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FACULDADE FUNORTE DE JANUÁRIA

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

AS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL

LUIZA VITÓRIA DE SOUSA SENA

JANUÁRIA – MG
2022
AS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL

O Brasil já possuiu 7 constituições, sendo elas as do seguintes anos; 1824, 1891,


1934, 1937, 1946, 1967 e por fim a nossa atual que é a constituição de 1988. Constituição é
um conjunto de normas jurídicas que ocupa o topo da hierarquia do direito de um Estado. Irei
falar um pouco sobre estas baseado no livro de Flávio Martins :

CONSTITUIÇÃO DE 1824: D. Pedro, por meio do decreto de 11 de março de 1824,


decidiu outorgar a primeira Constituição Brasileira. Em 25 de março de 1824, realizou o
juramento da novel Constituição, na igreja catedral, logo após a realização de uma missa e
respectiva leitura do texto. A Constituição era fortemente liberal, previa um extenso rol de
direitos e garantias individuais, denominados “direitos civis e políticos”, conquanto é possível
afirmar que a mesma não tinha condão de alterar a realidade social, pois a Constituição de D.
Pedro, que, apesar de prever a liberdade de locomoção (no art. 179, caput e inciso VI), não
aboliu a escravidão, motivo pelo qual pode ser chamada de constituição semântica.
O Brasil, cujo nome oficial era “Império do Brazil”, era um Estado Unitário,
sendo o seu território divido em Províncias, além de que O Governo era “Monárquico
Hereditário, Constitucional e Representativo”, nos termos do art. 2º. o Brasil se manteve na
monarquia, embora com poderes limitados pela própria Constituição. Desta forma era um
Estado confessional, com a religião oficial sendo a Católica apostólica Romana, permitia
outras religiões, reservadamente ou coletivamente, desde que em locais que não tivessem
forma exterior de templo.
Com base na teoria de Benjamin Constant, o Brasil adotou a quadripartição de
poderes: além dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, previa a Constituição de 1824
o “Poder Moderador”, esse poder era exercido pelo imperador e tinha função de fiscalizar o
exercício dos demais poderes. A Constituição de 1824 foi imutável nos primeiros quatro anos,
por força do art. 174. Depois desse período de imutabilidade, poderia ela ser alterada “por
proposição por escrito, a qual deve ter origem na Câmara dos Deputados, e ser apoiada pela
terça parte deles” (art. 174, in fine). A Constituição de 1824 era semirrígida ou semiflexível.
Além disso essa constituição previu entre os direitos civis e políticos a gratuidade da instrução
primária para todos os cidadãos.
Ademais a Constituição de 1824 previu entre os direitos civis e políticos a
gratuidade da instrução primária para todos os cidadãos. A inviolabilidade dos Direitos Civis,
e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a
propriedade, é garantida pela Constituição do Império. Para finalizar tal assunto, é dito no
livro que não havia previsão de qualquer modalidade de controle de constitucionalidade, seja
político ou jurídico, seja difuso ou concentrado. O controle de constitucionalidade só
apareceria na Constituição seguinte. Essa constituição foi a que mais durou.
CONSTITUIÇÃO DE 1891: Para iniciar , a promulgação da nova Constituição se
deu em 24 de fevereiro de 1891, fortemente influenciada pelas Constituições argentina, norte-
americana e suíça. Com isso tal Constituição que era marcadamente liberal, mostra forte
influência da Constituição norte-americana, seja no nome dado ou seja na forma de Estado, na
presença do controle difuso de constitucionalidade etc. Posto isso no tocante aos direitos
políticos, eram considerados eleitores os maiores de 21 anos, excluídos os mendigos, os
analfabetos, as mulheres, dentre outros, previu pela primeira vez expressamente o habeas
corpus, mas este era capaz de tutelar quaisquer direitos, e não apenas a liberdade de
locomoção.
Ademais, o Brasil passou a ser expressamente uma Federação. Isso pode ser
percebido inclusive no nome oficial dado ao Estado Brasileiro (Estados Unidos do Brasil).
Em relação a religião o país se tornou um estado laico, ou leigo (aquele que permite, respeita,
protege e trata de forma igual todas as religiões). De todas as Constituições brasileiras, é a que
mais evidenciou a separação entre Estado e Igreja. Além de tudo isso a constituição previu a
tripartição de poderes, pondo fim ao chamado Poder Moderador. No mesmo dispositivo
constitucional estabeleceu os princípios que regem a separação dos poderes: harmonia e
independência.
A Constituição de 1891 adotou o sistema de governo Presidencialista, com o
Presidente eleito juntamente com o Vice-presidente para um mandato de 4 anos, em sufrágio
universal pela maioria absoluta dos votos, prevê a possibilidade de impeachment, no art. 53,
elencando os crimes de responsabilidade no art. 54. Falando um pouco sobre a reforma
constitucional que estava prevista no art. 90, podendo ser de iniciativa do Congresso Nacional
ou da Assembleia dos Estados.
Era uma Constituição rígida, tendo em vista que o processo de alteração era mais
rigoroso que o destinado às outras leis. Já em relação a educação, o novo texto constitucional
não previu a gratuidade da instituição pública primária, em parte pela visão federalista
dualista da época, entendendo que cabia aos Estados-membros proporcionar tais condições,
em parte pela visão liberal. Entre os anos de 1889 e 1918 foram criadas 56 novas escolas
superiores, na maioria privada. A partir daí, nasce a diversificação do ensino superior do
Brasil, que remanesce até os dias atuais: instituições públicas e leigas, federais ou estaduais,
bem como instituições privadas, confessionais ou não. Para finalizar a constituição previu o
controle difuso de constitucionalidade, cabendo ao Poder Judiciário, no caso concreto,
apreciar a constitucionalidade das leis e atos normativos.

