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3o POLIEDRO ENEM

1o DIA | 2022

Gabaritos
e Resoluções
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS
TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45
Questões de 01 a 05 (opção inglês)

QUESTÃO 01
_ 22_ENEM_ING_LZ_L3_Q05
I’m a hot air balloon that could go to space
With the air, like I don’t care, baby by the way

Huh (Because I’m happy)


Clap along if you feel like a room without a roof
(Because I’m happy)
Clap along if you feel like happiness is the truth
(Because I’m happy)
Clap along if you know what happiness is to you
(Because I’m happy)
Clap along if you feel like that's what you wanna do

Here come bad news talking this and that […]


Well, I should probably warn you I’ll be just fine
No offence to you don’t waste your time

Huh (Because I’m happy) […]

Uh, bring me down


Can’t nothing bring me down
My level’s too high to bring me down
WILLIAMS, PharreIl. “Happy”. Girl. Estados Unidos: Columbia Records, 2014.

Considerando as estrofes da canção, no primeiro verso,


“I’m a hot air balloon that could go to space”, o eu lírico
utiliza a linguagem de forma metafórica para expressar a
A intensidade da alegria que ele sente.
B dissimulação do seu estado de espírito.
C perda de vínculo entre ele e a realidade.
D sensação de invencibilidade no combate.
E necessidade de se afastar dos problemas.

Gabarito: A

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C2H5

A música de Pharrell Williams trata, em linhas gerais,


de uma alegria que não se pode conter, tamanha sua
intensidade. Essa ideia fica mais nítida na segunda estrofe,
quando se repete diversas vezes a frase “Because I’m
happy” (Porque eu estou feliz), convocando as pessoas
a aplaudirem a sensação junto dele. Partindo dessa
compreensão, a expressão metafórica utilizada na primeira
estrofe “I’m a hot air balloon that could go to space” (Eu sou
um balão de ar quente que poderia ir ao espaço) nada mais
é do que uma antecipação da sensação que a felicidade
provoca, explícita na estrofe seguinte. Quando o eu lírico
se compara a um balão de ar que poderia ir ao espaço, ele
tenta descrever figurativamente a sensação que a alegria
lhe proporciona. Em teoria, balões não podem ir até o
espaço, mas a alegria dele é tão intensa que nada poderia
contê-la, nem mesmo más notícias, como se constata na
estrofe final.

Alternativa B: incorreta. O tom otimista da canção –


manifestado diversas vezes em “Because I’m happy” – não
permite inferir que haja qualquer tipo de dissimulação por
parte do eu lírico.
Alternativa C: incorreta. A menção ao balão que poderia
ir ao espaço não está associada a uma perda de vínculo
do eu lírico com a realidade, posto que é figurativa, e
não literal. A metáfora serve para tratar da intensidade da
sensação de felicidade experimentada pelo eu lírico.
Alternativa D: incorreta. Na canção, não há sensação de
invencibilidade em um contexto de combate. O motivo de o
eu lírico dizer que é um balão de ar quente que poderia ir ao
espaço é elucidado na segunda estrofe da canção, quando
ele afirma e reafirma sua felicidade, ou seja, a metáfora
antecipa seu estado de espírito.
Alternativa E: incorreta. O eu lírico não expressa
necessidade de se afastar de algo. O tom otimista da
canção não permite inferir que haja qualquer tipo de
insatisfação por parte dele.
QUESTÃO 02
_ 22_ENEM_ING_LZ_L3_Q01

Disponível em: <https://www.behance.net>. Acesso em: 2 dez. 2021.

De acordo com o pôster da campanha de combate à fome


promovida pelo estado norte-americano do Arizona, que
combina elementos verbais e não verbais, a desnutrição
infantil,
A inevitavelmente, leva à redução de investimento
governamental em educação.
B certamente, resulta da ausência de merenda em
algumas escolas.
C possivelmente, afeta o processo de aprendizado
escolar.
D asseguradamente, tem como consequência o
abandono dos estudos.
E provavelmente, decorre do consumo de alimentos
pobres em vitaminas na escola.

Gabarito: C

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C2H5

O cartaz da campanha de conscientização contra a fome no


estado do Arizona alia a imagem de uma bandeja vazia a um
texto verbal cuja tradução é “A desnutrição pode alterar o
padrão de sono de uma criança, o que torna o aprendizado
e a concentração praticamente impossíveis durante um dia
inteiro de escola”. Sendo assim, constrói-se uma relação
de causa (desnutrição) e de consequências (perda de sono
e consequentes problemas de aprendizado).

Alternativa A: incorreta. A associação entre educação


e desnutrição feita no pôster está circunscrita aos
problemas de aprendizagem decorrentes de uma
consequência possível da desnutrição. Não há, no texto,
menção ao direcionamento ou à redução de investimento
governamental.
Alternativas B e E: incorretas. O pôster não permite
inferir que questões relacionadas à merenda escolar ou
quaisquer alimentos consumidos na escola são o que
provoca a desnutrição, cujas causas não são objeto de
análise no texto. A bandeja vazia é um elemento visual que
serve para reforçar a possível relação entre a desnutrição e
problemas no processo de aprendizagem.
Alternativa D: incorreta. No pôster, a possibilidade de
alteração nos padrões de sono e a decorrente dificuldade
em relação ao aprendizado e à concentração na escola são
consequências da desnutrição. A ideia de evasão escolar
extrapola o que está declarado no texto.
QUESTÃO 03
_ 22_ENEM_ING_LZ_L3_Q02
Measles is a highly contagious disease that is spread
through the air by coughing and sneezing. It also can be
transmitted through contact with secretions from the nose or
mouth of an infected person. Initial symptoms may include
fever, runny nose, watery red eyes and cough. After a few
days, a rash appears and spreads over the entire body.
Measles can lead to pneumonia and other complications,
especially in young children. The disease poses serious
risks for pregnant women, including miscarriage and
premature birth.
Although the early symptoms of measles can be similar
to those of many other infections, Dr. Laura Gerald, North
Carolina State Health Director, recommends that anyone
with fever, runny nose, watery red eyes and a cough
should stay at home and limit contact with others to avoid
spreading illness. If you develop a rash or if your symptoms
worsen, call your doctor or seek medical care. If you do
seek medical care, call your doctor’s office or health care
facility before you go so they can prepare for your visit and
protect other patients from exposure.
Measles can be prevented by the combination MMR
(measles, mumps and rubella) vaccine. It is important for
all individuals 12 months of age and older to be vaccinated.
“Vaccine is readily available,” said Dr. Gerald. “Anyone
interested in getting vaccinated should contact their primary
health care provider or their local health department.”.
Disponível em: <https://www.franklincountync.us>. Acesso em: 3 dez. 2021.

No excerto do comunicado do Departamento de Saúde da


Carolina do Norte sobre sarampo, recomenda-se que a
busca por auxílio médico seja feita caso
A haja confirmação laboratorial do diagnóstico.
B ocorra erupção cutânea ou piora dos sintomas.
C despontem sintomas iniciais, como tosse e espirro.
D se tenha contato com pessoa com suspeita de infecção.
E exista combinação com outra doença, como caxumba
e rubéola.

Gabarito: B

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C2H6

O comunicado apresenta a recomendação da Dra. Laura


Gerald para que as pessoas busquem auxílio médico no
caso de desenvolverem erupção cutânea ou piora dos
sintomas (“If you develop a rash or if your symptoms
worsen, call your doctor or seek medical care.”).

Alternativa A: incorreta. O texto não menciona exame


laboratorial.
Alternativa C: incorreta. No texto, recomenda-se que,
caso surjam os sintomas iniciais, a pessoa fique em casa e
limite seu contato com outros para evitar que a doença se
propague (“Dr. Laura Gerald, North Carolina State Health
Director, recommends that anyone with fever, runny nose,
watery red eyes and a cough should stay at home and limit
contact with others to avoid spreading illness.”).
Alternativa D: incorreta. O texto explica que o sarampo
é uma doença altamente contagiosa que se propaga pelo
ar por meio de tosse ou espirro e que também pode ser
transmitida pelo contato com secreções de uma pessoa
infectada (“Measles is a highly contagious disease that
is spread through the air by coughing and sneezing. It
also can be transmitted through contact with secretions
from the nose or mouth of an infected person.”). Não há
recomendação, entretanto, de que a pessoa que teve
contato com alguém infectado deva buscar auxílio médico.
Alternativa E: incorreta. De acordo com o texto, o sarampo
pode ser prevenido por meio da vacina contra sarampo,
caxumba e rubéola (“Measles can be prevented by the
combination MMR (measles, mumps and rubella vaccine.”).
Não há menção à combinação entre as doenças.
QUESTÃO 04
_ 22_ENEM_ING_LZ_L3_Q03
Shell pulls out of Cambo oilfield project
Shell has pulled out of a new oilfield off the Shetland
Islands, plunging the future of oil exploration in the area into
doubt.
The oil company, which was planning to exploit the field
along with the private equity-backed fossil fuel explorer
Siccar Point, cited a weak economic case as its reason for
deciding not to go ahead with the project.
“After comprehensive screening of the proposed Cambo
development, we have concluded the economic case for
investment in this project is not strong enough at this time,
as well as having the potential for delays,” Shell said.
Climate campaigners said the move by Shell was a
“deathblow” for the project, which was fiercely opposed by
activists across the UK.
HARVEY, Fiona. Disponível em: <https://www.theguardian.com>.
Acesso em: 3 dez. 2021. (Adaptado)

A mensagem, as escolhas linguísticas e o suporte


envolvidos em sua transmissão permitem constatar que
o objetivo do texto veiculado no portal on-line do jornal
britânico The Guardian é
A defender o ponto de vista de uma empresa petrolífera
inglesa.
B declarar apoio a um grupo de ativistas em defesa do
meio ambiente.
C noticiar a retirada de uma empresa de um projeto de
exploração petrolífera.
D denunciar a poluição marinha promovida pelo
derramamento de petróleo nos oceanos.
E conscientizar o leitor acerca dos problemas ambientais
decorrentes do uso de combustível fóssil.

Gabarito: C

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C2H7

O suporte do texto, por meio do qual ele é veiculado, é


um indicativo de que se trata de uma notícia. O título traz
a informação objetiva de que a Shell se retirou do projeto
petrolífero de Cambo. No corpo do texto, a objetividade
das informações corrobora o objetivo de noticiar a retirada
da empresa de um projeto de exploração petrolífera no
Arquipélago de Shetland.

Alternativas A e B: incorretas. Não há defesa de nenhum


ponto de vista sobre o ocorrido ou de apoio a determinado
ator envolvido no processo. A nota da empresa acerca
de sua retirada do projeto de exploração petrolífera e a
explanação do grupo de ativistas climáticos compõem o
texto que apresenta informações objetivas ao leitor, sem
tomar partido.
Alternativa D: incorreta. Não se pode afirmar que há
tom de denúncia na notícia, pois, em nenhum momento, a
autora adota escolhas lexicais que repreendam o ocorrido;
a linguagem é neutra e objetiva. Ademais, o texto não trata
de poluição.
Alternativa E: incorreta. Não há elementos de construção
de argumentação que permitam inferir uma tentativa de
conscientização na notícia. Ademais, o texto não trata de
problemas ambientais.
QUESTÃO 05
_ 20_ENEM_ING_LZ_L5_Q01

SUU, Astrid. Disponível em: <https://www.instagram.com/astridsuu>.


Acesso em: 3 dez. 2021.

No poema publicado pela escritora indonésia Astrid Suu


em uma rede social, o eu lírico revela que
A é alvo de discriminação.
B tem dificuldade de falar inglês.
C anseia pelo retorno à sua terra natal.
D se sente superior à pessoa com quem fala.
E encontra coragem na cultura de seus ancestrais.

Gabarito: A

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C2H8

No poema de Astrid Suu, em que o eu lírico declara: “eu


falo sua língua / sem qualquer sotaque / eu apaguei o nome
dos meus ancestrais / sem vestígios / eu me cobri / para
mostrar menos pele / eu zombei da cultura dos meus pais
/ para caber na sua / e ainda assim / você cuspiu na minha
cara / você diz que eu não pertenço / você me chama de
estrangeiro / você cortou minhas pernas / e você espera
que eu ande.”, ele revela que, apesar de tentar se adequar
à cultura de seu interlocutor, inclusive apagando sua
cultura ancestral, ele é discriminado. O título do poema,
“minoria”, dá uma pista sobre o tema do qual o poema trata:
a discriminação que as minorias sofrem.

Alternativa B: incorreta. O eu lírico afirma que fala a língua


do interlocutor sem sotaque. Não há menção à dificuldade
de falar qualquer língua.
Alternativa C: incorreta. Não é possível afirmar pelo
conteúdo do poema que o eu lírico não esteja em sua
terra natal. Ele tanto pode ser de fato um imigrante como
pode pertencer a uma minoria étnica e ser descendente de
imigrantes.
Alternativa D: incorreta. O eu lírico não expressa
sentimento de superioridade; ele diz que o interlocutor o
trata como se o considerasse inferior.
Alternativa E: incorreta. O eu lírico não encontra coragem
na cultura de seus ancestrais; ele apagou a cultura de seus
ancestrais para tentar se adequar à cultura daquele que,
independentemente disso, continua discriminando-o.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS
TECNOLOGIAS
Questões de 01 a 45
Questões de 01 a 05 (opção espanhol)

QUESTÃO 01
_ 22_ENEM_ESP_PM_L3_Q01

Disponível em: <https://twitter.com/jufacossio1>. Acesso em: 7 dez. 2021.

Na mensagem, os elementos verbais podem se referir à


situação ilustrada pelos elementos não verbais. Levando
isso em consideração, a palavra “cerca” se refere ao(à)
A dissimulação da pessoa com o binóculo.
B falta de habilidade da pessoa com o binóculo.
C controle do pássaro pela pessoa com o binóculo.
D aprisionamento do pássaro pela pessoa com o binóculo.
E proximidade entre o pássaro e a pessoa com o binóculo.

Gabarito: E

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C2H5

A palavra “cerca” significa “perto” ou “próximo”. A frase verbal


traduzida é “Muitas vezes, temos o que mais buscamos tão
próximo que não o podemos ver”. Na imagem, essa ideia
se materializa na proximidade entre o pássaro e a pessoa:
ela tenta enxergar a natureza usando o binóculo e perde a
visão do pássaro sobre sua própria cabeça.

Alternativa A: incorreta. Não há elementos não verbais


que indiquem que a pessoa com o binóculo dissimule, e
a palavra “cerca” tem relação com a proximidade entre a
pessoa e o pássaro.
Alternativa B: incorreta. Embora determinada chave de
leitura possa considerar que não olhar o pássaro seja um
indicativo de falta de habilidade por parte da pessoa com o
binóculo, a palavra “cerca” tem relação com a proximidade
entre a pessoa e o pássaro, e não com uma suposta
inabilidade.
Alternativa C: incorreta. Os elementos verbais que
conduzem a compreensão dos não verbais não permitem
inferir controle do pássaro pela pessoa com o binóculo, e
a palavra “cerca” tem relação com a proximidade entre a
pessoa e o pássaro.
Alternativa D: incorreta. Não há elementos não verbais
que indiquem que a pessoa com o binóculo deseja
prender o pássaro, e a palavra “cerca” tem relação com a
proximidade entre a pessoa e o pássaro.
QUESTÃO 02
_ 20_ENEM_ESP_PM_L2_Q02
La cerámica ha acompañado a todos los pueblos y
culturas desde las remotas épocas del Neolítico. Su aparición
en el horizonte agrícola de las diversas colectividades
humanas parece haber sido más o menos casual, simultánea
e independiente (no obstante la grande y continua difusión
de técnicas y de formas cerámicas dentro de los distintos
ámbitos geográficos y culturales de la Antigüedad), pero no
fue sin embargo súbita y repentina en ningún caso, pues
vino precedida entre los pueblos nómadas y pastores por
el uso generalizado de otros tipos de recipientes que en
cierto modo prefiguraban a los de barro arcilloso y que
fueron sus antecedentes más inmediatos (odres de cuero,
calabazas huecas, cuencos de madera, recipientes de piedra
ahuecada, cajas de corteza vegetal vaciada, recipientes
de cestería ocasionalmente recubiertos de sustancias
terrosas o resinosas impermeables, etc). En todo caso, la
invención de la cerámica supuso por sí misma uno de los
mayores saltos cualitativos culturales del Neolítico, pues no
sólo posibilitaba el almacenamiento de líquidos y áridos en
grandes cantidades, sino que permitía la cocción en agua
de los alimentos (hasta entonces consumidos generalmente
crudos o asados), con lo que las repercusiones en la dieta de
los grupos humanos fueron asimismo considerables.
Disponível em: <https://www.estudiogeneraldehumanidades.es>.
Acesso em: 8 dez. 2021. (Adaptado)

Segundo o texto, a criação da cerâmica tem relação com


uma transformação importante no modo de vida dos seres
humanos, pois
A propiciou a difusão de informações por meio das
pinturas.
B teve sua origem de forma simultânea nos centros
urbanos.
C demonstrou a capacidade de inovação dos povos
nômades.
D alterou o modo de armazenagem e preparo dos
alimentos.
E antecedeu o uso de recipientes de couro e outros
materiais.

Gabarito: D

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C2H6

De acordo com o texto, a invenção da cerâmica permitiu


que os alimentos fossem armazenados em grandes
quantidades e cozidos em água, o que teve repercussão
na dieta dos seres humanos.

Alternativa A: incorreta. O texto menciona a difusão de


técnicas e de formas cerâmicas na Antiguidade, mas não
trata da difusão de informações por meio das pinturas.
Alternativa B: incorreta. Conforme o texto, a cerâmica
surge no Neolítico, ou seja, não há surgimento em centros
urbanos.
Alternativa C: incorreta. De acordo com o texto, os povos
nômades e pastores utilizavam outros materiais.
Alternativa E: incorreta. Segundo o texto, couro e outros
materiais antecederam o uso da cerâmica.
QUESTÃO 03
_ 22_ENEM_ESP_PM_L3_Q04
La Cartilla Nacional de Salud, documento oficial y
personal para la población mexicana que se entrega de
forma gratuita, es indispensable para que personal de salud
y usuario lleven el control de las acciones de promoción
de salud, prevención, detección oportuna y control de las
enfermedades.
La cartilla también facilita el seguimiento del estado de
salud, promoción de estilos de vida saludable y el registro
de los principales servicios de salud, comenzando por la
identificación y datos generales básicos del propietario de
la cartilla.
En la cartilla, se enlistan los temas de promoción de
la salud que debe conocer la persona de acuerdo a su
edad y sexo; se proporciona orientación alimentaria de
acuerdo también al sexo y edad, se indica a la población
las vacunas necesarias para evitar que padezca algunas
enfermedades infectocontagiosas, que pueden derivar en
muerte o consecuencias graves, de acuerdo al grupo de
edad.
Finalmente se marcan las citas de atención médica,
para tener un control de las consultas médicas y/o servicio
al que se deberá acudir para recibir atención.
Disponível em: <https://www.gob.mx>. Acesso em: 7 dez. 2021. (Adaptado)

O texto retirado do blog da Secretaria de Saúde do Governo


do México sobre o Cartão Nacional de Saúde tem como
principal objetivo
A aconselhar o leitor a obter esse documento.
B pesquisar a opinião do leitor sobre esse documento.
C informar o leitor a respeito da utilidade desse
documento.
D orientar o leitor sobre os trâmites para aquisição desse
documento.
E comunicar ao leitor as penalidades impostas caso não
tenha esse documento.

Gabarito: C

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C2H7

O objetivo do texto é informar o leitor a respeito da utilidade


do Cartão Nacional de Saúde, o que se verifica nas várias
declarações que especificam a serventia do documento.

Alternativa A: incorreta. Não há aconselhamento no


texto, que se caracterizaria pelo uso de verbos no modo
imperativo.
Alternativa B: incorreta. O texto não solicita a opinião do
leitor.
Alternativa D: incorreta. Não há informação sobre trâmites
para obtenção da cartilha.
Alternativa E: incorreta. O texto não menciona penalidades
para quem não tiver o cartão.
QUESTÃO 04
_ 22_ENEM_ESP_PM_L3_Q03

Disponível em: <https://twitter.com/onpecord>. Acesso em: 6 dez. 2021.

No texto, com o objetivo de conscientizar a população


sobre o cuidado com a água, o Observatorio Nacional
para la Protección del Consumidor, entidade da República
Dominicana, lista cinco
A ações sequenciadas para o reúso da água.
B conselhos para evitar o desperdício de água.
C metas a serem atingidas no dia mundial da água.
D notícias sobre o avanço mundial no cuidado com a água.
E questionamentos para provocar reflexão sobre o uso
da água.

Gabarito: B

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C2H7

O texto, cujo título é “5 tips para cuidar el agua” (“5 dicas


para cuidar da água”), apresenta uma lista de frases
contendo verbos conjugados no imperativo afirmativo,
que tem entre suas funções a de dar conselhos. Evitar o
gotejamento, fechar a torneira enquanto escova os dentes,
usar o chuveiro em vez da banheira, não usar o vaso
sanitário como lixeira e usar a lavadora de roupas com a
carga completa são conselhos para evitar o desperdício de
água.

Alternativa A: incorreta. Não há elementos no texto que


permitam inferir o sequenciamento de ações ou o reúso da
água.
Alternativa C: incorreta. Não há elementos no texto que
permitam inferir que as ações listadas sejam metas a
serem atingidas no dia mundial da água; as dicas dadas
por ocasião dessa data servem no cotidiano.
Alternativa D: incorreta. O gênero textual não é notícia.
Alternativa E: incorreta. Os verbos no imperativo
afirmativo compõem ordens, solicitações e conselhos; não
há questionamentos no texto.
QUESTÃO 05
_ 22_ENEM_ESP_PM_L3_Q05
En una entrevista, Puig explicó que “La masa de la
población argentina fue formada por la inmigración de
principios del siglo XX, sobre todo los italianos, y esos
campesinos que llegaron para cambiar de status era gente
que venía a olvidar sus tradiciones, no a continuarlas. Por eso,
a sus hijos no le aportaron nada culturalmente, ya que todo
lo que fuera su tradición convenía olvidarlo. Eso explica que
los hijos tuvieran, ante todo, que inventarse un idioma porque
en la casa no aprendían el español. Allí sólo se hablaban
dialectos. Este estilo de vida y este idioma que tuvieron que
aprender, sobre todo en la calle, debió echar mano a modelos
totalmente irreales, como el cancionero, los subtítulos del
cine, la radio, el periodismo más popular, el tono truculento
del tango. Esos modelos, además de irreales eran retóricos.
¡Ah!, me olvidaba: también estaba el lenguaje ultraretórico
de los libros de lectura en la escuela primaria. Todo esto los
llevó a un callejón sin salida. Existía, en todos ellos, el deseo
de mejorar, de acceder a otro nivel, pero el ideal de fineza y
elegancia sólo los conducía a la cursilería.”.
THON, Sonia. “La identidad linguística argentina a través de Borges e Puig”.
ARBOR Ciencia, Pensamiento y Cultura, n. 741, fev. 2010. (Adaptado)

O texto apresenta o depoimento de Manuel Puig, escritor


argentino, sobre o desenvolvimento cultural de seu país
natal. O escritor relaciona a composição da cultura argentina
e da variedade argentina da língua espanhola ao(à)
A procura dos imigrantes pela perpetuação das tradições
campesinas.
B desejo dos imigrantes de restauro da língua italiana na
América Espanhola.
C contato dos descendentes de imigrantes com padrões
diferentes dos familiares.
D busca dos descendentes de imigrantes por referências
campesinas similares às de seus pais.
E vontade dos filhos de imigrantes italianos de substituição
da linguagem do cinema e do rádio pela da literatura.

Gabarito: C

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C2H8

Para Puig, os imigrantes que chegaram ao início do século


XX à Argentina tinham pretensão de ascender socialmente
e, para isso, desejavam esquecer suas tradições, razão
pela qual não as transmitiram a seus filhos. De acordo com
o autor, esses descendentes de imigrantes precisaram
inventar um idioma com base em modelos diversos dos
familiares e considerados irreais pelo autor: o cancioneiro,
as legendas do cinema, a rádio, o jornalismo popular etc.

Alternativa A: incorreta. Para Puig, os imigrantes que


chegaram no início do século XX à Argentina tinham
pretensão de ascender socialmente e, para isso, desejavam
esquecer suas tradições, e não perpetuá-las.
Alternativa B: incorreta. Para Puig, os italianos
compunham a maior parte do conjunto de imigrantes que
chegaram no início do século XX à Argentina. O autor relata
que eles tinham pretensão de ascender socialmente e, para
isso, desejavam esquecer suas tradições, e não perpetuá-
-las, ou seja, não tinham o desejo de restaurar seu idioma
materno.
Alternativa D: incorreta. Para Puig, os descendentes de
imigrantes buscam refinamento, ou seja, tentam romper
com as tradições de seus ascendentes.
Alternativa E: incorreta. Para Puig, não há vontade de
substituir uma linguagem pela outra, e sim a ação de
aprender uma língua e uma cultura por meio do cinema,
da rádio e da literatura, construindo um novo idioma e uma
nova cultura.
Questões de 06 a 45

QUESTÃO 06
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q24
“O que norteia o sucesso de um tiktoker é sua
criatividade. Não precisa se preocupar em dançar ou ser
engraçado. Às vezes, é só falar para a câmera”, diz o
gerente de conteúdo do TikTok no Brasil, Ronaldo Marques.
“Se houver um senso de comunidade entre os seguidores,
o influenciador consegue entregar um conteúdo publicitário
disfarçado, ou melhor, casado com o conteúdo.”.
O especialista em marketing de livros, Vinícius Barreto,
afirma que o TikTok pode transformar a maneira como as
editoras promovem seus livros, com a migração de verbas
usadas em outras redes sociais e na compra de espaços
publicitários em livrarias para influenciadores.
“É difícil uma editora manter um perfil próprio no
TikTok, porque é preciso dar um rosto à conta. O indicado é
contratar os influenciadores para promoverem seus livros,
porque eles conhecem o público e sabem como engajar
melhor”, diz Barreto, que presta consultoria a editoras.
MARTINS, Pedro. “TikTok foi de usina de bobagens a uma poderosa máquina de
vender livros”. Folha de São Paulo, 2 jul. 2021. (Adaptado)

O texto indica que a melhor estratégia para promover livros


pela rede social TikTok é a(o)
A explicitação do conteúdo publicitário por meio de
destinação de verbas.
B expressão corporal aparentemente afetada para
alcançar mais seguidores.
C produção de vídeos com os próprios autores dos livros
publicados pela editora.
D abertura de perfis de editoras na rede social com
assessoria de influenciadores.
E investimento no influenciador que cria com o público a
percepção de identidade.

Gabarito: E

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C9H28

Duas passagens justificam a escolha da alternativa: a


primeira, do último período do primeiro parágrafo, contém
a afirmação de que é necessário criar um “senso de
comunidade” entre seguidores e influenciador; a segunda,
do último parágrafo, contém o argumento de que o
influenciador conhece seu público e sabe como mantê-lo
engajado. Trata-se, portanto, de dois trechos que revelam
que a melhor forma de promover livros no TikTok é investir
no influenciador com o qual o público estabelece uma
relação de identidade.

