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UNIVERSIDADE PAULISTA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CURSO: PEDAGOGIA

LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Alessandra Luck RA 1945659


Giuliana A. Fonseca RA 2003955

Campinas - SP
2022

UNIVERSIDADE PAULISTA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


CURSO: PEDAGOGIA

Alessandra Luck RA 1945659


Giuliana A. Fonseca RA 2003955

LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho Monográfico - Curso de Graduação-


Licenciatura em Pedagogia, apresentado à comissão
julgadora da UNIP. EAD sob orientação do professor

Campinas - SP
2022

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RESUMO

3
O presente trabalho tem como tema central a alfabetização e o letramento na
Educação Infantil. Investiga como o professor que atua com crianças até os seis
anos, pode oferecer um espaço de leitura e escrita em sua sala de aula. Para
elucidar essas questões buscou-se o referencial teórico de Magda Soares e Regina
Scarpa, entre outras estudiosas da educação infantil e letramento. Os principais
objetivos da pesquisa foram conhecer como acontece a alfabetização e o
letramento, antes do ensino fundamental e no que isto irá repercutir no
desenvolvimento dos alunos. A pesquisa apoiou-se na fundamentação teórica de
autores renomados no âmbito escolar, com isso podemos abordar o tema de
diferentes perspectivas, auxiliando nas conclusões tiradas por nós. A partir dos lidos
observou-se a importância de um espaço lúdico, onde o professor possa deixar que
o aluno descubra a sua visão do mundo escrito e apoiá-lo nesta descoberta.

Palavras-chaves: Letramento, Educação Infantil.

ABSTRACT
4
The present work has as its central theme literacy and literacy in Early
Childhood Education. Investigate how the teacher who works with children up to six
years old can offer a space for reading and writing in their classroom. To elucidate
these questions, we sought the theoretical framework of Magda Soares and Regina
Scarpa, among other scholars of early childhood education and literacy. The main
objectives of the research were to know how literacy and literacy happen before
elementary school and how this will affect the development of students. The research
was based on the theoretical foundation of theoretical authors in the school
environment, with that we can approach the theme from different perspectives,
helping in the tirades taken by us. From the readings observed, the importance of a
playful space, where the teacher can let the student discover his vision of the written
world and support him in this discovery.

Keywords: Literacy, Early Childhood Education.

SUMÁRIO
5
0. INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………7

1.0 CAPÍTULO I ……………………………………………………………………………10

1.1 Função Social da escola………………………………………………………10

1.1.1 Escola Pública………………………………………………………..11

1.2 Educação Infantil ………………………………………………………………13

1.2.1 Alfabetização e Letramento ………………………………………..14

1.3 Desenvolvimento cognitivo da criança ……………………………………...17

2.0 CAPITULO II - METODOLOGÍA …………………………………………………….24

3.0 CAPÍTULO III - ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO ……………………………..26

4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………………………29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………………………………30

INTRODUÇÃO

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É comum escutarmos hoje em dia que a educação infantil não é um lugar
para se letrar, e sim um ambiente de descontração e brincadeiras, para que as
crianças criem laços sociais sólidos e desenvolvam uma boa interação social, bem
como o compartilhamento de recursos dentro do ambiente escolar. Porém é
essencial proporcionar às crianças um espaço com acesso a literatura apropriada,
para que seja criada já no ambiente infantil uma base mais sólida, visando o maior
aproveitamento possível do aluno nos próximos anos dos ciclos fundamentais.

Esse segmento pede destaque principalmente pelo fato da tecnologia e o


contato das crianças com as telas serem cada dia mais eminente, isso faz com que
as crianças tenham cada dia mais contato com um mundo letrado, ou seja,
propagandas ou livros, o que pode despertar seu interesse pela leitura e escrita, o
que por si só já estimula seus aspectos visuais referentes a sua língua materna.

Esse tema se mostra cada dia mais pertinente, visto que é elencado por
especialistas o fato de que a fase mais importante na vida social do aluno é de fato a
escolarização, nesse sentido podemos apontar e destacar ainda mais a importância
do uso de técnicas e pressupostos que tragam em sua essência o letramento na
educação infantil.

Nosso principal objetivo aqui é de fato investigar e trazer conceitos


reconhecidos sobre o processo de letramento de crianças na educação infantil, bem
como os conhecimentos pedagógicos colocados em prática pelo docente em sala de
aula. Além disso, visamos demonstrar como pode ser oferecido às crianças um
ambiente didático de letramento antes de seu primeiro contato com o ensino
fundamental, ou seja, na educação infantil.

Para concluir nosso objetivo, levantamos diversas perguntas retóricas que


podem nos auxiliar na construção do raciocínio de maneira ímpar. Qual a posição
que o educador deve tomar diante da aplicação do letramento em sala de aula?
Como podemos tornar mais fluido o aprendizado das crianças diante desse
assunto? E por fim, quais práticas podem ser adotadas pelos docentes para
introduzir e conduzir os novos temas? Esses questionamentos apresentaram de fato
a forma que devemos ensinar e como aplicar isto de maneira homogênea.

7
O espaço dado a nós na educação infantil é de extrema importância,
podemos afirmar que aqui obtemos as questões genuínas apresentadas pelos
alunos, sendo considerado também um ambiente de exploração das competências
em expressões e comunicação, através de todo o mundo letrado no qual a criança é
submetida desde seu primeiro contato com a sociedade.

Para trazer ainda mais credibilidade a tese defendida, teremos como norte de
pesquisa o pensamento desenvolvido por Terzi,o qual no traz a seguinte reflexão,

O desenvolvimento da língua oral e o desenvolvimento da escrita se suportam


e se influenciam mutuamente. Nos meios letrados, onde a escrita faz parte da
vida cotidiana da família, a construção das duas modalidades se dá
simultaneamente: ao mesmo tempo em que a criança aprende a falar ela
começa a aprender as funções e os usos da escrita [...]. (TERZI, 1995, p. 91)

Introduzir a realidade do letramento infantil não é de fato uma tarefa fácil ou


inocente, mas pode ser introduzida de diferentes maneiras em seu ambiente,
começando por literatura com livros interativos, fartos de figuras e interações visuais,
para que a criança desenvolva várias áreas de sua intelectualidade, viabilizando a
aprendizagem na leitura e escrita dos alunos em fases iniciais.

