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EXEGESE TEOLOGICA

DEPARTAMENTO DE TEOLOGIA

PROFESSOR ROSSI AGUIAR


ESPECIALISTA

1
EXEGESE TEOLOGICA
EMENTA: Introdução a EXEGESE BÍBLICA demonstrando a importância de entender que as
Escrituras Sagradas em suas diversas traduções devem ser analisadas com o devido cuidando para
não haver erros de interpretação. Facilitar aos discentes dispositivos necessários à compreensão
dos textos Bíblicos, apresentando métodos específicos de interpretação.
OBJETIVO: Levar a uma compreensão mais próxima dos Textos Originais mantendo-se fiel ao
conteúdo primário do material ou texto abordado. Familiarizar com o texto e seu contexto, em seu
formato original interpretando-o e contextualizando de maneira séria e segura.

INTRODUÇÃO

A relação entre Teologia e Exegese é de grande relevância e tem sido tematizada de modos
variados, que se movem entre dois extremos, que vão desde a aceitação dos textos bíblicos como
critério para avaliar a realidade histórica até a rejeição completa da possibilidade de a Bíblia ser
considerada uma fonte atendível para o historiador. Uma distinção de base apresenta-se como
necessária para se enfrentar esta temática: a percepção da distância entre fato e relato (textos
escritos). O fato como tal pertence ao passado e não pode mais ser atingido em si mesmo. A
narração exegética do fato procura trazê-lo para o presente, ao mesmo tempo conseguindo
compreende-lo no seu propósito do passado, dando ao texto sua verdadeira intenção mas implica
sempre uma interpretação. Isto significa que não se pode passar linearmente de uma para outra
grandeza. Se a interpretação é mediadora entre o fato e o sujeito que hoje sobre ele se debruça, duas
perguntas se impõem: se é possível conhecer o dado histórico tal como ocorreu – no caso da
Escritura, se a Bíblia dá acesso à realidade histórica; e como devem ser abordados os textos da
Escritura. Estes dois pontos serão aqui considerados em suas coordenadas mais gerais e de
princípio. Primeiramente serão tecidas considerações sobre o chamado método histórico de análise
dos textos bíblicos; em seguida, sobre o interesse histórico na leitura da Escritura. Estes dois pontos
serão precedidos da apresentação de alguns pressupostos exegéticos.
Nosso objetivo visa compreender e definir Exegese e Teologia, afim de responder e alcançar
um auxílio a grandeza da pesquisa acadêmica teológica, usando do método bibliográfico, a partir de
definições diversas para garantir a cooperação adequada que a Exegese estabelece na Teologia.

1. DEFININDO EXEGESE

1.1 DISTINÇÕES ENTRE EXEGESE E HERMENÊUTICA.

É fundamental que o estudioso das Escrituras admita que exegese não é fim, mas meio de se
alcançar uma teologia sólida e uma exposição relevante da Palavra de Deus em nosso tempo.
No campo do empreendimento interpretativo das Escrituras, as duas disciplinas são
essenciais para a análise do texto e na sua compreensão, seriam dois recursos indispensáveis nesse
processo. Enquanto a Hermenêutica fornece os princípios, regras e informa sobre as características
do texto bíblico, já a Exegese procura trabalhar diretamente com ele. Procura descortiná-lo,
seguindo alguns passos e usando, inclusive, princípios fornecidos pela própria Hermenêutica.
Assim, a Hermenêutica, pode ser comparada a uma espécie de lei e manual de todo processo
interpretativo, ao passo que a Exegese seria uma prática de toda as normas estabelecidas,
2
denominaríamos o fazer de fato. O exegeta é aquele que faz uma espécie de "dissecação do texto
bíblico", buscando inclusive nos pormenores, vendo o que o leitor comum geralmente não percebe e
trazendo à tona o sentido exato do texto, ou o sentido original pretendido pelo autor. Faz assim uma
busca laboriosa e se alegra com a descoberta que faz. Seu exaustivo trabalho é recompensado pelo
tesouro que traz à tona.
1.2 DEFININDO O TERMO EXEGESE

O primeiro exemplo de definição podemos citar Wegner:

A exegese consiste em compreender um ou mais textos bíblicos em sua forma e


em sua essência, através de um trabalho minucioso de explicação e interpretação,
usando vários recursos e instrumentos científicos para entender os contextos
histórico e literário do texto sagrado. A exegese distingue-se de outras
1
interpretações bíblicas pelo seu caráter mais científico, detalhado e aprofundado .

Para Silva na exegese.


Busca-se, neste nível, compreender o texto bíblico em si mesmo: as ideais, as intenções, a
2
forma literária de um texto específico e suas relações formais com outros textos.

Aquino nos dá uma definição a qual Exegese seria mais usualmente aplicada no cotidiano
teológico, “A palavra exegese tem duas acepções que nos interessam a pesquisa empreendida por
alguém, visando extrair de um texto antigo o seu significado correto” 3.
De forma conclusiva de estabelecer uma definição Stuart consegue resumir concretamente
defini-la como.
Uma exegese é um estudo analítico completo de uma passagem bíblica, feito de
tal forma que se chega à sua interpretação útil. Uma exegese é uma tarefa
teológica, mas não mística. Existem certas regras e padrões sobre como fazê-la,
embora os resultados possam variar em aparência, uma vez que as próprias
4
passagens bíblicas variam bastante entre si.

