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AGENTES PÚBLICOS2
1. Conceito:
A expressão “agentes públicos” tem sentido amplo. Considera-se agente público toda pessoa física
que exerça, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública.
É sabido que o Estado só se faz presente através das pessoas físicas que manifestam em seu nome
determinada vontade, e é por isso que essa manifestação volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado.
Nesse sentido, a Lei nº 8.429, de 2.6.1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos
casos de enriquecimento ilícito na Administração Pública, firmou conceito que bem mostra a abrangência do
sentido:
Art. 2º: Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
a) agentes políticos;
b) ocupantes de cargos em comissão;
c) contratados temporários;
d) agentes militares;
e) servidores públicos estatutários;
f) empregados públicos;
g) particulares em colaboração com a Administração (agentes honoríficos).
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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Por Tássia Neumann Hammes.
*(Atualizado em 05/10/2020) #SELIGANAJURIS É inconstitucional lei que preveja a integração, no quadro do
Tribunal de Contas, de servidores que estejam à disposição daquela Corte É inconstitucional lei estadual que
afirma que “o servidor público estadual à disposição do Tribunal de Contas em 30 de novembro de 1994
poderá requerer sua integração ao Quadro Especial de Pessoal do referido Tribunal, no prazo de 30 (trinta)
dias contados da data da publicação desta lei.” Essa lei viola o princípio do concurso público, previsto no art.
37, II, da CF/88. STF. Plenário. ADI 1251/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/8/2020 (Info 985).
2. Classificação:
Os agentes políticos exercem uma função pública (múnus publico) de alta direção do Estado.
Caracterizam-se por terem funções de direção e orientação estabelecidas na Constituição e por ser
geralmente transitório o exercício de tais funções.
Alguns autores dão sentido mais amplo a essa categoria, incluindo Magistrados, membros do
Ministério Público e da Defensoria Pública e membros dos Tribunais de Contas (Hely Lopes Meirelles), ao
argumento de que eles também exercem uma parcela da soberania estatal.
Por outro lado, a doutrina majoritária considera que se tratam de servidores públicos titulares de
cargos, e não agentes políticos (Celso Antônio Bandeira de Mello, Maria Sylvia Zanella Di Pietro e José dos
Santos Carvalho Filho), não obstante o art. 37, XI, da Constituição Federal equiparar as duas categorias
exclusivamente para fins de remuneração.
Isso porque seu regime jurídico é absolutamente distinto daquele aplicável aos agentes políticos,
pois:
1) ingressam nos quadros estatais mediante concurso público, ao passo que agentes políticos são
eleitos ou nomeados;
2) não têm mandatos fixos;
3) sua vinculação com o Estado é técnico-profissional, na medida em que para o desempenho de suas
tarefas dependem de formação jurídica específica, ao contrário dos agentes políticos, que exercem múnus
publico sem qualquer natureza profissional;
4) não respondem pela alta direção dos interesses do Estado (não integram o “Governo”);
5) não participam da formulação das políticas públicas
Agentes Administrativos são aqueles que se vinculam à Administração Pública por relações
profissionais e sujeitam-se à hierarquia funcional. Exercem um CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA, em
caráter permanente e mediante remuneração.
Há doutrina que entende que a definição de servidor público, em sentido amplo, engloba os
empregados públicos e servidores temporários.
Pela doutrina de Hely Lopes Meireles, se dividem em:
a) Servidor público: que também se divide em:
I - Servidor público efetivo;
II - Servidor público comissionado.
b) Empregados Públicos: O empregado público está excluído da incidência da Lei nº 8.112/90.
c) Servidor Temporário: Contratados temporários em virtude de necessidade temporária de
excepcional interesse público.
Os servidores titulares de cargo efetivo são aqueles com ingresso através de CONCURSO PÚBLICO,
também chamados de servidores ESTATUTÁRIOS. Possuem estabilidade após 3 anos de efetivo exercício.
#ATENÇÃO: É possível a modificação de atribuição de servidores públicos por intermédio de portaria? Não!
Segundo o STF, as atribuições de um servidor público é um tema regido por lei, razão pela qual não pode ser
aceita a sua alteração por meio de simples portaria. Vejamos: Contraria direito líquido e certo do servidor
público a alteração, por meio de portaria, das atribuições do cargo que ocupa. A inexistência de direito
adquirido a regime jurídico não autoriza a reestruturação de cargos públicos por outra via que não lei formal.
[MS 26.955, rel. min. Cármen Lúcia, j. 1º-12-2010, P, DJE de 13-4-2011.
Por fim, os cargos comissionados, como não exigem concurso, podem ser ocupados por indivíduos
sem qualquer relação permanente com o Estado, caso em que a legislação estabelecerá os casos, condições e
percentuais em que os cargos comissionados devem ser preenchidos por servidores públicos de carreira (art.
37, V, da CF).
Por outro lado, as funções de confiança também se relacionam exclusivamente com atribuições de
direção, chefia e assessoramento (art. 37, V, da CF), mas só podem ser exercidas por servidores de carreira.
Pressupõem, portanto, que o indivíduo que irá exercer a função de confiança pertença aos quadros de pessoal
da Administração.
Art. 37. V - As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Dispõe o art. 37, inciso IX, da Constituição Federal que “a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”,
Tais servidores:
a) Não têm cargo nem emprego público;
b) Exercem uma função pública remunerada temporária e o seu vínculo funcional com a
administração pública é contratual, mas se trata de um contrato de direito público, e não de natureza
trabalhista (eles não têm o "contrato de trabalho" previsto na CLT).
O prazo de duração do vínculo especial é determinado pela lei específica que regulamenta as
contratações na esfera de cada ente federativo e deve ser definido no contrato celebrado com o ente estatal.
Em suma, são agentes públicos que têm com a administração pública uma relação funcional de direito
público, de natureza jurídico-administrativa (e não trabalhista).
*(Atualizado em 14/09/2020) #DEOLHONAJURIS: Servidores temporários não fazem jus a décimo terceiro
salário e férias remuneradas acrescidas do terço constitucional, salvo: I) expressa previsão legal e/ou
contratual em sentido contrário, ou II) comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela
Administração Pública, em razão de sucessivas e reiteradas renovações e/ou prorrogações. STF. Plenário. RE
1066677, Rel. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 22/05/2020 (Repercussão
Geral – Tema 551) (Info 984 – clipping).
#OLHAOGANCHO: Lei que prevê hipóteses genéricas de contratação temporária é inconstitucional. Lei que
autoriza contratação temporária para projetos educacionais ordinários é inconstitucional. O STF afirmou que,
em tese, é possível a contratação temporária por excepcional interesse público (art. 37, IX, da CF/88) mesmo
para atividades permanentes da Administração (como é o caso de professores). No entanto, o legislador tem o
ônus de especificar, em cada circunstância, os traços de emergencialidade que a justificam. As alíneas "a, b, c,
d, e" preveem a contratação temporária caso o titular se afaste para gozar de licenças ou para fazer cursos de
capacitação. O STF reputou que tais hipóteses são constitucionais já que elas descrevem situações que são
alheias ao controle da Administração Pública, ou seja, hipóteses que estão fora do controle do Poder Público e
que, se este não tomasse nenhuma atitude, poderia resultar em desaparelhamento transitório do corpo
docente. Logo, para tais situações está demonstrada a emergencialidade. A alínea "f" previa que poderia haver
a contratação temporária para suprir "outros afastamentos que repercutam em carência de natureza
temporária". O STF entendeu que esta situação é extremamente genérica, de forma que não cumpre o art. 37,
IX, da CF/88. O parágrafo único do art. 3º autoriza a contratação temporária para que a Administração Pública
pudesse implementar "projetos educacionais, com vista à erradicação do analfabetismo, correção do fluxo
escolar e qualificação da população cearense". O STF entendeu que esta previsão também é inconstitucional
porque estes são objetivos corriqueiros (normais, ordinários) da política educacional. Desse modo, esse tipo de
ação não pode ser implementado por meio de contratos episódicos (temporários), já que não constitui
contingência especial a ser atendida. STF. Plenário. ADI 3721/CE, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 9/6/2016
(Info 829).
#SELIGA: Contratação por tempo determinado. Tratando do art. 37, IX, CF: - a lei estabelecerá os casos de
contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
diz a Constituição que a lei estabelecerá os casos de contratação desses servidores. Assim dizendo, só se pode
entender que o constituinte pretendeu caracterizar essa relação funcional como de natureza contratual. Não
obstante essa qualificação, a lei instituidora do regime certamente poderá incluir algumas normas que mais se
aproximem do regime estatutário. O que não poderá, obviamente, é fixar outra qualificação que não a
contratual. O STJ, aliás, já teve a oportunidade de decidir, em processo de conflito de competência, que esse
tipo de contratação ‘não revela qualquer vínculo trabalhista disciplinado pela CLT, sendo, pois, da Justiça
Federal a competência para dirimir questão de pagamento de verbas quando for ré a União Federal.
#AJUDAMARCINHO:3
Trata-se de uma emenda constitucional que não modifica o texto da Constituição Federal de 1988. É uma
emenda constitucional avulsa. Assim, a EC 106/2020 é uma norma constitucional não prevista no texto da
Constituição Federal de 1988. Integra, contudo, o bloco de constitucionalidade. De forma bem simplificada,
bloco de constitucionalidade significa que a Constituição pode ser formada não apenas pelos dispositivos que
estão ali expressamente escritos, mas também por outras normas não presentes no texto, como, por
exemplo, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (promulgada pelo Decreto
6.949/2009).
Vale ressaltar que não consiste em algo inédito. Isso porque a EC 91/2016, que disciplinou a “janela
partidária”, também utilizou a mesma sistemática.
2) Vigência temporária
O art. 11 da emenda prevê expressamente que a EC 106/2020 “ficará automaticamente revogada na data do
encerramento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Congresso Nacional.”
Durante a vigência do estado de calamidade pública nacional reconhecido pelo Congresso Nacional em razão
da pandemia do coronavírus, a União adotará regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para
atender às necessidades dele decorrentes.
Esse regime extraordinário somente deverá ser adotado naquilo em que, em virtude da urgência, não for
possível ser cumprido com o regime regular.
Obs: a situação de calamidade pública em razão da pandemia causada pelo coronavírus foi reconhecida pelo
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo 06/2020 e está prevista para durar até 31/12/2020.
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Informações integralmente retiradas no site Dizerodireito. Para mais informações sobre a EC, acesse:
https://www.dizerodireito.com.br/2020/05/ec-1062020-institui-regime.html
Processos simplificados de contratação (art. 2º da EC)
O Poder Executivo federal, no âmbito de suas competências, fica autorizado a adotar processos simplificados
para a:
Trata-se, portanto, de uma exceção constitucional e temporária da regra da licitação e do concurso público.
Vale ressaltar, no entanto, que esse processo simplificado de contratação deve assegurar, quando possível,
competição e igualdade de condições a todos os concorrentes.
Esses processos simplificados somente poderão ser realizados com propósito exclusivo de enfrentamento do
contexto da calamidade e de seus efeitos sociais e econômicos, no seu período de duração.
Quando a União for realizar a distribuição, para Estados e Municípios, dos equipamentos e insumos de saúde
imprescindíveis ao enfrentamento da calamidade, deverá adotar critérios objetivos, devidamente publicados
(art. 2º, parágrafo único).
A contratação temporária do art. 37, IX não precisará cumprir a exigência do § 1º do art. 169 da CF (art. 2º da
EC)
A CF/88 instituiu o “princípio do concurso público”, segundo o qual, em regra, a pessoa somente pode ser
investida em cargo ou emprego público após ser aprovada em concurso público (art. 37, II).
Esse princípio, que na verdade é uma regra, possui exceções que são estabelecidas no próprio texto
constitucional.
Assim, a CF/88 prevê situações em que o indivíduo poderá ser admitido no serviço público mesmo sem
concurso. Uma dessas situações está prevista no art. 37, IX, da CF/88 (servidores temporários):
Art. 37 (...)
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público;
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos
acréscimos dela decorrentes;II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias,
ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
(...)
Assim, qualquer gasto público com pessoal deve obrigatoriamente estar previsto na LDO.
Logo, a contratação por tempo determinado de que trata o art. 37, IX, em regra, também precisa respeitar
essa exigência prevista no § 1º do art. 169 e estar prevista na LDO.
A EC 106/2020, contudo, excepciona essa regra e afirma que, durante o regime extraordinário, fica
“dispensada a observância do § 1º do art. 169 da Constituição Federal na contratação de que trata o inciso IX
do caput do art. 37 da Constituição Federal, limitada a dispensa às situações de que trata o referido inciso,
sem prejuízo da tutela dos órgãos de controle.”
Vale ressaltar que essa dispensa somente é válida para contratações cujo propósito exclusivo seja o
enfrentamento do contexto da calamidade e de seus efeitos sociais e econômicos, no seu período de duração.
*(Atualizado em 31.05.2020)
A LC 173/2020 institui um programa envolvendo União, Estados, Distrito Federal e Municípios com medidas
orçamentárias e financeiras voltadas ao enfrentamento do coronavírus. Isso foi chamado pela Lei de Programa
Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus SARS-CoV-2 (Covid-19). Vale ressaltar que esse programa vale
exclusivamente para o exercício financeiro de 2020.
Durante o estado de calamidade pública decretado para o enfrentamento da Covid-19 a União, os Estados, DF
e Municípios ficarão dispensados de cumprir algumas regras da Lei de Responsabilidade Fiscal e de outras leis.
Vejamos aqui as principais:
1) ficam suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e 70 da LRF;
2) ficam dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9º da LRF;
3) ficam dispensadas as condições e vedações previstas no art. 14, no art. 16, II e no art. 17 da LRF;
4) ficam afastadas as leis, decretos, portarias e quaisquer outros atos normativos que estipulem limites e
condições para a realização e o recebimento de transferências voluntárias.
As dispensas acima listadas:• valem exclusivamente para os atos de gestão orçamentária e financeira
necessários ao atendimento do Programa Federativo ou de convênios vigentes durante o estado de
calamidade; e• não exime seus destinatários, ainda que após o término da pandemia da Covid-19, de cumprir
as obrigações de transparência, controle e fiscalização. Isso será objeto de verificação pelos órgãos de
fiscalização e controle respectivos.
Art. 21. A LC 173/2020 alterou bastante o art. 21 da LRF, acrescentando novos incisos e parágrafos:
a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o disposto no inciso XIII do caput do art. 37 e no §
1º do art. 169 da Constituição Federal; e
b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo;
Os incisos II, III e IV, por sua vez, são novidade. Veja:
(...)
II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do
mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;
III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem implementadas em
períodos posteriores ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;
IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Executivo, por Presidente e demais membros da
Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de Tribunal do Poder Judiciário e
pelo Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados, de norma legal contendo plano de alteração,
reajuste e reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição de ato, por esses agentes, para nomeação
de aprovados em concurso público, quando:
a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato
do titular do Poder Executivo; ou
b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem implementadas em períodos
posteriores ao final do mandato do titular do Poder Executivo.
Art. 21 (...)
I - devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondução ou reeleição para o cargo de titular do
Poder ou órgão autônomo; e
II - aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo dos Poderes referidos no art. 20.
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos de nomeação ou de provimento de cargo
público aqueles referidos no § 1º do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que, de qualquer modo,
acarretem a criação ou o aumento de despesa obrigatória.
Art. 65
§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, nos termos de decreto
legislativo, em parte ou na integralidade do território nacional e enquanto perdurar a situação, além do
previsto nos inciso I e II do caput:
I - serão dispensados os limites, condições e demais restrições aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, bem como sua verificação, para:
b) concessão de garantias;
II - serão dispensados os limites e afastadas as vedações e sanções previstas e decorrentes dos arts. 35, 37 e
42, bem como será dispensado o cumprimento do disposto no parágrafo único do art. 8º desta Lei
Complementar, desde que os recursos arrecadados sejam destinados ao combate à calamidade pública;
III - serão afastadas as condições e as vedações previstas nos arts. 14, 16 e 17 desta Lei Complementar, desde
que o incentivo ou benefício e a criação ou o aumento da despesa sejam destinados ao combate à calamidade
pública.
