passar para o nível seguinte se as do nível anterior estiverem totalmente satisfeitas.
Problema/Limitação
• O ser humano é eminentemente social
• Autorrealização: ambição praticamente teórica (estudo piloto: apenas 1% da população consegue
alcançar a auto realização).
Críticas
• O Humanismo apesar de ter sido uma escola, um sistema, não teve um campo concetual.
• Ausência de objetividade na terminologia.
• Indivíduos com distúrbios mais graves, não teriam suporte emocional suficiente para um
autoconhecimento e modificação de conceitos.
• Ausência do método experimental.
Contribuições
• Introduziu um “brisa de ar fresco” nas correntes psicológicas.
• O calor que o humanismo trouxe comparativamente às correntes que vimos até aqui (estruturalismo,
comportamentalismo), trouxe mais aceitação, mais compreensão ao homem, visto como um todo.
• Definição do seu próprio objeto de estudo, métodos e terminologia.
• Introduziu uma componente mais humana na conceção da natureza humana.
o “O ser humano deve ser visto como um fim e não um meio”.

46
Cognitivismo

Do comportamentalismo ao cognitivismo
Em 1956, George Miller participa num simpósio subordinado ao tema “o processamento da informação”
Pela primeira vez em público associa-se a mente humana ao computador:
• O “ in put” precede o processamento da informação.
• O “out put” sucede o processamento da informação.
• Recebemos “in puts” sensoriais, trabalhamo-los e produzimos um “out put”.
• O out put não é um comportamento, é uma ação.
• O cognitivismo vai trabalhar variáveis até aqui não aceites pelas correntes anteriores - variáveis internas.
O objeto de estudo: estudo de todas as variáveis que não podem ser diretamente observáveis, mas que sabemos
que existem e podemos classificá-las.
Exemplo: pensamento, inteligência, perceção, memória. Isto é ação.
Ação representa a atividade humana.
Na atividade humana o sujeito é visto como um sujeito ativo, mais amplamente pró-ativo: procura, seleciona,
interpreta, elabora, transforma, armazena e reproduz informação quer do interior quer do exterior.
O sujeito pró-ativo é alguém que não é somente um sujeito ativo, é alguém que procura informação,
transforma as coisas.
Para os comportamentalistas o sujeito é reativo, reage a estímulos, enquanto que para os cognitivistas o sujeito
tem sempre um fim a atingir e é em função deste fim que o sujeito planifica, programa, executa e corrige a ação.
Qual a diferença entre comportamento e ação?
As ações é que incluem os comportamentos, porque a ação é mais lata, é o fim a executar.
O comportamento é só parte da ação.

47
Revolução cognitiva
Modelo do computador
• Não é a primeira vez que se estuda a consciência.
• No estruturalismo a consciência era algo estático, a informação era estática.
• No cognitivismo a consciência contém conteúdos dinâmicos e são estes conteúdos dinâmicos da mente
que se denominam cognições.
Cognições são os processos através dos quais os “in puts” sensoriais são recebidos, transformados, reduzidos,
elaborados, armazenados e/ou utilizados.
Cognições
Perceções - forma como nós organizamos os sentidos. A perceção que nós temos de algo não é uma cópia integral
da realidade e tem sempre a ver com algumas variáveis: motivação, expectativas, experiências passadas.
Atenção - forma como selecionamos os diferentes estímulos sensoriais, vem antes do fenómeno percetivo, a nossa
atenção é seletiva (“cocktail party” - fenómeno da atenção seletiva, mesmo nós estando a falar com uma pessoa
temos sempre uma percentagem reservada para outros estímulos).
Memória - processo cognitivo e é importante porque armazena a informação. Há 3 variáveis que caracterizam a
memória:
• codificação - preparação da informação para o armazenamento;
• armazenamento - a forma como a informação é retida, memória a longo, médio e curto prazo;
• recuperação - a forma como a informação armazenada é recuperada.
Linguagem – indissociável do pensamento, reveladora do pensamento.
Cognitivismo
Aceita o método científico e rejeita a introspeção como método válido de investigação, contrariamente aos
métodos fenomenológicos tais como a psicologia Freudiana.
Afirma a existência de estados mentais internos (como as crenças, desejos e motivações) contrariamente à
psicologia comportamental.
Dois períodos da psicologia cognitiva
Tendo sido um movimento que surgiu gradualmente, o modelo cognitivista fomentou-se durante dois períodos
fundamentais:
1ºPeriodo: Fortemente marcado pelo estudo do paradigma do processamento da informação, os comportamentos
humanos chegavam a ser descritos e explicados através do modo como o sujeito reage como sistema ou organismo
capaz de operar com a realidade, processando sequencialmente a informação recebida.
2º Período: Também conhecido como a segunda revolução cognitiva. Rejeitou a descrição mecânica e passiva
que era dos primeiros cognitivistas. Incidiu fundamentalmente no funcionamento psíquico, construído de um
modo dinâmico e ativo
O primeiro período era insuficiente para dar conta da forma como opera o sujeito, passando o segundo período a
considerar a análise do sujeito sob influência da esfera social que o envolve.