Continuando Stuart.
Exegese, portanto, responde à seguinte questão: Qual era o significado que o
autor bíblico queria comunicar? Exegese refere-se tanto ao que ele disse (o
contexto propriamente dito) quanto a por que ele o disse num determinado lugar (o
contexto literário) — na medida em que isso pode ser descoberto, dada nossa
distância em tempo, linguagem e cultura. Além disso, a exegese ocupa-se,
fundamentalmente, com a intencionalidade: O que o autor bíblico tencionava que
5
seus leitores originais compreendessem?

Do ponto de vista estrito, portanto, a pesquisa exegética visa trazer à tona o significado de
um texto antigo, conforme o autor original pretendeu transmiti-lo aos seus leitores originais. Como
cremos, entretanto, que a Bíblia é a palavra de Deus escrita para todas as épocas, logo, temos o
dever de atualizar o significado do texto para a nossa época e, à luz dos demais textos das
1
WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. São Leopoldo (RS): Editora Sinodal e Paulus,
2005 (4ª Edição), p. 23.
2
SILVA, Cássio Murilo Dias da Metodologia de exegese bíblica . São Paulo: Paulinas, 2000.
3
AQUINO, João Paulo Thomaz de. Exegese: O que é e como fazer? Texto disponível na internet, pelo site
https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2015/10/exegese-o-que-c3a9-e-como-fazer.pdf.
4
STUART, Douglas. FEE, Gordon D. Manual de Exegese bíblica; tradução Estevan Kirschner e Daniel de Oliveira. São
Paulo : Vida Nova, 2008, p 23
5
STUART, p 25
3
Escrituras, transformar este ensino em regra de fé (teologia, ortodoxia) e regra de prática
(ortopraxia).
Podemos desta forma estabelecer que Exegese não é tradução. A despeito de o hebraico e o
grego bíblicos não serem mais línguas faladas em nossos dias, judeus e gregos, ao menos em tese,
quando tratam respectivamente do AT e do NT, não precisam de tradução, embora precisem de
exegese, como todos os estudiosos da Bíblia. Tradução é necessária, como passo prévio à exegese,
para não falantes da língua-fonte e/ou para a comunicação do exegeta com não falantes dessa
língua; tradução não é, em si, exegese.
Poderíamos ainda afirmar que Exegese é distinta de hermenêutica. Esta trata dos princípios
e normas da interpretação, aquela da prática da interpretação, dos passos concretos dados no
trabalho interpretativo. Pode-se dizer que exegese está para hermenêutica assim como prática está
para teoria. Exegese é prática hermenêutica (interpretativa), pela aplicação dos princípios e normas
da ciência hermenêutica (teórica).
Outro fator que precisa se estabelecer que a Exegese se distingue de teologia. Esta se faz a
partir de conceitos, não necessariamente a partir da análise de textos, embora o devesse fazer, no
momento atual do labor teológico. A boa teologia é aquela feita a partir de conceitos extraídos dos
textos bíblicos. E aqui é bom dizer que exegese, embora distinta de teologia, não se dissocia desta;
pois exegese é necessária, mas não suficiente. Em termos ideais, o exegeta deveria ser também
teólogo, para que seu trabalho de interpretação esteja completo.
Entendemos por fim que a Exegese como uma ciência, que tem objeto e método próprios.
Seu objeto são os textos, em nosso caso, os textos bíblicos. Seu método por excelência é o histórico-
crítico, do qual falaremos adiante.
Vale lembrar de passagem que exegese não é ciência apenas bíblica. Pois todo texto precisa
de interpretação: o jurídico, o literário, o filosófico etc.
Exegese é também arte. Aqui entram talentos, sensibilidades, insights pessoais e próprios do
exegeta, todos relevantes no processo interpretativo. Necessita de criatividade, ao analisar o texto, o
exegeta se defronta de uma tarefa que levará compreender a intenção de quem a escreveu
Embora a observação do trabalho de outros seja importante no aprendizado da exegese, esta
só se aprende mesmo fazendo, ou seja, com a experiência, com a colocação em prática da ciência e
da arte exegéticas. É como tudo na vida.
Exegese é análise detalhada de um texto sob vários ângulos (o textual, o literário, o dos
motivos/temas, o do processo de composição), a fim de extrair dele sua mensagem. Importante é a
distinção entre exegese (condução para fora) e eisegese (condução para dentro). Exegese é aquilo
que, como teólogos e pregadores sérios, devemos praticar, respeitando o texto, seu autor e sua
intenção, seu contexto e sua forma, seu conteúdo e seu sentido.
O trabalho exegético é, portanto, o relatório escrito da pesquisa exegética empreendida pelo
estudioso. Como em outros trabalhos acadêmicos, é evidente que nem tudo o que foi pesquisado e
produzido durante o processo da pesquisa deve aparecer no trabalho escrito, mas somente o
conteúdo importante à compreensão e explicação do texto, aquilo que for relevante, desconhecido
ou original e as conclusões da pesquisa, ou seja, as respostas para os problemas que o texto oferece.

1.3 OUTROS TERMOS GREGOS PARA COMPREENSÃO DE EXEGESE.

Nas Escrituras, neste caso ficaremos restritos nas expressões encontradas no Novo
Testamento, podemos compreender corretamente a intenção exegéticas na Teologia. Comecemos
4
com diasaphes (διασαφεσ ) que pode ser encontrada em Mt 13.36; 18.31, e significa ‘deixar claro’,
outra expressão encontrada dysermeneutos (δυσερμενεωθος ) dizer coisas difíceis Hb.5.11. EPÓ
(επο) tem o sentido de explicar Lc.22.10; 24.19; Jo. 12.30; diermenéuó (διερμενεωο) tem mais
haver com traduzir de um idioma para outro, ou trazer o significa de um idioma para outro At.9.36,
outra palavra grega que diz respeito de interpretar de um idioma para outro methermenomai
(μεθερμονομαι) pode significar transliterar um nome ou termo idiomático para outra língua
Mt.1.23; Mc. 5.41; Jo. 1.38, 41; At.4.36; trazendo a ideia do da intenção do estudo da exegese para
o pesquisador teológico.