CONSTITUIÇÃO DE 1934: Esta constituição foi Presidida por Getúlio Vargas, o


país realiza nova Assembleia Constituinte, instalada em novembro de 1933. Com isso ,
Inspirada na Constituição do México, de 1917, e na Constituição de Weimar, de 1919, foi a
primeira Constituição brasileira a prever os direitos sociais, máxime os relacionados ao direito
ao trabalho. Ela previu, no art. 149, que a educação era direito de todos, devendo ser
ministrada pela família e pelos Poderes Públicos, Além de todos os direitos sociais, previu
como as outras constituições um rol de direitos e garantias individuais, no tocante aos
Remédios Constitucionais, além do habeas corpus, previu o mandado de segurança e a ação
popular. Foi a primeira Constituição a admitir o voto feminino, que foi criado anteriormente
pelo Código Eleitoral de 1932. Acerca das formas de governo e estado foram mantidos a
Forma de Estado (Federação), a Forma de Governo (República) e o Sistema de Governo
(Presidencialismo).

Com relação à religião o Brasil continuou sendo um estado laico, sem ter religião
oficial, outrossim, estabeleceu a liberdade de consciência e crença, garantindo-se o livre
exercício dos cultos religiosos. A Constituição de 1934 fez uma parcial aproximação, na
medida em que admitiu a criação de cemitérios particulares religiosos, reconheceu novamente
o casamento religioso e previu que o ensino religioso era de frequência facultativa. Para mais
o art. 3º da Constituição previa a tripartição de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário),
prevendo serem eles “independentes e coordenados entre si”. Além da independência e
coordenação entre os poderes, previa expressamente a indelegabilidade de suas atribuições.

Esta constituição de 1934 manteve o controle difuso de constitucionalidade,


acrescendo duas novidades: a) cláusula de reserva de plenário; b) participação do Senado na
suspensão da execução da lei. Criou a Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva,
além disso trouxe para o Brasil a primeira ação de controle concentrado de
constitucionalidade: a ADI interventiva. Finalizando Houve um forte movimento intelectual
para elaboração de uma reforma do ensino superior. Pressionado pela burguesia intelectual
liberal e pela Igreja Católica, o governo contemporizou com ambas as partes e considerou, no
art. 149, a educação como direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos
Poderes Estabeleceu a Constituição de 1934 uma repartição de competências no tocante à
educação. Segundo o texto constitucional, competia à União, dentre outras atribuições, fixar o
plano nacional de educação e coordenar sua execução e exercer ação supletiva, onde se faça
necessária, por deficiência de iniciativa ou de recursos.

