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"Teares"

Tecelagem Manual

Por Mônica Girard - Artesã


Envie seu e-mail com sugestões para: mgirard@uol.com.br

Pesquisei a respeito do tear manual e falarei a


respeito do artesanato, do trabalho manual e
não da produção industrial têxtil. Não pretendo
passar aqui a técnica e sim dar uma resumida
noção do que se trata a tecelagem manual hoje.
Mesmo com a modernização da tecelagem, o tear
manual nunca deixou de ser utilizado pelos
artesãos de todo o mundo.

Existe uma crescente procura e


interesse por produtos bem elaborados e
produzidos por mãos de artesãos. O
sucesso é tão grande, que algumas
pessoas exigem o mais natural possível.
Com a chegada do outono no Brasil,
cresce o interesse das pessoas pelo tear
manual , seja como hobbie ou até
mesmo, profissionalmente em
cooperativas. É uma boa opção para
quem quer se livrar um pouco do
maçante dia a dia ou minimizar seus
problemas de estresse com arte terapia.
O ato de tecer foi inventado provavelmente por
volta de 6000 AC, na Ásia Ocidental. Sua origem e
seu desenvolvimento estão amarrados à própria
história da humanidade. Primeiramente, os povos
apenas teciam faixas estreitas com seus próprios
dedos, sendo esta, fase que precedeu a invenção do
tear. O conhecimento e as habilidades foram se
desenvolvendo com base na experimentação,
tentativa, acerto e erro.
Desde os tempos remotos, o tecido é composto pela
disposição ordenada de fios, tanto no sentido
longitudinal (comprimento) - URDUME, quanto no
sentido transversal (largura) - TRAMA. Veja as
figuras ilustrativas abaixo:

Trama: são os fios dispostos no


Urdume: são os fios que são sentido transversal, que dão a largura
dispostos no sentido longitudinal, que ao tecido.
dá o comprimento ao tecido.

Com o poder criativo do homem, foi desenvolvido um artefato que facilitasse


ao homem a produção artesanal do tecido: o tear. E assim se foi evoluindo,
como nos primórdios da civilização.
Os teares mais simples são feitos juntando-se 4 varinhas. Basta cortar a
amarrar os fios na vertical e passar fios na horizontal. Esta é à base da
O TEAR - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

 
INTRODUÇÃO
 
Esta parte introdutória será periodicamente atualizada, e a utilizarei para
relacionar dicas, pontos, macetes e outras informações usadas em
minhas aulas e úteis a todos os que se interessam pela milenar arte de
tecer fios. A  Tecelagem  Manual  possibilita a elaboração de tecidos
destinados à confecção de bolsas, cortinas, toalhas, jogos americanos,
vestuarios, utilitários, tapeçarias de parede, tapetes e tudo o mais que
sua criatividade determinar.

As possibilidades  são infinitas e, após o aprendizado dos pontos básicos ,


as  combinações de cores , pontos e formas, vão definir o aspecto e a 
utilidade do produto final.

Para tecermos, necessitamos  de um equipamento denominado "tear",


sendo o mais utilizado pelos principiantes, o conhecido pelo nome de
"Tear Pente-Liço", que possibilita de uma maneira bastante simples e
rápida, a execução de peças utilitárias e decorativas.
O Tear Pente Liço

 
CONCEITOS BÁSICOS:

Para se explicar a tecelagem manual e o princípio de funcionamento de


um tear , é necessário o conhecimento dos seguintes
conceitos básicos:

Tear: é uma ferramenta simples, que permite o


entrelaçamento de uma maneira ordenada de   dois
conjuntos de fios, denominados trama e urdidura,
formando como resultado uma malha denominada 
tecido.
Urdidura:  é formado por um conjunto de fios tensos,
paralelos e  colocados prèviamente no sentido do
comprimento do tear.
Trama: é o segundo conjunto de fios,  passados no
sentido transversal do tear  com auxilio de uma agulha  (
também denominada navete). A trama é passada entre
os fios da urdidura, por uma abertura denominada cala.
Cala: abertura entre os fios impares e pares  da
urdidura, por onde passa a trama.
Pente: Peça básica no tear pente-liço, que permite
levantar e abaixar alternadamente os fios da urdidura,
para permitir a abertura da cala e posterior  passagem
da trama.

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO:

A urdidura é colocada através do pente,   e seus fios são


mantidos com uma tensão constante. O movimento
vertical do pente faz surgir a abertura denominada cala,
por onde é passada a trama, sucessivamente de um lado
para outro, entrelaçando desta maneira os dois
conjuntos de fios.
 