Em pouco mais de duas décadas, houve inúmeras alterações nos conceitos


sobre a alfabetização, permitindo que haja meios para se alcançar uma maior
compreensão da leitura e da escrita, bem como sua aplicação nas práticas sociais.

Soares (2004b, p. 1) nos fala que:

“Atualmente, parece que de novo estamos enfrentando um desses


momentos de mudança – é o que prenuncia o questionamento a que vem
sendo submetidos os quadros conceituais e as práticas deles decorrentes que
prevaleceram na área da alfabetização nas últimas três décadas (...)”.

Permanecendo nessa, linha Kramer (1982, p. 62 apud Soares, 2003, p. 16),


nos fala que alfabetização vai além da codificação e decodificação da língua escrita,
ela também seria

“Um processo de representação que envolve substituições gradativas (ler um


objeto, um gesto, uma figura, um desenho, uma palavra) em que o objetivo

8
primordial é a apreensão e a compreensão do mundo, desde o que está mais
distante, visando a comunicação, a aquisição do conhecimento ... a troca.”

Para concluir a manifestação da tese, traremos vivências reais retiradas do


estágio supervisionado feito na escola Abrace Solidário, a qual recebe crianças de
diferentes idades, o que pode proporcionar maior riqueza à pesquisa estabelecida.

Para embasar a pesquisa realizada, faremos uso do material didático


oferecido durante todo o semestre, bem como os livros publicados por Magda
Soares, a respeito da alfabetização e do letramento nas fases iniciais, sendo esta
uma pedagoga formada pela Universidade Federal De Minas Gerais e pesquisadora
do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita a qual atraves de seu trabalho traz
grandes discussões sobre o tema escolhido.

Por fim, estruturamos o trabalho da seguinte maneira: No primeiro capítulo,


será estruturado toda a fundamentação teórica da nossa pesquisa, bem como o
levantamento de dados e pesquisas já realizadas sobre o assunto, seguindo para o
capítulo 2, visamos colocar-los no papel toda a experiência prática adquirida ao
longo da pesquisa, documentando tudo o que foi visto, com o objetivo de
complementar a fundamentação teórica realizada. Por fim, finalizamos com o
capítulo 3, que é a discussão geral dos resultados abordados, esperamos com esse,
fundamentar toda a teoria e finalizar nossa ideia.

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CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

Neste capítulo, abordaremos o quão importante é a escola para a vida social


do aluno, bem como demonstrar a importância da formação adequada dos
professores, tendo como pensamento essencial a adoção de práticas específicas na
educação infantil, partindo de princípios como a organização do ano letivo e suas
atividades vigentes em todas as instituições.

A função social da escola é desenvolver o potencial físico, cognitivo e


emocional do indivíduo para que ele se torne cidadão e participe da sociedade em
que vive. A função básica da escola é garantir o aprendizado dos conhecimentos,
habilidades e valores necessários para a socialização do indivíduo. A escola deve
proporcionar o domínio e a correspondência de conteúdos culturais básicos como
leitura, escrita, ciências, arte, etc., sem o qual é difícil para os alunos exercerem os
direitos civis.

As escolas são responsáveis por desenvolver os alunos para serem críticos,


reflexivos e autônomos, compreenderem seus direitos e obrigações, além da
realidade econômica, social e política do país, sendo capazes de construir uma
sociedade mais justa, tolerante a diferenças culturais como orientação sexual,
pessoas com necessidades especiais, etnia cultural e religiosa, etc. É essencial que
o aluno aprenda sobre inclusão não só na escola, mas na sociedade como um todo.

O primeiro ano escolar de uma criança vai muito além do que o fato os pais
precisarem deixá-la aos cuidados dos educadores enquanto vão trabalhar. A
educação infantil deve proporcionar o desenvolvimento social, físico, psicológico e
intelectual das crianças e promover a formação de suas identidades pessoais,
inclusive como cidadãos conscientes. Segundo Áries (1978), as crianças são
cidadãos, pessoas com direitos, que produzem cultura e nela são produzidos. É
através desta forma de olhar para as crianças que podemos entendê-las e ver o
mundo através de sua perspectiva. A infância não é apenas uma etapa, é uma
categoria da história. Podemos claramente acompanhar essa dinâmica através da
citação exposta:

10
Nas diversas situações do cotidiano é importante as crianças
manifestarem suas opiniões, ouvirem o outro, descreverem situações,
recordarem fatos, darem recados, relatar acontecimentos históricos,
passeios, brincadeiras; ouvir e cantar fábulas, trava-línguas,
adivinhações, parlendas, contos; produzir e comparar as escritas.
(SANTA CATARINA, 1998, p.23).

Os professores sim, são os protagonistas de toda a estrutura organizacional


da educação e dos métodos utilizados para a aplicação das atividades em sala de
aula, porém, temos uma grande variedade de modelos escolares atualmente, os
quais possuem diferentes tipos de alunos, sendo assim, nos aprofundaremos um
pouco mais em algumas delas.

1.1.1 Escola Pública

Decidimos começar esta seção com a estrutura da escola pública, visto que
esta é uma das principais vertentes educacionais da sociedade, onde estão
inseridos o maior número de crianças do sistema educacional, as quais hoje ocupam
a maioria dos subempregos quando finalizam o ensino médio.

As escolas públicas de hoje deixam muito a desejar na educação e formação


de cidadãos para viver em uma sociedade multicultural e multirracial como a nossa.
Sem o investimento e capacitação dos professores, a escola não tem infraestrutura
suficiente para acolher esse aluno. Esforçar-se para transformar o modelo de
segregação e homogeneidade em um modelo de escola inclusiva, mesmo em
escolas que não estão bem equipadas para acolher esse aluno.

Perdemos a noção da função social da escola. Ela deixou de ser cobrada pelo
cumprimento de suas obrigações essenciais e passou a ser cobrada por
milhares de coisas que ela não tem condição de fazer, como cuidar da educação
sexual, educação para o trânsito, para o consumo etc.(OLIVEIRA, 2014,
Entrevista concedida a revista veja)

O professor é o principal responsável por proporcionar uma instrução que seja


significativa para os alunos, pois é ele que convive com os alunos e compreende as
necessidades e dificuldades dos alunos, por isso o professor conhece seus alunos,
suas necessidades econômicas, sociais e psicológicas, em além de saber onde fica

11
a escola Por conhecer o local, ele pode dar uma contribuição mais significativa de
acordo com as necessidades locais.

