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APOSTILA
LIBRAS – LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
NÃO EXISTE MAIOR BARREIRA QUE A DA COMUNICAÇÃO.
Você consegue se imaginar quando criança, querendo dizer para sua mãe que
sente alguma dor, sem que ela te entenda. Ou mesmo, você sentir medo do "bicho-
papão" e ela achar que você está com dor de barriga e te dar aquelas gotinhas no
copo e dizer: - “Você vai sarar...", mas o que você realmente está pedindo é a sua
companhia; ou ainda você querer dizer o quanto a ama e que ela é importante para
você e isto parece ser impossível.
A vida do surdo é cheia de momentos como estes, desde a infância até a fase
adulta.
Começando com o termo "deficiente auditivo", a sociedade trata o surdo como se
tivesse incapacidade de autonomia.
Sabemos das necessidades de muitas pessoas com deficiência, mas para os
surdos não há condições mínimas de atendimento. Em repartições públicas,
hospitais, lojas e locais adaptados que lidam com questões de acessibilidade
raramente há alguém capacitado para atendê-los.
O que você sabe sobre surdez? A língua brasileira de sinais que você já deve ter
visto é a ferramenta que assegura a comunicação da pessoa surda. A Libras é uma
maneira individual e também coletiva de um grupo especifico da população, essa
linguagem associa a sociabilização da pessoa surda com o mundo.
Mesmo os profissionais da área precisam saber mais. Eles sabem sobre o ouvido,
mas será que sabem sobre o surdo?
Pais e familiares precisam saber o que fazer, já que um filho surdo não nasce com
manual de instruções.
A finalidade é que o surdo conquiste sua total autonomia. O primeiro passo é a
informação. O reconhecimento de uma língua própria, a LIBRAS já foi uma
conquista. Você tem ideia do que é LIBRAS?
A Língua Brasileira de Sinais é uma língua que tem ocupado espaço na sociedade
por conta dos movimentos surdos em prol de seus direitos, é uma luta de muitos
anos que caracteriza por suas especificidades e individualidade possui língua
própria características próprias e dela provém a sua autonomia. Sendo assim,
através de anos de luta o povo surdo conquistou o direito de usar uma língua que
possibilitasse não só a comunicação, mas também sua efetiva participação na
sociedade.
Quero convidá-lo (a) a conhecer um pouco mais sobre surdez. Você vai ficar
encantado (a) e ao mesmo tempo surpreso (a).
Que tal fazer esta diferença?
1. O QUE É SURDEZ?
SURDO – Pessoa que não escuta. Embora seja associado ao termo “mudo”, muitas
vezes é usado no senso-comum para designar os surdos que têm a habilidade da
fala oral. Não é utilizado para designar pessoas que são surdas somente de um
ouvido.
SURDO-MUDO – Há muitos séculos aplicados aos surdos, é um termo
controverso, pois está relacionado ao estigma social que o surdo acarreta ao não
usar a comunicação oral. No entanto, deveria ser utilizado para se referir ás
pessoas que têm algum impedimento orgânico no aparelho fonoarticulatório.
NÃO VERBAL – Segundo Aurélio (2001:475) “mudo implica ser privado do uso da
palavra por defeito orgânico, ou causa psíquica”.
Pessoa não verbal é quem não se expressa através da oralidade. Esta necessidade
complexa de comunicação possui deficiência multissensorial querem ser
chamados apenas de surdos, e não surdos-mudos, como na maioria das vezes são
chamados.
O termo Surdo-Mudo é repudiado na comunidade surda porque os surdos
entendem que a expressão da LIBRAS é uma forma legítima da “Fala”, ainda que
não seja oral, é a forma de comunicação utilizada pelos surdos, é sua língua de
expressão social.
Antes de começarmos nossa caminhada para o aprendizado da Língua Brasileira
de Sinais é importantíssimo que você compreenda que esta língua não é a língua
de um país, mas, é a língua de um grupo que se autodenominam de Surdos. Os
surdos deste grupo são pessoas que se reconhecem pela ótica cultural e não
medicalizada possuem uma organização política de vida em função de suas
habilidades, a principal delas é a habilidade visual, o que gera hábitos também
visuais e uma linguagem visual.