48
Quatro pressupostos fundamentais da Psicologia Cognitiva:
1 - Considera as capacidades intelectuais e as grandes funções precetivas ou adaptativas como sistemas cujo papel
é filtrar e organizar as mensagens ou informações que recebemos do meio que nos rodeia.
O sujeito é concebido como agente ativo e regulador entre os estímulos e respostas, havendo um maior centralismo
de estudos no sujeito, sendo a sua experiência própria encarada como um ato de construção da realidade.
2 – Admite que as capacidades e formas de tratamento da informação são limitadas pelas estruturas e
características biológicas.
3 – Postula que a função que vai facilitar a observação e a análise corresponde a um "módulo de tratamento"
especializado que vai dimensionar as características específicas em diversos planos de realizações e
consequências.
4– O tratamento das informações precetivas e "inteligentes" organiza-se segundo níveis hierarquizados, ou seja,
vai funcionar localmente em "paralelo“.
Humanismo vs. Comportamentalismo
A psicologia humanista enfrentou o comportamentalismo apesar de em termos académicos, nas universidades o
comportamentalismo ser mais aceite visto que este consiste no rigor científico e se baseia modelo experimental.
Breve história da Psicologia Cognitiva
Os psicólogos dos anos 50 e 60 sentiram a necessidade de renovar a psicologia e dirigiram a sua atenção para
outros campos de conhecimento como por exemplo a linguística e certos ramos da física. Outra área importante
para o desenvolvimento de novos conhecimentos que ajudariam a compreensão da conduta humana e na criação
de instrumentos para este mesmo fim foram os computadores.
Desta forma:

Modelo da caixa negra é substituído pelo modelo da caixa translúcida.