I - aplicar-se-á exclusivamente:
O art. 8º da LC 173/2020 impõe algumas proibições aos entes, vedações que irão durar até 31/12/2021:
• servidores;
• empregados públicos; e
• militares.
Exceção: será possível quando isso for derivado de sentença judicial transitada em julgado ou determinação
legal anterior à calamidade pública.
• reposições de cargos de chefia, de direção e de assessoramento que não acarretem aumento de despesa;
6) criar ou majorar
- auxílios
- vantagens
- bônus
- abonos
- verbas de representação ou
• membros de Poder
• militares,
Exceções:
a) a proibição não se aplica aos profissionais de saúde e de assistência social, desde que relacionado a medidas
de combate à calamidade pública cuja vigência e efeitos não ultrapassem a sua duração;
b) será possível a criação ou majoração das vantagens se isso for derivado de sentença judicial transitada em
julgado ou de determinação legal anterior à calamidade.
Exceções:
• essa proibição não se aplica a medidas de combate à calamidade pública cuja vigência e efeitos não
ultrapassem a sua duração;
• essa proibição também não se aplica em caso de prévia compensação mediante aumento de receita ou
redução de despesa, observado que:
I - em se tratando de despesa obrigatória de caráter continuado, assim compreendida aquela que fixe para o
ente a obrigação legal de sua execução por período superior a 2 (dois) exercícios, as medidas de compensação
deverão ser permanentes; e
II - não implementada a prévia compensação, a lei ou o ato será ineficaz enquanto não regularizado o vício,
sem prejuízo de eventual ação direta de inconstitucionalidade.
8) adotar medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação medida pelo
IPCA, observada a preservação do poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º da CF;
9) contar esse tempo como de período aquisitivo necessário exclusivamente para a concessão de anuênios,
triênios, quinquênios, licenças-prêmio e demais mecanismos equivalentes que aumentem a despesa com
pessoal em decorrência da aquisição de determinado tempo de serviço, sem qualquer prejuízo para o tempo
de efetivo exercício, aposentadoria, e quaisquer outros fins.
Os servidores públicos militares formam uma categoria à parte entre os agentes políticos na medida
em que as instituições militares são organizadas com base na hierarquia e na disciplina.
Tais servidores possuem vinculação estatutária, e não contratual, mas o regime jurídico é disciplinado
por legislação específica diversa da aplicável aos servidores civis. Os membros das Polícias Militares e dos
Corpos de Bombeiros Militares são servidores públicos dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, sendo
as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores (art. 42, § 1º, da CF).
São estatutários também os militares ligados às Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, instituições nacionais permanentes e regulares. As Forças Armadas estão
igualmente fundamentadas nos princípios de disciplina e hierarquia e organizadas sob a autoridade suprema
do Presidente da República.
As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a ela inerentes, são conferidas pelo Presidente da
República.
Vale destacar que aos militares estão constitucionalmente proibidas a sindicalização, a greve, a
acumulação de cargos e a filiação partidária.
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base
na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado
em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual
específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
respectivos governadores.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado
em lei específica do respectivo ente estatal.
*#NOVIDADELEGISLATIVA Emenda Constitucional 101/2019: estende aos militares dos estados, do Distrito
Federal e dos Territórios a possibilidade de acumular cargos públicos, nos mesmos termos como acontece com
os servidores públicos em geral. A Emenda incluiu o § 3º no art. 42 da Constituição Federal, com a seguinte
redação:
Art. 42. […] § 3o Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios o disposto no inciso
XVI do art. 37.
A Constituição Federal de 1988 estabelece dois regimes principais de contratação para o serviço
público: o estatutário, ou de cargo público, e o celetista, ou de emprego público.
O regime estatutário é regime comum de contratação de agentes públicos pela Administração Direta,
isto é, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, assim como pelas pessoas jurídicas de direito público da
Administração Indireta, como autarquias, fundações públicas e associações públicas. No âmbito federal, o
regime de cargo público vem disciplinado na Lei n. 8.112/90 – o Estatuto do Servidor Público Federal.
Os servidores estatutários são selecionados por concurso público para ocupar cargos públicos, tendo
vinculação de natureza estatutária não contratual, e adquirem estabilidade após se sujeitarem a um estágio
probatório.
A principal vantagem conferida aos estatutários é justamente a estabilidade adquirida após o estágio
probatório. Essa estabilidade consiste na impossibilidade de perda do cargo, a não ser nas hipóteses
constitucionalmente previstas.
Contudo, no caso dos três cargos públicos vitalícios (magistrados, membros do Ministério Público e
membros dos Tribunais de Contas), adquirida a vitaliciedade, a perda do cargo somente pode ocorrer por
sentença judicial transitada em julgado.
Dessa forma, é possível identificar dois regimes diferentes aplicáveis aos servidores estatutários:
a) Cargos vitalícios: é o caso dos membros dos Tribunais de Contas (Conselheiros dos TCEs/TCMs e
Ministros do TCU), magistrados e membros do Ministério Público (promotores e procuradores da República).
Nos cargos vitalícios, o estágio probatório é reduzido, tendo duração de somente dois anos, após o qual o
agente adquire vitaliciedade, podendo perder o cargo unicamente por meio de sentença judicial transitada em
julgado;
b) Cargos efetivos: é a condição de todos os cargos públicos, com exceção dos três vitalícios acima
indicados. Os cargos efetivos têm estágio probatório maior, de três anos. Após o estágio probatório, o servidor
adquire estabilidade, podendo perder o cargo de quatro formas: 1) sentença judicial transitada em julgado; 2)
processo administrativo disciplinar; 3) avaliação de desempenho; 4) para redução de despesas com pessoal.
Aos servidores públicos estatutários são garantidos os seguintes direitos trabalhistas (art. 39, § 3º, da
CF):
a) salário mínimo;
b) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
c) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
d) salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
e) duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
f) repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
g) remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
h) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
i) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de seis meses;
j) licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
k) proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
l) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
m) proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil.
O Supremo Tribunal Federal também já se manifestou no sentido de que não há direito adquirido a
regime jurídico, ou seja, ninguém pode alegar direito adquirido àquilo que estava disposto em lei, quando for
procedida uma alteração legislativa de forma regular, haja vista não ser possível impedir a edição de nova lei
tratando da mesma matéria de forma diversa.
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,
regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e
das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de
administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório
observará: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a
promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a
natureza do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior
e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37,
XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio e da
remuneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
*#NOVIDADELEGISLATIVA #REFORMAPREVIDÊNCIA
Art. 39§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de
função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de
aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados,
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma do § 3º:
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados,
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes
condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e
trinta de contribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima
estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de
contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de
referência para a concessão da pensão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do
art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social, observado o
disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º Os proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão calculados com base na
remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria e, na forma da lei, corresponderão à
totalidade da remuneração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as
remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que
tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003)
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente
federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente submetidos a
avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente
socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do
art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às
idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
§ 6.º As aposentadorias e pensões dos servidores públicos federais serão custeadas com recursos
provenientes da União e das contribuições dos servidores, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste
artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 7º - Lei disporá sobre a concessão do benefício da pensão por morte, que será igual ao valor dos
proventos do servidor falecido ou ao valor dos proventos a que teria direito o servidor em atividade na data de
seu falecimento, observado o disposto no § 3º (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar da única fonte de renda formal auferida
pelo dependente, o benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do respectivo ente
federativo, a qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B
decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da
parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 41, 19.12.2003)
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o
limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do
óbito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 8º Observado o disposto no art. 37, XI, os proventos de aposentadoria e as pensões serão revistos na
mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,
sendo também estendidos aos aposentados e aos pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens
posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
concessão da pensão, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será contado para fins de
aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspondente será
contado para fins de disponibilidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a
contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de
inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98)
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo
efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência
social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regime próprio de previdência social, no que
couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o
Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência
complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo
Poder Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo,
observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das
aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto no § 16.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 15 - Observado o disposto no art. 202, lei complementar disporá sobre as normas gerais para a
instituição de regime de previdência complementar pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para
atender aos seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 15/12/98)
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do
respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por
intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos
respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente
na modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de
entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos § § 14 e 15 poderá ser aplicado ao
servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do
correspondente regime de previdência complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98)
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão
devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de
que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de
cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria
voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de
permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para
aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de
cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que opte por permanecer
em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua
contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores
titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social e de mais de um órgão ou
entidade gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades
autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios, os
parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o § 22. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei,
for portador de doença incapacitante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de
2005) (Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) (Vide Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previdência social, lei complementar federal
estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de responsabilidade
em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o Regime Geral de Previdência Social;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019)
V - condições para instituição do fundo com finalidade previdenciária de que trata o art. 249 e para
vinculação a ele dos recursos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, observados os princípios relacionados com
governança, controle interno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles que desempenhem atribuições relacionadas,
direta ou indiretamente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
Os empregados públicos ingressam por meio de concurso público para ocupar empregos públicos,
tendo uma vinculação contratual com o Estado regida pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, razão
pela qual são conhecidos como “celetistas”.
O regime de emprego público está constitucionalmente definido como o sistema de contratação a ser
utilizado nas pessoas jurídicas de direito privado da Administração indireta, ou seja, nas empresas públicas,
sociedades de economia mista, fundações governamentais e consórcios privados.
Além das pessoas de direito privado, admite-se contratação por regime de emprego também nas
pessoas jurídicas de direito público, desde que para funções materiais subalternas.
#ATENÇÃO: Importante destacar que a Emenda Constitucional nº 19/98 alterou a redação do art. 39 da
Constituição, permitindo ao legislador escolher entre os regimes de cargo ou de emprego,
independentemente da natureza jurídica da entidade contratante.
Contudo, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2.135/4, o Supremo Tribunal Federal
concedeu medida liminar suspendendo a nova redação da norma, de modo a restabelecer o regime de
cargo como predominante nas contratações para pessoas jurídicas de direito público da Administração.
Os empregados públicos não têm estágio probatório, mas se sujeitam ao período de experiência com
duração de noventa dias, previsto no art. 455, parágrafo único, da Consolidação das Leis do Trabalho.
Ademais, os empregados públicos não têm a estabilidade típica do regime estatutário, o que não quer
dizer que o empregado público possa ser demitido livremente, como um empregado comum. A totalidade da
doutrina administrativista entende que os empregados públicos somente podem sofrer demissão motivada e
após regular processo administrativo, observadas as garantias do contraditório e da ampla defesa.
Não obstante sejam regulados por regime de emprego e estejam vinculados a entidades com
personalidade jurídica de direito privado, estes agentes se submetem a algumas restrições aplicadas aos
servidores públicos em geral:
a) Consoante disposto no art. 37, XVII, da Constituição Federal, estes servidores estão proibidos de
acumularem seus empregos com outros cargos ou empregos públicos, salvo as exceções constitucionalmente
admitidas.
b) São considerados agentes públicos para fins de responsabilização por atos de improbidade
administrativa, conforme disposição do art. 2°, da lei 8.429/92, bem como se enquadram na definição de
"funcionário público" para fins penais, estampada no Código Penal, em seu artigo 327, respondendo, pelos
crimes praticados contra a Administração Pública.
c) Seus atos se submetem a correção e controle judicial, por meio dos remédios constitucionais, tais
como o Mandado de Segurança, a ação popular e o habeas data entre outros.
d) Devem-se submeter a concurso público de provas ou de provas e títulos para a celebração do
contrato de emprego e, consequente, criação de vínculo com o poder público, nos moldes estipulados pelo
art. 37, II da Constituição Federal. Trata-se de forma de garantir a impessoalidade e moralidade na contratação
de empregados pela Administração Pública, sem preferências indevidas.
e) Seus salários estão submetidos ao limite constitucional aplicado aos servidores públicos em geral.
Em outras palavras, devem respeitar o teto remuneratório, previsto no art. 37, XI da Carta Magna, salvo se a
entidade não receber dinheiro público para custeio ou pagamento de pessoal.
Essa categoria de agentes públicos é composta, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, por:
a) requisitados de serviço: como mesários e convocados para o serviço militar (conscritos);
b) gestores de negócios públicos: são particulares que assumem espontaneamente uma tarefa
pública, em situações emergenciais, quando o Estado não está presente para proteger o interesse público. Ex:
socorrista de parturiente;
c) contratados por locação civil de serviços: ex: jurista famoso contratado para emitir um parecer;
d) concessionários e permissionários: exercem função pública por delegação estatal;
e) delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares de cartórios. Importante destacar que
os particulares em colaboração com a Administração, mesmo atuando temporariamente e sem remuneração,
podem praticar ato de improbidade administrativa (art. 2º da Lei n. 8.429/92).
Cargo público é o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta e de suas autarquias
e fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem funções específicas e remuneração fixadas em lei
ou diploma a ela equivalente.
Nesse sentido, o art. 3º da Lei n o 8.112/1990 (Estatuto dos Servidores da União) define o cargo
público como sendo o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
devem ser cometidas a um servidor.
A criação de cargos públicos deve ser feita mediante lei de iniciativa do Poder cuja estrutura o cargo
integrará. O art. 48, X, da Constituição Federal, define a exigência de lei para criação, transformação e extinção
dos cargos.
Quanto às atribuições do cargo, bem como a denominação e a remuneração correspondente a ele, ou
seja, o valor pecuniário a ser pago ao ocupante do cargo como contraprestação pelo serviço prestado em seu
exercício, deverão também ser estipulados por meio de lei.
Assim, cada Poder estatal fica responsável pela iniciativa para a edição da lei que determinará a
criação dos seus cargos. Dessa forma, será de iniciativa do Presidente da República a lei que dispõe acerca da
criação e extinção de cargos no âmbito do Poder Executivo; por sua vez, compete ao Congresso Nacional e aos
tribunais a iniciativa das leis que ensejarão a criação de cargos no âmbito de suas estruturas.
Exceção é a previsão do art. 51, IV, da Carta Magna, que define que compete à Câmara dos Deputados
"dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de Lei para fixação da respectiva remuneração, observados
os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias". A mesma regra está prevista no art. 52, XIII,
em referência à competência do Senado Federal.
Não obstante a criação e extinção de cargos públicos devam ser realizadas mediante a edição de lei, o
texto da Constituição Federal definiu uma exceção, em seu art. 84, VI, ao estabelecer que, compete ao
Presidente da República, mediante decreto, dispor acerca da extinção de cargos e funções públicas, quando
vagos.
*(Atualizado em 21/03/21) O cargo público de agente de trânsito é incompatível com o exercício da advocacia
O exercício da advocacia, mesmo em causa própria, é incompatível com as atividades desempenhadas por
servidor ocupante de cargo público de agente de trânsito, nos termos do art. 28, V, da Lei nº 8.906/94
(Estatuto da OAB). STJ. 1ª Seção. REsp 1.815.461/AL, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 10/02/2021
(Recurso Repetitivo – Tema 1028) (Info 685).
a) Cargos vitalícios: são aqueles que oferecem a maior garantia de permanência a seus ocupantes.
Somente através de processo judicial, em regra, podem os titulares perder seus cargos (art. 95, I, CF). Desse
modo, torna-se inviável a extinção do vínculo por exclusivo processo administrativo (salvo no período inicial de
dois anos até a aquisição da prerrogativa). Atualmente são cargos vitalícios os dos magistrados (art. 95, I, CF),
os dos membros do Ministério Público (art. 128, § 5º, I, a, CF) e os dos membros dos Tribunais de Contas (art.
