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AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE QUERELAS NULLITATIS - NOVO CPC

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____________ DA COMARCA DE


__________________ - ___

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(Distribuição por dependência aos autos de n.º______________)

_______________, brasileira, estado civil, profissão, portadora do RG n.º xxxxxxxxxxxx e


CPF n.º xxxxxxxxxx, residente e domiciliada em xxxxxxx/xx, na Rua xxxxxxx, n.º xxxxxxx,
Bairro xxxxxxx, CEP: xxxxx-xxx, vem, por sua procuradora in fine assinada, à presença de
V. Exa., com fulcro nos artigos 214 e 247 do CPC propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE

“QUERELA NULLITATIS”

em face da sentença proferida por este Douto Juízo, nos autos da Ação de Extinção de
Condomínio proposta por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, estado civil,
profissão, inscrito no CPF sob a matrícula de n.º xxxxxxxxxxxxxxxx e do RG
xxxxxxxxxxxxxxxxxx – SSP/MG, residente e domiciliado em xxxxxxxxxxxxxxxx/xx, na
Rua xxxx, n.º xx, apto. Xx, Bairro xx, CEP: xxxxx-xxx, pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas.

DO CABIMENTO

A presente ação visa a declaração da nulidade da sentença proferida nos autos epigrafados,
que julgou procedente a pretensão do autor, ora demandado, a fim de extinguir-se a
convenção de condomínio sobre o imóvel situado na Rua 27, n.º 320, Bairro Gávea,
Vespasiano/MG.

Ocorre que o demandado, utilizando-se de evidente dolo, informou nos autos endereço
diverso daquele em que a demandante residia. A citação postal foi recebida pela mãe da
demandante, pessoa de idade avançada, que não possuía conhecimento da importância da
correspondência que recebera, e que hoje, sequer se lembra de tê-la tido em sua posse. Sendo
assim, a demandante não tomou conhecimento da ação contra ela proposta, não apresentando
sua contestação, tendo sido declarada revel.

Como se vê, a lide versa sobre nulidade do ato citatório, vício insanável, e que faz com que a
sentença seja considerada, perante a doutrina e jurisprudência como eivada de nulidade
absoluta.

Desta forma, fez-se necessária a propositura desta Ação, por tratar-se de remédio processual
imprescritível, haja vista, ter-se escoado o prazo bienal da ação rescisória, além do que, in
casu, estar-se-ia diante de hipótese de nulidade absoluta da sentença, que portanto prejudica o
trânsito em julgado, requisito essencial à propositura da rescisória.

A jurisprudência:

AÇÃO DE NULIDADE. ALEGAÇÃO DE NEGATIVA DE VIGENCIA DOS ARTIGOS


485, 467, 468, 471 E 474 DO C. P. C. PARA A HIPÓTESE PREVISTA NO ARTIGO 741, I,
DO ATUAL CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - QUE E A DE FALTA OU NULIDADE DE
CITAÇÃO, HAVENDO REVELIA, PERSISTE, NO DIREITO POSITIVO BRASILEIRO, A
"QUERELA NULLITATIS", O QUE IMPLICA DIZER QUE A NULIDADE DA
SENTENÇA, NESSE CASO, PODE SER DECLARADA EM AÇÃO DECLARATORIA DE
NULIDADE, INDEPENDENTEMENTE DO PRAZO PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO
RESCISÓRIA, QUE, EM RIGOR, NÃO E A CABIVEL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
NÃO CONHECIDO. (STF - Número: RE 96374 / GO, RTJ VOL-00110-01 PP-00210)

AÇÃO DECLARATORIA DE NULIDADE DE SENTENÇA POR SER NULA A CITAÇÃO


DO RÉU REVEL NA AÇÃO EM QUE ELA FOI PROFERIDA. 1. PARA A HIPÓTESE
PREVISTA NO ARTIGO 741, I, DO ATUAL CPC - QUE E A DA FALTA OU NULIDADE
DE CITAÇÃO, HAVENDO REVELIA - PERSISTE, NO DIREITO POSITIVO
BRASILEIRO-A "QUERELA NULLITATIS", O QUE IMPLICA DIZER QUE A
NULIDADE DA SENTENÇA, NESSE CASO, PODE SER DECLARADA EM AÇÃO
DECLARATORIA DE NULIDADE, INDEPENDENTEMENTE DO PRAZO PARA A
PROPOSITURA DA AÇÃO RESCISÓRIA, QUE, EM RIGOR, NÃO E A CABIVEL PARA
ESSA HIPÓTESE. 2. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO, NEGANDO-SE-
LHE, POREM, PROVIMENTO. (STF - Número: RE 97589 / SC, RTJ VOL-00107-02 PP-
00778)