CONSTITUIÇÃO DE 1937: A Constituição de 1937 Outorgada por Getúlio Vargas


em 10 de novembro de 1937, ficou conhecida como Polaca, por conta da sua inspiração na
constituição autoritária polonesa, de 1935. O texto constitucional de 1937 foi irrelevante para
o cenário político então existente. A respeito dos direitos e garantias fundamentais,
seguramente inspirado no regime nazista alemão, o art. 186 da Constituição declarou o estado
de emergência em todo o país. Isso se refletiu num grave retrocesso à tutela dos direitos e
garantias fundamentais. Deixaram de ter previsão constitucional o mandado de segurança e a
ação popular, além disso, previu-se a pena de morte, não somente para crimes militares. No
tocante aos direitos sociais, foram igualmente previstos no texto constitucional, máxime os
direitos dos trabalhadores, embora a greve e o lockout tenham sido proibidos.
Ademais, o nome oficial do Estado Brasileiro voltou a ser “Estados Unidos do Brasil”,
e como sistema de governo foi mantido o presidencialismo, agora de caráter ditatorial e desta
forma o mandato do Presidente duraria até a realização do plebiscito. O Brasil não mudou
muitas coisas em ralação a religião pois continuou sendo um estado laico ou leigo como as
constituições anteriores, outrossim, o art. 32 vedava aos entes federativos “estabelecer,
subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos religiosos”. Embora prevista a tripartição de
Poderes, esta também era apenas nominal no texto constitucional. Quanto ao Poder
Legislativo, foi extinto o Senado Federal e o Poder Executivo, portanto, concentrava as
atividades de administração e legislação. O Brasil era, pois, legislado por meio de decretos-
leis, feitos pelo Presidente Vargas, dentre os quais se destacam o Código Penal (Decreto-Lei
n. 2.848/40) e o Código de Processo Penal (Decreto-Lei n. 3.689/41).
Formalmente, a Constituição de 1937 era rígida, tendo um procedimento diferenciado
de aprovação. Poderia ser emendada, nos termos do art. 174, por iniciativa do Presidente da
República ou da Câmara dos Deputados, com tudo isso o Brasil manteve o controle difuso de
constitucionalidade, com a cláusula de reserva de plenário. Todavia, ensejou um grave
retrocesso, na medida em que o Presidente poderia submeter ao Legislativo as decisões de
inconstitucionalidade proferidas pelo Judiciário, podendo revertê-las. Revogou a Ação Direta
de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva) implantada pela Constituição de
1934. Por fim inegavelmente, a Constituição de Getúlio Vargas consistiu num retrocesso da
democracia e dos direitos sociais, dentre eles a educação. Não mais previu um percentual
mínimo de investimento na educação. De maneira inédita, a Constituição de 1937, outorgada
por Getúlio Vargas, malgrado admitisse a gratuidade do ensino primário, previu, aos menos
necessitados, “uma contribuição módica e mensal”.