2. TEOLOGIA BÍBLICA: O OBJETIVO DA EXEGESE.

2.1 DEFININDO TEOLOGIA SISTEMÁTICA.

Não é uma tarefa fácil definir teologia nos tempos atuais, mas antes de ser por nós definida
precisamos nos definir qual seja a nossa posição teológica aí então teremos a definição de teologia,
normalmente teologia se definiu com as seguintes expressões: “O discurso concernente a DEUS”;
“A ciência do sobrenatural”; “A ciência da religião”; “O estudo sobre DEUS”6.
Etimologicamente falando, o termo” teologia “vem do vocábulo grego “theos”, que
significa “deus”, e “logos” que denota” estudo”. Da origem grega, a palavra teologia quer dizer
simplesmente “estudos sobre Deus”. Embora não encontremos nas Escrituras a palavra teologia, ela
é bíblica em seu caráter. Em Rm.3:2 encontramos a logia tou Theou (declarações de Deus)7; em
1ªPe.4:11 encontramos logia Theou (declaração de Deus)8, e em Lc.8:21 temos ton Logon tou
Theou (a Palavra de Deus)9.
Atualmente alguns teólogos tem desenvolvido opiniões e definições que vem melhorando o
sentido e significado de teologia vejamos alguns, O Pr. Antonio Gilberto, teólogo renomado das
Assembleias de Deus no Brasil, ao definir teologia fala de dois sentidos, o denotativo que é o estudo
do caráter dos atributos e operações de DEUS, e o sentido conotativo que é o estudo das doutrinas
bíblicas referentes a DEUS e ao homem10. Ernest Kevan define com as seguintes palavras “A
ciência de DEUS segundo ELE se revelou em Sua palavra”11. Charles Hodge, teólogo
estadunidense expressou desta forma, “A apresentação dos fatos da Escritura, em sua ordem e
relação progressiva”12, já Strong define “A ciência de DEUS e dos relacionamentos de DEUS com
o universo”13. W.G.T. Shedd “Uma ciência que se preocupa com o Infinito e o Finito, com DEUS e
com universo. O material , portanto, que abrange é mais vasto que qualquer outra ciência. Também
é a mais necessária de todas as ciências”14, Agostinho, teólogo renomado no período patrística,
formulou a seguinte frase “A discussão racional referente à divindade.”, Paul Tillich, teólogo
alemão da linha liberal com perspectiva existencialista, “A interpretação metódica dos conteúdos da

6
Berkhof, Louis. Teologia Sistemática, Ed Cultura Cristã, S Paulo, 2010.
7
GOMES, Paulo Sérgio. OLIVETTI, Odayr. Novo Testamento Analítico Grego-Português – Texto majoritário com
aparato crítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
8
GOMES.
9
GOMES.
10
GILBERTO, Antônio. Apostila sobre Santificação, 1988. Palestra realizada na Assembleia de Deus na Piam, 1991.
11
ROLDÁN, Alberto Fernando. Para Que serve a Teologia? Tradç. Hans Udo Fuchs. Curitiba, Ed Descoberta, 200, p. 19.
12
Idem.
13
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia sistemática; tradução Augusto Victorino. São Paulo : Hagnos, 2003 P. 21.
14
SHEDD, W.G.T. Teologia Sistemática Tomo 1, Ed Teológica, 2009, p. 33.
5
fé cristã”15, e Karl Barth, pai da neo-ortodoxia, “Dogmática é a ciência na qual a igreja , segundo o
estado atual do seu conhecimento, expõe o conteúdo de sua mensagem , criticamente, isto é,
avaliando-o por meio das Escrituras e guiando-se por seus escritos confessionais.”,16 Julio Andrade
Ferreira apresenta como “reflexão sistemática sobre a realidade da revelação cristã”,17 e por último
Wayne Grudem “Teologia sistemática é qualquer estudo que responda a pergunta ‘O que a Bíblia
como um todo nos ensina hoje?’ Acerca de qualquer tópico”18.

2.2 O OBJETO DA TEOLOGIA.

O objeto da fé será sempre Deus. O objetivo da teologia é alcançar o homem que tem fé, e
responder e proporcionar a esta fé, entendimento, compreensão e razão de sua ação. A teologia,
justamente por conta de seu objeto, tem ao mesmo possui tanto um caráter individual como um
caráter universal, isto é, é uma atividade de homens individuais, mas dirigida para toda a
humanidade, por seu objeto não aceita nenhuma determinação geográfica. O teólogo é,
simultaneamente, objeto e sujeito teológico, em ambos os casos, o sujeito de conhecimento é o
homem.19
Teologia é então o estudo (logia) da fé do homem em Deus e não de Deus enquanto Ele em
si mesmo. No cristianismo Deus teria se tornado, em Jesus Cristo, uma manifestação humano-
histórica e temporal. Jesus seria finito enquanto filho do homem, mas, ao mesmo tempo, seria
também o próprio Deus só que encarnado, tornando-se assim, ainda que enquanto Deus, passível de
estudo, porém, no limite da sua natureza humana. É possível fazer teologia, pois tudo que é passível
de conhecimento pode ser abarcado pelo homem.