Neste estudo quando se referem aos surdos, se trata daqueles que utilizam a
Libras assim como a pessoa ouvinte utiliza a Língua Portuguesa. Os surdos para
identificar aqueles que não são surdos costumam perguntar se a pessoa é ouvinte?
Assim o termo ouvinte é uma forma de reconhecer o não surdo.
Talvez não tenha ficado claro o suficiente quem são os surdos e quem são os
ouvintes, mas com certeza aos poucos, com o decorrer do estudo você
compreenderá o significado de tais termos.
Os ouvidos, podendo dispor em grau de perda, desde a surdez leve até a
permanente. Termo comum no meio profissional e no âmbito médico e
científico. Usado por alguns fonoaudiólogos e documentos oficiais. Enquadra
o surdo na categoria “Deficiência”.
Deficiente Auditivo – As pessoas surdas, que estão politicamente atuando
para terem seus direitos de cidadania e linguísticas respeitados, fazem uma
distinção entre “ser Surdo” e ser “deficiente auditivo” A palavra “deficiente”,
que não foi escolhida por elas para se denominarem, estigmatiza a pessoa
porque, na verdade o ideal é sempre procurar saber como a pessoa surda
deseja se identificar socialmente.
Ser surdo é saber que a pessoa pode falar não só com as mãos mas também
com as expressões faciais e corporais, é conviver com pessoas que, em um
universo de barulhos, depara-se com pessoas que estão percebendo o
mundo, principalmente pela visão, e isso faz com que eles sejam diferentes e
não necessariamente deficientes.
A diferença está no modo de entender o mundo, que gera valores e
comportamentos comuns compartilhados e tradições sócios interativas, a este
modus vivendi está sendo denominado de “Cultura Surda”.
Em outra visão, a surdez, sendo de origem congênita, é quando se nasce
surdo, isto é, não se tem a habilidade de ouvir nenhum som. Por
decorrência, surge uma série de problemas no alcance da linguagem, bem
como no desenvolvimento da comunicação. Por sua vez, a deficiência
auditiva é um déficit adquirido, ou seja, é quando se nasce com uma audição
perfeita e que, devido a lesões, doenças ou acidentes, há perda. Nestas
circunstâncias, na maior parte dos casos, a pessoa já aprendeu a se
comunicar verbalmente. Porém, ao adquirir esta deficiência, terá que
aprender a se comunicar de outra forma. Em certos casos, pode-se recorrer
ao uso de aparelhos auditivos ou a intervenções cirúrgicas (dependendo do
grau da deficiência auditiva) a fim de minimizar ou corrigir o problema.
CARACTERIZANDO A SURDEZ
Surdez Leve: no caso a pessoa pode apresentar dificuldade para ouvir o som
do tic-tac do relógio, ou mesmo uma conversação silenciosa (cochicho).
Surdez Moderada: com esse grau de perda auditiva a pessoa pode apresentar
alguma dificuldade para ouvir uma voz fraca ou um barulho baixo.
Surdez Acentuada: com esse grau de perda auditiva a pessoa poderá ter
alguma dificuldade para ouvir uma conversação normal.
Surdez Severa: nesse caso a pessoa poderá ter dificuldades para ouvir o
telefone tocando ou ruído de aparelhos.
2. LÍNGUA DE SINAIS
LÍNGUA OU LINGUAGEM?
LINGUAGEM
Linguagem é tudo que envolve significação, que pode ser humano (pintura,
música, cinema), animal (abelhas, golfinhos, baleias) ou artificial (linguagem
de computador, código Morse, código internacional de bandeiras). Ou seja,
“sistema de comunicação natural ou artificial, humana ou não” (Fernandes,
2002:16).
LÍNGUA
Um nome visual, como o próprio nome diz se trata de uma marca, um traço
visual próprio da pessoa. Quando tal pessoa ainda não tem um sinal (nome
visual) usa-se o alfabeto manual que compõe o quadro das configurações de
mãos usadas na Libras. O alfabeto manual teve origem pela necessidade de
representar as letras de forma visual e era usado principalmente para ensinar
pessoas surdas a ler e escrever, na Libras o uso do alfabeto manual é
caracterizado como um Empréstimo Linguístico.