Resp 62853 / GO RECURSO ESPECIAL 1995/0014604-5 Relator (a) Ministro FERNANDO


GONÇALVES Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA Data do Julgamento 19/02/2004 Data
da Publicação/Fonte DJ 01/08/2005 p. 460

PROCESSUAL CIVIL. USUCAPIÃO. CITAÇÃO. CONFRONTANTE. AUTOR.


RESCISÓRIA. DESCABIMENTO.

1 - Se o móvel da ação rescisória é a falta de citação de confrontante (ora autor), em ação de


usucapião, a hipótese é de ação anulatória (querella nulitatis) e não de pedido rescisório,
porquanto falta a este último pressuposto lógico, vale dizer, sentença com trânsito em julgado
em relação a ele. Precedentes deste STJ.

2 - Recurso conhecido em parte e, nesta extensão, provido para decretar a extinção do


processo rescisório sem julgamento de mérito (art. 267, VI do CPC). (grifo nosso)

Sendo assim, conforme entendimento predominante dos Egrégios Supremo Tribunal Federal
e Superior Tribunal de Justiça, restou-se demonstrado o cabimento da ação declaratória de
nulidade ao litígio.

DA COMPETÊNCIA

A Querelas Nullitatis, meio processual tendente a declarar a nulidade absoluta da decisão,


constitui construção doutrinária e jurisprudencial sem regramento legal específico.
Destarte, a procedimentalidade desta Ação depende exclusividade dos precedentes
jurisprudenciais e do trabalho dos doutrinadores.

A partir da decisão sobre questão de ordem avençada perante o Supremo Tribunal Federal,
fixou-se a competência do juízo que proferiu a decisão, para a análise da Ação Declaratória
de Nulidade, senão vejamos:

QUESTÃO DE ORDEM SUSCITADA PELA 8ª TURMA ESPECIALIZADA DESTE


TRIBUNAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DECISÃO JUDICIAL
(QUERELA NULLITATIS) PROFERIDA PELA ANTIGA 1ª TURMA. COMPETÊNCIA
DA TURMA ESPECIALIZADA QUE SUCEDEU A QUE PROFERIU A DECISÃO NULA.
PREVALÊNCIA DO ENTENDIMENTO DA DOUTRINA EM DETRIMENTO DA
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA DE NORMAS REGIMENTAIS. AUSÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL EXPRESSA. I - Ante a ausência de previsão expressa no vigente
Estatuto Processual Civil e no Regimento Interno deste Tribunal quanto à ação autônoma de
desconstituição da decisão proferida contra o revel não citado, ou cuja citação foi defeituosa
(querela nullitatis), merece prevalecer o posicionamento da boa doutrina segundo a qual a
"competência para a querela nullitatis é do juízo que proferiu a decisão nula, seja o juízo
monocrático, seja o tribunal, nos casos em que a decisão foi proferida em processo de sua
competência originária" (CF. Fredie Didier Junior e Leonardo José Carneiro da Cunha, Curso
de direito processual civil. Meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos
tribunais, vol. 3, Salvador. Edições Podivm, 2007, p. 371) em detrimento da aplicação, por
analogia, de normas regimentais dispondo sobre a competência para julgamento da ação
rescisória ou qualquer outra ação autônoma de impugnação. II - Fixada a competência da
Oitava Turma Especializada para decidir a demanda. (TRF 02ª R.; Pet 2004.02.01.011770-3;
Rel. Juiz Fed. Conv. Marcelo Pereira; Julg. 05/03/2009; DJU 17/04/2009; Pág. 122) (grifo
nosso)

ACO 364 QO Relator (a): Min. MOREIRA ALVES Julgamento: 01/02/1993 Órgão Julgador:
Tribunal Pleno Publicação: 12/03/1993