Alternativa A: incorreta. O enunciado da alternativa


contém uma afirmação contrária à do texto. Neste, o
gerente de conteúdo do TikTok afirma que “Se houver um
senso de comunidade entre os seguidores, o influenciador
consegue entregar um conteúdo publicitário disfarçado, ou
melhor, casado com o conteúdo. Para promover um livro
no TikTok, portanto, não se deve explicitar o conteúdo
publicitário das mensagens, e sim disfarçá-lo ou “casá-lo”
com elas. Note-se que a estratégia de promoção, nos dois
casos, pressupõe ocultamento, em alguma medida: ou se
disfarça, ou se dilui a propaganda em outras mensagens.
Alternativa B: incorreta. O gerente de conteúdo do TikTok
afirma que não é necessário “dançar ou ser engraçado”
para conseguir engajamento do público.
Alternativa C: incorreta. Não há, no conjunto do texto,
menção a vídeo de autores de livros.
Alternativa D: incorreta. No texto, afirma-se que é
preferível que as editoras invistam em influenciadores que
já têm perfis e comunidades formadas, porque “porque
eles conhecem o público e sabem como engajar melhor” e
porque “é preciso dar um rosto à conta”.
QUESTÃO 07
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q01
Um dia, como fizemos dezenas de vezes, andando no
Village até o restaurante popular Ásia de Cuba, no Chelsea,
coloquei nele o apelido de Sanitation Machine, a máquina-
-vassoura-escovão que varre as ruas de NYC, e ele logo
logo adotou ardorosamente o apelido-máscara daí para
frente e sempre que estava viradão, sem dormir, disparava
uma chamada telefônica para me berrar as escatologias
que sua Sanitation Machine tinha aprontado ou estava
aprontando. Podendo passar dias e dias sem pisar o pé
fora de casa chocando no ninho, entretanto, a rua estava
tatuada no seu corpo-alma com uma tão intensa osmose
trashy que nele se aplicariam, sob medida, as linhas action
poetry de Frank O’Hara: “I’m becoming / the street” (Estou
me tornando / a rua).
SALOMÃO, Wally. Hélio Oiticica: qual é o parangolé? e outros escritos.
São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 21. (Adaptado)

O trecho pertence à biografia do artista plástico Hélio


Oiticica, escrita por seu amigo pessoal Wally Salomão.
Para escrevê-la, a pretensa objetividade e o distanciamento
crítico, tradicionalmente associados a esse gênero textual,
foram rompidos pelo autor principalmente por meio
A da enumeração de dados objetivos da vida do
biografado resultantes de pesquisa.
B de descrições minuciosas acerca do contexto histórico
em que viveu o artista plástico.
C do depoimento em primeira pessoa, repleto de recursos
poéticos e expressões da oralidade.
D da reverência do biógrafo à circulação do biografado e
de si por Nova York e à própria cidade.
E da citação de um escritor norte-americano para
expressar reprovação ao modo de vida de Oiticica.

Gabarito: C

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C1H1

A linguagem tradicional das biografias pressupõe dados e


informações a respeito da vida do biografado, em linguagem
objetiva e neutra, de modo a minimizar o ponto de vista
do biógrafo e permitir ao leitor que chegue às próprias
conclusões. Certamente o autor do texto destacado na
questão não escreveu a biografia de Hélio Oiticica partindo
desses pressupostos: seu texto em primeira pessoa contém
alusões a experiências pessoais e artísticas partilhadas
com o biografado, por meio de recursos poéticos como
o neologismo de “máquina-vassoura-escovão”, “apelido-
-máscara” ou “osmose trashy”, a metáfora em “chocando
no ninho” e “a rua estava tatuada no seu corpo-alma”, além
de expressões da oralidade como “logo logo” e “viradão”.

Alternativa A: incorreta. O texto de Wally Salomão corre


no sentido inverso da “enumeração de dados objetivos
da vida do biografado”. O biógrafo prefere enumerar as
experiências pessoais vividas com Hélio Oiticica e suas
impressões pessoais sobre o amigo.
Alternativa B: incorreta. No texto destacado, não existem
descrições minuciosas do contexto histórico em que
viveu Hélio Oiticica, salvo algumas alusões a espaços
frequentados por Wally Salomão e Hélio Oiticica. Ademais,
a descrição do contexto histórico não rompe com a
objetividade e o distanciamento crítico.
Alternativa D: incorreta. O trecho da biografia é
ambientado na cidade de Nova York (NYC), mas não é por
meio dessa referência espacial que Wally Salomão rompe
com a pretensa objetividade do gênero biográfico: ele o
faz por meio do relato pessoal em primeira pessoa e da
linguagem. Não há, tampouco, reverência a essa cidade.
Alternativa E: incorreta. Não é por meio da citação do
poeta norte-americano Frank O’Hara que Wally Salomão
rompe com a pretensa objetividade do gênero biográfico:
ele o faz por meio do relato pessoal em primeira pessoa
e da linguagem. Ademais, não há reprovação ao modo de
vida do biografado.
QUESTÃO 08
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q06

Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 9 dez. 2021.

De acordo com as informações do infográfico, a zumba


A beneficia a saúde devido à multiplicidade de influências
culturais em que se baseia.
B propicia a perda de calorias de forma divertida, mas
prejudica o fortalecimento muscular.
C é um programa de exercícios para perda de calorias no
qual a dança cumpre papel secundário.
D torna difícil o fortalecimento muscular porque beneficia
cérebro, coração e pulmões.
E utiliza a dança para perda de calorias e promoção de
diversos benefícios físicos.

Gabarito: E

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C3H10

O infográfico apresentado é predominantemente


informativo, sem apresentar causas ou consequências das
informações apresentadas (o que, de forma geral, invalida
as alternativas erradas). Na imagem, é apresentada a
definição da zumba, os ritmos que a influenciaram e a
quantidade aproximada de calorias que é possível perder
com ela. Do lado direito da imagem, são apresentados os
benefícios à saúde do cérebro, do coração e dos pulmões,
além de um aviso referente à necessidade de fazer uma
atividade de acompanhamento muscular para desfrutar
da zumba. De fato, a zumba tem a finalidade de perda de
calorias e de outros benefícios físicos.

Alternativa A: incorreta. No infográfico não se estabelece


relação de causa e consequência entre a multiplicidade dos
ritmos que influenciaram a zumba e os benefícios à saúde
propiciados por essa dança.
Alternativa B: incorreta. No infográfico não se estabelece
relação de oposição entre a perda de calorias de forma
divertida e o fortalecimento muscular. Também não se
menciona prejuízo do fortalecimento muscular.
Alternativa C: incorreta. É incorreto afirmar que, na
zumba, a dança cumpre “papel secundário”, já que ela é
chamada de dança no topo do infográfico.
Alternativa D: incorreta. No infográfico não se afirma que
a zumba dificulta o fortalecimento muscular por beneficiar
cérebro, coração e pulmões; existe apenas a sugestão de
que essa dança deva ser associada a uma atividade de
fortalecimento muscular, sem justificar essa afirmação.
QUESTÃO 09
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q12
Para Darly
À maneira de Creeley
Nada para um homem sujo
só água numa cuba
sequer um olhar

mãos sujas
aroma de
amantes talvez

ou além
alguma coisa como areia
para esfregar

com os dez dedos e ter


ao cabo –
o corpo dessa mulher
BONVICINO, Régis. Até agora: poemas reunidos. São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010. p. 27.

O poema foi escrito “à maneira de Creeley”, como está


registrado abaixo do título. Robert Creeley (1926-2005) foi
um poeta norte-americano que, de forma geral, repudiava
o palavrório e o derramamento exagerados. Essa proposta
foi retomada pelo poeta brasileiro Régis Bonvicino por meio
de
A economia verbal que extingue o uso de conectivos.
B ambiência idealizada que afasta imagens do cotidiano.
C estrofes curtas que expressam sentimentalismo.
D imagens e sugestões que são reduzidas ao mínimo.
E tom confessional que transborda em versos curtos.

Gabarito: D

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C5H16

As estrofes do poema contêm apenas uma imagem ou


sugestão – apenas a cuba destinada ao homem, da
primeira estrofe; as mãos, da segunda; a impressão fugaz,
da terceira; e o corpo da mulher, na última. Não há primeira
pessoa, os versos e as estrofes são curtos, e os verbos
são reduzidos ao mínimo, sem sentimentalismo ou tom
confessional.

Alternativa A: incorreta. Embora o conjunto do poema


possa ser caracterizado pelo seu minimalismo e pela
economia das palavras, o uso de conectivos não é extinto:
há diversas preposições e conjunções no texto, como
“para”, “de”, “como” e “e”.
Alternativa B: incorreta. A imagem do poema não está
distanciada do cotidiano: um homem sujo tem disponível
para si uma cuba com água, para higiene pessoal, que
servirá para encontrar-se com uma mulher – cujo corpo
está explícito no texto. A sujeira, os objetos, os corpos
compõem a realidade concreta.
Alternativa C: incorreta. Não há sentimentalismo no
poema. A própria ausência da primeira pessoa afasta
marcas de impressões ou emoções no conjunto do texto.
Alternativa E: incorreta. Não há tom confessional – isto é,
revelação de fatos íntimos de um eu – no poema. A própria
ausência da primeira pessoa afasta marcas de impressões
ou emoções no conjunto do texto.
QUESTÃO 10
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q19
Eu não tava nem aí, nem levava nada a sério,
Admirava os ladrão e os malandro mais velho
Mas se liga, olhe ao seu redor e me diga:
O que melhorou? Da função quem sobrou?
Sei lá, muito velório rolou de lá pra cá,
Qual a próxima mãe que vai chorar?

Não é por nada, não, mas aí, nem me liga ó


A minha liberdade eu curto bem melhor
Eu não tô nem aí pra o que os outros fala
Quatro, cinco, seis preto num Opala
Pode vim, tô na minha, na moral
Na maior, sem goró, sem droga
Um rolê com os aliado já me faz feliz
Respeito mútuo é a chave, é o que eu sempre quis
Procure a sua, a minha eu vou atrás,
Até mais, da fórmula mágica da paz.
BROWN, Mano. “Fórmula Mágica da Paz”. In: Racionais MC’s. Sobrevivendo no Inferno.
São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 125-6. (Adaptado)

Para o eu que enuncia a canção dos Racionais MC’s, a


fórmula mágica da paz é o(a)
A alienação da realidade.
B prazer do consumo.
C hedonismo desmedido.
D violência contra o opressor.
E liberdade em comunidade.

Gabarito: E

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C7H23

Na canção dos Racionais MC’s, a fórmula mágica da paz


não está na alienação hedonista do abuso de drogas (“sem
goró, sem droga”), mas na experiência da liberdade (“A
minha liberdade eu curto bem melhor”) vivida coletivamente
(“Um rolê com os aliado já me faz feliz / Respeito mútuo é a
chave, é o que eu sempre quis”).

Alternativa A: incorreta. Nenhuma passagem do texto


contém a alienação da realidade como fórmula para
encontrar a paz. Ao contrário: o abuso de drogas, que pode
ser considerado alienante, é afastado pelo eu da canção.
Alternativa B: incorreta. Nenhuma passagem do texto
aponta o prazer do consumo como forma de encontrar a paz.
Alternativa C: incorreta. O hedonismo considera que o
prazer é o único bem possível. Nenhuma passagem do
texto determina o hedonismo desmedido como forma de
encontrar a paz.
Alternativa D: incorreta. Nenhuma passagem do texto
declara a violência contra o opressor como forma de
encontrar a paz.
QUESTÃO 11
_ 22_ENEM_POR_MB_L3_Q01
Os muiraquitãs são artefatos confeccionados, em geral,
por nefrita verde, associados, especialmente, às culturas
arqueológicas das áreas de confluência dos rios Tapajós-
-Nhamundá-Trombetas. Estes objetos são vinculados à
Tradição Inciso Ponteada e aos falantes dos grupos Karib.
O termo muiraquitã pode designar tanto adornos
geométricos (geralmente tubulares) como pequenas
esculturas zoomorfas com furo de suspensão. Contudo, o
termo muiraquitã é, para a maioria dos autores, reservado
às esculturas figurativas. Entre os muiraquitãs zoomorfos,
a rã é, de longe, o animal mais popular, mas se conhecem
também algumas representações de peixe e de ave.
De acordo com estudiosos, há documentação do uso
de muiraquitãs como adornos femininos e como joias
usadas em trocas cerimoniais entre lideranças indígenas,
tendo valorizada a sua beleza e a crença em seu valor
curativo e ritual.
Condamine (1992) atesta que os indígenas dão
grande importância às pedras muiraquitãs e delas não se
desfazem.
NAVARRO, A. G.; PROUS, A. Revista de Arqueologia, vol. 33, n. 2, maio – ago. 2020.
(Adaptado)

O texto sobre a confecção e o uso do muiraquitã revela


sobre as culturas que o produzem uma
A concepção estética ancorada em uma visão crítica dos
problemas da realidade.
B expressão artística limitada devido à impossibilidade
de discernir a forma representada.
C idealização da cultura indígena com base no
eurocentrismo que caracteriza a arte clássica.
D compreensão do artefato como objeto de valor estético,
religioso e também de utilidade prática.
E contestação dos ideais de uma arte mimética devido à
predileção pela representação da fauna local.

Gabarito: D

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C4H12

O muiraquitã é um exemplo emblemático de que o


artesanato indígena sobrepõe funções estéticas e afetivas:
é utilizado como adorno, tem valor curativo e ritual para os
indígenas.

Alternativa A: incorreta. O texto não menciona a visão


crítica dos problemas da realidade como fundamento da
estética do muiraquitã.
Alternativa B: incorreta. É possível discernir os contornos
e as formas do muiraquitã, que podem ser adornos
geométricos ou esculturas zoomorfas.
Alternativa C: incorreta. Não há, no objeto, quaisquer
referências à cultura europeia.
Alternativa E: incorreta. Não houve contestação da ideia
de mimese. A mimese diz respeito à imitação da realidade
para a criação artística. Nessa perspectiva, há imitação das
formas e dos contornos de seres da realidade.
QUESTÃO 12
_ 22_ENEM_POR_VO_L3_Q06

Disponível em: <https://mulher.ma.gov.br>. Acesso em: 17 dez. 2021.

Existem elementos linguísticos de coesão textual que


antecipam e que retomam informações. Na propaganda
apresentada, o termo que retoma uma informação expressa
no texto é
A “e”.
B “com”.
C “em”.
D “isso”.
E “Arnaldo”.

Gabarito: D

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C6H18

No texto, o pronome demonstrativo “isso” na oração “Pode


isso, Arnaldo?” tem função anafórica, ou seja, retoma uma
informação expressa anteriormente no texto, a qual, no
caso, é o enunciado da oração preposta: “Duplo sentido e
conotação pejorativa com mulher em propaganda!”.

Alternativa A: incorreta. A conjunção “e” serve para


marcar uma relação entre termos, e não para retomar uma
informação.
Alternativa B: incorreta. A preposição “com” serve para
marcar uma relação entre termos, e não para retomar uma
informação.
Alternativa C: incorreta. A preposição “em” serve para
introduzir ideia de lugar, e não para retomar uma informação.
Alternativa E: incorreta. “Arnaldo” funciona na oração
como vocativo; o termo não retoma informação expressa
anteriormente.
QUESTÃO 13
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q02
VAN DIJK, Teun Adriannus. Discurso antirracista
no Brasil: da Abolição às ações afirmativas.
Especialista em análise do discurso expõe a teoria
do discurso e, a seguir, apresenta a história do discurso
antiescravista e antirracista em textos literários e
documentos históricos do século 17 ao 19, mostrando a
seguir as transformações no debate após a Abolição no
Brasil (1888), as duas Guerras Mundiais e a presente
discussão parlamentar acerca das cotas universitárias
para estudantes negros. TRAD. Conceição Maria Alves de
Araújo Guisardi. Ed. Contexto. 288 pp. R$ 59,90.
“Listão”. Revista Quatro Cinco Um, ago. 2021. p. 43.

Esse texto foi originalmente publicado em uma revista


especializada em livros, em uma seção na qual constam
os lançamentos do mercado editorial. Considerando o
texto e o suporte no qual foi veiculado, constata-se que seu
propósito é
A apresentar ao leitor informações sobre um livro.
B persuadir o leitor a envolver-se na causa antirracista.
C argumentar sobre a importância da análise do discurso.
D questionar os fundamentos da teoria utilizada pelo
autor do livro.
E justificar a opção da equipe editorial ao divulgar a
escolha do livro.

Gabarito: A

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C1H2

O texto analisado é meramente informativo: o título em


destaque contém o nome do autor e o título do livro que é
apresentado ao leitor; a curta nota a respeito do conteúdo
do livro é explicativa, sem avaliação crítica; as informações
finais (tradutora, editora, número de páginas e preço)
apenas elucidam aspectos técnicos. Note-se que todas
as alternativas incorretas são iniciadas por formas verbais
cujo sentido pressupõe o objetivo de convencer o leitor.

Alternativa B: incorreta. O texto destacado na questão


contém apenas informações explicativas a respeito de
um livro sobre a causa antirracista, sem o propósito de
persuadir o leitor a nela envolver-se.
Alternativa C: incorreta. O texto destacado na questão
contém apenas informações explicativas a respeito de um
livro cuja fundamentação teórica é a análise do discurso, sem
o propósito de argumentar sobre a importância dessa teoria.
Alternativa D: incorreta. O texto destacado na questão é
meramente informativo a respeito do livro de Teun Adrianus
van Dijk, sem o propósito de questionar os fundamentos da
teoria utilizada por ele.
Alternativa E: incorreta. O texto destacado na questão é
meramente informativo a respeito do livro de Teun Adrianus
van Dijk, sem o propósito de explicar por que ele teria sido
escolhido pela equipe editorial para figurar na seção “listão”.
QUESTÃO 14
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q26
Por que será tão difícil, para tanta gente, entender
o ofício da escrita como um trabalho qualquer? Ora, é
com os direitos autorais da venda de nossos livros que eu
e minha companheira pagamos nossas contas. Cada vez
que um livro nosso é pirateado, cada vez que um pdf de
nossos livros é compartilhado na internet, alguns preciosos
reais pingam a menos em nosso orçamento doméstico e
todo um setor da chamada economia criativa, que envolve
profissionais das mais variadas áreas e especialidades, é
prejudicado.
Fraude. Roubo. Apropriação indébita. Naturalizamos
a pirataria de livros a tal ponto que, quando um autor
reclama disso, vira alvo de agressões, desaforos e
ofensas. A normalização desse tipo de crime grassa nos
meios acadêmicos. Professores, sem se dar conta do
efeito perverso da prática, oferecem fotocópias e pdf de
livros como textos básicos para as disciplinas, em vez de
incentivarem o uso de bibliotecas universitárias e públicas.
NETO, Lira. “Não me peça para dar de graça a única coisa que eu tenho para vender”.
Disponível em: <https://diariodonordeste.verdesmares.com.br>. Acesso em: 10 dez. 2021.

Para o autor do texto, a expressão “um trabalho qualquer”,


para referir-se ao ofício da escrita, revela que
A o compartilhamento de arquivos PDF na internet é
ilegal.
B a pirataria de arquivos de livros na internet foi
naturalizada.
C o crime de pirataria foi normalizado e é incentivado por
professores.
D o trabalho do escritor deve ser remunerado como são
os outros trabalhos.
E essa prática e todo o setor da economia criativa como
um todo são desrespeitados.

Gabarito: D

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C9H30

É preciso compreender o sentido da pergunta feita pelo


autor no primeiro período do texto. Para ele, muita gente
não compreende que o ofício da escrita é um trabalho
como outro qualquer, isto é, é uma fonte de remuneração.
É isso que ele defende nos períodos seguintes, quando
argumenta contra o compartilhamento de PDFs na internet,
que lhe toma a renda necessária para pagar as contas.

Alternativa A: incorreta. O compartilhamento ilegal de


arquivos PDF na internet não se estende a outro trabalho
qualquer.
Alternativa B: incorreta. A naturalização da pirataria
de arquivos de livros na internet não se estende a outro
trabalho qualquer.
Alternativa C: incorreta. A normalização da pirataria por
professores não se estende a outro trabalho qualquer.
Alternativa E: incorreta. A expressão “um trabalho
qualquer” se refere ao ofício da escrita como trabalho que
deve ser remunerado, como qualquer outra ocupação,
não ao desrespeito a esse ofício e ao setor da economia
criativa.
QUESTÃO 15
_ 22_ENEM_POR_EY_L3_Q01

CAMPOS, Augusto de. “Pós-tudo”. Despoesia. Perspectiva, 1994.

Quanto à semântica, no poema “Pós-tudo”, escrito pelo


concretista Augusto de Campos, a
A disposição clássica das estrofes evidencia o conflito do
eu lírico entre mundo sensível e ideal.
B expressão “agorapóstudo” materializa a subjetividade
do sujeito na vanguarda do século XIX.
C inadequação ortográfica de “extudo” se remete a uma
variedade linguística geográfica.
D concatenação de vocábulos desconexos enfatiza a
forma em detrimento do conteúdo.
E palavra “mudo” pode aludir tanto à ação de transformar
como ao estado de mudez.

Gabarito: E

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C5H16

No poema, o uso das formas verbais “mudar” e “mudei”


sugerem o encadeamento lógico da forma verbal “mudo”,
em alusão à ação de transformar, de mudar, associada ao
“agora” enunciado. A leitura do conjunto também permite
entender que, depois de querer mudar tudo e de mudar, o
eu lírico ficou mudo, ou seja, em estado de mudez. Esses
sentidos são possibilidades semânticas do poema.

Alternativa A: incorreta. No poema concretista não há


disposição clássica de estrofes.
Alternativa B: incorreta. O Concretismo é um movimento
do século XX.
Alternativa C: incorreta. Em “extudo”, a partícula “ex” foi
justaposta ao termo “tudo” depois de o eu lírico dizer que
quis mudar tudo e mudou tudo, ou seja, que não há mais
tudo.
Alternativa D: incorreta. O poema não concatena
vocábulos desconexos. Embora a forma seja valorizada,
ela serve, nesse caso, para enfatizar o conteúdo.
QUESTÃO 16
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q22
Rio de Janeiro, 3 de junho de 1942
Senhor Presidente Getúlio Vargas:
Quem lhe escreve é uma jornalista, ex-redatora
da Agência Nacional (Departamento de Imprensa e
Propaganda), atualmente n’A Noite, acadêmica da
Faculdade Nacional de Direito e, casualmente, russa
também.
Uma russa de 21 anos de idade e que está no Brasil há
21 anos menos alguns meses. Que não conhece uma só
palavra de russo, mas que pensa, fala, escreve e age em
português, fazendo disso sua profissão e nisso pousando
todos os projetos do seu futuro, próximo ou longínquo.
Que deseja casar-se com brasileiro e ter filhos brasileiros.
Que, se fosse obrigada a voltar à Rússia, lá se sentiria
irremediavelmente estrangeira, sem amigos, sem profissão,
sem esperanças.
A assinatura de V.Ex.a tornará de direito uma situação
de fato. Creia-me, Senhor Presidente, ela alargará minha
vida. E um dia saberei provar que não a usei inutilmente.
Clarice Lispector.
LISPECTOR, Clarice. Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020. p. 46-7. (Adaptado)

O excerto pertence à primeira de duas cartas de Clarice


Lispector a Getúlio Vargas, presidente do Brasil naquele
momento, solicitando a naturalização brasileira e a
dispensa de parte do processo burocrático para receber
a documentação definitiva. Embora use a norma-padrão
e respeite a formalidade necessária nesse tipo de
correspondência, a autora
A colocou-se em posição subserviente e agressiva para
provocar o interlocutor.
B evitou protocolos típicos da carta e preferiu cativar pelo
impacto da linguagem.
C selecionou argumentos de autoridade para intimidar o
presidente e persuadi-lo.
D abusou da irreverência ao apresentar-se, conferindo ao
conjunto um tom sarcástico.
E fragmentou períodos e apelou para certo tom
sentimental para persuadir o interlocutor.

Gabarito: E

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C7H21

A fragmentação dos períodos compostos serve para dar


maior destaque a cada uma das orações que a autora
selecionou para expor a própria situação e justificar seu
pedido de cidadania; trata-se, fundamentalmente, de
orações em que ela afirma se identificar com o Brasil
e não com a Rússia. O tom sentimental se verifica nas
afirmações de caráter pessoal (como “Que deseja casar-
-se com brasileiro e ter filhos brasileiros” e “ela alargará a
minha vida”), que também têm por propósito persuadir o
presidente a facilitar a naturalização.

Alternativa A: incorreta. O texto não contém subserviência


nem agressividade da autora para provocar o interlocutor.
Alternativa B: incorreta. A autora usa os protocolos da
correspondência oficial, usando o pronome de tratamento
adequado para referir-se ao presidente e encabeçando a
carta com data e vocativo formal.
Alternativa C: incorreta. Não se pode falar, a rigor, de
argumentos de autoridade da autora nem de intimidação
do presidente. No que se refere aos argumentos, neles
predomina a persuasão por meio de certo apelo sentimental,
em que a autora argumenta merecer a naturalização por
identificar-se afetivamente com o Brasil. Essa identificação
se espraia ao pedido e à promessa final que faz, sem tentar
intimidar o interlocutor.
Alternativa D: incorreta. Embora seja possível afirmar que
há alguma irreverência na apresentação, não se verifica
no conjunto o “tom sarcástico”. A autora não zomba nem
insulta o presidente.
QUESTÃO 17
_ 22_ENEM_POR_NP_L3_Q01
O podcast é um formato de transmissão de conteúdo
via áudio, como se fosse um rádio, só que on-line. Esse
formato transmite os mais variados temas e assuntos, e
o diferencial é que você pode ouvir onde e quando quiser.
Hoje em dia, com a enxurrada de notificações nas redes
sociais, você acaba se atualizando de maneira rápida, mas
nem sempre com conteúdos relevantes. Com os podcasts,
na maioria dos casos, o conteúdo que você ouve ali não
será encontrado em outro lugar, porque foi produzido
especialmente para a plataforma e com uma linguagem
única. Dependendo do assunto, o nicho é específico, e o
conteúdo é relevante. Além disso, a transmissão é bastante
intimista, ou seja, você se sente próximo do tema que está
sendo debatido e das pessoas que estão falando. Os
programas são como uma conversa entre amigos, tornando
o ouvinte parte daquele projeto.
BERSOT, Kaike. “3 motivos para começar a ouvir podcasts diariamente”. Disponível em:
<https://www.unasp.br/blog>. Acesso em: 14 dez. 2021. (Adaptado)

O podcast é um dos formatos de texto que surgiram na era


digital. Segundo o texto, entre suas características, consta
o(a)
A promoção de produtos de empresas confiáveis em
cada nicho.
B flexibilidade com relação ao lugar e ao momento de
escutar o conteúdo.
C fixação a jargões exclusivos ao segmento a que cada
programa se dedica.
D apresentação de imagens que complementam o que
vem sendo dito em áudio.
E estabelecimento dos jovens usuários de redes sociais
como público-alvo primordial.

Gabarito: B

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C9H28

Segundo o texto, os podcasts podem ser escutados onde


e quando o ouvinte quiser, ou seja, a flexibilidade com
relação ao lugar e ao momento de escutar o conteúdo é
uma característica desse gênero digital.

Alternativa A: incorreta. O texto não fala sobre promoção


de produtos.
Alternativa C: incorreta. O texto afirma que, apesar do
nicho específico, os programas são como uma conversa
entre amigos, sem se referir a jargões.
Alternativa D: incorreta. Por ser um programa de áudio,
não apresenta imagens.
Alternativa E: incorreta. O texto menciona as redes sociais
ao tratar da quantidade de notificações sobre conteúdos
irrelevantes. Não se especifica o público-alvo do podcast.
QUESTÃO 18
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q09
TEXTO I

Frida Kahlo. Autorretrato com colar de espinhos e beija-flor. 1940. Óleo sobre tela.
61 cm × 47 cm. Harry Ransom Center, Austin, Texas, EUA.
TEXTO II

Maestro do Bigallo. Virgem em majestade com o Menino e dois anjos. 1275.


Têmpera sobre madeira. 118,5 cm × 57 cm. Museu de Arte de São Paulo.

Apesar de muito distantes no tempo e no espaço, as duas


obras apresentadas se aproximam no que se refere à
representação da mulher
A inserida no mundo natural, para destacar a importância
de seu corpo.
B idealizada em contexto religioso no qual cumpre uma
missão sagrada.
C cuja postura inabalável representa a resiliência para
lidar com o sofrimento.
D arrependida e resignada às missões sagradas que lhe
foram atribuídas.
E que abandona o cotidiano submisso para enfrentar
situações bélicas.

Gabarito: C

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C4H13

O elemento comum entre as duas obras é o rosto das


mulheres – Frida Kahlo, na primeira, Virgem Maria na
segunda. Na duas, esse rosto está no centro da tela
e representa a capacidade imperturbável das duas
mulheres de encarar o sofrimento: no autorretrato da
pintora mexicana, ela suporta estoicamente a dor que lhe
é infligida pelo colar de espinhos; na obra do Maestro do
Bigallo, Maria acolhe no colo o filho cuja morte lhe causará
um sofrimento terrível.