 

A figura mostra de maneira simples este processo.

a - urdidura  b - trama   c - tecido  d - pente  e - cala  f - navete com a trama


 

Vários são os tipos de teares existentes, cada um com uma finalidade


específica. A escolha do tear a ser utilizado depende da nossa proposta
de trabalho e do que queremos executar: seja fazer um tapete, uma
tapeçaria para enfeitar nossa casa, ou ainda, confeccionar alguma peça
de vestúario, como casacos, coletes ou utilitários, como bolsas, pochetes
e cintos.

Os teares mais conhecidos e suas utilidades são os seguintes:

 Tear de Franjas: para a confecção de franjas para tapetes


bordados, como arraiolo.
 Tear Vertical: tapeçarias de parede e gobelin.
 Tear de Pregos: para trabalhos simples com crianças em Oficinas
de Arte ou na Educação Especial.
 Tear de Faixas: para confecção de faixas e cintos.
 Tear de Cartão: mesmo emprego que o anterior.
 Tear de alto-liço, para tapeçarias em geral.
 Tear de Padronagem: para o estudo de padronagem de tecidos.
Funciona como o tear de pedal, sòmente é menor e manual.
 Tear de papelão: para brincar com as crianças.
 Tear Pente Liço: também denominado tear de mesa, usado para a
confecção de tapetes, faixas, e tecidos para vestuario, bolsas e
utilitários.

Para os iniciantes, o tear mais indicado é o de Pente Liço, que possibilita


executar praticamente todos os tipos de trabalhos, e que  já foi mostrado
na foto inicial , com vários pontos ensinados no vídeo "Tear Pente Liço -
Nível I ", da coleção Tecelagem Manual ", que apresentamos na
página "Produtos e serviços".

Os materiais que podemos empregar são os mais variados , como lã,


sêda, algodão, rami, juta, podendo ainda serem os mesmos misturados
entre si ou com plásticos, galhos e telas, quando empregados em peças
artísticas.

A criatividade de cada um é o fator determinante de todo o processo.

 
OS ARTISTAS

No universo dos que curtem a tecelagem manual, entre meus alunos


encontrei pessoas envolvidas nas mais diferentes atividades e profissões,
entre as quais posso citar:

 artistas em geral,
ligados às artes
plásticas.
 estudantes
universitários ligados à
Educação Artística.
 donas de casa, que
buscam uma opção de
lazer.
 interessados em  um
trabalho alternativo
rentável.
 psicólogos e terapeutas
ocupacionais.
 prefeituras e entidades, que buscam evitar
o exodo rural.
 Professores do ensino regular e especial.
 escolas de Educação Especial , como as
APAEs.

Se você se identifica com um dos grupos acima  mencionados, e deseja


ingressar nesta atividade, continue navegando em nossa página, pois
ficará sabendo como é possível levar nossa Oficina Itinerante de
Tecelagem Manual à sua cidade ou  de como adquirir vídeos de nossa
coleção "Tecelagem Manual " para  um aprendizado rápido e eficiente
em sua casa.
 

aklippel@tecelagemanual.com.br !

O TEAR DE PREGOS

O tear de pregos é um equipamento muito simples. Basicamente compõe-se de 4


ripas de madeiras , em duas das quais são fixados pregos espaçados
regularmente. Dai a denominação tear de pregos. A seqüência mostra as
diferentes fases na execução de uma bolsa.

Apesar do tear ser muito simples, dependendo do seu tamanho, podemos tecer
peças grandes para decoração, mantas, xales, utilitários e tudo o mais que nossa
criatividade determinar. No caso de se utilizar um tear pequeno, são tecidos
pequenos quadrados, de acordo com a largura disponível, que depois são unidos à
mão através de ponto cruz. Alguns dos trabalhos mostrados são das alunas do
Studio 56 de São Paulo.

Em tecelagem manual, o tear pente liço ocupa uma situação de destaque. Normalmente é o tear em
que as pessoas iniciam seu aprendizado. Possibilita a elaboração de uma infinidade de trabalhos, como
tapetes, mantas, acessórios, bolsas, vestuário.
As matérias primas utilizadas neste tear dependem unicamente da criatividade do tecelão. Tudo
depende do tipo de peça que esta sendo tecida. Pode-se usar lã, seda, rami, algodão, juta e outros
materiais, juntos ou separados. Nas peças decorativas, como panôs, há tecelões que misturam estes
materiais com fios de cobre, arame, plástico. Para saber um pouco mais sobre algumas matérias
primas, clique aqui.