2.3 MODELOS DE TEOLOGIAS.

2.3.1 Teologia sistemática


Organização sistemática da teologia, “sistemática” se refere a algo que colocamos em um
sistema. Teologia sistemática é, então, a divisão da Teologia em sistemas que explicam suas várias
áreas. É o estudo das coisas de Deus de uma maneira sistemática e ordenada, onde não apenas
consideramos o que esse e aquele texto dizem, mas onde consideramos tudo o que a Palavra diz
sobre a revelação, depois tudo o que a Palavra nos diz sobre quem Deus é, depois tudo o que a
Palavra nos diz sobre quem Jesus é, e depois tudo o que ele fez por nós. Depois, a teologia
sistemática prossegue para considerar a doutrina do homem, do pecado, da santificação, dos
sacramentos, da igreja e do fim dos tempos. Teologia sistemática é uma maneira de olhar para a
revelação de Deus que fortemente afirma a coerência e consistência de tudo o que Deus revela. É
uma tentativa de colocar todos os textos em seu contexto último — todos os outros textos.20

2.3.2 Teologia Histórica

15
ROLDÁN.
16
ROLDÁN.
17
FERREIRA, Julio Andrade. Antologia Teológica, Fonte Editorial, 2005, P. 29.
18
GRUDEM, Wayne. Manual De Teologia Sistemática, Ed Vida, 2001, p.33.
19
GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, 1046p.
20
ENNS, Paul. Manual Teologia Moody. Tradução Élcio Bernardino Correia; Ed IBR. 2010, p. 160.
6
O estudo das doutrinas e como elas se desenvolveram através dos séculos da igreja cristã. A
teologia histórica é o ramo da teologia que busca investigar as circunstâncias históricas em que as
ideias se desenvolveram ou foram especificamente formuladas. Seu objetivo é desvendar a ligação
que há entre contexto e teologia.21

2.3.3 Teologia Dogmática


Estudo das doutrinas de certos grupos cristãos que possuem doutrinas sistematizadas, por
exemplo a Teologia Calvinista, Luterana, Anglicana, Pentecostal, Arminiana e Dispensacional. A
Teologia Contemporânea é o estudo das doutrinas que se desenvolveram ou têm estado em foco
recentemente.22

2.3.4 Teologia Bíblica


É estudar um certo livro (ou livros) da Bíblia e enfatizar os diferentes aspectos da Teologia
que ele focaliza. parte unicamente das Escrituras e procura prescindir da filosofia e da teologia
sistemática, organizando os dados bíblicos a partir da lógica interna do pensamento bíblico. É
essencialmente descritiva, mas pode também tornar-se normativa quando pergunta qual o valor do
texto bíblico para o intérprete de hoje.23

3. MÉTODOS DE EXEGESES CONTEMPORÂNEOS

3.1 Método Histórico Crítico

Segundo Kaiser e Silva o campo da interpretação bíblica sofreu mudanças dramáticas


durante o século XX, e grande parte dessas mudanças ocorreu devido a obras de eruditos como Karl
Barth e Rudolf Bultmann e também ao desenvolvimento de outros campos de estudo, como acrítica
literária, a filosofia e até mesmo a ciência.24 Em grande medida, essas mudanças assinalaram uma
reação ao método histórico-crítico que floresceu no século XIX. Esse método ressaltou de tal
maneira o significado histórico da Bíblia que parecia excluir a sua relevância para o presente.
Muitos estudiosos da Bíblia, inclusive importantes eruditos, têm rejeitado esse método com
base no fato de que ele é incompatível com o caráter divino da Escritura. É aqui que começa a
confusão, já que o rótulo histórico-crítico não é usado por todos exatamente com o mesmo sentido.
Os estudiosos que rejeitam o método — normalmente chamados de conservadores ou evangélicos
— certamente não fazem objeção a uma leitura histórica da Bíblia . Muito pelo contrário, eles estão
entre os que mais têm dado apoio ao sentido histórico e autorial, em oposição às tendências atuais.

3.2 Método Nova Crítica

Surgimento da chamada Nova Crítica (nos estudos literários americanos) deslocou a atenção
para o entendimento de que os textos literários têm significado em si mesmos, ou seja,
independentemente da intenção original do autor. Especialmente quando aplicada à Bíblia, essa

21
ENNS, p. 499.
22
ENNS, p. 574.
23
ENNS, p. 20
24
KAISER, Walter. SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. Tradução Paulo César Nunes dos Santos,
Tarcício José Freitas de Carvalho e Suzana Klassen. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002, p.228.
7
abordagem minimiza a historicidade das narrativas. Além disso, a crescente ênfase no papel do
leitor tem injetado um forte elemento de subjetividade no trabalho de interpretação. Embora possa
ser verdadeiro que não devemos identificar o significado do texto total e exclusivamente com o que
o autor conscientemente pretendeu comunicar, ainda assim é um sério erro dispensar o conceito da
intenção autorial ou mesmo relegá-lo a uma posição secundária.