Alternativa A: incorreta. Na segunda pintura, o corpo


de Maria está completamente coberto pelo panejamento,
isto é, pelas vestes que lhe cobrem o corpo, em referência
clara ao distanciamento do plano em que ela está do plano
natural. É somente no autorretrato de Frida Kahlo que a
figura da mulher está integrada ao plano natural.
Alternativa B: incorreta. Embora a pintura de Frida Kahlo
contenha referências religiosas – o colar de espinhos, que
remete à coroa de espinhos de Cristo, e a própria postura
hierática, típica da iconografia religiosa –, não se pode
afirmar que, nessa tela, a mulher seja representada como
idealizada, nem que ela esteja cumprindo uma missão
sagrada.
Alternativa D: incorreta. Nenhuma das mulheres
representadas parece sentir-se arrependida, embora as
duas estejam resignadas. Além disso, no autorretrato a
ideia da “missão sagrada” não se faz presente.
Alternativa E: incorreta. Não há menção a quaisquer
situações bélicas, isto é, de guerra, nas telas.
QUESTÃO 19
_ 22_ENEM_POR_AS_L3_Q02
De sua cadeira reclusa, ela analisava crítica aqueles
vestidos sem nenhum modelo, sem um drapeado, a mania
que tinham de usar vestido preto com colar de pérolas, o
que não era moda coisa nenhuma, não passava era de
economia. Examinando distante os sanduíches que quase
não tinham levado manteiga. Ela não se servira de nada,
de nada! Só comera uma coisa de cada, para experimentar.
E por assim dizer, de novo a festa estava terminada.
As pessoas ficaram sentadas benevolentes. Algumas
com a atenção voltada para dentro de si, à espera de
alguma coisa a dizer. Outras vazias e expectantes, com um
sorriso amável, o estômago cheio daquelas porcarias que
não alimentavam mas tiravam a fome.
LISPECTOR, Clarice. “Feliz aniversário”. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, [s.d.].

No conto “Feliz aniversário”, o foco recai sobre uma


aniversariante de 89 anos, que é a personagem reclusa em
sua cadeira, e sua família, reunida para comemorar a data.
A passagem extraída da narrativa traz à tona, entre outros
olhares, uma postura
A benevolente em relação ao comportamento das
personagens.
B crítica em relação a certos hábitos das pessoas
presentes.
C contrária a eventos familiares organizados às pressas.
D favorável a opções de alimentação pouco nutritivas.
E idealizada no que se refere a reuniões familiares.

Gabarito: B

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C5H17

O excerto do conto evidencia, em sua parte inicial, uma


posição crítica da aniversariante quanto a aspectos de
vestuário observados na festa familiar: “ela analisava crítica
aqueles vestidos sem nenhum modelo, sem um drapeado,
a mania que tinham de usar vestido preto com colar de
pérolas, o que não era moda coisa nenhuma, não passava
era de economia”.

Alternativa A: incorreta. As personagens são abordadas


sem um olhar benevolente da narrativa.
Alternativa C: incorreta. O excerto não toca em questões
de preparação do evento.
Alternativa D: incorreta. Fica expressa uma crítica a
refeições pouco nutritivas (“porcarias que não alimentavam
mas tiravam a fome”).
Alternativa E: incorreta. Não consta, no texto, nenhuma
idealização sobre eventos ou encontros familiares.
QUESTÃO 20
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q14
“Aqui, Lygia estaria me odiando”, afirma Max
Perlingeiro, organizador de uma mostra em celebração
do centenário de nascimento de Lygia Clark. O ódio
fantasioso da artista seria provocado por uma das salas
da exposição. Lá estão reunidos tesouras, papéis, ervas
aromáticas, coletes e macacões, todos desenvolvidos pela
artista para serem tocados, cheirados, vestidos. Mas são
tempos de desvio do que um dos nomes mais importantes
das artes visuais brasileiras buscava em sua produção, que
confundia experimentação estética e práticas terapêuticas
experimentais. Todos os objetos ficarão ali estáticos, sem
o toque do público. Isso porque o tipo de contato entre
corpos que ela propõe ainda é uma ameaça sanitária,
com a circulação do vírus. Mas, ainda que em postura
contemplativa, o passeio pelas cerca de cem obras da
artista convoca os sentidos, como num despertar ainda
lento de sujeitos que passaram tempo demais em reclusão.
MORAES, Carolina. “Exposição de Lygia Clark busca despertar os sentidos, dormentes da
quarentena”. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 9 dez 2021.

A leitura do texto permite afirmar que, para a autora, a


proposta artística de Lygia Clark
A perdeu o sentido na atualidade, porque não previu a
ameaça sanitária.
B causa ódio no observador, que não pode mais tocar as
obras da artista.
C foi desviada de sua finalidade original, que era
discriminar arte e terapia.
D faz sentido no mundo atual ainda, apesar das restrições
aos observadores.
E é uma ameaça sanitária, decorrente do negacionismo
da arte contemporânea.

Gabarito: D

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C7H23

Para a autora, mesmo que os objetos desenvolvidos por


Lygia Clark para serem “tocados, cheirados, vestidos” não
possam sê-lo, a exposição dessas obras ainda faz sentido
porque o visitante poderá contemplá-los e experimentar,
aos poucos, as sensações que eles evocam, como se a
vivência dos sentidos estivesse retornando paulatinamente.

Alternativa A: incorreta. Para a autora, apesar da


restrição tátil, causada pela ameaça sanitária, as obras de
Lygia Clark continuam convocando a experiência sensível
do público, mas aos poucos e a distância, em um retorno
lento da proposta da autora.
Alternativa B: incorreta. Para o curador da exposição
das obras de Lygia Clark, a artista é que teria ódio dele
se estivesse viva, porque as obras por ele expostas não
podem ser tocadas, cheiradas, vestidas, exatamente o
contrário do que propunha a autora.
Alternativa C: incorreta. Certamente, as restrições
sensíveis às obras que foram feitas para ser “tocadas,
cheiradas, vestidas” são um desvio de seu propósito
original, que era amalgamar “experimentação estética e
práticas terapêuticas experimentais”, e não discriminar
esses processos.
Alternativa E: incorreta. A exposição das obras de
Lygia Clark não admitiu a experiência sensível proposta
originalmente pela autora, para evitar contaminações.
QUESTÃO 21
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q17

Disponível em: <https://www.saopaulo.sp.gov.br>. Acesso em: 24 nov. 2021.

O infográfico apresentado foi dividido em quatro faixas


horizontais, cada uma contendo um grupo de informações
verbais e visuais a respeito da queda de fatalidades no
trânsito do estado de São Paulo. Nesse infográfico,
A as informações à esquerda não são ilustradas pelo
gráfico à direita na segunda faixa.
B a terceira faixa contém um gráfico estilizado das
informações verbais ali apresentadas.
C a imagem da ambulância, na primeira faixa, remete-se
à causa da redução de fatalidades.
D a divisão em quatro faixas de informação reforça os
números apresentados na primeira delas.
E o semáforo de duas fases ilustrado na quarta faixa não
tem relação com o tema do infográfico.

Gabarito: A

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C6H18

De forma geral, no infográfico analisado, as imagens são


apenas ilustrações criativas, com pouca ou nenhuma
relação com as informações verbais apresentadas. Na
segunda faixa, as informações do lado esquerdo, referentes
a ações de conscientização a respeito de segurança no
trânsito, não são ilustradas no gráfico, que explicita as
porcentagens de óbitos por tipo de veículo. Trata-se de
dados distintos, sem que a imagem da esquerda sirva de
ilustração para as informações apresentadas à direita.

Alternativa B: incorreta. A ilustração de uma curva de


estrada, na terceira faixa, não compõe um gráfico das
informações apresentadas, cujas unidades numéricas
sequer são as mesmas: à esquerda, os dados são
financeiros, medidos em unidade monetária; ao centro,
fala-se de municípios; à esquerda, de projetos. A imagem
é apenas uma ilustração criativa, relacionada ao tema do
infográfico, mas com pouca ou nenhuma relação com as
informações verbais apresentadas na faixa.
Alternativa C: incorreta. Em nenhuma das faixas, sugere-
-se que o atendimento das ambulâncias seja a causa
da redução das fatalidades. A imagem é apenas uma
ilustração criativa, relacionada ao tema do infográfico,
mas com pouca ou nenhuma relação com as informações
verbais apresentadas na faixa.
Alternativa D: incorreta. Não há correlação entre a divisão
do infográfico em quatro faixas e os dados numéricos
apresentados na primeira.
Alternativa E: incorreta. A imagem é uma ilustração
criativa que, embora tenha pouca relação com as
informações verbais apresentadas, está relacionada ao
tema do infográfico.
QUESTÃO 22
_ 22_ENEM_POR_NB_L3_Q02
Quando Audre Lorde fala de autocuidado, não está
reduzindo isso a fazer tratamento de pele ou tão somente
tirar um dia para si, mas de um conjunto de ações que
deveriam estar à disposição das mulheres para que elas
pudessem minimamente ter escolhas. Imagina ter uma vida
tão atribulada que não sobra tempo para pensar em mais
nada além da própria sobrevivência?
Essa é a realidade da maioria da população oprimida
pelas desigualdades.
Para falarmos em autocuidado de forma mais
abrangente, precisamos que se amplie o acesso a
determinadas práticas e que se valorize o trabalho daquelas
que nos mostram que cuidar de si não é egoísmo ou coisa
de clubes exclusivos: é autopreservação para lidar com
um mundo que nos sobrecarrega; é promover a cura e o
equilíbrio para aquelas que sempre cuidaram do mundo.
RIBEIRO, Djamila. “Cuidar de si não é egoísmo ou algo exclusivo, mas autopreservação”.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 14 dez. 2021. (Adaptado)

A tipologia textual predominante no texto é a


A injuntiva, pois orienta as leitoras a realizarem algumas
formas simples de autocuidado.
B descritiva, pois traz características de Audre Lorde que
a levaram a pensar sobre o autocuidado.
C narrativa, ao citar como formas de autocuidado tirar um
dia para si e fazer um tratamento de pele.
D expositiva, pois explica a formação da desigualdade
social que nega às mulheres pobres o autocuidado.
E argumentativa, pois defende que o autocuidado é uma
forma de autopreservação para lidar com o cotidiano.

Gabarito: E

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C1H1

A tipologia textual predominante é a argumentativa,


percebida pela maneira como a autora revela seu
posicionamento a respeito do autocuidado, considerando-o
como um conjunto de ações voltadas para a autopreservação
em um ambiente sobrecarregado.

Alternativa A: incorreta. O texto não apresenta orientações


sobre formas de autocuidado.
Alternativa B: incorreta. A autora cita Audre Lorde para
fortalecer seu argumento de que autocuidado é um direito
e uma necessidade de todas as mulheres, distanciando-se
assim da tipologia descritiva.
Alternativa C: incorreta. A autora não lança mão de
tipologia narrativa para falar sobre formas de autocuidado,
além de que isso não é o objetivo do texto.
Alternativa D: incorreta. Ainda que o texto mencione a
desigualdade, sua formação não é explicada.
QUESTÃO 23
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q15
Estar na Amazônia me lançou num outro tipo de
desvendamento. A floresta não deixa esquecer nem por
um segundo que somos corpo. Essa impossibilidade de
escapar é exatamente isto, uma impossibilidade. Não há
como cobrir a pele numa sensação térmica de quarenta
graus. Estamos ali, quase nus, sempre suando, ardendo,
fazendo contato com outros seres, desejando. Água,
comida, banho, descanso, outros corpos. O pé está no
chão e todo o resto está roçando em algo vivo ou sendo
tocado por algo vivo. O corpo e a mente, estes apartados
pelos muros da filosofia ocidental, voltam a se juntar, a se
misturar. Ou melhor, deixam de existir como categorias
distintas. É um acontecimento.
BRUM, Eliane. Banzeiro Òkòtó: uma viagem à Amazônia Centro do Mundo.
São Paulo: Companhia das Letras, 2021. p. 48. (Adaptado)

Eliane Brum é escritora, jornalista e documentarista. Nesse


fragmento, extraído de seu último livro publicado, o(a)
A propósito predominante é de transmitir ao leitor
a dimensão pessoal da experiência, negando a
argumentação.
B caráter informativo se mistura ao relato
pessoal, combinação que culmina em um texto
predominantemente narrativo.
C vivência é transformadora, de maneira que a autora
se debruça sobre o próprio limite da linguagem para
relatar sua experiência.
D relato da experiência pessoal se combina ao texto
analítico-informativo em um conjunto cujo propósito é
persuadir o leitor.
E multiplicidade sensorial das experiências do corpo,
no espaço da Amazônia, inscreve no texto o lirismo
evasivo da poesia.

Gabarito: D

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C6H19

A multiplicidade da experiência sensorial vivida pela


autora na Amazônia confere ao texto três dimensões que
se combinam: a primeira, associada à função emotiva
da linguagem, está expressa no caráter confessional
da vivência particular, da primeira pessoa do singular,
especialmente no primeiro período; a segunda, em que
essa experiência se expande, tem feição referencial,
informativa sobre as características do espaço; a terceira é
argumentativa, em que as duas anteriores servem de ponto
de partida para argumentar sobre os limites da filosofia
ocidental naquele contexto e convencer o leitor de que
viver na Amazônia é o “acontecimento” da junção de corpo
e mente.

Alternativa A: incorreta. Embora o trecho inicial do texto


contenha traços de função emotiva, a avaliação do conjunto
permite afirmar que a experiência pessoal e a descrição
do contexto servem para relativizar um pressuposto da
filosofia ocidental, de modo a convencer o leitor de que a
experiência de viver na Amazônia é um acontecimento.
Alternativa B: incorreta. Não se verifica no texto a
predominância da tipologia narrativa. Nele, ocorrem
diversas passagens descritivas, da experiência pessoal da
autora, sem dar margem à ação.
Alternativa C: incorreta. Não há, no conjunto do texto, a
dimensão metalinguística sugerida na alternativa: no trecho
analisado, a autora não usa a linguagem para analisar a
própria linguagem.
Alternativa E: incorreta. Nada menos adequado ao
trecho analisado do que a expressão “lirismo evasivo da
poesia”: as descrições de Eliane Brum são feitas a partir
da experiência sensível concreta da autora, sem evasão à
realidade; ao contrário: é ao contexto amazônico que ela
se entrega e é a partir dele que cria uma análise crítica da
filosofia ocidental.
QUESTÃO 24
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q03
TEXTO I
E como os negros são senhores daqueles matos
e experimentados naquelas serras, o uso os tem feito
robustos naquele trabalho e fortes naquele exercício, com
que nestas jornadas nos costumam fazer muitos danos,
sem poderem receber nenhum estrago, porque encobertos
dos matos e defendidos dos troncos se livram a si e nos
maltratam a nós.
Este era o estado em que achou os Palmares dom Pedro
de Almeida, quando entrou a governar estas capitanias.
E como os clamores do perigo comum e a queixa da
insolência dos negros era geralmente lamentada de todos
os moradores, logo tratou de acudir ao remédio daqueles
povos e de conquistar a soberba daqueles inimigos.
DA SILVA, Padre Antônio. “Relação da ruína dos Palmares”. In: LARA, Silvia Hunold e
FACHIN, Phablo Roberto Marchis (Org.). Guerra contra Palmares: o manuscrito de 1678.
São Paulo: Chão Editora, 2021.
TEXTO II
“Relação” é um gênero textual por meio do qual se
narram acontecimentos com a finalidade de informar,
solenizar sucessos e enaltecer determinadas autoridades.
É assim que o padre Antônio da Silva se refere a seu
texto, mais de uma vez. Associando retórica ao estilo que
usava nos sermões, ele torna evidente uma escrita que se
configura de acordo com o gênero escolhido: o padre visa
evidenciar “o incontrastável” da empresa levada a cabo por
dom Pedro de Almeida.
LARA, Silvia Hunold e FACHIN, Phablo Roberto Marchis. “Posfácio”.
In: Guerra contra Palmares: o manuscrito de 1678. São Paulo: Chão Editora, 2021.

O Texto I é um trecho da “Relação da ruína contra


Palmares”, escrito por padre Antônio da Silva, em 1678,
narrando a luta dos colonos portugueses, liderados por
dom Pedro de Almeida, contra os africanos escravizados
que conseguiam fugir e se concentravam em quilombos
nos arredores de áreas habitadas por brancos. O Texto II
contém uma explicação a respeito do texto do padre.
Levando em consideração essa explicação, verifica-se
que, para enaltecer as ações de dom Pedro de Almeida, o
padre escritor
A duvidou da capacidade de dom Pedro de Almeida de
enfrentar os africanos aquilombados.
B atribuiu aos aquilombados características
sobrenaturais, para torná-los mais ameaçadores.
C enalteceu os africanos fugitivos de forma contraditória,
de modo a enaltecer dom Pedro.
D descreveu habilidades e saberes dos africanos que
seriam superadas por dom Pedro.
E menosprezou a sagacidade dos africanos fugitivos, por
meio de termos pejorativos.

Gabarito: D

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C1H3

No Texto II, os estudiosos afirmam que o padre se utiliza de


elementos da retórica para enaltecer a luta de dom Pedro
de Almeida contra os africanos fugitivos e aquilombados.
O principal recurso retórico usado pelo padre é uma
descrição minuciosa das habilidades desses africanos:
eles são “senhores” das matas, experientes “robustos
naquele trabalho e fortes naquele exercício”, maltratando
os colonos portugueses e causando-lhes danos. Na
descrição, são curiosos os pares complementares – como
“robustos” e “fortes”, ou “encobertos” e “defendidos” –, para
enaltecer as habilidades dos negros, e os pares opositivos
– como “muitos danos” e “nenhum estrago”, ou “se livram a
si e nos maltratam a nós” – para evidenciar a superioridade
momentânea dos aquilombados. É essa superioridade que
será superada pelas providências tomadas por dom Pedro
de Almeida, como fica evidente no segundo parágrafo.

Alternativa A: incorreta. Não há trechos, no primeiro


parágrafo do Texto I, em que o padre Antônio da Silva duvide
da capacidade de dom Pedro de Almeida de enfrentar os
africanos.
Alternativa B: incorreta. Não há trechos, no primeiro
parágrafo do Texto I, em que o padre Antônio da Silva
atribua aos aquilombados características sobrenaturais.
Alternativa C: incorreta. Não se pode afirmar que os
africanos fugitivos e aquilombados tenham sido descritos
de maneira contraditória. Pelo contrário, no primeiro
parágrafo o padre se refere a eles, sempre, como
habilidosos e adaptados à região, que a conhecem melhor
do que os colonos. Quando utiliza antíteses, o padre o faz
para evidenciar a superioridade dos africanos em oposição
à desvantagem dos brancos.
Alternativa E: incorreta. Em nenhum momento, o padre
Antônio da Silva menospreza os africanos. Pelo contrário:
no primeiro parágrafo do Texto I, ele descreve as habilidades
deles, por meio, por exemplo, de pares complementares –
como “robustos” e “fortes”, ou “encobertos” e “defendidos” –
sempre revelando a inteligência e a adaptabilidade dessas
pessoas na região.
QUESTÃO 25
_ 22_ENEM_POR_VO_L2_Q02

Disponível em: <https://twitter.com/gakim0>. Acesso em: 17 dez. 2021.

No post do Twitter, uma usuária da rede social compartilhou


uma brincadeira. A estratégia empregada no texto
verbal para convencer as pessoas a participarem dessa
brincadeira é baseada em
A provocação, ao questionar a competência do
interlocutor.
B sedução, ao elogiar a habilidade do interlocutor.
C chantagem, ao pressionar o interlocutor.
D intimidação, ao ameaçar a integridade do interlocutor.
E tentação, ao oferecer recompensa pelo empenho do
interlocutor.

Gabarito: A

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C7H24

No texto verbal, o enunciado “Duvido que você consiga


desenhar isso” questiona a competência do interlocutor,
funcionando como uma provocação.

Alternativa B: incorreta. No enunciado verbal não há


elogio ao interlocutor.
Alternativa C: incorreta. A chantagem se caracteriza
pela persuasão por meio de ameaça ou de recompensa
condicionada a determinada atitude, o que não ocorre no
enunciado verbal.
Alternativa D: incorreta. No enunciado verbal não há
ameaça à integridade do interlocutor.
Alternativa E: incorreta. No enunciado verbal não há
oferecimento de recompensa ao interlocutor.
QUESTÃO 26
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q11
O canal Molishop emitia seus chamadões em altíssimo
volume. O objetivo era me persuadir a comprar a cinta
trêmula de definir silhuetas insinuantes com apenas alguns
minutos de uso diário. A ideia nem gerava coceiras no
meu pensamento, não decidido a ter curvas extremas
para preencher minha combinação adorada de todas as
tardes: short gasto, camiseta e meias, geralmente uma
de cada cor, pisando sobre dezenas de migalhas de
Cheetos. Aquele toque salpicado de amarelo-vertigem
ajudava a colorir o sofá da sala. O estofado, estampado
com flores brancas de cetim, tinha sido o item de adoração
da minha mãe, que, um ano depois, só pensava em trocar
ele por outro de chenile terracota. Mães costumam ficar
obcecadas por determinados objetos e, logo que têm
eles em seu poder, entram num movimento acelerado de
desapego, colaborando de todas as maneiras para a sua
rápida decomposição. Assim como pessoas fazem com
outras pessoas. Nessas condições, o farelo de Cheetos
era conveniente e eu, de certo modo, fazia a minha parte.
JUDAR, Cristina. Elas marchavam sob o sol. Porto Alegre: Dublinense, 2021. p. 26-7.

Uma tendência marcante do romance contemporâneo


perceptível no fragmento de Elas marchavam sob o sol, de
Cristina Judar, é o(a)
A crítica à cultura do consumismo.
B rigor gramatical como ornamento.
C descrição isenta de juízo de valor.
D pendor para a idealização romântica.
E celebração da mercadoria globalizada.

Gabarito: A

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C5H15

O parágrafo contém uma perspectiva crítica à cultura do


consumo. A narradora do texto está diante de um televisor,
consumindo salgadinho, em postura de resistência à
persuasão das propagandas (“A ideia nem gerava coceiras
no meu pensamento, não decidido a ter curvas extremas”)
e observa com desaprovação a obsessão da mãe em trocar
o sofá, da mesma forma que “pessoas fazem com outras
pessoas”. Trata-se de imagens da vida contemporânea,
na qual as relações de consumo prevalecem sobre outras:
assim que conquistam o objeto desejado (mesmo que
ele seja uma pessoa), as pessoas desejam outro, que o
substitua, sem estabelecimento de laços afetivos.

Alternativa B: incorreta. Do ponto de vista formal, o texto


não apresenta o empolamento do rigor gramatical. Ele
contém, inclusive, um desvio à norma-padrão, nas frases
“só pensava em trocar ele por outro” e “logo que têm eles
em seu poder”: o uso do pronome reto em função de objeto
direto.
Alternativa C: incorreta. A narradora não é isenta: ela
explicita sua visão crítica à proposta das propagandas e
à forma consumista de pessoas tratarem umas às outras.
Alternativa D: incorreta. No texto não há idealização
romântica. Trata-se precisamente do inverso: a descrição
do espaço e das ações é bastante concreta.
Alternativa E: incorreta. Existem algumas mercadorias
globalizadas no trecho – a televisão, o salgadinho, o canal
de vendas, a mobília descartável – mas elas não são
celebradas, ao contrário: a narradora repudia a relação
superficial de consumo das pessoas com esses objetos.
QUESTÃO 27
_ 22_ENEM_POR_NB_L3_Q01

O texto multimodal se caracteriza pela conexão de


modalidades discursivas diferentes. Na propaganda
apresentada, essa conexão se dá entre
A os brinquedos representando a flora e os brinquedos
que simbolizam a fauna do estado de Pernambuco no
texto visual.
B o discurso informativo sobre a biodiversidade local e
o discurso apelativo para convencer o leitor sobre a
importância do meio ambiente.
C o objetivo de informar a população acerca do período
definido como mês do meio ambiente e a intenção velada
de promover o turismo no estado de Pernambuco.
D a declaração expressa sobre a importância dada pelo
governo de Pernambuco à proteção da biodiversidade
e a sugestão de que as tentativas de proteção do
passado falharam.
E o enunciado verbal aludindo ao efeito do
desenvolvimento sustentável sobre a vida de quem
ainda vai nascer e a imagem de elementos da natureza
em um objeto que se remete à infância.

Gabarito: E

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C1H1

Como o enunciado da questão expressa, a multimodalidade


se caracteriza pela coexistência de modalidades discursivas
diferentes. Na propaganda, as duas modalidades que
aparecem são o enunciado verbal e o enunciado imagético:
enquanto o primeiro alude à ideia de que o desenvolvimento
sustentado melhora a vida de quem ainda não nasceu,
ou seja, que está por nascer, o segundo complementa a
comunicação ao apresentar uma tartaruga, um pássaro,
um peixe, uma árvore e um cogumelo em um móbile, um
elemento comum em quartos de bebês.

Alternativa A: incorreta. A relação entre um e outro


brinquedo não configura a multimodalidade no texto.
Alternativa B: incorreta. Não há discurso informativo
sobre a biodiversidade local no texto.
Alternativa C: incorreta. Nenhum elemento do texto
permite inferir a intenção de promover o turismo no estado.
Ademais, intenções diversas, por si, não caracterizam a
multimodalidade.
Alternativa D: incorreta. Não há declaração expressa
sobre a importância dada pelo governo à proteção da
biodiversidade, e nenhum elemento do texto permite
inferir uma sugestão de que as tentativas de proteção da
biodiversidade do passado falharam.
QUESTÃO 28
_ 22_ENEM_POR_JH_L3_Q01
TEXTO I
Ai! que saudade da Amélia
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado


E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, o que se há de fazer?

Amélia não tinha a menor vaidade


Amélia é que era a mulher de verdade
ALVES, Ataulfo; LAGO, Mário. 1942.
TEXTO II
Desconstruindo Amélia
Ela foi educada pra cuidar e servir
De costume esquecia-se dela, sempre a última a sair

E eis que de repente ela resolve então mudar


Faz questão de se cuidar, nem serva, nem objeto [...]

Tem talento de equilibrista


Ela é muita se você quer saber [...]
Depois do lar, do trabalho e dos filhos
Ainda vai pra night ferver
Pitty. Chiaroscuro. Polysom, 2009.

O Texto I é uma canção composta pelos fluminenses


Ataulfo Alves e Mário Lago, lançada em 1942, e o Texto II é
uma canção da compositora e cantora baiana Pitty, lançada
no ano de 2009. Há, entre os textos, uma evidente relação
intertextual; entretanto, no
A Texto I, assume-se o ponto de vista da Amélia; no Texto
II, não.
B Texto I, Amélia teve uma educação tradicional; no Texto
II, não.
C Texto I, Amélia é a mãe do eu lírico; no Texto II, é o
próprio eu lírico.
D Texto I, a mulher é resignada; no Texto II, não se
restringe a cuidar do outro.
E Texto I, critica-se a opressão da mulher na sociedade;
no Texto II, não há problematização.

Gabarito: D

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C7H22

No Texto I, a mulher da qual o eu lírico sente saudade


é resignada e condescendente; já no Texto II, há uma
construção da mulher mais complexa, que se divide
entre a casa, o trabalho, os filhos e a própria diversão. A
desconstrução que o título da canção de Pitty anuncia se
refere à imagem da Amélia como uma mulher restrita ao
lar, da canção de Mário Lago, propondo novos horizontes
a ela.