CONSTITUIÇÃO DE 1946: Datada de 18 de setembro de 1946, retomou a linha


democrática de 1934 e foi promulgada de forma legal, após as deliberações do Congresso
recém-eleito, que assumiu as tarefas de Assembleia Nacional Constituinte. Deposto o ditador
Getúlio Vargas, as eleições presidenciais e para a Assembleia Constituinte se deram em 2 de
dezembro de 1945, instalando-se a Assembleia Constituinte em 2 de fevereiro de 1946. Foi
criada a Comissão da Constituição, com a tarefa de elaborar o projeto, que se reuniu
inicialmente em 15 de março de 1946. Além de tudo a Constituição de 1946 reestabeleceu os
valores primários do Estado de Direito.
No tocante aos direitos individuais, reestabeleceu o mandado de segurança e a ação
popular, bem como vedou a criação de Tribunais de Exceção, Aboliu a pena de morte, salvo
em caso de guerra declarada, e criou o princípio constitucional da inafastabilidade do controle
jurisdicional, previu rol de Direitos Sociais, especialmente os direitos dos trabalhadores,
reconhecendo novamente o direito de greve e o direito à educação, manteve o voto feminino e
também Considerou os analfabetos inalistáveis, mas não fez menção aos “mendigos”. O
Brasil manteve a Forma de Estado federativa não apenas nominal, estabelecendo um rol de
competência aos Estados-membros, o nome do estado manteve-se o mesmo das constituições
anteriores e a forma de Governo era republicano, que também já não era mais nominal, já que
os governantes eram eleitos para um mandato determinado.
Ademais manteve a laicidade do Estado Brasileiro, conquanto reestabeleceu a
aproximação mais estreita que havia entre Estado e Igreja, reestabelecendo os efeitos civis do
casamento religioso e permitindo a manutenção de cemitérios particulares por associações
religiosas, além de tudo isso manteve a tripartição de Poderes, prevendo expressamente a
independência e harmonia entre eles. O Poder Legislativo voltou a ser exercido por um
Congresso Nacional bicameral, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal,
Os Senadores eram representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos pelo sistema
majoritário. O governo continuou presidencialista.
A Constituição de 1946 continuou super-rígida, possuía um conjunto de matérias que
não poderiam ser abolidas, quais sejam: Federação e República. Manteve o controle difuso de
constitucionalidade, com a cláusula de reserva de plenário e participação do Senado, com a
possibilidade de suspensão da execução da lei declarada inconstitucional. Reestabeleceu a
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva). Por meio da Emenda
Constitucional n. 18, de 1965, criou a ADI Genérica, ajuizada no STF e de iniciativa
exclusiva do Procurador-Geral da República. Por último segundo o Anuário Estatístico do
Brasil, na década de 1940, o analfabetismo no Brasil estava entre 56 e 50,5%594 e com isso a
nova Constituição de 1946 assegurou expressamente a educação prestada pela iniciativa
privada, Ainda sobre a iniciativa privada, a Constituição de 1946 previu: “à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é vedado lançar impostos sobre [...] instituições
de educação [...] desde que as suas rendas sejam aplicadas integralmente no País para os
respectivos fins”.
CONSTITUIÇÃO DE 1967: Para iniciar ,sabe-se que o contexto predominante
naquela época era o autoritarismo e a política da chamada segurança nacional, que visava
combater inimigos internos ao regime, rotulados de subversivos. Instalado em 1964, o regime
militar conservou o Congresso Nacional, mas dominava e controlava o Legislativo. Dessa
forma, o Executivo encaminhou ao Congresso uma proposta de Constituição que foi aprovada
pelos parlamentares e promulgada no dia 24 de janeiro de 1967, com isso depois de invocar a
“proteção de Deus”, o constituinte originário, no Preâmbulo da Constituição de 1967, afirma
se tratar de uma Constituição promulgada, porém na verdade ela era outorgada.
Tal constituição foi votada por um Congresso Nacional deformado, retalhado,
deficiente. Outrossim, ao Congresso foi imposto um prazo exíguo para analisar o projeto de
