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Rito Especial
Intermediado por seu mandatário ao final firmado, causídico inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil, Seção de São Paulo, sob o nº. xxx.xxx, comparece o Acusado para, na
forma do art. 55, § 1º, da Lei Federal nº. 11.343/2006 c/c art. 394, § 2º, da Legislação
Adjetiva Penal, tempestivamente, no decêndio legal, oferecer sua
DEFESA PRELIMINAR,
quanto à pretensão condenatória ostentada em desfavor de FULANO DE TAL, já qualificados
na exordial da peça acusatória, com fulcro na nossa Carta Magna que dispõe em seu Art.5°,
LV, que serão assegurados o contraditório e a ampla defesa a todos os litigantes. Nesses
termos:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela
inerentes. (BRASIL, 1988, [s. p.]
II - DA NECESSÁRIA DESCLASSIFICAÇÃO
Ao comentar referido artigo, lecionam Luz Flávio Gomes, Alice Bianchini, Rogério Sanches
Cunha e Wiliam Terra de Oliveira:
“Há dois sistemas legais para decidir se o agente (que está
envolvido com a posse ou porte de droga) é usuário ou
traficante: (a) sistema da quantificação legal (fixa-se,
nesse caso, um quantum diário para o consumo pessoal;
até esse limite legal não há que se falar em tráfico); (b)
sistema do reconhecimento policial ou judicial (cabe ao
juiz ou à autoridade policial analisar cada caso concreto e
decidir sobre o correto enquadramento típico). A última
palavra é a judicial, de qualquer modo, é certo que a
autoridade policial (quando o fato chega ao seu
conhecimento) deve fazer a distinção entre o usuário e o
traficante.
Nesta mesma ordem de entendimento são as mais diversas decisões dos Tribunais:
Nesse diapasão, denota-se que os elementos de convicção de que dispõe o caderno processual
mostram-se frágeis para atestar a prática da narcotraficância, conduzindo-se para a hipótese de
que o Acusado se enquadra na figura do usuário, na estreita ordem delimitada no art. 28 da
Lei n. 11.343/2006.
Pelo que consta da orientação legal, a exigência de dois laudos periciais é requisito
indispensável para o correto processamento de alguém por delito envolvendo o tráfico de
drogas, sob pena de nulidade processual.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS
CORPUS: RHC 105138 MS 2018/0296172-4
RECURSO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PARA O
TRÁFICO. RECEPTAÇÃO. CRIME PERMANENTE. FLAGRANTE. BUSCA E
APREENSÃO EM DOMICÍLIO. AUSÊNCIA DE MANDADO. EMBASAMENTO EM
DENÚNCIA ANÔNIMA. NECESSIDADE DE FUNDADAS RAZÕES. ILICITUDE DAS
PROVAS. NULIDADE DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA REALIZADA POR MEIO DE
VIDEOCONFERÊNCIA. LAUDO PROVISÓRIO DE CONSTATAÇÃO DE SUBSTÂNCIA
ENTORPECENTE. NULIDADE. ALEGAÇÃO DE INIDONEIDADE DOS POLICIAIS
CIVIS QUE ELABORARAM O LAUDO. REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA.
QUESTÕES SUPERADAS. PROVAS DECORRENTES DAQUELA OBTIDA POR MEIO
ILÍCITO. RECURSO PROVIDO.
1. É assente a jurisprudência desta Corte Superior no sentido de que o tráfico ilícito de drogas
é delito permanente, protraindo-se no tempo o estado de flagrância.
2. O ingresso da autoridade policial no domicílio para a realização de busca e apreensão sem
mandado, contudo, pressupõe a presença de elementos seguros que evidenciem a prática
ilícita.
3. Não se admite que a autoridade policial apenas com base em delação anônima, sem a
produção de elementos capazes de evidenciar fundadas suspeitas da prática delitiva, viole o
direito constitucional à inviolabilidade do domicílio, conduzindo à ilicitude da prova colhida,
bem como dela derivadas, nos termos do art. 157 do Código de Processo Penal.
4. Considerando o nexo causal entre a prova obtida por meio ilícito, que culminou na
apreensão da droga após a entrada desautorizada no domicílio do recorrente, e a decretação da
prisão preventiva, ficam superadas as discussões quanto à ilegalidade da audiência de custódia
realizada por videoconferência, bem como a nulidade do laudo de constatação preliminar e a
decisão de prisão preventiva, pois decorrentes da prova ilícita.