3.3 Método Fundamentalista.

Fundamentalismo tem sua raiz no verbo “fundamentar”, “fundar”, que significa construir,
erigir, edificar desde os alicerces, basear, consolidar. Daí, “fundamentar”, que é o mesmo que lançar
os fundamentos de; estabelecer em bases sólidas; justificar.25
Diante dessa busca, pode-se falar em fundamentalismos e/ou diversificadas experiências
fundamentalistas. Por isso, do ponto de vista conceitual, o termo “fundamentalismo” vem sendo
empregado em situações diversas, tanto no campo religioso, como nos campos político, econômico
e técnico-científico.
O Fundamentalismo, portanto, não é uma doutrina, mas uma forma de interpretar e viver a
doutrina. É assumir a letra das doutrinas e normas sem cuidar de seu espírito e de sua inserção no
processo sempre cambiante da história, postura que exige contínuas interpretações e atualizações,
exatamente para manter sua verdade originária. A característica principal do Fundamentalismo
religioso é sua forma de interpretar seus textos considerados “sagrados”. Fundamentalismo não se
interessa por uma compreensão crítica da Bíblia, mas tem como objetivo assegurar e tornar
infalíveis determinadas ideias, posições e doutrinas preconcebidas e bem definidas, valendo-se da
Bíblia. A exegese está destinada a confirmar com autoridade divina o que o movimento já havia
fixado previamente como seus objetivos.

3.4 A EXEGESE E A FORMAÇÃ DA TEOLOGIA BÍBLICA.

Exegese precisa levar em consideração a enorme distância temporal/histórica (em alguns


casos, também espacial/geográfica) e, sobretudo, cultural que existe entre os textos bíblicos e nós,
pessoas de outra época e cultura. Embora, como cristãos, tenhamos a convicção de que a mensagem
da Bíblia se destina a todas as pessoas, de todos os tempos e lugares e culturas, necessário a
consciência clara de que não somos seus primeiros destinatários, lembrando sempre que a Bíblia
não foi escrita em nossa língua e em nossa cultura, o que implica grande atenção e esforço para
superar a distância que medeia entre o texto bíblico e nós.
Exegese neste sentido cria uma dependência que se apresenta com o auxílio de várias
ciências humanas (história, geografia, arqueologia, paleografia, história das religiões comparadas,
entre outras). Isto é assim porque a distância que há entre a Bíblia e nós não pode ser devidamente
transposta pelo mero recurso a uma investigação restrita ao âmbito literário interno à Bíblia. Não
basta ler e buscar interpretar a Bíblia em si mesma, isolada do contexto histórico e cultural em que
foi produzida. Não se deve fazer exegese sem se entrar em diálogo com outras ciências humanas,
que nos ajudam a conhecer e compreender o mundo da Bíblia.

25
MENDONÇA, Antônio Gouveia; VELASQUES FILHO, Prócoro. Introdução ao Protestantismo no Brasil.
São Paulo: Loyola, 1990a. p. 111-132.
8
Exegese busca interpretação objetiva dos textos, a mais objetiva possível. O exegeta sabe
que a objetividade absoluta é impossível, constituindo-se uma ilusão. Há condicionamentos que
limitam a prática exegética, como de resto qualquer outra tarefa investigativa humana. Há pré-
compreensões que inevitavelmente são trazidas para a atividade de interpretação de qualquer texto,
e neste caso ninguém consegue uma neutralidade desejada; no caso da interpretação de textos
bíblicos, estas pré-compreensões incluem também aquelas que fazem parte do cabedal doutrinário e
teológico da comunidade de fé a que pertence o exegeta26. Mas isso não significa que a objetividade
não possa ou não deva ser buscada, antes deve–se busca-la. Ela permanece como ideal a guiar o
trabalho do exegeta, que deve realizar seu mister com plena consciência de seus condicionamentos
e de suas pré-compreensões, para que eles o influenciem o mínimo possível.
Importa, antes e acima de tudo, ter em vista que exegese está a serviço da fé, tanto no nível
da espiritualidade (fé vivida) quanto no da teologia (fé pensada). Não é um fim em si mesmo, mas
uma tarefa auxiliar, subsidiária ao labor teológico da comunidade e à melhor compreensão e
colocação em prática das exigências da vida religiosa.
O problema constante da Exegese consiste em saber se é possível ou não resgatar o sentido
original do texto com base no próprio texto. Por isso, questões sobre significado textual e
interpretação estão no centro do debate sobre a natureza e o método da teologia bíblica.
Teologia bíblica e Exegese alcançaram posição de disciplinas acadêmicas independentes
aproximadamente na mesma época, no século XVIII.27 A ligação entre as duas disciplinas, no
entanto, é muito mais que um mero acaso, pois a interpretação bíblica sem a teologia bíblica é
(teologicamente) vazia, e a teologia bíblica sem a interpretação bíblica é (exegeticamente) ingênua.
Portanto, não é exagero afirmar que os rumos da teologia bíblica na virada do novo milênio estão
inseparavelmente relacionados.
A viabilidade da teologia bíblica como disciplina depende da habilidade de interpretar textos
bíblicos “com base neles mesmos”. Foi isso que separou a teologia bíblica das Teologia Sistemática
e da teologia dogmática , à medida que ambas partem das confissões da igreja, e não do cânon
bíblico.
Contudo, a exegese também contribui com o projeto da teologia bíblica ao indicar mais
claramente com o os textos (graças em grande parte à sua forma literária), apesar de tudo,
comunicam algo atravessando distâncias, de modo com plexo e, muitas vezes, sutil.
A tarefa da exegese bíblica, e consequentemente a da teologia bíblica, consiste em entender
o testemunho bíblico segundo o que ele mesmo afirma. Apesar da suspeita dos métodos críticos,
que alegam a impossibilidade de se fazer corretamente, ou se esta é a exigência no mundo pós-
moderno, se estabelecem contra toda alegação de uma interpretação correta, uma série de
desenvolvimentos recentes na exegese, como também dentro da hermenêutica. mostra com o a
teologia bíblica pode cumprir seu papel de disciplina mediadora decisiva entre os estudos bíblicos e
a teologia sistemática.
Com certeza, o próprio nome “teologia bíblica” sugere a possibilidade (e realidade) de
existirem teologias não bíblicas, e de estudos da Bíblia menos teológicos. Portanto, onde se situa o
teólogo bíblico em relação ao muro que separa o trabalho do exegeta acadêmico do trabalho do

