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Sumário
OLHARES DA PSICOPEDAGOGIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ESPECIAL ......................................................... 3
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 27
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NOSSA HISTÓRIA
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OLHARES DA PSICOPEDAGOGIA SOBRE O
DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
ESPECIAL
Dessa forma, a questão a ser discutida é muito maior do que quem está dentro
ou fora e precisa ou deve ser incluído. Aqui, vale ressaltar como se dá esta inclusão
e em que contexto se pretende incluir, assim como, e principalmente, a implicação do
educador no processo.
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comum, não sendo substitutivas à escolarização, e esse atendimento complementa
e/ou suplementa a formação dos alunos para autonomia e independência na escola
e fora dela. Neste sentido, o AEE proporciona programas de enriquecimento
curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e
sinalização, ajuda técnica e tecnologia assistiva (SEESP/MEC, 2007).
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A inclusão depende do entendimento de que o processo de conhecimento é
tão importante quanto seu produto final e deve acatar o ritmo da aprendizagem e o
traçado que cada aprendiz organiza, partindo de seus sistemas de significação e de
seus conhecimentos obtidos além do que foi herdado. Os profissionais precisam
entender como os conhecimentos evoluem e como a inteligência se evidência na
organização das estratégias, ou seja, como os alunos podem aplicar conhecimentos
que já possuem para se adaptarem a situações inéditas e desconcertantes tanto do
pensamento, quanto da ação.
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A Evolução da Legislação Nacional e das Ações sobre
Atendimento Educacional Especializado (AEE)
Nas pesquisas em AEE no Brasil, não fugindo à regra mundial, as primeiras
preocupações com a educação especial são ligadas à medicina. Médicos e
profissionais da saúde, buscando alternativas para as pessoas com deficiência,
procuram compreender a origem e os desdobramentos dos problemas de saúde,
acabam por contribuir para o surgimento do AEE no processo de experimentação
para prover o tratamento aos pacientes.
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e obrigatória, (BRASIL, 1934) e a preocupação com a educação especial se expande
nos debates em âmbito nacional.
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fica a cargo dos municípios o atendimento dos “alunos com necessidades
educacionais especiais” nestes níveis de ensino (BRASIL, 1996).
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Educação Básica, modalidade Educação Especial é promulgada em 2009 e define
com maiores detalhes o público alvo do AEE, e garante o direito de matricula no AEE
aos alunos matriculados em classes comuns de ensino regular público. E no tocante
a formação do docente para a atuação no AEE, trata de forma geral, explicitando que
a formação inicial deve ser licenciatura, e a formação continuada, específica para a
educação especial (BRASIL, 2008).
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uma infinidade de possibilidades para processo do desenvolvimento da
aprendizagem, conferindo características únicas para o aprender de cada aluno.
Para Fernández (2001) há um cuidado que deve ser tomado, um dos maiores
problemas a ser superados é a busca pelos culpados do fracasso escolar, a partir
desta prática errônea, percebe-se um jogo onde ora se culpa a criança, ora a família,
ora uma classe social, ora o sistema econômico, político e social. Para a autora, não
existe um culpado para a não-aprendizagem.
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sociedade são os agentes integrantes da construção do processo de aprendizagem,
e precisam estar atentos às necessidades educacionais das novas gerações.
Algumas crianças são mais lentas que as outras, mas isso por si só não
significa dificuldade de aprendizagem, apesar de possuírem inteligência normal, não
conseguem aprender no mesmo tempo dos outros alunos. Como fator de origem
sociocultural, devem ser um alerta as dificuldades para entender e seguir instruções;
dificuldade para lembrar o que alguém acaba de dizer; dificuldade no domínio das
destrezas básicas de leitura, soletração, escrita e/ou matemática; dificuldade em
distinguir direita e esquerda, em identificar palavras; dificuldades em distinguir direita
e esquerda; escrevem letras e números ao contrário; dificuldade em se coordenar ao
caminhar e praticar esportes; possuem dificuldades em atividades simples de apontar
um lápis, amarrar os tênis; tem dificuldade de entender o conceito temporal (ontem,
hoje, amanhã); manifesta fácil irritação e excitação.
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em testes padronizados e individualmente administrado para mensurar os níveis de
desenvolvimento da leitura, escrita e conhecimentos matemáticos. Essa terminologia
é aplica para classificar os transtornos da aprendizagem dos alunos de inteligência
normal, que não tem outro fator causador de dificuldades de aprendizagem
relacionados aos fatores socioculturais, deficiências físicas e mentais, doenças
neuropsiquiátricas e outros.