Na imagem abaixo, um pequeno tear de instrução, mostrando as diferentes peças que o compõem.

Pode ser encontrado em vários tamanhos, desde 40 cm de largura ( normalmente utilizado em


instrução ), até 220cm, usados para a confecção de mantas. Sempre é possível encontrar um tear
pente liço que se adapte ao espaço que você tem disponível.

Seu custo é bem mais acessível que os teares profissionais (como o tear de pedal ), podendo ser
adquiridos com ou sem cavalete, dependendo de sua largura útil.

Aqueles que desejam tecer peças maiores, como tapetes, vestuários, etc... necessitam de um tear com
uma largura útil maior. Neste caso, o tear pente liço pode vir acompanhado de um cavalete. Veja a
imagem abaixo.
Tear pente liço

T E C E L A G E M   M A N U A L

DICAS & MACETES Nº1

(Permitir scripts e Controle Active X)

Esta nova secção tem como finalidade divulgar dicas e macetes, que facilitam a
vida do tecelão, seja iniciante ou profissional.

Se você tiver alguma dúvida, ou deseja alguma orientação, envie-os um email,


clicando aqui. Procuraremos responder-lhe com a maior brevidade possível. Se
considerarmos que sua pergunta é de interêsse geral, divulgaremos no site, para
que todos possam beneficiar-se.

Mas lembre-se........... não somos donos da verdade e nem sabemos tudo!


Existem várias soluções para uma mesma situação. Procure aquela que se adapte
melhor a você e mãos a obra.

As informações aqui divulgadas, servem apenas para orientação e espero que


possam ajuda-lo em sua caminhada neste maravilhoso, colorido e mágico mundo
da tecelagem manual.

1.- Como fazer uma "borboleta"

Borboleta é um artifício que os tecelões usam, ao tecer vários fios de cores


diferentes, em uma mesma cala ( mesma carreira ), como por exemplo na técnica
Kilim; na execução de desenhos ou ainda, quando se esta tecendo um pequeno
detalhe ( pequenas dimensões ), em substituição às navetes.

A Borboleta é uma pequena meada, feita na mão, enrolada de maneira a evitar


que o fio se embaralhe ou apareça um nó. Uma das extremidades, ( na imagem
1, indicada entre os dedos médio e anelar, e no dorso da mão) é utilizada como o
fio da trama. A outra extremidade serve para prender a borboleta, com um nó
frouxo ( imagem 3 ), evitando que a mesma se desfaça enquanto for utilizada.

         Imagem 1       Imagem 2           Imagem 3


Usando a Borboleta: uma das mãos abre a cala e a outra, desloca a borboleta.

2. - Como preencher a navete corretamente

Existe uma maneira prática de enrolar uma grande quantidade do fio da trama na
navete, sem resultar em um grande volume, que dificulte a passagem da navete
pela cala.

Siga a seqüência das imagens e você fará com que o fio da trama se espalhe para
as laterais da navete, facilitando o deslocamento da navete pela cala.

1 2

3 4

3 - Como fazer uma Trança

Frequentemente ao urdirmos o tear, utilizamos urdiduras longas, seja porque


nosso trabalho é comprido ou porque, procurando economizar tempo e aumentar
nossa produtivida, já colocamos no tear uma urdidura que sirva para tecermos
vários trabalhos em seqüência.

Para facilitar nosso trabalho, ao urdir o tear, podemos transformar uma longa
urdidura em uma pequena trança. Para isto basta seguir as etapas indicadas
abaixo

1
2

3 4

4 - Relação Urdidura/Trama

Duas dúvidas muito freqüentes entre os que se iniciam na tecelagem manual:


"Qual o espaçamento ideal entre os fios da urdidura? " e "Que tipo de trama vou
utilizar?".

A resposta a primeira pergunta, vai depender do tipo de pente que voce utilizará.
No tear pente liço utilizamos normalmente dois pentes: o pente fino ( 4 fios/cm
de largura) para tecidos finos e, o pente médio ( 2 fios/ cm de largura ) para
outros trabalhos.