26
KAISER, Walter. SILVA, Moisés. Introdução à Hermenutica Bíbica. Tradução Paulo César Nunes dos Santos,
Tarcício José Freitas de Carvalho e Suzana Klassen. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002, p.27.
27
ALEXADER, T. Desmond, ROSNER, Brian S. (editores). CARSN, D. A. GOLDSWORTHY Graeme editores consultores
CARTER, Steve editor e organizador Novo dicionário de teologia bíblica; tradução: William Lane; prefácio à ed.
brasileira João Alves dos Santos. São Paulo: Editora Vida, 2009, P. 72-77.
9
teólogo confessional? O desafio, e a esperança, em tratar da exegese e da teologia bíblica juntas é
encontrar um modo de leitura da Bíblia que não vá distorcer as Escrituras, lendo-as simplesmente
para confirmar a teologia dogmática do leitor; nem tendo a presunção de que irá conseguir esgotar
as Escrituras de seu sentido teológico, lendo-as somente por um ângulo histórico-crítico. Na melhor
das hipóteses, a teologia bíblica transpõe a ruptura escancarada (na verdade, uma ferida aberta)
entre, de um lado, uma crítica histórica teologicamente empobrecida e, de outro, uma leitura das
Escrituras cristãs motivada eclesiasticamente.
A teoria da formação fragmentada das Escrituras, se esbarra na imposição exegética de uma
leitura literal das Escrituras, pois ao forçar uma perspectiva critica pós-moderna, este autor
inviabilizará as Escrituras, como também uma Teologia Bíblica. Desenvolvendo uma outra
doutrina, que seria não cristã com isto uma outra religião, que também não seria o cristianismo, que
a única unidade entre estes dois segmentos ( o liberalismo teológico e a ortodoxia reformada) seria
exatamente a Bíblia, e só. Mas de que ambos produziriam perspectivas distintas, e contraditória, e
opostas.
Alguns críticos bíblicos procuram fixar a autoridade nas experiências religiosas
historicamente reconstruídas expressas no texto. Entretanto , essa abordagem provoca dois
problemas, conforme apresentado por Vanhoozer.

Primeiro, situa a autoridade atrás do texto, isto é, em outro lugar além do próprio texto. E m
segundo lugar, não explica por que as experiências e crenças religiosas do povo antigo
devam ser obrigatórias para o povo de hoje. É verdade que a Bíblia está repleta de grãos
fascinantes para o moinho do historiador e antropólogo cultural, mas com o os cristãos
estão buscando a palavra de Deus para separar o joio do trigo? Acadêmicos bíblicos
modernos, portanto, buscam uma alquimia hermenêutica que de alguma maneira
transformará a escória da religião historicamente condicionada em ouro da teologia pura. A
“demitização” de R. Bultmann, por exemplo, foi um processo hermenêutico que reformulou
e recondicionou o querigma nos termos da filosofia existencial, abstraindo verdades
atemporais da existência humana das histórias “primitivas” que formam a maior parte do N
T . Essa alquimia tem mais magia hermenêutica que ciência. A demitização de Bultmann às
vezes parece tão arbitrária quanto alegorização cristã primitiva28

A tarefa da teologia bíblica, com o tem sido tradicionalmente entendida e como é definida na
presente obra, consiste em apresentar a teologia da Bíblia — as partes e o todo — de um modo que
permita aos textos, em toda a sua peculiaridade e particularidade, estabelecerem as regras. Em
resumo, a teologia bíblica é uma tentativa de oferecer um relato holístico porém histórico, do
testemunho bíblico do Deus de Israel e de Jesus Cristo. Mas o que exatamente essa tentativa
envolve? Como iniciar a apresentação da teologia da Bíblia? Faz diferença, por exemplo, se quem a
apresenta é historiador ou cristão? Parafraseando a pergunta de Bultmann ao exegeta: é possível um
a teologia bíblica sem pressuposições?
Exegese é interpretação, busca de sentido de um texto. O sentido é único, e é alcançado pela
leitura literal do texto. Outras leituras, para que tenham validade, não podem contradizer o sentido
literal do texto.
Exegese demanda conhecer a intenção do autor, os gêneros literários empregados por ele, o
contexto histórico no qual e para o qual escreveu, e todas as etapas do desenvolvimento do texto