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aprendizado dos alunos com dificuldades de aprendizagem e com transtornos de
aprendizagem. A compreensão equivocada do conceito de educação inclusiva por
parte dos agentes da educação acaba acentuando as desigualdades, provendo
justificativas para o fracasso dos alunos da inclusão com base nas dificuldades ou
transtornos de aprendizagem dos alunos. Segundo a professora Rios
Os colegas (professores da sala regular) querem trazer as tarefas da sala de aula, a tarefa
de matemática, o texto de português, o conteúdo das ciências e de história, aquele que o
aluno não deu conta de fazer na sala de aula - e não ia dar conta mesmo, porque ele
recebeu a mesma atividade que foi planejada para a turma toda – e então os professores
ficam zangados quando explicamos que nossa função aqui não é fazer as tarefas da sala
de aula do regular, mas trabalhar para o desenvolvimento das habilidades diversas dos
nossos alunos, trabalhar metodologias diversificadas que proporcionem o aprendizado do
nosso aluno. Os colegas querem que a gente pare com o nosso planejamento, com os
nossos objetivos, pra dar reforço pros alunos, pra fazer as tarefas atrasadas com eles.
(RIOS, 2013, entrevista individual).
Nosso planejamento a gente prefere fazer aqui com a nossa equipe. É aqui que a gente
passa a semana toda com os nossos meninos, até tentaram levar a gente pra lá, pra sala
dos professores planejar, mas colocar todas dentro do mesmo ambiente não é
planejamento conjunto, já que é pra centrar cada grupinho separado, a gente fica aqui
mesmo, é aqui que a nossa criatividade flui minha irmã. Mas nós fazemos só. Não temos
o acompanhamento da equipe pedagógica. (RIOS, 2013, entrevista individual).
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função está na investigação e promoção das possibilidades de mudanças sobre os
processos cognitivos, emocionais e pedagógicos que possam estar interferindo na
não aprendizagem dos alunos.
Essa semana meu aluno me perguntou: - Porque eu gosto tanto daqui professora?
Porque eu fico querendo que a manhã passe rápido, para que a tarde chegue logo pra
eu vir para cá? Porque eu sou tão feliz aqui, professora? A senhora sabia que esse é
meu lugar. É aqui que seu sou feliz. E eu... eu chorei de felicidade ao ver meu aluno tão
bem, tão feliz, tão realizado. Lembrei que quando ele chegou aqui tinha muito mais
dificuldades para conversar, para se expressar, para ler e escrever. E hoje ele faz isso
tudo tão bem. Ele se desenvolveu tanto. Eu sou da educação especial a muitos anos, e
não quero sair daqui. Essa vivência me faz bem, eu fico feliz vendo meu aluno feliz e
realizado. (LAGOS, 2014, entrevista individual).
O que mais falta, minha irmã, é o reconhecimento e consideração dos outros colegas
professores das salas de aula regular, da escola, dos pais dos alunos, sem esse
reconhecimento e valoriza não se pode fazer uma educação inclusiva, até nós que somos
excluídas pelas colegas por ser professoras da sala de recursos. Lá vai a professora dos
doidos. – dizem os colegas. (RIOS, 2014, entrevista individual.) Não é fácil não. Nós somos
discriminadas até no meio dos outros colegas. Somos os professores dos doidos, as que
não trabalham [...] Então é assim, nós temos sucessos, temos derrotas, mas não
desistimos. Porque eles são a nossa vida sabe. Nosso trabalho é vivo. Para você vê, tem
aluno que está comigo aqui desde 2005. Então a gente constrói um relacionamento junto
com eles [...] (LAGUNA, 2014, entrevista individual.)
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A atividade docente inclusiva exige uma mudança de conceitos da escola, dos
professores e da comunidade, é muito mais que trazer os alunos com necessidades
especiais para dentro das escolas para conviver com os outros. Segundo olhar da
psicopedagogia nenhum aluno é normal, pois todos são diferentes, têm seus tempos,
ritmos, modos de aprendizagem diferentes, e precisam especificidades para o
desenvolvimento da aprendizagem.
Nós ensinamos nossos alunos pra vida lá fora. Eles chegam aqui pra gente totalmente
dependente das famílias, não sabem andar sozinhos, não saem. E depois eles aprendem
a pegar ônibus, a ir na padaria, a comprar o que precisa, a pedir informação. Muitos deles
hoje já vêm pra escola sozinhos. Isso é emancipação. A educação deles é diferente, eles
precisam aprender outros saberes que a família fica com medo de dar em casa, as famílias
acham que eles são incapazes. É o medo da família que põe medo neles. Nós ensinamos
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eles a ter coragem de encarar a vida. (LAGUNA, 2014, entrevista individual). Nossa
primeira barreira é a família. Meu aluno não se aceita por causa porque não é aceito e
valorizado com suas diferenças pela família. Nós oferecemos as tecnologias que o ajudaria
a ler melhor, mas ele não aceita nenhuma ajuda, nenhuma tecnologia assistiva. (LAGOS,
2014, entrevista individual).
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lembra Macedo (1992, p.7). O autor sublinha, nesta definição, como um conhecimento
científico pode ser meio ou instrumento para a produção de um novo saber ou fazer
e como essa dialética entre fins e meios não é simples nem linear. A tarefa desse
novo profissional é integrar, aglutinar e operacionalizar conhecimentos e práticas que
se apresentam segmentados em diferentes áreas do conhecimento, transformando-
as em partes de um novo todo.