Constituição, desta forma sem tempo suficiente para análise e fortemente pressionado, o
Congresso Nacional aprovou o projeto de Constituição, sem muitas alterações. A Constituição
de 1967 previa um capítulo sobre os direitos e garantias individuais e um artigo com um rol
de direitos sociais dos trabalhadores, para melhoria das suas condições sociais. No tocante aos
direitos individuais, como se espera de um regime ditatorial, houve diminuição, além de
restrição da liberdade de publicação de livros e periódicos, ao afirmar que não seriam
tolerados os que fossem considerados propaganda de subversão da ordem, bem como as
publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes.
Foi restringido o direito de reunião, facultando-se à Polícia o poder de designar o local
para ela. Ainda se tratando de direitos sociais, também houve retrocessos: houve redução para
12 anos da idade mínima de permissão para o trabalho; a supressão da estabilidade como
garantia constitucional; restrições ao direito de greve etc. Quanto aos direitos políticos eram
considerados eleitores os maiores de 18 anos, de ambos os sexos, excluindo-se os analfabetos.
A Constituição de 1967 denominou o Estado Brasileiro “República Federativa do Brasil”.
Todavia, tanto a forma de governo (República) quanto a forma de Estado (Federação) eram
apenas nominais.
O Federalismo era apenas nominal, na medida em que o Brasil era, na prática, um
Estado unitário e autoritário. Em relação a religião manteve-se ainda a laicidade do Estado
Brasileiro e garantia a liberdade de consciência e crença. Quanto a separação de poderes foi
mantida a tripartição de poderes, quanto ao Poder Legislativo, foi mantido o bicameralismo
no âmbito federal. Quanto ao Poder Executivo da União, era exercido pelo Presidente, eleito
pelo voto indireto de um Colégio Eleitoral, regulado em lei complementar, para mandato de 4
anos. Quanto ao Judiciário, foi criado o Conselho Nacional da Magistratura, com sede na
Capital da União e Jurisdição em todo o território nacional, composto de sete Ministros do
Supremo Tribunal Federal, com competência para conhecer reclamações contra membros dos
Tribunais, podendo determinar a disponibilidade e aposentadoria.
Assim como em outras Constituições brasileiras, a Constituição de 1967 era super-
rígida, ou seja, possuía um procedimento mais rigoroso de alteração, bem como algumas
matérias que não poderiam ser suprimidas (as cláusulas pétreas). Além de tudo isso foram
mantidos os institutos do controle de constitucionalidade, foi mantido o controle difuso, com
a respectiva cláusula de reserva de plenário e a possibilidade de suspensão da execução da lei
por deliberação do Senado. Foi mantida a ADI interventiva e a ADI genérica.
No que se concerne a educação uma das primeiras medidas do governo militar foi a
intervenção nas universidades públicas, afastando-se docentes considerados marxistas e
aliados dos estudantes. Assim como a Constituição anterior, previu a Constituição de 1967
que competia à União legislar sobre “planos nacionais de educação e de saúde” e sobre
“diretrizes e bases da educação nacional”. Como a Constituição anterior, manteve o ensino
religioso, de matrícula facultativa. Quanto ao direito à educação, previu que “o ensino dos
sete aos quatorze anos é obrigatório para todos e gratuito nos estabelecimentos primários
oficiais”.
No que se refere a Emenda Constitucional n. 1, de 1969 resumidamente o Brasil
declaradamente deixou de ser um Estado de Direito e passou a ser um Estado ditatorial. A
Constituição jurídica, mera “folha de papel”, fora rasgada pelos militares, por meio de seus
atos institucionais, sobretudo pelo AI5. Desta forma em 17 de outubro de 1969, estando o
Congresso Nacional suspenso, com o falacioso argumento de que sua legitimidade era
extraída do Ato Institucional n. 16, de 1969 e assim a emenda n. 1, de 1969, estabeleceu
eleições indiretas para o cargo de Governador de Estado, a ampliação do mandato
presidencial para cinco anos e a extinção da imunidade dos parlamentares.

