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Organizar melhor com o TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

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studocu – pág. 13

Anteriormente à entrada em vigor do 1º Código Civil, vigoravam as Ordenações Afonsinas (séc.XV),


depois as Ordenações Manuelinas (séc.XVI) e, por fim, as ordenações Filipinas (1603). Estas últimas
foram-se desatualizando, sobretudo nos conceitos sociais, políticos e económicos, que sucedeu, em
primeiro, ao Marquês de Pombal (defensor da Lei da Boa Razão) e, posteriormente, ao Liberalismo, a
partir de 1820, daí que foi publicada muitas leis extravagantes (=avulsas).
1º Código Civil Português: um dos principais autores deste projeto foi António Luís de Seabra e Sousa
(Visconde de Seabra), que entrou em vigência a 1 de Julho de 1867, permanentemente em vigor, apesar
das profundas alterações sociais, até 1967. Não apresentava uma Parte Geral e estava dividido em
Pessoas, Ações, Coisas e Modo de adquirir (Plano de Gaio ou Romano-Francês). Este Código combinava o
Direito Tradicional com a doutrina dos jurisconsultos oitocentistas (nomeadamente os que conheciam e
defendiam as soluções modernas inspiradas pelo liberalismo e pelo jusracionalismo racionalista),
tendo influências do Código Francês (contudo, tem influência do direito romano, canónico, etc).
2º Código Civil Português: o Código Civil vigente foi aprovado a 25 de Novembro de 1966 e entrou em
vigor a 1 de Junho de 1967, revogando, então, o Código Civil anterior. Este Código opta pela classificação
germânica dos ramos de direito civil, conforme o BGB, sendo dividido em 5 livros:
1. Parte Geral;
2. Direito das Obrigações (art.397º)
3. Direitos Reais;
4. Direito da Família;
5. Direito das Sucessões.
 Código Francês – Código de Napoleão (1804);
 Código Alemão – BGB (Das Burgerliches Gesetzbuch – RFA), elaborado em 1896 e publicado em 1900,
segue o plano de Savigny;
 Código Italiano – II Codice Civile Italiano (1942).

O nosso Código Civil de 1966 apresenta uma Parte Geral, logo, Teoria Geral do Direito Civil incide, não
forçosamente, sobre esta parte. O facto de as normas se revelarem num Código demonstra um critério
de racionalidade e organização. Devido ao Código Civil apresentar uma Parte Geral verificam-se
vantagens:
 Reúne numa só parte do Código tudo aquilo que é comum no Direito Civil. Existem, porém,
aspetos que não são aplicáveis a todos os negócios jurídicos, restringindo-se aos patrimoniais e
intervivos.
Apresenta, ainda, um Sistema Interno e um Sistema Externo.
 Sistema Interno: dis respeito às coligações valorativas do Código Civil. O Código de Seabra, era
um Código individualista e de filosofia liberal (influenciado pela época). Contrariamente, o
Código Civil de 1966 tem um pendor de natureza social – apresenta uma justiça material e real, o
Estado é um estado intervencionista que procura corrigir desequilíbrios.
Artigos 334º; 473º; 762º, nº2.
 Sistema Externo: diz respeito à organização do Código, ao sistema de exposição das matérias:
Parte Geral + Direito das Obrigações + Direito das Coisas + Direito da Família + Direito das Sucessões
Modo de organização das matérias

Crítica ao Sistema Externo: a pessoa humana, de acordo com a sitematização das matérias, encontra-se
submergida.
Está crítica não se aplica ao Sistema Interno, pois o código valoriza devidamente a pessoa humana (art.
CONTEÚDOS DA DISCIPLINA: Este código socorre-se inúmeras vezes de conceitos
gerais e abstratos. É um tipo de formulação que se
1. Problemas da norma jurídica traduz na elaboração de tipos de situações de vida
mediante conceitos definidos aos quais o aplicador
deve subsumir as situações a decidir e as soluções
Fontes de Direito Civil Princípios fundamentais do Direito Civil respetivas (art.210 CC). Ex: art. 334º estabelece o
abuso do direito/ excesso da boa fé e dos limites do
Onde está contido o direito civil aceitável; logo o sujeito fica impedido de exercer o
seu direito.
2. Problemas relativos à relação jurídica:
Dimensão da alteridade;
Estabelecimento dos elementos da relação jurídica;
Garantia da relação jurídica.
3. A teoria geral do direito civil divide-se em duas partes:
( 1ª parte) Teoria Geral da norma jurídica civil – é a teoria geral do direito objetivo/ ‘’law’’ (norma
jurídica);
(2ª parte) Teoria Geral da relação jurídica civil – é a teoria geral do direito subjetivo/ ‘’right’’ (estudo da
estrutura e dos elemntos da relação jurídica).
A expressão ‘’Direito’’ tem a possibilidade de ter dois sentidos diferentes:
Sentido objetivo – sinómino de conjunto de princípios reguladores, de normas de conduta, de normas de
disciplina social .
Sentido subjetivo – sinómino de faculdade/poder.

1ª Parte: Teoria Geral da norma jurídica civil


O direito civil é um direito privado e ,segundo uma clássica distinção, o direito divide-se em dois grandes
ramos – o direito público e o direito privado. O direito civil constituí o direito privado geral.
‘’A ordem jurídica é apenas uma, mas o seu estudo impõe a demarcação de setores. A esses setores
chama-se, tradicionalmente, ramos de Direito’’
Existem 3 critérios que permitem identificar se estamos perante direito privado ou direito público,
importância:
1) Saber qual o tribunal onde se interpõe a ação;
2) Qual a lei que rege o caso em concreto.

Direito Privado Direito Público


Direito Civil + Direito Comercial + Direito do Trabalho + Direito Constitucional + Direito Penal + Direito
Direito Internacional Privado Administrativo + Direito Processual + Direito Internacional
Público
Vigora o princípio da liberdade em que é lícito
tudo quanto não é proibido pela lei; Vigora o princípio da competência/legalidade,
Predominância de normas supletivas (= fixam onde só é lícito o que é permitido pela lei;
regras que preencham a insuficiência de Predominância de normas imperativas (não
manifestação de vontade); podem ser afastadas pela vontade das partes;
Às relações entre o Estado e os particulares é, Regula um setor mais determinado das
em princípio, aplicável o direito privado; relações jurídicas, as que estão previstas na
Os bens do Estado pertencem, em regra, ao lei;
domínio privado (art. 1304º) Regras jurídicas que regulam as relações do
Estado e de outras entidades públicas.
É possível distinguir o Direito Privado do Direito Público através de critérios.
1. Critério – teoria dos Interesses
Este tipo de critério assenta na natureza dos interesses protegidos pela norma:
Direito Público – norma que visa proteger (predominantemente) os interesses públicos ou
coletivos em geral;
Direito Privado – norma que visa proteger (predominantemente) os interesses privados dos
particulares em geral.
Críticas: esta teoria teve várias críticas, uma vez que o direito não é uma ciência exata e rígida e
sim uma ciência dinâmica, sujeita a diversas interpretações. A principal crítica versa sobre toda a
norma jurídica ter em vista interesses públicos e privados. As normas de direito privado não se
dirigem apenas à realização de interesses particulares, têm em vista também interesses públicos,
tal como acontece no caso do direito público.
Exemplos:
a) Norma de Direito Privado que visa proteger ambos os interesses:
- Compra de uma casa – esta ação não pode ser realizada sem escritura pública ou
documento particular autenticado (art. 875º). Se não for cumprido, então o negócio é
inválido – nulo (286º) ou anulável (287º).
b) Norma de Direito Público que visa proteger ambos os interesses :
– As normas que definem as condições de promoção dos funcionários públicos ou de
acesso à função pública, têm em vista, para além do interesse público do eficaz
funcionamento dos serviços, uma proteção justa dos legítimos interesses das pessoas
singulares a que se dirigem.
2. Critério - teoria da supra ou infra-ordenação (posição relativa dos sujeitos na relação jurídica):
Direito Público - regula as relações entre os sujeitos que não estão no mesmo plano de
igualdade ( = isto é, o Estado age munido de poderes de autoridade, ou seja existe uma posição
de supremacia e outra de subordinação).
Direito Privado – regula relações nas quais as partes estão num plano de igualdade
Críticas: Nesta teoria entende-se que a supra-ordenação ou infra-ordenação supõe que uma das
partes está num plano mais elevado (poderes de autoridade) do que a outra, sendo por isso,
direito público. Mas se as partes se encontrarem numa relação de equivalência ou igualdade,
tratar-se-á do direito privado. Contudo, o direito público regula, por vezes, relações entre
entidades numa relação de igualdade (ex: relações entre autarquias locais – municípios e
freguesias).
Logo, apenas se pode dizer que a posição de igualdade dos sujeitos nas relações jurídicas é
normalmente característica da relação disciplinada pelo direito privado e vice-versa com o direito
público.
3. Critério – teoria da qualidade da posição dos sujeitos (versão atual da teoria dos sujeitos):
Direito Privado – quando se estabelece uma relação jurídica entre particulares, ou entre um
particular e um ente público (Estado ou outros), mas apenas quando este não exerce o seu poder
de autoridade (ex: quando o Estado arrenda um prédio para instalar um serviço; quando
compram um automóvel = as duas partes estão a atuar num plano de igualdade.
Direito Público – quando os sujeitos da relação jurídica são um ente público que age munido de
poderes de autoridade (atos de gestão pública) entre si ou com um particular.
Fazer a distinção entre estes dois direitos é importante, pois, aquando da existência de um caso, para a
sua aplicação prática, o advogo terá de saber:
1) Qual o tribunal onde se interpõe o caso – é fundamental, para determinar as vias jurídicas (tribunal)
competentes, uma vez que a CRP menciona mais do que um tribunal competente, que podem ser:
Trib. de competência genérica ou de comarca = possui várias competências;
Trib. de competêcia especializada = (trib. judiciais) são os tribunais de família, de pequena instância,
de menores, de trabalho, etc.
No caso de direito civil, se a norma for de direito privado é julgada nos tribunais judiciais, seja de
competência especializada ou comum.
Já no caso de direito público, as normas desse direito são julgadas nos tribunais administrativos, no
entanto, por exemplo, se tiverem relacionadas com direito fiscal, então passam a ser julgadas nos
tribunais fiscais.
TRIBUNAIS JUDICIAIS (estrutura própria):

1. Tribunais Judiciais Comuns ou de 1ª Instância (destes poderá recorrer-se para o Tribunal da Relação);
2. Tribunal da Relação (destes poderá recorrer-se para o STJ);
3. Supremo Tribunal da Justiça = é a cúpula dos tribunais (há 3 secções: secção civil, criminal e social).
2) Qual a lei que rege o caso em concreto – ex: problema da responsabilidade civil, qual a preponderância da
distinção entre D. Privado e D. Público? nos Actos de Gestão Privada, a responsabilidade civil é regulada pelo
código civil e nos Actos de Gestão Pública, a responsabilidade é regulada por lei especial (lei administrativa).
Direito Privado = disciplina as relações entre particulares fundadas na sua igualdade e autodeterminação
(autonomia da vontade). Divide-se em:
- Direito Privado Comum (direito civil): disciplina a vida comum dos cidadãos desde o momento do seu
nascimento até à sua morte e as respetivas variações e consequências.
- Direito Privado Especial: realizam a adaptação do Direito Privado Comum e situações jurídicas especiais
(ex: Direito Comercial e Direito do Trabalho – ramos de direito autónomos).
Ramo de direito Autónomo = quando tem princípios gerais próprios e, por isso, distingue-se dos demais.

Direito Civil
É o direito que regula a vida quotidiana dos Homens, desde o seu nascimento e os direitos de
personalidade inerentes (regula a morte, a ausência, as incapacidades, os direitos patrimoniais,
contratos em especial, etc.) ou seja, tutela coercivamente os interesses dos Homens em relação com
outros Homens, nos diversos planos da vida. Trata da autonomia (ideia fundamental para o direito civil)
da pessoa no desenvolvimento da sua personalidade. É um ordenamento de defesa/proteção de direitos
e posições jurídicas adquiridas. Serve, ainda, como direito subsidiário para o direito comercial e o direito
de trabalho (ou seja, o sistema recorre às normas de direito civil para colmatar essas omissões).
Constituí um núcleo fundamental de todo o direito privado.
Autonomia = poder da autodeterminação quer nas relações com outras pessoas (ex: negócios jurídicos), que
supõem a igualdade de situações jurídicas dos sujeitos, quer por ato unilateral, com o objetivo de prosseguir os
interesses/fins próprios.
Fontes do Direito Civil
Os modos de aparecimento das normas integradoras do ordenamento jurídico civil vêm indicados nos
primeiros artigos do código civil. Estas disposições iniciais regulam a matéria das fontes de direito – e
fazem-no de maneira que transcende o âmbito do direito civil para integrar o modo de surgimento das
normas jurídicas em geral.
Art. 1º - as fontes de direito são as leis e as normas corporativas (fonte imediata e fonte mediata)
 LEI: é a única fonte de direito civil imediata + são normas imperativas, gerais e abstratas que emanam
das autoridades competentes, segundo a CRP (art.1º do CC).
 Norma Corporativa : já não existem, logo não são fontes de Direito; porém eram normas que serviam
para regular as instituições que possuem uma natureza jurídica privada.
 Assentos: fonte interpretativa; é a reunião de todos os Conselheiros da Secção Cível no Tribunal Pleno,
onde através de uma votação era fixado um Assento, que tinha valor de Lei. Os assentos já não se
encontram em vigor, mas em vez deles existem os acórdãos uniformadores de jurisprudência – têm
praicamente valor de lei pois possuem uma certa obrigatoriedade.
 Usos de facto: não são fontes imediatas de direito, no entanto, só valem/podem ser utilizados quando a
LEI o determinar (correlacionados com o princípio da boa fé, logo não o podem contrariar).
 Equidade: é a justiça do caso concreto; os juízes apenas podem decidir de acordo com a LEI ou por
CONVENÇÃO DAS PARTES, só no caso da lei permitir é que a equidade passará a fonte imediata do
direito.
 (Jurisprudência): é o conjunto de decisões de Tribunais. Não é considerado como fonte de direito, no
entanto, as decisões dos Tribunais só o valem para o caso concreto; assim pode um Tribunal decidir de
uma forma um caso e outro decidir de forma diferente – são eles que interpretam e aplicam a norma
logo, pode faze-lo de modo diferente para cada caso.

Diplomas fundamentais do direito civil:


1. Diploma fundamental – Constituição da República Portuguesa (topo do ordenamento jurídico);
2. Diploma fundamental das normas jurídicas civis – Código Civil (está em vigor desde 1967);
I LIVRO – Parte Geral (engloba temas relativos aos elementos comuns às outras 4 partes, aqui atende-se
além das normas sobre as leis, a sua interpretação e aplicação, à disciplina separada de cada um dos
elementos da relação jurídica – sujeito + objeto + facto jurídico + garantia);
II LIVRO – Direito das Obrigações em geral (obrigações são os vínculos jurídicos por virtude dos quais
uma pessoa fica adstrita para com a outra para a realização de uma prestação – credor e devedor);
III LIVRO – Direito das coisas ou Reais (são as relações de um sujeito jurídico com todas as outras
pessoas, por força das quais aquele indivíduo adquire um poder direto e imediato sobre uma coisa);
IV LIVRO – Direito da Família (são relações emergentes do casamento, parentesco da afinidade ou da
adoção);
V LIVRO – Direito das Sucessões (são as relações dirigidas a atuar a transmissão dos bens por morte do
seu titular).
Segundo certos autores, existem 3 tipos de códigos distintos:
1. Códigos de Formulação Tipo Clausísticos – têm uma capacidade racional, com uma linguagem acessível
aos cidadãos e ao próprio legislador, tentando excluir toda a possibilidade de apreciação e toda a
necessidade de interpretação das normas pelos juízes (ex: código prussiano, que foi abolido);
2. Códigos de Conceitos Gerais – Abstratos – é o Código Português, onde as normas são abstratas e gerais e
têm que ser interpretadas pelos juízes de acordo com o caso concreto aquando a aplicação da lei,
contém uma linguagem de caráter técnico e especializado;
3. Códigos que assentam em Meras Diretivas – simples indicações que são dadas ao juíz e das quais ele terá
de depreender as soluções, dados os conceitos nele contidos serem indetermináveis.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO
As normas jurídicas não se encontram desordenadas e desprovidas de conexão entre elas, pelo contrário, há
uma ordenação das normas – ordenação essa que é formal, material e substancial. Desta forma, o nosso direito
é formado por uma quantidade de princípios gerais que lhe dão um sentido e uma função. Estes sentidos não
são eternos, desenvolvem-se e alteram-se de acordo com a evolução dos tempos e com as transformações por
eles provocadas, são produto da evolução histórica das conceções económicas, políticas e sociais ( = modelam o
conteúdo do direito vigente, fixando os elementos normativos). São 8 os princípios que fundamentam o atual
direito civil:
1. Reconhecimento da pessoa humana e dos direitos de personalidade;
2. Autonomia privada;
3. Responsabilidade civil;
4. Boa-fé;
5. Concessão da personalidade jurídica às pessoas coletivas;
6. Propriedade privada;
7. Relevância jurídica da família;
8. Fenómeno sucessório.
Ou seja, cada um destes princípios, exprime uma realidade jurídica específica, no entanto, ao longo de todo o
direito civil manifestam-se, porém, duas ideias caracterizadoras do seu sentido actual : a autonomia e a
Reconhecimento da pessoa humana e dos direitos de personalidade
O direito só pode ser concebido tendo como destinatários as pessoas, que vivem em convivência – a
aplicação do direito nessa convivência desencadeia uma série de relações jurídicas, nas quais os homens
têm direitos e deveres. Entende-se que no sentido técnico-jurídico ‘’ser pessoa’’ é ter aptidão para ser
sujeito de direitos e obrigações, ser um centro de uma esfera jurídica. A personalidade jurídica
corresponde a uma condição indispensável da realização por cada Homem dos seus fins ou interesses na
vida com os outros.
 Reconhece-se a personalidade jurídica a todo o ser humano a partir do seu nascimento completo
(=separação entre bebé e mãe) e com vida (art. 66º, nº1). Ex:. Um bebé nasce completo e com
vida, mas morre após 1h. Nessa 1h, o bebé teve personalidade jurídica.
Todas as pessoas podem ser titulares de relações jurídicas, é nisto mesmo que consiste a personalidade
jurídica (qualidade de sujeito de direito). Ser sujeito de direito significa ter, pelo menos, um círculo
mínimo de direitos de personalidade, desde o momento do seu nascimento. Ex:. o direito à vida, à
liberdade, etc.
 Direitos de Personalidade (art,70º e ss): São direitos absolutos (erga omnes), irrenunciáveis,
inerentes e necessários, porém, podem por vezes ser limitados voluntariamente (ex:é admissível o
consentimento para uma intervenção cirúrgica, mas sem consentimento é um facto ilícito). São
tutelados pela responsabilidade (civil e penal) que a sua violação acarreta. Incidem sobre a vida da
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pessoa, a saúde, a imagem, a integridade física e moral, o nome, a intimidade da sua vida privada,
etc. A violação dos direitos de personalidade podem ter como consequência:
a. Facto ilícito criminal – desencadeia uma punição estabelecida no código penal em
correspondência com o respetivo tipo legal (ex: homicídio, integridade física).
b. Facto ilícito civil – violação de direitos de personalidade, que pode desencadear:
- geralmente, responsabilidade civil ao infrator e a correspondente obrigação à prestação
de uma indemnização = tentativa de repor a situação inicial, se não tivesse ocorrido o
ilícito;
- providências cautelares não especificadas, com o fim de evitar a consumação do ilícito ou
atenuar os efeitos da ofensa já cometida.
(É uma medida judicial utilizada para resguardar certos direitos que se encontrem
ameaçados e que, sem esta medida urgente – os seuss prazos são mais curtos e decorrem
resultado de um Ato Jurídico
sem interupções- , poderão ser gravemente lesados e dificilmente reparados).
Autonomia Privada
A produção de efeitos jurídicos (constituição, modificação ou extinção de relações jurídicas) resulta
principalmente, no que toca à ação humana juridicamente relevante, de atos de vontade dirigidos
principalmente à produção dos referidos efeitos. A autonomia privada é a possibilidade dos particulares
auto-regularem os seus interesses de auto-governo da sua esfera jurídica (existem, principalmente, nos
negócios patrimoniais). Esta tem a sua dimensão mais visível na liberdade contratual (art. 405º). Baseia-
se em 2 fatores:
a. Negócio Jurídico - é uma manifestação do Princípio da Vontade/Autonomia Privada, subjacente a
todo o direito privado. Ou seja, é o poder reconhecido aos particulares de auto-regulamentação
dos seus interesses e da sua esfera jurídica (=conjunto de relações jurídicas de que uma pessoa é
titular). Tal princípio significa que os particulares podem, no domínio da sua convivência com
outros sujeitos jurídicos, estabelecer a ordenação das respetivas relações jurídicas.
Contratos bilaterias Contratos unilaterais

Existem 2 declarações de vontade com sentidos divergentes. Existem, também, declarações de vontade unilaterais, onde
Embora os dois tenham vontades diferentes, têm um mesmo só existe uma declaração de vontade (ex: testamento), ou
objetivo (ex: X quer vender uma televisão e Y quer comprá-la). existindo mais do que uma, vão todas no mesmo sentido.

b. Exercício de direitos subjetivos - é também na autonomia privada que se manifesta no poder de


livre exercício dos seus direitos ou de livre gozo dos seus bens pelos particulares, ou seja, é
autonomia privada que se manifesta na soberania do querer, ou seja, na vontade, que é o que
A Liberdade Contratual, refere-se acima de tudo aos contratos, sendo, maior ou menor consoante o
sistema económico, jurídico e social vigente (ex: se for um sistema liberal haverá mais liberdade
contratual do que no caso de um sistema socialista como na ex- União Soviética (art. 405º CC e art. 41º
e 42º da CRP). Consiste, essencialmente em:
 Liberdade de celebração dos contratos (princípio geral) – a parte é livre de celebrar ou não
celebrar contratos, sendo que a ninguém pode ser imposta a celebração de contratos (= consiste
na faculdade de livremente realizar contratos ou recusar a sua celebração). Não é um princípio
absoluto. Tem como restrições:
 1ª exceção: existem casos em que é obrigatório contratar (Ex: a responsabilidade civil
automóvel, que devido a vários casos de acidentes onde as pessoas que os causavam não
tinham dinheiro ou bens para pagar as respectivas indemnizações, tornou-se obrigatório
este seguro).
 2ª exceção: proibição de celebração de contratos a certas pessoas – a lei proíbe a
realização de certos atos, tendo em conta a pessoa a quem se venda (ex:
art.877º;art.2194º;art.953º).
 3ª exceção: negócios jurídicos que necessitam de autorização de outra pessoa (ex:
art.1682º, a) – no caso de casamento em regime de comunhão de bens, um cônjuge só
pode vender com a autorização da outra parte).
 Liberdade de livre modelação do conteúdo contratual – consiste na faculdade conferida aos
contraentes de fixarem livremente o conteúdo dos contratos (dentro dos limites), celebrando
contratos do tipo previsto no código civil, com ou sem aditamentos, ou estipulando contratos de
conteúdo diverso dos que a lei disciplina.
Contratos nominais
Contratos Atípicos/Inominados Contratos Mistos
Contratos com as mesmas
Contratos que são diferentes Tipos de contratos nos quais estão considerados
características dos contratos
dos expressamente previstos diferentes tipos de contratos (contratos típicos, mas
previstos e regulados na lei
na lei. são-lhes adicionados cláusulas de outros contratos).
(=contratos típicos).

Excecionalmente, o nosso ordenamento jurídico estabelece algumas restrições à liberdade


contratual (pois vigora na maioria em contratos qualificados como obrigacionais):
 Limites ao Direito Subjetivo (meio de realização da autonomia da pessoa) – art. 334º
(abuso do direito subjetivo).
 Limites aos Negócios Jurídicos (negócios unilateriais – princípio da tipicidade; negócios
bilaterais).
As limitações à liberdade de celebração de contratos consistem:
 Na consagração de um dever jurídico de contratar, pelo que a recusa de contratar de uma
das partes não impede a formação do contrato ou sujeita o obrigado a sanções diversas.
Ex: celebração obrigatória do contrato do seguro automóvel de responsabilidade civil.
 Na sujeição do contrato a autorização de outrem, eventualmente de uma autoridade
pública (art. 1682º, nº 1 e 3; 1682–A e 1682-B).
Limitações à liberdade de escolha da contraente consistem:
 Na proibição de celebrar contratos com determinadas pessoas (art. 887º e 953º)
Limitações à liberdade de modelação contratual consistem:
 Submetem o objeto de contrato aos requisitos do art.280º (=são nulos os contratos
contrários à lei, à ordem pública e aos bons costumes).
 São anuláveis, em geral, os negócios usuários (art. 282º) = todo o negócio é efectuado
com o aproveitamento de uma das partes.
 A conduta das partes contratuais deve reger-se pelo princípio da boa-fé (=é um conceito
indeterminado e geral, no entanto, poderá ter como significado que as pessoas deverão
atuar com uma certa isenção) – art. 227º, 762º, 239º.
 A lei reconhece e admite certos contratos-tipos que contêm normas a que os contratos
individuais, celebrados entre pessoas pertencentes a categorias económicas ou
profissionais, têm que obedecer; daí que se fale de contratos normativos.
 Normas imperativas – nos contratos Tipo, existem certas normas que estão na livre
disponibilidade das partes e existem outras que são obrigatórias por lei, ou seja as normas
imperativas, que não podem ser alteradas pelas partes (sujeitos a determinadas normas
imperativas).
 Contratos de adesão = hipóteses em que uma das partes formula prévia e unilateralmente as
cláusulas negociais e a outra parte aceita essas condições, mediante a adesão ao modelo que
lhe é apresentado. Normalmente, tais contratos são celebrados através de aceitação (=adesão)
de cláusulas prévias e unilateralmente redigidas para todos os contratos que a empresa venha a
celebrar no futuro
Reponsabilidade Civil
A responsabilidade civil consiste na obrigação de quem causa um prejuízo a outrém, de indemnizar o
lesado, isto é, colocar o lesado na situação em que estaria se não tivesse ocorrido o dano (art. 483º e
562º). A restauração pode, assim, ser efectuada através de:
 Restauração natural, no entanto, quando este tipo de restauração for impossível, insuficiente
ou excessivamente onerosa, a reposição do lesado na situação em que estaria sem o facto
lesivo terá lugar a uma indemnização em dinheiro ( = reparação por equivalente). Art. 566º,
nº1
 Indemnização em dinheiro: é o que acontece quando a reconstituição natural não é possível
realizar, por ser excessiva ou insuficiente. Tal indemnização abrange:
a) Danos Patrimoniais – são os prejuízos suscetíveis de avaliação em dinheiro. Nestes
tipos de danos estão englobados o dano emergente (=prejuízo imediato sofrido pelo
lesado) e o lucro cessante (= vantagens que deixaram de entrar no património do
lesado devido à lesão provocada). ART.564º
b) Danos Não Patrimoniais (danos morais) – resultam da lesão de direitos que não
interferem no património do lesado (ex: integridade física, honra, liberdade), como
não é possível atribuir um ‘’preço’’ a estes danos morais, fala-se em compensação em
vez de indemnização (o objetivo é obter um valor justo que possa compensar o
lesado). ART.496º
Pressupostos da responsabilidade civil:
1. Facto voluntário do agente (omissão ou ação) = facto controlável pela vontade humana
ART.486º
2. Ilicitude = violação de direitos ou de normas que protegem direitos
3. Culpa do agente = observação do comportamento no ocorrido
Com dolo: intenção de causar um dano violando uma proibição;
Mera culpa ou negligência: omissão de deveres de cuidado, diligência ou perícias
exigíveis para reparar o dano.
4. Dano = é algo visível, emergente ou lucro cessante + só há R.C se houver um dano ART.564º
5. Nexo de causalidade (ligação entre o dano e o facto) ART.563º
Simultaneamente, existe a responsabilidade criminal, que visa satisfazer os interesses da
comunidade ofendida pelo ato ilícito criminal cometido (e não os interesses individuais dos lesados,
como acontece na responsabilidade civil). Manifesta-se na aplicação de uma pena ao autor do facto
criminoso, que se traduz na produção de um mal a sofrer pelo agente criminoso, com a finalidade de
retribuir o mal causado à sociedade com a infração (retribução). A responsabilidade penal tem 3
funções:
1. Função Punitiva: punir quem pratica um ato criminoso;
2. Função de Prevenção Geral: intimidar as outras pessoas, mostrando-lhes como a
sociedade reage a um crime, ou seja, com a pena (= há consequências para os atos
praticados);
3. Função de Prevenção Especial: impedir o próprio infrator de cometer novas infrações,
afastando-o do convívio social ou aproveitar a reclusão para uma atividade
regeneradora.
Assim, as duas formas de Responsabilidade podem coexistir e ser desencadeadas pelo mesmo facto -
Para haver responsabilidade civil é preciso existir em todos os casos:
 Responsabilidade Civil Subjetiva (art. 483, nº 1) - princípio geral que determina que há sempre
culpa nas ações. No entanto, há situações específicas fixadas na lei, em que a responsabilidade
civil não se baseia na culpa. Baseia-se na culpa do agente.
 Responsabilidade Civil Objetiva (art. 483º, nº 2) – acontecimentos nos quais o homem tira
partido de atividades que, potenciando as suas possibilidades de lucro, importam um aumento
de risco para os outros. Em alguns casos, está-se perante a utilização de mecanismos técnicos
usados por um agente com fonte de riqueza, noutros casos trata-se da utilização de pessoas ou
animais no próprio interesse (= há obrigação em pagar a indemnização, independentemente da
culpa). Retira a culpa do agente.
Ex:. Acidentes causados por veículos (art. 503º); danos causados por animais (art. 502º) ou
danos causados pela energia elétrica ou gás (art. 509º).
É possível ainda, a existência de alguns casos de responsabilidade civil lícita ou intervenções lícitas. São
de caráter excecional, logo não são objeto de qualquer regulamentação geral. Os atos praticados não
são contrários à lei, no entanto pareceu excessivo ao direito não dar à pessoa sacrificada uma
reparação. Tem como exemplos:
 Certos casos de Estado de Necessidade (art. 339º, nº 2);
 Passagem forçada ou momentânea (art. 1349º, nº3);
 Apanha de frutos (art.1367º)
Responsabilidade Civil Contratual e Extra-contratual:
Responsabilidade Civil Contratual (art.798º) = é originada pela violação de um direito de crédito ou de
obrigação; é a responsabilidade de um devedor para com um credor pelo não cumprimento da
obrigação, ou seja, da responsabilidade emergentes dos contratos, dos negócios unilaterais e da lei.
Em princípio não admite redução nas indemnizações.
Responsabilidade Civil Extra-Contratual/Delitual (art.483º) = resulta da violação de um dever geral de
abstenção contraposto a um direito absoluto (direito real ou de personalidade).
Admite uma graduação da indemnização e nos casos de mera culpa, o juíz admite reduzir o valor da
indemnização (art.494º).
Princípio da Boa-Fé
É um princípio fundamental para a ordem jurídica, pois exprime a preocupação da ordem jurídica pelos
valores ético-jurídicos da comunidade, pelas particularidades da situação concreta a regular e por uma
juridicidade social e materialmente fundada. A consagração deste princípio corresponde à superação de
uma perspetiva positivista do direito, devido à abertura a princípios e valores extra-legais.
 Boa-Fé em sentido subjetivo = tem em vista a situação de quem julga atuar em conformidade
com o direito por desconhecer ou ignorar qualquer vício ou circunstância anterior, ou seja, o
sujeito, porque desconhece situações viciosas anteriores, age em desacordo com a ordem
jurídica.
Ex:. art. 243º, nº 2 (‘’a boa fé consiste na ignorância da simulação’’); art. 291º, nº 3 (o terceiro
que ‘’desconhecia, sem culpa, o vício do negócio nulo ou anulável’’ age em boa fé); art. 612º
(considera-se má fé ‘’a consciência do prejuízo que o ato causa ao credor’’).
 Boa-Fé em sentido objetivo = constitui uma regra jurídica, é um princípio normativo
transpositivo e extra-legal para que o julgador é remetido a partir de clásulas gerais. Quando
aplicado em contratos, consiste numa norma de conduta, segundo a qual os contraentes
devem agir de modo correto, honesto e leal – impede comportamentos desonestos e impõe
deveres de colaboração entre as partes (‘’do contrato fazem parte não só as obrigações que,
expressa e tacitamente, decorrem do acordo das partes, mas também todos os deveres que se
fundam no princípio da boa-fé, e se mostram necessários a integrar na lacuna contratual.’’)
Ex:. art. 227º, nº1 (regras da boa-fé) e art. 239º (apela aos ‘’ditames da boa-fé’’)
Tem um papel decisivo no enriquecimento do conteúdo do contrato, pois constitui a base dos deveres
laterias (deveres de cuidado para com a pessoa e o património da contraparte; deveres de
informação;etc)
Envolve-se com o princípio da confiança = acolhe a ideia de que, em certos casos, deve-se revelar
juridicamente a confiança justificada de alguém no comportamente de outrem, quando este tiver
contribuído para fundar essa confiança e esta se justifique igualmente em face das circunstâncias do
caso concreto. Pode levar a atribuir efeitos jurídicos a uma situação só aparente ou criar a obrigação de
indemnização pela frustração das legítimas expectativas – acontece quando existe obrigação de
indemnizar, além do direito à anulação do negócio, em caso de dolo ou de coação moral (art. 254º e
art.256º) ou por culpa na formação do contrato (art. 227º).
Concessão de personalidade jurídica às pessoas coletivas
Ao lado da personalidade jurídica reconhecida a todas as pessoas singulares (seres humanos nascidos
completamente e com vida), o direito civil, após verificados certos pressupostos, admite a atribuição de
personalidade jurídica às chamadas pessoas coletivas. A personalidade jurídica das Pessoas Coletivas é
um mecanismo técnico-jurídico – um modelo, uma forma para a polarização das relações jurídicas
ligadas à realidade de um certo fim coletivo.
Pessoas Coletivas = coletividades de pessoas ou complexos patrimonais organizados com vista a um fim
comum/coletivo a que o ordenamento jurídico atribui a qualidade de sujeitos de direitos. As pessoas
coeltivas tornam-se centros de uma esfera jurídica própria, autónoma em relação ao seus membros,
possuindo património próprio. São titulares de direitos e destinatários de deveres jurídicos, adquirem
direitos e assumem obrigações através da prática de atos jurídicos, realizados em seu nome pelos seus
órgãos.
Existem 3 tipos de pessoas coletivas:
1. Associações = coletivadades de pessoas que não têm por objetivo o lucro económico dos
associados;
2. Fundações = complexos patrimoniais ou massa de bens afetados por uma liberalidade à
prossecução de uma finalidade estabelecida pelo fundador ou em harmonia com a sua vontade;
3. Sociedades = conjunto de pessoas – duas ou mais – que contribuem com bens ou serviços para o
exercício de uma atividade económica dirigida à obtenção de lucros e à sua distribuição pelos
sócios (dentro destas, destacam-se as sociedades comerciais).
Teoria da Ficção – a lei, ao estabelecer personalidade jurídica das pessoas coletivas, estaria a proceder como se
estas fossem pessoas singulares, visto que só estas podem ser sujeitos de direitos e deveres.
Teoria Organicista – as pessoas coletivas seriam uma realidade idêntica à das pessoas singulares, uma
associação com uma personalidade derivada dela mesma, o seu espírito seria uma vontade comum unitária e o
seu corpo um organismo associativo.

Propriedade Privada
A tutela constituicional da propriedade privada encontra-se expressamente consagrada no art. 62º da
Constituição, segundo o qual ‘’a todos é garantido o direito à propriedade privada e à sua transmissão
em vida ou em mente, nos termos da Constituição. O código civil português não define o direito à
propriedade, mas o art. 1305º caracteriza-o: ‘’o proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos
de uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem (…)’’. Características:
1. O proprietário tem poderes limitados = há uma indeterminação na delimitação dos poderes.
2. O direito de propriedade é dotado de uma certa elasticidade ou de uma força expansiva =
quando um direito real que limite a propriedade da coisa se extingue, reconstitui-se a plenitude
da propriedade sobre ela. O proprietário limitado recupera a plenitude do seu direito de
propriedade.
3. Direito perpétuo, o que implica que não pode extinguir-se pelo não uso = ‘’não usar a
propriedade é uma forma de a usar’’, o proprietário tem o poder de querer ficar inativo.
Direitos Reais limitados: conferem apenas a possibilidade de exercer certos poderes sobre uma coisa, são
direitos sobre coisas que em propriedade, pertencem a outrem.
 Direitos reais de gozo = conferem um poder de utilização, total ou parcial, de algo. Engloba-se o
usufruto; o uso e habitação; o direito de superfície e as servidões e o direito real de habitação periódica.
 Direitos reais de garantia = conferem o poder de, pelo valor de uma coisa ou pelo valor dos seus
rendimentos, um credo obter o pagamento da dívida de que é titular ativo. Nestes direitos há o penhor, a
hipoteca, os privilégios creditórios especiais, o direito de retenção e a consignação de rendimentos.
 Direitos reais de aquisição = conferem a um determinado indivíduo a possibilidade de se apropriar de
algo, de adquirir algo. O direito real de aquisição mais importante é o direito real de preferência (art.
1380º, 1409º, 1535º e 1555º).

Relevância Jurídica da Família


A família é uma realidade social e natural, cuja existência se manifesta em planos ou domínios da vida
diferente ao plano jurídico. O direito da família apresenta algumas características peculiares – muitas
normas imperativas (normas que os particulares não podem afastar), por exemplo.
Família = conjunto de pessoas unidas por vínculos emergentes do casamento, afinidade, parentesco e
adoção (art. 1576º).
Casamento: ‘’contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante
uma plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste Código’’.
Art. 1587º - o casamento ou é católico ou é civil; são semelhantes quanto à dissolução por divórcio (art.
1773º). Divórcio por mútuo consentimento (art. 1775º a 1778º) ou divórcio litigioso/sem consentimento
(art. 1779º a 1787º).
Parentesco (art. 1578º): vínculo entre duas pessoas, resultantes de uma delas descender da outra (=
parentesco de linha reta) ou de ambas terem um progenitor em comum (= parentesco de linha colateral).
O que recebe maior interesse jurídico é a filiação – traduz-se na disciplina da relação entre pais e filhos
menores sujeitos ao conjunto de direitos subjetivos e deveres = poder paternal (art. 2003º, 2009º, 1931º,
1952º, 1602º, 2133º).
Afinidade (art. 1584º): vínculo que liga um dos cônjuges aos parentes do outro.
Adoção (1586º): vínculo que estabelece entre duas pessoas um parentesco legal, por oposição ao
parentesco natural, do tipo paternidade. Este vínculo é constituído por sentença judicial e o nosso
sistema jurídico conhece duas espécies de adoção – adoção plena (o adotado passa a ser, para todos os
efeitos legais, filho legítimo dos sujeitos que o adotaram) e adoção restrita (conservação de todos os
direitos e deveres em relação à família biológica, salvo as restrições estabelecidas na lei).

Fenómeno sucessório
É o chamamento de uma ou mai pessoas à titularidade das relações patrimoniais de uma pessoa falecida
e a consequente devolução de bens que a esta pertenciam. A atual Constituição inclui o direito à
transmissão dos bens por morte na mesma disposição legal em que reconhece o direito à propriedade
privada (art. 62º, nº 1).
Títulos de vocação sucessória admitidos: a lei, o testamento e o contrato (art.2026º) (=o chamamento
dos sucessores far-se-à segundo o determinado a lei, em testamento ou por contrato.
Sucessão Legal = pode ser legítima ou legitimaria, consoante possa ser ou não afastada pela vontade da
pessoa falecida (autor de sucessão).
Sucessão Legítima: chamamento dos herdeiros legítimos à sucessão, por o autor da sucessão não
ter disposto valida e eficazmente, no todo ou em parte, dos seus bens. É realizado por ordem de classes
sucessíveis (do grau mais próximo ao grau mais afastado) – art. 2131º e ss
Sucessão Legitimaria: impõe a devolução de parte dos bens a certas pessoas, no caso de existirem,
mesmo contra a vontade do autor da sucessão - art. 2156º e ss
Deserdação: o autor da sucessão priva o herdeiro legitimário da legítima em testamento e com
expressa declaração da causa. Só pode fundamentar-se numa das ocorrencias previstas no art. 2166º.
Sucessão Voluntária = pode resultar de um testamento ou de um contrato.
Sucessão Contratual: só é admitida em casos excecionais, de reduzida extensão (pouco frequente).
Sucessão Testamentária: consiste no chamamento dos herdeiros testamentários. Determina a
devolução dos bens, segundo a vontade do autor da sucessão, expressa num testamento válido e eficaz -
art. 2179º e ss
Teoria Geral da Relação Jurídica
1. Relação Jurídica em sentido amplo: é toda a relação da vida social relevante para o Direito, isto é,
produtiva de efeitos jurídicos e disciplina pelo Direito.
2. Relação Jurídica em sentido restrito: relação da vida social disciplinada pelo Direito, mediante atribuição
a uma pessoa de um direito subjetivo e a imposição a outra de um dever jurídico ou uma sujeição.
a) Relação Jurídica Abstrata: quando se considera um esquema/modelo contido na lei, como na
relação pela qual o inquilino deve pagar uma renda ao senhorio.
b) Relação Jurídica Concreta: quando se considera uma relação jurídica já existente na realidade,
entre determinadas pessoas, sobre um determinado objeto, e procedendo de um determinado
facto jurídico. Ex:. A relação pela qual o senhorio A pode exigir ao inquilino A uma renda de
20.000$ pelo arrendamento do prédio X.
Instituto Jurídico = conjunto de normas legais que estabelecem a disciplina de uma série de relações jurídicas
em sentido abstrato, ligadas por uma afinidade (normalmente a de estarem integradas no mesmo mecanismo
jurídico). Ex:. Instituto Jurídico do poder paternal, da compra e venda, etc.
Desta forma, a relação jurídica é a matéria sobre que incide a regulamentação e o instituto jurídico é a
disciplina normativa dessa matéria (conjunto de normas que a regulam).
Estrutura da Relação Jurídica: vínculo/nexo que existe entre os sujeitos.

 A vende um automóvel a B (vínculo) – contrato de compra e venda.


Então, toda a relação jurídica:
1. Existe entre sujeitos (A e B);
2. Incide sobre um objeto (automóvel);
3. Advém de um facto jurídico (venda do automóvel);
4. Está dotada de garantias (meio coercitivo ao qual é possível recorrer, que está a disposição do credor).
Estrutura Interna: direitos subjetivos (propriamente ditos e potestativos), dever jurídico/sujeição
------------------------------estudar os direitos propriamente ditos e potestativos---------------------------------------------
1. Relação Jurídica Simples: é aquela que se extingue pela simples entrega do objeto determinado e pelo
respetivo cumprimento da prestação (ex: pagamento do preço).
2. Relação Jurídica Complexa: é aquela que agregada à relação jurídica principal decorrem deveres
secundários e acessórios (ex: A vende uma máquina – principal – B paga o preço, e espera que a
máquina funcione corretamente, o que afinal não se verifica. Logo, A tem o ónus de a pôr a funcionar
corretamente), - ou seja, é uma relação jurídica que, ao contrário da simples, não se extingue com a
entrega da coisa e o cumprimento da prestação devida (engloba indemnizações, expectativas, direitos
potestativos, deveres acessórios [embalagem e promoção do transporte da máquina], onús,…)
Ónus = necessidade de adoção de um comportamento para a realização de um interesse próprio (ex:. B vai
reclamar junto de A a entrega da máquina. A recusa, alegando que B não cumpriu a prestação, isto é, B ao
invocar o direito à entrega da coisa, tem o ónus de prova de como cumpriu a prestação, por exemplo através da
apresentação da fatura (art. 487º, nº1).
Expectativa Jurídica = a situação ativa, juridicamente tutelada, corresponde a possibilidade de aquisição de
fatura de um direito, estando já parcialmente verificada a situação jurídica (facto jurídico) complexa,
constitutiva desse direito. Ex.: Caso de um comprador sob condição suspensiva: enquanto não se verificar a
condição, não se adquire o direito à entrega da coisa, nem o direito à propriedade sobre ela, mas tem uma
expectativa jurídica, já que a lei protege siuações como essa, em determinados aspetos (art. 273º).
Elementos da relação jurídica:
 Sujeito: são as pessoas entre quem se estabelecem as relações jurídicas, são os titulares dos direitos
subjetivos e das posições passivas correspondentes: dever jurídico/sujeição.
 Objeto: é aquilo sobre que incidem os poderes do titular ativo das relações, ou seja, formam o
conteúdo da relação jurídica (pode incidir sobre coisas corpóreas –ex: carro- e coisas não corpóreas –ex:
direitos de autor).
 Facto Jurídica: todo o facto ou acontecimento voluntário (quando depende do Homem) ou evento
natural, produtivo de efeitos jurídicos. Pode tratar-se de uma eficácia
constitutiva/modificativa/extintiva de relações jurídicas (o elemento da relação jurídica é o facto
jurídico constitutivo).
 Garantia: conjunto de medidas coercitivas (recurso aos Tribunais – aparelho sancionatário Estadual),
postas à disposição do titular ativo de uma relação jurídica, em ordem a obter a satisfação do seu
direito lesado por um obrigado que o infringiu (direito violado) ou o ameaça infringir (direito
ameaçado). A garantia da relação jurídico-privada só entra quando o titular ativo pretende.
1. Indemnização dos danos – quando lesados os direitos do titular que causam danos patrimoniais
ou não patrimoniais, logo há necessidade de reconstituir naturalmente a situação lesada ou
reconstituir por equivalente (dinheiro).
2. Proteção – protege o titular em casos de violação dos seus direitos, contra ameaças de violação
ou receios legítimos de infração do dever jurídico.
(Existe uma lacuna no sistema jurídico português, que não consagra providências coercitivas, mas encontra-se
preencinha pela Sanção Pecuniária Compulsória – art.829º-A).
3. Recurso à força própria para obter satisfação está exluído: o titular do direitos subjetivo violado
deve requerer perante os Tribunais a providência adequada (= para a defesa do seu direito, o
titular intentará uma ação). Em raros casos, pode recorrer:
- Ação Direta (art.336º)/ Legítima Defesa (art.337º)/Estado de Necessidade: com o fim de
realizar ou assegurar o próprio direito, desde que seja impossível recorrer aos meios coercivos
normais em tempo útil e que a sua ação não exceda o necessário para causar prejuízo.

TEORIA GERAL DOS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA

Sujeito de Direitos de Personalidade = entes suscetíveis de serem titulares de direitos e obrigações, de


serem titulares de relações jurídicas, podendo ser: pessoas singulares e coletivas. Todo o sujeito de
direito é necessariamente titular de relações jurídicas, ou seja, é necessariamente titular, pelo facto de
ser pessoa, de um círculo de direitos de personalidade.
Personalidade Jurídica = traduz-se na aptidão para ser titular autónomo de realções jurídicas. Quando
se fala de pessoas singulares, menciona-se o dever de respeito e de dignidade que se deve conceber a
todos os seres humanos, já nas pessoas coletivas trata-se de um processo técnico de organização das
relações jurídicas. Esta é inerente à capacidade jurídica (art.67º) ou capacidade de gozo de direitos
(art.66º, nº1).

Capacidade de exercício/ de agir = é a competência de atuar juridicamente, exercendo direitos e


cumprindo deveres, adquirindo direitos e assumindo obrigações, por ato próprio ato e exclusivo ou por
um representante voluntário (escolhido pelo próprio representado). Não carece do consentimento de
outrem.
≠ Incapacidade de exercício de direitos = a aptidão de atuar pessoal e autonomamente é inexistente.
Só é possível que o representante legal posssa exercer a atividade jurídica do representado.
Exemplo: Pode um menor ser proprietário de uma casa ? Pode, o menor tem capacidade jurídica ou de Gozo,
no entanto, não tem capacidade de exercício, pois não tem competência para se representar, podendo, neste
caso, ser os próprios pais a efectuar a sua representação (representação legal).
A capacidade de exercício de Direitos é reconhecida aos indivíduos que atingem a maioridade
(art.130º)
Porém, não são só os menores que são incapazes para o exercício de direitos (art.123º), há outras incapacidades
consideradas na lei: a incapacidade dos interditos (art.139º) e a incapacidade dos inabilitados (art.152º e ss.), ou
Pessoas Singulares:
Personalidade Jurídica = aptidão de ser titular autónomo nas relações jurídicas. Torna-se uma exigência
do direito à dignidade e ao respeito que se tem de reconhecer a todos os seres humanos.
Começo = a personalidade adquire-se a partir do momento em que se nasce com vida e
completo, considerando-se este o momento da separação do filho do corpo materno (art. 66º).
a) Condição jurídica dos nascituros – nascituros (ser concebido mas que ainda não nasceu)
e aos conceptunos (ainda não foi concebido). A lei permite que se façam doações aos
nascituros concebidos ou não concebidos (art.952º), sem qualquer restrição quando
referente aos concebido (art.2033º,nº1) e apenas testamentária, quando referente aos
não concebidos (art.2033º, nº2). A lei admite o reconhecimento dos filhos
concebidos fora do matrimónio (art.1847º, 1854º e 1855º). Assim, até ao nascimento
está-se perante o problema dos direitos sem sujeito.

Parece existir um direito sem titular ativo entre o momento da doação/morte e o


nascimento do beneficiário (já que só neste momento é que surge uma pessoa jurídica).
Termo = a personalidade jurídica pode cessar com a morte do sujeito, devido à presunção de
comoriência ou com o desaparecimento da pessoa.
b) Morte – a personalidade jurídica cessa com a morte, conforme o art. 68º - no momento
da morte, o sujeito perde os direitos e deveres da sua esfera jurídica. Os direitos de
natureza pessoal extinguem-se, enquanto os direitos de natureza patrimonial se
transmitem para os sucessores.
Art. 70º) protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita à sua personalidade física
ou moral, constituindo a ofensa à vida.
Art. 496º, nº3) possibilidade de atender aos danos não patrimoniais sofridos pela vítima.
Exemplo: a mulher do António, que morreu devido a danos provocados, após a sua morte pediu uma
compensação devido à dor e sofrimento do marido (danos não patrimoniais), bem como por direito à vida.
Apesar da morte de António, a mulher tem direito a uma compensação, dado que o direito de compensação é
transmissível.
c) Presunção de Comoriência – (=mortes simultâneas), presume-se, em caso de dúvida,
que uma e outra faleceram ao mesmo tempo, porém é suscetível de prova em contrário
(art.68º, nº1).
Exemplo: um casal tem dois filhos, A e B. Supondo que num acidente de viação morre o casal juntamente com
o filho A. Se se considerar as mortes simultâneas, a totalidade da herança dos pais sucede apenas para o filho
B. Mas, se por outro lado, se se considerar apenas simultâneas as mortes dos pais, provando-se que o filho A
só morreu algumas horas mais tarde, então a herança é dividida pelos dois filhos (A e B), passando a quota de
A para o seu avô ainda vivo.
d) Desaparecimento de uma pessoa – (art. 68º, nº3) implica a abertura de um processo de
justificação judicial do óbito, que deve ser promovido pelo Ministério Público, por
intermédio da conservatória competente.
Se, mais tarde, se vier a verificar ter havido um engano/incorreção (ex: a pessoa dada
como morta reapareceu ou prova-se que morreu numa dada ocasião) requerer-se-á a
invalidação ou retificação do assento do óbito. Aplicam-se as normas de morte
presumida, conforme o art. 114º e ss.
Exemplo: o empregado X que trabalhava na ponte 25 de Abril, cai. O seu corpo não é encontrado, não
havendo certeza se estava vivo ou morto. Abre-se um processo, que é levado à uma Conservatória do Registo
Civil de declaração, por quem tem legitimidade para tal (a mulher de X) para declarar a sua morte (art. 68º).
Direitos de Personalidade = poderes jurídicos pertencentes a todos os sujeitos, devido ao seu nascimento. O
sujeito é sempre titular de um certo número de direitos absolutos que se impõem ao respeito dos outros,
incindem sobre os aspetos do indivíduo – físico ou moral da personalidade (são os direitos de personalidade –
art.70º e ss).
i. Absolutos = impõem-se ‘’erga omnes’’, tendo a obrigatoriedade de ser respeitados por todas as
pessoas.
ii. Gerais = porque se aplicam a todos os sujeitos e não apenas a uma categoria específica.
iii. Extrapatrimoniais = o valor da vida ou da honra não são avaliáveis em dinheiro, são inqualificáveis.
Porém, no caso da sua violação, o lesante deve indemnizar a vítima (indemnização essa que é
equivalente não ao valor da vida mas sim ao custo da violação).
iv. Inalienáveis = são indissociáveis e indisponíveis mesmo para o seu titular.
v. Irrenunciáveis = o titular do direito não o pode renunciar.
Violação dos direitos de personalidade resultam em:
 Facto ilícito criminal = desencadeia uma punição estabelecida no Código Penal, em correspondência
com o respetivo tipo legal de crime (pode ser prisão, multa ou ambos).
 Facto ilícito civil = violação de um direito de personalidade que desencadeia a responsabilidade civil
do infrator (obrigação de indemnizar os prejuízos causados – art. 70º, nº2). Serve, ainda, como
‘’aviso’’ para a restante sociedade ter consciência das consequências das suas ações.
 Indemnização.
 Providências cautelares.
Limitações voluntárias dos direitos de personalidade:
 Para ser válida como negócio jurídico ou para ser relevante como circunstância que exclui a ilicitude
do ato lesivo e consequentemente a responsabilidade civil do lesante, deve estar em conformidade
com os princípios da Ordem Pública (art.81º, nº1 e 280º). No caso de ser contrário à Ordem Pública, o
negócio jurídico torna-se nulo.
 Limitação voluntária do direito à integridade física – (art. 340º) consentimento para intervenções
médicas, para operações estéticas, para benefícios de saúde de terceiros, para participar em jogos
desportivos violentos, etc. O critério decisivo a este respeito mantém-se o art. 81º (prinícipios da
Ordem Pública).

‘’Wrongful Life’’ e ‘’Wrongful Birth’’


a) ‘’Wrongful Birth’’ = os pais a pedir uma indemnização por danos próprios (ex: quando é
retirado aos pais a opção de abortar por falta de infromação do estado do feto ou há
interrupções na gravidez mal sucedidas).
b) ‘’Wrongful Life Actions’’ = indemnização dos danos sofridos pela própria criança, por ter
nascido com graves deficiências físicas e/ou mentais, deficiências essas que os médicos não
detetaram. Logo, a criança procura ser indemnizada pelo dano de ter nascido (recusa o direito
à vida). Segundo o ordenamento jurídico português, esta situação não é admissível pois não
existe nenhum direito à morte, logo se a criança nasceu, o seu direito à vida (direito
fundamental) foi realizado e não há dano a indemnizar.

Capacidade negocial de gozo e capacidade negocial de exercício:


 Incapacidade negocial de gozo: provoca a nulidade ou anulabilidade dos negócios jurídicos e é
insuprível (os negócios a que se refere não podem ser concluídos por outra pessoa em nome do
incapacitado, nem por este com a autorização de outra entidade).
 Incapacidade negocial de exercício: provoca a anulabilidade dos negócios jurídicos e é suprível, não
podendo os negócios serem realizados pelos incapacitado, mas podem ser através de meios
destinados ao suprimento da incapacidade de exercício. Estes são:
a) Instituto da representação Legal (art.124º - suprimento da incapacidade dos menores pelo
poder paternal e, subsidiariamente, pela tutela).
b) Instituto da Assistência (art. 153º - ‘’os inabilitados são assistidos por um curador) e
(consentimento conjugal – art. 1682º, 1682º-A, 1683º e 1684º).
Incapacidades negociais de gozo:
1. Incapacidade nupcial – art. 1601º
2. Incapacidade de perfilhar – art. 1850º
3. Incapacidade de testar – art. 2189º
4. Incapacidade de doar – art. 953º
5. Incapacidade de gozo relativa – art. 2192º e 2198º
Incapacidade negociais de exercício:
1. Menoridade – art. 122º e ss (emancipação plena e emancipação parcial – art. 1649º)
2. Interdição – art. 138º e ss.
3. Inabilitação – art. 152º e ss.
4. Ilegitimidade conjugal – art. 1678º a 1687º.
5. Incapacidades acidentais – art. 257º.
----------------------------------------------------ILEGITIMIDADE (+ INSOLVÊNCIA)--------------------------------------------------

Pessoas Coletivas:
São organizações constituídas por uma coletividade de pessoas ou por uma massa de bens, dirigidos à
realização de interesses comuns ou coletivos, às quais a ordem pública atribui personalidade jurídica.
Há duas espécies fundamentais de pessoas coletivas: as corporações e as fundações.
Substrato: elemento complexo, integrado por vários sub elemento; é o conjunto de elementos
da realidade extra jurídica, elevado à qualidade do sujeito jurídico pelo reconhcimento.
 Elementos:
Pessoal – verifica-se nas corporações: é a coletividade de indivíduos que se agrupam para a
realização de uma finalidade comum.
Patrimonial – verifica-se nas fundações: complexo de bens que o fundador afetou à
consecução do fim fundacional.
Teleológico – a pessoa coletiva deve prosseguir uma certa finalidade, justamente o fim ou a
causa determinante da formação a coletividade social ou da dotação fundacional.
Intencional – trata-se do intento de constituir uma nova pessoa jurídica distinta dos
associados, de fundador ou dos beneficiários (art.199º e 200º).
Organizatório (criação de órgãos) – deliberativos (formam a vontade da pessoa coletiva) e
executivos/representativos (executam as deliberações formadas).

Reconhecimento: elemento do Direito, redutor da dispersão e pluralidade do substrato à


unidade, à qualidade de sujeito de Direito.
 Individual ou por cessação – ato individual e discriminatório de uma autoridade pública que
personificará ou não o substrato (art. 185º e ss).
 Normativo – derivado automaticamente da lei (condicionado – art. 158º, nº2 e 167º) e
(Incondicionado – a ordem jurídica atribui personalidade jurídica de plano).
Capacidade jurídica de gozo limitada = não têm os direitos inerentes à pessoa humana; só têm direitos
necessários à prossecução dos seus fins (art.160º, nº1 e 2). Incapacidade de gozo = nulidade.
Responsabilidade Civil = art. 165º + responsabilidade contratual art. 800º + responsabilidade extracontratual
art. 500º.

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