O campo conceitual psicopedagógico vem proporcionar uma nova possibilidade para que
a escola reverta esse quadro de fracasso, por meio da descoberta de novas possibilidades
de ação e intervenção. A Psicopedagogia, tendo como fenômeno de estudo o aprender e
o não aprender, pode auxiliar em sua abordagem institucional, propõe-se a analisar a
instituição escolar e suas relações de aprendizagem segundo uma abordagem crítica e
sistêmica (2009, p. 115).
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O trabalho do psicopedagogo depende da atuação da escola pelo modo com
a escola trata a diversidade e pela sua possibilidade de que ser flexível e acolhedora.
É percebida a dificuldade de criar uma escola integradora e respeitosa das
individualidades e que, ao mesmo tempo, obtenha bons níveis de formação.
Cada escola pode abordar, e, na verdade, muitas o estão fazendo, o tema da educação na
diversidade de forma coletiva. No que se refere a este aspecto, a elaboração do projeto
educativo tem sido um bom recurso, para explicitar o problema e para começar a buscar
soluções institucionais (BASSEDAS, 1996. p. 28).
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humana.” Configura-se, expressivamente, a ação psicopedagógica na escola,
propondo uma prática muito mais voltada ao coletivo do que ao individual.
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sujeito durante o seu processo de aprendizagem e a consciência que ele tem do que
realiza.
INCLUSÃO
Das tentativas de inclusão no Brasil, nos anos 1998 a 2002, pode-se assinalar
algumas características, entre as quais:
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• inserção do tema inclusão em programas e eventos científicos, em
reivindicações ligadas às pessoas com deficiência, em publicações e nos meios de
comunicação;
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Desses depoimentos, bem como dos relatos de inclusão escolar realizadas em
países desenvolvidos e em desenvolvimento e as mudanças dos sistemas de escolas
públicas que viabilizaram a inclusão, foram levantados alguns itens importantes a
serem considerados referentes à inclusão. Os passos assinalados por esses autores
para solucionar o desafio da inclusão evidenciaram um preparo cuidadoso referente
a aspectos educacional, estrutural, político, administrativo e organizacional. De forma
bastante simplificada, isso implica dizer que seria indispensável assegurar atenção
aos seguintes itens:
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• autoavaliação do profissional envolvido na inclusão, de suas
possibilidades e limites pessoais e profissionais e de como pode contribuir.
Frente a esses dados, fica o convite para que se reflita a respeito das possíveis
formas e encaminhamentos para viabilizar a inclusão dos alunos em geral e dos
alunos com deficiência no processo de escolarização. Caberia, pois, nesse sentido
voltar-se para as investigações sobre experiências em escolas referente a recursos
humanos e materiais procurando explicitar:
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IDENTIDADE DA PSICOPEDAGOGIA
No final do século XVIII e início do século XIX, procurava-se identificar no físico
as determinantes das dificuldades de aprendizagem. Os médicos educadores, como
Esquirol, Itard, Seguin, que muito contribuíram para os fundamentos de uma didática
para trabalhar com crianças com deficiência mental, ilustraram a importância atribuída
ao diagnóstico médico e às características de uma ação pedagógica vinculada ao
médico. O primeiro Centro Psicopedagógico5, criado em 1946 em Paris, teve como
objetivo desenvolver um trabalho cooperativo médico-pedagógico. Nesse enfoque de
trabalho o diagnóstico psicopedagógico visava esclarecer a inadaptação escolar e
social e corrigi-la, trazia implícita uma concepção de educação determinada pela
sociedade já estruturada, à qual o homem deveria adaptar-se.
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O surgimento da Psicopedagogia significou o resgate de uma visão global do
ser humano no seu ato de aprender. Constituiu-se assim uma área de estudos voltada
para o processo do aprender humano, na sua totalidade como individualidade de ser
social; na abrangência de ser corpo (sentir/perceber) de ser afetividade (valores,
desejos, interesses, necessidades) de ser pensamento (conceitos, ideias e reflexão).
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• avaliar continuamente, propiciando ao aluno oportunidades de refazer
atividades e compreender o que e onde errou. Opor-se a:
• pseudo-escolarização;
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REFERÊNCIAS
Dens, A. La Educacicón Especial una visión sobre la integración y la inclusión
desde un enfoque pedagógico Tema livre apresentado no II Encontro Mundial de
Educación Especial Havana/ Cuba, 1998.
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva com os Pingos nos Is. 2. ed.
Porto Alegre: Mediação, 2005. 176p.
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Masini EFS. Inclusão Escolar In Scoz, B. J. Lima et al. Psicopedagogia:
avanços teóricos e práticos: escola, família, aprendizagem São Paulo: Vetor, 2000
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