AGORA A ÚLTIMA E ATUAL CONSTITUIÇÃO

CONSTITUIÇÃO DE 1988: Em 27 de novembro de 1985, foi convocada a


Assembleia Nacional Constituinte com a finalidade de elaborar novo texto constitucional para
expressar a realidade social pela qual passava o país, que vivia um processo de
redemocratização após o término do regime militar. Com isso A Constituição de 1988 foi
denominada pelo presidente da Assembleia Constituinte “Constituição Cidadã”,
estabelecendo como cláusula pétrea o voto direto, secreto, universal e periódico, bem como a
priorização dos direitos fundamentais, que tiveram substancial ampliação no texto
constitucional.
Foi a primeira Constituição brasileira a inverter a ordem do capítulo referente aos
direitos fundamentais e Além de uma diferença “geográfica” colocando os direitos
fundamentais nos primeiros artigos, os direitos fundamentais tiveram um substancial
incremento. No tocante aos direitos individuais, foi vedada expressamente a tortura, vedada
censura e a licença, criou-se o habeas data e o mandado de injunção, entre outros. Quanto aos
direitos sociais, foi a primeira constituição a reservar ao tema um capítulo específico, Depois
de prever um rol de direitos sociais (art. 6º), como saúde, educação, lazer, segurança etc.,
previu os direitos individuais e coletivos dos trabalhadores.
Quanto aos direitos políticos foi a primeira Constituição brasileira a admitir o voto do
analfabeto. Além de que os direitos políticos não podem mais ser suspensos de forma
arbitrária, mas apenas nas hipóteses previstas no art. 15. Para mais o nome oficial do Estado
brasileiro foi mantido: República Federativa do Brasil e voltaram a ser “reais”. Outrossim, o
Federalismo passou a ser real, distribuindo competências para Estados, Municípios e Distrito
Federal. Uma importante novidade criada pela Constituição de 1988 foi a transformação dos
Municípios em entes federativos, criando uma espécie de “federalismo de segundo grau”.
O Brasil continuou a ser um Estado laico, não havendo religião oficial. O art. 19 da
Constituição veda a aproximação entre Estado e Igreja, outrossim, o art. 5º, VI, prevê a
liberdade de consciência e crença. Não obstante, alguma proximidade entre Estado e Igreja
ainda pode ser encontrada na Constituição de 1988, como a menção a “Deus” no seu
Preâmbulo, bem como a previsão do ensino religioso nas escolas.
O Brasil manteve a tripartição de poderes, estabelecendo expressamente os princípios
da independência e harmonia (art. 2º), mas não mais o princípio da indelegabilidade. Quanto
ao Poder Legislativo da União, manteve o bicameralismo, sem a existência dos antigos
“senadores biônicos”, eleitos diretamente. Quanto ao Poder Judiciário, criou o Superior
Tribunal de Justiça. Em 2004, foi editada importante Emenda Constitucional, que ficou
conhecida como Reforma do Poder Judiciário. Dentre as inovações, criou o Conselho
Nacional de Justiça e a Súmula Vinculante, bem como inúmeros mecanismos destinados a
buscar a celeridade processual.
Continuou sendo uma constituição super-rígida: além de ter um procedimento mais
rigoroso de alteração, possui um conjunto de matérias que não podem ser suprimidas
(cláusulas pétreas). Diferente das antigas constituições, o rol foi bastante ampliado na
Constituição de 1988: são cláusulas pétreas a Federação, o voto (direto, secreto, universal e
periódico), a separação dos Poderes e os direitos e garantias individuais. A Emenda
Constitucional possui um procedimento mais rigoroso de elaboração, podendo ser proposta
pelo mesmo rol taxativo da Constituição anterior, dessa vez com um quórum de aprovação de
3/5 dos seus membros. Uma importante diferença foi a previsão de uma Revisão
Constitucional, que seria realizada (e foi) cinco anos depois de promulgada a Constituição,
em sessão unicameral, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros.
O controle difuso foi mantido nos moldes das constituições anteriores. Foi mantida a
cláusula de reserva de plenário (art. 97) e a participação do Senado no controle difuso (art. 52,
X). Foram também criadas novas ações do controle concentrado de constitucionalidade: a
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADI por omissão – art. 103, § 2º), a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (art. 102, § 1º) e a Ação Declaratória
de Constitucionalidade (esta última acrescida pela Emenda Constitucional n. 3, de 1993).
Para finalizar A Constituição de 1988 dá um tratamento especial e mais detalhado à
educação. Primeiramente, considera-a um direito social (art. 6º). Além do mais determinou
ser competência da União legislar sobre “diretrizes e bases da educação nacional” (art. 22,
XXIV). Não obstante, em se tratando da competência não legislativa comum a todos os entes
federativos, estabeleceu ser dever de todos “proporcionar os meios de acesso à cultura, à
educação...”. Ampliando a questão da gratuidade, estabeleceu: “gratuidade do ensino público
em estabelecimentos oficiais”. Quanto ao ensino médio, estabeleceu a “progressiva
universalização do ensino médio gratuito” e a partir dos anos 2000, em razão da maior
estabilidade econômica, vários indicadores tiveram melhoria. Segundo a doutrina, “houve
uma transformação do sistema de financiamento do ensino fundamental que incentivou o
acesso, a permanência e o sucesso escolar no nível fundamental, o qual praticamente se
universalizou como do médio”.
Referência

MARTINS, Flávio. Curso de Direito Constitucional. 3° edição – São Paulo: Saraiva


Educação, 2019.

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