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VANHOOZER, Kevin J. Há um significado neste texto? Interpretação bíblica: os enfoques contemporâneos;
tradução Álvaro Hattnher — São Paulo : Editora Vida, 2005, p. 29.
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que se possam discernir, se queremos descobrir a verdade do texto. Esta é estabelecida pelo texto,
não pelo leitor. É preciso deixar que o texto fale, mesmo contra o leitor. Cabe ao leitor buscar ouvir
o que o texto tem a dizer, não o que ele leitor quer ouvir.
Exegese tem como finalidade colaborar na busca da inteligência da fé. Fides quaerens
intellectum, a fé está em busca da compreensão, segundo o moto de Santo Anselmo. E nada pode
nos auxiliar mais nessa empresa do que uma exegese bem realizada.
Exegese não é fim em mesmo, mas meio, instrumento a serviço da construção teológica. De
fato, exegese é a base da teologia.
Exegese, como toda e qualquer ciência, se faz com método científico, o que significa dizer, a
posição de conceber nas Escrituras uma verificação literal não retira dela sua visualização científica,
mas a corrobora, trazendo seu sentido final a fé do homem, nisto a exegese irá colaborar de forma
formidável, a Teologia , a fé e a ciência, pois satisfaz a ambos. O método científico tem limites. O
próprio saber científico não é o único legítimo. Contudo, embora não suficiente, a exegese científica
é necessária e mesmo imprescindível para que possamos conhecer e viver a nossa fé, e dar razão da
nossa esperança no séc. XXI da melhor maneira que pudermos, como buscaram também fazer, em
seu tempo e com os melhores instrumentos de que dispunham, aqueles que vieram antes de nós, e
em cujos passos seguimos.

4. COMO FAZER UMA EXEGESE

4.1. Introdução–O objetivo principal de uma introdução é apresentar o teu trabalho, de tal forma que
desperte a atenção do leitor. Em suma, você deve convencer o leitor que valerá a pena gastar tempo
para ler o seu trabalho, ou seja, você apresentará a relevância do mesmo. Parte disso, será a
apresentação de uma declaração clara, explícita e concisa da ideia exegética do seu texto. A ideia
exegética é a proposição (tese, afirmação principal) do texto, ou seja, o que o texto ensina. A
relevância pode ser justificada nas áreas pessoal (importância para você), eclesiástica (para a
igreja), acadêmica (para os estudos), missional (para os não cristãos) e doxológica (como o texto
contribui para a glória de Deus). Comece o papel com uma introdução afirmando qual perícope
bíblica serão analisados.

4.2.Questões textual e tradução


O passo inicial no estudo de uma passagem é estabelecer, tanto quanto possível o texto “original”.
Esta etapa envolve o uso do método da crítica textual, para determinar a formulação da texto.
Discutir quaisquer problemas textuais presentes na passagem. Se não houver problemas textuais
aparente, simplesmente dizê-lo e seguir em frente. No entanto, se houver, que problemas
interpretativos são levantadas por estes e quais as soluções que parecem as mais adequadas. Que
leitura você vai adotar? Que a tradução constitui a base da sua exegese? Este estudo vai abordar
aspectos históricos, literários e teológicos que mais luz sobre o texto estudado.

4.2.1 Contexto Histórico da Passagem – nesta seção você vai apresentar informações históricas,
geográficas, econômicas, políticas, religiosas e culturais que sejam relevantes para a interpretação
do texto escolhido. Não se tem em vista, aqui, a priori, informações sobre autoria, destinatários e
local de escrita, peculiares da introdução e análise de cada livro, mas informações especificamente
relacionadas à perícope em tela.
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4.2.2 Contexto Literário da Passagem – você deverá analisar o contexto literário a partir de vários
níveis. Deve começar com o contexto literário do livro como um todo, demonstrando como a sua
perícope se relaciona com a mensagem de todo o livro. Em seguida, após adotar um esboço do livro
como um todo ou de criar o seu, você deve demonstrar a importância de sua perícope na grande
seção à qual ela pertence e vice-versa, ou seja, você analisará a relação entre o contexto remoto e o
seu texto. Na terceira parte desta seção, você analisará o contexto literário próximo, ou seja, o papel
de seu texto na pequena seção à qual pertence. A última parte desta seção será a elaboração de um
gráfico do contexto literário próximo, que mostre graficamente aquilo que você descreveu no ponto
1.2.3.

4.2.3 Contexto Canônico – A última parte do estudo contextual é a apresentação sucinta do contexto
canônico, ou seja, os textos bíblicos mais diretamente relacionados ao teu texto. Este tópico deverá
ser dividido em passagens do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Este tópico remete àquilo
que os reformadores chamavam de analogia e scripturae (analogia das Escrituras) ou analogia da fé
e está relacionado com a regra hermenêutica magna de que a Bíblia é a melhor intérprete de si
mesma. Em vez de simplesmente fazer uma lista de textos, você deverá demonstrar brevemente
qual é a relação do texto citado com o seu texto. Não é necessário transcrever o texto, mas apenas
referenciá-lo.

4.3 Estudo Textual


A próxima parte do trabalho é o estudo textual, em que o estudante vai analisar o texto
propriamente dito e sob diversos aspectos. O estudante deverá evidenciar a sua pesquisa do
estudante, bem como seu próprio trabalho de aplicação de técnicas ao texto. Apenas para relembrar,
embora não se espere do estudante interação com todas essas escolas, mas algumas das escolas e
técnicas de análise do texto com as quais o estudante pode interagir criticamente são as seguintes:
Crítica Textual; Crítica de Fontes; Crítica de Forma; Crítica da redação; Crítica da Tradição; Crítica
Radical; Crítica Canônica; Crítica [Sócio] Retórica; Crítica da narração; Exegese Feminista; Crítica
semiótica (estruturalismo) e Análise do Discurso.

