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SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

ALINE EVELYN LIMA BEZERRA


DAYANNA COSTA

Unidade 01
Unidade 1| Introdução

Na primeiro capítulo, você aprenderá onde


tudo começou e o que é sustentabilidade. No
segundo capitulo, serão abordadas as práticas
de desenvolvimento sustentável; o relatório
de Brundtland e o The global goals. No
capítulo 3, você verá alguns indicadores de
sustentabilidade e, por fim, será mostrada a
Conferência das Nações Unidas sobre
Fonte: Pixabay Desenvolvimento Sustentável.
Unidade 1| Objetivos
1. Definir o conceito de sustentabilidade, discernindo sobre sua importância
e aplicabilidade;

2. Discernir acerca do desenvolvimento sustentável em cidades e na


sociedade como um todo;

3. Avaliar os diversos indicadores de sustentabilidade;

4. Compreender os resultados práticos da Conferência das Nações Unidas


sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20.
O que é sustentabilidade

A economia capitalista é marcada por


características em que a valorização do
dinheiro prevalece sobre as questões sociais
e ambientais, acarretando desastres naturais
e desigualdades sociais.
Fonte: Pixabay
Existe um sistema linear de produção, ou seja, em que tudo começa na extração,
na exploração dos recursos naturais disponíveis no planeta.

No entanto, vivemos em um planeta finito. Como o sistema de produção é linear,


encontramos a primeira limitação, já que os recursos naturais também são
finitos. Somente nas ultimas três décadas foram consumidos em torno de 33%
dos recursos naturais do planeta.

Um dos países que mais consome os recursos naturais é o Estados Unidos,


utilizando cerca de 30% dos recursos totais de todo o planeta. Se todos os países
utilizassem os recursos com a mesma intensidade que os Estados Unidos, seriam
necessários três vezes mais recursos para suprir essa demanda. Somente na
Amazônia, em 2014, 2.000 árvores eram derrubadas por minuto.
É no setor produtivo, industrial, que as matérias-primas são transformadas em
produtos. Nessa fase de transição, são alocadas grandes quantidade de recursos
naturais para máquinas, corroborando com o que acontece na fase anterior (de
extração), em que são utilizados grandes quantidades de recursos naturais finitos.

Ainda nessa etapa, para que as matérias-primas sejam transformadas em


produtos finais, é necessária a adição de químicos nesses materiais, sendo que
apenas uma pequena parcela deles é testada. Assim, é desconhecido o nível do
impacto desses químicos tanto à saúde de quem consome quanto ao meio
ambiente.
Após, os produtos são distribuídos ao varejo para que sejam consumidos. Nessa
fase, é importante destacar que os consumidores precisam constantemente
trocar seus pertences, alguns porque se tornam obsoletos e ultrapassados e
outros porque realmente perdem a utilidade, condições que são atribuídas aos
produtos de forma proposital, por meio de duas estratégias: obsolescência
programada e obsolescência perceptiva.
Definição de sustentabilidade

A sustentabilidade tem como objetivo conservar,


sustentar e cuidar, de forma que as ações
realizadas agora não afetem de forma prejudicial
as gerações futuras. Então, aqui já podemos
concluir que a sustentabilidade tem relação
direta com a conservação por um longo período.
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Costumamos pensar que a sustentabilidade diz respeito somente ao aspecto
ambiental. No entanto, sustentabilidade é muito mais que isso e diz respeito aos
aspectos econômicos, sociais e ambientais de qualquer organização, sendo
necessário observar quais os impactos reais, positivos ou negativos, são causados
a essas três dimensões.

A convergência dessas três dimensões – ambiental, social e econômica – é


conhecida como Triple Bottom Line (TBL) ou tripé da sustentabilidade.
I – Ambiental: As práticas de sustentabilidade elaboradas a partir do enfoque
ambiental são as práticas mais conhecidas e têm como objetivo minimizar os
impactos causados ao meio ambiente pelas ações do homem, na busca por
permanência a longo prazo.

II – Social: os indícios de estratégias sociais buscam promover o bem-estar e


qualidade de vida a determinadas comunidades. Quando relacionadas a
indústrias e empresas privadas, as ações se concentram em torno das
pessoas que fazem parte da organização, como stakeholders e operários.
Além disso, existe uma parte da sustentabilidade mais voltada às pessoas que
não estão ligadas diretamente às organizações, mas que são prejudicadas por
causas de suas práticas.
III – Econômico: esse é resultado das organizações, medido em valores
econômicos, ou seja, lucratividade das organizações. Lembrando que na
sustentabilidade os valores econômicos só são considerados positivos quando
atrelados aos resultados ambientais e sociais.