73, § 3º, CF). Por se tratar de prerrogativa de sede constitucional, em função da qual cabe ao Constituinte
aferir a natureza do cargo e da função para atribuí-la, não podendo Constituições Estaduais e Leis Orgânicas
municipais, nem mesmo lei de qualquer esfera, criar outros cargos com a garantia da vitaliciedade.
b) Cargos efetivos: são aqueles que se revestem de caráter de permanência, constituindo a maioria
absoluta dos cargos integrantes dos diversos quadros funcionais. Embora em menor grau que nos cargos
vitalícios, os cargos efetivos também proporcionam segurança a seus titulares: a perda do cargo, nos termos
do art. 41, § 1º, da CF, só poderá ocorrer, depois que adquirirem a estabilidade, se houver sentença judicial ou
processo administrativo em que se lhes faculte ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação
negativa de desempenho, como introduzido pela EC nº 19/1998.
c) Cargos em comissão: são de ocupação transitória. Seus titulares são nomeados em função da
relação de confiança que existe entre eles e a autoridade nomeante. A natureza desses cargos impede que os
titulares adquiram estabilidade. Por outro lado, assim como a nomeação para ocupá-los dispensa a aprovação
prévia em concurso público, a exoneração do titular é despida de qualquer formalidade especial e fica a
exclusivo critério da autoridade nomeante (art. 37, II, CF). É importante acentuar que cargos em comissão
somente podem destinar-se a funções de chefia, direção e assessoramento, todas elas de caráter específico
dentro das funções administrativas.
A expressão emprego público é utilizada para identificar a relação funcional trabalhista, assim como se
tem usado a expressão empregado público como sinônima da de servidor público trabalhista. Para diferenciar
as situações, é importante lembrar que o servidor trabalhista tem função (no sentido de tarefa, atividade),
mas não ocupa cargo. O servidor estatutário tem o cargo que ocupa e exerce as funções atribuídas ao cargo.
Por fim, nos termos do disposto no art. 61, §1°, II, "a" da Constituição Federal, a criação de empregos
públicos deve ser feita mediante lei e, pelo princípio da simetria das formas, exige-se esta mesma regra para
sua extinção. Ademais, para que seja possível a celebração de contrato de emprego, o particular deve ter sido
previamente aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos, definido nos moldes do are. 37,
II da CF, ainda que para prestação de serviços nos entes privados da Administração Descentralizada.
Trata-se da atividade pública, propriamente dita e, cada uma destas funções, deve ser criada e extinta
mediante a edição de lei, haja vista integrar a estrutura organizacional da Administração Pública, para
cumprimento de suas finalidades.
A proibição de acumular cargos atinge também empregos e funções públicas na Administração Pública
indireta, isto é, nas autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações governamentais, bem como nas suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público.
É relevante destacar que o art. 118 da Lei n. 8.112/90, em que pese ser esta uma lei aplicável somente
ao âmbito da União, estende a proibição de acumular cargos ou empregos públicos às entidades da
administração indireta do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
#DEOLHONAJURIS: A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37,
XVI, da CF/88, não se sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois
inexiste tal requisito na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a
compatibilidade de horários no exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela
administração pública. STF. 1ª Turma. RE 1176440/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/4/2019
(Info 937). STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 1ª
Seção. REsp 1767955/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/03/2019.
A acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se
sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na
Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários no
exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração pública. STF. 1ª Turma. RE
1094802 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/5/2018. STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 2ª Turma. REsp 1746784-PE, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 23/08/2018 (Info 632).
O Auditor Fiscal do Trabalho, com especialidade em medicina do trabalho, não pode cumular o exercício do
seu cargo com outro da área de saúde. STJ. 1ª Turma. REsp 1460331-CE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/04/2018 (Info 625).
A atividade de notário é inacumulável com qualquer cargo, emprego ou função pública, ainda que em
comissão, mesmo que o servidor esteja no gozo de férias ou licença remunerada. O status de
servidor público, que não é desconfigurado pelo fato de o servidor estar no gozo de férias ou licenças, é
incompatível com a atividade de notário nos termos do art. 25 da Lei nº 8.935/1994. STJ. 2ª Turma. RMS
38867-AC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/10/2012.
5. Funcionário de fato e Teoria da Aparência
Funcionário de fato é aquele em que a investidura foi irregular, mas cuja situação tem aparência de
legalidade. Os atos administrativos por ele praticados reputam-se válidos, se por outra razão não forem
viciados, em face do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio
da presunção de legalidade.
a) Agentes necessários: são aqueles que praticam atos e executam atividades em situações
excepcionais, como, por exemplo, as de emergência, em colaboração com o Poder Público e como se fossem
agentes de direito.
b) Agentes putativos: são que desempenham uma atividade pública na presunção de que há
legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legalmente exigido. Terá direito à
percepção da remuneração, mesmo se ilegítima a investidura, não estando obrigado a devolver os respectivos
valores. Agente putativo, portanto, é aquele que exerce uma atividade pública na presunção de que haja
legitimidade de investidura, embora esta tenha violado a lei.
Note-se, porém, que o agente de fato jamais poderá usurpar a competência funcional dos agentes
públicos em geral, já que este tipo de usurpação da função pública constitui crime previsto no art. 328 do
Código Penal. Usurpação de função – se passar por um agente público – ato inexistente.
#RESPONSABILIZAÇÃODOAGENTEPÚBLICO #COVID19:
*(Atualizado em 06.07.2020) #DEOLHONAJURIS: A MP 966/2020, que dispõe sobre a responsabilização de
agentes públicos por ação e omissão em atos relacionados com a pandemia da covid-19. O STF decidiu que a
MP é, em princípio, constitucional, mas deverá ser feita uma interpretação conforme à Constituição. Desse
modo, o Plenário do STF deferiu parcialmente a medida cautelar para:
1) conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 2º da MP 966/2020, no sentido de estabelecer que,
na caracterização de erro grosseiro, deve-se levar em consideração a observância, pelas autoridades: a) de
standards, normas e critérios científicos e técnicos, tal como estabelecidos por organizações e entidades
internacional e nacionalmente conhecidas; bem como b) dos princípios constitucionais da precaução e da
prevenção; e 2) conferir, ainda, interpretação conforme à Constituição ao art. 1º da MP 966/2020, para
explicitar que, para os fins de tal dispositivo, a autoridade à qual compete a decisão deve exigir que a opinião
técnica trate expressamente: (i) das normas e critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria, tal como
estabelecidos por organizações e entidades reconhecidas nacional e internacionalmente; (ii) da observância
dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção. Foram fixadas as seguintes teses: 1. Configura
erro grosseiro o ato administrativo que ensejar violação ao direito à vida, à saúde, ao meio ambiente
equilibrado ou impactos adversos à economia, por inobservância: i) de normas e critérios científicos e
técnicos; ou ii) dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção. 2. A autoridade a quem compete
decidir deve exigir que as opiniões técnicas em que baseará sua decisão tratem expressamente: i) das normas
e critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria, tal como estabelecidos por organizações e entidades
internacional e nacionalmente reconhecidas; e ii) da observância dos princípios constitucionais da precaução e
da prevenção, sob pena de se tornarem corresponsáveis por eventuais violações a direitos. Vale ressaltar que
a MP não trata de crime ou de ato ilícito. Assim, qualquer interpretação do texto impugnado que dê
imunidade a agentes públicos quanto a ato ilícito ou de improbidade deve ser excluída. STF. Plenário. ADI 6421
MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20 e 21/5/2020 (Info 978).
A Lei nº 8.112/1990, institui o “regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias,
inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais”, conhecida também como Estatuto do
Servidor Público Federal.
Quanto aos ocupantes de cargos públicos estaduais, distritais e municipais, suas regras de atuação
devem ser estabelecidas em leis próprias promulgadas em cada uma das esferas federativas.
1. Cargo público:
1.1 Investidura
A INVESTIDURA em cargo público ocorrerá com a POSSE. Assim, não é com a nomeação, nem com a
aprovação, nem com a publicação no Diário Oficial, e também não é com sua mãe gritando dizendo que viu
seu nome no jornal... é com a POSSE, ok?!
#SELIGA:
A nacionalidade pode ser NATA OU NATURALIZADA! Não é obrigatório ter nacionalidade brasileira
para ser investido em cargo público.
É possível a investidura em cargo público sem a realização de concurso público, neste caso, para
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Aqui, mesmo assim, se aplica a regra
da POSSE.
As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.
Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras;
para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus
cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos
desta Lei.
*(Atualizado em 17/01/2021) #DEOLHONAJURIS: O parágrafo único do art. 137 da Lei nº 8.112/90 proíbe,
para sempre, o retorno ao serviço público federal de servidor que for demitido ou destituído por prática de
crime contra a Administração Pública, improbidade administrativa, aplicação irregular de dinheiro público,
lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional e corrupção. Essa previsão viola o art. 5º, XLVII,
“b”, da CF/88, que afirma que não haverá penas de caráter perpétuo. STF. Plenário. ADI 2975, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 04/12/2020.5
1.2 Provimento
Para ocupar um cargo público, deve haver o provimento, ou seja, deve ser praticado um ato
administrativo constitutivo hábil a promover o ingresso no cargo. Nesse sentido, há dois tipos de provimento:
5
*(Atualizado em 08/03/2022) #JÁCAIU! O entendimento jurisprudencial foi cobrado na prova do MPGO/2022,
elaborada pela banca FGV:
No ano de 2015, João, então secretário de Saúde do Estado Beta, aplicou e desviou ilegalmente verba pública, razão pela
qual, após regular processo administrativo disciplinar, foi demitido. Em 2021, João foi aprovado na prova objetiva do
concurso público para o cargo de médico no Estado Beta, mas foi eliminado do certame, em razão do disposto em um
artigo do Estatuto dos Servidores Públicos do Estado Beta que estabelece que “não poderá retornar ao serviço público
estadual o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por aplicação irregular de dinheiros públicos”.
Inconformado, João impetrou mandado de segurança, com o escopo de anular o ato administrativo que o excluiu do
concurso.
Ao ofertar parecer na qualidade de órgão interveniente, o promotor de justiça deve observar que, de acordo com a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a citada norma do Estatuto dos Servidores Públicos é:
B) inconstitucional, por violar norma constitucional que estabelece que não haverá penas de caráter perpétuo e pela
aplicação do princípio da proporcionalidade como proibição do excesso;
a) quanto à durabilidade: o provimento pode ser:
I - de caráter efetivo, quando relacionado a cargo público permanente, que garanta estabilidade ou
vitaliciedade ao seu titular; ou
II - em comissão, quando promova o ingresso em cargo público destituído de estabilidade, podendo o
servidor ser exonerado ad nutum;
#SELIGANASÚMULA - Súmula 685, STF: é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao
servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente investido.
1.1.2 Nomeação
A nomeação, em caráter efetivo ou em comissão, é a única forma de provimento originário, pois não
depende de prévia relação jurídica do servidor com o Estado, dependendo de habilitação em concurso público
de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
1.1.3 Promoção
Trata-se de forma de provimento derivado, pois só pode favorecer os servidores públicos que já
ocupam cargos públicos em caráter efetivo. Os requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na
carreira, mediante promoção, devem ser estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na
Administração Pública.
*(Atualizado em 03/05/2022) A progressão funcional não está elencada no rol de proibições do art. 22,
parágrafo único, da LRF (limite prudencial)
É ilegal o ato de não concessão de progressão funcional de servidor público, quando atendidos todos os
requisitos legais, a despeito de superados os limites orçamentários previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal,
referentes a gastos com pessoal de ente público, tendo em vista que a progressão é direito subjetivo do
servidor público, decorrente de determinação legal, estando compreendida na exceção prevista no inciso I do
parágrafo único do art. 22 da Lei Complementar n. 101/2000. STJ. 1ª Seção. REsp 1.878.849-TO, Rel. Min.
Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do TRF da 5ª região), julgado em 24/02/2022 (Recurso Repetitivo
– Tema 1075) (Info 726).
1.1.4 Readaptação
Ainda, caso o readaptando, diante da gravidade de sua limitação, ser julgado incapaz para o serviço
público, ele será aposentado.
1.1.5 Reversão
1.1.6 Aproveitamento
Nesse sentido, o órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento de
servidor disponível em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal. No
caso de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, havendo extinção do cargo ou declarada a
desnecessidade do órgão ou entidade, o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob
responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal – SIPEC, até o seu
adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade.
Por fim, vale ressaltar que será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o
servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento de servidor em
disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser
mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC,
até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade.
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
1.1.7 Reintegração
Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, podendo haver seu
aproveitamento em outro cargo, respeitadas sempre as regras sobre o aproveitamento. Encontrando-se
provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização, ou
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
1.1.8 Recondução
Trata-se de forma de provimento derivado que consiste no retorno do servidor estável ao cargo
anteriormente ocupado, decorrendo de inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo ou
reintegração do anterior ocupante. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em
outro. Muito importante destacar que se o cargo for extinto durante o estágio probatório do servidor inexiste
direito à recondução (Súmula 22 do STF). Tal hipótese é de exoneração (art. 41, § 3º, da Constituição Federal).
#ATENÇÃO #OLHAOGANCHO
SERVIDORES PÚBLICOS
Inaplicabilidade do direito à recondução do art. 29, I, da Lei 8.112/90 a servidor público estadual
Se a legislação estadual não prevê a recondução, é possível aplicar a Lei 8.112/90 por analogia? NÃO. Não é
possível a aplicação, por analogia, do Instituto da recondução previsto no art. 29,1, da Lei 8.112/1990 a
servidor público estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do Estado for omisso acerca desse
direito. Segundo a jurisprudência do STJ, somente é possível aplicar, por analogia, a Lei 8.112/90, aos
servidores públicos estaduais e municipais se houver omissão, na legislação estadual ou municipal, sobre
direito de cunho constitucional e que seja autoaplicável e desde que tal situação não gera o aumento de
gastos. Ex: aplicação, por analogia, das regras da Lei 8.112/90 sobre licença para acompanhamento de cônjuge
a determinado servidor estadual cuja legislação não prevê esse afastamento (RMS 34.63(YAC, ReI. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 18/10/2011). Nesse exemplo, o STJ reconheceu que a analogia
se justificava para proteção da unidade família, valor protegido constitucionalmente (art. 226 da CF/88). No
caso da recondução, contudo, não é possível a analogia porque esse direito não tem cunho constitucional. STJ.
21 Turma. RMS 46.438-MG, Rei. Mm. Humberto Martins, julgado em 16/12/2014 (Info 553).
*(Atualizado em 14/12/2021): Se o servidor se remover por interesse da Administração Pública, o seu cônjuge
terá direito à remoção para o mesmo lugar, ainda que eles não morassem no mesmo Município antes.
Havendo remoção de um dos companheiros por interesse da Administração Pública, o(a) outro(a) possui
direito líquido e certo de obter a remoção independentemente de vaga no local de destino e mesmo que
trabalhem em locais distintos à época da remoção de ofício. Caso hipotético: Regina e João são servidores
públicos do Estado de Mato Grosso e vivem em união estável. Contudo, ambos moram em cidades distintas
daquele Estado. Regina, policial civil, trabalha e mora na cidade “A”. João, policial militar, trabalha e mora na
cidade “B”. João foi removido, por interesse da Administração Pública, para a cidade “C”. Logo em seguida,
Regina terá direito de se remover para o Município “C”, nova lotação de seu companheiro. STJ. 2ª Turma. RMS
66.823-MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/10/2021 (Info 712).
1.2 Desinvestidura
O servidor estável não só pode ser exonerado, como também demitido, considerando-se que
demissão é punição por falta grave, e exoneração é desligamento, sem qualquer caráter punitivo ou por
insuficiência de desempenho.
a) Demissão: é pena, sanção pela prática de infração grave. A demissão NÃO É sinônimo de
exoneração, mas sim uma penalidade aplicada ao servidor.
i. a pedido do servidor;
ii. quando o servidor tomou posse em 15 dias e não entrou em exercício;
iii. exoneração “ad nutum” nos cargos em comissão;
iv. quando for inabilitado no estágio probatório;
v. nos casos de excesso de despesa com pessoal (art. 169, CF);
vi. na acumulação ilegal de cargos, escolhendo o servidor o cargo que quer permanecer. Se
estiver de boa-fé haverá exoneração, se ficar comprovada a má-fé será demitido.
Hipóteses de vacância:
Exoneração
Demissão
Promoção
Readaptação
Aposentadoria
Falecimento do servidor
Posse em outro cargo inacumulável
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não
poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos
parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei
complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes
providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.