O verdadeiro papel do educador numa sociedade cuja marca


principal é a dominação de uma classe sobre a outra deve ser
o de um agente social que se compromete com a
transformação dessa sociedade em benefício dos oprimidos.”
(SILVEIRA, 1995, p. 26)

Quando um aluno ingressa no primeiro ano do Ensino Fundamental I,


geralmente já passou pela Educação Infantil, mas mesmo que nunca tenha
vivenciado letramento ou alfabetização antes, o aluno não é uma criatura que não
sabe o que está escrito. Este código é apresentado às crianças todas as vezes que
se tem o mínimo de contato com a sociedade. Seja na TV, online, em um
supermercado, em outdoors, em placas de ônibus, etc. Uma criança pode
reconhecer o tipo de seu leite com chocolate, doce, biscoito. Ele reconhece os
ícones dos programas que são usados no celular ou computador.

Portanto, ele, o aluno, aprende o mundo antes mesmo de entrar na escola.


Mas é só lá, no pátio da escola, que ele percebe seu fracasso. Diante dessa
confusão, os especialistas em educação buscam respostas, razões, explicações e
soluções, pois saber ler e escrever é, antes de tudo, um direito do aluno, uma
condição libertadora. Onde, então, está o "elo perdido" entre as informações que um
aluno traz para a escola e as informações incorporadas nas instituições que o
rotulam e estigmatizam? A linguagem verbal e a aritmética utilizadas nas compras
cotidianas são habilidades comuns entre os alunos com dificuldades de
alfabetização, sugerindo que os fatores que dificultam a leitura e a escrita não são
sustentados por deficiências neuropsicológicas.

Inserir o letramento na educação infantil se faz cada vez mais pertinentes,


visto que o aluno já possui contato com esse tipo de conteúdo diariamente, porém,
na estrutura pública como acabamos de declarar, falta-se estrutura adequada para a
elaboração deste tipo de atividade, desde recursos até a diferença dos níveis
escolares dentro da sala de aula. As dificuldades podem começar desde dentro de
casa, na vertente familiar, desde seus desenvolvimentos cognitivos como indivíduo
em si.

12
Fica clara a importância da função social da escola como fundamento da
cidadania e da cultura. A escola como instituição ética e social é reconhecida como
um dos principais meios de construção de personalidades críticas e cívicas. E para
cumprir essa tarefa, as instituições de ensino devem garantir que sejam realizadas
atividades relacionadas a todos os aspectos relacionados à tarefa principal da
escola, que é a qualidade na educação, a inclusão social e a preparação para a
vida.

1.2 Educação Infantil

A Educação Infantil é a primeira etapa da escola e seu trabalho social visa


promover o conhecimento adquirido e, assim, proporcionar novas oportunidades de
conhecimento. Portanto, entende-se que a Educação Infantil visa nutrir e educar, ou
seja, promover práticas educativas.

Portanto, a Educação Infantil refere-se a um sistema educacional que


considera a visão holística da criança como um importante sujeito histórico e
construtor de seu crescimento e vivência.

Diante desses fatores, os processos educativos devem fazer conexões entre


os diversos campos do conhecimento e o cotidiano da criança, sempre lembrando
que a criança é um ser vivo e uma pessoa social, cultural, política e intelectual.

Portanto, o professor deve ter sempre essa perspectiva global e proporcionar


condições favoráveis para o desenvolvimento pleno, satisfatório e equilibrado da
criança de acordo com a prática docente.

A criança constrói o seu conhecimento quando interage com o meio e com os


seus pares, desta forma na Educação Infantil para proporcionar um ambiente ideal
para a aprendizagem da criança, onde possa desenvolver-se plenamente, respeitar
e estimular a sua inteligência, criatividade e criatividade. independência, realizando
tarefas apropriadas e desafiadoras.

Além disso, todo o processo de ensino deve ser baseado no princípio de que
cada criança é um sujeito repleto de peculiaridades influenciadas pelo meio em que
vive, portanto, as diferenças devem ser respeitadas, pois cada uma tem seu próprio

13
nível de aprendizagem. Portanto, a prática do ensino deve partir da criança com o
objetivo de construir seu conhecimento.

Uma criança neste contexto precisa interagir com os outros em um ambiente


suficiente para que possa sentir sua força de forma livre e independente, em um
lugar de aceitação e empatia, a fim de melhorar sua capacidade de conhecer
pessoas e se ver como uma pessoa diferente. , para desenvolver suas habilidades
cognitivas, independentes, independentes e de pensamento.

1.2.1 Alfabetização e Letramento

Pense na alfabetização, e logo aparece a imagem do código da letra, onde as


crianças dominam a leitura e a escrita. Neste capítulo, vamos discutir como se pode
familiarizar crianças menores de seis anos com o mundo da leitura e escrita, por
meio de jogos, textos em grupo, contação de histórias, receitas e momentos que
fazem parte da trajetória do aluno e buscam o formar completamente.

A Educação Infantil é uma plataforma que deve proporcionar uma educação


baseada nos métodos de ensino de um ambiente lúdico, onde a criança pode
aprender brincando em um ambiente que permita seu pleno desenvolvimento. Se
olharmos para este contexto, não podemos deixar de falar em saber ler e escrever,
pois desde o nascimento a criança vive em um ambiente educado, um é pequeno, o
outro é mais, principalmente se estuda em um centro de educação infantil, a
conexão 16 com o mundo educado será ainda maior.

A criança que cresce em um meio "letrado" está exposta à influência de uma


série de interações. As crianças não precisam atingir certa idade e nem precisam de
professores para começar a aprender. A partir do nascimento já são construtoras de
conhecimento. Levantam problemas difíceis e abstratos e tratam por si próprias de
descobrir respostas para elas. Estão construindo objetos complexos de
conhecimento.