A importância da tecnologia
Turing, publicou um artigo onde descrevia um computador capaz de simular a conduta inteligente. Esta ideia veio
gradualmente influenciar o pensamento dos psicólogos e cientistas em relação a como inovar as suas áreas do
saber.
A teoria da informação contribuiu também visto fazer a ligação entre a conduta humana e os sistemas relacionados
com a informação e a comunicação. Esta perspetiva levou a uma aproximação na forma de encarar o ser humano
e a maquina, o que atraiu muito os psicólogos. Esta analogia entre o processamento da informação das maquinas
e o que acontecia aos humanos constituiu o ponto de arranque básico para a consolidação da nova psicologia.
49
Fora da tecnologia
Chomsky insistia num posicionamento racionalista realçando a impossibilidade de estudar de forma fiel a
linguagem através do condicionamento operante.
É importante não esquecer também a influencia que teve para o movimento cognitivo as ideias de Festinger, com
a sua teoria da dissonância cognitiva, e de Heider com a psicologia das relações interpessoais. → diminuição do
conductivismo Skinneriano
Em que consiste a Psicologia Cognitiva?
A psicologia cognitiva não é um sistema unitário.
A psicologia cognitiva é um campo onde existe um profundo debate. No entanto pode-se dizer que “a psicologia
cognitiva é um ramo da psicologia que estuda a cognição, o processo mental que hipoteticamente está por detrás
do comportamento. É uma das disciplinas da Ciência cognitiva. Esta área de investigação cobre diversos
domínios, examinando questões sobre a memória de trabalho, atenção, percepção, representação de
conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas.”
Por outras palavras, a psicologia cognitiva encarrega-se do processo de conhecer e do conhecimento como
estrutura resultante. Este objeto de estudo encara-se através do método hipotético-dedutivo-experimental.
O cognitivismo
• Escola de Genebra – Piaget.
• Escola histórico-cultural soviética – Vygotski.
• Escola norte-americana do processamento da informação.
Epistemologia genética Piagetiana
• Um dos principais pilares da psicologia cognitiva.
Áreas relacionadas com a psicologia cognitiva:
• Desenvolvimento do pensamento.
• Desenvolvimento da linguagem.
Pensamento na obra de Piaget
O funcionamento cognitivo deriva principalmente do biológico.
Todo o ser vivo está dotado de uma organização interna, que tende a conservar-se e a adaptar-se ao meio ambiente.
Então, todo o ato cognitivo supõe uma organização interna, uns esquemas prévios e uma autorregulação.
Dialética permanente entre sujeito e o seu meio.
O primeiro atua sobre o segundo e modifica-se ao estabelecer contacto.
Linguagem na obra de Piaget
• Ocupa um lugar secundário na sua obra.
• É referida nas relações entre linguagem e pensamento.
• Constitui o revelador do pensamento.
• A sua natureza e origem estão na continuidade funcional.
50
• É indissociável do pensamento.
• Linguagem é uma condição necessária mas não suficiente
Perspetiva histórico-cultural da escola soviética - Vygotski
Origens sociais do pensamento e da linguagem.
1º psicólogo moderno a mencionar os mecanismos através dos quais a cultura se converte em parte da natureza
do indivíduo.
Significados como os elementos constituintes da consciência humana.
Pensamento na obra de Vygostski
Desenvolvimento cognitivo influenciado pelas variáveis sócio-históricas.
Num processo de desenvolvimento geral distinguem-se:
• Processos elementares – de origem biológica.
• Processos superiores – de origem sociocultural.
ou seja, o comportamento humano nasce da interrelação dialética dos dois.
Linguagem na obra de Vygostski
• Essencial na organização das funções psíquicas superiores.
• Tem uma raiz social e comunicativa.
• Fundamental na solução de problemas práticos e na planificação da ação.
• Instrumento de intercâmbio/t/troca social
• Resumindo: As interações sociais são as responsáveis máximas do desenvolvimento da linguagem e do
pensamento.
Movimento do processamento da informação
Surge na América com a revolução tecnológica
Metáfora do computador – semelhanças entre o cérebro humano e o computador.
Ausência de um corpo sistematizado de grandes teorias.
Uso de estratégias hipotético-dedutivas numa estrita metodologia experimental.
Interesse pelos processos que ocorrem na mente humana.
Abandono do esquema E-R do comportamentalismo.
Investigações focadas na atenção, memória e pensamento.
Psicologia cognitiva enriqueceu enormemente os conhecimentos sobre o processo de memória.
• Surgem as noções de memória a curto prazo e memória a longo prazo e mais tarde as de memória ativa e
memória inativa, entre outras.
• Surge a noção de imagens mentais e de mapa cognitivo
Conjunto de representações mentais analógicas das situações ambientais

51
As aplicações clínicas: A terapia cognitiva
Modificação da conduta → relacionado com→ eventos privados de índoles cognitiva e afetiva (imagens e
emoções)
Criticas apontadas às teorias E-R: é mais importante examinar e modificar estratégias e a informação que se
destina à conduta de um indivíduo, que fazer uma análise minuciosa das variáveis diretamente observáveis.
Técnicas de natureza cognitiva mais utilizadas
Terapia Racional-Emotiva de Ellis (1957,1962,1971) → trata de pensamentos irracionais do sujeito.
Treino da autoinstrução de Meichenbaum (1973,1974,1975) → o indivíduo aprende a utilizar certas verbalizações
que o ajudem a modificar o seu comportamento anómalo.
Terapia cognitiva de Beck (1967,1970,1976) → correção das auto verbalizações e padrões de pensamento
desadaptados.
Solução de Problemas de D’Zurilla e Golfried (1971) → paciente a reagir corretamente perante certas
problemáticas da sua vida.
Valorização da Psicologia Cognitiva
Teoria do Processamento da Informação: uma conduta é explicada adequadamente quando um programa de
computador a pode simular.
Críticas a esta teoria… por Caparrós (1984)
Analogia entre a mente e o computador não se pode manter, a não ser de uma forma abstrata e vaga devido à
existência de fatores afetivos e motivacionais.
Máquina Humana
Algo mais complexo que o computador. É capaz de se informar sobre o adequado e inadequado de uma
comportamento. Assim, o modelo de processamento de informação não era suficiente.
Com o aparecimento da cibernética, da inteligência artificial e à abertura cognitiva-cultural (Piaget e Vygotski),
várias das questões que antes não tinham resposta, foram resolvidas… 2ª revolução cognitiva.
O ser humano desenvolve-se no seio de uma cultura e numa contínua interação, sem se limitar a processar
digitalmente a informação. Com os modelos cibernéticos, houve uma superação da metáfora do computador.
Impacto da revolução cognitiva na Psicologia Clínica
Expansão da revolução cognitiva ao âmbito da psicologia deu-se, efetivamente, em meados da década de 60.
Início da década de 70: Surgem as primeiras formulações da terapia cognitiva
Primeiros autores que abordaram esta nova modalidade terapêutica
Aaron Beck (à esquerda) e Albert Ellis (à direita), tiveram ambos antecedentes na prática da psicanálise. A terapia
cognitiva de Beck e a terapia racional emotiva de Ellis proporcionaram o desenvolvimento da psicoterapia.
-->Novo tratamento das perturbações psicológicas

