Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EDUCAÇÃO
Introdução
Neste capítulo, você estudará a pesquisa na área educacional, seus desafios
e suas possibilidades e o quanto ainda necessitamos avançar para mudar
uma realidade brasileira que se apresenta com muitas dissociações entre
teoria e prática. Nesse contexto, a pesquisa ainda é vista como uma ativi-
dade elitista, que pode ser desempenhada apenas por poucas pessoas
com formações, capacidades e oportunidades consideradas especiais.
Também avaliaremos o que pode ser feito para que o professor se torne
reflexivo sobre sua ação, por meio da análise e da interpretação.
Será oportunizado o conhecimento sobre as duas perspectivas básicas
de investigação: a empírico-analítica (conhecida como quantitativa) e a
humanista-interpretativa (conhecida como qualitativa) e suas técnicas
de coleta de dados. Além disso, serão analisadas as potencialidades da
pesquisa-avaliação e da pesquisa-ação e as possibilidades de o professor
se tornar um professor-pesquisador.
2 Pesquisa em psicologia educacional
Elementos Viabilidade
necessários
que são
Parte de
Justificativa
Planejamento do problema de investigação
Objetivos
Critérios
A seguir
que são Claros
Possibilidade de
recoletar dados
Relação entre variáveis
ou elementos
Metodologia quantitativa
Inspirada na filosofia positivista, durante décadas essa metodologia consistiu
na perspectiva dominante da investigação em ciências sociais e humanas,
sendo também denominada experimental, empírica ou estatística. É uma
investigação basicamente confirmatória, inferencial e hipotético-dedutiva.
O investigador se situa fora da investigação, sendo um elemento externo ao
objeto que investiga. Os problemas de investigação que surgem dos métodos
quantitativos decorrem dos axiomas ou das teorias que já existem por iniciativa
do investigador, sendo o estudo da bibliografia científica uma das fontes mais
comuns — são considerados como problemas fechados no sentido de que
eles serão totalmente determinados antes da coleta de dados. O planejamento
8 Pesquisa em psicologia educacional
Metodologia qualitativa
A investigação qualitativa surgiu das críticas feitas ao “mecanismo” e ao
“reducionismo” da visão positivista. Assim, não é fácil defini-la. Segundo
Coutinho (2011, p. 26), alguns autores a definem como aquela “[...] que descreve
os fenômenos por palavras em vez de números ou medidas [...]”, enquanto outros
consideram que uma investigação é qualitativa quando “não é quantitativa”.
Pesquisa em psicologia educacional 9
Posto isso, fica claro que ambas as metodologias assumem o mesmo grau de
importância. A utilização delas varia de acordo com o que queremos estudar
e a quais perguntas queremos responder.
Tanto a abordagem quantitativa como a qualitativa podem ser utilizadas de
maneira simultânea. Bento (2012, p. 3) refere que “[...] os dados qualitativos
podem também ser usados para suplementar, validar, explicar, iluminar ou
reinterpretar os dados quantitativos obtidos dos mesmos sujeitos [...]”. Ambas as
abordagens devem ser encaradas como técnicas que servirão de complemento,
e cada uma, à sua maneira, dá as suas próprias visões sobre o problema que
se pretende analisar. O Quadro 2 apresenta os possíveis tipos de investigação.
Pesquisa em psicologia educacional 11
3 Potencialidades da pesquisa-avaliação
e da pesquisa-ação
No sistema de ensino, a prática de pesquisa ocorre em quatro dimensões:
1. como atividade formal nas instituições de nível superior que têm linhas
de pesquisas, onde os professores podem atuar como pesquisadores,
construindo conhecimento dentro dos critérios dos métodos científicos,
podendo divulgá-las por meio de publicação de artigos científicos em
periódicos ou em anais de eventos científicos e de livros;
2. como atividade educacional desenvolvida com os alunos, no exercício
do programa curricular, para que eles construam conhecimentos que
podem ou não seguir os critérios formais de cientificidade. Nesse con-
texto, deve-se trabalhar a questão do plágio;
3. como atividade de avaliação de instituições educacionais e/ou programas
educacionais;
4. como prática reflexiva e de desenvolvimento profissional — professor
como pesquisador.
12 Pesquisa em psicologia educacional
Esse tipo de pesquisa é muito utilizado com grupos sociais, tendo uma
abordagem e um engajamento sociopolíticos a serviço de causas populares
em vários campos de atuação social.
No Brasil, ela foi introduzida no campo da educação por João Bosco
Pinto, em 1989, sociólogo brasileiro, com o conceito de educação libertadora.
O objetivo da pesquisa-ação é estabelecer uma relação entre o conhecimento
e a ação, em que os pesquisadores e os pesquisados se envolvem na busca da
solução de um determinado problema ou do entendimento de uma determinada
realidade, aumentando o nível de conhecimento dos pesquisadores e de uma
tomada de consciência dos participantes, avançando o debate do tema que é o
objeto de estudo, ou seja, objetiva uma ação prática como resultado. O método
de realizar o estudo já é um modo de intervenção com a finalidade de agir e
ter uma solução ou transformação da realidade em estudo pela ação coletiva.
Os pesquisados, como agentes ativos na pesquisa, são os elementos que têm
o conhecimento de sua própria realidade, que vão adquirir os conhecimentos
necessários para resolver seus problemas, satisfazendo as suas próprias ne-
cessidades (BALDISSERA, 2001).
Conforme Franco (2016, p. 513):
tica_pedagogica_dos_profs_que_atuam_na_educacao_superior_br.pdf¤t=/
AI/CIP/Estrategias_e_Metodos>. Acesso em: 16 maio 2018.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985.
TUCKMAN, B. W. Manual de investigação em educação: como conceber e realizar o
processo de investigação em educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
VIANNA, H. M. Avaliação de programas educacionais: duas questões. Estudos em Ava-
liação Educacional, v. 16, n. 32, p. 43-56, jul./dez. 2005. Disponível em: <http://www.fcc.
org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1240/1240.pdf>. Acesso em: 16 maio 2018.
VILAÇA, M. L. C. Pesquisa e ensino: considerações e reflexões. E-scrita: Revista do
Curso de Letras da UNIABEU, Nilópolis, v. 1, n. 2, p. 59-74, maio/ago. 2010. Disponível
em: <http://revista.uniabeu.edu.br/index.php/RE/article/view/26/pdf_23>. Acesso
em: 16 maio 2018.
Leitura recomendada
CAETANO, H. D. E. A segurança na utilização da internet numa escola de ensino secundário:
situação actual e perspectivas futuras. 2009. 159 f. Dissertação (Mestrado em Ciências
da Educação) – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de
Lisboa, 2009. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/handle/10451/2091>. Acesso
em: 16 maio 2018.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.