E o sistema de escrita é um deles. A alfabetização é uma prática que envolve


diversos saberes e, também, elementos materiais que permitem concretizar essa
prática em situações de aula que se encarrega de ensinar sistematicamente as
regras de funcionamento e uso do código alfabético aos iniciantes no assunto. No

14
processo de letramento há necessidade de interação constante com os diferentes
agentes de leitura e de escrita. Entretanto, dificilmente, a escola ou as instituições de
educação infantil privilegiam, em sua prática pedagógica, o letramento como
processo de apropriação da prática social da leitura e da escrita. Ao contrário,
enfatizam mais o processo de decifração dos símbolos, codificação e decodificação
da língua escrita.

Na realidade escolar, muitas vezes, a alfabetização, como processo de


aprender a ler e escrever, está desvinculada da prática social do indivíduo, e essa
concepção atinge, também, a educação infantil. Entretanto, o letramento é um
processo contínuo, que não finaliza jamais. É necessário que seja iniciado em
instituições de educação infantil.

Desde muito cedo, a criança gosta muito de ouvir histórias, pois quando
solicitada, ela as reconta depois à sua maneira, o que mostra que entendeu o texto,
que tinha significado para ela, como afirma Britto (2012) diz, a criança lê com os
ouvidos e escreve com a boca. Pode-se dizer que a alfabetização nesse contexto faz
sentido na Educação Infantil.

O desafio da educação infantil não é o de ensinar a


desenhar e juntar letras, e sim o de oferecer condições
para que as crianças possam desenvolver-se como
pessoas plenas e de direitos e, dessa maneira,
participar criticamente da sociedade de cultura escrita
(BRITTO, 2012 p.18).

Com base nessas informações, percebemos que na educação infantil, ler e


escrever são coisas que não têm contato direto com as crianças, e que as atividades
nessa área são mais voltadas para os pré-requisitos para aprender a ler e escrever,
visando a coordenação motora, visual e coordenação auditiva.

Dessa forma, a Educação Infantil, ao aprimorar os conhecimentos da


aprendizagem da linguagem expressiva, por meio do uso da linguagem falada e
escrita, cria espaço para ampliar as habilidades de comunicação e o acesso ao
mundo da alfabetização infantil. A criança passa a representar o mundo ao seu redor
por meio do desenho, que prepara o uso da linguagem. Para Vygotsky (1998), o

15
ensino da linguagem escrita está intimamente relacionado ao desenho, para ele é
uma transição natural de desenhar coisas para desenhar palavras.

Portanto, a leitura e a escrita e a aprendizagem na educação da criança


pequena devem ser trabalhadas de acordo com as características dessa etapa e
avaliar as atividades para serem adequadas, interessantes e necessárias para a
criança neste momento, onde o caráter lúdico da prática docente deve prevalecer. É
necessário propor atividades que interessem a criança como ponto de partida, a fim
de favorecer seu crescimento e aprendizado.

Ao considerar as características únicas de cada criança, respeitamos seu


estilo de aprendizagem e, assim, propomos atividades de educação infantil que a
levem a adquirir uma rica experiência no trabalho também com a linguagem escrita.
Suas atividades sociais. É preciso considerar nesse processo como a criança lida
com o mundo, sua experiência, sua força de acordo com seu crescimento.

Buscando enfatizar as práticas de letramento existentes na educação


infantil,Nesta parte do capítulo, vamos entender o que significa ler e escrever neste
artigo etapa da educação básica, mesmo que isso não seja necessariamente
Alfabetização formal para realmente dominar a leitura e a escrita, não Os alunos são
apoiados e familiarizados com o mundo da leitura e da escrita, com o objetivo de
como parte de seu contexto social e despertar o gosto e Adorava ler, soletrar e
escrever desde o jardim de infância.

Não se trata de sustentar que crianças menores de seis anos devem começar
a ler e escrever desde a educação infantil, ou mesmo ler palavras simples, ou seja,
estão alfabetizadas nesta fase,em vez disso, eles devem entrar no mundo da leitura
e da escrita sem exercícios de repetição, que são exaustivos. Existem formas de
envolver as crianças no mundo da leitura e da escrita que são muito relevantes,
incluindo alegria, imersão em parte de sua realidade e interesses, e formar futuros
leitores que entendam o que lêem e escrevem.

A prática de alfabetização, que tem por objetivo o domínio do sistema


alfabético e ortográfico, precisa do ensino sistemático, o que a torna diferente de
outras práticas de letramento, nas quais é possível aprender apenas olhando os
demais fazerem. A alfabetização, portanto, tem características específicas diferentes

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das do letramento, mas é parte integrante dele. Como prática escolar, ela é
essencial.

Todos precisam ser alfabetizados para poder participar, de forma autônoma,


das muitas práticas de letramento de diferentes instituições. Para os educadores,
cabe o papel de incentivador na formação de cidadãos capazes de obter seu próprio
grau de letramento. Isso porque o letramento é, segundo os autores, uma
capacidade individualizada adquirida de diferentes formas e meios pelos atores
envolvidos.

Não existe uma fórmula para que se possa ensinar um indivíduo raciocinar,
existe sim, a maneira de ensinar que é necessário raciocinar. É neste ponto que as
instituições voltadas para o processo ensino-aprendizagem têm falhado no Brasil.

1.3 Desenvolvimento Cognitivo Da Criança

Piaget (1978) estudou as engrenagens da inteligência, do nascimento à


maturidade do ser humano, onde decifrou sucessivos degraus na evolução do
raciocínio, ou seja, em como a inteligência humana se desenvolve, atribuindo o
nome de construtivismo. Outras correntes também empenhadas em explicar sobre o
desenvolvimento da inteligência surgiram: o empirismo e o racionalismo. Essas três
correntes divergem quanto à relação entre meio ambiente e inteligência: o
empirismo é uma concepção teórica que explica que o desenvolvimento da
inteligência é determinado pelo meio ambiente e não pelo sujeito, ou seja, o
desenvolvimento intelectual é submetido às forças do meio, vem de fora para dentro,
a inteligência vai se modelando através dos estímulos externos e não do indivíduo.