Atualmente vige a Lei Complementar 101, de 4.5.2000, conhecida como Lei de Responsabilidade
Fiscal, cujo art.19 fixou, para a União, o limite de tais dispêndios [despesa com pessoal ativo e inativo, nos
termos do art.169 da CF] em 50% da receita corrente líquida (a qual é definida no art.2º., IV, dessa lei), e para
Estados, DF e Municípios em 60%. (C.A)
2. Direitos
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 682-STF: Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos
vencimentos de servidores públicos.
Súmula vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos
de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
*(Atualizado em 17/01/2021) #DEOLHONAJURIS: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar qualquer verba de servidores públicos de carreiras distintas sob o fundamento de
isonomia, tenham elas caráter remuneratório ou indenizatório. A vedação da Súmula Vinculante 37 se aplica
tanto para as verbas remuneratórias como também para as parcelas de caráter indenizatório. Logo, a SV 37
também proíbe que Poder Judiciário equipare o auxílio-alimentação, ou qualquer outra verba desta espécie,
com fundamento na isonomia. Súmula vinculante 37-STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. STF. Plenário. RE
710293, Rel. Luiz Fux, julgado em 16/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 600) (Info 998 – clipping).
Por fim, a remuneração do servidor público deve ser definida mediante a edição de lei específica,
sendo também esta exigida para qualquer revisão ou alteração do valor remuneratório das carreiras em geral.
A iniciativa para a edição da lei é distribuída a cada um dos Poderes do Estado, para os seus agentes:
*(Atualizado em 17/01/2021) #DEOLHONAJURIS: O Poder Judiciário não possui competência para determinar
ao Poder Executivo a apresentação de projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da
remuneração dos servidores públicos, tampouco para fixar o respectivo índice de correção. STF. Plenário. RE
843112, Rel. Luiz Fux, julgado em 22/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 624) (Info 998).
O subsídio é forma de pagamento feito em parcela única, não aceitando nenhum acréscimo
patrimonial. O objetivo do subsídio é tornar mais clara e transparente a retribuição de determinados cargos,
evitando que um determinado servidor público com vencimento previsto em lei de determinado valor receba
remuneração muito acima deste padrão.
Dessa forma, a criação dos subsídios fixados em lei, em parcela única, viabiliza o controle da sociedade
de forma mais simples em relação aos valores que são pagos às carreiras de agentes públicos, como
contraprestação pelos serviços prestados.
Art. 39. § 4°. O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prémio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XL (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 19, de 1998)
A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do
direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É
permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a
greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público. (STF, Info 845).
Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do servidor público
dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de greve. STJ. 2ª Turma. RMS
49.339-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016 (Info 592)
#OUSESABER: A greve é um direito entabulado constitucionalmente, no artigo 37, inciso VII, da CF/88. Trata o
citado artigo de norma constitucional de eficácia limitada, pois inexiste para o agente público lei
regulamentando o procedimento para a instauração de greve. Diante da omissão legislativa, o STF pacificou o
entendimento, por meio dos MIs n. 708, 670, aplicando analogicamente a Lei nº 7783/1989 ao caso, visando a
efetivar este direito. De acordo com o novel entendimento do Supremo à luz do REXT 693456/RJ, o desconto
em folha de pagamento dos servidores públicos passa a ser consectário lógico da suspensão do vínculo
funcional decorrente da instauração dos movimentos grevistas. Não se deve admitir que, na reivindicação de
direitos, o movimento paredista prejudique as atividades de outros setores e extirpe os cidadãos dos direitos
fundamentais que circundam o exercício pleno de suas atividades. Assim, a possibilidade do desconto passa a
ser regra geral , sendo despicienda a prévia decretação de ilegalidade da greve para tal fim, somente sendo
vedado quando a paralisação dos serviços for decorrente de conduta ilícita imputável ao Poder Público,
como o atraso de salários. Em que pese a prevalência que deve ser conferida às soluções consensuais dos
conflitos em torno do direito de greve, NÃO há norma cogente à luz da legalidade estrita (art.37/CF/88) que
vincule o Poder Público em condicionar eventual desconto dos dias não trabalhados por servidores grevistas à
frustração prévia de medidas compensatórias ofertadas, conforme entendimento do Supremo Tribunal
Federal. (RE 693456/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 27/10/2016) Neste sentido, entende-se que a compensação dos
dias não trabalhados como meio mais brando que o desconto salarial está no âmbito da discricionariedade
administrativa, sendo, portanto, terreno insidiável ao Poder Judiciário. Por fim, é imperioso salientar que
não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração dos dias parados
e não compensados provenientes do direito de greve, sendo legítimo o parcelamento nas folhas de
pagamento vindouras, conforme entendimento recente do STJ. (RMS 43.339-SP).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O STF decidiu que o art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é
incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro salário (Tema 484 da Repercussão Geral).
Assim, os Vereadores, mesmo recebendo sua remuneração por meio de subsídio (parcela única), podem ter
direito ao pagamento de terço de férias e de décimo terceiro salário. Vale ressaltar, no entanto, que o
pagamento de décimo terceiro e do terço constitucional de férias aos agentes políticos com mandato eletivo
não é um dever, mas sim uma opção, que depende do legislador infraconstitucional. Assim, a definição sobre a
adequação de percepção dessas verbas está inserida no espaço de liberdade de conformação do legislador
infraconstitucional. Em outras palavras, o legislador municipal decide se irá ou não conceder tais verbas aos
Vereadores. Se não houver lei concedendo, eles não terão direito. Desse modo, é possível o pagamento de
terço de férias e de décimo terceiro salário aos Vereadores, mas desde que a percepção de tais verbas esteja
prevista em lei municipal. STF. 1ª Turma. Rcl 32483 AgR/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019
(Info 950).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Algumas Constituições estaduais preveem que a pessoa que tiver
exercido o cargo de Governador do Estado fará jus, após deixar o mandato, a um subsídio mensal e vitalício.
Alguns chamam isso de representação, outros de pensão vitalícia e outros de pensão civil. A previsão desse
pagamento é compatível com a CF/88? NÃO. A instituição de prestação pecuniária mensal e vitalícia a ex-
governadores corresponde à concessão de benesse que não se compatibiliza com a Constituição Federal
(notadamente com o princípio republicano e o princípio da igualdade, consectário daquele), por configurar
tratamento diferenciado e privilegiado sem fundamento jurídico razoável, em favor de quem não exerce
função pública ou presta qualquer serviço à administração. Os ex-Governadores (ou as viúvas) que foram
beneficiados com esse “subsídio” ou com a “pensão” dela decorrente terão que devolver as quantias que
receberam antes do STF declarar inconstitucional a previsão da Constituição Estadual? NÃO. Não é necessária
a devolução dos valores percebidos até o julgamento da ação. Isso por conta dos princípios da boa-fé, da
segurança jurídica e, ainda, da dignidade da pessoa humana. STF. Plenário. ADI 4545/PR, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 5/12/2019 (Info 962).
A Constituição Federal define um teto único a ser aplicado aos servidores públicos, sendo possível a
implantação de subtetos para os servidores dos Estados e Municípios, desde que com previsão nas respectivas
constituições estaduais e leis orgânicas municipais.
O subteto de remuneração do Poder Judiciário foi alvo de discussão jurisprudencial, haja vista o
entendimento de que os membros da magistratura não podem ter tratamento diferenciado, pelo fato de
serem juízes estaduais ou federais, uma vez que atuam no exercício de funções similares e se submetem todos
eles, à Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN (lei complementar n. 35/79).
Posto isso, o Supremo Tribunal Federal se pronunciou no sentido de que os juízes estaduais não se
submetem à regra do subteto, mas sim ao teto de remuneração, qual seja o subsídio do Ministro do STF.
Ainda, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do
respectivo Tribunal de Justiça, limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos
Vereadores.
Vale mencionar que as empresas públicas e sociedades de economia mista também se submetem ao
teto de remuneração previsto na Carta Magna, desde que recebam dinheiro público para custeio de seus
gastos ou para pagamento de pessoal (art. 37, §9°, CF).
Outrossim, para fins de adequação ao teto remuneratório, serão consideradas todas as espécies de
vantagens, sejam elas pessoais ou de qualquer outra natureza, percebidas cumulativamente ou não.
a) Verbas de natureza indenizatória, que não possuem natureza de acréscimo patrimonial, mas sim de
reparação ou devolução de valores ao servidor que teve dispêndio com a prestação do serviço público. Sendo
assim, quando são pagos ao servidor, por exemplo, valores referentes a diárias, a norma se justifica pelo fato
de que o agente precisa ser ressarcido de gastos que teve com hospedagem, transporte urbano e alimentação
em localidade diversa de sua sede para prestação do serviço público.
c) Direitos sociais, previstos no art. 39, §3° da Carta Magna, tais como pagamento de serviço
extraordinário, décimo terceiro salário, adicional de férias, adicional noturno, entre outras verbas.
c) Abono de permanência, pago nos moldes do arr. 40, §19°, ao servidor que tenha completado as
exigências para aposentadoria voluntária integral e, por opção, permaneça na atividade.
*(Atualizado em 28/03/21) É constitucional a norma federal que prevê a forma de atualização do piso
nacional do magistério da educação básica O mecanismo de atualização do piso nacional do magistério da
educação básica, previsto no art. 5º, parágrafo único, da Lei nº 11.738/2008, é compatível com a Constituição
Federal: Art. 5º O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado,
anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009. Parágrafo único. A atualização de que trata o caput
deste artigo será calculada utilizando-se o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno
referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei nº
11.494, de 20 de junho de 2007. STF. Plenário. ADI 4848/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/2/2021
(Info 1007).
Art. 37. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
(...)
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas
subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
(...)
§ 12º Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal
fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
Cuidado para não confundir com esse outro entendimento: Se a pessoa acumular licitamente dois cargos
públicos ela poderá receber acima do teto Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de
cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de
cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos
ganhos do agente público. STF. Plenário. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados
em 26 e 27/4/2017 (Repercussão Geral – Temas 337 e 384) (Info 862).
2.1.3 Indenização
Poderão ser pagos ao servidor indenizações também, gratificações e adicionais, nos termos do art. 49
da Lei n. 8.112/90.
a) Ajuda de custo por mudança (art. 53): destinada a compensar as despesas de instalação do servidor
que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter
permanente, não podendo seu valor superar o montante equivalente a três meses da remuneração;
b) Ajuda de custo por falecimento (art. 53, § 2º): à família do servidor que falecer na nova sede, é
assegurada ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dentro do prazo de um ano, contado do
óbito;
c) Diárias por deslocamento (art. 58): devidas ao servidor que, a serviço, se afastar da sede em caráter
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, tendo direito a passagens e
diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção
urbana, exceto se o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo;
d) Indenização de transporte (art. 60): devida ao servidor que realizar despesas com a utilização de
meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo;
e) Auxílio-moradia (art. 60): é o ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo
servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo
de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor.
*(Atualizado em 29.04.2020) #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O art. 227, VIII, da LC 75/93 prevê que
os membros do MPU terão direito ao pagamento de auxílio-moradia, desde que estejam em uma lotação
considerada particularmente difícil ou onerosa. Esse dispositivo legal autoriza que ato do PGR imponha outras
restrições ao recebimento do auxílio-moradia, como é o caso de prazo máximo de duração do benefício. Desse
modo, a estipulação de prazo de duração para o recebimento do auxílio-moradia não ofende o princípio da
legalidade e está em harmonia com o regime de subsídio, em parcela única, previsto no art. 39, § 4º e no art.
128, § 5º, I, “c”, da CF/88. A fixação de restrição temporal para o recebimento do auxílio-moradia está de
acordo com o princípio da razoabilidade, pois o auxílio-moradia tem caráter provisório e precário, não
devendo se dilatar eternamente no tempo. O recebimento do aludido benefício sem limitação temporal
configuraria verdadeira parcela remuneratória. STF. 2ª Turma. MS 26415/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red.
p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/3/2020 (Info 970).
Quais os argumentos invocados pelo STF para a decisão? Os Ministros ficaram divididos. A 1ª Turma do
STF é composta por 5 Ministros, que votaram assim:
• Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux: votaram pela concessão do mandado de segurança com base no
princípio da segurança jurídica e por não vislumbrarem a ocorrência de má-fé da servidora.
• Ministro Edson Fachin: votou pela denegação do mandado de segurança. Defendeu que deveria ser aplicado
o art. 37, § 5º da CF/88, que, em sua visão, prevê a imprescritibilidade das ações de ressarcimento propostas
pelo Estado contra o agente que tenham causado prejuízos ao erário. Além disso, afirmou que analisar se a
servidora estava ou não de boa-fé é algo que significa reexame de fatos e provas e, portanto, não pode ser
tratado em mandado de segurança, sendo necessária a propositura de uma ação ordinária.
• Ministros Roberto Barroso e Rosa Weber: votaram pela denegação do mandado de segurança. Sustentaram,
no entanto, uma tese diferente do Min. Fachin. Para os Ministros Barroso e Weber, no caso concreto ficou
caracterizada a evidente má-fé da servidora, considerando que ela já residia em Brasília (DF) há muitos anos e
simulou que havia se mudado do Rio de Janeiro para lá com o objetivo de receber o benefício. Assim, como
ficou provada a má-fé, não se aplica o prazo de 5 anos do art. 54, caput, da Lei nº 9.784/99 por causa da parte
final do dispositivo: Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.
Não confundir com o que foi decidido no RE 669069/MG: No RE 669069/MG, um julgado que foi
bastante comentado, o STF decidiu que "é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública
decorrente de ilícito civil." (STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 3/2/2016. Info
813). Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja
ser ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional previsto em lei. Vale ressaltar, entretanto, que
essa tese não alcança prejuízos que decorram de atos de improbidade administrativa que, até o momento,
continuam sendo considerados imprescritíveis (art. 37, § 5º). Desse modo, o caso decidido no RE 669069/MG,
por envolver "ilícitos civis" não se aplica à situação acima explicada, que tratava de uma conduta
administrativa da servidora que, em tese, poderia até mesmo configurar improbidade administrativa.
Súmula vinculante 55: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
O servidor público tem direito também às seguintes retribuições, gratificações e adicionais (art. 61 do
Estatuto):
I – retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento;
II – gratificação natalina, no valor de 1/12 da remuneração correspondente ao mês de dezembro por
mês de exercício no ano corrente;
III – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;
IV – adicional pela prestação de serviço extraordinário, remunerado com acréscimo de 50% em relação
à hora normal trabalhada;
V – adicional noturno, referente a serviços prestados entre as 22 horas de um dia e 5 horas do dia
seguinte, sendo o valor-hora acrescido de 25%, computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos e
trinta segundos;
VI – adicional de férias, no valor de 1/3 da remuneração do período de férias;
VII – outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho;
VIII – gratificação por encargo de curso ou concurso.
#ATENÇÃO - HORA EXTRA. GRATIFICAÇÃO NATALINA. SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS. O adicional pela
prestação de serviço extraordinário (hora extra) não integra a base de cálculo da gratificação natalina dos
servidores públicos federais, pois não se enquadra no conceito de remuneração do caput do art. 41 da Lei n.
8.112/1990. , Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/9/2010.
Não há garantia à continuidade de recebimento de adicional por tempo de serviço em percentual superior
àquele previsto em legislação posterior sob o fundamento de direito adquirido. STF. Plenário. MS 22423/RS,
rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/11/2015 (Info 809).
A decisão judicial que concede a servidor público a gratificação de 13,23% prevista na Lei nº 10.698/2003
afronta a súmula vinculante 37, mesmo que o julgador fundamente sua decisão no art. 37, X, da CF/88 e no
art. 6º da Lei nº 13.317/2016. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. STF. 1ª Turma. Rcl 25927 AgR/SE e Rcl
24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/10/2017
(Info 884). STF. 1ª Turma. Rcl 24965 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 28/11/2017 (Info 886).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Algumas leis municipais preveem que a pessoa que tiver exercido
o cargo de Vereador fará jus, após deixar o mandato, a um subsídio mensal e vitalício. Alguns chamam isso de
representação, outros de pensão vitalícia e outros de pensão civil. A previsão desse pagamento é compatível
com a CF/88? NÃO. O STF fixou a seguinte tese a respeito do tema: Lei municipal a versar a percepção, mensal
e vitalícia, de “subsídio” por ex-vereador e a consequente pensão em caso de morte não é harmônica com a
Constituição Federal de 1988. STF. Plenário. RE 638307/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/12/2019
(Tema 672 – repercussão geral) (Info 964). #IMPORTANTE
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O STF decidiu que o art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é
incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro salário (Tema 484 da Repercussão Geral).