52
Tese central da nova terapia de Beck e Ellis
Pessoas que padecem de desordem psicológica são caracterizadas por terem pensamentos erróneos e irracionais,
cujos efeitos, atuam afetando negativamente o estado emocional da pessoa. •
Objetivo central
• Modificar esses pensamentos e, consequentemente, os sistemas de crenças associados que levariam a um
melhoramento das condições de pessoas perturbadas.
Razões para o prestígio adquirido pela psicologia cognitiva:
• Terapia mais eficaz do que outras formas mais prolongadas de psicoterapia.
• Melhores resultados, em comparação com o uso de psicofármacos.
Extensão deste modelo ao tratamento de outras desordens psicológicas
Autores como Kazdin (1984), afirmaram que os princípios da psicologia cognitiva se baseavam no significado
dos acontecimentos, com processos e modos de estruturar e interpretar a experiência.
Mais tarde, Horowitz (1991), realça o papel da psicologia cognitiva com base numa linguagem comum que
facilitasse a integração das psicoterapias.
Em suma…
A psicologia cognitiva abre-se como uma grande possibilidade para a expansão ao campo da clínica.
Surge como um marco conceptual que se centraliza numa análise de processos, procurando responder
primeiramente ao “como” ocorrem os fenómenos, antes de tentar perceber o “porquê” de determinada ocorrência.
Críticas à Psicologia Cognitiva
Carência de uma fundamentação sólida do ponto de vista teórico.
Redução das emoções a um papel secundário na determinação da conduta.
Outros críticos: Zajonc (1980), Zajonc e Markus (1984)
• Seria incorreto sustentar a supremacia dos pensamentos sobre as emoções.
• Emoções e pensamento formam parte de cada compartimento.
Contributos da Psicologia Cognitiva
Possibilitou uma nova leitura das perturbações, o que ajudou a enriquecer a nossa visão sobre eles,
proporcionando profundas repercussões no campo assistencial.
Psicologia evolutiva
Os indivíduos são criaturas “ligadas” ou programadas pela evolução para se comportarem, pensarem e
aprenderem de acordo com as formas que favoreceram a sobrevivência ao longo de várias gerações passadas.
Baseada na afirmação de que as pessoas com certas tendências comportamentais e cognitivas têm mais chances
de sobreviver, perdurar e criar famílias.
O ser humano é moldado em grande parte, se não na maioria, pelo meio biológico e não pela aprendizagem.

53
Sem negar a influência das forças sociais e culturais no comportamento humano através da aprendizagem, os
psicólogos evolucionistas afirma que o indivíduo é predisposto, ao nascer, a certas formas de comportamento
moldadas pela evolução.
1- Todos os mecanismos psicológicos, nalgum nível básico, originam se de processos evolucionistas e devem a
sua existência a eles.
2- As teorias de Darwin sobre a seleção natural e sexual são as mais importantes para os processos evolucionistas
responsáveis por criarem mecanismos psicológicos desenvolvidos.
3- Mecanismos psicológicos desenvolvidos podem ser descritos como instrumentos de processamento de
informações.
4- Mecanismos psicológicos desenvolvidos são funcionais; funcionam para resolver problemas recorrentes de
adaptação que confrontaram nossos antepassados
Psicologia evolutiva é uma ampla área que faz uso de resultados de pesquisas de outras disciplinas:
comportamento animal, biologia, genética, neuropsicologia e teoria evolucionista.
Aplica esses resultados em todas as áreas da psicologia, tais como as que tratam de inteligência, personalidade e
diferenças pessoais, psicologia social e comportamento de assumir riscos.
Psicologia atual fragmentada em abordagens diversas para os seus problemas, não havendo um único tema que
reúna todas essas propostas numa única psicologia. → Os defensores da psicologia evolutiva afirmam que a sua
definição pode unir essas áreas discrepantes.
Influências na Psicologia Evolutiva
Charles Darwin e Herbert Spencer- noção de sobrevivência
A ideia de que somente aqueles dotados de algumas características sobrevivem e reproduzem uma espécie com
as mesmas qualidades parece ser a base da psicologia evolutiva.
William James→ utilizou o termo psicologia evolutiva
Utilizou o termo "psicologia evolutiva" no seu livro: The principles ef psychology.
Previu que um dia a psicologia se basearia na teoria da evolução.
Propôs que a maior parte do comportamento humano é programado no nascimento por predisposições genéticas
chamadas instinto.
Acreditava ser instintiva uma ampla variedade de comportamentos, incluindo o medo de objetos específicos como
cobras, animais estranhos e de altura, todos envolvendo claramente o valor de sobrevivência.
Behaviorismo vs Psicologia Evolutiva
Para o behaviorismo a noção de determinação genética do comportamento era vista como uma espécie de
maldição.
Todo o comportamento era aprendido.
Martin Seligman
Facilidade de condicionar o individuo a temer cobras, insetos, cães, altura e tuneis.
Mais difícil condicionar o indivíduo a temer objetos menos ameaçadores e neutros como uma chave de fendas.