Já o racionalismo é uma concepção teórica que concebe o desenvolvimento


intelectual determinado pelo indivíduo e não pelo meio. A inteligência já nasce pré
moldada com o indivíduo, sendo reorganizada pelas percepções da realidade na
medida em que o ser humano vai amadurecendo. Os estímulos externos não são
considerados e sim as capacidades que são inerentes ao indivíduo. Enquanto que
no construtivismo é a pessoa que constrói o seu próprio conhecimento, nas teorias
empiristas e racionalistas reduzem o desenvolvimento intelectual somente à força do
meio ou à ação do indivíduo.

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Piaget aborda que a questão do desenvolvimento da inteligência está em
manter um equilíbrio dinâmico com o meio ambiente. Quando o equilíbrio se rompe,
o indivíduo age sobre o que o afetou (um som, uma imagem, uma informação)
buscando se reequilibrar. Esse equilíbrio é feito através da adaptação e
organização. A adaptação apresenta duas formas básicas: a assimilação e a
acomodação. Na assimilação, o indivíduo usa as estruturas psíquicas que já possui,
construindo novas estruturas, se necessário. Isso é acomodação. A organização
articula a atividade da mente e a pressão da realidade com as estruturas existentes
e reorganiza todo o conjunto. O indivíduo vai assim, construindo e reconstruindo
continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio. Porém,
essas construções seguem idades mais ou menos determinadas, como formas
específicas da inteligência.

Segundo Piaget (1976), os estágios que descrevem o desenvolvimento da


inteligência são: sensório-motor (0 a 2 anos); pré-operatório (2 a 7 anos); operatório
concreto (7 a 11 anos) e lógico-formal (12 anos em diante). No sensório-motor, a
inteligência é prática. A partir de reflexos neurológicos, começa a construir
esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio.

No estágio pré-operatório, torna-se capaz de representar mentalmente


pessoas e situação. Tem percepção global, não atenta para detalhes. É centrada em
si mesma, não tem noção de abstrato. Já na fase operatória concreta, é capaz de
relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. A criança nessa fase
depende ainda do mundo concreto para chegar à abstração.

O estágio lógico formal permite que a representação tenha abstração total,


sendo capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente. Outra
concepção de aprendizagem é apresentada pela concepção histórico-social do
desenvolvimento humano, pois permite compreender os processos de interação
existentes entre o pensamento e atividade humana. Vygotsky (1998) e Wallon
(1995) são os representantes principais desse modelo. Ambos estudaram a
construção do ser humano e a contribuição da educação sistematizada neste
processo que é dialético e histórico. Para Vygotsky (1998), o indivíduo apresenta-se
em cada situação de interação com o mundo social, de maneira particular, onde traz
determinadas interpretações e re-significações do material que obtém do mundo.

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Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a família, e é
nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na interação com os
outros. Nas interações cotidianas, a mediação (necessária intervenção de outro
entre duas coisas para que uma relação se estabeleça) com o adulto acontece
espontaneamente no processo de utilização da linguagem, no contexto das
situações imediatas. Essa teoria apóia-se na concepção de um sujeito interativo que
elabora seus conhecimentos sobre os objetos, em um processo mediado pelo outro.
O conhecimento tem gênese nas relações sociais, sendo produzido na
intersubjetividade e marcado por condições culturais, sociais e históricas

O homem se produz na e pela linguagem, isto é, é na


interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas
por meio da apropriação do saber da comunidade em que está
inserido o sujeito. A relação entre homem e mundo é uma relação
mediada, na qual, entre o homem e o mundo existem elementos que
auxiliam a atividade humana. Estes elementos de mediação são os
signos e os instrumentos. O trabalho humano, que une a natureza ao
homem e cria, então, a cultura e a história do homem, desenvolve a
atividade coletiva, as relações sociais e a utilização de instrumentos.
Os instrumentos são utilizados pelo trabalhador, ampliando as
possibilidades de transformar a natureza, sendo assim, um objeto
social. (VYGOTSKY, 1987)

Segundo Vygotsky (1987), ocorrem duas mudanças qualitativas no uso dos


signos: o processo de internalização e a utilização de sistemas simbólicos. A
internalização é relacionada ao recurso da repetição onde a criança apropria-se da
fala do outro, tornando-a sua. Os sistemas simbólicos organizam os signos em
estruturas, estas são complexas e articuladas. Essas duas mudanças são essenciais
e evidenciam o quanto são importantes as relações sociais entre os sujeitos na
construção de processos psicológicos e no desenvolvimento dos processos mentais
superiores.

Os signos internalizados são compartilhados pelo grupo social, permitindo o


aprimoramento da interação social e a comunicação entre os sujeitos. As funções
psicológicas superiores aparecem, no desenvolvimento da criança, duas vezes:
primeiro, no nível social (entre pessoas, no nível interpsicológico) e, depois, no nível
individual (no interior da criança, no nível intrapsicológico).

19
Sendo assim, o desenvolvimento caminha do nível social para o individual.
Como visto, exige-se a utilização de instrumentos para transformar a natureza e, da
mesma forma, exige-se o planejamento, a ação coletiva, a comunicação social.
Pensamento e linguagem associam-se devido à necessidade de intercâmbio durante
a realização do trabalho. Porém, antes dessa associação, a criança tem a
capacidade de resolver problemas práticos (inteligência prática), de fazer uso de
determinados instrumentos para alcançar determinados objetivos. Vygotsky chama
isto de fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-
intelectual no desenvolvimento da linguagem.

Por volta dos 2 anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual,


generalizante, com função simbólica, e o pensamento torna-se verbal, sempre
mediado por significados fornecidos pela linguagem. Esse impulso é dado pela
inserção da criança no meio cultural, ou seja, na interação com adultos mais
capazes da cultura que já dispõe da linguagem estruturada. Vygotsky destaca a
importância da cultura; para ele, o grupo cultural fornece ao indivíduo um ambiente
estruturado onde os elementos são carregados de significado cultural.

Os significados das palavras fornecem a mediação simbólica entre o indivíduo


e o mundo, ou seja, como diz Vygotsky (1987), é no significado da palavra que a fala
e o pensamento se unem em pensamento verbal. Para ele, o pensamento e a
linguagem iniciam-se pela fala social, passando pela fala egocêntrica, atingindo a
fala interior que é pensamento reflexivo. A fala egocêntrica emerge quando a criança
transfere formas sociais e cooperativas de comportamento para a esfera das
funções psíquicas interiores e pessoais. No início do desenvolvimento, a fala do
outro dirige a ação e a atenção da criança.