Assim, os Vereadores, mesmo recebendo sua remuneração por meio de subsídio (parcela única), podem ter
direito ao pagamento de terço de férias e de décimo terceiro salário. Vale ressaltar, no entanto, que o
pagamento de décimo terceiro e do terço constitucional de férias aos agentes políticos com mandato eletivo
não é um dever, mas sim uma opção, que depende do legislador infraconstitucional. Assim, a definição sobre a
adequação de percepção dessas verbas está inserida no espaço de liberdade de conformação do legislador
infraconstitucional. Em outras palavras, o legislador municipal decide se irá ou não conceder tais verbas aos
Vereadores. Se não houver lei concedendo, eles não terão direito. Desse modo, é possível o pagamento de
terço de férias e de décimo terceiro salário aos Vereadores, mas desde que a percepção de tais verbas esteja
prevista em lei municipal. STF. 1ª Turma. Rcl 32483 AgR/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019
(Info 950).
2.1.4 Férias
Durante o ano, o servidor tem direito a 30 dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de
2 períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica.
Para ter direito às férias, no primeiro período aquisitivo, serão exigidos 12 meses de exercício,
conforme disposto no art. 77 da Lei n. 8.112/90.
#DEOLHONAJURIS: Maria, servidora pública, estava grávida. A criança nasceu em março/2015. A partir daí,
ela começou a usufruir a licença-maternidade (que é de 180 dias). Em setembro/2015, a servidora retornou
ao trabalho. Quando voltou a trabalhar, Maria foi até o departamento de recursos humanos do órgão e
explicou o seguinte para a diretora do setor: "minhas férias estavam marcadas para julho/2015. Ocorre que
neste período eu estava de licença-maternidade. Logo, minhas férias foram interrompidas e eu quero agora
remarcar esse período de férias referente a julho/2015 para dezembro/2015." O pedido de Maria poderá
ser aceito? NÃO. A Lei nº 8.112/90 não assegura à servidora pública o direito de usufruir, em momento
posterior, os dias de férias já gozados em período coincidente com o da licença à gestante. Ao contrário do
que afirma Maria, houve sim o gozo das férias, ainda que ao mesmo tempo em que ela fazia jus à licença-
maternidade, visto que a referida licença não é causa interruptiva das férias. STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS
39.563-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/8/2015 (Info 566).
2.1.5 Licenças
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do serviço: (Redação dada pela
Medida provisória nº 632, de 2013)
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em
qualquer caso, a 2 (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
a) casamento;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou
tutela e irmãos.
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre
o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compensação de horário no órgão ou entidade que
tiver exercício, respeitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor portador de deficiência, quando comprovada a
necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de horário. (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o As disposições constantes do § 2 o são extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.370, de 2016)
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à compensação de horário a ser efetivada no prazo
de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração é assegurada, na localidade
da nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época,
independentemente de vaga.
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do
servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização judicial.
#SELIGA
SERVIDORES FEDERAIS COM DIREITO A HORÁRIO ESPECIAL
SIM
1) Servidor que for ESTUDANTE
Será exigida compensação de horário, respeitada a
(deverá ser comprovada a incompatibilidade
duração semanal.
entre o horário escolar e o da repartição)
NÃO precisa compensar.
2) Servidor com DEFICIÊNCIA
(deverá ser comprovada a necessidade por junta
médica oficial)
#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei nº 13.370/2016 alterou o § 3º, do art. 98, da Lei nº 8.112/90. A alteração
imposta foi a seguinte:
O servidor que tivesse CÔNJUGE, FILHO ou Com a mudança, o servidor que tenha CÔNJUGE, FILHO
DEPENDENTE com DEFICIÊNCIA já possuía direito a ou DEPENDENTE com DEFICIÊNCIA possui direito a
horário especial, mas precisava fazer compensação horário especial, sem necessidade de fazer
de horário. compensação.
As regras acima alteradas pela Lei 13.370/16 aplicam-se aos servidores públicos estaduais e municipais?
Depende. Os servidores públicos estaduais ou municipais só terão direito a horário especial nas condições
acima expostas se isso for previsto na respectiva lei estadual ou municipal. Exemplo: a Lei Complementar
053/2001, do Estado de Roraima, concede aos servidores públicos estaduais regras de horário especial
semelhantes às que estão previstas na legislação federal. Vale ressaltar que, se não houver previsão na
respectiva lei, entendo que o servidor público estadual ou municipal não terá direito a horário especial, não
sendo possível invocar, por analogia, a Lei nº 8.112/90, sob pena de violação à autonomia administrativa dos
entes.
A apuração é feita em dias, convertida em anos, sendo considerado um ano o período de 365 dias.
Contudo, existem duas regras diferentes:
a) período computado para todos os efeitos (exemplo: exercício de uma vantagem);
b) período computado apenas para fins de aposentadoria (exemplo: algumas licenças; trabalho
exercido na iniciativa privada; tiro de guerra). Art. 102 e 103, Lei nº 8.112/90.
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de efetivo exercício os
afastamentos em virtude de: (Vide Decreto nº 5.707, de 2006)
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, em qualquer parte do território nacional, por
nomeação do Presidente da República;
IV - participação em programa de treinamento regularmente instituído ou em programa de pós-graduação
stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 11.907, de
2009) (Vide Decreto nº 5.707, de 2006)
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção
por merecimento;
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afastamento, conforme dispuser o
regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Vide Decreto nº 5.707, de
2006)
VIII - licença:
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de
serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para efeito de promoção
por merecimento; (Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005)
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
f) por convocação para o serviço militar;
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
X - participação em competição desportiva nacional ou convocação para integrar representação desportiva
nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
XI - afastamento para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual
coopere. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade:
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios e Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do servidor, com remuneração, que exceder a 30
(trinta) dias em período de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o;
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
anterior ao ingresso no serviço público federal;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previdência Social;
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea "b" do
inciso VIII do art. 102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado apenas para nova aposentadoria.
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às Forças Armadas em operações de guerra.
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço prestado concomitantemente em mais de um
cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Município, autarquia,
fundação pública, sociedade de economia mista e empresa pública.
Direito de petição
É o direito de pedir e obter uma resposta. O prazo prescricional tem como termo inicial a ciência do
ato ou publicação da decisão e é de 05 anos no caso de demissão, cassação ou que afetem direitos
patrimoniais e créditos da relação de trabalho. Para os demais casos, o prazo é de 120 dias.
#OBS: Se a ADM reconhece o débito após o prazo prescricional, considera-se como ato de renúncia. Em
consequência, o prazo prescricional conta do ato do reconhecimento–STJ/2012.
O art. 37, VII, da Constituição Federal assegura aos servidores públicos o direito de greve a ser
exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.
Considerando que ainda não foi promulgada tal lei, considera-se que a referida norma é de eficácia
limitada, podendo ser futuramente restringido o alcance do dispositivo pelo legislador infraconstitucional.
Assim, enquanto não houver a sua publicação, aplicam-se as disposições concernentes ao direito de
greve na iniciativa privada, nos termos da Lei n. 7.783/89.
Para o STF, servidores podem fazer greve com base na Lei n. 7.783/89. Nesse sentido, admite-se
desconto dos dias paralisados, exceto se a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público (RE
693.456/RJ).
Contudo, policiais militares ou civis ou federais, bem como servidores que atuem diretamente na
área de segurança pública, não podem fazer greve (STF ARE 654.432). Isso porque trata-se de carreira de
Estado, essencial para a segurança pública. Como alternativa para que a categoria possa vocalizar suas
reivindicações, os respectivos sindicatos de policiais podem acionar o Judiciário para mediação junto ao Poder
Público, nos termos do art. 165 do CPC (STF ARE 654.432).
*Os servidores públicos titulares de cargo efetivo têm direito a regime de previdência social de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de
aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (art. 40
da CF – redação dada pela EC 103/2019).
Esse regime especial de previdência não se aplica aos empregados públicos, aos contratados
temporários e aos ocupantes de cargos em comissão, uma vez que empregados, temporários e comissionados
estão sujeitos ao regime geral de previdência (art. 40 da CF).
Importante frisar que o teto remuneratório para o valor das aposentadorias no serviço público sofreu
alteração com a promulgação da Emenda n. 41/2003. Servidores estatutários que ingressaram nas funções
antes da Emenda n. 41/2003 recebiam aposentadoria integral com montante submetido aos tetos
remuneratórios definidos no art. 37, XI, da Constituição Federal. Após a Emenda n. 41/2003, o teto do valor
das aposentadorias de servidores públicos passou a ser o montante máximo de benefício no regime geral da
Previdência.
*#NOVIDADELEGISLATIVA # EC 103
Art. 37. § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo,
emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rompimento do
vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pensões por morte a seus
dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei
que extinga regime próprio de previdência social."
a) Aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho: desde que ocorra no cargo em que
o servidor estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização
de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da
aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo (Art. 40, I, da CF – com redação dada pela EC
103/2019).
b) Aposentadoria compulsória: aos 70 anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar.
c) Aposentadoria voluntária: em relação aos servidores que cumpriram todos os requisitos até a data
de promulgação da Emenda n. 41/2003, a aposentadoria será calculada, integral ou proporcionalmente, de
acordo com a legislação vigente antes da emenda. Porém, quanto aos servidores que ingressaram no serviço
público após a EC n. 41/2003 e depois da vigência do Plano de Previdência Complementar Para os Servidores
Efetivos, não há mais possibilidade de aposentadoria com proventos integrais, passando seu valor a sujeitar-se
aos patamares do regime geral de previdência. Vale destacar que, com a promulgação da EC 103/2019, houve
modificação do inciso III do artigo 40 da CF:
*Art. 40 (...)
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima
estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de
contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de
idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima
estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de
contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Ademais, os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o
§ 2º do art. 201 da Constituição ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de
Previdência Social (artigo 40, §2º).
A EC 103/2019 instituiu o art. 40, §4º-B, regulando a possibilidade de adoção, pelo ente federativo, de
critérios diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente
socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do
art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. Também é novidade a redação do artigo §4º-C, que prevê idade
e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
Da mesma forma, o art. 40, § 5º, da Constituição Federal disciplina a aposentadoria especial dos
professores, cujos requisitos de idade e tempo de serviço serão reduzidos em cinco anos, para o professor que
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no
ensino fundamental e médio, fixado em lei complementar do respectivo ente federativo.
Vale destacar que o desempenho de função administrativa, estranha ao magistério, não pode ser
considerado para fins da referida aposentadoria especial.
#DEOLHONASÚMULA: Súmula 726 do STF: Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se
computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula.
#FOCANALEI:
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de
aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado:
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando insuscetível de
readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para verificação da
continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente
federativo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade,
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de
idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima
estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de
contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art.
201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social, observado o
disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente
federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios em regime
próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente submetidos a
avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente
socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput
do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades
decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do
respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdência social, aplicando-
se outras vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo
dependente, o benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do respectivo ente federativo , a
qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente de
agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
(...)
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será contado para fins de aposentadoria,
observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspondente será contado para fins
de disponibilidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regime próprio de previdência social, no que couber,
os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o
Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder
Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo,
observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das
aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto no § 16.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na
modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de
entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(...)
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de
cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que opte por permanecer
em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua
contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social e de mais de um órgão ou
entidade gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades
autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios, os
parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o § 22. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei,
for portador de doença incapacitante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) (Revogado pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previdência social, lei complementar federal
estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de responsabilidade
em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o Regime Geral de Previdência Social; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos recursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)
III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
V - condições para instituição do fundo com finalidade previdenciária de que trata o art. 249 e para vinculação
a ele dos recursos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer natureza; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, observados os princípios relacionados com
governança, controle interno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles que desempenhem atribuições relacionadas,
direta ou indiretamente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição de alíquota de contribuições ordinárias e
extraordinárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
*A licença que exceder a 120 dias no período de 12 meses, a contar do primeiro dia de afastamento, é
preciso ser analisada por junta médica. Há também licença por acidente em serviço, tendo o servidor direito a
remuneração integral e ao tratamento. O servidor tem direito à assistência à saúde e garantia de condições
individuais e ambientais satisfatórias de trabalho. O dependente tem direito a pensão vitalícia e temporária,
auxílio reclusão, auxílio funeral e assistência à saúde.
(*Atualizado em 07/08/2022) À luz do art. 227 da Constituição Federal, que confere proteção integral
da criança com absoluta prioridade e do princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista
no art. 7º, XVIII, da CF/88 e regulamentada pelo art. 207 da Lei nº 8.112/90, estende-se ao pai genitor
monoparental.
STF. Plenário. RE 1348854/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/5/2022 (Repercussão Geral –
Tema 1182) (Info 1054).
#DEOLHONAJURIS: O art. 210 da Lei nº 8.112/90, assim como outras leis estaduais e municipais, prevê que o
prazo para a servidora que adotar uma criança é inferior à licença que ela teria caso tivesse tido um filho
biológico. De igual forma, este dispositivo estabelece que, se a criança adotada for maior que 1 ano de idade, o
prazo será menor do que seria se ela tivesse até 1 ano. Segundo o STF, tal previsão é inconstitucional. Foi
fixada, portanto, a seguinte tese: Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-
gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível
fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada. STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 10/3/2016 (repercussão geral) (Info 817).
#OUSESABER: Para fins de concessão da pensão por morte de servidor público federal, a designação do
beneficiário nos assentos funcionais do servidor é prescindível se a vontade do instituidor em eleger o
dependente como beneficiário da pensão houver sido comprovada por outros meios idôneos. STJ. 2 Turma.
REsp 1.486.261-SE, Rei. Mm. Herman Benjamin, julgado em 20/11/2014 (Info 553).
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Não ocorre a prescrição do fundo de direito no pedido de concessão
de pensão por morte, estando prescritas apenas as prestações vencidas no quinquênio que precedeu à
propositura da ação. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.269.726-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
13/03/2019 (Info 644). #IMPORTANTE
#JURIS #SELIGANASÚMULA
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Para saber mais: https://www.dizerodireito.com.br/2018/09/licenca-paternidade-dos-militares-passa.html
DENÚNCIA ANÔNIMA É possível a instauração de processo administrativo com base em “denúncia anônima”?
SIM. Segundo o STJ, não há ilegalidade na instauração de processo administrativo com fundamento em
denúncia anônima, por conta do poder-dever de autotutela imposto à Administração e, por via de
consequência, ao administrador público. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1307503/RR, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 06/08/2013.
#SÚMULAS #STJ:
Súmula 591: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente
autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
Súmula 592: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade se
houver demonstração de prejuízo à defesa.
DEFESA TÉCNICA Súmula Vinculante nº 5 do STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS Após o relatório ter sido produzido pela comissão, ele deverá ser
apresentado ao servidor processado para que este possa impugná-lo? Existe previsão na Lei nº 8.112/90 de
alegações finais a serem oferecidas pelo servidor após o relatório final ter sido concluído? NÃO. Segundo
entende o STJ, NÃO é obrigatória a intimação do interessado para apresentar alegações finais após o relatório
final de processo administrativo disciplinar. Isso porque não existe previsão legal nesse sentido. STJ. 1ª Seção.
MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013. (Info 523)
SERVIDOR JÁ PUNIDO NÃO PODE SER NOVAMENTE JULGADO PARA AGRAVAR SUA PENA Depois do servidor já
ter sido punido, é possível que a Administração, com base na autotutela, anule a sanção anteriormente
cominada e aplique uma nova penalidade mais gravosa? NÃO. A decisão administrativa que põe fim ao
processo administrativo, à semelhança do que ocorre no âmbito jurisdicional, possui a característica de ser
definitiva. Logo, o servidor público já punido administrativamente não pode ser julgado novamente para que
sua pena seja agravada mesmo que fique constatado que houve vícios no processo e que ele deveria receber
uma punição mais severa. Assim, a anulação parcial do processo administrativo disciplinar para adequar a
penalidade aplicada ao servidor, consoante pareceres do órgão correspondente, ensejando aplicação de
sanção mais grave ofende o devido processo legal e a proibição da reformatio in pejus. STJ. 3ª Seção. MS
10.950-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/5/2012 (não divulgado em Info). Tal posicionamento tem
por base a Súmula 19 do STF, que dispõe: “É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no
mesmo processo em que se fundou a primeira.”
INTIMAÇÃO DO PROCESSADO Em processo administrativo disciplinar não é considerada comunicação válida a
remessa de telegrama para o servidor público recebido por terceiro. STJ. 3ª Seção. MS 14.016-DF, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 29/2/2012.
EXCESSO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DO PAD É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que o excesso
de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar não gera, por si só, qualquer nulidade no
feito. O excesso de prazo só tem o condão de macular o processo administrativo se ficar comprovado que
houve fundado e evidenciado prejuízo, pois não há falar em nulidade sem prejuízo (pas de nulité sans grief).
STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013 (Info 521).
NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO CASO DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR Deve ser aplicada a
penalidade de demissão ao servidor público federal que obtiver proveito econômico indevido em razão do
cargo, independentemente do valor auferido (no caso, eram apenas R$ 40,00). Isso porque não incide, na
esfera administrativa, o princípio da insignificância quando constatada falta disciplinar prevista no art. 132 da
Lei 8.112/1990. STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523).
PAD E DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO Deve ser aplicada a penalidade de destituição de cargo em
comissão na hipótese em que se constate que servidor não ocupante de cargo efetivo, valendo-se do cargo,
tenha indicado irmão, nora, genro e sobrinhos para contratação por empresas recebedoras de verbas públicas,
ainda que não haja dano ao erário ou proveito pecuniário e independentemente da análise de antecedentes
funcionais. STJ. 1ª Seção. MS 17.811-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/6/2013 (Info 526).
PRESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Para infrações disciplinares praticadas por servidores públicos: A
regra geral do prazo prescricional para a punição administrativa de demissão é de 5 anos, nos termos do art.
142, I da Lei nº 8.112/90, entre o conhecimento do fato e a instauração do processo administrativo disciplinar.
Quando o servidor público comete infração disciplinar também tipificada como crime, somente se aplicará o
prazo prescricional da legislação penal se os fatos também forem apurados em ação penal. Se não há notícia
de apuração criminal, deve ser aplicado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos, previsto no art. 142, I da Lei nº
8.112/90. Para outras infrações administrativas apuradas pela Administração Pública: Aplica-se o mesmo
raciocínio acima exposto. Desse modo, a pretensão punitiva da Administração Pública em relação à infração
administrativa que também configura crime em tese, somente se sujeita ao prazo prescricional criminal
quando instaurada a respectiva ação penal. STJ. 1ª Turma. REsp 1.116.477-DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
julgado em 16/8/2012 (Info 502).
TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL Para que o prazo prescricional tenha início, é necessário que a
irregularidade praticada pelo servidor chegue ao conhecimento da autoridade competente para instaurar o
PAD ou o prazo já se inicia caso outras autoridades do serviço público saibam do fato? O prazo de prescrição
da pretensão punitiva estatal começa a fluir na data em que a irregularidade praticada pelo servidor tornou-se
conhecida por alguma autoridade do serviço público, e não, necessariamente, pela autoridade competente
para a instauração do processo administrativo disciplinar. STJ. 1ª Seção. MS 20.162-DF, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, julgado em 12/2/2014 (Info 543).
INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS Não deve ser paralisado o curso de processo administrativo disciplinar
apenas em função de ajuizamento de ação penal destinada a apurar criminalmente os mesmos fatos
investigados administrativamente. As esferas administrativa e penal são independentes, não havendo falar em
suspensão do processo administrativo durante o trâmite do processo penal. STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523).
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E SÚMULA VINCULANTE 14 STF A SV 14 NÃO pode ser aplicada para
os casos de sindicância, que objetiva elucidar o cometimento de infrações administrativas. Pela simples leitura
da súmula percebe-se que a sindicância não está incluída em seu texto já que não se trata de procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária. STF. 1ª Turma. Rcl 10771 AgR/RJ, rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 4/2/2014 (Info 734).
As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova
ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração Pública e da própria
coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da
sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre
monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou
instruir procedimento administrativo. STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
15/9/2015 (Info 576).
No caso em que o servidor público foi impedido irregularmente de acumular dois cargos públicos em razão de
interpretação equivocada da Administração Pública, o Estado deverá ser condenado e, na fixação do valor da
indenização, não se deve aplicar o critério referente à teoria da perda da chance, e sim o da efetiva extensão
do dano causado, conforme o art. 944 do CC. STJ. 2ª Turma. REsp 1.308.719-MG, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 25/6/2013 (Info 530).
*Súmula 635-STJ: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em
que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato,
interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo
disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção. STJ. 1ª Seção. Aprovada
em 12/06/2019, DJe 17/06/2019).
É legal a instauração de procedimento disciplinar, julgamento e sanção, nos moldes da Lei nº 8.112/90, em
face de servidor público que pratica atos ilícitos na gestão de fundação privada de apoio à instituição federal
de ensino superior. STJ. 1ª Seção. MS 21.669-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 23/08/2017 (Info 613).
#OUSESABER: Se o candidato tomou posse por força de decisão judicial precária e esta, posteriormente, é
revogada, ele perderá o cargo, mesmo que já o esteja ocupando há muitos anos. Não se aplica, ao caso, a
teoria do fato consumado. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
7/8/2014 (repercussão geral) (Info 753). A situação será diferente se ele se aposentou antes do processo
chegar ao fim. Imagine que o candidato tomou posse no cargo por força de decisão judicial precária.
Passaram-se vários anos e ele, após cumprir todos os requisitos, aposentou neste cargo por tempo de
contribuição. Após a aposentadoria, a decisão que o amparou foi reformada. Neste caso, não haverá a
cassação de sua aposentadoria. Nas palavras do STJ: quando o exercício do cargo foi amparado por decisões
judiciais precárias e o servidor se aposentou, antes do julgamento final de mandado de segurança, por tempo
de contribuição durante esse exercício e após legítima contribuição ao sistema, a denegação posterior da
segurança que inicialmente permitira ao servidor prosseguir no certame não pode ocasionar a cassação da
aposentadoria. STJ. 1ª Seção. MS 20.558-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/2/2017 (Info 600).
A jornada de trabalho do MÉDICO servidor público é de 4 horas diárias e de 20 horas semanais, nos termos da
Lei nº 12.702/2012. A jornada de trabalho do ODONTÓLOGO servidor público é de 6 horas diárias e de 30
horas semanais, nos termos do DL 2.140/84. Essas regras acima explicadas não se aplicam no caso de médicos
e odontólogos que ocupem cargo em comissão ou função de confiança, considerando que, neste caso, terão
que cumprir a jornada normal de trabalho. STF. 2ª Turma. MS 33853/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
13/6/2017 (Info 869).
*#DEOLHONAJURIS #STJ Os médicos cooperados estrangeiros não possuem direito adquirido de permanecer
no Projeto Mais Médicos Inexiste direito adquirido para os médicos cooperados estrangeiros de permanecer
nos quadros de agentes públicos da saúde pública, ainda que já tenham sido vinculados ao Projeto Mais
Médicos para o Brasil. STJ. 2ª Turma. RO 213-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/12/2019
(Info 663).
3. Deveres:
3.1 Proibições:
Uma única conduta do servidor público pode desencadear três processos distintos e independentes
(art. 121):
a) Civil: relacionado à reparação de dano patrimonial;
b) Penal: para apuração de eventual crime;
c) Administrativo: voltado à aplicação de punições funcionais.
A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
prejuízo ao erário ou a terceiros.
A independência das três instâncias vem disposta no art. 125 da Lei n. 8.112/90: As sanções civis,
penais e administrativas poderão cumular -se, sendo independentes entre si.
O mencionado diploma contempla a única hipótese em que a decisão de um processo repercute nas
outras duas instâncias: a responsabilidade administrativa e civil do servidor será afastada no caso de
absolvição criminal que negue a existência do fato ou de sua autoria.
Tal efeito externo da sentença penal absolutória justifica-se pelo fato de que o processo penal, entre
todas as esferas de responsabilização, é o mais “garantista”, além de pautar-se pela busca da verdade real,
projetando a absolvição também sobre as demais instâncias de maneira a evitar decisões contraditórias nos
outros processos.
No caso de condenação criminal, segundo ensina Hely Lopes Meirelles, tal circunstância implica o
reconhecimento automático da responsabilização, pelo mesmo fato, no processo civil e administrativo
porque “o ilícito penal é mais que o ilícito administrativo e o ilícito civil”.
Além disso, modernamente, há mais duas esferas de responsabilização dos agentes públicos: a)
processo de responsabilidade política por crimes de responsabilidade (Lei n. 1.079/50); b) processo de
controle perante órgãos internos (controladorias, corregedorias etc.) e externos (tribunais de contas).
Embora a legislação não discipline expressamente o tema, é coerente sustentar que a absolvição
criminal por negativa de autoria ou ausência de materialidade também faz coisa julgada na ação de
improbidade, na instância política e no processo de controle.
CONCURSO PÚBLICO
Introdução:
Tendo em vista a exigência de realização de concurso público para ingresso na atividade pública
permanente, não se admite qualquer espécie de provimento derivado que permita ao servidor assumir cargo
em outra carreira que não aquela em que foi regularmente investido por meio de concurso.
No mesmo sentido, não se admitem os chamados concursos internos, por meio dos quais antigos
servidores poderiam assumir cargos em nova carreira, criada por lei, que não guarda uniformidade com aquela
carreira na qual o servidor ingressou mediante concurso.
Da mesma forma, o aproveitamento de cargos não poderá ser feito aos servidores em disponibilidade
para assumir novos cargos em carreiras não compatíveis com aquele que havia assumido mediante aprovação
em procedimento seletivo. Com efeito, o servidor em disponibilidade somente poderá ser aproveitado em
cargo com atribuições e atividades compatíveis com aquelas que exercia antes da extinção do cargo ou da
declaração de desnecessidade do próprio, nos termos do art. 41, §3° da CF.
#DIZERODIREITO: O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da
edição da Lei nº 8.935/94, ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório como condição
não apenas para ingresso na atividade notarial e de registro, como também nos casos de remoção ou
permuta. As normas estaduais que admitem a remoção na atividade notarial e de registro
independentemente de prévio concurso público, são incompatíveis com o art. 236, § 3º, da Constituição,
razão pela qual não foram por essa recepcionadas. O prazo decadencial de 5 anos, de que trata o art. 54 da
Lei nº 9.784/99, não se aplica à revisão de atos de delegação de serventias extrajudiciais editados após a
CF/88, sem o atendimento das exigências prescritas no seu art. 236. Assim, se uma pessoa assumiu uma
serventia notarial ou registral sem concurso público após a CF/88, este ato poderá ser anulado mesmo que
já se tenham passado mais de 5 anos. A decisão que anula o ato de investidura em serventia notarial e
registral sem concurso público não viola o direito adquirido nem a segurança jurídica. STF. 1ª Turma. MS
29415/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 27/09/2016 (Info 841).
*(Atualizado em 10/05/2020) #DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF Escrevente notarial do Estado de
São Paulo que se aposentou segundo as regras da Lei estadual nº 10.393/70 pode ser atingido pelas regras
da Lei estadual 14.016/2010, que alterou a forma de reajuste das aposentadorias e aumentou as alíquotas
da contribuição previdenciária.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
O ingresso no serviço público deve orientar-se pelos princípios constitucionais que norteiam a atuação
estatal e não de interesses particulares, a fim de beneficiar pessoas específicas. Primeiramente, em garantia ao
princípio da impessoalidade, o texto constitucional prevê ampla acessibilidade aos cargos e empregos
públicos, prevendo, no art. 37, I que devem ser acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da legislação aplicável.
Inicialmente, a CF, ao dispor acerca da acessibilidade para brasileiros, autoriza amplamente o ingresso
nas carreiras públicas, desde que cumpridos os demais requisitos de lei, aos brasileiros natos, aos
naturalizados e também aos portugueses equiparados, nos moldes do art. 12, §1°, da Constituição Federal que
garante a estes cidadãos, em havendo reciprocidade em favor de brasileiros, todos os direitos inerentes aos
cidadãos nacionais.
Por outro lado, o art. 12, §3°, da CF, define alguns cargos que somente podem ser preenchidos por
brasileiros natos. Trata-se de cargos de chefia que decidem sobre os rumos da nação brasileira e de extrema
relevância à garantia da segurança nacional:
O requisito básico para garantia dos princípios da impessoalidade, moralidade e da isonomia no acesso
a cargos públicos é a realização de concurso público, de provas ou de provas e títulos, uma vez que os critérios
de seleção são objetivos, não se admitindo quaisquer discriminações indevidas.
Ao entrar em exercício, o servidor ocupante de cargo efetivo ou vitalício inicia o estágio probatório, ou
seja, um período de avaliação durante o qual deverá demonstrar aptidão e capacidade para o exercício do
cargo, observados os seguintes fatores:
a) assiduidade;
b) disciplina;
c) capacidade de iniciativa;
d) produtividade;
e) responsabilidade.
Durante esse período, o servidor poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou
função de direção, chefia ou assessoramento, desde que no mesmo órgão ou entidade.
Frise-se que no caso dos cargos públicos vitalícios (magistrados, membro do Ministério Público e
membros dos Tribunais de Contas), o estágio probatório tem duração de dois anos, após os quais o servidor
adquire vitaliciedade, só podendo perder o cargo por sentença judicial transitada em julgado.
Quanto aos cargos efetivos, a duração do estágio probatório é de três anos, ou trinta e seis meses,
mesmo período exigido para o servidor ocupante de cargo efetivo adquirir estabilidade.
Ademais, durante o estágio probatório, o servidor somente terá direito a licenças e afastamentos nas
seguintes hipóteses (art. 20, § 4º, da Lei n. 8.112/90):
Assim, é nula a dispensa de servidor em estágio probatório sem o devido processo administrativo com
garantia de contraditório e ampla defesa.
Havendo extinção do cargo durante o estágio probatório, o servidor será exonerado de ofício porque
ainda não goza de estabilidade.
Nesse sentido, como também já mencionado, o art. 12, §3° da Constituição Federal define que
somente os brasileiros natos poderão assumir os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, de
Presidente da Câmara dos Deputados, de Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo Tribunal
Federal, da carreira diplomática, de oficial das Forças Armadas e de Ministro de Estado da Defesa".
Do mesmo modo, o art. 89, VII, da Carta Magna, ainda limita a composição do Conselho da República a
seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo
Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos
com mandato de três anos, vedada a recondução.
Nos termos do art. 5°, II, da lei 8.112/90, aqueles que, de alguma forma, não estiverem em pleno gozo
dos direitos políticos não poderão ingressar na carreira pública federal.
Art. 37. § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível.
O candidato deve demonstrar por meio de certidões extraídas nos respectivos órgãos, a ausência de
eventuais pendências.
Vale destacar que há vinculação direta ao princípio da razoabilidade, não se admitindo exigências
superiores às necessidades da função, sob pena de se caracterizar uma forma indevida de restrição ao acesso
de cargos e funções públicas.
*(Atualizado em 14/12/2021): O candidato que possua qualificação superior àquela exigida para o cargo, no
edital, tem direito de a ele concorrer.
O candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital, exige título de Ensino
Médio profissionalizante ou completo com curso técnico em área específica, caso não seja portador desse
título mas detenha diploma de nível superior na mesma área profissional. Caso concreto: candidato foi
aprovado no concurso para o cargo de Técnico de Laboratório – Área Química. O edital exigia, como
qualificação para o exercício do cargo, “ensino médio profissionalizante na área, ou ensino médio completo
com curso técnico na área (Área Química)”. O candidato não possui ensino médio profissionalizante nem curso
técnico na área química. No entanto, ele possui uma qualificação superior e relacionada com a área: ele é
formado em Química (possui bacharelado em Química), além de ter concluído Mestrado em Química. STJ. 1ª
Seção. REsp 1.888.049-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1094)
(Info 710).