Alternativas A e C: incorretas. O Texto I assume a


visão do amante que lembra de Amélia como essa mulher
subserviente a ele. No Texto II, o eu lírico se dedica a contar
a história da mulher atual.
Alternativa B: incorreta. O Texto II afirma que “Ela foi
educada pra cuidar e servir”, ou seja, teve uma educação
tradicional.
Alternativa E: incorreta. O Texto I não apresenta essa
visão crítica sobre o papel da mulher; ele reforça um
estereótipo.
QUESTÃO 29
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q23
Ele agita o spray de tinta com a sensação de uma
vitória secreta: “Terminei”.
“Então tem que assinar”, afirma Verena. “Grafiteiro
sempre assina.”
“Pedro Machado. Ou Pedro Lomba. Pedro Neto?”
“Horrível.”
“É o meu nome, quer que eu assine o quê?”
“Você é bobo, Pedro? Grafiteiro tem que ter um
pseudônimo senão a polícia prende o cara”, diz a menina.
“Sabia que é proibido pichar muro?”
“Grafitar. Pseudo o quê?”
“Pseudônimo. Um apelido. Como nome de artista”.
“Verdade”, palpita o garoto no muro, se intrometendo
na conversa. “Grafiteiro tem que ter nome de artista”.
“Claro”, diz Pedro. “Grafiteiro é artista.”
“Dom Pedro é maneiro”, diz o garoto.
“Dom Pedro é nome de rei, não gosto.”
“Pedro Dom”, diz Verena.
“Dom Pedro ao contrário?”
“Não. Pra mostrar que Pedro tem um dom, um talento
especial.”
“Pedro Dom, Pedro Dom, Pedro Dom, Pedro Dom...”,
ele repete, como se cantasse um rap.
BELLOTTO, Tony. Dom. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. p.13-4. (Adaptado)

Levando em consideração o contexto em que ocorre


a passagem – uma conversa entre três adolescentes,
depois que um deles acabou de grafitar um muro –, o uso
da palavra “grafiteiro” e a escolha do pseudônimo “Pedro
Dom” revelam que
A as atividades artísticas alcançam uma majestade
específica.
B o senso estético da juventude urbana brasileira está
fragilizado.
C novos sentidos podem surgir em contextos e arranjos
diferentes.
D a inversão da ordem dos termos pode renovar-lhes o
significado.
E a juventude cria novas realidades e atribui-lhes velhos
sentidos.

Gabarito: C

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C8H27

No conjunto do texto, existe, por meio do diálogo entre


os adolescentes, uma reflexão sobre as palavras como
expressões de um ponto de vista, de um contexto específico.
Pedro não se vê como pichador, e sim como grafiteiro,
que, para ele, equivale a artista, mesmo que o discurso
social hegemônico atribua a essas pessoas a qualidade de
criminosos e não os veja como artistas. No pseudônimo, a
inversão da expressão Dom Pedro, carregada do sentido
associado à monarquia, é invertida (rearranjada, portanto)
para anular esse sentido e ganhar outro: que Pedro é
portador de um dom, isto é, de uma qualidade inata – a de
ser artista.

Alternativa A: incorreta. É impreciso dizer que “atividades


artísticas têm uma majestade específica”. Além disso,
mesmo que essa expressão possa estar relacionada à
inversão “Pedro Dom”, ela não diz respeito a “grafiteiro”.
Alternativa B: incorreta. Não há elementos no texto que
permitam afirmar que “o senso estético da juventude urbana
brasileira está fragilizado”, nem que, nele, o sentido da
palavra “grafiteiro” ou a escolha do pseudônimo indiquem
esse suposto enfraquecimento.
Alternativa D: incorreta. Embora diga respeito ao
pseudônimo “Pedro Dom”, a afirmação dessa alternativa
não se refere a “grafiteiro”.
Alternativa E: incorreta. A alternativa E estaria correta se
contivesse a seguinte afirmação: a juventude cria novas
realidades e, para enunciá-las, cria novas palavras ou
expressões. No texto, para Pedro, o grafite é uma nova
forma de arte, por isso não se pode chamá-la de pichação.
Para uma nova realidade, uma nova palavra.
QUESTÃO 30
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q10

Jaider Esbell. A conversa das entidades intergalácticas para decidir o futuro universal da
humanidade. 2021. Acrílica e posca sobre tela, 112 cm x 232 cm.

A obra apresentada é de autoria de Jaider Esbell, artista


que, entre as temáticas de sua produção, retratou valores de
sua etnia indígena, a Makuxi. Considerando os elementos
visuais e o título da obra, a concepção de mundo nela
representada pressupõe a
A faculdade humana de interferir no conjunto da natureza.
B inexistência de emoções autênticas próprias dos seres
humanos.
C inserção da humanidade em uma ordem natural que
lhe é superior.
D hegemonia do projeto extrativista humano sobre as
forças naturais.
E força humana como determinante para a escolha do
próprio destino.

Gabarito: C

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C4H14

O elemento visual predominante na tela em destaque é


a integração: nela, diversas linhas colocam diferentes
áreas do quadro em contato, da mesma maneira que as
muitas formas se amalgamam umas às outras, resultando
em uma rede que medeia entre os elementos distintos. O
título esclarece esse efeito visual: trata-se de “entidades
intergalácticas” que decidem o futuro da humanidade, o
que sugere a inserção de mulheres e homens em uma
ordem que lhes é superior.

Alternativa A: incorreta. O conjunto da tela não tem por


pressuposto a faculdade humana de interferir na natureza
(que não está figurada na imagem), e sim na incapacidade
humana de perceber a inserção em uma ordem maior.
Alternativa B: incorreta. Todos os elementos da tela
sugerem que o homem está integrado a uma ordem que lhe
é superior: as diferentes regiões do quadro, ligadas umas
às outras por traços extensos, compõem um todo coerente,
que representam as “forças intergalácticas” que debatem
o destino humano, a elas submetido. Isso não quer dizer
que, sob essa concepção, o ser humano seja um autômato
desprovido de emoções autênticas.
Alternativa D: incorreta. O conjunto da tela não tem por
pressuposto a suposta hegemonia do projeto extrativista
humano, que não está figurado no conjunto, e sim a
subordinação desse projeto a um outro, maior.
Alternativa E: incorreta. Os elementos visuais e o título da
tela sugerem que a humanidade faz parte de uma ordem
que lhe é superior, de modo que é incorreto afirmar que a
força humana é determinante na escolha do próprio destino.
QUESTÃO 31
_ 22_ENEM_POR_AS_L3_Q01
A depressão e a síndrome do pânico em mulheres
negras são retratadas na performance artística
Tempestuosa Depressagem. A curadora e idealizadora do
projeto, Flavia Souza, parte da própria experiência, para
refletir sobre o assunto e sobre como o corpo em movimento
pode ajudar a vencer este problema.
Disponível em: <https://radios.ebc.com.br>. Acesso em: 15 dez. 2021.

Ao lado da ênfase no corpo humano em movimento, o


caráter contemporâneo de Tempestuosa Depressagem,
como performance art, é apreendido pelo(a)
A proposta técnica baseada na tradição teatral.
B ruptura com teses clínicas sobre saúde mental.
C aprofundamento do debate sobre arte pós-moderna.
D ênfase em realidades sociais e na experiência pessoal.
E referência à montagem e a uma linguagem experimental.

Gabarito: D

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C3H9

Ao trazer à reflexão questões de saúde mental na vida


de mulheres negras (depressão e síndrome do pânico),
a performance denota uma sensibilidade e preocupação
de cunho social. Esse aspecto, somado ao embasamento
da proposta na experiência da curadora e na perspectiva
dos movimentos do próprio corpo como contribuição para
superar os problemas, revela a contemporaneidade dessa
construção artística.

Alternativa A: incorreta. A performance em questão não


se fundamenta em perspectivas teatrais tradicionais.
Alternativa B: incorreta. A proposta não sugere ruptura
com tratamentos médicos ou teses clínicas em torno das
questões de saúde mental abordadas.
Alternativa C: incorreta. A proposta não apresenta
aspecto metadiscursivo, não põe em foco a própria arte.
Alternativa E: incorreta. O texto não faz alusão a técnicas
de montagem nem a uma construção específica de
linguagem.
QUESTÃO 32
_ 22_ENEM_POR_VP_L3_Q01
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir. [...]

E pois que és meu filho,


Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
DIAS, Gonçalves. “Canção do tamoio”. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 14 dez. 2021.

O Romantismo foi um movimento marcado por vertentes


diversas que se consolidaram na literatura brasileira. A
tendência observada no excerto do poema apresentado
que reflete o momento histórico vivido pelo país no
século XIX é a
A vazão à subjetividade e à dor existencial do sujeito.
B busca por fazer do indígena o símbolo heroico da pátria.
C luta do movimento abolicionista pela igualdade entre os
homens.
D denúncia da miséria do povo como uma das principais
mazelas sociais.
E crença de que o ser humano é definido por suas
condições socioeconômicas.

Gabarito: B

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C5H15

Por influência dos ideais da Revolução Francesa, as nações


começaram a buscar expressar o que lhes era próprio,
procurando criar uma cultura genuinamente nacional. No
caso do Brasil, a temática foi a indianista, que, em sua
essência, era nacionalista, por afirmar uma identidade
local. Porém, a figura do indígena era bastante idealizada.
No poema, pai conversa com filho (indígenas Tamoios)
sobre como um guerreiro deve ser.

Alternativa A: incorreta. A vazão à subjetividade e à


dor existencial do sujeito são características da geração
ultrarromântica; o poema de Gonçalves Dias é da primeira
geração romântica, também chamada de nacionalista. O
tema do poema é a coragem associada à figura do indígena.
Alternativa C: incorreta. A luta pela abolição é característica
da geração condoreira; o poema de Gonçalves Dias
pertence à primeira geração romântica, também chamada
de nacionalista. O tema do poema é a coragem associada
à figura do indígena.
Alternativa D: incorreta. A denúncia dos problemas
sociais é característica da geração condoreira; o poema de
Gonçalves Dias é da primeira geração romântica, também
chamada de nacionalista. O tema do poema é a coragem
associada à figura do indígena.
Alternativa E: incorreta. O determinismo é uma
característica da obra naturalista; o poema de Gonçalves
Dias pertence ao Romantismo. O poema não sugere que
o homem está fadado a viver um destino sem liberdade de
escolha; no poema, o pai ensina o filho como um guerreiro
Tamoio deve ser.
QUESTÃO 33
_ 22_ENEM_POR_MB_L3_Q02

BUENO, Rubens. Disponível em: <http://www.ivoviuauva.com.br>. Acesso em: 16 dez. 2021.

A depender do gênero ou do contexto, uma situação


comunicativa pode ocorrer com objetivos distintos. Na
tirinha, quanto à linguagem, há dominância da função
A conativa, em decorrência do realce de elementos
emotivos relacionados aos interlocutores.
B expressiva, em razão do apelo estabelecido pelo
emissor em relação ao leitor, convidado à tomada de
ação.
C referencial, em consequência da existência de um
assunto ou referente claro de conversação, apresentado
de modo analítico e objetivo.
D metalinguística, devido ao jogo autorreferencial
estabelecido pelo texto, cujas personagens fazem
alusão à produção do próprio texto.
E poética, pois a linguagem conotativa e o emprego de
figuras de linguagem, como a metáfora e a antítese,
realçam o valor literário do texto.

Gabarito: D

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C6H19

Na tirinha, tem-se uma situação de metalinguagem.


Isso ocorre porque a tirinha tem como tema a produção
da própria tirinha. Nessa perspectiva, tem-se um jogo
autorreferencial, afinal o texto faz alusão a si mesmo.

Alternativa A: incorreta. O realce de elementos emotivos


caracteriza a função expressiva da linguagem, e não a
conativa.
Alternativa B: incorreta. O apelo ao leitor caracteriza a
função conativa da linguagem, e não a expressiva.
Alternativa C: incorreta. Embora o referente seja a própria
situação comunicativa, isto é, a produção da tirinha, ele não
é abordado de forma analítica e objetiva.
Alternativa E: incorreta. Não há emprego de metáfora ou
antítese no texto.
QUESTÃO 34
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q13
continuo
dar-me conta de que sou inveja não é uma conclusão
trivial. é perceber que amar constitui-se, em verdade, de
uma tentativa de compra daquilo que acho que não possuo.
amo o que não sou para ser tudo o que acho que gosto
e admiro; amo para ter o outro como apêndice ou anexo;
procuro um relacionamento como ato expansionista de
meu território, tenho a alma de uma nação voltada para
os recursos naturais dos quais sou desprovida, para a
geopolítica de Ratzel, e meu desejo de viver a dois pode ser
interpretado como pura busca de espaço vital, aquele que
os alemães tentaram nas grandes guerras. e se amor não é
isso, a verdade é que nunca amei. já disse, mas necessito
repetir, é a repetição que dá sentido real às palavras. acho,
inclusive, que ninguém nunca amou. é a minha esperança.
VALENTE, Leonardo. criogenia de D. ou manifesto pelos prazeres perdidos.
Itabuna: Editora Mondrongo, 2021. p. 67.

Para o narrador do texto, as relações amorosas podem ser


resumidas a
A atos de ocupação do outro, em que o conquistador
busca o que lhe falta no sujeito que será conquistado.
B trocas recíprocas de afetos, apesar da prática
hegemônica de consumir ou colonizar a pessoa amada.
C operações de compra e venda, de comum acordo, em
que o comprado aceita ser convertido em mercadoria.
D mentiras produzidas e reproduzidas por estrategistas
de guerra, que infiltram nas pessoas a lógica bélica.
E experiências subjetivas nas quais a pessoa conquistada
equivale a um “anexo”, isto é, a um miolo ou cerne.

Gabarito: A

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C5H17

No conjunto do texto, o amor é comparado a um ato de


compra – em que o comprador adquire um objeto – e a
um ato de conquista – no qual o conquistador ocupa o
conquistado. Nota-se que, nos dois exemplos, o objeto das
ações é reduzido à passividade, sem vontade própria – ele
é “apêndice ou anexo”, território a ser conquistado nesse
“ato expansionista”. O que o comprador ou conquistador
procura no objeto é “o que acho que gosto e admiro”, ou
os recursos naturais de uma colônia a serem consumidos.

Alternativa B: incorreta. O erro flagrante da alternativa


está na expressão “trocas recíprocas”. No texto, o narrador
resume o objeto da conquista à condição da mais absoluta
passividade, sem personalidade ou vontade própria.
Alternativa C: incorreta. É verdadeira a afirmação de que
o conquistador quer reduzir o conquistado a um objeto
consumível, mas não corresponde ao texto a afirmação de
que este aceite ser convertido à condição de objeto.
Alternativa D: incorreta. A afirmação de que estrategistas
de guerra infiltrem nas pessoas a lógica bélica não
corresponde ao texto. O narrador não afirma que haja
armação do exército para contaminar a dinâmica do amor.
O que ocorre, de fato, é que este é comparado às ações
de conquista.
Alternativa E: incorreta. Ao afirmar que a pessoa
conquistada equivale a um “anexo”, o narrador quer dizer
que ela não é central, que ela não é o miolo nem o cerne da
relação. Para o narrador, o cerne é sempre ele e seu desejo
de colonização do outro.
QUESTÃO 35
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q04
Eu acho muito interessante que me considerem um
escritor, já que todos os livros que publiquei até agora
são falados. São livros falados, e eu acredito que existe
literatura em muitos termos. [...] Existe uma literatura, e eu
acredito que se pode considerar que existe uma escrita,
que não é propriamente gráfica, que não é essa experiência
que nós entramos em contato com ela na folha impressa,
no livro, naquilo que está impresso. É uma escrita da vida,
em que pessoas, seres humanos, inscrevem, ao longo de
sua passagem por uma comunidade, por um país, por um
lugar do mundo, uma história. Então, é uma escrita da vida.
Ela não precisa estar escrita propriamente num papel, nem
disposta numa biblioteca; ela é a vida.
KRENAK, Ailton. Disponível em: <https://youtu.be/NeR_IjcbMsI>. Acesso em: 8 dez. 2021.

O texto é a transcrição de uma passagem do discurso do


intelectual indígena Ailton Krenak, proferido quando ele
recebeu, da União Brasileira de Escritores (UBE), o Prêmio
Juca Pato de Intelectual do Ano de 2020, pelo livro Ideias
para adiar o fim do mundo, obra baseada na transcrição de
discursos públicos de Krenak. No trecho, o autor defende
que
A o pressuposto da escrita gráfica é a “escrita da vida”, a
experiência vivida.
B a própria vida de uma pessoa pode ser considerada
uma forma de escrita.
C os livros falados contêm experiências, e os escritos se
relegam a palavras.
D ele não merece o prêmio, já que não se considera,
propriamente, um escritor.
E a experiência de “escrita da vida” é mais legítima se for
transformada em livro.

Gabarito: B

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C1H4

A afirmação da alternativa correta contém a síntese das


opiniões de Ailton Krenak. Para ele, é interessante ser
considerado escritor, porque todos os livros que publicou
são “falados”, isto é, baseados transcrições de falas
públicas que ele fez. Além disso, ele afirma que, ao contrário
da “escrita gráfica”, existe uma outra, que é a “experiência
da vida”, formada pelo conjunto de experiências vividas por
uma pessoa.

Alternativa A: incorreta. Em nenhuma passagem do texto,


existe referência direta ou indireta ao julgamento de que o
pressuposto da escrita gráfica seja a “escrita da vida”.
Alternativa C: incorreta. No conjunto do texto, Ailton
Krenak não distingue propriamente “livros falados” de
“livros escritos”. Ele julga que seus livros são falados
porque contêm transcrições de falas que ele fez. Além
disso, existem os livros da “escrita gráfica”. Finalmente,
ele afirma que existe uma “escrita da vida”, um conjunto
de experiências que podem ser consideradas uma escrita,
embora não uma escrita gráfica.
Alternativa D: incorreta. Em nenhuma passagem do texto,
existe referência direta ou indireta ao suposto julgamento
de que Ailton Krenak não se considere merecedor do
prêmio que recebeu.
Alternativa E: incorreta. Em nenhuma passagem do texto,
existe referência direta ou indireta ao suposto julgamento
de que a “escrita da vida” é mais legítima se for publicada.
Trata-se do contrário: fica sugerido que Ailton Krenak
entende que essas duas formas de escrita – a vivida e a
gráfica – são importantes, sem que uma prevaleça sobre
a outra.
QUESTÃO 36
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q08
A obra de arte não serve somente para ser contemplada
na pura beleza e harmonia das suas formas, ela age sobre
as pessoas, produzindo reações cognitivas diversas. Se
fôssemos comparar as artes produzidas pelos indígenas
com as obras conceituais dos artistas contemporâneos,
encontraríamos muitas semelhanças. Pois muitos artefatos
e grafismos que marcam o estilo de diferentes grupos
indígenas são materializações densas de complexas redes
de interações que supõem conjuntos de significados ou que
levam a abduções, inferências com relação a intenções e
ações de outros agentes. São objetos que condensam
ações, relações, emoções e sentidos, porque é através
dos artefatos que as pessoas agem, se relacionam, se
produzem e se existem no mundo.
LAGROU, Els. Arte Indígena no Brasil: agência, alteridade e relação.
Belo Horizonte: C/Arte, 2009. p. 12-3. (Adaptado)

Levando em consideração as afirmações do texto, a


expressão que melhor sintetiza as semelhanças entre
as artes indígenas e as obras conceituais dos artistas
contemporâneos é
A “estilo”.
B “interações”.
C “artefatos e grafismos”.
D “materializações densas”.
E “pura beleza e harmonia das suas formas”.

Gabarito: B

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C4H12

O início do fragmento contém, em si, o caminho da resposta


a esta questão: enquanto o conceito tradicional de arte
pressupõe a contemplação do observador, que observa
a obra isoladamente, as artes das quais trata o texto, a
indígena e as obras conceituais, requerem interação entre
obra e público. Esse processo está expresso no texto
em várias expressões, como “age sobre as pessoas”,
“produzindo reações cognitivas”, “complexas redes de
interações”, “relações, emoções” e “as pessoas agem, se
relacionam, se produzem e se existem no mundo”.

Alternativa A: incorreta. A expressão “estilo” é genérica.


No contexto em que se insere, refere-se exclusivamente às
artes indígenas, sem aludir à comparação entre elas e as
obras conceituais modernas.
Alternativa C: incorreta. A expressão “artefatos e
grafismos” se refere, no contexto em que as palavras estão
inseridas, exclusivamente às artes indígenas, sem aludir à
comparação entre elas e as obras conceituais modernas.
Alternativa D: incorreta. “Materializações densas”
é expressão que se refere, no contexto em que está
inserida, exclusivamente às artes indígenas, sem aludir à
comparação entre elas e as obras conceituais modernas.
Alternativa E: incorreta. A expressão “pura beleza e
harmonia das suas formas” se refere ao que se observa
isoladamente na conceituação tradicional da obra de arte,
sem aludir à comparação entre artes indígenas e obras
conceituais modernas.
QUESTÃO 37
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q21
Ele, que criticara o mundo nos recuos da negatividade,
era agora apenas um pontinho esmagado no seu interior.
Perder os amparos de classe média significava limitação.
Estar doente e permanecer jogado na mesma cama. Não
poder ir a lugar nenhum. Zero acesso. Ele agora tinha
sessenta. Tinha deixado doze currículos em faculdades e
nada. Dois concursos em federais. Mas quem contrataria
um terceira idade que deveria estar se aposentando?
A conformação do mundo, a efetividade, esmagava a
ladainha do mestre acerca da vocação de espraiar pelo
mundo. O rapaz antropologicamente diferenciado tinha
virado groselha. Seu romantismo de recusa tinha ido longe
demais.
PESSANHA, Juliano Garcia. O filósofo no porta-luvas.
São Paulo: Todavia, 2021. p. 32. (Adaptado)

Esse trecho é um fragmento de um romance a respeito de


um filósofo de família abastada que passa a vida imerso nos
textos de seus autores preferidos, sem preocupar-se com
questões materiais, sentindo-se um portador da verdade.
Na maturidade, depois de dissipar a fortuna familiar, ele
se vê desamparado, pobre e desempregado. No plano da
linguagem, essa mudança se manifesta na
A abstração dos termos referentes às teorias filosóficas.
B vaidade do narrador ao superestimar a própria
capacidade.
C crítica do narrador ao preconceito contra as pessoas
idosas.
D alternância entre expressões da Filosofia e termos
coloquiais.
E oralidade e na ambiguidade desorganizadora da
coesão textual.

Gabarito: D

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C8H25

Na primeira frase do texto, observa-se que a vaidade do


discurso filosófico (“Ele, que criticara o mundo nos recuos
da negatividade”) está relativizada, quase neutralizada,
pela realidade concreta “era agora apenas um pontinho
esmagado no seu interior”. No conjunto, os termos da
Filosofia, referentes ao passado orgulhoso da personagem
(“A conformação do mundo, a efetividade”), estão sempre
em contraste com a linguagem do cotidiano, que prevalece
(“O rapaz antropologicamente diferenciado tinha virado
groselha”). A última frase contém a síntese: o “romantismo
de recusa”, por meio das teorias filosóficas, ultrapassara os
limites do razoável.

Alternativa A: incorreta. A abstração dos termos da


Filosofia está presente no texto, mas ela só expressa o
“romantismo de recusa” do narrador. Para manifestar a
mudança desse romantismo para a decadência, o narrador
alterna as abstrações filosóficas e as expressões do
cotidiano.
Alternativa B: incorreta. Toda vaidade do protagonista é
ironizada e está relativizada pela decadência do momento
presente, sem emprego. Não se confunda o narrador (que
produz a ironia e a relativização) com o protagonista.
Alternativa C: incorreta. Não se pode afirmar que o
narrador critique o preconceito contra pessoas idosas,
embora esse fenômeno social seja citado no texto. Também
não se pode dizer que essa suposta crítica seja a expressão,
no plano da linguagem, da mudança experimentada pelo
protagonista. A questão da velhice manifesta apenas uma
ponta do processo que a personagem experimentou.
Alternativa E: incorreta. O texto contém expressões
coloquiais, mas não se pode afirmar que sejam ambíguas
ou que desorganizem a coesão textual. A chave está
em perceber que o contraste entre termos coloquiais e
filosóficos é precisamente o que compõe a coesão e a
coerência do texto.
QUESTÃO 38
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q18
TEXTO I
O kitsch é a estética do digestivo, do “culinário”, do
agradável-que-não-reclama-raciocínio. Ele não é só um
narcótico e um digestivo; funciona, antes disso, como
um excitante vulgar. Excitar, para poder “distrair” – como
poderia ser de outro modo, se a questão é distrair esse
pobre zumbi, sonâmbulo quase insensível, que é o homem
do nosso tempo? Numa época em que toda arte autêntica
cultiva o que se poderia chamar de califobia (a aversão à
beleza), o kitsch estende a mão ao “bonito”; regala-se com
o “deleite” produzido pelo recurso descarado aos truques
mais teatrais.
MERQUIOR, José Guilherme. Formalismo e Tradição Moderna: o problema da
arte na crise da cultura. São Paulo: É Realizações, 2015. p. 52-3. (Adaptado)

TEXTO II
Quando o coração fala, não é conveniente que a razão
faça objeções. No reino do kitsch, impera a ditadura do
coração. É preciso evidentemente que os sentimentos
suscitados pelo kitsch possam ser compartilhados pelo
maior número possível de pessoas. Portanto, o kitsch
não se interessa pelo insólito, ele fala de imagens-chave,
profundamente enraizadas na memória. O kitsch faz
nascer, uma após outra, duas lágrimas de emoção. A
primeira lágrima diz: como é bonito crianças correndo no
gramado! A segunda diz: como é bonito ficar emocionado,
junto com toda a humanidade, diante de crianças correndo
no gramado! Somente essa segunda lágrima faz com que
o kitsch seja o kitsch.
KUDERA, Milan. A insustentável leveza do ser. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1985. p. 253. (Adaptado)

Ambos os fragmentos tratam do kitsch, termo de origem


alemã que se refere a uma estética. Levando em
consideração os pontos de vista dos autores dos dois
textos, o kitsch
A cultua a beleza de imagens, sem reflexão crítica,
destinadas à introspecção analítica do público.
B suscita emoções autênticas e coletivas por meio de
imagens em que prevalece a aversão ao belo.
C é a expressão coletiva de anseios do público que se
emociona com o insólito e prefere a califobia.
D embota a razão do público, excitando-o por meio de
imagens-chave acríticas e compartilháveis.
E prefere o coração à razão para estimular no público as
objeções à arte autêntica e ao belo.

Gabarito: D

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C7H22

Para o autor do Texto I, o kitsch embota (isto é, faz perder


a sensibilidade) o público, porque é narcótico, digestivo,
estimulante e vulgar, distraindo por meio do “bonito”, do
“deleite” e dos truques. Para o autor do Texto II, o kitsch
prefere a emoção à razão, estimulando a primeira por
meio de imagens-chave coletivas, compartilháveis. No polo
oposto do kitsch está a arte autêntica, que repudia o belo e
prefere o insólito.

Alternativa A: incorreta. De fato, o kitsch cultua a beleza


de imagens, sem reflexão crítica, mas é incorreto afirmar
que elas são destinadas à introspecção analítica do público.
Para os autores dos dois textos, o kitsch não estimula o
espírito crítico ou a introspecção analítica; ele é a estética
do digestivo, do “culinário”, em que o coração fala sem
objeções da razão.
Alternativa B: incorreta. O primeiro equívoco no enunciado
da alternativa é afirmar que o kitsch suscita emoções
“autênticas”. De acordo com os dois autores, as emoções
causadas pelo kitsch são resultados de truques artificiais, o
que o afasta da ideia de autenticidade. O segundo equívoco
é que a aversão ao belo está no polo oposto ao kitsch, o
que o autor do primeiro texto chama de “arte autêntica”.
Alternativa C: incorreta. O insólito (Texto II) e a preferência
pela califobia (Texto I) se opõem ao kitsch.
Alternativa E: incorreta. A finalidade do kitsch não é
estimular no público as objeções à arte autêntica e ao belo,
e sim anular-lhe o espírito crítico.
QUESTÃO 39
_ 22_ENEM_POR_JH_L3_Q02

DAHMER, André. Quadrinhos dos anos 10.

As tirinhas de André Dahmer, quadrinista, poeta e artista


plástico nascido no Rio de Janeiro, caracterizam-se por seu
teor crítico, em que a ironia dispara o humor. Nessa tirinha,
a crítica está associada ao(à)
A constatação da deturpação da função do sistema penal.
B silêncio como reflexo da indiferença no terceiro
quadrinho.
C reprovação do autor a propostas educativas no sistema
penal.
D caráter retórico da pergunta sem resposta feita no
primeiro quadrinho.
E ironia da pergunta inicial quanto à capacidade
intelectual do sujeito preso.

Gabarito: A

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C7H23

O efeito de humor do quadrinho é construído inicialmente


com a resposta do policial e arrematado com a conclusão
absurda exposta no último quadrinho. A preocupação
do sistema penal voltado para o bem-estar das galinhas
mostra a deturpação de sua função, que deveria centrar-
-se na segurança da comunidade e na reabilitação das
pessoas que são presas.