Esta vai usando a fala de forma a afetar a ação do outro. Durante esse
processo, ao mesmo tempo em que a criança passa a entender a fala do outro e a
usar essa fala para regulação do outro, ela começa a falar para si mesma. A fala
para si mesma assume a função auto-reguladora e, assim, a criança torna-se capaz
de atuar sobre suas próprias ações por meio da fala. Para Vygotsky (1987), o
surgimento da fala egocêntrica indica a trajetória da criança: o pensamento vai dos
processos socializados para os processos internos. A fala interior, ou discurso

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interior, é a forma de linguagem interna, que é dirigida ao sujeito e não a um
interlocutor externo.

Esta fala interior se desenvolve mediante um lento acúmulo de mudanças


estruturais, fazendo com que as estruturas de fala que a criança já domina, tornem-
se estruturas básicas de seu próprio pensamento. A fala interior não tem a finalidade
de comunicação com outros, portanto, constitui-se como uma espécie de “dialeto
pessoal”, sendo fragmentada, abreviada. A relação entre pensamento e palavra
acontece em forma de processo, constituindo-se em um movimento contínuo de
vaivém do pensamento para a palavra e vice-versa.

Esse processo passa por transformações que, em si mesmas, podem ser


consideradas um desenvolvimento no sentido funcional. Para Vygotsky (1987) a
aprendizagem tem um papel fundamental para o desenvolvimento do saber, do
conhecimento. Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem,
incluindo aquele que aprende aquele que ensina e a relação entre eles. Ele explica
esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem através da zona de
desenvolvimento proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento potencial e
nível de desenvolvimento real), um “espaço dinâmico” entre os problemas que uma
criança pode resolver sozinha (nível de desenvolvimento real) e os que deverá
resolver com a ajuda de outro sujeito mais capaz no momento, para em seguida,
chegar a dominá-los por si mesma (nível de desenvolvimento potencial).

A criança, para Wallon (1995), é essencialmente emocional e gradualmente


vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo. O autor estudou a criança
contextualizada, como uma realidade viva e total no conjunto de seus
comportamentos, suas condições de existência. No início do desenvolvimento existe
uma preponderância do biológico e após o social adquire maior força. Assim como
Vygotsky, Wallon acredita que o social é imprescindível.

A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os elementos para evoluir,


sofisticar. A parte cognitiva social é muito flexível, não existindo linearidade no
desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por isso, sofrem crises, rupturas,
conflitos, retrocessos, como um movimento que tende ao crescimento. Do estágio
sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos), predominam as atividades de investigação,

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exploração e conhecimento do mundo social e físico. No estágio motor, permanece a
subordinação a um sincretismo subjetivo (a lógica da criança ainda não está
presente). Neste estágio predominam as relações cognitivas da criança com o meio.
Wallon (1995) identifica o sincretismo como sendo a principal característica do
pensamento infantil.

Os fenômenos típicos do pensamento sincrético são: fabulação, contradição,


tautologia e elisão. Na gênese da representação, que emerge da imitação motor-
gestual ou motricidade emocional, as ações da criança não mais precisarão ter
origem na ação do outro, ela vai “desprender-se” do outro, podendo voltar-se para a
imitação de cenas e acontecimentos, tornando-se habilitada à representação da
realidade.

Este salto qualitativo da passagem do ato imitativo concreto e a


representação é chamado de simulacro. No simulacro, que é a imitação em ato,
forma-se uma ponte entre formas concretas de significar e representar e níveis
semióticos de representação.

Essa é a forma pela qual a criança se desloca da inteligência prática ou das


situações para a inteligência verbal ou representativa. Dos 3 aos 6 anos, no estágio
personalístico, aparece a imitação inteligente, a qual constrói os significados
diferenciados que a criança dá para a própria ação. Nessa fase, a criança está
voltada novamente para si própria. Para isso, a criança coloca-se em oposição ao
outro num mecanismo de diferenciar-se.

A criança, mediada pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com que as
ideias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa central é o processo
de formação da personalidade. Aos 6 anos a criança passa ao estágio categorial
trazendo avanços na inteligência.

No estágio da adolescência, a criança volta-se a questões pessoais, morais,


predominando a afetividade. Assim como na teoria piagetiana, a teoria de Wallon
também propõe uma série de estágios do desenvolvimento cognitivo. Por outro lado,
Wallon é bem mais flexível na análise dos estágios: ao contrário de Piaget, Wallon
não acredita que os estágios de desenvolvimento formem uma sequência linear e
fixa, ou que um estágio suprima o outro.

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Para Wallon, o estágio posterior amplia e reforma os anteriores. O
desenvolvimento não seria, na obra walloniana, um fenômeno suave e contínuo;
pelo contrário, o desenvolvimento seria permeado de conflitos internos e externos.
Wallon deixa claro que é natural que, no desenvolvimento, ocorram rupturas,
retrocessos e reviravoltas, o que para Piaget e os comportamentalistas parece algo
improvável.

Os conflitos, mesmo os que resultem em retorno a estágios anteriores, são


fenômenos inerentemente dinamogênicos, geradores de evolução. Wallon afirma
que os estágios se sucedem de maneira que momentos predominantemente afetivos
sejam sucedidos por momentos predominantemente cognitivos. Usualmente,
períodos predominantemente afetivos ocorrem em períodos focados na construção
do eu, enquanto estágios com predominância cognitiva estão mais direcionados à
construção do real e compreensão do mundo físico.

Este ciclo não é encerrado, mas perdura pela vida toda, uma vez que a
emoção sobrepõe-se à razão quando o indivíduo se depara com o desconhecido.
Desse modo, afetividade e cognição não são estanques e se revezam na
dominância dos estágios: impulsivo-emocional, sensório-motor e projetivo, do
personalismo, categorial e da adolescência.

Os estágios de desenvolvimento não se encerram com a adolescência. Na


verdade, para Wallon o processo de aprendizagem sempre implica na passagem por
um novo estágio. O indivíduo, ante algo em relação ao qual tem imperícia, sofre
manifestações afetivas que levarão a um processo de adaptação. O resultado será a
aquisição de perícia pelo indivíduo.