Trata-se de limitação ao ingresso em cargos, empregos e funções públicas, àqueles que tenham
condições de exercer as atribuições definidas para os agentes integrantes da carreira, não se admitindo
critérios discriminatórios, ou com a intenção de frustrar e limitar a participação na competição.
Dessa forma, a vedação deve estar amparada nas funções específicas do cargo a ser assumido, sob
pena de afronta direta ao princípio da isonomia.
Assim, pode-se dizer que a impossibilidade de ingresso na carreira por qualquer deficiência deve-se
justificar plenamente em virtude das atribuições dispostas na lei que organiza a carreira. Qualquer outra
espécie de restrição se configuraria fraude à garantia de ampla competição para ingresso na atividade estatal.
Nesse sentido, a Lei 8.112/90 reserva até 20% das vagas às pessoas com deficiência, desde que essa
deficiência não impeça o exercício da função do cargo a ser assumido. Dessa forma, a lei não dispõe acerca do
percentual, definindo somente um percentual máximo a ser garantido, competindo ao edital do concurso
definir com exatidão a quantidade de vagas que serão destinadas a estes candidatos.
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o fim
de disputar as vagas reservadas em concursos públicos. STJ. Corte Especial. Aprovada em 04/11/2015.
Súmula 377-STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas
reservadas aos deficientes.
Súmula 683-STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º,
XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Súmula 45-AGU: Os benefícios inerentes à Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência devem ser estendidos ao portador de visão monocular, que possui direito de concorrer, em
concurso público, à vaga reservada aos deficientes. Surdez unilateral: NÃO é considerada deficiência para
fins de concurso público. Cegueira unilateral: É considerada deficiência para fins de concurso público.
Súmula nº 684-STF: É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público.
Súmula nº 685-STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se,
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a
carreira na qual anteriormente investido.
Súmula nº 266-STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não
na inscrição para o concurso público.
#OUSESABER: A CF/88, sobre o tema da previsão de reserva de vagas para pessoas com deficiência, dispõe:
Art. 37 (...) VIII — a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
No âmbito federal, foram estabelecidas regras no art. 5º, parágrafo segundo, da Lei 8.112/90 e do art. 37 do
Decreto 3.298/99. Cumpre à cada Estado editar normas também para assegurar tal reserva de vagas para as
pessoas com deficiência. Quanto ao enquadramento portador de surdez unilateral nas vagas para
deficientes, a súmula do STJ foi editada com base no Decreto 3.298/99, editado para regulamentar a Lei
7.853/99, a qual dispõe sobre a Política Nacional para a Integração das Pessoas com Deficiência. Em seu art.
4º, o Decreto assim define a deficiência auditiva: Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a
que se enquadra nas seguintes categorias: II — deficiência auditiva — perda bilateral, parcial ou total, de
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e
3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004). Pelo fato, então, de o decreto estabelecer que deve
ocorrer a perda bilateral, e não apenas a unilateral, e em razão do princípio da legalidade, não deve o
portador de surdez unilateral concorrer nas vagas reservadas às pessoas com deficiência, segundo o STJ.
#OUSESABER: O STF entendeu que: “não há qualquer violação a direito líquido e certo por parte da
autoridade coatora em selecionar os candidatos melhores classificados em número razoável, como ocorreu
no presente caso, para prosseguimento nas demais fases do certame, não se observando, no caso, qualquer
afronta o percentual de 5% legalmente previsto, para reserva de vagas destinadas aos portadores de
deficiência. (Ag.Reg. em MS 30.195/DF). Resumidamente, é plenamente possível haver a imposição de
cláusula de barreira para prosseguimento em fases subsequentes de concurso público, ainda que se trate
de candidatos portadores de necessidades especiais.
Nos termos do art. 5°, V, da lei 8.112/90, é de 18 anos a idade mínima para ingresso em cargos
públicos federais, coincidindo com a maioridade civil.
Ocorre que, em relação à exigência de idade máxima, é relevante relembrar que a determinação
legislativa de aptidão física e mental para o exercício do cargo não pode restringir o acesso aos cargos,
empregos e funções públicas, de forma indevida, somente sendo admitida, caso a exigência seja
compatível com a função a ser exercida pelo agente.
Assim, a definição de idade máxima para participação em concursos públicos deve ter justificativa
previamente estipulada pelo respectivo ente, em razão das atribuições do cargo, e se restringe a situações
excepcionais.
Frise-se que tal razoabilidade deve ser observada não somente para a restrição de idade, mas
também em relação a sexo (masculino ou feminino), altura mínima, etc.
#SELIGA:
De qualquer forma, a realização do exame psicotécnico fica submetida à autorização por meio de lei.
Ademais, além da exigência de previsão legal, a doutrina e jurisprudência vêm-se orientando no sentido de
que a realização do psicoteste deve ser definida no edital do concurso com regras objetivas que justifiquem a
aptidão ou não para o exercício do cargo.
Qualquer margem para critérios subjetivos pode significar uma restrição ilícita de acesso às funções
estatais. Ainda, para que se garanta a lisura do exame psicotécnico, após o resultado acerca da aptidão ou não
para o exercício das funções, deve ser concedido ao candidato prazo para interposição de recurso
administrativo da decisão.
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a
cargo público.
Súmula 686-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
Súmula 35-AGU: O exame psicotécnico a ser aplicado em concurso público deverá observar critérios
objetivos, previstos no edital, e estará sujeito a recurso administrativo.
#DEOLHONAJURIS:
Constatada a ilegalidade do exame psicotécnico, o candidato deve ser submetido a nova avaliação,
pautada por critérios objetivos e assegurada a ampla defesa
É válida a realização do exame psicotécnico em concursos públicos desde que cumpridos os seguintes
requisitos: a) o exame precisa estar previsto em lei e no edital; b) deverão ser adotados critérios objetivos
no teste; c) o resultado deve ser público com a possibilidade de o candidato prejudicado apresentar recurso.
Se exame psicotécnico não adotou critérios objetivos ou não permitia a possibilidade de recurso, a
providência correta não será a simples aprovação do candidato outrora reprovado, mas sim a realização de
nova avaliação pautada por critérios objetivos e assegurada a ampla defesa. É incabível a providência de se
determinar a posse candidato no cargo, pois não se pode suplantar a fase do concurso relativa ao exame
psicotécnico, para garantir judicialmente a nomeação do candidato. Nessa hipótese, deve ser realizado novo
exame, compatível com as deficiências do candidato, bem como que atenda aos critérios de objetividade,
cientificidade e possibilidade de recurso. STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 51809/RS, Rel. Min. Francisco Falcão,
julgado em 01/03/2018.
Ação questionando critérios do psicotécnico previstos no edital deve ser proposta contra a entidade que
promoveu o concurso (e não contra a instituição contratada)
Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em razão da
subjetividade dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a legitimidade passiva
será da entidade responsável pela elaboração do certame. Ex: o Estado do ES abriu concurso para agente
penitenciário. O CESPE foi contratado para realizar as provas. João inscreveu-se no certame e foi aprovado
nas provas teóricas, tendo sido, contudo, reprovado no exame psicotécnico. Diante disso, João quer ajuizar
ação ordinária questionando os critérios de avaliação do exame psicotécnico previstos no edital sob o
argumento de que eles eram subjetivos. Essa ação terá que ser proposta contra o Estado do ES (e não
contra o CESPE). STJ. 1ª Turma. REsp 1425594-ES, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 7/3/2017 (Info
600).
Prévia solicitação
A candidata deverá previamente solicitar esse direito à instituição organizadora.
Sabe-se que a exigência de concurso público pode ser excepcionalizada por disposição constitucional.
De fato, para assunção de determinados cargos ou funções, a realização de concurso não atende às
necessidades de interesse público, o que enseja a possibilidade de ingresso mediante nomeação direta.
a) Cargos em comissão: o próprio art. 37, II da Carta Magna define que estes cargos são ocupados para
exercício de funções de direção, chefia e assessoramento e, em virtude da necessidade de confiança pessoal
que possuem estas atividades, são cargos de livre nomeação e livre exoneração. Com efeito, não pode ser
criado, ainda que por meio de lei, cargo em comissão para o exercício de atividades eminentemente técnicas;
c) Cargos eletivos: trata-se de agentes políticos nomeados para exercerem função de representação
da sociedade e, como tais, precisam ser eleitos pelo povo, como forma de manifestação da democracia. A
vontade do povo, nestes casos, não pode se submeter a provas e títulos;
d) Ex-combatentes: desde que tenham participado, de forma efetiva, de operações na Segunda Guerra
Mundial, nos termos definidos pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, em seu art. 53, I.
e) Agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias: consoante previsão no art.
198, §4° da Carta Magna, por se tratar de situação excepcional.
Além das mencionadas exceções, a Constituição Federal ainda prevê a nomeação direta, sem a
necessidade de realização de concursos públicos para os Ministros dos Tribunais de Contas, do Supremo
Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, além dos ministros dos demais tribunais superiores (STM,
TST, TSE).
Em todos estes casos, há a previsão constitucional de nomeação por decisão política, sem a
necessidade de realização de provas de concursos ou quaisquer processos seletivos.
Em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista, é sabido que se trata de entidades
de direito privado, integrantes da Administração Indireta e, por este motivo os agentes que atuam na
prestação de serviços na estrutura destas entidades são agentes públicos, classificados como empregados,
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, prestando serviço mediante a celebração de contrato de
emprego, não se admitindo a regulação da atividade por meio de regime estatutário de servidores, com
exceção dos seus dirigentes, uma vez que estes são servidores detentores de cargo em comissão, nomeados
livremente pelo ente da Administração Direta responsável pela instituição da empresa.
Com efeito, por serem detentores de cargos em comissão, os dirigentes das empresas estatais não
dependem de concurso público para sua nomeação. Por sua vez, em relação aos demais agentes destas
entidades, não obstante sejam empregados, contratados pelo regime da CLT, com vínculo empregatício, por
meio de relação contratual de emprego, estes servidores se submetem a algumas restrições aplicáveis aos
servidores públicos em geral, inclusive no que tange à necessidade de aprovação em concurso público.
Posto isso, para que sejam admitidos na relação de emprego, esses empregados devem ter sido
previamente aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos, consoante disposto no art. 37, II
da Constituição Federal, salvo as hipóteses de contratação excepcional para prestação de serviços
temporários, nos moldes definidos pelo art. 37, IX, da Carta Magna, quando, então, a contratação pode ser
feita mediante procedimento seletivo simplificado.
#DEOLHONAJURIS: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.
VIOLAÇAO DO ART 535 DO CPC. NAO OCORRÊNCIA. PRETENSAO DE PREQUESTIONAMENTO DE
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INADMISSIBILIDADE. CONSELHOS DE FISCALIZAÇAO PROFISSIONAL.
NATUREZAJURÍDICA. AUTARQUIAS CORPORATIVAS. REGIME JURÍDICO DE CONTRATAÇAO DE
FUNCIONARIOS. CONVERSAO DO REGIME CELETISTA PARA O ESTATUTARIO. INCIDÊNCIA DA LEI N. 8.112190.
DEMISSAO IRREGULAR. NECESSIDADE DE PRÉVIO PROCESSO ADMINISTRATIVO. INAPLICABILIDADE DA LEI N°
9.649198. 1. Não há vício consistente em omissão, contradição ou obscuridade quando o Tribunal de origem
decide, fundamentadamente, todas as questões postas ao seu crivo. O mero inconformismo da parte com o
julgamento contrário à sua pretensão não caracteriza falta de prestação jurisdicional. 2. Não cabe a esta
Corte Superior, na via especial, a análise de violação a dispositivos constitucionais, ainda que com o objetivo
de prequestionamento visando à interposição do apelo extraordinário, sob pena de haver a usurpação de
competência do Supremo Tribunal Federal. 3. Este Tribunal Superior consagrou o entendimento de que, por
força no disposto no Decreto-Lei n. 968/69, o regime dos funcionários dos Conselhos de Fiscalização de
Profissões era o celetista. Após a Constituição Federal de 1988 e com o advento da Lei n. 8.112/90, foi
instituído o regime jurídico único, sendo os funcionários dessas autarquias alçados à condição de
estatutários, situação que perdurou até a Emenda Constitucional n. 19/98 e a entrada em vigor da Lei n.
9.649/98, a qual instituiu novamente o regime celetista. 4. No julgamento da ADI n. 1.717/DF, o Supremo
Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do art. 58 e seus§§ 1°, 2°, 4°, 5°, 6°, 7° e 8°, da Lei n.
9.649/98, afirmando que os conselhos de fiscalização profissional possuem natureza de autarquia de regime
especial, permanecendo inc6lume o art. 58, § 3°, que submetia os empregados desses conselhos à
legislação trabalhista. 5. Posteriormente, no julgamento da ADI n, 2.135 MC/DF, foi suspensa a vigência do
caput do art. 39 da Constituição Federal, com a redação dada pela EC n. 19/98. Dessa forma, subsiste,
atualmente, para a Administração Pública direta, autárquica e fundacional, a obrigatoriedade de adoção do
regime jurídico único, ressalvadas as situações consolidadas na vigência da legislação editada nos termos da
aludida emenda declarada suspensa. 6. No caso dos autos, a autora fui admitida pelo Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro por concurso público em 1°/3/1965, pelo
regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e, com o advento da Lei n. 8.112/1990, passou à
condição de servidora pública federal estatutária, de modo que não poderia ter sido demitida em 6/3/1997
sem a observância das regras estatutárias então vigentes. 7. Agravo regimental a que se nega provimento.
AgRg no Rfup 1164129 I RJ AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2009/0214127-4 / Djo
15/02/2013
*#DEOLHONAJURIS #STJ A Caixa Econômica Federal, embora vinculada como empresa pública ao Estado,
executa uma atividade econômica em ambiente de concorrência. A terceirização pela Caixa Econômica
Federal dos serviços jurídicos não se revela ilegal, considerando que esses serviços não estão relacionados
com a atividade-fim da empresa. STJ. 2ª Turma. REsp 1.318.740-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Rel. Acd.
Min. Og Fernandes, julgado em 16/10/2018 (Info 659).
O prazo de validade do concurso público é de até 2 anos, admitindo-se uma única prorrogação por
mesmo período, nos moldes do art. 37, III, da Constituição Federal, competindo ao edital do certame, desde
que obedecidos os limites e parâmetros constitucionalmente estipulados, a definição do seu prazo efetivo de
validade.
Assim, caso o edital do concurso preveja a duração de 1 ano para o certame, a prorrogação deverá
respeitar esse limite temporal. Compete ao administrador público, em cada caso concreto, definir se há
interesse na prorrogação do concurso, com base em critérios de oportunidade e conveniência, devidamente
motivados, devendo a eventual prorrogação ocorrer antes do término de vigência originário, sob pena de se
tornar impossível.
O edital é ato administrativo discricionário expedido pela Administração Pública para definir regras
básicas de ingresso em determinados cargos ou empregos públicos, devendo suas normas se adequar à lei e
aos princípios constitucionais aplicáveis à atuação do Estado.
É sabido, porém, que a discricionariedade sempre se encontra limitada pela lei e, neste sentido, o
edital não pode estipular regras e requisitos de ingresso que extrapolem as reais necessidades daquele cargo
ou emprego, sob pena de violação aos princípios constitucionais de isonomia, impessoalidade e moralidade
administrativa.
Ademais, uma vez publicado o edital, seus termos vinculam todos aqueles que pretendem participar
do certame, assim como a própria Administração Pública que ficará obediente aos ditames ali estabelecidos.
Com efeito, é pacífico o entendimento de que o Poder Judiciário não pode substituir-se à banca
examinadora, definindo critérios de seleção e reavaliando provas e notas atribuídas a candidatos, sob pena de
adentrar no mérito da atuação discricionária da Administração Pública, em clara violação ao princípio
constitucional da separação de poderes.