54
O medo das cobras sempre serviu para a sobrevivência e, consequentemente, para a evolução e, assim, presume-
se que o individuo já nasça com essa predisposição. Entretanto, o medo de objetos neutros não teve valor para a
sobrevivência ao longo de várias gerações, não sendo, portanto, transmitido. → Preparação biológica.
Além de se valer da revolução cognitiva, expande a sua importância ao considera-lo uma estrutura necessária
para se compreender a natureza humana e animal.
Concentra-se na importância do consciente e enfatiza a noção do computador como uma metáfora para todos os
processos conscientes.
Influências da sociobiologia
E. Wilson (1975) (não se encontra no paradigma da psicologia evolutiva)
Biólogo. Publicou o livro “Sociologia: A nova Síntese”
Grande enfase nas influências genéticas
“O ser humano herda a propensão a adquirir estruturas sociais e comportamentais, tendência compartilhada por
uma quantidade suficiente de indivíduos para ser chamada de natureza humana. Os traços determinantes incluem
a divisão de tarefas entre os sexos, a ligação entre pais e filhos, o grande altruísmo entre os semelhantes mais
próximos, a rejeição do incesto, outras formas de comportamento ético, a suspeita de estranhos, o tribalismo, as
ordens dominantes entre os grupos, o total domínio masculino e as agressões territoriais diante da limitação de
recursos. Embora o indivíduo seja dotado de livre-arbítrio e de escolha das decisões, os canais do desenvolvimento
psicológico são - embora muitos de nós desejássemos o contrário - mais determinados pelos genes em algumas
direções do que em outras”
Psicologia evolutiva na atualidade
Lida com os mecanismos psicológicos de evolução que estão ligados a ou programados na cognição e no
comportamento humano porque tinham sido bem-sucedidos em resolver problemas específicos de sobrevivência
e reprodução na história evolucionária do organismo.
Esta abordagem tornou-se altamente bem-sucedida e influente, ocupando um papel central na neurociência
cognitiva (Confer et al., 2010; Webster, 2007).
• Híbrido da psicologia cognitiva e da neurociência.
• Tem como objetivos determinar como as funções cerebrais originam a atividade mental e correlacionar
aspetos específicos do processamento de informação com as regiões específicas do cérebro.
Críticas
Críticas dos defensores da noção de que o ser humano é produto da aprendizagem.
• Se a natureza humana é determinada apenas pelo dom natural genético, não há possibilidade de as forças
culturais e sociais positivas alterarem o comportamento para melhor, ou de as pessoas tentarem exercer o
livre-arbítrio.
Psicólogos evolutivos respondem a esta crítica dizendo que não afirmam que todo o comportamento é imutável e
determinado pelos genes.
• O comportamento humano é modificável; nós continuamos livres para escolher.

55
• As forças sociais e culturais são influentes e, algumas vezes, superam ou alteram a programação herdada
para responder de determinada forma.
Amplitude do campo dificulta a testagem convincente da teoria – a capacidade da psicologia evolutiva de explicar
praticamente tudo não é nenhuma virtude (Funder, 2001).
Como é possível identificar com clareza uma história de adaptação num comportamento específico, por várias
gerações, até chegar aos povos primitivos, quando o valor de sobrevivência se teria iniciado.

56

Você também pode gostar