4.3.1 Texto Grego – aqui o estudante vai copiar um texto grego. Ou Texto Hebraico

4.3.2 Tradução Literal do Texto - Depois de colocar o texto grego, ou hebraico o aluno deverá fazer
a sua própria tradução literal do mesmo, explicando em notas de rodapé suas opções gramaticais,
sintáticas e semânticas. A tradução deverá “dialogar” com as versões existentes em português:
ARA, ARC, NVI, BJ, Edição Contemporânea, versões católicas, NTLH, etc. O que queremos dizer
com isto é que, quando a tradução divergir de uma destas ou quando as versões divergirem entre si.

4.3.3 Tradução Dinâmica – Depois de fazer a tradução literal, o aluno deverá apresentar a sua
própria tradução dinâmica da passagem. O desafio dessa tradução é ser tão precisa quanto possível
com relação ao significado, comunicando ao mesmo tempo em bom português.

4.3.4 Esboço Mecânico do Texto – O aluno deverá apresentar um esboço mecânico do texto, tanto
em grego, quanto de sua tradução literal para o português, sendo sensível às divisões principais do

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texto. O gráfico deverá demonstrar como as partes do texto se inter-relacionam. Confira no site Isso
é Grego um passo a passo de como fazer o esboço mecânico.

4.3.5 Defesa da perícope e divisões – você vai explicar os motivos literários (gramática, convenções
epistolares, aspectos narrativos, palavras-chave, convenções retóricas, quiasmos, inclusios, etc.) que
o levaram a definir os limites da perícope e as suas principais divisões internas.

4.3.6 Comentário – Explique a passagem, não como em um sermão ou estudo bíblico, mas como em
um comentário bíblico, seguindo a estrutura proposta por você. Nesta seção você deve responder às
questões levantadas pelos “problemas” do texto e comentar tudo aquilo que é relevante a um melhor
entendimento da passagem, fazendo, inclusive, referência, quando propício, ao conteúdo anterior do
seu próprio trabalho.

4.3.7 Mensagem para a Época da Escrita – o que o autor quis transmitir aos leitores originais? Que
fim ele queria atingir através deste texto? Como os leitores/ouvintes originais devem ter recebido
esta parte do documento? Você vai responder essas perguntas em suas próprias palavras,
evidentemente, levando em consideração as informações que você levantou no contexto histórico.

4.4 ESTUDO TEOLÓGICO

A última parte de nosso trabalho, o estudo teológico do texto, acontece em decorrência de uma
pressuposição assumida pela fé de que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus e, consequentemente,
regra de fé e de prática para todos os homens, embora muitos não a reconheçam como tal. Esta parte
do estudo visa responder de forma acadêmica e profunda a pergunta: e o que esse texto antigo tem a
ver conosco hoje?

4.4.1 Mensagem para hoje – Excluindo do ensino e das aplicações do texto aquilo que era
circunstancial à época da escrita e considerando a situação contexto do estudante, qual é a lição
deste texto para hoje? É esta pergunta que deverá ser respondida nesta seção.

4.4.2 Teologia do Texto – Qual a contribuição teológica deste texto, ou seja, seu ensino para todas
as épocas?

4.4.3. Implicações para a Teologia Bíblica – nos termos técnicos e categorias da Teologia Bíblica.
Você demonstrará qual é a contribuição de sua perícope para os assuntos da TB, como, por
exemplo, reino, pacto e mediador; promessa e cumprimento; revelação de Deus como sendo
orgânica, progressiva, histórica e adaptável; teologia joanina, paulina, lucana, petrina; história de
Deus: criação, queda, redenção e consumação; entre outros.

4.4.5 Implicações para a Teologia Sistemática – com as categorias da Teologia Sistemática:


Prolegômenos; Teontologia; Antropologia; Cristologia, Soteriologia, Pneumatologia e Escatologia e
as doutrinas específicas de cada uma dessas áreas como, por exemplo, pessoa teantrópica de Cristo,
união com Cristo, angelologia; kenosis, decreto, lapso, etc.

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4.4.6 Implicações para a Teologia Prática – implicações e aplicações da passagem estudada para o
aconselhamento cristão e suas áreas específicas, educação cristã, missões urbanas e transculturais,
conceito de Missio Dei, discipulado, edificação pessoal e comunitária, homilética e poimênica.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AQUINO, João Paulo Thomaz de. Exegese: O que é e como fazer? Texto disponível na internet,
pelo site https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2015/10/exegese-o-que-c3a9-e-como-
fazer.pdf.

BERHOF, Louis. Teologia Sistemática, Ed Cultura Cristã, S Paulo, 2010.

ENNS, Paul. Manual Teologia Moody. Tradução Élcio Bernardino Correia; Ed IBR. 2010, p. 160.

FERREIRA, Julio Andrade. Antologia Teológica, Fonte Editorial, 2005, P. 29.

GOMES, Paulo Sérgio. OLIVETTI, Odayr. Novo Testamento Analítico Grego-Português –


Texto majoritário com aparato crítico. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

GRUDEM, Wayne. Manual De Teologia Sistemática, Ed Vida, 2001, p.33.

GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, 1046p.

KAISER, Walter. SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. Tradução Paulo César
Nunes dos Santos, Tarcício José Freitas de Carvalho e Suzana Klassen. São Paulo, Editora Cultura
Cristã, 2002, p.228.

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STUART, Douglas. FEE, Gordon D. Manual de Exegese bíblica; tradução Estevan Kirschner e
Daniel de Oliveira. São Paulo : Vida Nova, 2008, p 23

WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. São Leopoldo (RS):
Editora Sinodal e Paulus, 2005 (4ª Edição), p. 28.

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