5. Recurso em habeas corpus provido, a fim de anular as provas obtidas mediante busca e
apreensão domiciliar, bem como dela decorrentes, determinando o seu desentranhamento dos
autos, e a revogação da prisão preventiva.
Neste diapasão, demonstra necessário a nulidade processual, não demonstrado as fundadas
razões que justificasse a violação do domicílio do Acusado, inutilizando assim todo o acervo
probatório decorrente desta incursão.
De regra tem entendido alguns Tribunais que, quando tratar-se da hipótese de crime de tráfico
de drogas, como o é a hipótese absurda ora imputada ao Acusado, a liberdade provisória há de
ser negada, sob o ângulo do art. 44, caput, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) e, mais, para
alguns, sob o manto do art. 5º, inc. XLIII, da Carta Magna.
Um grande equívoco que, ademais, vem sendo reiteradamente alterado este raciocínio.
Vejamos, a propósito, considerações acerca da impertinência daquelas decisões denegatórias
da Liberdade Provisória, aos crimes ora em debate.
Saliente-se, primeiramente, que o Acusado é primário, de bons antecedentes, com ocupação
lícita e residência fixa, o que, como provas, acostamos aos autos, ofuscando, pois, quaisquer
dos parâmetros da segregação cautelar prevista no art. 312 da Legislação Adjetiva Penal.
(docs. 01/05)
IV.1 Regras de hermenêutica
(...)
Dentro do tema de antinomia de regras, com mais precisão sob o ensejo do critério da
cronologia de regras, no tocante ao crime de tráfico de entorpecentes, já sob a vigência da Lei
nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos), existia comando legal de sorte a não permitir a
concessão de liberdade provisória (art. 2º, inc. II), a qual fora reiterada pela Lei nº. 11.343/06
(Lei de Drogas), em seu art. 44. Tal vedação fora suprimida, entrementes, pela Lei nº. 11.464,
de 29 de março de 2007, que alterou o citado dispositivo da Lei nº. 8.072/90, deixando de
existir a proibição da liberdade provisória nos crimes hediondos e equiparados, mas tão-
somente tratando da fiança.
É consabido que uma lei posterior, de mesma hierarquia, revoga (expressa ou tacitamente) a
lei anterior, naquilo que for colidente.
Novamente colhemos as lições de Noberto Bobbio, quando, sob o trato de colisão de leis no
tempo, professa que:
Na hipótese em estudo, como se percebe, uma lei geral posterior, in casu a Lei nº
11.464/2007, que trata dos crimes hediondos e equiparados, revogou uma lei anterior especial
que trata do crime hediondo de tráfico de drogas(art. 44, da Lei 11.343/2006).
Seguindo todas estas óticas supra evidenciadas, vejamos os seguintes julgados:
I. Dispõe o art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal que será concedido habeas corpus"sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder", não cabendo a sua utilização como substituto
de recurso ordinário, tampouco de Recurso Especial, nem como sucedâneo da revisão
criminal. II. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, ao julgar, recentemente, os HCs
109.956/PR (DJe de 11/09/2012) e 104.045/RJ (DJe de 06/09/2012), considerou inadequado o
writ, para substituir recurso ordinário constitucional, em Habeas corpus julgado pelo Superior
Tribunal de Justiça, reafirmando que o remédio constitucional não pode ser utilizado,
indistintamente, sob pena de banalizar o seu precípuo objetivo e desordenar a lógica recursal.