Vale ressaltar que a sustentabilidade só existe hoje porque vivemos em um


planeta finito, mas que o sistema de produção funciona de forma linear,
utilizando de forma irracional os recursos naturais limitados.
Desenvolvimento sustentável

Sustentabilidade diz respeito a sustentar, conservar. Considerando essas


duas definições, o desenvolvimento sustentável diz respeito à evolução da
geração atual de uma forma produtiva, sem que possa comprometer os
recursos e o habitat das próximas gerações.

Fonte: Pixabay
Segundo Camargo (2020), as definições de desenvolvimento sustentáveis mais
conhecidas, estão dispostas no relatório Nosso futuro comum, de 1991.

Desenvolvimento sustentável é um novo tipo de desenvolvimento capaz de manter o


progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o
planeta e até um futuro longínquo.

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem


comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades.

Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação, no qual a


exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento
tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e
futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas (CAMARGO, 2020).
Relatório de Brundtland

O relatório de Brundtland é um documento


que foi elaborado na década de 1980,
intitulado Nosso futuro comum, pela
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, que tinha como chefe, na
época, a primeira-ministra da Noruega, Gro
Harlem Brundtland.

Fonte: Jesus (2018).


A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento começou os
debates e estudos acerca do desenvolvimento sustentável em 1983, tendo como
objetivo de elaborar soluções e/ou propostas ambientais.

Em 1987, saiu o resultado dessa comissão, foi publicado o documento intitulado


Nosso futuro comum, também conhecido como relatório de Brundtland.

Nesses três anos, foram ouvidos líderes de governos de todo o mundo acerca de
questões ambientais. Foram realizadas reuniões em regiões desenvolvidas e não
desenvolvidas, possibilitando, assim, que vários pontos de vistas, de diferentes
países e situações, pudessem ser considerados para a elaboração das propostas
que estariam dispostas no relatório.
Aconteceu em 15 de setembro de 2015, em Nova Iorque, uma reunião
elaborada pela Organizações das Nações Unidas (ONU), para a definição de
metas globais de desenvolvimento sustentável. Essas metas foram elaboradas
partindo das três premissas:

I – Combater à pobreza.
II – Diminuir a desigualdade social.
III – Combater as mudanças climáticas.

The global goals (As metas globais) são 17 objetivos globais, publicados em
2015, com o objetivo de transformar o mundo em um planeta melhor até 2030.
Passados cinco anos que os objetivos foram colocados em prática, eles já
surtiram efeitos significativos.
As 17 metas estão ligadas a seis subtemas: pobreza; saúde e bem-estar;
educação, habilidades e trabalho; um mundo seguro e justo; sustentabilidade;
e meio ambiente. Atingir os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável faz
parte de um grupo muito maior de metas, 169, que buscam atingir 231
indicadores globais, todos voltados ao desenvolvimento sustentável.
Indicadores de sustentabilidade

Levando em consideração somente com o título


da publicação, pode surgir a dúvida: existe
relação entre esse trabalho e a história dos
indicadores de sustentabilidade? De fato, o foco
do registro concentrava-se em torno de um
desenvolvimento econômico de forma obsoleta
nos Estados Unidos. Fonte: Pixabay
Em um documento, os autores Nordhaus e Tobin (1972) explanaram o
crescimento econômico de uma forma tão ampla que adentraram nos impactos
sociais e ambientais que o crescimento causava. Perceberam, então, que a forma
que os resultados desse crescimento eram calculados não incluía realmente tudo
o que deveria, como o bem-estar, por exemplo.
Nesse contexto, foram sugeridos alguns métodos de cálculos para o Produto
Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB), para que eles
considerassem bem-estar, e desconsiderassem outras medidas, chegando ao
Measure of Economic Welfare (MEW – Medida de bem-estar econômico), que,
depois, transformou-se em Measure of Economic Welfare-Sustainable (MEW-S
– Medida de bem-estar econômico sustentável), embora não tenha nenhum
indício de aspecto ambiental.