Já no tear de pedal, a variedade é muito maior, pois sendo um tear semi-


industrial, possibilida uma maior variedade de texturas, em função dos diferentes
pentes que podemos utilizar. A identificação de um pente de tear de pedal é feita
pela quantidade de fendas ( por onde passa a urdidura ) a cada 10 cm. de largura
do pente. Assim: um pente 40/10 terá 40 fios de urdidura em 10 cm. de largura;
um pente 100/10 terá 100 fios passando nos mesmos 10 cm.

Conclue-se que, quanto maior for esta relação, mais estreita será a fenda e,
portanto, mais fino o fio a ser utilizado na urdidura. Caso utilizemos um fio muito
largo, haverá o risco do pente ficar "preso".

Feitas estas considerações iniciais, podemos agora pensar na relação ideal entre a
espessura do fio da trama e o da urdidura. A primeira pergunta é: Que tipo de
trabalho você pretende tecer? Uma manta? um cachecol? um tapete? Cada
produto tem sua textura ideal, em função também do tipo de matéria prima que
pretende-se usar ( algodão, lã, sêda, etc )....
Podemos considerar entao, como orientação, os seguintes tipos de texturas:

 Textura rústica: neste caso, utilizamos uma urdidura mais ou menos


espaçada de 2 cabos/cm e um fio de trama, com largura superior ao
espaçamento existente entre dois cabos de urdidura vizinhos. Neste caso
urdidura e trama compõem o desenho final, com um aspecto rústico.
 Textura grossa: ( uma que aumente a espessura do trabalho ). Usar uma
urdidura semelhante a anterior, mas com um fio de trama médio, mais
fino que o anterior.
 Textura média: usar uma urdidura de aproximadamente 3 cabos/cm e
um fio de trama médio.
 Textura fina: Espaçamento da urdidura de aproximadamente 4 ou 5
cabos/cm e um fio de trama fino. Neste caso teremos os tecidos finos para
vestuário e cortinas. Urdidura e trama compõem o resultado final, com um
aspecto delicado.

Uma dica simples para definir qual o fio de trama ideal, para uma determinada
urdidura, é a seguinte: "O fio de trama ideal é aquele que preenche o espaço
existente entre dois cabos de urdidura vizinhos". Lógico, que esta dica serve
apenas de orientação, pois as textura final dependerá também do tipo de trabalho
que esta sendo executado, quais os materiais empregados e, finalmente, se
desejamos uma textura mais aberta ou mais fechada. Na imagem, uma
visualização da dica acima.

5 - Que pente devo utilizar ?

Existe uma maneira, muito interessante, de se definir qual o pente que mellhor se
adapta a uma determindada combinação de urdidura e trama.

Suponhamos que já definimos que na urdidura será utilizada um fio de algodão


nº4 e que na trama outro fio de algodão, nº 8. Qual seria o pente ideal para
trabalhar com estes dois materiais? O pente 40/10? o pente 60/10?

Para chegar em uma relação aproximada, pegue os dois fios e os enrole em uma
régua, como indicado na imagem abaixo. As medidas na imagem estão em
polegadas. Verifica-se que foram necessárias dar 6 voltas do conjunto
trama/urdidura para completar uma polegada ( 1") da régua. Logo, o pente ideal ,
neste caso, é o de 6 fios por polegada ( 2,54 cm ) ou aproximadamente 2 fios/cm
ou 20/10.
Pente ideal: 20/10

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DICAS & MACETES Nº 2

Esta é a segunda edição do nosso boletim que tem como finalidade divulgar dicas e
macetes, que facilitam a vida do tecelão.

Se você tiver alguma dúvida, ou deseja alguma orientação, envie-os um email,


clicando aqui. Procuraremos responder-lhe com a maior brevidade possível. Se
considerarmos que sua pergunta é de interêsse geral, divulgaremos no site, para que
todos possam beneficiar-se.

Mas lembre-se........... não somos donos da verdade e nem sabemos tudo! Existem
várias soluções para uma mesma situação. Procure aquela que se adapte melhor a
você e mãos a obra.

As informações aqui divulgadas, servem apenas para orientação e espero que


possam ajuda-lo em sua caminhada neste maravilhoso, colorido e mágico mundo da
tecelagem manual.

1.- Como evitar a perda de largura

Este é o principal problema enfrentado por todos os iniciantes. Escuto muito: "Estou
perdendo largura. O que eu faço ?".

A perda de largura é devido ao fato de que, ao trocarmos o pente de posição, a


urdidura (tensa) exerce uma pressão sobre os fios da trama. Como o fio da trama
passa alternadamente por cima e por baixo dos cabos de urdidura, ele ficará
ondulado.