Por sua vez, é cediço que o instrumento convocatório não pode definir critérios de escolha e
requisitos de admissão que extrapolem os princípios da razoabilidade e isonomia e, por óbvio, a ocorrência de
tais abusos exige a possibilidade de correção, na via judicial, desde que haja provocação para atuação deste
Poder.
#DEOLHONAJURIS:
*#DIZERODIREITO #STF: Em concurso para taquígrafo, não se anula prova prática de registro taquigráfico
pelo simples fato de o edital prever que o ditado seria feito com velocidade variável e crescente e, no dia do
teste, o ditado ter sido realizado de forma decrescente. Não se evidencia que isso, em princípio, gere
quebra de isonomia entre os candidatos, além de não haver prejuízo, aplicando-se o princípio pas de nullité
sans grief. STF. 2ª Turma. RMS 36305/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/9/2019 (Info 952).
4. Nulidade do concurso
Caso o concurso público para provimento de cargos ou de empregos na Administração Pública sofra de
alguma irregularidade, a sua invalidação induz à invalidação da nomeação efetivada ou da contratação feita.
Dessa forma, o agente público investido no exercício de suas funções em virtude de procedimento
seletivo inválido, não tem legitimidade para o exercício das suas funções e deve ser desligado dos quadros do
órgão público.
2ª) Se o ato praticado é questionado pela Administração Pública, que, desde o início defende que ele é
irregular: neste caso não se deve aplicar a teoria do fato consumado, mesmo que tenha transcorrido muitos
anos. Nessa segunda hipótese, verificada ou confirmada a ilegalidade, o ato deverá ser desfeito, salvo se
tiver havido uma consolidação fática irreversível (ou seja, não é possível voltar ao "status quo ante").
Com efeito, acerca do tema, a doutrina e jurisprudência não admitem a aplicação da teoria do fato
consumado, haja vista a impossibilidade de se convalidar procedimento irregular, em respeito aos princípios
da isonomia, impessoalidade e moralidade administrativa.
Importa ainda ressaltar que, a despeito de não se poder convalidar o ato de nomeação decorrente de
concurso ilegal, os atos praticados por este agente irregularmente investido, por se revestirem de legalidade
aparente, devem ser mantidos para se evitar prejuízos a terceiros que acreditaram na atuação estatal.
Nesse sentido, aplica-se a teoria do funcionário de fato ou a teoria da aparência que, em nome da boa-
fé de terceiros que travaram relações com a Administração Pública, mantém válidos os efeitos produzidos
pelos atos praticados por estes agentes putativos, que ostentavam aparência de agente público, no exercício
da atividade.
Assim, a anulação do concurso enseja a invalidade dos atos de nomeação dele decorrente e justifica a
retirada do servidor dos quadros da Administração Pública. Caso o concurso tenha sido concluído com a
definição dos aprovados, a sua declaração de nulidade deve ser precedida de processo administrativo com
as garantias de contraditório e ampla defesa.
Finalmente, insta frisar que a nulidade do ato de nomeação de servidores não pode justificar o não
pagamento das remunerações pelos serviços efetivamente prestados pelo agente, sob pena de
enriquecimento sem causa do poder público que se valeu da força de trabalho e não pode retornar ao status
quo ante.
#DEOLHONAJURIS: A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar remoção de
servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade
estrita, ainda que tal situação haja perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada
por ocasião do julgamento de mérito. STJ. Corte Especial. EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado
em 7/12/2016 (Info 598).
Em razão disso, é proibida a realização de novo concurso público para preenchimento de cargos em
uma determinada carreira, enquanto estiver vigente concurso anterior com o mesmo propósito, desde que
não tenha sido esgotada a lista de aprovados do certame em andamento.
Com a intenção de corrigir as discrepâncias legais sem, contudo, atingir os direitos dos candidatos, a
Emenda Constitucional n. 19/98, alterando o art. 37, IV da Constituição da República, admitiu a realização do
novo processo seletivo, desde que seja respeitada a ordem de preferência aos candidatos aprovados no
concurso anterior.
O dispositivo passou a definir que "durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação,
aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre
novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira''.
#OUSESABER: É possível prorrogar a validade de concurso público quando já expirado o seu prazo inicial?
Sobre o prazo de concurso público, cabe lembrar a disposição constitucional sobre o tema. Vejamos: Art. 37
- III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
A respeito do indagado, o STF já emitiu posicionamento em sentido negativo. Vejamos: Impossibilidade de
prorrogar a validade do concurso quando já expirado o seu prazo inicial. [AI 452.641 AgR, rel. min. Nelson
Jobim, j. 30-9-2003, 2ª T, DJ de 5-12-2003.]
Segundo o art. 37, inciso II, da CF, a ocupação de cargo efetivo dependerá de aprovação prévia em
concurso público de provas ou provas e títulos.
Porém, nem sempre a condição de aprovado garante a nomeação do candidato. Isso porque, para ter
direito à nomeação e, por consequência, à posse, o candidato deve ser aprovado dentro do número de vagas
oferecidas pelo edital. Sendo assim, em observância aos princípios da boa-fé e segurança jurídica, a
Administração Pública se obriga a realizar a nomeação dos candidatos aprovados em colocação condizente
com o número de vagas que estava prevista no edital do certame, dentro do prazo de validade do concurso
público, sob pena de omissão ilícita.
Fora dessa condição, como regra, o aprovado (fora das vagas) tem mera expectativa de direito à sua
nomeação.
Em síntese, a aprovação em concurso público, como regra, gera simples expectativa de direito à
nomeação. Porém, haverá direito subjetivo (ou direito adquirido) à nomeação nas seguintes hipóteses
excepcionais:
1) preterição da ordem classificatória (gera direito imediato à posse para todos os preteridos, exceto
se a preterição ocorreu pela via judicial);
2) contratação temporária para a mesma função (direito imediato à posse do mesmo número de
contratados);
3) aprovação dentro do número de vagas anunciadas no edital (direito à posse surge com a
proximidade do encerramento do prazo de validade do concurso);
4) requisição de servidores para exercício da mesma tarefa a ser provida pelo concurso (direito
imediato à posse do mesmo número de requisitados);
5) desistência do candidato aprovado na posição imediatamente anterior (direito imediato à posse do
mesmo número de desistentes);
6) convocação dos candidatos para apresentar documentos necessários à nomeação (direito imediato
à posse dos convocados);
7) prática de qualquer ato inequívoco que torne incontestável a necessidade do preenchimento de
novas vagas.
A jurisprudência também vem definindo situações nas quais, mesmo fora das vagas, o candidato terá o
direito à nomeação:
#DEOLHONAJURIS:
*(Atualizado em 28/12/2021) Pandemia, crise econômica e limite prudencial atingido para despesas com
pessoal não são motivos suficientes para se deixar de nomear o candidato aprovado dentro do número de
vagas do concurso público. Para a recusa à nomeação de aprovados dentro do número de vagas em
concurso público devem ficar comprovadas as situações excepcionais elencadas pelo Supremo Tribunal
Federal no RE 598.099/MS, não sendo suficiente a alegação de estado das coisas - pandemia, crise
econômica, limite prudencial atingido para despesas com pessoal -, tampouco o alerta da Corte de Contas
acerca do chamado limite prudencial. A recusa à nomeação dos candidatos aprovados dentro do número de
vagas deve ser a última das alternativas, somente sendo adotada quando realmente já não houver outra
saída para a Administração Pública. STJ. 1a Turma. RMS 66.316-SP, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF da 5a Região), julgado em 19/10/2021 (Info 715).
O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação caso
surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja manifestação inequívoca da
administração sobre a necessidade de seu provimento e não tenha restrição orçamentária. STJ. 1ª Seção.
MS 22.813-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/06/2018 (Info 630).
A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por meio de ato judicial, à qual atribuída
eficácia retroativa, não gera direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse
ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 8/6/2017 (repercussão geral) (Info 868).
Determinado candidato foi aprovado fora do número de vagas. Todos os aprovados dentro do número de
vagas foram nomeados e empossados. Durante o prazo de validade do concurso, um servidor se aposentou,
mas não houve autorização do Ministério do Planejamento para que o órgão federal fizesse o provimento
desta vaga. Um mês após o fim do prazo de validade do concurso, a Administração Pública abriu novo
concurso para este cargo. O STF entendeu que este candidato não possui direito líquido e certo à nomeação
porque: * foi aprovado fora do número de vagas previsto no edital; e * o prazo de validade do concurso em
que ele foi aprovado expirou antes da abertura do novo certame. * realmente surgiu uma vaga decorrente
da aposentadoria, mas não houve manifestação do órgão competente se havia disponibilidade
orçamentária para que este cargo fosse imediatamente provido. O mero surgimento de vagas ou a abertura
de novo concurso para o mesmo cargo não gera direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado fora
do número de vagas, cabendo a ele demonstrar, de forma inequívoca, que houve preterição arbitrária e
imotivada por parte da administração pública. No caso concreto, o STF entendeu que isso não ficou
comprovado. Assim, para o Tribunal, a situação não se enquadra nas hipóteses previstas no RE 837311/PI.
STF. 1ª Turma. RMS 31478/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado
em 9/8/2016 (Info 834).
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados
fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da
administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a
inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser
demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado
em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de
vagas dentro do edital; b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação; e c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame
anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração
nos termos acima. STF. Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (repercussão
geral) (Info 811).
7. Proibição do nepotismo:
Em homenagem ao princípio da indisponibilidade do interesse público, toda a atuação do
administrador deve-se pautar, unicamente, na busca pelo interesse da coletividade, não dando margem a
escolhas pessoais, com a intenção de beneficiar pessoas determinadas.
Nesse sentido, todos os atos praticados pelos agentes estatais respeitam a impessoalidade, ou seja,
não são definidos em razão da pessoa que será atingida pela conduta pública, além de visar a uma maior
eficiência na execução da atividade administrativa. Isso porque as atividades públicas se pautam também pela
moralidade e isonomia, como princípios orientadores da atuação do Estado.
Assim, a nomeação de parentes ou cônjuge da autoridade pública nomeante vai de encontro a todos
estes princípios, não encontrando qualquer respaldo no ordenamento constitucional vigente.
Sobe o tema, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que a vedação ao nepotismo
configura aplicação direta dos princípios previstos no art. 37 da Carta da República e, sendo assim, não
depende da edição de lei formal para que seja aplicado a todos os entes federados, em qualquer dos seus
poderes.
#DEOLHONAJURIS: A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se tratar
de cargo público de natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa. STF. 2ª
Turma. Rcl 22339 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018
(Info 914). Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política, como, por
exemplo, Secretário Municipal. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra
sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o
fundamento de que tal prática não configura nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado
o nepotismo mesmo em se tratando de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de
razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do
nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.
A contratação, por agente político, de parentes para cargos em comissão ocorrida antes da Súmula
Vinculante 13 configura ato de improbidade administrativa?
• NÃO. Não configura improbidade administrativa a contratação, por agente político, de parentes e afins
para cargos em comissão ocorrida em data anterior à lei ou ao ato administrativo do respectivo ente
federado que a proibisse e à vigência da Súmula Vinculante 13 do STF. STJ. 1ª Turma. REsp 1.193.248-MG,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 24/4/2014 (Info 540).
• SIM. A prática de nepotismo configura grave ofensa aos princípios da administração pública, em especial
aos princípios da moralidade e da isonomia, enquadrando-se, dessa maneira, no art. 11 da Lei nº 8.429/92.
A nomeação de parentes para ocupar cargos em comissão, ainda que ocorrida antes da publicação da
Súmula vinculante 13, constitui ato de improbidade administrativa, que atenta contra os princípios da
administração pública, nos termos do art. 11 da Lei n. 8.429/92, sendo despicienda a existência de regra
explícita de qualquer natureza acerca da proibição. STJ. 2ª Turma. REsp 1643293/MG, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 28/03/2017.
Não há nepotismo na nomeação de servidor para ocupar o cargo de assessor de controle externo do
Tribunal de Contas mesmo que seu tio (parente em linha colateral de 3º grau) já exerça o cargo de assessor-
chefe de gabinete de determinado Conselheiro, especialmente pelo fato de que o cargo do referido tio não
tem qualquer poder legal de nomeação do sobrinho. A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13
com o art. 37 da CF/88 não decorre diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa
designada e agente político ou servidor público, mas de presunção de que a escolha para ocupar cargo de
direção, chefia ou assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com relação de parentesco com quem
tenha potencial de interferir no processo de seleção. STF. 2ª Turma. Rcl 18564/SP, rel. orig. Min. Gilmar
Mendes, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 23/2/2016 (Info 815).
A Constituição do Estado do Espírito Santo prevê, em seu art. 32, VI, que é “vedado ao servidor público
servir sob a direção imediata de cônjuge ou parente até segundo grau civil”. Foi proposta uma ADI contra
esta norma. O STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar interpretação conforme à Constituição, no
sentido de o dispositivo ser válido somente quando incidir sobre os cargos de provimento em comissão,
função gratificada, cargos de direção e assessoramento. Em outras palavras, o STF afirmou que essa
vedação não pode alcançar os servidores admitidos mediante prévia aprovação em concurso público,
ocupantes de cargo de provimento efetivo, haja vista que isso poderia inibir o próprio provimento desses
cargos, violando, dessa forma, o art. 37, I e II, da CF/88, que garante o livre acesso aos cargos, funções e
empregos públicos aos aprovados em concurso público. STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda
Pertence, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015 (Info 786).
É inconstitucional lei estadual que excepciona a vedação da prática do nepotismo, permitindo que sejam
nomeados para cargos em comissão ou funções gratificadas de até dois parentes das autoridades estaduais,
além do cônjuge do Governador. STF. Plenário. ADI 3745/GO, rel. Min. Dias Toffoli, 15/5/2013 (Info 706).
Em 09/06/2014, foi publicada a lei 12.990/14, definindo a reserva de um percentual de 20% das vagas
de concursos públicos, no âmbito da Administração Direta e Indireta da União, para os candidatos negros e
pardos, desde que o número de vagas estipulado no edital seja igual ou superior a três.
A princípio, verifica-se que a regra não se aplica para concursos no âmbito estadual, distrital e
municipal, os quais dependem da publicação de leis específicas, publicadas no bojo dessas entidades.
Ainda, diferentemente do que ocorre com a destinação de cargos reservados para pessoas com
deficiência, o texto legislativo determinou a aplicação de um percentual fixo de 20% (e não de até 20%). Assim,
não há qualquer margem de discricionariedade conferida ao administrador público, quando da publicação do
instrumento convocatório do certame.
O art. 2° da referida lei dispõe que poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros aqueles
que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou
raça utilizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Ocorre que, caso seja
constatada a falsidade da declaração, o candidato será eliminado do concurso e, até mesmo se houver sido
nomeado, ficará sujeito à anulação da sua admissão ao serviço ou emprego público, mediante procedimento
administrativo no qual lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa.
9. Estabilidade:
Para aquisição da estabilidade, os servidores deverão cumprir alguns requisitos definidos na Carta
Constitucional:
a) Três anos de efetivo exercício em cargo efetivo;
b) Aprovação em avaliação especial de desempenho, por comissão especialmente constituída.
Importante destacar que a doutrina e a jurisprudência vêm-se firmando no sentido de que a avaliação
pode ser expressa ou tácita. Isso porque, passados os três anos de exercício, se a avaliação não foi realizada
pelo poder público, presume-se que o servidor foi avaliado e aprovado.
Ademais, a estabilidade poderá ser adquirida por aqueles agentes que, mesmo sem aprovação em
concurso público, tenham ingressado no serviço público, ao menos, cinco anos antes da promulgação da
Constituição Federal de 1988 (art. 19, ADCT).
Adquirida a estabilidade, o servidor só pode ser demitido através de sentença judicial ou processo
administrativo em que se lhe assegure ampla defesa (art. 41, CF).
São três os requisitos que podem render ensejo à demissão regular do servidor estável: o
cometimento de infração grave; a apuração da falta em processo administrativo; e a garantia da ampla defesa.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA