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O nosso Código Civil de 1966 apresenta uma Parte Geral, logo, Teoria Geral do Direito Civil incide, não
forçosamente, sobre esta parte. O facto de as normas se revelarem num Código demonstra um critério
de racionalidade e organização. Devido ao Código Civil apresentar uma Parte Geral verificam-se
vantagens:
Reúne numa só parte do Código tudo aquilo que é comum no Direito Civil. Existem, porém,
aspetos que não são aplicáveis a todos os negócios jurídicos, restringindo-se aos patrimoniais e
intervivos.
Apresenta, ainda, um Sistema Interno e um Sistema Externo.
Sistema Interno: dis respeito às coligações valorativas do Código Civil. O Código de Seabra, era
um Código individualista e de filosofia liberal (influenciado pela época). Contrariamente, o
Código Civil de 1966 tem um pendor de natureza social – apresenta uma justiça material e real, o
Estado é um estado intervencionista que procura corrigir desequilíbrios.
Artigos 334º; 473º; 762º, nº2.
Sistema Externo: diz respeito à organização do Código, ao sistema de exposição das matérias:
Parte Geral + Direito das Obrigações + Direito das Coisas + Direito da Família + Direito das Sucessões
Modo de organização das matérias
Crítica ao Sistema Externo: a pessoa humana, de acordo com a sitematização das matérias, encontra-se
submergida.
Está crítica não se aplica ao Sistema Interno, pois o código valoriza devidamente a pessoa humana (art.
CONTEÚDOS DA DISCIPLINA: Este código socorre-se inúmeras vezes de conceitos
gerais e abstratos. É um tipo de formulação que se
1. Problemas da norma jurídica traduz na elaboração de tipos de situações de vida
mediante conceitos definidos aos quais o aplicador
deve subsumir as situações a decidir e as soluções
Fontes de Direito Civil Princípios fundamentais do Direito Civil respetivas (art.210 CC). Ex: art. 334º estabelece o
abuso do direito/ excesso da boa fé e dos limites do
Onde está contido o direito civil aceitável; logo o sujeito fica impedido de exercer o
seu direito.
2. Problemas relativos à relação jurídica:
Dimensão da alteridade;
Estabelecimento dos elementos da relação jurídica;
Garantia da relação jurídica.
3. A teoria geral do direito civil divide-se em duas partes:
( 1ª parte) Teoria Geral da norma jurídica civil – é a teoria geral do direito objetivo/ ‘’law’’ (norma
jurídica);
(2ª parte) Teoria Geral da relação jurídica civil – é a teoria geral do direito subjetivo/ ‘’right’’ (estudo da
estrutura e dos elemntos da relação jurídica).
A expressão ‘’Direito’’ tem a possibilidade de ter dois sentidos diferentes:
Sentido objetivo – sinómino de conjunto de princípios reguladores, de normas de conduta, de normas de
disciplina social .
Sentido subjetivo – sinómino de faculdade/poder.
1. Tribunais Judiciais Comuns ou de 1ª Instância (destes poderá recorrer-se para o Tribunal da Relação);
2. Tribunal da Relação (destes poderá recorrer-se para o STJ);
3. Supremo Tribunal da Justiça = é a cúpula dos tribunais (há 3 secções: secção civil, criminal e social).
2) Qual a lei que rege o caso em concreto – ex: problema da responsabilidade civil, qual a preponderância da
distinção entre D. Privado e D. Público? nos Actos de Gestão Privada, a responsabilidade civil é regulada pelo
código civil e nos Actos de Gestão Pública, a responsabilidade é regulada por lei especial (lei administrativa).
Direito Privado = disciplina as relações entre particulares fundadas na sua igualdade e autodeterminação
(autonomia da vontade). Divide-se em:
- Direito Privado Comum (direito civil): disciplina a vida comum dos cidadãos desde o momento do seu
nascimento até à sua morte e as respetivas variações e consequências.
- Direito Privado Especial: realizam a adaptação do Direito Privado Comum e situações jurídicas especiais
(ex: Direito Comercial e Direito do Trabalho – ramos de direito autónomos).
Ramo de direito Autónomo = quando tem princípios gerais próprios e, por isso, distingue-se dos demais.
Direito Civil
É o direito que regula a vida quotidiana dos Homens, desde o seu nascimento e os direitos de
personalidade inerentes (regula a morte, a ausência, as incapacidades, os direitos patrimoniais,
contratos em especial, etc.) ou seja, tutela coercivamente os interesses dos Homens em relação com
outros Homens, nos diversos planos da vida. Trata da autonomia (ideia fundamental para o direito civil)
da pessoa no desenvolvimento da sua personalidade. É um ordenamento de defesa/proteção de direitos
e posições jurídicas adquiridas. Serve, ainda, como direito subsidiário para o direito comercial e o direito
de trabalho (ou seja, o sistema recorre às normas de direito civil para colmatar essas omissões).
Constituí um núcleo fundamental de todo o direito privado.
Autonomia = poder da autodeterminação quer nas relações com outras pessoas (ex: negócios jurídicos), que
supõem a igualdade de situações jurídicas dos sujeitos, quer por ato unilateral, com o objetivo de prosseguir os
interesses/fins próprios.
Fontes do Direito Civil
Os modos de aparecimento das normas integradoras do ordenamento jurídico civil vêm indicados nos
primeiros artigos do código civil. Estas disposições iniciais regulam a matéria das fontes de direito – e
fazem-no de maneira que transcende o âmbito do direito civil para integrar o modo de surgimento das
normas jurídicas em geral.
Art. 1º - as fontes de direito são as leis e as normas corporativas (fonte imediata e fonte mediata)
LEI: é a única fonte de direito civil imediata + são normas imperativas, gerais e abstratas que emanam
das autoridades competentes, segundo a CRP (art.1º do CC).
Norma Corporativa : já não existem, logo não são fontes de Direito; porém eram normas que serviam
para regular as instituições que possuem uma natureza jurídica privada.
Assentos: fonte interpretativa; é a reunião de todos os Conselheiros da Secção Cível no Tribunal Pleno,
onde através de uma votação era fixado um Assento, que tinha valor de Lei. Os assentos já não se
encontram em vigor, mas em vez deles existem os acórdãos uniformadores de jurisprudência – têm
praicamente valor de lei pois possuem uma certa obrigatoriedade.
Usos de facto: não são fontes imediatas de direito, no entanto, só valem/podem ser utilizados quando a
LEI o determinar (correlacionados com o princípio da boa fé, logo não o podem contrariar).
Equidade: é a justiça do caso concreto; os juízes apenas podem decidir de acordo com a LEI ou por
CONVENÇÃO DAS PARTES, só no caso da lei permitir é que a equidade passará a fonte imediata do
direito.
(Jurisprudência): é o conjunto de decisões de Tribunais. Não é considerado como fonte de direito, no
entanto, as decisões dos Tribunais só o valem para o caso concreto; assim pode um Tribunal decidir de
uma forma um caso e outro decidir de forma diferente – são eles que interpretam e aplicam a norma
logo, pode faze-lo de modo diferente para cada caso.
Existem 2 declarações de vontade com sentidos divergentes. Existem, também, declarações de vontade unilaterais, onde
Embora os dois tenham vontades diferentes, têm um mesmo só existe uma declaração de vontade (ex: testamento), ou
objetivo (ex: X quer vender uma televisão e Y quer comprá-la). existindo mais do que uma, vão todas no mesmo sentido.
Propriedade Privada
A tutela constituicional da propriedade privada encontra-se expressamente consagrada no art. 62º da
Constituição, segundo o qual ‘’a todos é garantido o direito à propriedade privada e à sua transmissão
em vida ou em mente, nos termos da Constituição. O código civil português não define o direito à
propriedade, mas o art. 1305º caracteriza-o: ‘’o proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos
de uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem (…)’’. Características:
1. O proprietário tem poderes limitados = há uma indeterminação na delimitação dos poderes.
2. O direito de propriedade é dotado de uma certa elasticidade ou de uma força expansiva =
quando um direito real que limite a propriedade da coisa se extingue, reconstitui-se a plenitude
da propriedade sobre ela. O proprietário limitado recupera a plenitude do seu direito de
propriedade.
3. Direito perpétuo, o que implica que não pode extinguir-se pelo não uso = ‘’não usar a
propriedade é uma forma de a usar’’, o proprietário tem o poder de querer ficar inativo.
Direitos Reais limitados: conferem apenas a possibilidade de exercer certos poderes sobre uma coisa, são
direitos sobre coisas que em propriedade, pertencem a outrem.
Direitos reais de gozo = conferem um poder de utilização, total ou parcial, de algo. Engloba-se o
usufruto; o uso e habitação; o direito de superfície e as servidões e o direito real de habitação periódica.
Direitos reais de garantia = conferem o poder de, pelo valor de uma coisa ou pelo valor dos seus
rendimentos, um credo obter o pagamento da dívida de que é titular ativo. Nestes direitos há o penhor, a
hipoteca, os privilégios creditórios especiais, o direito de retenção e a consignação de rendimentos.
Direitos reais de aquisição = conferem a um determinado indivíduo a possibilidade de se apropriar de
algo, de adquirir algo. O direito real de aquisição mais importante é o direito real de preferência (art.
1380º, 1409º, 1535º e 1555º).
Fenómeno sucessório
É o chamamento de uma ou mai pessoas à titularidade das relações patrimoniais de uma pessoa falecida
e a consequente devolução de bens que a esta pertenciam. A atual Constituição inclui o direito à
transmissão dos bens por morte na mesma disposição legal em que reconhece o direito à propriedade
privada (art. 62º, nº 1).
Títulos de vocação sucessória admitidos: a lei, o testamento e o contrato (art.2026º) (=o chamamento
dos sucessores far-se-à segundo o determinado a lei, em testamento ou por contrato.
Sucessão Legal = pode ser legítima ou legitimaria, consoante possa ser ou não afastada pela vontade da
pessoa falecida (autor de sucessão).
Sucessão Legítima: chamamento dos herdeiros legítimos à sucessão, por o autor da sucessão não
ter disposto valida e eficazmente, no todo ou em parte, dos seus bens. É realizado por ordem de classes
sucessíveis (do grau mais próximo ao grau mais afastado) – art. 2131º e ss
Sucessão Legitimaria: impõe a devolução de parte dos bens a certas pessoas, no caso de existirem,
mesmo contra a vontade do autor da sucessão - art. 2156º e ss
Deserdação: o autor da sucessão priva o herdeiro legitimário da legítima em testamento e com
expressa declaração da causa. Só pode fundamentar-se numa das ocorrencias previstas no art. 2166º.
Sucessão Voluntária = pode resultar de um testamento ou de um contrato.
Sucessão Contratual: só é admitida em casos excecionais, de reduzida extensão (pouco frequente).
Sucessão Testamentária: consiste no chamamento dos herdeiros testamentários. Determina a
devolução dos bens, segundo a vontade do autor da sucessão, expressa num testamento válido e eficaz -
art. 2179º e ss
Teoria Geral da Relação Jurídica
1. Relação Jurídica em sentido amplo: é toda a relação da vida social relevante para o Direito, isto é,
produtiva de efeitos jurídicos e disciplina pelo Direito.
2. Relação Jurídica em sentido restrito: relação da vida social disciplinada pelo Direito, mediante atribuição
a uma pessoa de um direito subjetivo e a imposição a outra de um dever jurídico ou uma sujeição.
a) Relação Jurídica Abstrata: quando se considera um esquema/modelo contido na lei, como na
relação pela qual o inquilino deve pagar uma renda ao senhorio.
b) Relação Jurídica Concreta: quando se considera uma relação jurídica já existente na realidade,
entre determinadas pessoas, sobre um determinado objeto, e procedendo de um determinado
facto jurídico. Ex:. A relação pela qual o senhorio A pode exigir ao inquilino A uma renda de
20.000$ pelo arrendamento do prédio X.
Instituto Jurídico = conjunto de normas legais que estabelecem a disciplina de uma série de relações jurídicas
em sentido abstrato, ligadas por uma afinidade (normalmente a de estarem integradas no mesmo mecanismo
jurídico). Ex:. Instituto Jurídico do poder paternal, da compra e venda, etc.
Desta forma, a relação jurídica é a matéria sobre que incide a regulamentação e o instituto jurídico é a
disciplina normativa dessa matéria (conjunto de normas que a regulam).
Estrutura da Relação Jurídica: vínculo/nexo que existe entre os sujeitos.
Pessoas Coletivas:
São organizações constituídas por uma coletividade de pessoas ou por uma massa de bens, dirigidos à
realização de interesses comuns ou coletivos, às quais a ordem pública atribui personalidade jurídica.
Há duas espécies fundamentais de pessoas coletivas: as corporações e as fundações.
Substrato: elemento complexo, integrado por vários sub elemento; é o conjunto de elementos
da realidade extra jurídica, elevado à qualidade do sujeito jurídico pelo reconhcimento.
Elementos:
Pessoal – verifica-se nas corporações: é a coletividade de indivíduos que se agrupam para a
realização de uma finalidade comum.
Patrimonial – verifica-se nas fundações: complexo de bens que o fundador afetou à
consecução do fim fundacional.
Teleológico – a pessoa coletiva deve prosseguir uma certa finalidade, justamente o fim ou a
causa determinante da formação a coletividade social ou da dotação fundacional.
Intencional – trata-se do intento de constituir uma nova pessoa jurídica distinta dos
associados, de fundador ou dos beneficiários (art.199º e 200º).
Organizatório (criação de órgãos) – deliberativos (formam a vontade da pessoa coletiva) e
executivos/representativos (executam as deliberações formadas).