Um linha reta ao ser ondulada, ocupará um comprimento menor do que se tivesse


esticada. É a mesma coisa que acontece com o fio da trama. Com a ondulação, ele
tende a apresentar uma menor largura. O resultado é "puxar" os cabos da urdidura
para o centro do trabalho, resultando na perda de largura do mesmo.

A solução é bem simples: Ao invés de deixarmos o fio da trama esticado de um lado


a outro em nosso trabalho ( antes de trocar o pente ), devemos dar um comprimento
maior ao mesmo, para compensar a perda que a trama terá devido a ondulação
resultante com a troca do pente.
Para isto faz se um triângulo ou um arco médio, como mostrado nas imagens 1 e 2.
Se a largura de nosso trabalho fôr grande, devemos fazer mais de um arco,
conforme imagens 3 e 4.

Observação: antes de efetuar o arco, acertar a trama nos tres primeiros cabos das
extremidades da urdidura. Isto vai dar um bom acabamento na lateral da peça.

2
1

 
 

3 4

2.- Como evitar que uma lateral do trabalho fique menor que a outra

Outra situação que se apresenta constantemente é o fato , de a medida que o


trabalho vai se desenvolvendo, uma das laterais fica menor que a outra. Por
exemplo, o lado direito apresenta 10 cm de trabalho, enquanto o lado esquerdo tem
12 cm.

Isto é devido ao fato que, normalmente, temos mais força em um dos braços. Assim,
pessoas destras por exemplo, ao baterem o pente, sutilmente apertam mais o lado
direito do pente. A medida que o trabalho se desenvolve, o aperto incicialmente
imperceptível, vai-se acumulando e , de repente , verificamos a diferença entre os
dois lados do trabalho.

Para evitar isto, devemos procurar deslocar o pente de maneira bem uniforme, como
indicado na imagem, procurando bater o pente com a mesma força em ambos os
lados. Estando consciente disto, procure exercer a mesma fôrça em ambos os
braços, que o problema não se apresentará.
Deslocamento uniforme do pente

Outra maneira de evitar o problema, é "tecer uma "compensação", isto é , tecer


apenas do lado em que o trabalho apresenta o rebaixamento, até que o mesmo fique
nivelado novamente.

Compensação

3.- Envolvimento

Envolvimento é uma técnica utilizada em alguns pontos e, principalmente, quando se


esta tecendo um tapete. No caso dos tapetes, as bordas do mesmo devem se
apresentar bem firmes, uniformes e consistentes, o que se consegue através do
envolvimento dos cabos das extremidades da urdidura ( fios duplos ) pela trama,
conforme mostrado na imagem abaixo.

Envolvimento

4.- Emendas

Uma pergunta que sempre escuto em meus cursos: "O fio acabou. O que é que eu
faço agora?".

Muito simples ! Basta fazer uma emenda do fio da trama. Para isto, escolha uma da
duas opções apresentadas abaixo. A apresentada na imagem 2, normalmente é
utilizada, quando o fio da trama é mais grosso. Para tramas finas, utiliza a opção 1.

1    

5.- Acabamento

No término de nosso trabalho, por conta das emendas feitas por ocasião das diversas
trocas de fios ou de cores, resultam várias pontas de fios de trama "pendurada" no
avêsso de nosso trabalho. Para esconde-las,use uma agulha de costura ou tricot e
faça conforme indicado na figura abaixo. Estes acabamentos são muito utilizados em
tapêtes Kilim, que são peças que não apresentam avêsso.

  

T E C E L A G E M   M A N U A L

DICAS & MACETES Nº 3

Esta é a terceira edição do nosso boletim que tem como finalidade divulgar dicas
e macetes, que facilitam a vida do tecelão.

Se você tiver alguma dúvida, ou deseja alguma orientação, envie-os um email,


clicando aqui. Procuraremos responder-lhe com a maior brevidade possível. Se
considerarmos que sua pergunta é de interêsse geral, divulgaremos no site, para
que todos possam beneficiar-se.

Mas lembre-se........... não somos donos da verdade e nem sabemos tudo!


Existem várias soluções para uma mesma situação. Procure aquela que se adapte
melhor a você e mãos a obra.

As informações aqui divulgadas, servem apenas para orientação e espero que


possam ajuda-lo em sua caminhada neste maravilhoso, colorido e mágico mundo
da tecelagem manual.

1.- Como contar o número de carreira de tramas/cm

Este cálculo nos ajuda a ter uma idéia aproximada da quantidade de fio de
trama , que necessitamos para tecer uma determinada peça, utilizando o ponto
tela. Este cálulo é aproximado, devido ao fato que nem sempre temos uma batida
de pente uniforme e, como resultado, a trama pode ficar mais ou menos
apertada. Serve entretanto para se ter um aproximação da quantidade de fio de
trama que necessitamos para a peça.

Os novelos de lã ou linha comercializdos, normalmente apresentam o


comprimento de fio ou o peso do novelo. Se o novelo indica o comprimento do fio,
devemos pesar o mesmo para se ter uma idéia da relação metros/grama. Por
exemplo: se o novelo indica 1600 mts de fio e pesa 100g, a relação é de
1.600/100 = 16 metros por grama de fio.

Para que serve isto? Se tivermos uma idéia do comprimento de fio que vamos
utilizar em nosso trabalho, basta multiplicar este comprimento pelo valor
calculado acima, para se ter uma idéia da quantidade em peso, que vamos
precisar de fio.

Se chegarmos a conclusão que vamos necessitar de 2.100 gramas de fio e,


sabendo que cada novelo pesa 100 gramas, podemos definir quantos novelos
( mais ou menos ) vamos precisar comprar. Neste caso, 2.100/100 = 21 novelos.

Para definir tudo isto basta apenas saber como calcular o comprimento total de fio
a ser utilizado. Vamos supor que a largura de nosso trabalho seja 90 cm. Cada
carreira de fio medirá então 90 cm. Acrescentamos 10 % por conta dos arcos que
devemos fazer para evitar a perda de largura. Chegamos entao a 99 cm,
arredondando para 100 cm ou 1 metro. Então, para tecermos 1 carreira
precisamos de 1 metro de fio de trama. Calculando o número de carreira por
centímetro ou a cada 10 cm, fica facil saber o comprimento total de trama.

Para calcular a quantidade de carreira por centimetro, calcule, em uma das


extremidades da peça, o número de retornos da trama em 1 centímetro e
multiplique por 2. Para concluir, basta saber o comprimento total da peça e
multiplicar por este valor, para se ter o comprimento total de carreiras. Sabendo
quantos centímetos mede uma carreira, é fácil calcular o comprimento total da
trama e, consequentemente, determinar o número de novelos necessários. Veja a
imagem.
 

2.- Como variar a inclinação em um desenho

A inclinação é formada por um encontro em diagonal de duas tramas ( duas cores


). A diagonal pode ser considerada uma escada com vários degraus. De acordo
com a altura de cada degrau, teremos como resultado, inclinações diferentes
conforme observa-se nas duas imagens. Quanto mais alto o degrau, maior será a
inclinação resultante no encontro das duas cores.

3.- Preferência na ordem de tecer

Ao trabalharmos com várias formas ( e cores ), devemos sempre observar a


preferência na ordem de tecer cada área. Temos que ter cuidado para nao tecer
uma área, prendendo uma urdidura que deverá ser utilizada mais tarde, ( e que
deve estar solta, para a troca de cala ).

Na imagem, esta indicada a ordem a ser seguida, para não termos problemas. Por
exemplo, se tecermos a área 3, antes da área 2, como faríamos para tecer a área
2, estando a urdidura abaixo do losangulo presa? Este é o cuidado que devemos
ter. Uma regra básica, para evitar se perder, é procura sempre tecer primeiro as
áreas mais inferiores. As que vem por cima, vão sendo tecidas depois. No
exemplo, tanto faz tecer primeiro a área 4 ou a 5, pois o resultado é o mesmo. Da
mesma forma, com relação as áreas 2 e 1 .

4.- Uma franja simples

A franja, ou acabamento, mais simples e muito utilizada em tapetes é feita


usando a própria urdidura, como extensão do trabalho. A imagem é auto-
explicativa. A cada 4 cabos de urdidura é feito um nó simples. Depois é so aparar
o comprimento para que nossa franja esteja pronta.

5.-Uniões Posteriores

Muitas vezes nosso tear não possue a largura total desejada para a nossa peça. Temos
então que tecer várias peças menores para então uni-las posteriormente a retirada do
trabalho do tear. Isto ocorre frequentemente, quando se esta tecendo peças de
vestuário, seguindo um molde pré definido ( mangas, corpo, costas,....). Na imagens
opções de como unir estas peças

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