III. O Superior Tribunal de Justiça também tem reforçado a necessidade de se cumprir as
regras do sistema recursal vigente, sob pena de torná-lo inócuo e desnecessário (art. 105, II, a,
e III, da CF/88), considerando o âmbito restrito do habeas corpus, previsto
constitucionalmente, no que diz respeito ao STJ, sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder, nas hipóteses do art. 105, I, c, e II, a, da Carta Magna. lV. Nada impede,
contudo, que, na hipótese de habeas corpus substitutivo de recursos especial e ordinário ou de
revisão criminal - que não merece conhecimento -, seja concedido habeas corpus, de ofício,
em caso de flagrante ilegalidade, abuso de poder ou decisão teratológica. V. Na hipótese,
constata-se o constrangimento ilegal, na medida em que o benefício da liberdade provisória
foi negado, convertida a prisão em flagrante em preventiva, com base, unicamente, na
gravidade abstrata do delito e na vedação do art. 44 da Lei nº 11.343/2006, o que, de acordo
com a atual jurisprudência do STJ, não se admite. Precedentes. VI. A vedação legal à
concessão da liberdade provisória aos processados pelos delitos de tráfico de drogas, prevista
no art. 44 da Lei nº 11.343/2006, foi, recentemente, declarada inconstitucional, pelo Plenário
do Supremo Tribunal Federal (HC 104.339/SP), incidentalmente. Informativo 665, do STF.
VII. Habeas corpus não conhecido. VIII. Concedida a ordem, de ofício, para revogar a prisão
preventiva, deferindo-se, ao paciente, o benefício da liberdade provisória, sem prejuízo da
imposição, pelo Juízo de 1º Grau, de medidas cautelares alternativas, nos termos do art. 319
do Código de Processo Penal. (STJ - HC 251.502; Proc. 2012/0169966-1; SP; Sexta Turma;
Relª Minª Assusete Magalhães; Julg. 04/12/2012; DJE 18/12/2012)
– O Acusado não ostenta quaisquer das hipóteses previstas no art. 312 do CPP
- Inescusável o deferimento do pedido de liberdade provisória
De outro bordo, como nas linhas inaugurais deste tópico foram levantadas e demonstradas, o
Acusado não ostenta quaisquer das hipóteses situadas no art. 312 da Legislação Adjetiva
Penal, as quais, neste ponto, poderiam inviabilizar o pleito de liberdade provisória.
Como se vê, o Acusado, antes negando a prática dos delitos que lhes restaram imputados pelo
Parquet, demonstrou, nesta peça, acima, que é réu primário e de bons antecedentes,
comprovando, mais, possuir residência fixa e ocupação lícita.
Neste diapasão, mesmo em se tratando de crime de tráfico ilícito de drogas, à luz dos ditames
contrários previstos no art. 44 da Lei de Drogas, o Acusado fazia jus à liberdade provisória,
sem a implicação de pagamento de fiança. Demonstra-se mais uma vez prejuízo ao Acusado,
justificados apenas pelo afã do Ministério Público em punir e mostrar seu trabalho à
sociedade.
Não há nos autos, outrossim, quaisquer motivos que implique na decretação preventiva do
Acusado. O acusado está preso por mera prova indiciária que abala segurança jurídico-penal,
haja vista que nunca foi abordado no local dos fatos tendo-se como suspeito da prática de
mercancia de entorpecente; os milicianos encontraram-lhe na posse de substância que
assemelha-se ao Ecstasy; não foi flagrado entregando ou fornecendo drogas a terceiros,
mesmo que gratuitamente; o matéria apreendido revela-se insuficiente para reunir-se ao
fraquíssimo conjunto probatório, e, de modo a imputar-lhe o crime de tráfico de drogas; o
patrimônio do Acusado é, comprovadamente, fruto de anos de trabalho lícito, não
demonstrando proveniência de comercialização de substancias ilícitas.
V – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, e mais pelas razões que Vossa Excelência saberá lançar, com muita
propriedade acerca do tema, requer:
a) A rejeição da denúncia por manifesta inépcia; determinando-se assim, a expedição do
competente alvará de soltura;
b) A rejeição da denúncia por manifesta falta de justa causa, expedindo-se o competente
alvará de soltura;
c) Caso a Vossa Excelência entenda pelo recebimento da peça acusatória, seja desclassificado
do crime de tráfico de drogas para o de porte de drogas para próprio uso, e que determine a
remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal desta Comarca para que seja avaliada pelo
Ministério Público a possibilidade de formulação de propostas de transação penal, expedindo-
se o competente alvará de soltura.
d) Por fim, reitera-se pedido de liberdade provisória, por não estarem presentes os requisitos
do Artigo 312, do CPP, e assim, não haver motivos para mantença do acusado no cárcere,
expedindo-se o competente alvará de soltura.
LOCAL, DATA.
ADVOGADO
OAB/...