O processo dialético de desenvolvimento jamais se encerra. Os pensadores


de educação concordam que a criança só interioriza o que é ensinado se estiver
motivada. Sendo assim, a possibilidade do letramento, no estágio em que a criança
na educação infantil se encontra, depende somente da motivação do meio em que
vive.

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CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA

A pesquisa de revisão bibliográfica é considerada uma fonte de coleta de


dados secundária e pode ser definida como contribuições culturais ou científicas
realizadas no passado sobre um determinado assunto, tema ou problema que possa
ser estudado.

A pesquisa de revisão bibliográfica não busca enumerar ou medir eventos, ela


serve para obter dados descritivos que expressam os sentidos dos fenômenos. Este
estudo seguirá os preceitos de uma pesquisa exploratória com abordagem
descritiva, por meio de uma revisão bibliográfica, desenvolvida a partir de materiais
já elaborados, constituídos de livros, revistas, artigos científicos e internet, sobre o
letramento na educação infantil.

A revisão bibliográfica auxiliou na elaboração de análises, apontando as


expectativas do estudo em questão, consolidando as informações com o material
coletado e constituindo orientações sobre as práticas desenvolvidas segundo os
parâmetros corretos a serem adotados.

Para a nossa base bibliográfica utilizamos artigos diferentes pesquisados


através do Google Scholar, uma ferramenta muito utilizada por universitários para
levantamento de dados através de documentações já realizada por outros alunos
através de suas experiências, o que contribuiu muito para o desenvolvimento da
pesquisa. Além disso, tomamos como base livros essenciais para a elaboração de
argumentos e estruturação da nossa fundamentação teórica, tomamos como base
os livros escritos por Magda Soares, os quais fazem menção ao letramento na
educação infantil, nossa principal literatura foi retirada do título “Alfaletrar” escrito
pela professora em em 2020, além de ser extremamente atual, a autora expõe, em
detalhes, um projeto de alfabetização e letramento bem-sucedido na prática, que
contraria todas as estatísticas.

Apresenta atividades realizadas e observadas por ela em sala de aula e


explica como tudo isso pode ser aplicado por todos os envolvidos em um objetivo
comum e fundamental: uma educação verdadeiramente democratizada no nosso
país, além disso, Soares cita em seus exemplos, grandes educadores de sucesso os
quais têm muita propriedade de desenvolvimento nesta área de atuação. Através

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desse livro, conseguimos embasar algumas teorias já deduzidas por nós
anteriormente, validando grandes valores através da nossa perspectiva. Além desse
título, ainda tivemos contato com o título “Alfabetização e Letramento” da mesma
autora, no qual uma das maiores especialistas brasileiras em alfabetização, nos
propõe algumas possibilidades de resposta para tais perguntas e nos impõe novas
provocações.

O livro é dividido em três partes. Nas duas primeiras, a autora trata,


respectivamente, das concepções e práticas que envolvem os temas da
alfabetização e letramento na escola, enquanto a terceira funciona como um espaço
de união entre teoria e ação, a partir de uma perspectiva político-social.

Na Educação Infantil, as crianças recebem informações sobre a escrita quando


brincam com a sonoridade das palavras, reconhecendo semelhanças e diferenças
entre os termos; manuseiam todo tipo de material escrito, como revistas, gibis, livros,
fascículos etc.; e o professor lê para a turma e serve de escriba na produção de
textos coletivos. Ou seja, quando a criança na educação infantil, atribui aos rabiscos,
desenhos representativos ou a objetos, como brinquedos de sucatas, a função de
signos, ela já está descobrindo sistemas de representação, que muito facilitam
depois na compreensão do sistema de representação de sons e signos que é a
língua escrita.

Segundo Soares (2009), pesquisas feitas pelas estudiosas Emília Ferreiro e Ana
Teberosky, comprovam que as crianças da faixa dos 4 aos 6 anos, alunas da
educação infantil, quando orientadas e incentivadas por meio de práticas lúdicas e
adequadas, evoluem rapidamente em direção ao nível alfabético.

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CAPÍTULO 3 - ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO

Para introduzir o assunto em nossa fundamentação teórica, decidimos


começar realizando uma pesquisa ampla no segmento da função social da escola,
para embasar esse pensamento, utilizamos uma bibliografia escrita por Marta
Chaves, a qual é graduada em pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá e
expõe em seu livro os desafios enfrentados pelo educador infantil, o livro ainda
discute a função social da escola no contexto atual, por meio das políticas públicas e
práticas pedagógicas que lhe dão materialidade. Os diversos textos que compõem o
livro destacam o papel atribuído à escola num momento em que a sociedade passa
por redefinições das funções a ela tradicionalmente conferidas, além disso o livro
ainda coloca o educador como de fato o protagonista da estrutura organizacional da
educação, além dos métodos tradicionalmente utilizados na escola.

Magda Soares (2009) nos diz que na educação infantil, as crianças devem ter
acesso tanto às atividades de introdução ao sistema alfabético e suas convenções, a
alfabetização, como também práticas sociais de uso da leitura e da escrita, o
letramento. Isto não quer dizer que devemos deixar o lúdico de lado.

Após essa breve introdução a função social da escola, puxamos um adendo


onde de fato enxergamos a agregação de valor, a escola pública. Expondo conceitos
e teorias as quais vemos diariamente em nosso trabalho, visto que ambas atuamos
em âmbito público. Para essa estrutura de argumentos, exploramos um artigo
dissertado por Josiane Gonçalves Santos, Conselheira do Conselho Municipal de
Educação de Curitiba, Pedagoga, Mestre em Educação, atualmente, Diretora da
Escola Municipal Professor Kó Yamawaki. A autora expõe em sua bibliografia que a
sociedade contemporânea em que vivemos vem passando por importantes e
determinantes transformações.

A instituição de ensino também sofre essas interferências que passam a exigir


a atualização dos processos pedagógicos e de seus profissionais. Soares (2009)
nos diz que o acesso à língua escrita é justamente este, não se reduz somente a
aprender a ler e escrever, mas sim a fazer uso da mesma. Desta forma, levando
para casa para os pais aprenderem com eles, os alunos já estão reconhecendo a
função da escrita e fazendo também uso social dela.