Entretanto, a primeira medida que considerou em seu cálculo aspectos


ambientais foi o Index of Sustainable Economic Welfare (ISEW – Índice de bem-
estar econômico sustentável), criado em 1989, por Daly e Cobb Junior. O índice
econômico tinha como objetivo substituir o PIB, pois, além dos fatores
econômicos, considerava custos de distribuição de rendas, poluição e outros
custos sustentáveis.
O que são indicadores de sustentabilidade

Indicador de sustentabilidade diz respeito a


meios de mensurar e/ou apresentar a
eficiência, ou seja, os resultados causados ao
meio ambiente e bem-estar social, em
decorrência das práticas ambientais e sociais
desenvolvidas por instituições públicas ou
privadas.
Fonte: Pixabay
Existe um sistema nacional de medição de indicadores de sustentabilidade, o
Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS), publicado em
2000, considerando quatro categorias:

• Indicadores ambientais.
• Indicadores econômicos (micro e macro).
• Indicadores sociais.
• Indicadores institucionais (que trata sobre o funcionamento de instituições do
terceiro setor).
Quando se fala em empresa economicamente sustentável, implica dizer que a
empresa consegue oferecer seus produtos ou serviços a preços justos quando
comparados aos dos concorrentes, sendo capaz de manter uma vantagem
competitiva.

Indicadores sociais permitem avaliar o desenvolvimento social por meio de


índices como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No entanto, os
indicadores de sustentabilidade social dizem respeito aos impactos que as
instituições estão causando à sociedade e quais práticas estão sendo adotadas
para amenizar os danos.
Os indicadores de sustentabilidade ambiental servem para medir e evidenciar
os impactos causados ao meio ambiente pela prática da operacionalidade
normal de uma instituição. Existem indicadores que também servem para
evidenciar quais ações ou boas práticas as empresas estão tomando para
amenizar esses impactos ambientais.

O Global Reporting Initiative (GRI) foi criado em 1997, por ambientalistas e


tinha como objetivo criar meios para que as empresas pudessem divulgar os
impactos que causavam ao meio ambiente. A primeira versão de um relatório
padrão foi publicada somente em 2000, com as diretrizes GRI (G1). Em 2001,
virou uma instituição sem fins lucrativos. Com o passar dos anos, as diretrizes
foram aprimoradas, criando-se as diretrizes G2, em 2002; G3, em 2006; e G4,
em 2013, que é utilizada até hoje.
Conferência Rio+20

A primeira conferência das Nações Unidas


sobre o desenvolvimento sustentável, que
ocorreu em junho de 1992, no Rio de
Janeiro, ficou mais conhecida como Eco-92,
mas também pode ser chamada de Rio-92
ou Cúpula da Terra.

Fonte: Pixabay
A Eco-92 tinha como objetivo ressaltar a ideia de desenvolvimento sustentável,
explicando que, com base na utilização de recursos naturais de países
desenvolvidos como os Estados Unidos, o planeta não teria recursos naturais
suficientes para suprir a demanda caso todos os países começassem a utilizar
esses recursos como se fossem países desenvolvidos.

A Agenda 21 é um documento que tem como objetivo criar um plano, para que
os países entendam a importância de criar soluções sustentáveis e, a partir de
então, sejam capazes de elaborar suas próprias soluções, considerando cada
região especifica, situação climática, situação econômica e outros fatores
determinantes que podem influenciar os resultados dessas ações.
A Carta da Terra é um documento que começou a tomar forma em 1992, em um
evento paralelo à Eco-92, no qual foi criado o documento-base, mas somente
em 2000 o documento foi publicado na Holanda.

A Carta da Terra é um documento que evidencia princípios éticos, na busca por


um mundo mais sustentável e justo para todos.
RIO+10

A Eco-92 foi tão importante que o tema começou


a ser difundo em outros eventos, como Cúpula
Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em
26 de agosto a 4 de setembro de 2002, em
Joanesburgo, na África do Sul, também
conhecida como Rio+10, porque aconteceu dez
anos após a Rio-92.
Fonte: Pixabay
Durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+10, foi
publicado um documento, conhecido como Declaração de Joanesburgo, em
que os países participantes reafirmaram seus compromissos assumidos na
ECO-92 com o desenvolvimento sustentável, corroborando com o
cumprimento da Agenda 21, buscando metas de implementação dela.
Ainda, foram além, acrescentando os 17 objetivos do The global goals ao
acordo.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável


(CNUDS), também conhecida como Rio+20, foi realizada 20 anos depois da
Eco-92, também no Rio de Janeiro, de 13 a 22 de junho de 2012, com
participação de 193 Estados-membros da ONU e outros milhares de
participantes, divididos em: sociedade civil internacional, indivíduos e
voluntariado.

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