QUESTÃO DE ORDEM. - AÇÃO DECLARATORIA INCIDENTE PROPOSTA PELA


UNIÃO, AO CONTESTAR AÇÃO DECLARATORIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO
PROPOSTA POR MUNICÍPIO, QUE NA AÇÃO INCIDENTAL, DENUNCIOU A LIDE A
ESTADO-MEMBRO. - SÓ SE ADMITE QUE A AÇÃO DECLARATORIA INCIDENTE
SEJA REQUERIDA QUANDO O JUIZ DA AÇÃO PRINCIPAL FOR COMPETENTE
PARA ELA EM RAZÃO DA MATÉRIA OU DAS PESSOAS. NO CASO, ISSO NÃO
OCORRE, RAZÃO POR QUE IMPOSSIVEL SE FAZ O "SIMULTANEUS PROCESSUS",
DEVENDO APLICAR-SE O DISPOSTO NO ARTIGO 295, I, DO C. P. C., O QUE PODE
FAZER-SE A QUALQUER TEMPO (RE 102.239, RTJ 110/1274). QUESTÃO DE ORDEM
QUE SE ACOLHE PARA INDEFERIR A INICIAL DA AÇÃO DECLARATORIA
INCIDENTE, O QUE ACARRETA A EXCLUSAO DO ESTADO-MEMBRO DA
RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL, TORNANDO-SE, EM CONSEQUENCIA DISSO,
INCOMPETENTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA PROCESSAR E JULGAR
ORIGINARIAMENTE A PRESENTE AÇÃO. DETERMINAÇÃO DA RESTITUIÇÃO
DOS AUTOS A JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU.
Por fim, vê-se que o Supremo Tribunal Federal já discutiu o tema referente à competência
para julgamento da Querelas Nullitatis, pelo que requer o recebimento da presente Ação por
este Juízo, por ser o competente para tal.

DOS FATOS

Em 23 de maio de 2007, o demandado ajuizou Ação de Extinção de Condomínio, a fim de


ver desconstituída a convenção realizada com a demandante, sobre o imóvel alhures
especificado.

Diferentemente do que alegou o demandado, este não era “hóspede” no imóvel em questão,
mas sim companheiro da demandante. Ocorre que, com o fim do relacionamento, tornou-se
inviável a continuidade do condomínio, razão pela qual, este requereu a dissolução do
vínculo.

A demandante em momento algum contesta o direito do demandado em requerer a extinção


da relação condominial, contudo, não concorda com o valor de avaliação do imóvel,
totalmente incôngruo para com a valorização imobiliária experimentada nos últimos anos.

Entretanto, o objeto da presente ação reside na absoluta nulidade do ato citatório. O autor em
sua exordial, requereu a citação da demandante no endereço da Rua Albânia, n.º 05, Bairro
Jardim Europa, Belo Horizonte/MG. A partir disto, em 12 de setembro de 2007, o r. Juiz
singular determinou a citação postal, que fora recebida pela mãe da demandante. Contudo, a
sua genitora jamais entregou-lhe tal correspondência, pois não imaginava a importância do
documento. Além disso, trata-se de pessoa idosa, com vários problemas de saúde, e que não
possui mais o discernimento necessário para compreender o teor do mandado, tanto o é, que
ao ser questionada sobre o motivo de não ter entregado a citação, a mesma responde que nem
sequer lembra-se de tê-la recebida, e afirma jamais tê-la lido.

Tendo em vista, que a demandante obviamente não apresentou sua contestação, foi declarada
como revel, sendo-lhe aplicado os efeitos que lhe são decorrentes, ou seja, a presunção de
veracidade dos fatos narrados pelo autor, ora demandado. Em 27 de março de 2008, o D.
Julgador proferiu sentença na qual deu total procedência aos pedidos do autor. Isto posto,
confirmou o valor do imóvel com sendo o de R$40.000,00 (quarenta mil reais), autorizando o
demandado a proceder ao depósito da quota-parte que cabia à demandante (R$19.600,00 –
dezenove mil e seiscentos reais), e por fim, condenando-a às custas processuais e honorários
advocatícios.

Em meados de dezembro de 2010, após ser avisada por um dos inquilinos do imóvel de que o
demandado estaria organizando uma festa para comemorar a sua vitória na ação de extinção
de condomínio, é que a demandante veio a tomar conhecimento de que em face tinha sido
proposta uma ação, e pior, que este já havia sido julgado, e que a decisão lhe era
desfavorável. Desta feita, solicitou a nomeação de advogado dativo por não possuir condições
financeiras para constituir causídico particular. Destarte, em 13 de janeiro de 2010, a D.
Advogada protocolou petição requerendo a anulação de todos os atos do processo posteriores
à citação, tendo em vista que a mesma padecia de vício de nulidade absoluta, não passível de
convalidação e imprescritível.

Nesta ocasião, este D. Juízo deu vista dos autos ao Ministério Público Estadual, que
pronunciou-se no sentido de que a existência de possível nulidade deveria ser verificada por
meio de Ação Rescisória a ser intentada perante o Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Todavia, a patrona da demandante, por motivos que esta desconhece, quedou-se inerte, e não
propôs a referida medida judicial, pelo que a fase de cumprimento da sentença tramita
normalmente até o presente momento, tendo, inclusive, sido emitido mandado de imissão de
posse em favor do demandado.

Outrossim, há algumas semanas, após tomar conhecimento da medida expropriatória,


novamente procurou o fórum local para buscar informações sobre o processo. Percebeu
assim, que sua procuradora não buscou outros meios para efetivar sua defesa, tendo requerido
a nomeação de novo defensor.

DO DIREITO

A citação, constitui um dos mais importantes atos do processo, posto que leva ao
conhecimento do réu a instauração da demanda, e permite-lhe o exercício do seu direito de
defesa.

Como bem assevera José Frederico Marques:

"Em razão da importância fundamental do ato citatório, consagrada com ênfase pelo novo
Código de Processo Civil nos preceitos atrás lembrados (arts. 9, II, 214 e 741, I), as
formalidades e cautelas previstas para a citação têm o cunho e a marca da indeclinabilidade,
sendo insanável a nulidade resultante de sua inobservância ou infringência. José Frederico
Marques, Manual de Direito Processual Civil, v. I, n. 287, p. 336.

Data maxima venia, o r. Juiz singular, desprezou totalmente as prescrições impostas pelo
Código de Processo Civil para a validade da citação. Segundo dispõe o artigo 215 do CPC,
que: “Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador
legalmente autorizado.”

Como se vê dos autos, a citação da demandante se deu por meio postal, foi enviada para o
endereço onde reside a sua mãe, e fora por esta recebida. Não havia qualquer indício de que a
demandante lá residia, existindo somente uma afirmação do autor, ora demandado, que
maliciosamente forneceu o endereço incorreto, pois o tempo todo tinha conhecimento de que
a demandante morava no imóvel que era objeto da lide. Como se vê da declaração fornecida
pela secretaria da Escola Estadual José Gabriel de Oliveira, o filho da demandante entre 16
(dezesseis) de dezembro de 2005 até 14 (quatorze) de dezembro de 2007 estudou na
instituição. Ressalta-se que a escola está localizada no Bairro Santa Clara, na cidade de
Vespasiano, próximo ao Bairro Gávea, o que demonstra inequivocamente que ela não poderia
estar residindo em Belo Horizonte.

Desta forma, o D. Julgador, ao perceber que não foi a demandante quem recebeu a
comunicação, deveria ter determinado a citação por meio de oficial de justiça, como
expressamente determina o artigo 224 do CPC, verbis:”Art. 224.Far-se-á a citação por meio
de oficial de justiça nos casos ressalvados no art. 222, ou quando frustrada a citação pelo
correio.”

Neste sentido é a jurisprudência do Colendo Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

Número do processo: 1.0183.08.151599-5/001 (1)


Numeração Única: 1515995-97.2008.8.13.0183

Relator: Des.(a) JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES

Data do Julgamento: 23/04/2010

Data da Publicação: 12/05/2010

Ementa:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA


GRATUITA - AÇÃO MONITÓRIA - CITAÇÃO POSTAL - PESSOA FÍSICA -
RECEBIMENTO POR OUTREM - INVALIDADE - ART. 223PARÁGRAFO ÚNICO DO
CPC - NULIDADE. O benefício da justiça gratuita pode ser concedido a qualquer momento
processual, desde que a parte demonstre não possuir condições financeiras de arcar com o
pagamento das custas processuais. Para que a citação por via postal se aperfeiçoe é necessário
que a correspondência seja entregue ao próprio citando, sendo nula se recebida por terceiro.
Nula é a sentença proferida, sem que houvesse sido contemplada a relação processual com a
citação válida do litisconsorte.

Súmula: REJEITARAM A PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO.


ACOLHERAM A PRELIMINAR DE NULIDADE E ANULARAM O PROCESSO A
PARTIR DE FLS. 98/TJ.

Número do processo: 1.0024.04.520612-5/001 (1)

Numeração Única: 5206125-64.2004.8.13.0024

Relator: Des.(a) CLÁUDIA MAIA

Data do Julgamento: 25/02/2010

Data da Publicação: 12/03/2010

Ementa:

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DO DEVEDOR. NULIDADE DE CITAÇÃO. CARTA


COM AVISO DE RECEBIMENTO. ENTREGA AO PORTEIRO. INTELIGÊNCIA DO ART.
223, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. - Para a validade da
citação pelo correio, é necessária a entrega da correspondência registrada diretamente ao
destinatário, de quem deve ser colhida a assinatura no recibo, não bastando, pois, que a carta
apenas se faça chegar ao endereço do citando. - Assinado o aviso por outra pessoa que não o
réu, compete ao autor o ônus de provar que o réu, embora sem assinar o aviso, teve
conhecimento da demanda que lhe foi ajuizada. - A ausência de citação do fiador, por si só,
não acarreta a nulidade do processo, mas apenas deixa de sujeitá-lo à autoridade da coisa
julgada (art. 472, CPC).

Súmula: NEGARAM PROVIMENTO.


Número do processo: 2.0000.00.419663-4/000 (1)

Numeração Única: 4196634-64.2000.8.13.0000

Relator: Des.(a) DÁRCIO LOPARDI MENDES

Data do Julgamento: 25/03/2004

Data da Publicação: 14/04/2004

Ementa:

CITAÇÃO - VIA POSTAL - ENTREGA DA CARTA CITATÓRIA A TERCEIRO NÃO


IDENTIFICADO NOS AUTOS - NULIDADE. - Na citação pelo correio, com aviso de
recebimento, exige-se seja a entrega feita, contra recibo, pessoalmente ao citando ou a quem
tenha poderes para receber a citação em seu nome. Precedente do STJ. - A citação válida é
pressuposto de existência e validade da relação processual, instaurador do contraditório,
constituindo, portanto, ato formal e fundamental para a regular formação dessa relação.

Súmula: Acolheram a preliminar e anularam o processo.

Em que pese o simples fato da citação postal não ter sido feita pessoalmente já infirmar a
validade do ato, os documentos anexados ainda comprovam claramente que a demandante
não residia no local indicado pelo demandado. Durante todo este lapso temporal, a
demandante recebeu todas as suas correspondências, contas, dentre outros, no endereço do
imóvel objeto do condomínio. Além do que, como já demonstrado, os seus filhos sempre
estudaram em instituição de ensino localizada em Vespasiano/MG.

Utilizando-se de patente má-fé, o demandado olvidou-se de informar a este D. Juízo, que


além do imóvel comercial e da residência, nos fundos do terreno existe outra casa, justamente
a que é utilizada pela demandante.

Desta forma, imperiosa se faz a declaração da nulidade de todo o processo de Extinção de


Condomínio, desde a citação nula, a fim de resguardar-se os interesses da demandante, que
teve sua defesa e seu patrimônio subtraídos, ao arrepio da lei e dos princípios basilares do
processo.

DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR

Para a concessão da liminar devem concorrer dois requisitos legais, quais sejam, a relevância
dos motivos em que se assenta o pedido - fumus boni juris - aqui consubstanciado nas
disposições legais supracitadas, na jurisprudência colacionada, e ainda, nos documentos
juntados e no próprio aviso de recebimento da citação, que demonstra de forma inequívoca
não ter sido a demandante quem recebeu o mandado; e a possibilidade da ocorrência de lesão
irreparável ou de difícil reparação ao direito do Impetrante - periculum in mora, que se
configura, pois o bem objeto da lide é a residência da demandante e de seus filhos, todos
menores. Destarte, requer que o processo originário, de Extinção de Condomínio seja
suspenso até a decisão da presente ação.
Portanto, estão, presentes os pressupostos necessários para a concessão da medida
antecipatória in limine litis. Neste diapasão, assinalam Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de
Andrade Nery quando ensinam que o pedido de liminar “será concedido se presentes os
pressupostos do periculum in mora e fumus boni iuris (artigo “Responsabilidade Civil, meio
ambiente e ação coletiva ambiental” publicado na Revista Dano Ambiental – Prevenção,
reparação e repressão, p.303 – RT)

Adverte, a propósito, NICOLÒ TROCKER, citado por José Rogério Cruz e TUCCI,
Professor da Faculdade de Direito da USP (Tribuna do Direito, setembro de 1996, pág. 4),
que:

"Justiça morosa é um componente extremamente nocivo à sociedade: `Provoca danos


econômicos (imobilizando bens e capitais), favorece a especulação e a insolvência, acentu
a a discriminação entre os que têm a possibilidade de esperar e aqueles que, esperando, tudo
têm a perder. Um processo que perdura por longo tempo transformar-se-á também em um
cômodo instrumento de ameaça e pressão, uma arma formidável nas mãos dos mais fortes
para ditar ao adversário as condições da rendição' (Processo Civile e Costituzione, Milão,
Giuffrè, 1974, págs. 276/277)."
Nessa trilha, Nelson NERY JÚNIOR, sustenta:

“Liminar sem a ouvida do réu. Quando a citação do réu puder tornar ineficaz a medida, ou,
também, quando a urgência indicar a necessidade de concessão imediata da tutela, o juiz
poderá fazê-lo inaudita altera pars, que não constitui ofensa, mas sim limitação im
anente do contraditório que fica deferido para momento posterior do procedimento” (Código
de Processo Civil, 4ª ed., p. 749).
A decisão a ser anulada aceitou, sem qualquer ressalva, a avaliação do imóvel apresentada
pelo demandado, não tendo o r. Juiz sequer determinado um levantamento do preço de
mercado. Sendo assim, autorizou o demandado a depositar o valor de R$19.600,00 (dezenove
mil e seiscentos reais). Ora, tal quantia está completamente fora da realidade do mercado
imobiliário. Não é o montante justo e devido à demandante, e pior, não lhe permite adquirir
qualquer outro imóvel com condições habitáveis em Vespasiano, ou em alguma outra cidade
da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Caso, seja realizada a imissão na posse a
demandante não terá nenhum lugar em que possa viver dignamente com seus filhos.

Portanto, diante da urgência e excepcionalidade da situação em tela, haja vista a dificuldade


na reparação de dano iminente, podendo causar grande prejuízo ao direito da demandante faz-
se necessária a concessão da medida liminar para suspender o cumprimento da sentença do
processo de Extinção de Condomínio, bem como a sustação do mandado de imissão de posse,
antes mesmo da citação demandado.

DOS PEDIDOS

1. Seja concedida INAUDITA ALTERA PARS a medida liminar para suspender a Ação de
Extinção de Condomínio que encontra-se em fase de cumprimento, com a sustação de todos
as medidas expropriatórias, in casu, o mandado de imissão na posse em favor do demandado;

2. A citação do mesmo, através de carta postal com aviso de recebimento, ou mesmo no


escritório profissional de seus procuradores (Rua Guajajaras, 40, sala 302, Belo
Horizonte/MG – CEP 30180-100), haja vista, que nos autos da ação que deu origem ao
presente pleito os mesmos possuem procuração com poderes específicos para receber citação,
para querendo, apresentar contestação, sob pena de revelia.

3. Seja julgada ao final procedente a presente ação, para declarar nula a citação realizada nos
autos de n.º 0290.07.044268-3, da Ação de Extinção de Condomínio proposta em face da
demandante, e por fim, seja declarado nulo todo o processo a partir do ato citatório.

4. Seja o demandado condenado ainda ao pagamento de custas processuais e honorários


advocatícios.

5. Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, principalmente a


testemunhal (rol em anexo) e documental.

6. Pugna pela concessão dos benefícios da justiça gratuita por ser pobre no sentido legal, não
podendo arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem o prejuízo de seu
sustento e de sua família.

Dá-se à causa o valor de R$1.000,00 (mil reais) para efeitos fiscais.

Termos em que,

Pede deferimento..

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