Alternativa B: incorreta. O silêncio da personagem


mostra uma pausa reflexiva diante da resposta inusitada
do policial, e não indiferença.
Alternativa C: incorreta. A surpresa da personagem
caracterizada pelo silêncio no terceiro quadrinho e a
resposta irônica no último indicam que há uma suposição de
que o sistema penal devesse ter uma proposta educativa.
Alternativa D: incorreta. A pergunta não é apenas
retórica, pois ela é fundamental para que toda a tirinha se
desenvolva, isto é, ela conta com a resposta do policial
para, daí, dar seguimento ao raciocínio final.
Alternativa E: incorreta. A pergunta é o disparador das
reflexões sobre o sistema penal e sua capacidade de
reabilitar os presos; não há nela ironia em relação à
capacidade intelectual do preso.
QUESTÃO 40
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q20
Até agora, também, em toda a minha vida, que já é bem
longa, nunca li uma obra puramente literária cujo principal
tema fosse o elogio da riqueza.
Nunca, absolutamente nunca!
Ora, eu – que conheço a fundo os cômicos dramas, as
ridículas tragédias e as dolorosas farsas em que os ricos
figuram como principais protagonistas, porque no meio
deles vivo, penso e ajo – imaginei que o meu assunto era
tão empolgante como os que mais o sejam.
E, se é certo que, por alta conveniência dos sagrados
interesses da Arte, os poetas devem ser lidos por poetas,
muito justo me parece que os ricos pelos ricos sejam lidos.
Este livro é deles e para eles.
Aceitai, pois, ó caríssimos ricos! – este modesto produto
dos meus ócios; e, se dele gostardes, como ouso esperar,
melhor não pode ser a recompensa da boa vontade com
que o pensei e do grande amor com que o escrevi.
AGUDO, José. Gente Rica: cenas da vida paulistana. Posfácio de Walnice
Nogueira Galvão. São Paulo: Chão Editora, 2021. p. 11-2.

Gente Rica: cenas da vida paulistana é um romance


publicado originalmente em 1912. José Agudo é o
pseudônimo de José da Costa Sampaio, que usa essa
identidade literária para criticar de forma irônica as elites
paulistas do começo do século XX. No fragmento, parte
da apresentação da obra, os argumentos utilizados pelo
narrador para persuadir as pessoas a quem se dirige à
leitura são
A capacidade do narrador de dar forma literária à vida
da “gente rica”, enriquecida pelo seu distanciamento
crítico ao retratá-la.
B ineditismo da obra e o conhecimento do narrador sobre
a “gente rica”, além da consequente identificação dessa
gente com o livro.
C percepção singular da riqueza moral da “gente rica”,
jamais retratada antes, a elevação desse tema e a
identificação entre autor e leitores.
D interesse pelo cotidiano da “gente rica”, no qual se
manifestam contradições sociais mais amplas, e o
interesse do grande público pela obra.
E qualidade estética inerente a obras que investigam a
“gente rica” e o conhecimento que o narrador tem da
vida e das contradições dessa gente.

Gabarito: B

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C7H24

O ineditismo de uma obra sobre os ricos pode ser


observado nos dois primeiros parágrafos. O conhecimento
que o narrador tem dessa classe está no terceiro parágrafo,
destacado entre travessões. A identificação dos ricos com
um livro a respeito deles está pressuposta na frase “muito
justo me parece que os ricos pelos ricos sejam lidos”.

Alternativa A: incorreta. É incorreta a afirmação de que


o narrador tem distanciamento crítico em relação ao tema
da “gente rica”. No terceiro parágrafo, no trecho entre
travessões, ele afirma conhecer a fundo a vida dessas
pessoas. Seu envolvimento com as elites é um dos
argumentos centrais para poder escrever sobre elas.
Alternativa C: incorreta. Não há menção à suposta
“riqueza moral” dos ricos, nem à “elevação desse tema”.
Considerando a informação do enunciado (a de que o
texto é irônico), pode-se mesmo supor que “os cômicos
dramas, as ridículas tragédias e as dolorosas farsas” não
alçam a gente rica à elevação, e sim a localizam na mesma
condição de outras classes sociais.
Alternativa D: incorreta. Não se observa, na proposta
do narrador, a hipótese de que a narrativa sobre os ricos
permita observar “contradições sociais mais amplas”.
Também não se menciona o interesse do “grande público”
pela obra.
Alternativa E: incorreta. Não há menção, no conjunto do
texto analisado, à suposta “qualidade estética inerente” a
obras sobre os ricos.
QUESTÃO 41
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q05
A dança é por excelência a busca do ato expressivo
direto, da iminência desse ato; não a dança de balé, que
é excessivamente intelectualizada pela inserção de uma
“coreografia” e que busca a transcendência desse ato, mas
a dança dionisíaca, que nasce do ritmo interior do coletivo,
que se externa como característica de grupos populares,
nações etc. A improvisação reina aqui no lugar da coreografia
organizada; em verdade, quanto mais livre a improvisação,
melhor; há como que uma imersão no ritmo, uma identificação
vital completa de gesto, do ato com o ritmo, uma fluência
onde o intelecto permanece como obscurecido por uma força
mítica interna individual e coletiva (em verdade não se pode aí
estabelecer a separação).
OITICICA, Hélio. “A dança na minha experiência”. In: PEDROSA, Adriano; TOLEDO,
Tomás. Hélio Oiticica: a dança na minha experiência. São Paulo: Masp, 2020. (Catálogo da
exposição Hélio Oiticica: a dança na minha experiência, no Museu de Arte de São Paulo, de
20/03/2020 a 07/07/2020). p. 295.

Para o autor, naquilo que ele chama de dança dionisíaca,


o(a)
A coreografia corresponde à racionalização do ritmo.
B dança de balé busca a transcendência da expressão.
C intelecto se manifesta por meio da improvisação
coletiva.
D improvisação se uniformiza e se converte em
coreografia.
E expressão individual e coletiva prevalece sobre o
intelecto.

Gabarito: E

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C3H9

Para o autor do texto, a dança de balé é intelectualizada


e procura transcender a dança dionisíaca. Esta é
manifestação corporal coletiva, prefere a improvisação
(ao contrário do balé, que escolhe a racionalização pela
coreografia) e é dominada por “uma força mítica interna
individual e coletiva” que afasta o intelecto.

Alternativa A: incorreta. Na dança dionisíaca, o ritmo


interior coletivo tem como base a improvisação, sem a
racionalização da coreografia.
Alternativa B: incorreta. Na dança dionisíaca, não há
dança de balé.
Alternativa C: incorreta. Na dança dionisíaca, o intelecto
“permanece como obscurecido”.
Alternativa D: incorreta. Na dança dionisíaca, a
improvisação não se uniformiza, porque nela o intelecto
permanece como que obscurecido.
QUESTÃO 42
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q25
Erro 8) Mensagens com erros de português, confusas
ou agressivas – é bom ter em mente que os erros cometidos
na escrita são mais evidentes do que os da fala. A falta de
um ponto de interrogação, por exemplo, pode atrapalhar
o entendimento em uma conversa; uma frase pode soar
agressiva quando escrita e nem tanto quando dita, porque a
entonação usada a suavizaria. Erros básicos de português
podem dar a impressão de que se está falando com alguém
despreparado para a função. Por isso, é preciso muito
cuidado. Tudo isso pode impactar negativamente a reputação
do negócio e até virar os famosos memes.
Erro 9) Abusar de emoticons e gifs ou enviar mensagens
partidas – emoticons funcionam bem em conversas pessoais,
mas precisam ser muito bem dosados em uma conta
comercial. Eles podem, inclusive, ser mal interpretados,
considerados ofensivos ou excesso de intimidade. Outra
coisa muito irritante são as mensagens partidas, quando é
necessário esperar o envio de uma sequência de palavras ou
frases para se entender o sentido da conversa.
“Confira dez erros para não cometer ao usar o Whatsapp Business”. Disponível em:
<https://santandernegocioseempresas.com.br>. Acesso em: 10 dez. 2021.

Levando em consideração o texto sobre o uso de aplicativo


de mensagens com a finalidade específica de fazer
negócios, a expressão de sentimentos e emoções, nesse
contexto,
A é mais legítima se a redação respeitar a norma-padrão
da língua e abusar do uso de emoticons e gifs, recursos
considerados ofensivos.
B pode ser utilizada de forma adequada por meio de
recursos tradicionais da língua e de outros, associados
às novas tecnologias.
C deve ser evitada, porque é tradicionalmente associada
ao despreparo e às conversas pessoais, em que é
adequado o uso de emoticons e gifs.
D impacta negativamente a reputação do negócio, da
mesma maneira que o uso de uma sequência de
mensagens cortadas.
E confere à comunicação empresarial a mesma
afabilidade das conversas pessoais, que é adequada
ao contexto comercial.

Gabarito: B

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C9H29

A expressão de sentimentos pode ser adequada – não o


é sempre – de acordo com o uso de recursos tradicionais
da língua, como a pontuação exemplificada no primeiro
parágrafo, e de outros, como emoticons e gifs.

Alternativa A: incorreta. O autor do texto não correlaciona


a legitimidade da expressão de sentimentos e emoções e o
respeito à norma-padrão da língua, que, segundo ele, deve
ser respeitada sempre. Além disso, o texto não recomenda
abusar dos emoticons e gifs, tampouco os define como
recursos genericamente considerados ofensivos – note-se
a modalização: podem ser considerados ofensivos.
Alternativa C: incorreta. O autor não afirma que a
expressão de emoções deva ser evitada, mas que é preciso
usá-la com moderação, como se observa na sentença
“emoticons funcionam bem em conversas pessoais, mas
precisam ser muito bem dosados em uma conta comercial”.
Alternativa D: incorreta. O autor não afirma que a
expressão de emoções, por meio de emoticons, “impacta
negativamente a reputação do negócio”, mas esclarece
que ela deve ser feita com parcimônia, sem exageros.
Alternativa E: incorreta. O primeiro período do segundo
parágrafo explicita que a expressividade acentuada das
conversas pessoais não é adequada à comunicação
comercial.
QUESTÃO 43
_ 22_ENEM_POR_VP_L3_Q02

MERCÊS, Wesley. As crônicas de Wesley.

A língua pode variar de acordo com diversos fatores. O


diálogo entre vendedor e cliente na tirinha evidencia o
predomínio de uma variedade línguística chamada de
A geográfica, já que destaca expressões típicas de
estados do Sul do país.
B histórica, porque emprega construções que já caíram
em desuso há décadas.
C situacional, porque evidencia que a linguagem é
coloquial em situações mais informais.
D lexical, porque identifica palavras características de
conversas de determinado sexo e idade.
E social, visto que mostra linguagem culta, mais usada
por classes economicamente privilegiadas.

Gabarito: C

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C8H26

O texto da tirinha mostra uma situação bastante informal,


de um diálogo entre vendedor e cliente em uma peixaria.
Em situações assim, não há necessidade de utilizar uma
linguagem culta, sendo muito mais frequente o emprego
de linguagem coloquial, que pode ser percebida em todo
o diálogo, como “Aê, amigo”, “me vê”, “blz” (abreviação de
“beleza”), “toma aí, jovem” etc.

Alternativa A: incorreta. As expressões usadas não são


típicas do Sul.
Alternativa B: incorreta. As construções são bastante
atuais.
Alternativa D: incorreta. Cliente e vendedor têm idades
diferentes. A maioria das expressões são usadas em
ambos os sexos e várias idades.
Alternativa E: incorreta. A linguagem utilizada no diálogo
não é culta, e sim coloquial.
QUESTÃO 44
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q16
Zumbi
Angola Congo Benguela
Monjolo Cabinda Mina
Quiloa Rebolo

Aqui onde estão os homens


Há um grande leilão
Dizem que nele há uma princesa à venda
Que veio junto com seus súditos
Acorrentados em carros de bois

Aqui onde estão os homens


Dum lado cana de açúcar
Do outro lado o cafezal
Ao centro senhores sentados
Vendo a colheita do algodão branco
Sendo colhidos por mãos negras

Eu quero ver
Eu quero ver

Quando Zumbi chegar


O que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras
É senhor das demandas
Quando Zumbi chega
É Zumbi é quem manda
JOR, Jorge Ben. A Tábua de Esmeralda. Philips Records, 1974.

O eu que enuncia a canção de Jorge Ben Jor


A hesita entre África e “aqui”, espaços simbólicos com os
quais se identifica igualmente.
B evoca a resistência dos africanos escravizados e
afirma-lhes a ancestralidade comum.
C destaca a importância da moderação, na alusão ao
“centro” onde se sentam os senhores.
D propõe a integração harmônica entre escravizados e
escravizadores, apesar dos conflitos.
E lamenta os boatos que circulavam entre os africanos
escravizados como forma de resistência.

Gabarito: B

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C6H20

A resistência dos africanos escravizados está evidente


na última estrofe, em que Zumbi, personagem histórica
associada à resistência africana do Quilombo dos
Palmares, senhor das guerras e das demandas, vai
interromper o sofrimento desses povos. A afirmação de sua
ancestralidade comum está explícita na enumeração da
primeira estrofe, que contém nomes de locais africanos e
de etnias deles oriundas.

Alternativa A: incorreta. O eu da canção se identifica


com os africanos escravizados, o que fica evidente na
frase “eu quero ver”. No cotidiano, essa frase é associada
à expectativa de mudança. “Eu quero ver quando Zumbi
chegar” revela a expectativa do eu quanto às mudanças
que Zumbi pode fazer: em última análise, não apenas a
resistência, mas a libertação dos povos africanos.
Alternativa C: incorreta. Na letra da canção, o centro
não representa moderação, e sim o lugar de onde emana
o poder dos brancos proprietários. É do centro que eles
observam sentados o trabalho dos escravizados nas
lavouras de cana e café. Nessa situação, enquanto a estes
cabe todo o trabalho, aqueles apenas observam ociosos,
em lugar privilegiado.
Alternativa D: incorreta. Não há, na letra, proposta
de integração harmônica entre africanos escravizados
e brancos escravizadores. O propósito do eu lírico é a
resistência e a emancipação dos primeiros.
Alternativa E: incorreta. O eu da canção alude, sem
lamentar, aos boatos de que uma princesa africana teria
sido trazida ao Brasil e escravizada aqui.
QUESTÃO 45
_ 22_ENEM_POR_CR_L3_Q07
A Educação Física deveria servir para formar
criticamente o aluno em seu processo de aprendizado,
de conscientização e de aquisição de conhecimentos e
experiências para a vida, respeitando as diferenças,
o próprio corpo e o corpo do outro. Os alunos,
independentemente de suas diferenças, são iguais quanto
ao direito à prática de atividades físicas. A valorização
excessiva do rendimento corporal nas aulas, entretanto,
acaba por privilegiar apenas um grupo de alunos que
possuem melhores aptidões físicas, incentivando a
competição e a formação de elites nas aulas, de forma
desnecessária. O verdadeiro papel pedagógico da
Educação Física deve visar à libertação integral do ser
humano e à recuperação de sua dignidade corporal,
buscando a autonomia de movimentos.
AZEVEDO, Aldo Antônio de; GONÇALVES, Andréia Santos. “Reflexões acerca do papel da
ressignificação do corpo pela educação física escolar, face ao estereótipo de corpo ideal
construído na contemporaneidade”. In: Conexões: Educação Física, Esporte e Saúde,
vol. 5, n.1, 2007.

Para o autor do texto, a finalidade ideal das aulas de


Educação Física
A impede que os alunos experimentem a verdadeira
liberdade e dignidade corporal.
B prescinde das atividades físicas, devendo voltar-se à
reflexão teórica sobre o corpo.
C condiz com a consciência e o respeito dos alunos a
respeito do seu e de outros corpos.
D prejudica alunos de alto rendimento, porque privilegia
os menos aptos à atividade física.
E corresponde à prática de valorização dos alunos que
dispõem de melhores aptidões físicas.

Gabarito: C

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


C3H11

O conjunto do texto distingue a finalidade da Educação


Física (proporcionar atividades por meio das quais os alunos
tomem consciência crítica do próprio corpo e do corpo
dos outros e os respeitem, de forma libertadora e digna)
e algumas práticas recorrentes nas aulas dessa disciplina
(nas quais alguns poucos estudantes são privilegiados,
pelo alto rendimento de seus corpos). Na opinião do autor,
estas práticas não correspondem àquela finalidade.

Alternativa A: incorreta. Segundo o autor do texto, o que


impede que os alunos experimentem a verdadeira liberdade
e dignidade corporal são algumas práticas recorrentes nas
aulas de Educação Física, e não a finalidade dessas aulas.
Alternativa B: incorreta. Nenhuma passagem do
texto permite afirmar que as aulas de Educação Física
prescindam (isto é, dispensem) das atividades físicas.
Alternativa D: incorreta. Para o autor, a Educação Física
deve promover entre os alunos o respeito ao próprio corpo
e aos corpos dos colegas, sem distinção. Não há, no texto,
informações que permitam afirmar que essa finalidade
prejudique os alunos de melhor rendimento. O autor
afirma inclusive que, na prática, esses alunos acabam
privilegiados, porque a finalidade da Educação Física não
é respeitada.
Alternativa E: incorreta. Segundo o autor do texto, a
finalidade das aulas de Educação Física não corresponde
à prática de valorização dos alunos que têm melhores
aptidões físicas.
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas
desconsiderado para a contagem de linhas.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I TEXTO III
Mulheres grávidas que passaram pelo trabalho de parto
no Hospital Regional de Ceilândia (DF) relatam problemas
no atendimento, na falta de material e de leitos na unidade
da rede pública de saúde. Uma das denúncias fala sobre
a história de uma mãe que teve o bebê no banheiro do
CO (Centro de Obstetrícia). No dia em que Samantha deu
entrada sentindo contrações, a filha nasceu. Em vez de
irem para a maternidade, tiveram que ficar no CO. “É tipo
uma prisão, a gente não podia sair, não podia receber visita.
Era raro chegar lençóis. Ficamos sujas. Queremos justiça
e respeito.”, desabafou Samantha. Outra mãe relatou: “Foi
uma situação desesperadora, porque eu já estava em
trabalho de parto e a médica falou que eu não poderia botar
força, porque não tem maca, o hospital tá lotado.”.
“Grávidas denunciam falta de macas, leitos, lençóis e parto em banheiro do hospital”.
Disponível em: <https://noticias.r7.com>. Acesso em: 13 jan. 2022. (Adaptado)

TEXTO II
A violência obstétrica é toda ação ou omissão que
prejudique a mulher em seu processo reprodutivo. Isso
FONTE: Nascer no Brasil. Disponível em:
pode se dar de várias formas, como a verbal, em que ela <https://epoca.oglobo.globo.com>. Acesso em: 13 jan. 2022.
é inferiorizada ou humilhada por sua condição pessoal TEXTO IV
ou pelas escolhas feitas acerca do parto. Também pode A Lei no 11.634/2007 garante o direito da gestante ao
ocorrer de forma física, quando a mulher é submetida a conhecimento e a vinculação a uma maternidade no âmbito
intervenções desnecessárias ou sem o seu consentimento, do Sistema Único de Saúde. Nenhum hospital, maternidade
em desrespeito à sua autonomia, integridade física e mental ou casa de parto pode recusar um atendimento de parto,
ou aos seus sentimentos e preferências. já que é considerada uma situação de urgência. Todas as
A própria cesariana também pode ser considerada uma suas queixas devem ser ouvidas e as dúvidas esclarecidas;
prática de violência obstétrica quando feita sem prescrição ninguém tem o direito de intimidá-la ou recriminá-la. As
roupas devem ser confortáveis e que não tragam nenhum
adequada e o consentimento da paciente. No Brasil, 90%
constrangimento. A mulher à espera de dar à luz também
dos partos do sistema privado e 55% dos realizados no tem o direito de ter um acompanhante de sua própria
sistema público são feitos via cesárea. A Organização escolha na hora do parto. Depois do parto, a mãe tem o
Mundial da Saúde (OMS) entende que apenas de 10 a 15% direito de ter o bebê ao seu lado no alojamento conjunto
das operações são, de fato, necessárias e contribuem para e de amamentar em livre demanda. No momento da alta,
a saúde da mãe e do bebê. a gestante deverá ser orientada a fazer a consulta de pós-
CORRÊA, Danielle. "Violência obstétrica: a violação dos direitos reprodutivos das mulheres". -parto e do controle pediátrico de seu bebê.
Disponível em: < https://saude.abril.com.br>. Acesso em: 7 fev. 2022.
SAMPAIO, Tadeu. “Parto seguro: um direito de toda mulher”.
Disponível em: <https://portal.cfm.org.br>. Acesso em: 13 jan. 2022. (Adaptado)

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Direito ao parto seguro
no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

COMENTÁRIO DA REDAÇÃO

A proposta de redação solicita um texto sobre a frase temática “Direito ao parto seguro no Brasil”, problemática socialmente
relevante, em consonância com a tradição do exame de abordar a exclusão de parte da população brasileira do acesso a
um direito. Na temática, o grupo social em questão, formado pelas parturientes, encontra-se excluído do direito ao parto
seguro.
O recorte da frase temática direciona o estudante para o entendimento do parto seguro enquanto direito e, por conseguinte,
da exposição de parturientes a situações de violência enquanto elemento que fere esse direito. A coletânea de textos
motivadores serve para ilustrar casos em que ocorre essa violência, conceituar essa violência e apresentar dispositivo
legal que assegura o direito da parturiente.
O Texto I trata de situações reais pelas quais passaram parturientes em um hospital do Sistema Único de Saúde na região
do Distrito Federal e apresenta a indignação das depoentes diante do que viveram.
O Texto II apresenta o conceito de violência obstétrica, ampliando o que se entende por desrespeito ao direito da
parturiente, já que inclui, além das condições estruturais mencionadas no Texto I, a importância do respeito à preferência
e à autonomia da paciente e traz à baila a importante questão do que a Organização Mundial da Saúde considera como
excessivas cirurgias cesarianas, sobretudo no sistema privado de saúde.
O Texto III é um infográfico no qual se apresentam dados percentuais sobre o atendimento à parturiente no Brasil, retratando
números consideráveis de casos em que a violência ocorreu de formas diversas.
O Texto IV, por fim, é um excerto de artigo do Conselho federal de Medicina sobre a lei que assegura o parto seguro
enquanto direito da mulher.
Para tratar do tema, o repertório poderia incluir referências diversas, como a problemática do acesso desigual à estrutura
hospitalar por mulheres de diferentes classes sociais e em diferentes lugares do Brasil e a importância de encarar a
parturiente enquanto cidadã, condição que exige respeito à informação e à autonomia da mulher. O parto pode ser arrolado
como evento necessário, pelo qual, enquanto nascituros, todos os cidadãos e cidadãs passaram e passarão.
A proposta de intervenção poderia incluir campanhas de conscientização sobre a importância do parto seguro e sobre a
própria compreensão da segurança no parto enquanto direito fundamental garantido por lei, tendo como agentes órgãos
do governo ou da mídia, considerando produtos populares como as telenovelas e os programas de auditório.
Independentemente da abordagem escolhida, será exigido do estudante um texto argumentativo no qual se exponham
considerações de forma organizada.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS
TECNOLOGIAS
Questões de 46 a 90

QUESTÃO 46
_ 22_ENEM_GEO_BW_L3_Q04
Bacia sedimentar intracratônica

SUERTEGARAY, D. M. A. (Org.) Terra: feições ilustradas.


Porto Alegre: EDUFRGS, 2008. p. 65.

A feição apresentada constitui uma área onde predominam


processos que culminam na
A formação de falhas.
B interação de placas.
C deposição de detritos.
D concentração de sismos.
E elevação de cordilheiras.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C6H26

As bacias sedimentares são formadas pela deposição de


material detrítico carreado para áreas topograficamente
mais rebaixadas pelos processos de intemperização,
sejam físicos ou químicos. A imagem mostra uma bacia
sedimentar do tipo intracratônica, cujo desnível ocorre da
periferia para o centro do cráton.

Alternativa A: incorreta. Os falhamentos ocorrem em


função de pressões aplicadas por placas tectônicas. Não
há falhamentos nos substratos da figura, e sim canais que
se direcionam ao fundo do vale.
Alternativa B: incorreta. As interações de placas ocorrem
por meio de seus movimentos decorrentes da atividade
astenosférica no manto terrestre, e não na superfície de
uma bacia sedimentar.
Alternativa D: incorreta. A concentração de sismos ocorre
em zonas de encontro de placas tectônicas e em áreas
de atividade vulcânica, e não na superfície de uma bacia
sedimentar.
Alternativa E: incorreta. As elevações de cordilheiras
ocorrem por meio da colisão frontal de placas tectônicas, e
não na superfície de uma bacia sedimentar.
QUESTÃO 47
_ 22_ENEM_HIS_FM_L3_Q03
A proposta profissional que Heitor Villa-Lobos
tinha a fazer a Espinguela era tão audaciosa quanto,
aparentemente, inesperada. O autor das Bachianas
brasileiras queria que esse sambista o ajudasse
a ressuscitar o desfile dos cordões carnavalescos,
desaparecidos desde o início do século XX por força da
repressão policial. Como diretor do Departamento de
Música da Secretaria de Educação e Cultura do Distrito
Federal, Villa-Lobos conseguira o aval e o patrocínio do
Departamento de Imprensa e Propaganda, criado em 1937.
NETO, L. Uma história do samba – as origens.
São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 8.

As correspondências profissionais entre o maestro Villa-


-Lobos e o sambista José Gomes da Costa, conhecido
como Zé Espinguela, revelam como o governo varguista
(1930-1945) tinha em vista o(a)
A inclusão socioeconômica da população negra.
B combate à oralidade folclórica.
C modernização cultural.
D construção de uma identidade nacional.
E tratamento dos costumes como caso de polícia.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H5

O convite de Villa-Lobos e a participação de Espinguela


demonstram o interesse pelas culturas populares como
expressão de uma nacionalidade que estava em construção
naquele momento. Entre os objetivos, estava a proposta de
revalorização das tradições a partir das instâncias oficiais
veiculando registros culturais tradicionais de maneira
seletiva, filtrados pelos propósitos nacionalistas varguistas.

Alternativa A: incorreta. A revalorização do samba


tinha o intuito de forjar uma identidade nacional, porém
não significou a inclusão social da população negra
nem medidas socioafirmativas que atenuassem as
desigualdades étnicas.
Alternativa B: incorreta. As medidas oficiais citadas
consideram as tradições orais, porém as transcendem,
dado que envolvem festas, danças e circuitos urbanos e
seus códigos de sociabilidade.
Alternativa C: incorreta. O ideal de cultura em questão
é tradicional e de apelo ancestral e foi reelaborado pelas
instâncias oficiais.
Alternativa E: incorreta. O samba deixou de ser associado à
vadiagem, tal como era erroneamente relacionado até então.
QUESTÃO 48
_ 22_ENEM_GEO_JP_L3_Q01
Friedmann chama atenção para a fragmentação da
dimensão subjetiva dos trabalhadores na rotina de trabalho
e de como já se esboçava um caminho alternativo à divisão
do trabalho taylorista-fordista. A ampliação do conteúdo,
alternância e rodízio das tarefas, juntamente com a
formação de equipes dotadas de uma relativa liberdade de
organização do trabalho, promoveram aumento no grau de
satisfação dos trabalhadores com a atividade, bem como
a “captura” da subjetividade do trabalhador a partir de seu
envolvimento com a tarefa.
BATISTA, E. “Fordismo, taylorismo e toyotismo: apontamentos sobre suas rupturas e
continuidades”. Disponível em: <http://www.uel.br>. Acesso em: 30 out. 2021.

O texto sugere que uma característica comum aos sistemas


de organização do trabalho fordista e taylorista estaria em
vias de ser superada. Trata-se da
A utilização de esteiras rolantes.
B redução de unidades estocadas.
C qualificação de recursos humanos.
D realização de atividades repetitivas.
E terceirização da mão de obra contratada.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C4H16

A realização de atividades repetitivas por um dado operário


é uma característica comum aos modelos taylorista e
fordista, que estruturavam a produção fabril com base na
especialização de funções. O texto aborda o fato de que
a quebra desse padrão por meio do rodízio de tarefas
contribuiu para o rendimento dos trabalhadores, estratégia
que foi adotada posteriormente pelo toyotismo.

Alternativa A: incorreta. A utilização de esteiras foi


implantada no fordismo e não é comum ao modelo taylorista.
Alternativa B: incorreta. No taylorismo e no fordismo, a
produção era realizada em massa. A redução dos estoques
ocorreu apenas no toyotismo, com a fabricação em
pequenos lotes e depois com a produção just-in-time, de
acordo com a demanda.
Alternativa C: incorreta. A mão de obra em ambos os
modelos de organização era de baixa qualificação.
Alternativa E: incorreta. A contratação de mão de obra
terceirizada é vista como vantajosa pela maioria das
empresas e tem crescido nas últimas décadas, dada a
redução de custos que essa modalidade de contrato de
trabalho representa para os contratantes.
QUESTÃO 49
_ 22_ENEM_HIS_BM_L3_Q01
Para a historiografia tradicional, a história diz respeito
essencialmente à política, o que exclui a história da Igreja
como uma instituição e também o que o teórico militar Karl
von Clausewitz definiu como “a continuação da política
por outros meios”, ou seja, a guerra. Embora outros tipos
de história – a história da arte, por exemplo, ou a história
da Ciência – não estejam totalmente excluídos, eles
são marginalizados no sentido de serem considerados
periféricos aos interesses dos “verdadeiros” historiadores.
BURKE, Peter (Org.). A escrita da História: novas perspectivas. Magda Lopes (Trad.).
São Paulo: Editora Unesp, 1992. p. 10. (Adaptado)

A crítica de Burke à historiografia tradicional sugere que a


historiografia contemporânea deve propor uma maneira de
fazer História que
A ignore as normas acadêmicas.
B considere diferentes abordagens.
C indique as verdades incontestáveis.
D reforce o viés nacionalista de cada povo.
E sustente os interesses das elites emergentes.

Gabarito: B

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H3

Ao analisar criticamente a metodologia da historiografia


tradicional, Burke sugere a necessidade de a pesquisa
histórica dar centralidade a temas diferentes da “política”
entendida como grandes feitos, além de buscar a
investigação de outros atores e atrizes sociais que não
sejam as oficialidades.

Alternativa A: incorreta. A historiografia contemporânea


não ignora os pressupostos científicos da pesquisa
histórica, e sim a centralidade dos aspectos políticos na
análise da História.
Alternativa C: incorreta. A historiografia contemporânea
combate a ideia de “verdade incontestável”, uma vez que
considera a possibilidade de analisar um fato sob diferentes
abordagens.
Alternativa D: incorreta. A historiografia tradicional tinha
um viés nacionalista, porém a historiografia contemporânea
rompeu com esse paradigma ao analisar um fato com base
em diferentes abordagens, pois passou a tratar os objetos
da pesquisa histórica independentemente de questões
nacionalistas.
Alternativa E: incorreta. A historiografia contemporânea
passou a considerar diferentes narrativas sobre a
História, ou seja, passou a considerar o ponto de vista de
vários estratos da sociedade, e não apenas o das elites
emergentes.
QUESTÃO 50
_ 22_ENEM_GEO_JP_L3_Q03
TEXTO I
À medida que o espaço parece encolher numa “aldeia
global” de telecomunicações e numa “espaçonave terra”
de interdependências ecológicas e econômicas – para
usar apenas duas imagens conhecidas e corriqueiras –, e
que os horizontes temporais se reduzem a um ponto em
que só existe o presente (o mundo do esquizofrênico),
temos de aprender a lidar com um avassalador sentido de
compressão dos nossos mundos espacial e temporal.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 2007. p. 219.
TEXTO II

Disponível em: <https://www.instagram.com/maps.n.more>. Acesso em: 30 out. 2021.

O texto rompe com a noção absoluta apresentada na


imagem por meio da concepção de que os(as)
A culturas superam as fronteiras dos territórios.
B mercados alongam as distâncias dos lugares.
C elementos dinamizam as relações dos espaços.
D tecnologias estagnam as evoluções das paisagens.
E governos desarticulam as infraestruturas das regiões.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C6H26

A imagem se restringe à localização e ao traçado das


redes de transportes no mundo. Essa noção se remete ao
espaço absoluto. Já o texto mostra que, com a ideia de
desenvolvimento desses modais, houve um aumento da
velocidade de execução do translado com uma consequente
redução do tempo de deslocamento, o que se remete
a uma noção relativa de espaço, de “encurtamento” das
distâncias.

Alternativa A: incorreta. Mesmo em um mundo


globalizado, as culturas não foram capazes de reduzir as
suas fronteiras. Na realidade, diversas culturas enrijeceram
a noção de fronteiras territoriais, de modo a barrar a entrada
de pessoas.
Alternativa B: incorreta. As demandas cada vez maiores
pela produção de mercadorias e pelo consumo fizeram
com que se reduzisse o tempo de deslocamento entre os
lugares por meio de investimentos na rede de transportes.
Alternativa D: incorreta. Quando implantadas, as
tecnologias podem modificar as paisagens por meio da
substituição de elementos que são considerados obsoletos.
Alternativa E: incorreta. A noção de espaço absoluto
leva em consideração a localização dos elementos, sem
a realização de articulações. A imagem apresenta uma
situação em que as distâncias se tornam relativas devido
à velocidade do meio utilizado. A noção correta romperia a
ideia de desarticulação, entendendo as relações envolvidas
entre os modais na configuração das diferentes regiões.
QUESTÃO 51
_ HIS201808080203

AGOSTINI, Ângelo. “Bazar Eleitoral”. In: O Cabrião, ano 1, n. 18, São Paulo, 1866.

A charge de Ângelo Agostini ilustra as disputas eleitorais


entre liberais e conservadores – à época também chamados
de “cascudos” – no Segundo Reinado, destacando o(a)
A violência e as fraudes eleitorais.
B coronelismo e o voto de cabresto.
C política centralizadora do imperador.
D desinteresse da população nas eleições.
E aliança entre esses dois grupos políticos.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C5H21

A charge faz referência às fraudes que existiam nas


eleições durante o Segundo Reinado. As caixas, por
exemplo, remetem-se à venda de votos. Já a violência é
representada pela presença de armas no “Bazar Eleitoral”.

Alternativa B: incorreta. O voto de cabresto tem suas


origens nos primeiros anos da República, juntamente
com outros acordos políticos locais, como a República
do café com leite e a política dos governadores, e não no
império. Ele implicava a participação da população, que era
manipulada e influenciada por oligarcas locais.
Alternativa C: incorreta. Apesar de sua importância no
sistema político, não há referências ao imperador na charge
nem ao seu papel de centralizador na política.
Alternativa D: incorreta. A charge não mostra a participação
da população. Além disso, no império, o voto era censitário,
portanto a participação popular era insignificante.
Alternativa E: incorreta. Apesar de ambos se valerem de
fraudes e violência nas eleições, conservadores e liberais
não eram aliados, pois representavam espectros políticos
diferentes.
QUESTÃO 52
_ 22_ENEM_GEO_JP_L3_Q07
Em 1989, no contexto da ascensão do neoliberalismo
e da crise da dívida latino-americana, os principais grupos
que formavam a rede de poder político, financeiro e
intelectual do eixo Washington-Wall Street reuniram-se,
com o intuito de avaliar o processo em curso e traçar as
novas diretrizes. Este encontro ficou conhecido como
Consenso de Washington. As medidas propostas por esse
pacote passaram a delinear diretrizes do Banco Mundial e a
incidir sobre os âmbitos macroeconômico, fiscal e algumas
áreas da política social dos países em desenvolvimento.
MATEUS, Rafael de Paula Fernandes. “O Consenso de Washington e as propostas
do Banco Mundial para a reforma do Estado em perspectiva política (1989-1997)”. In:
SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 28., 2015, Florianópolis. Anais... (Adaptado)

As recomendações neoliberais para as economias latino-


-americanas propostas pelo Consenso de Washington
passaram a influenciar a política econômica brasileira a
partir dos anos 1990, o que favoreceu, após esse período, a
A redução do papel estatal na economia.
B ampliação de barreiras protecionistas.
C redistribuição de riquezas geradas.
D evolução de garantias trabalhistas.
E estatização de empresas privadas.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C6H27

O Consenso de Washington sintetiza algumas


recomendações de caráter neoliberal para as economias
latino-americanas, como a defesa da redução do papel
do Estado, as privatizações e a desregulamentação dos
mercados nacionais e das leis trabalhistas.

Alternativa B: incorreta. O Consenso de Washington


defendia a redução das barreiras comerciais protecionistas
para a introdução das empresas multinacionais
estrangeiras nos países latino-americanos.
Alternativa C: incorreta. A produção de riquezas no modelo
neoliberal ficou concentrada nas empresas multinacionais
estrangeiras e direcionadas aos seus países de origem,
logo não houve redistribuição de riquezas.
Alternativa D: incorreta. O Consenso de Washington
estimulou a redução de gastos e a adoção de terceirizações,
além de buscar a flexibilização das leis trabalhistas.
Alternativa E: incorreta. O pensamento neoliberal prevê
a redução do papel estatal na economia, por isso propõe
a estatização de empresas públicas, e não das privadas.
QUESTÃO 53
_ 22_ENEM_HIS_BM_L3_Q04
Se salários maiores fossem pagos aos operários
em geral por todo o país, o consumo interno de nossos
manufaturados cresceria imediatamente para mais que
o dobro, e, consequentemente, toda mão de obra seria
empregada. Reduzir os salários dos operários neste país
a um nível tão baixo que eles não possam viver do seu
trabalho, para competir com fabricantes estrangeiros no
mercado internacional, significa ganhar um cliente fora e
perder dois em casa.
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2012. v. 2. (Adaptado)

O fragmento retrata as reflexões dos tecelões da cidade


inglesa de Leicester, em 1817. Nele, fica evidente que, para
os trabalhadores, o avanço do modelo industrial da época
acarretava uma contradição, pois os industriais queriam
promover o crescimento econômico
A eliminando as pequenas tecelagens.
B reduzindo os custos com mão de obra.
C incentivando a importação de produtos.
D diminuindo a jornada dos trabalhadores.
E reduzindo os lucros dos produtores de lã.

Gabarito: B

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C4H20

No fragmento, fica nítido o embate entre uma visão


capitalista – que associa o lucro à redução dos custos de
mão de obra – e a visão dos operários – que defendem a
tese de que, com salários maiores, o lucro seria ampliado
por meio do crescimento econômico e do aumento do
consumo interno.

Alternativa A: incorreta. O texto retrata a preocupação


de operários ingleses com seus baixos salários, apesar do
crescimento econômico do período, e não com a eliminação
de pequenas tecelagens.
Alternativa C: incorreta. O texto não menciona problemas
associados à importação de bens.
Alternativa D: incorreta. O texto aponta a miséria causada
pela redução do valor da mão de obra dos operários
ingleses. Cabe lembrar que, para compensar os baixos
salários, muitos se submetiam a jornadas extensas de
trabalho.
Alternativa E: incorreta. O texto versa sobre as condições
de assalariamento dos operários ingleses, e não sobre a
remuneração dos produtores de lã.
QUESTÃO 54
_ 22_ENEM_GEO_BW_L3_Q05
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o O cupuaçu, fruto do cupuaçuzeiro (Theobroma
grandiflorum), é designado fruta nacional.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
BRASIL. Lei nº 11.675, de 19 de maio de 2008.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 3 nov. 2021.

Considerando a biopirataria no contexto brasileiro, há a


necessidade de se aprovar leis como a mencionada para
que produtos como o cupuaçu
A fiquem restritos às atividades extrativistas.
B estejam protegidos de apropriações ilegais.
C tenham seus preços comerciais valorizados.
D possam ser cultivados em locais endêmicos.
E sejam patenteados por empresas estrangeiras.

Gabarito: B

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C6H29

A lei mencionada reconhece o capuaçu como uma fruta


nacional, visando combater ações de biopirataria, como a
apropriação indevida do produto por empresas estrangeiras.

Alternativa A: incorreta. A lei mencionada não busca a


restrição das atividades extrativistas, visto que diversas
comunidades têm a exploração do cupuaçu como fonte de
renda. A ideia é garantir segurança jurídica em relação à
biopirataria.
Alternativa C: incorreta. A lei mencionada não tem
objetivos econômicos, como a valorização do preço
comercial do cupuaçu.
Alternativa D: incorreta. Os locais endêmicos são os
espaços naturais em que espécies vegetais se reproduzem,
portanto a lei mencionada não visa incentivar o plantio
nessas áreas.
Alternativa E: incorreta. A ideia da lei mencionada é
impedir que empresas estrangeiras se apropriem da fruta
brasileira por meio de patentes.
QUESTÃO 55
_ 22_ENEM_HIS_BM_L3_Q05
Os representantes do povo francês, reunidos em
Assembleia Nacional e considerando que a ignorância,
a negligência ou o menosprezo dos direitos do homem
são as únicas causas dos males públicos e da corrupção
governamental, resolveram apresentar os direitos naturais,
inalienáveis e sagrados do homem a fim de que esta
declaração, sempre presente em todos os membros do
corpo social, lhes lembre permanentemente de seus
direitos e seus deveres.
Declaração dos Direitos dos Homens e dos Cidadãos. 1789.
Disponível em: <https://historiaecultura.ciar.ufg.br>. Acesso em: 11 dez. 2021.

A Revolução Francesa promoveu uma profunda ruptura


política na Europa do século XVIII e estabeleceu as
bases para a sociedade contemporânea ocidental. Nesse
fragmento, observa-se que, com essa declaração, os
revolucionários desejavam garantir o(a)
A igualdade jurídica entre os cidadãos.
B direito à educação laica e gratuita.
C acesso à segurança alimentar.
D participação política irrestrita.
E manutenção dos privilégios.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C3H15

A Revolução Francesa criou as condições teóricas, políticas


e jurídicas para a fundação da sociedade civil por meio de
um contrato social. Isso significou que as relações sociais,
políticas e econômicas não seriam mais vistas como
divinas ou naturais, e sim como atribuídas a um governo/
governante que deveria zelar pelos direitos civis e políticos
dos seus cidadãos.

Alternativa B: incorreta. Embora os iluministas


defendessem a necessidade de se educar as pessoas, o
direito à educação laica e gratuita só se efetivou na França
sob a administração do ministro da Educação, Jules Ferry,
no ano de 1881.
Alternativa C: incorreta. Por se tratar de uma revolução
burguesa, não houve preocupação em garantir igualdade
financeira entre os indivíduos ou mesmo segurança
alimentar.
Alternativa D: incorreta. A participação política irrestrita
é um direito de terceira geração, ou seja, próprio do
século XX, já que a participação das mulheres na vida
política efetivou-se nesse século.
Alternativa E: incorreta. Os privilégios de nascimento
eram a base da sociedade absolutista francesa, e a
Revolução Francesa visava justamente à abolição deles.
QUESTÃO 56
_ 22_ENEM_SOC_LT_L3_Q01
A escravidão, o linchamento e a segregação certamente
são exemplos contundentes de instituições sociais que,
como a prisão, um dia foram consideradas tão perenes
quanto o sol. [...] Pode ser útil, para obtermos uma nova
perspectiva em relação à prisão, tentarmos imaginar como
os debates sobre a obsolescência da escravidão devem
ter parecido estranhos e desconfortáveis para aqueles
que consideravam essa “instituição peculiar” algo natural
– e especialmente para aqueles que obtinham benefícios
diretos desse pavoroso sistema racista de exploração.
DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas?. Rio de Janeiro: Difel, 2020. p. 22.

No excerto, Angela Davis promove uma reflexão acerca


do encarceramento nos EUA. Em sua análise, ela associa
historicamente essa punição a dois elementos, que são o(a)
A racismo e as instituições de Estado.
B legalidade e a democracia racial.
C escravização e a inclusão social.
D capitalismo e a apropriação cultural.
E discurso racial e a desnaturalização.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C5H25

Para Davis, há conexão entre a construção de certas


instituições de Estado e a perpetuação de políticas clara
ou veladamente racistas. No excerto, a autora traça um
paralelo entre a escravização do século XIX e a ascensão
do sistema prisional moderno/contemporâneo. Segundo
ela, o último faz parte de um “pavoroso sistema racista de
exploração”, pois prende eminentemente negros e pardos.

Alternativa B: incorreta. A “democracia racial” é um


conceito associado ao sociólogo Gilberto Freyre, e não
a Angela Davis. Além disso, na perspectiva de Davis, o
racismo anda lado a lado com o capitalismo, e, portanto,
não há perspectiva de um Estado capitalista ser racialmente
democrático.
Alternativa C: incorreta. Para Davis, a escravização tem
como legados o racismo e a desigualdade social, que
persistem até hoje, pois estão infiltrados nas instituições
dos países que a exerceram.
Alternativa D: incorreta. O texto não versa sobre
a problemática da apropriação cultural, mas sobre a
institucionalização do racismo em Estados de origem
escravocrata.
Alternativa E: incorreta. O texto dá sinais de que a
escravização era considerada “natural” à sua época, assim
como, nos dias de hoje, é “natural” para alguns o fato de a
população carcerária norte-americana ser majoritariamente
preta ou parda.
QUESTÃO 57
_ 22_ENEM_GEO_BW_L3_Q03

Disponível em: <https://www.instagram.com/geopizza>. Acesso em: 30 out. 2021.

Ao se observar a modificação produzida na paisagem de


Natal (RN) pelo desenvolvimento do turismo, nota-se que
houve a
A redução de movimentos pendulares.
B priorização de ocupações horizontais.
C instalação de redes de infraestrutura.
D desconcentração de fluxos econômicos.
E eliminação da segregação socioespacial.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C6H28

A urbanização de áreas costeiras atraiu grande fluxo


de pessoas e capitais, o que demandou a instalação de
redes de infraestrutura, como drenagem, saneamento
e transportes. É possível observar na imagem a
transformação da paisagem de Natal como exemplo do
que ocorreu em diversas cidades brasileiras devido ao
processo de urbanização.

Alternativa A: incorreta. A intensificação de infraestruturas


para a atividade turística também demanda força de
trabalho para atender à rede hoteleira e aos diversos
serviços associados. A maioria dessa população trabalha
à beira-mar, mas não reside ali, e sim na periferia ou na
região metropolitana. Assim, boa parte desse contingente
realiza o deslocamento diário de sua residência até seu
local de trabalho de forma pendular.
Alternativa B: incorreta. A imagem mostra que a
modificação da paisagem ocorre com o estabelecimento
de uma rede hoteleira para atender à demanda turística.
O reflexo disso é a verticalização do espaço por meio da
construção de edifícios próximos à praia.
Alternativa D: incorreta. A concentração de infraestruturas
reflete uma injeção de investimentos econômicos, seja do
Estado por meio de programas para incentivar a atividade
turística, seja da iniciativa privada, com a construção da
rede hoteleira, por exemplo.
Alternativa E: incorreta. Com o desenvolvimento de áreas
à beira-mar, a valorização dos espaços se restringe aos
espaços próximos à praia, enquanto as zonas periféricas
carecem de infraestrutura, o que caracteriza a chamada
segregação socioespacial.
QUESTÃO 58
_ 22_ENEM_HIS_FM_L3_Q04
Em setembro de 1956, foi aprovada a Lei nº 2.874, que
criou a Cia. Urbanizadora da Nova Capital. Nove meses
depois, cerca de 12 mil pessoas viviam e trabalhavam em
Brasília. Redigida por San Tiago Dantas, a Lei da Novacap
permitia ao governo fazer todas as operações de crédito
sem passar pelo Congresso. O ritmo de construção,
“excessivamente rápido”, foi duramente criticado por políticos
e empresários.
BUENO, E. Brasil: uma história. Rio de Janeiro: Leya, 2012. p. 379. (Adaptado)

A construção de Brasília se tornou a síntese da agenda


nacional-desenvolvimentista do governo JK (1956-1960).
Em termos econômicos, essa agenda caracterizou-se por
promover o(a)
A defesa do livre mercado.
B substituição de importações.
C redução das desigualdades regionais.
D enfraquecimento das indústrias de base.
E Estado como agente indutor do crescimento.

Gabarito: E

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C4H18

A pauta nacional-desenvolvimentista de JK defendia a


mediação do Estado junto ao planejamento dos setores
estratégicos da Economia tendo em vista a superação
da condição de subdesenvolvimento e a alavancagem
dos processos industriais brasileiros. Assim, o Estado se
tornou um indutor dos agentes econômicos estrangeiros
e nacionais, estimulando e direcionando investimentos na
infraestrutura.

Alternativa A: incorreta. O Estado passou a atuar como


agente mediador junto ao livre mercado traçando os
setores estratégicos aos quais os investimentos devem ser
direcionados.
Alternativa B: incorreta. A demanda pela substituição
de importações marcou a primeira metade do século XX
brasileiro; além disso, a agenda citada exigia a integração
regional pelo planejamento público.
Alternativa C: incorreta. O caráter liberal da agenda
defendia a livre iniciativa associada ao Estado, além de ter
aumentado as desigualdades regionais.
Alternativa D: incorreta. O fortalecimento do setor
industrial de base era um dos pontos do Plano de Metas de
JK, cujo governo era desenvolvimentista em sua essência.
QUESTÃO 59
_ GEO201808080409
O Unicef pediu à Nigéria que faça todo o possível
para garantir a libertação segura de centenas de meninas
sequestradas de uma escola no noroeste do país na
madrugada desta sexta-feira [26 fev. 2021]. O número de
meninas levadas pelos sequestradores ainda não está
confirmado, mas agências de notícias afirmam que pelo menos
300 alunas foram raptadas. O rapto ocorreu quase sete anos
após 276 alunas terem sido arrancadas do dormitório de um
internato em Chibok, o que causou comoção internacional.
“Unicef pede libertação imediata de 300 meninas sequestradas na Nigéria”.
Disponível em: <https://news.un.org>. Acesso em: 21 dez. 2021. (Adaptado)

O rapto de meninas na Nigéria é uma estratégia do(s)


A Mujao, que luta contra a interferência inglesa no país.
B curdos, que lutam pela independência de parte do país.
C tútsis, que lutam contra os hútus pelo controle político
do país.
D Boko Haram, que atua para implantar o regime da
sharia no país.
E shebabs, que lutam contra a intervenção militar do
Quênia no país.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C3H15

O grupo Boko Haram nasceu em 2002 na Nigéria como


um grupo extremista adepto da religião islâmica sunita
e defende a implantação do regime da sharia, que é um
sistema de normas mais radical, baseado na interpretação
literal do Alcorão.

Alternativa A: incorreta. O Mujao é um grupo que luta


pelo poder político no Mali.
Alternativa B: incorreta. O povo curdo não ocupa a
Nigéria, e sim o Oriente Médio.
Alternativa C: incorreta. O conflito entre tútsis e hútus
ocorreu em Ruanda.
Alternativa E: incorreta. Os shebabs estão associados
à Al-Qaeda, que também é um grupo radical islâmico. Os
shebabs, porém, atuam na Somália.
QUESTÃO 60
_ 22_ENEM_HIS_BM_L3_Q06
Em 1883, o britânico Francis Galton sistematizou o
conceito de eugenia, que tinha como meta a intervenção
na reprodução das populações para o melhoramento das
raças. Para esse cientista, as proibições aos casamentos
inter-raciais, as restrições que incidiam sobre alcoólatras,
epilépticos e alienados, garantiriam um maior equilíbrio
genético, ou seja, um aprimoramento das populações.
RANGEL, Pollyana Soares. “Apenas uma questão de cor? As teorias raciais
dos séculos XIX e XX”. Revista Simbiótica. Vitória, v. 2, n. 1, jun. 2015. (Adaptado)

No fim do século XIX e nas primeiras décadas do século XX,


a eugenia popularizou-se. Seus defensores consideravam
que
A os mais aptos naturalmente se tornariam maioria.
B a mestiçagem levaria ao aprimoramento das raças.
C os povos superiores deveriam subjugar os inferiores.
D a seleção natural bastava para evoluir a humanidade.
E as populações se adaptavam às condições ambientais.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C5H22

Os eugenistas acreditavam no “aprimoramento de raças


humanas”, o que implicava admitir diferentes níveis de
evolução entre os seres humanos. Com base nisso,
defendiam a necessidade da força das intervenções social
e científica e o fato de que as populações “superiores”
deveriam dominar as “inferiores” e substituí-las por meio de
medidas de segregação e controle reprodutivo.

Alternativa A: incorreta. Os eugenistas defendiam a


interferência nos processos de reprodução da humanidade
para evitar mestiçagens e privilegiar determinados grupos
considerados ideais, pois não acreditavam que os mais
aptos se tornariam a maioria por vias naturais.
Alternativa B: incorreta. A mestiçagem era vista pelos
eugenistas como um elemento de degeneração, pois eles
defendiam a pureza racial como forma de superioridade.
Alternativa D: incorreta. Os princípios da eugenia
contrariam a seleção natural, pois defendem que apenas
os indivíduos com as características desejáveis devem se
reproduzir, de modo a propagar essas características, ou
seja, fazendo uma “seleção artificial” da humanidade.
Alternativa E: incorreta. A tese de que as populações se
adaptam às condições ambientais está no cerne da teoria
da seleção natural, a qual contraria a ideologia eugenista,
que propunha a interferência nos processos de reprodução
da humanidade.
QUESTÃO 61
_ 22_ENEM_GEO_BW_L3_Q02

Transição demográfica brasileira: 1800-2100


Taxa de natalidade, Taxa de mortalidade

50 250

População (em milhões de habitantes)


2042 = 228 milhões
Crescimento vegetativo (por mil)

40
200

30
150
20

100
10

50
0

-10 0
1800
1810
1820
1830
1840
1850
1860
1870
1880
1890
1900
1910
1920
1930
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2010
2020
2030
2040
2050
2060
2070
2080
2090
2100
População Taxa de natalidade Taxa de mortalidade Crescimento vegetativo

Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br>. Acesso em: 10 out. 2021.

O gráfico indica que, no Brasil, o(a)


A explosão demográfica ocorreu entre 2000 e 2020.
B taxa de mortalidade infantil será maior a partir de 2060.
C crescimento vegetativo entre 1880 e 1910 foi o menor
da História.
D taxa de natalidade estava abaixo da média mundial nos
anos 1960.
E envelhecimento populacional tende a se acentuar a
partir de 2042.

Gabarito: E

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C2H9

O gráfico mostra que, no Brasil, há queda na taxa


de natalidade desde 1990. Desde então, o país tem
vivido seu bônus demográfico, quando o número de
adultos tende a ser demograficamente predominante e,
consequentemente, são mais reduzidos os gastos com
educação e aposentadorias. No entanto, a partir de 2042
essa redução será tão acentuada que o país começará a
sentir as consequências do envelhecimento populacional.

Alternativa A: incorreta. A explosão demográfica brasileira


se deu entre os anos 1960 e 1980, e não entre 2000 e 2020.
Devido às melhorias no sistema de saúde, foi possível
reduzir a mortalidade infantil; assim, apesar da redução
das taxas de natalidade desse período, houve um elevado
crescimento vegetativo na segunda metade do século XX.
Entre 2000 e 2020, no entanto, a redução dessas taxas se
refletiu no crescimento vegetativo, que passou a ser menor.
Alternativa B: incorreta. A inversão das taxas de
mortalidade e de natalidade e a redução do crescimento
vegetativo indicam a tendência ao envelhecimento
populacional, e não a mortalidade de um grupo populacional
específico.
Alternativa C: incorreta. As altas taxas de mortalidade
eram compensadas pelas altas taxas de natalidade, o que
mantinha elevado o crescimento vegetativo. Além disso,
cabe lembrar que, especialmente no fim do século XIX,
houve um intenso fluxo de imigrantes para o país, o que
acentuou ainda mais essa tendência.
Alternativa D: incorreta. O gráfico apresenta apenas as
taxas de natalidade no Brasil, por isso não é possível inferir,
por meio dele, se o país tinha taxas abaixo das médias
mundiais.
QUESTÃO 62
_ 22_ENEM_HIS_FM_L3_Q05
A formação era distinta, mas a prática estimulava que
todos reconhecessem sua importância no contexto daquela
sociedade. E, sem dúvida, todos cresceram muito. Aquela
experiência deu muita base. Você pega, sei lá, o Biro, o
Ataliba, essas pessoas cresceram como seres humanos
de forma absurdamente clara. A prática era para que todos
se manifestassem, todos tomassem posições, dessem
opiniões. De alguma forma, todos foram estimulados a isso.
CASAGRANDE; RIBEIRO, G. Sócrates e Casagrande – uma história de amor.
São Paulo: Globo Livros, 2016. p. 44-5.

O depoimento do futebolista Sócrates revela a euforia social


durante o processo que levou ao fim do regime militar no
Brasil. Dentre os eventos que serviram de “estímulo” ao
crescimento pessoal de Biro, de Ataliba e de parte dos
brasileiros naquele momento histórico, destaca-se a
A criação do Partido Democrático Social.
B eleição direta para governador em 1982.
C greve operária durante o governo Geisel.
D estabilidade econômica do Plano Cruzado.
E vitória da esquerda no segundo turno de 1989.

Gabarito: B

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C5H24

Em 1979, o regime militar aprovou novas leis orgânicas que


permitiam a criação de novos partidos a fim de dissolver
a oposição institucional. Essas medidas associadas às
mobilizações de agentes, instituições e organizações civis
culminaram nas eleições diretas para governadores no
ano de 1982 – as primeiras desde 1960 – e alavancaram o
processo de redemocratização brasileiro.

Alternativa A: incorreta. O Partido Democrático Social não


pode ser considerado um símbolo da redemocratização.
Criado em 1980, com o fim do bipartidarismo, era herdeiro
do antigo ARENA e logo acolheu apoiadores do Regime
Militar em suas fileiras.
Alternativa C: incorreta. As greves operárias datam
dos anos 1970 e, apesar de suas repercussões sociais,
demonstraram a pujança das classes trabalhadoras no
jogo político.
Alternativa D: incorreta. O Plano Cruzado foi um fracasso
e redundou no aprofundamento da inflação.
Alternativa E: incorreta. O país se dividiu entre duas
lideranças de oposição no segundo turno dessas eleições,
a saber, Luís Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor
(PRN), que venceu o pleito. No entanto, essas eleições se
deram já em ambiente democrático.
QUESTÃO 63
_ GEO201809030213
TEXTO I
Em 2005, a OMS determinou que, idealmente, a
emissão de material particulado não deve ultrapassar
25 µg/m3 (microgramas por metro cúbico). A partir de
50 µg/m3, o nível é considerado de emergência, podendo
causar danos à saúde, segundo a entidade. [...] No estado
de São Paulo, a Cetesb, por decreto estadual, reduziu,
desde 2013, esse valor para 120 µg/m3. É mais baixo que a
média nacional (150 µg/m3), porém ainda bastante elevado.
Disponível em: <http://pbmc.coppe.ufrj.br>. Acesso em: 17 dez. 2021. (Adaptado)

TEXTO II
Estimativas da emissão veicular no
estado de São Paulo em 2019

CETESB. “Emissões veiculares no estado de São Paulo 2019”.


São Paulo: CETESB, 2020. p. 61.

Considerando os dados apresentados, conclui-se que,


para reduzir os níveis de poluição, uma política pública a
ser implantada nesse estado deve abordar prioritariamente
o(a)
A prática de subsídios econômicos ao etanol.
B disseminação do uso de transporte coletivo.
C uso de energia elétrica como fonte de energia.
D construção de faixas exclusivas para motocicletas.
E emprego de transporte em veículos por aplicativos.

Gabarito: B

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C6H30

De acordo com os dados apresentados no gráfico, os


ônibus são menos poluentes quando se analisa a poluição
per capita.

Alternativa A: incorreta. O subsídio para combustíveis


estimularia o seu consumo e, consequentemente, o
aumento da poluição causada por veículos.
Alternativa C: incorreta. Sem saber a origem da geração
dessa energia elétrica, não é possível afirmar que o uso de
energia elétrica seja menos poluente.
Alternativa D: incorreta. De acordo com os dados do
gráfico, motocicletas geram mais poluentes que os ônibus.
Alternativa E: incorreta. Automóveis são mais poluentes
que outros meios, como motos e ônibus.
QUESTÃO 64
_ 22_ENEM_HIS_BM_L3_Q07
É evidente que os pomieshchiki * se opõem aos
camponeses assim como os industriais se opõem aos
operários. Vocês permitirão que as fileiras do proletariado
se dividam? De que lado vocês ficarão? Nós, bolcheviques,
somos o partido do proletariado – tanto do proletariado
camponês quanto do proletariado industrial. Nós,
bolcheviques, somos defensores dos sovietes, tanto dos
sovietes camponeses quanto dos sovietes operários e de
soldados e quem quer que procure destruir os sovietes é
culpado de ato antidemocrático e contrarrevolucionário.
REED, John. Dez dias que abalaram o mundo. Bernardo Ajzenberg (Trad.).
São Paulo: Penguin Companhia, 2010. p. 224.

* Pomieshchiki: proprietários rurais.

O trecho anterior é um registro jornalístico feito por Reed,


após a Revolução Russa, do discurso de Lênin durante
o Congresso Camponês. Nele, observa-se que esse
revolucionário objetivava
A priorizar a aliança com os militares.
B privatizar empresas no setor atacadista.
C articular politicamente diferentes grupos.
D privilegiar as demandas dos camponeses.
E subordinar o partido socialista aos operários.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H1

O excerto demonstra que Lênin se preocupava em atender


às reivindicações de camponeses, de operários e também
de soldados – que viviam em realidades históricas e
temporalidades bem diferentes – sob o mesmo signo
revolucionário, ou seja, por meio da hegemonia do partido,
ele desejava articular diferentes grupos para construir o
novo governo.

Alternativa A: incorreta. O excerto mostra que Lênin não


pretendia priorizar qualquer um dos grupos. Além disso,
cabe lembrar que as organizações revolucionárias eram
principalmente de operários e camponeses.
Alternativa B: incorreta. A Nova Política Econômica de
Lênin, conhecida como NEP, possibilitava a entrada de
capital estrangeiro para financiar a fundação de empresas
privadas no setor do comércio varejista. No entanto, as
empresas do comércio atacadista eram administradas pelo
Estado.
Alternativa D: incorreta. Os camponeses articulavam seus
interesses entre eles e com os demais grupos por meio do
Congresso Camponês, logo não eram privilegiados em
suas demandas.
Alternativa E: incorreta. No trecho, observa-se um
fundamento do leninismo: a hegemonia do partido na
condução das causas revolucionárias. Portanto, não se
pode falar em submissão do partido a quaisquer grupos.
QUESTÃO 65
_ 22_ENEM_SOC_LT_L3_Q07
TEXTO I
A renovação das formas se torna um valor mundano,
a fantasia exibe seus artifícios e seus exageros na
alta sociedade, a inconstância em matéria de formas e
ornamentações já não é exceção, mas regra permanente:
a moda nasceu.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 24.
TEXTO II
Tudo está agora sendo permanentemente desmontado,
mas sem perspectiva de alguma permanência. Tudo é
temporário. É por isso que sugeri a metáfora da “liquidez”
para caracterizar o estado da sociedade moderna: como os
líquidos, ela caracteriza-se pela incapacidade de manter a
forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos
de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham
tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades
“autoevidentes”.
PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. “Entrevista com Zigmunt Bauman”.
Tempo Social. São Paulo, n. 16, jun. 2004, p. 301-25.

Os excertos revelam que, tanto para Lipovetski como


para Bauman, a carência de referenciais da sociedade
contemporânea ocidental tem relação com a constante
A redução do papel da Indústria Cultural.
B valorização da religiosidade no mundo.
C reformulação dos valores culturais sociais.
D natureza cultural conservadora do capitalismo.
E estabilização dos parâmetros de sociabilidade.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H4

Para Lipovetsky e Bauman, vivemos em uma era carente


de referenciais sociais e culturais estáveis, devido à
velocidade cada vez maior das dinâmicas capitalistas, que
influem no estilo de vida cotidiano dos centros urbanos.
Essa sociedade saturada da lógica de consumo entranha
em si a mercantilização dentro da régua das relações
sociais e passa, então, a perceber que “tudo que é sólido
desmancha no ar”.

Alternativa A: incorreta. Pelo contrário, o aumento da


presença da Indústria Cultural sinaliza, aos moldes do
pensamento frankfurtiano, a onipresença da lógica da
mercadoria dentro da produção cultural e da manutenção
dos costumes.
Alternativa B: incorreta. Tal fenômeno é real, mas não se
coaduna com o processo histórico da modernidade líquida
diretamente.
Alternativa D: incorreta. Pelo contrário, para os autores,
o capitalismo é “amoral”, no sentido de que incentiva os
valores e costumes que, contextualmente, aticem cada vez
mais o consumo e a lógica da mercadoria.
Alternativa E: incorreta. Ambos os textos denunciam
precisamente uma falta de estabilização tanto nos
parâmetros de sociabilidade como nos de socialização.
QUESTÃO 66
_ FIL201808080104

RUAS, Carlos. Um sábado qualquer.

Na tirinha, observa-se a aplicação do método socrático, o


qual consiste em
A considerar a relevância da physis para se chegar à
verdade.
B evitar posicionamentos críticos para manter a amizade.
C demonstrar rebeldia para se autoafirmar na sociedade.
D fazer uso da persuasão para convencer o interlocutor.
E utilizar a dialética para se construir o conhecimento.

Gabarito: E

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H1

A tirinha demonstra como o exercício dialógico, isto é, o


debate e o diálogo fundam uma abertura em direção ao
conhecimento filosófico dos valores humanos e de si
mesmo. Nesse sentido, apresenta a postura socrática
como fundadora do saber filosófico.

Alternativa A: incorreta. A filosofia socrática é


antropológica por definição: ela se destina à valoração das
reflexões e das ações humanas.
Alternativa B: incorreta. O desejo de Sócrates com seus
questionamentos era levar seu interlocutor a pensar de
maneira lógica, portanto ele não temia perder amizades por
confrontar as pessoas.
Alternativa C: incorreta. Os questionamentos de Sócrates
visavam ao conhecimento filosófico dos valores humanos,
logo não eram uma forma de rebeldia para autoafirmação.
Alternativa D: incorreta. A persuasão e o convencimento
são valores típicos da postura sofista, algo combatido por
Sócrates em seu tempo. Além disso, a tirinha demonstra a
boa-fé de Sócrates em direção ao diálogo, e não ao simples
recurso retórico.
QUESTÃO 67
_ GEO201808080405
No intuito do governo mexicano de industrializar o
país e gerar empregos, surgiu a Lei da Maquila durante a
década de 1960. As empresas maquiladoras normalmente
atuam no estágio de manufatura, sem muita tecnologia
ou agregação de valor. Uma lei da maquila possibilita às
indústrias maquiladoras instaladas em um país periférico
trazer matéria-prima do seu país de origem e produzir
usando a força de trabalho do país onde estão instaladas,
desde que os produtos industrializados retornem para o
primeiro.
BAUMGRATZ, D. CARDIN, E. “O regime de maquila e suas implicações no México:
perspectivas para o modelo adotado no Paraguai”. Estudios Internacionales.
Santiago, v. 51, n. 192, 2019. (Adaptado)

A migração de indústrias norte-americanas para a região


de fronteira com o México tem como objetivo
A empregar a qualificada mão de obra estadunidense.
B aproveitar o grande mercado mexicano existente.
C reduzir os custos de produção dessas empresas.
D estabelecer parcerias com as agroindústrias locais.
E coibir a especulação na bolsa de valores mexicana.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C4H20

A busca por menores custos — com salários e encargos


trabalhistas — e a abundância de mão de obra pouco
qualificada motivaram a instalação de indústrias
maquiladoras no norte do México. Apesar de reduzirem o
desemprego, essas empresas pagam baixos salários, o
que gera uma continuidade da pobreza na região.

Alternativa A: incorreta. A instalação desse tipo de


empresa nesse local causa desemprego entre os norte-
-americanos. Além disso, esse tipo de empresa exige baixa
qualificação.
Alternativa B: incorreta. O principal mercado consumidor
naquela área do continente é o mercado estadunidense, e
não o mexicano.
Alternativa D: incorreta. O norte do país é uma região
seca que não permite a instalação de agroindústrias nem a
utilização de mão de obra nesses empreendimentos.
Alternativa E: incorreta. O México não é um país atrativo
para os especuladores. Além disso, a verdadeira intenção
das empresas instaladas nessa região do México é garantir
sua produção a um baixo custo.
QUESTÃO 68
_ 22_ENEM_HIS_FM_L3_Q06
O papel de João Cândido como “dono do Brasil” durante
aqueles dias foi proclamado pelo escritor Gilberto Amado
através de artigo em O País, na edição de 27 de novembro,
chamando-o de “Almirante”, “árbitro da nação”, “marinheiro
formidável”, “herói” e homem que “violentou a História",
concebendo que os navios por ele comandados faziam
“parnasianismos de manobras”. Surgia assim o apelido
mais recorrente do marujo que, na Gazeta de Notícias, em
1912, era tratado de “Almirante Negro” por João do Rio.
FERREIRA, Tânia. “A imprensa e o contexto da Revolta da Chibata:
história e historiografia”. Antíteses, v. 3, dez. 2010.

Ao caracterizar João Cândido, o líder da Revolta da Chibata


(1910), a imprensa da época destacou
A sua personalidade violenta.
B seu espírito antirrepublicano.
C sua atitude política arbitrária.
D sua luta contra a desigualdade.
E seu desdém por técnicas náuticas.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C3H13

Sintonizadas com as questões políticas de seu tempo, as


manchetes apresentadas procuraram denotar o ineditismo
social, político e racial do que veio a ser chamado de
Revolta da Chibata. Liderada por João Cândido, o evento
ganhou grandes proporções também devido à maestria
com que os marujos liderados por ele manobravam os
encouraçados dentro da Baía de Guanabara diante da
exigência do fim das torturas na caserna.

Alternativa A: incorreta. O texto valoriza a atitude e a


liderança de João Cândido. A expressão “homem que
violentou a História” se refere à não conformação desse
líder com a condição a que ele e outros companheiros eram
submetidos.
Alternativa B: incorreta. João Cândido não era saudoso
da monarquia, mas desejava apenas que todos tivessem
os mesmos direitos assegurados no novo regime.
Alternativa C: incorreta. Na realidade, a expressão “árbitro
da nação” tinha como objetivo apresentar João Cândido
como alguém cujas ações, em prol dos grupos mais pobres,
poderiam reparar problemas de desigualdades históricas
no Brasil.
Alternativa E: incorreta. Ao referir-se a ele como
“almirante”, a imprensa reuniu visões positivas sobre
a dimensão política do evento e as suas capacidades
náuticas.
QUESTÃO 69
_ 22_ENEM_GEO_JP_L3_Q05
A informação é centralizada nas mãos de um número
extremamente limitado de firmas. Hoje, o essencial do
que no mundo se lê, tanto em jornais como em livros, é
produzido a partir de meia dúzia de empresas que, na
realidade, não transmitem novidades, mas as reescrevem
de maneira específica. Apesar de as condições técnicas
da informação permitirem que toda a humanidade conheça
tudo que o mundo é, acabamos na realidade por não sabê-
-lo, por causa dessa intermediação deformante.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à
consciência universal. 10 ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 32.

A centralização da informação nas mãos de poucas


empresas é um problema mundial. No Brasil, uma forma de
combatê-la seria estimular a
A cessação das publicidades patrocinadas.
B ampliação das concessões televisivas.
C fabricação de narrativas próprias.
D seleção de discursos convergentes.
E eliminação de mídias governamentais.

Gabarito: B

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C5H25

O texto trabalha com a centralização da mídia por um


pequeno número de empresas. No Brasil, isso ocorre
com o rádio e a televisão: pouquíssimas corporações
detêm a autorização para suas transmissões. Entre os
impactos está a seleção de narrativas com base em seus
posicionamentos editoriais. A ampliação das concessões
televisivas seria uma forma de democratizar o acesso à
informação, já que haveria maior pluralidade de discursos.

Alternativa A: incorreta. As publicidades são a forma de


viabilizar economicamente as emissoras. A retirada da
fonte de financiamento não contribuiria para a ampliação
da rede, atualmente concentrada em poucas corporações,
pois reduziria ainda mais o número de empresas midiáticas.
Alternativa C: incorreta. Fabricar narrativas não é uma
prerrogativa dos meios de comunicação destinados ao
compartilhamento de informações, como é o caso de
noticiários ou jornais. Estes devem transmitir a informação
de forma fiel e responsável, mirando transparência.
Além disso, a fabricação de narrativas próprias, quando
divulgadas em mídias sociais, gera outro problema: a
veiculação das chamadas fake news.
Alternativa D: incorreta. A seleção de discursos de
empresas que seguem uma linha de pensamento restringe
o debate sobre os acontecimentos. A contraposição de
fontes é o caminho ideal dentro de uma visão reflexiva e
crítica.
Alternativa E: incorreta. A existência de mídias
governamentais não necessariamente causa centralização
de informação, visto que é uma via de propagação
de informações públicas, mesmo que isso implique
propaganda estatal ocasionalmente. Se o problema é a
falta de pluralidade, a eliminação de mídias não pode ser
a solução.
QUESTÃO 70
_ 22_ENEM_HIS_FM_L3_Q01
De forma irônica e imprevista, Portugal completou o
ciclo de sua criação nos trópicos: conquistado em 1500
graças ao espírito de aventura do povo lusitano, o Brasil
foi transformado em 1808 em razão das fragilidades da
Coroa portuguesa, obrigada a abandonar sua metrópole
para não cair refém de Napoleão Bonaparte; e, finalmente,
tornado independente em 1822 pelas divergências entre
os próprios portugueses. Assim, “a emancipação brasileira
foi concebida por completo com um sentido português”,
escreveu o diplomata britânico Edward Thornton ainda no
século XIX.
GOMES, L. 1822. São Paulo: Globo Livros, 2015. p. 20. (Adaptado)

Além dos dados apresentados, há um fato histórico que


confirma a observação do diplomata britânico a respeito
da influência portuguesa no processo de independência do
Brasil. Trata-se da
A proteção portuguesa aos revolucionários
pernambucanos.
B submissão da elite brasileira às Cortes lisboetas.
C dissolução de vínculos agroexportadores.
D promulgação de uma ordem constitucional autoritária.
E permanência de parte da família real no Rio de Janeiro.

Gabarito: E

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C2H7

O texto reforça uma ironia histórica: o fato de parecer que


Portugal começou e finalizou quase de maneira cíclica o
seu termo colonial brasileiro ao negociar o processo de
independência. Assim, a observação do diplomata britânico
sugere a influência lusitana nesse processo, tal como se
vê no fato de a independência ter resultado de acordos
familiares e aqui ter sobrevivido o filho do monarca, Dom
Pedro, responsável pela construção do Estado Nacional
brasileiro.

Alternativa A: incorreta. A Revolução Pernambucana


(1817) foi duramente reprimida pelo governo imperial, pois,
durante três meses, os revoltosos fundaram um governo
republicano independente.
Alternativa B: incorreta. Não houve submissão da elite
brasileira às Cortes lisboetas porque ela, em sua maioria,
apoiava a independência para evitar a volta do Pacto
Colonial.
Alternativa C: incorreta. No Brasil oitocentista, as exportações
agrícolas eram destinadas aos países em industrialização, tal
como Inglaterra e EUA. Com a independência, esses vínculos
se mantiveram, porém sem a interferência de Portugal.
Alternativa D: incorreta. A ordem autoritária se deu com
a outorga da Carta Magna de 1824, e não influenciou a
independência.
QUESTÃO 71
_ GEO201809030104
Grande parte das empresas da indústria da moda
fashion terceiriza sua produção, e as terceirizadas também
“quarteirizam” o trabalho. Segundo a World Trade Statistical
Review, a Ásia é a principal exportadora e produtora do
mercado têxtil, com destaque à China, Índia, Taiwan e ao
Paquistão. Nas últimas décadas, o crescimento da China
gerou um pequeno aumento no nível salarial e isso fez com
que algumas marcas mudassem o foco rapidamente para
países como Bangladesh, Vietnã e Camboja.
Disponível em: <https://einvestidor.estadao.com.br>. Acesso em: 21 dez. 2021. (Adaptado)

A terceirização e a “quarteirização” em países em


desenvolvimento é uma estratégia da indústria da moda
fashion para
A atrair a simpatia de movimentos sindicais.
B melhorar a remuneração dos trabalhadores.
C explorar de forma sustentável os recursos naturais.
D criar produtos focados no perfil dos consumidores
locais.
E atender à demanda dos consumidores a um baixo
custo.

Gabarito: E

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C4H18

Ao terceirizar ou mesmo “quarteirizar” sua produção, a


indústria da moda fashion objetiva ampliar o mercado
consumidor e, consequentemente, seus lucros, a um
baixo custo. A redução desses custos, em geral, ocorre
submetendo os trabalhadores a remunerações e condições
de trabalho indignas, por isso essa indústria tem sido alvo
de protesto em todo o mundo.

Alternativa A: incorreta. A baixa remuneração e as jornadas


de trabalho excessivas fazem com que os movimentos
sindicais se oponham à ação dessas empresas.
Alternativa B: incorreta. A indústria da moda fashion tenciona
aumentar seus lucros se instalando em locais nos quais a
legislação trabalhista é frouxa e os salários são mais baixos,
logo não objetiva melhorar a remuneração dos trabalhadores.
Alternativa C: incorreta. Na busca por vantagens
locacionais, essas empresas procuram se instalar em
locais nos quais a legislação ambiental é frágil, logo a
maioria delas não objetiva produzir de forma sustentável.
Alternativa D: incorreta. A indústria da moda fashion
direciona sua produção aos consumidores de um
determinado estrato social, porém não direciona sua
produção apenas aos consumidores locais, pois uma de
suas características é a consolidação de suas marcas em
nível mundial.
QUESTÃO 72
_ 22_ENEM_FIL_FA_L3_Q01

Disponível em: <https://encenasaudemental.com>. Acesso em: 16 dez. 2021.

A imagem faz alusão ao modelo distributivo de justiça


de Rawls, que se baseia na necessidade de se
considerar a
A desigualdade entre as partes.
B mediania entre as partes.
C tolerância entre as partes.
D amizade entre as partes.
E concordância entre as partes.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C3H12

Trata-se, no modelo de justiça distributiva de Rawls, da


avaliação daquilo que diferencia as partes envolvidas. Na
imagem, observa-se que as desigualdades socioeconômicas
entre os indivíduos estão metaforicamente representadas pela
altura deles; assim, a distribuição dos caixotes representam
o conceito de justiça distributiva de Rawls, dado que cada
indivíduo recebe (ou não) um caixote de acordo com a sua
altura (desigualdade).

Alternativa B: incorreta. A mediania é o critério central da


teoria da virtude de Aristóteles.
Alternativa C: incorreta. Um dos fundamentos da teoria
de justiça de Rawls é que as pessoas devem reagir contra
as injustiças, e não tolerá-las.
Alternativa D: incorreta. Justiça não se refere à amizade,
mas a direitos, ou seja, refere-se ao campo público, e não
ao privado.
Alternativa E: incorreta. Rawls considera que o conceito
de justiça deve levar em conta as diferenças entre as partes,
porém em nenhum momento defende que é necessário que
haja concordância entre elas para que haja justiça.
QUESTÃO 73
_ GEO201808080110

°C Altitude: 33 m °C: 26, 4 mm: 3 001 mm


35 420

30 360

25 300

20 240

15 180

10 120

5 60

0 JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.
0

Disponível em: <https://pt.climate-data.org>. Acesso em: 20 dez. 2021.

O climograma refere-se a uma localidade cujo clima é o


equatorial úmido por apresentar
A verão quente e inverno seco.
B verão ameno e inverno rigoroso.
C chuvas escassas entre junho e setembro.
D chuvas o ano todo e baixa amplitude térmica.
E chuvas abundantes no outono e primavera seca.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C6H26

O climograma refere-se à cidade de Manaus. Localizada


em uma região de clima equatorial úmido, essa capital
apresenta média de temperatura elevada (26,4 °C), baixa
amplitude térmica e elevada umidade, pois a média anual
é de 3 001 mm.

Alternativa A: incorreta. Apesar de a localidade apresentar


períodos com menor pluviosidade, não há invernos secos.
Alternativa B: incorreta. Uma característica do clima
equatorial úmido é que ele apresenta pouca amplitude
térmica, por isso não há invernos rigorosos como descreve
a alternativa.
Alternativa C: incorreta. A localidade representada na
imagem não apresenta baixas médias pluviométricas,
pois, mesmo nos meses de menor pluviosidade, não há
escassez de chuvas.
Alternativa E: incorreta. O clima do tipo equatorial úmido
não apresenta as quatro estações bem definidas, logo
outono e primavera são imperceptíveis nesse tipo climático.
QUESTÃO 74
_ 22_ENEM_HIS_BM_L3_Q03
Em 1529, Henrique convocou o Parlamento a fim de
mobilizar a classe fundiária a seu favor no conflito com o
papado e o império e assegurar o endosso dela ao confisco
político da Igreja por parte do Estado na Inglaterra. [...] Já na
França, o Édito de Nantes e seus artigos complementares
contiveram o problema do protestantismo, ao conceder-
-lhe autonomia regional limitada. Não houve convocação
dos Estados Gerais, apesar das promessas do rei nesse
sentido durante a guerra civil.
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado absolutista.
São Paulo: Brasiliense, 2004. (Adaptado)

Os acontecimentos retratados no texto indicam que


A a elite inglesa influenciava o governo central.
B os reis absolutistas defendiam os interesses do povo.
C os monarcas inglês e francês tornaram-se protestantes.
D a unidade religiosa caracterizava o absolutismo francês.
E a estrutura de poder era a mesma nas duas monarquias.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C3H11

O texto expressa as diferenças históricas entre os regimes


monárquicos inglês e francês. No primeiro, observa-se que
o poder do rei coexistia com um “parlamento” formado por
elementos da elite inglesa – que influenciava o governo
central – e por formas institucionais de apascentamento das
tensões religiosas. O segundo é marcado pelo centralismo
político que assumiu as rédeas da repressão cultural e
religiosa.

Alternativa B: incorreta. Nas monarquias absolutistas, o


Estado defendia os interesses e os privilégios da nobreza,
segmento do qual o rei fazia parte.
Alternativa C: incorreta. No caso inglês, o Estado assumiu
o protestantismo como religião oficial com a criação da
Igreja Anglicana; já na França, a monarquia permaneceu
católica.
Alternativa D: incorreta. A monarquia francesa viu seu
mote “une foi, une loi, un roi” (uma fé, uma lei, um rei)
ameaçado com a ascensão do protestantismo na França.
Durante quase 200 anos, a França conviveu com períodos
em que o protestantismo era tolerado e em outros em que
era perseguido. Desse modo, não se pode falar em unidade
religiosa na França absolutista após o século XVI.
Alternativa E: incorreta. A existência do Parlamento na
Inglaterra diferencia as estruturas do Estado inglês em
relação às estruturas presentes na monarquia absolutista
francesa.
QUESTÃO 75
_ SOC201808080110

DAHMER, André.

Considerando a perspectiva foucaultiana, a fala da


personagem do primeiro e segundo quadrinhos mostra
que, para ela, o controle social exercido pelas câmeras visa
A dar autonomia aos trabalhadores.
B propiciar segurança aos trabalhadores.
C libertar os indivíduos do medo da punição.
D transformar os indivíduos em corpos dóceis.
E ampliar a consciência de classe dos trabalhadores.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H2

Os mecanismos de controle social têm como objetivo


docilizar os indivíduos, de forma a dissuadir comportamentos
autônomos. Assim, a tirinha apresenta um raciocínio irônico
ao demonstrar como disciplina, comportamento, afetos
e discursos de ordem verbal ou simbólica também são
vigiados – e podem ser punidos – dentro da nova lógica da
vigilância onipresente e tecnológica.

Alternativa A: incorreta. Considerando a fala da


personagem, não é possível afirmar que o controle social
visa dar autonomia aos trabalhadores, nem aumentar a
produtividade, ainda que se faça a relação com a tecnologia
dos meios de vigilância.
Alternativa B: incorreta. A alternativa contradiz o
primeiro quadro da tirinha, que demonstra a indignação
do trabalhador, afirmando que “o tempo todo” está
sendo vigiado. Nesse sentido, sabe-se que o mundo
contemporâneo desenvolveu dispositivos que extrapolam
e liquidificam as múltiplas dimensões e temporalidades da
vida.
Alternativa C: incorreta. O terceiro quadro da tirinha
demonstra o silêncio do guarda diante da própria vigilância,
ou seja, a lógica da patrulha tem em vista a punição e a
possível substituição, e não a estabilidade da mão de obra.
Alternativa E: incorreta. A tirinha revela que os
trabalhadores não geram vínculos de solidariedade, porque
o próprio vigia está sendo vigiado.
QUESTÃO 76
_ 22_ENEM_GEO_JP_L3_Q02
A falta de contêineres é motivada, principalmente, pela
alta demanda nos grandes portos exportadores, como Ásia,
Estados Unidos e Europa, que atraem os armadores por
serem mais rentáveis comparados a outros países, como
o Brasil. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional
da Indústria (CNI) apontou que entre 128 empresas e
associações industriais, mais de 70% relataram sofrer com
a falta de contêineres ou navios e mais da metade passou
por cancelamento ou suspensão de viagens programadas.
SOUZA, V. “Crise no mar: entenda a escassez de contêineres que afeta produtores do
mundo todo”. Disponível em: <https://g1.globo.com>.
Acesso em: 31 out. 2021. (Adaptado)

A crise mundial causada pela falta de contêineres afeta


todos os países; porém, em nações menos desenvolvidas,
como o Brasil, essa crise acarreta a
A elevação do custo logístico.
B construção de canais artificiais.
C valorização de gêneros exportados.
D manutenção do volume conteinerizado.
E redução da demanda por itens importados.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C4H17

A redução da oferta de contêineres para países como o


Brasil foi motivada pelo retorno das atividades comerciais
com a abertura das economias no contexto da pandemia
da covid-19. Com a maior demanda sendo direcionada aos
países ricos, os custos de logística aumentaram.

Alternativa B: incorreta. A dificuldade do Brasil no


contexto de escoamento da produção para o exterior está
ligada à escassez de contêineres, e não à disponibilidade
de rotas que demandam a construção de canais artificiais
por parte do país.
Alternativa C: incorreta. Com o contexto de alta do dólar
em relação ao real nos últimos anos, os alimentos para
exportação sofreram valorização. Porém, a dificuldade de
envio das exportações tende a tornar os produtos nacionais
mais baratos para que possam ser consumidos pelo
mercado interno.
Alternativa D: incorreta. Devido às mudanças ligadas à
oferta de contêineres e à demanda comercial internacional,
os volumes se alteraram para se adequar a esse contexto.
Alternativa E: incorreta. O texto não menciona redução
da demanda brasileira, e sim um aumento da importação
por países com maior poder aquisitivo e, por conseguinte,
capazes de pagar preços mais elevados pelos contêineres.
QUESTÃO 77
_ HIS201808080202
A emancipação política de 1822 consolidou-se em
torno da Corte, privilegiando a instituição monárquica e a
unidade nacional. O sentimento autonomista era, porém,
forte nas províncias; por isso, o debate girava ao redor
de dois programas políticos decididamente antagônicos:
o autogoverno provincial de um lado, e o centralismo da
Corte de outro. Após a abdicação de Dom Pedro I, as
demais províncias, agora sem um rei no poder, passaram
a contestar a legitimidade dos novos governantes, os quais
estariam excessivamente voltados para a lógica da Corte.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia.
São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 243. (Adaptado)

O Período Regencial brasileiro foi marcado pelo embate


entre esses dois programas políticos mencionados, por
isso, nesse período, se observam
A debates nos jornais entre monarquistas e republicanos.
B motins monarquistas pela volta da união com Portugal.
C revoltas populares exigindo a maioridade de Pedro II.
D rebeliões de cunho separatista em certas regiões.
E lutas militares em favor pela independência do Sudeste.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C3H14

O sentimento de autonomia era forte nas províncias,


por isso o Período Regencial foi marcado por diversas
rebeliões de caráter republicano e separatista – como a
Cabanagem e a Farroupilha –, que contestavam o poder
central estabelecido no Rio de Janeiro.

Alternativa A: incorreta. De modo geral, durante o


Período Regencial, não havia um embate significativo entre
monarquistas e republicanos, pois esses últimos ainda
constituíam uma força política pequena.
Alternativa B: incorreta. Não é correto afirmar que os
monarquistas eram, necessariamente, favoráveis à volta
dos vínculos entre Brasil e Portugal, uma vez que, embora
houvesse grupos restauradores, muitos monarquistas
foram defensores da independência do Brasil.
Alternativa C: incorreta. A antecipação da coroação de
D. Pedro II não foi tema de rebeliões populares, mas um
arranjo surgido entre grupos políticos majoritariamente
liberais representados na Assembleia, que lideraram o
processo conhecido como Golpe da Maioridade.
Alternativa E: incorreta. Ainda que militares de baixa
patente defendessem a autonomia das províncias, não
havia exatamente uma luta militar organizada nesse
sentido, principalmente no sudeste, região em que não
houve lutas separatistas.
QUESTÃO 78
_ 22_ENEM_SOC_LT_L3_Q03
TEXTO I
[...] o caráter metropolitano da maioria dos locais
da revolução da tecnologia da informação em todo o
mundo parece indicar que o ingrediente crucial em seu
desenvolvimento não é a novidade do cenário cultural e
institucional, mas a sua capacidade de gerar sinergia com
base em conhecimentos e informação.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz & Terra, 1999.

TEXTO II

LATUFF, Carlos.

É cada vez mais rápida a formação de movimentos


reivindicatórios por meio digital. No entanto, o cenário
tecnológico informacional apresentado nos textos indica
que é comum que neles haja
A moderação e conscientização.
B engajamento e desinformação.
C burocratização e hierarquização.
D espontaneidade e abertura ao debate.
E liderança hierárquica e alcance restrito.

Gabarito: B

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C3H14

A rapidez com que movimentos digitais são formados, seja


artificialmente ou materialmente, é assustadora. Há sinergia
– e, consequentemente, engajamento –, como afirma
Castells, porém a velocidade de divulgação e a amplitude
da internet têm fomentado, cada vez mais, a criação de
verdadeiras redes de desinformação digitais projetadas
para fins políticos que alteram, por conseguinte, o mundo
real, como se vê representado pela imagem, a qual associa
informação nas mídias sociais a um coquetel molotov.

Alternativa A: incorreta. Pelo contrário, nota-se na


capacidade de rápida organização uma tendência à criação
de nichos de informação polarizados.
Alternativa C: incorreta. O cenário tecnológico
informacional tem precisamente as características
contrárias: não há hierarquias fixas e é descentralizado.
Além disso, a velocidade dos meios digitais ajuda a
desburocratizar impasses logísticos comuns à criação ou à
manutenção de movimentos sociais e/ou grupos políticos.
Alternativa D: incorreta. Apesar de a “espontaneidade”
poder ser deduzida de ambos os textos – e guardar relação
concreta com as mobilizações da última década –, não é
possível concluir que coquetéis molotovs são sinônimos de
interlocução, pois a sua historicidade tem a ver com táticas
de enfrentamento.
Alternativa E: incorreta. Embora haja algumas lideranças,
elas não são essenciais nesses movimentos, portanto eles
são menos hierárquicos e mais horizontais. Além disso,
eles alcançam mais pessoas devido à rapidez com que as
informações são disseminadas.
QUESTÃO 79
_ 22_ENEM_FIL_FA_L3_Q04
Alguém pode ser acusado pelas ações que cometeu,
e justificado pelo resultado delas. E quando o resultado for
bom [...] a justificação não faltará. Só devem ser reprovadas
as ações cuja violência tem por objetivo destruir, em vez de
reparar.
MAQUIAVEL, Nicolau. Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Sérgio Bath
(Trad.). 3 ed. Brasília: Editora UnB, 1994. p. 49.

Maquiavel (1469-1527) notabilizou-se por ter sido o primeiro


a romper com a tradição filosófica normativa e idealista de
sua época. O trecho demonstra esse rompimento, pois o
filósofo
A exclui a virtù da governabilidade.
B refuta a ideia de unidade política.
C dissocia a moral privada da pública.
D propõe a imoralidade como valor em si.
E defende a legitimação teocrática do poder.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C5H23

Uma das maiores contribuições (e alvos de crítica) da teoria


de Maquiavel é a sua dissociação entre o cultivo pessoal e
privado da moral e o exercício político baseado em outros
critérios, que atendam às necessidades relacionadas ao
poder. Trata-se, para ele, de instituir uma divisão sutil,
mas muito importante, entre uma moral privada (própria
ao indivíduo isolado) e outra pública (própria ao âmbito
da cidadania em geral). Assim, sua teoria política foi
revolucionária, pois rompeu com o parâmetro religioso que
delimitava o que era ou não uma boa prática de governo.

Alternativa A: incorreta. A virtù tem conexão direta e


estreita com a governabilidade, pois se relaciona, do
ponto de vista da instrução política do governante, com a
disposição para se adaptar às circunstâncias e agir com
vistas à preservação do poder.
Alternativa B: incorreta. Maquiavel foi, pelo contrário,
um grande defensor da unidade política, da coesão social
em torno de um poder instituído. Isso se deve sobretudo à
sua compreensão da fragilidade do poder fragmentado e
disperso típico da Itália renascentista.
Alternativa D: incorreta. Maquiavel não propõe o exercício
da imoralidade: ele dissocia o âmbito do aperfeiçoamento
pessoal do âmbito da convivência política, diferencia o
sentido de moral como cultivo individual da virtude e o
sentido de uma moral pública, apropriada tanto ao contexto
da governança como ao da cidadania.
Alternativa E: incorreta. A teoria política de Maquiavel
se preocupa com a legitimação do poder a partir de sua
eficácia, da capacidade do governante de manter o
poder e fazer dele um recurso socialmente construtivo,
independentemente das razões éticas ou religiosas, por
exemplo, que eventualmente venham a reforçá-lo ou
contestá-lo.
QUESTÃO 80
_ SOC201808080212
Devemos a nossa língua nacional tanto às amas negras
como aos padres. Um exemplo dos mais expressivos é o
caso dos pronomes. Temos no Brasil dois modos de colocar
pronomes, enquanto o português europeu só admite um
– o “modo duro e imperativo”: diga-me, faça-me, espere-
-me. Sem desprezarmos o modo ibérico, criamos um novo,
inteiramente nosso, com sabor quase africano: me diga, me
faça, me espere. Modo bom, doce, de pedido. E servimo-
-nos dos dois.
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Global, 2013. (Adaptado)

Nos anos 1930, Freyre inovou ao interpretar o Brasil pela


ótica do relativismo cultural. Nesse trecho, observa-se que
esse intelectual considerava a
A miscigenação de maneira positiva.
B cultura da África inferior à lusitana.
C linguagem popular superior à culta.
D pobreza decorrente da mestiçagem.
E ideia de democracia racial falaciosa.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H3

A difusão das práticas culturais foi capaz de conciliar o


convívio interétnico no Brasil. Em suma, Freyre aposta no
relativismo cultural a fim de valorizar a miscigenação como
traço distintivo do país.

Alternativa B: incorreta. No trecho, Freyre mostra que as


práticas culturais afrodescendentes convivem e coexistem
com as tradições ibéricas; logo, ele não considerava a
cultura da África inferior a qualquer outra.
Alternativa C: incorreta. Freyre valoriza a linguagem
popular; porém, no texto, não se observa uma crítica
marxista às condições de classe que sinalize que, para
esse escritor, a linguagem popular é superior à culta.
Alternativa D: incorreta. O texto é um exemplo do
relativismo cultural de Freyre, e não do pensamento
eugenista – tal como propõe a alternativa.
Alternativa E: incorreta. O texto apresenta a ideia de um
convívio interétnico harmônico e pacificador da sociedade
brasileira.
QUESTÃO 81
_ 22_ENEM_GEO_BW_L3_Q01

Disponível em: <http://www.geografia.seed.pr.gov.br>. Acesso em: 17 dez. 2021.

O mapa define o espaço brasileiro por um dos critérios


utilizados na regionalização proposta por Milton Santos.
Trata-se do critério
A cultural, compreendido pela diversidade religiosa.
B subjetivo, ancorado na percepção individual.
C natural, pautado em acidentes geográficos.
D ambiental, estabelecido por áreas de conservação.
E histórico, baseado na disponibilidade de tecnologias.

Gabarito: E

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C2H6

O mapa retrata um dos critérios adotados por Milton Santos


para a sua proposta de regionalização. Eles se basearam
no critério histórico, por meio do processo de ocupação
do território, observando a disponibilidade de recursos
tecnológicos, como redes de telecomunicações, emprego
de aparatos no ambiente agrário e nível de automação no
setor industrial. Esses aspectos definem o chamado meio
técnico-científico-informacional.

Alternativa A: incorreta. A multiplicidade de tradições


religiosas não é representada pela regionalização proposta
por Milton Santos.
Alternativa B: incorreta. A regionalização proposta
por Milton Santos agrupa as localidades considerando
seu processo histórico de ocupação, sua transformação
econômica e sua densidade técnica, e não a visão subjetiva
de um determinado indivíduo.
Alternativa C: incorreta. O mapa não se prende a
acidentes geográficos para definir as quatro regiões de sua
proposta.
Alternativa D: incorreta. A regionalização do mapa não
leva em consideração as unidades de conservação (UCs),
áreas regulamentadas pela Lei nº 9.985/2000.
QUESTÃO 82
_ HIS201808080302
A reforma agrária articulava-se a uma série de outras
mudanças constitucionais propostas pelo governo,
as chamadas Reformas de Base, anunciadas como
fundamentais para o desenvolvimento nacional. Contudo,
essas mudanças demandavam um apoio de 3/5 do
Congresso, o que não ocorreu.
GRYNSZPAN, Mario. “A questão agrária no governo Jango”. Disponível em:
<https://cpdoc.fgv.br>. Acesso em: 13 dez. 2021. (Adaptado).

O Congresso barrou as mudanças propostas nas Reformas


de Base do governo João Goulart, pois elas
A causaram divisão nas elites brasileiras.
B eram combatidas pelo proletariado urbano.
C foram rejeitadas por deputados progressistas.
D tinham sido apresentadas em governos anteriores.
E desagradavam diferentes setores da alta sociedade.

Gabarito: E

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C4H19

As Reformas de Base aprofundaram a crise que já existia


desde a posse de João Goulart em 1961. A proposta de
reforma agrária, em especial, desagradava muitos setores
da elite, que acabaram apoiando o golpe de 1964.

Alternativa A: incorreta. A elite brasileira se opôs de forma


sistemática ao projeto de João Goulart, e tanto latifundiários
como banqueiros e industriais consideravam as reformas
como uma ameaça à propriedade e uma inclinação ao
socialismo.
Alternativa B: incorreta. Não é possível afirmar que as
Reformas de Base foram combatidas pelo proletariado
urbano, pois o plebiscito de 6 de janeiro de 1963, que
determinou a volta do presidencialismo, é entendido como
um aval da população às Reformas de Base propostas por
João Goulart.
Alternativa C: incorreta. A acusação de que o projeto
seria um golpe de João Goulart, que pretendia modificar a
Constituição, partiu de setores conservadores, contrários
às reformas.
Alternativa D: incorreta. As propostas das Reformas de
Base não foram barradas por terem sido apresentadas em
governos anteriores, e sim por desagradarem às elites.
QUESTÃO 83
_ 22_ENEM_SOC_LT_L3_Q05
TEXTO I
Trabalhando o sal
Pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa
Encontrar a família a sorrir

Filho vir da escola


Problema maior, estudar
Que é pra não ter meu trabalho
E vida de gente levar.
NASCIMENTO, Milton. "Canção do sal". In: Travessia. Codil/Ritmos, 1967.
TEXTO II
Na hora que o Sol se esconde
E o sono chega,
O sinhozinho vai procurar
Hum, hum, hum
A velha de colo quente
Que conta quadras e conta histórias
Pra ninar
Hum, hum, hum
CAYMMI, Dorival. "História pro sinhôzinho". In: Eu vou pra Maracangalha. Odeon, 1957.

A MPB ensina muito acerca da História do Brasil ao


narrar traços cotidianos. Nos excertos, observam-se dois
modelos de estratificações sociais brasileiros, os quais são,
respectivamente, o(a)
A classe e o clã.
B casta e a classe.
C clã e o estamento.
D casta e o estamento.
E classe e a escravidão.

Gabarito: E

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C3H11

“Canção do sal”, de Milton Nascimento, versa sobre um


trabalhador rural que quer ver seu filho estudar e melhorar
de vida: trata-se de uma sociedade de classes, na qual
há maior possibilidade de transitoriedade vertical entre
estratos sociais. Já a canção de Caymmi refere-se a um
“sinhozinho”, figura do filho do senhor de engenho: trata-
-se de um personagem próprio da sociedade escravocrata
brasileira.

Alternativas A e C: incorretas. Os clãs são grupos


que se constituem por meio de laços simbólicos entre
seus membros, o que não se verifica historicamente
no Brasil. Além disso, o estamento, mencionado
na alternativa C, é próprio do feudalismo.
Alternativas B e D: incorretas. Castas são estratificações
próprias da cultura indiana, e não da brasileira. Além disso,
o estamento, mencionado na alternativa D, é próprio do
feudalismo.
QUESTÃO 84
_ 22_ENEM_FIL_FA_L3_Q02
Com isso, coube ao homem, por assim dizer, uma
potência mais elevada do conhecimento intuitivo, um reflexo
deste: a razão como faculdade de conceitos abstratos. Com
esta surge a clareza de consciência que abarca panoramas
do futuro e do passado, ponderação, cuidado, habilidade
para a ação calculada e independente do presente, por
fim a consciência totalmente clara das próprias decisões
voluntárias enquanto tais.
SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação. Jair Barboza
(Trad). São Paulo: Editora Unesp, 2005. p. 216-7. (Adaptado)

Segundo a filosofia schopenhauriana, o papel da razão


como faculdade cognitiva do ser humano é o de
A efetuar a separação entre sujeito e objeto.
B libertar o indivíduo do sofrimento existencial.
C possibilitar a distanciação da intuição sensível.
D evocar a expressão da essência vital pela vontade.
E viabilizar a compreensão das coisas em si mesmas.

Gabarito: C

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H2

O papel da razão, segundo Schopenhauer, é interpretar


as representações (que se apresentam como abstrações
da experiência sensível) de forma não intuitiva, ou seja,
formar conceitos que consistiriam em representações de
representações, possibilitando, assim, ao ser humano
operar com noções como as de tempo e de recordação,
bem como agir de forma planejada, independentemente
das circunstâncias imediatas.

Alternativa A: incorreta. A separação entre sujeito e


objeto faz parte do âmbito cognitivo ou epistemológico,
no qual opera a subjetividade humana desde o nível da
sensibilidade e que preexiste, portanto, à faculdade da
razão.
Alternativa B: incorreta. Schopenhauer combate a fé
irrestrita na razão, pois defende que ela leva o homem ao
sofrimento ao conscientizá-lo de sua finitude.
Alternativa D: incorreta. Sendo a razão a faculdade
responsável por interpretar abstratamente as
representações, ela não é apta a acessar a vontade que
é o princípio essencial do mundo e que, por escapar à
representação, não pode ser conhecida racionalmente.
Alternativa E: incorreta. Para Schopenhauer, não é
possível apreender cognitivamente as coisas em si mesmas,
pois nosso conhecimento do mundo é representação:
tudo que conhecemos se apresenta por meio da nossa
sensibilidade ou de abstrações racionais do conteúdo
sensível. Logo, a apreensão das coisas tais como são em
si mesmas é inacessível à razão.
QUESTÃO 85
_ 22_ENEM_HIS_BM_L3_Q02
TEXTO I
Na Itália de 1934, o eleitor tinha uma lista de nomes,
com as opções Sim ou Não, para aprovar ou rejeitar a lista
dos deputados que estavam concorrendo em um único
partido liderado por Mussolini. O voto foi aberto. O que dá
outro sentido para o retrato de Mussolini na fachada do
prédio do Partido Fascista exigindo o voto no Sim. 99,84%
do povo italiano concordou. Ou obedeceu.
Disponível em: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br>. Acesso em: 11 dez. 2021.
(Adaptado)
TEXTO II
Durante os Dois Minutos de ódio, não era possível
deixar de participar do delírio geral. [...] Então o rosto do
líder sumiu da tela, e a mulherzinha do cabelo cor de areia
atirou-se sobre o espaldar da cadeira e, com um murmúrio
trêmulo que parecia dizer "Meu Salvador", estendeu
os braços para a tela, na qual se liam os três lemas do
partido: GUERRA É PAZ. LIBERDADE É ESCRAVIDÃO.
IGNORÂNCIA É FORÇA.
ORWELL, George. 1984.

Os textos apresentados se remetem a um elemento


fundamental dos regimes totalitários, que é o(a)
A submissão das massas ao líder.
B preconceito contra povos semitas.
C respeito a processos democráticos.
D crítica à implantação do socialismo.
E pacificação de sociedades violentas.

Gabarito: A

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C2H10

Ambos os textos retratam a subserviência a uma liderança,


o modo como os regimes totalitários exploram o medo
(no Texto I, em “99,84% do povo italiano concordou. Ou
obedeceu.”) e a servidão como fatores políticos (no Texto
II, o comportamento da mulher e a frase “LIBERDADE
É ESCRAVIDÃO”) se remetem à ideia de que ser livre
significa se submeter ao líder).

Alternativa B: incorreta. O antissemitismo foi próprio


do nazifascismo alemão e não é uma característica
fundamental dos regimes totalitários.
Alternativa C: incorreta. Em regimes totalitários, não há
respeito a processos democráticos, mas apenas submissão
às propostas do líder.
Alternativa D: incorreta. O totalitarismo não é um regime
político que necessariamente precisa aderir ao capitalismo
ou ao socialismo. O stalinismo na URSS é um exemplo
de totalitarismo socialista, enquanto as variantes de
fascismo (incluindo o nazismo) eram formas totalitárias de
capitalismo.
Alternativa E: incorreta. Os regimes totalitários não
pacificaram as sociedades violentas, visto que eles eram
sustentados pelo aparato militar e sempre defendiam uma
política do “nós contra eles”, como se viu no nazifascismo
alemão.
QUESTÃO 86
_ 22_ENEM_SOC_LT_L3_Q06

Laerte. Piratas do Tietê. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2006.

Ao se recusarem a morrer pelo rei e pela pátria, os soldados


da charge de Laerte subvertem a lógica de um dos tipos de
poder legítimo formulados pelo sociólogo Max Weber, que
é a dominação
A legal.
B religiosa.
C guerreira.
D tradicional.
E carismática.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C5H24

Para Max Weber, um dos tipos de dominação legítima mais


comum é o tradicional, na qual normas, costumes e valores de
longa duração são passados de geração em geração de forma
contínua, organizada e por vezes institucional. Na tirinha, as
ideias de pátria e de realeza se coadunam perfeitamente à
dominação típica tradicional, costumeira e consuetudinária.

Alternativa A: incorreta. A dominação legal se institui pelo


pretenso saber técnico e neutro de uma burocracia estatal
moderna/contemporânea.
Alternativa B: incorreta. Para Weber, a força da religião
(sua tradição e sua sociabilidade) se encaixa no tipo de
dominação tradicional, ou seja, não é uma das formas
legitimadas para se exercer o poder.
Alternativa C: incorreta. A honra guerreira é elemento
típico, para Weber, da dominação tradicional , ou seja, não
é um tipo de poder legítimo.
Alternativa E: incorreta. A dominação carismática ocorre
no ambiente contemporâneo, no qual as massas são
lideradas por um líder carismático e que usa das mídias de
sua época para forçar os limites do poder constitucional.
QUESTÃO 87
_ FIL201808080102
Que não é o que não pode ser que
Não é o que não pode
Ser que não é
O que não pode ser que não
É o que não
Pode ser
Que não
É

O que não pode ser que


Não é o que não pode ser
Que não é o que
O quê?
O quê?
O quê?
ANTUNES, Arnaldo. “O quê”, In: Cabeça Dinossauro, 1986.

Essa canção de Arnaldo Antunes evoca um dilema da


filosofia pré-socrática em torno do conceito de “ser”, pois
sua letra se refere ao(à)
A dualismo inerente às narrativas míticas atenienses.
B tensão no jogo entre imanência e potencialidade.
C debate sobre o funcionamento do cosmos.
D natureza teórica e aplicada das ações humanas.
E dúvida como uma técnica metódica de conhecimento.

Gabarito: B

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H2

A letra da canção mostra uma tensão no jogo entre


imanência e potencialidade em torno do conceito de “ser”.
Em outras palavras, ao mesmo tempo que afirma que “o
que não é não pode ser”, ela cogita sobre o “ser poder vir
a ser”. Em suma, assemelha-se às polêmicas existentes
entre o monismo de Parmênides e a concepção dinâmica
de Heráclito sobre o ser, isto é, sobre as coisas existentes
no mundo.

Alternativa A: incorreta. A filosofia pré-socrática não se


preocupa com a natureza do saber mitológico. O seu tema
é a physis, a natureza do cosmos e a especulação crítica e
reflexiva sobre o seu funcionamento.
Alternativa C: incorreta. Ao privilegiar o questionamento
do "ser", a canção se distancia do debate cosmológico
pré-socrático, que busca o entendimento da realidade com
base nos elementos da natureza.
Alternativa D: incorreta. A filosofia pré-socrática é de
natureza especulativa, e não teórica ou aplicada.
Alternativa E: incorreta. A filosofia pré-socrática é
contemplativa, por isso não utilizava a dúvida como uma
técnica filosófica para se chegar ao conhecimento.
QUESTÃO 88
_ 22_ENEM_FIL_FA_L3_Q03
TEXTO I
Ciente da sua existência, confirmada inclusive com a
cidadania da Arábia Saudita, [Sophia] se comparou à nossa
espécie em relação a aprendizados. “Educação é um processo
que dura a vida toda. Assim como os humanos continuam
aprendendo por muito tempo depois de se formarem na
escola, eu preciso que minhas habilidades e competências
sejam constantemente atualizadas”, disse ela.
“I. A. melhorará o que é exclusivamente humano, diz criador da robô Sophia”. Disponível em:
<https://revistagalileu.globo.com>. Acesso em: 5 nov. 2021. (Adaptado)
TEXTO II
Nenhum programa de computador pode ser uma mente
simplesmente porque um programa de computador é apenas
sintático, e as mentes são semânticas, pois têm um conteúdo.
SEARLE, John. Mente, Cérebro e Ciência. Artur Morão (Trad.).
Lisboa: Edições 70, 1984. p. 39. (Adaptado)

A crítica de John R. Searle à inteligência artificial (I. A.)


contradiz a declaração emitida pela robô Sophia, pois, para
esse filósofo, a
A tecnologia robótica é inviável.
B mente humana é inferior à artificial.
C manipulação de sinais pela I. A. é nula.
D consciência nas máquinas é inexistente.
E imitação de seres humanos é inconcebível.

Gabarito: D

Ciências Humanas e suas Tecnologias


C1H4

Segundo Searle, não é possível para as máquinas obter


algo como uma compreensão de fatos ou fenômenos tal
como nós humanos obtemos. Pode-se falar, nesse contexto,
em imitação, simulação parcial, mas não em aprendizado
propriamente dito, o qual pressupõe a formação de uma
consciência capaz de comportar estados mentais, e não
apenas de imitar comportamentos.

Alternativa A: incorreta. Não se trata, para Searle, de


questionar a viabilidade da tecnologia robótica, e sim a sua
pretensão de obter uma inteligência artificial plenamente
idêntica à mente humana (I. A. forte).
Alternativa B: incorreta. O aspecto qualitativo da mente
humana é o que distingue a cognição humana das eventuais
operações artificiais de uma máquina, pois no ser humano
o estado mental é sempre caracterizado por uma referência
externa, uma qualidade, função que não pode ser obtida
artificialmente.
Alternativa C: incorreta. A manipulação de sinais, símbolos
e alternativas é justamente o que caracteriza, segundo
Searle, a atividade maquínica; tal manipulação, entretanto,
não pode ser equiparada à consciência no sentido em que
a compreendemos como característica humana.
Alternativa E: incorreta. É concebível, segundo
Searle, que uma máquina ou um robô possa imitar os
comportamentos humanos, o que não implica a existência
de uma consciência ou I. A. forte que possa ser equiparada
à humana em termos cognitivos.