Então, como em todas as línguas a Libras tem seu léxico criado a partir de
unidades mínimas que juntamente a outros parâmetros formam o sinal
(vocábulo), estas unidades mínimas denominamos de CONFIGURAÇÕES DE
MÃOS, ou seja, são as formas usadas para formação de sinais. Através de
algumas dessas configurações de mãos é possível representar o alfabeto de
outras línguas orais como a língua portuguesa, por exemplo.
3.1 DATILOLOGIA
Na maior parte do mundo, há, pelo menos, uma língua de sinais usada
grandemente na comunidade surda de cada país, diferente daquela da língua
falada utilizada na mesma área geográfica. Isto se dá porque essas línguas
são independentes das línguas orais, pois foram produzidas dentro das
comunidades surdas. A Língua de Sinais Americana (ASL) é diferente da
Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere, por sua vez, da Língua de Sinais
Francesa (LSF).
SINAIS ARBITRÁRIOS
São aqueles que não caracterizam nenhuma semelhança com o dado da
realidade que representam.
Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente
entre significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as
línguas de sinais não eram línguas por serem icônicas, não representando,
portanto, conceitos abstratos. Isto não condiz com a verdade, pois em língua
de sinais tais conceitos também podem ser representados, em toda sua
complexidade. Ex.:
O termo fonologia tem sido usado também para designar o estudo dos
elementos básicos diferentes da língua de sinais.
QUE-HORAS? / QUANTAS-HORAS?
Para se referir a horas aponta-se para o pulso e relaciona-se o numeral para o
número desejado.
Ex.:
CURSO COMEÇAR QUE-HORAS AQUI (interrogação)
Resposta: CURSO COMEÇAR HORAS DUAS.
Como não há distinção entre um e outro, o contexto é que sugere, através das
expressões faciais e corporais, quando estão sendo usados em frases
interrogativas ou explicativas.
e) Pronomes indefinidos:
NINGUÉM (igual ao sinal acabar): usado apenas para pessoa;
NINGUÉM / NADA (1) (mãos abertas passando uma na outra): é usado
para pessoas e coisas;
NENHUM (1) / NADA (2) (CM [F] balança-se a mão) é utilizado para
pessoas e coisas e pode ter o sentido de "não ter";
NENHUM (2) / POUQUINHO (CM [F] palma da mão virada para cima):
é um apoio para a frase negativa e pode vir após NADA.
6. OS PARES MÍNIMOS
Como nas línguas orais, um sinal pode se diferenciar de outro por apenas um
traço diferente. Assim, na LIBRAS, basta modificarmos a configuração de
mãos de um determinado sinal, e manter os demais parâmetros, para termos
outro item lexical. Observe a representação dos itens lexicais:
a) Quanto ao movimento
QUEIJO/RIR
ACUSAR/ADMIRAR
c) Quanto à locação
APRENDER/SÁBADO
QUEIJO/FEIO
AZAR/DESCULPA
EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS
Ex.:
Verbos direcionais que fazem parte do objeto
Ex.:
TROCAR
TROCAR-SOCO/TROCAR-BEIJO/TROCAR-TIRO/TROCAR-COPO
c) Verbos espaciais (+loc) - são verbos que têm afixos locativos.
Exemplos dessa classe são COLOCAR, IR CHEGAR.
d) Verbos Instrumentais
Os verbos instrumentais são outro grupo especial de verbos da LIBRAS. Esse
grupo de verbos é mais complexo e exige que vocês se atentem para poder
compreendê-los e usá-los adequadamente. Em português não existe nada
parecido.
EX:
CORTAR-FACA CORTAR-TESOURA CORTAR-GUILHOTINA
A ORDEM DA FRASE NA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA
TOPICALIZAÇÃO
Consiste em colocar o tema do discurso, que apresenta uma ênfase especial,
no início da frase, seguindo-se comentário sobre esse tema.
Por outro lado, a topicalização também pode alterar a ordem básica –
SVO. Sendo OSV
FOCO
Observem:
LIBRAS: EU PERDER LIVRO <PERDER>.
EU (PERDER) LIVRO PERDER.
LIBRAS PRATOS-EMPILHADOS
Cl Verbo em localização
12. ROLE-PLAY