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Nesse cenário, tornou-se cada vez mais frequente a utilização do termo GESTÃO
para definir o gerenciamento e organização de diferentes situações e
procedimentos.

Depois partimos o âmbito da educação infantil, o qual procuramos abordar conceitos


em relação ao trabalho social realizado na escola e o ao que a educação infantil faz
menção de fato, bem como os processos educativos e as suas conexões com a vida
social da criança em um todo.

Outro ponto importante desta abordagem é o fato de que o conhecimento só será


adquirido pelo aluno se este conhecimento tiver significado para ele, isto é, o
conhecimento necessita ser contextualizado e partir do aluno, do que ele já sabe,
com o objetivo de fazê-lo adquirir novos conhecimentos, ou seja, explorar suas
potencialidades

Todos os quesitos citados foram abordados por meio da leitura a bibliografia


de Magda Soares a qual é pioneira no Brasil ao articular o ensino de línguas com as
condições políticas, sociais, econômicas e culturais em que as escolas e, portanto,
seus agentes estão inseridos, foi capaz, também, de produzir uma teoria sobre a
língua e, mais particularmente, sobre a alfabetização e o letramento, Magda defende
a tese de que antigamente, primeiro a criança tem que aprender a ler, depois se
valer aqueles livrinhos que ela estava curiosa. Porque não as duas coisas ao mesmo
tempo.

Soares diz que isso pode servir inclusive para que a criança sinta que ela está
aprendendo alguma coisa que tenha valor para ela. Nossa bibliografia piloto foi o
livro "Alfaletrar", o qual aborda de maneira dinâmica esses conceitos, os quais
embasamos nossa tese.

Deste modo, entende-se que a Educação Infantil é a base da Educação e


deve ser concebida e entendida como um momento crucial no desenvolvimento
infantil, visto que a criança é compreendida em sua totalidade com o objetivo de
fazê-la desenvolver plenamente. Portanto é importante frisar a importância de ser
um educador comprometido com seu papel de mediador do conhecimento que
envolve o compromisso em desenvolver suas ações educativas fundamentadas em
conhecimentos teóricos que viabilizarão uma forma de educar adequada à

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Educação Infantil, com respeito às características desta fase. Desta maneira, educar
pressupõe uma prática pedagógica contextualizada que venha de encontro aos
interesses e necessidades dos alunos, com respeito às suas peculiaridades e
potencialidades. Neste processo, o educador deve ser um mediador, entre o aluno e
o conhecimento, e entender essa dinâmica permite ao educador adequar sua prática

Assim, a alfabetização e o letramento na Educação Infantil necessitam ser


entendidas como algo necessário, porém não deve ser prioridade, uma vez que o
desenvolvimento integral da criança em diferentes aspectos é a real função da
Educação Infantil.

Portanto, a criança não precisa sair da Educação Infantil sabendo ler e


escrever, porém, a criança pode e deve ter contato com a escrita e a leitura, de
maneira que a leve a ter uma base para concretizar sua alfabetização
posteriormente no Ensino Fundamental. Neste processo, o educador deve ser um
mediador, entre o aluno e o conhecimento, e entender essa dinâmica permite ao
educador adequar sua prática de acordo com princípios teóricos e metodológicos
adequados, com a finalidade de prover uma prática educativa transformadora e de
qualidade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, vimos que através de um ambiente lúdico e alfabetizador as crianças


da educação infantil podem aprender com entusiasmo. Eles devem encontrar um
espaço para aquisição da leitura e da escrita, dentro da sala de aula.

O principal objetivo desta pesquisa foi mostrar que na educação infantil, o professor
pode oferecer práticas de alfabetização e letramento. Pudemos perceber, através
das pesquisas teóricas, como os alunos aprendem com a vivência e que a educação
infantil, é sim um momento muito rico de aprendizagem, onde aprender é um prazer,
que eles buscam suas curiosidades e com isso se desenvolvem. Por isso, vejo que o
papel fundamental do professor, é oferecer um planejamento de qualidade para sua
turma.

O desenvolvimento da linguagem tanto escrita como falada, se dá através da


qualidade de interação com o adulto, do que este adulto pode instigar e oferecer a
esta criança que está sedenta de saber. Através da nossa pesquisa bibliográfica,
pudemos perceber que trabalhar com atividades sobre alfabetização e letramento,
só trazem benefícios aos pequenos, se bem desenvolvidos e propostos através de
atividades onde se evidencie o lúdico.

A ludicidade deve ser o ponto de partida para qualquer aprendizagem, na educação


infantil, pois é brincando que eles aprendem. Também, pode-se perceber que
práticas de letramento, devem acontecer, juntamente com atividades de
alfabetização, já na educação infantil, uma vez que estes conceitos se
complementam, para oferecermos um espaço de acesso à leitura e escrita completo.

Pois, se trabalhado de uma forma dissociada, pode ser prejudicial à aquisição da


visão do mundo escrito para a criança. Logo, vemos que podemos oferecer um
espaço onde os alunos possam aprender sobre leitura e escrita, antes do ensino
fundamental. E que este espaço torna-se fundamental no contexto em que vivemos
hoje. Não trabalhar com alfabetização e letramento, já na educação infantil, seria
privar algo inevitável para as crianças. Porém, nunca esquecendo da forma lúdica de
ensinar aos pequenos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Pensamento e ação no magistério. São Paulo: Scipione, 1997.

BRITTO, Luiz Percival Leme. “Letramento e alfabetização: implicações para a


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pensa a respeito de ler e escrever. Revista do Professor/84. Out a Dez, 2005. Ano
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FARIA, Ana Lúcia Goulart de; MELLO, Suelly Amaral (Orgs). O mundo da escrita
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FARIA, Ana Lúcia Goulart de; MELLO, Suelly Amaral (Orgs.) Linguagens Infantis:
outras formas de leitura. 2ª edição. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

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letramento: análises a partir dos campos da sociologia da linguagem
[manuscrito]/ Luciana Piccoli, orientadora: Maria Helena Degani Veit. –Porto Alegre,
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SOARES, Magda. Letramento: Um Tema de Três Gêneros- 2 ed, Belo Horizonte:


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30
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VICTORA, Ceres Gomes (ORG.) Pesquisa Qualitativa em Saúde: Uma


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