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CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS

RISCO BALOEIRO
RISCO BALOEIRO

O homem vem tentando dominar a arte de voar desde os primórdios. Alguns tinham
o desejo de ser livres como os pássaros, outros, tentavam aproximar-se dos deuses. O
fato é que tinham uma mesma meta: voar.
Alguns documentos citam que, na dinastia de Yin, existiam balões, possivelmente
movidos à fumaça, que eram utilizados para levar pessoas. Esses balões, possivelmente,
eram usados nas guerras.
Alguns registros históricos atribuem a construção dos primeiros balões a outro povo.
Tal façanha teria sido realizada pelos índios Nazca, peruanos pré-incaicos, há mais de
2000 anos. Os fatos que levam a essa crença baseiam-se em um trabalho em barro no
qual há o desenho de um balão. Há ainda os famosos desenhos no planalto de Nazca.
Em 1975, foi comprovado ser possível construir um balão com o material da época.
Para que essa comprovação fosse possível, foi realizado um voo com um balão feito com
esse material.
Outros registros históricos apontam a china como o país inventor do balão. Esse
fato teria ocorrido no século XIII. No entanto, o primeiro balão de que se tem noticia é do
ano de 1306, lançado ao céu chinês para homenagear o imperador Fo-kien por ocasião de
sua coroação.
A disseminação para o acidente se deu a partir da viagem da família italiana Pólo
à China, no ano de 1272. A amizade de Marco Pólo com Kublai Khan, neto de gengis
khan, permitiu-lhe o aprendizado da arte dos balões. Sua família levou essa invenção para
a Itália em seu regresso, no ano de 1292.
Daí em diante, os balões se popularizaram. Essa popularização aconteceu,
especialmente, entre os povos de língua latina, como França, Itália, Espanha, Portugal,
México e Brasil.
O balonismo incorporou-se à cultura brasileira em 1583, tendo sido trazido pelos
portugueses.
O homem moderno dá seu primeiro passo em direção aos céus em 1709, com o
padre Brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão. Bartolomeu mostrou seu balão de ar
quente a Dom João V, rei de Portugal, e a toda sua corte. Esse balão foi chamado pelo
povo de passarola.
Baloeiro: é aquele que faz balões, normalmente balões de São João, hoje proibidos
por lei em virtude do perigo que representam.

Balonistas: são os praticantes da atividade esportiva chamada balonismo, que tem


regras estabelecidas e reconhecidas.

Atividade baloeira

A grande mobilização que a atividade baloeira promove pode ser observada em


diversos vídeos postados em sites da internet. Essa prática nefasta é muito atrativa e
conquista muitos seguidores em função de sua grandiosidade e pela forma sofisticada com
que os balões são construídos.
Muitos deles são considerados verdadeiras obras de arte, mas, na verdade, devem
ser encarados como uma séria ameaça à atividade aérea.

Pássaros, que são mais leves, menores e não explodem, já derrubam aeronave de
todos os portes!

Podemos citar, como exemplo, o ocorrido com o Airbus 320, forçado a realizar um
pouso de emergência no Rio Hudson, em New York, em 2009, após colidir com pássaros
durante a subida.
No Brasil os baloeiros estão organizados em grupos. Os estados do Rio de Janeiro
e São Paulo lideram as estatísticas de ocorrências com balão de ar quente não tripulados,
seguidos pelo estado do Paraná. Os números são alarmantes. Estima-se que mais de 100
mil balões são soltos, anualmente, no Brasil.
No período entre 2010 e 2017 ocorreram: 1 incidente grave, 17 incidentes e 2.265
avistamentos de balões, que preconizaram eventos de risco baloeiro na aviação civil
brasileira na área de aeródromos. Foram no total 2.283 eventos.
Ao ocuparem o espaço aéreo das Áreas de Controle Terminal que dão acesso aos
aeroportos, os balões oferecem um elevado risco à aviação. O risco é elevado porque é
nessa área que há uma maior concentração de aeronaves de grande porte, voando em
altitudes menores, em procedimento de aproximação ou subida.
Além disso, devido ao insuficiente eco-radar, os balões não são detectáveis pelos
sistemas de bordo de uma aeronave, tampouco pelos radares do controle de tráfego. A
atividade baloeira possui um número expressivo de seguidores em todo o país. No entanto,
ao sobrevoar grandes centos urbanos, o balão acarreta risco a milhares de vidas. Por esse
motivo, a prática de soltar balões de ar quente não tripulados é considerado um problema
social. Essa prática deve ser veementemente combatida. Para que isso ocorra, é
imprescindível conhecer o perigo que os balões representam.

Figura 1: Balão com grande quantidade de fogos de artifício

Impacto entre uma aeronave e um balão

Podemos considerar alguns exemplos de cálculos de força de impacto entre


uma aeronave e um balão.

Figura 2: Cálculo do impacto entre aeronave x balão


Apesar de todos esses cálculos servirem para demonstrar o quanto uma colisão
dessa grandeza seria catastrófica, a situação pode ser ainda pior, quando o impacto se der
contra um motor que contenha palhetas (turbinas). Nestes casos, as palhetas, que giram a
velocidades altíssimas, se despedaçam, seguindo para as partes internas do motor, que
poderá parar de gerar potência. Logo, durante a ingestão de partes de um balão pelo
motor, o impacto seria ainda mais destrutivo. Os danos ao motor e à estrutura da aeronave
seriam imprevisíveis, podendo ser catastróficos.
As novas tecnologias disponibilizam materiais mais modernos, leves e resistentes,
facilitando a construção de balões com dimensões cada vez maiores e com alcances
surpreendentes. Logicamente, a capacidade de carga desses balões também aumenta,
permitindo a mais variada gama de exibição de bandeiras, letreiros, luzes em neon e
shows pirotécnicos. Toda essa parafernália, pendurada embaixo de um balão não tripulado
e sem controle, oferece um risco ainda maior.

Figura 3: Balões de propaganda

Os balões de ar quente não tripulados são soltos de forma livre, sem controle sobre
seu rumo ou sua trajetória de voo. Dessa forma, esses artefatos podem vir a cair em
matas, indústrias, refinarias, linhas de eletricidade, áreas residenciais, aeroportos ou se
chocar com aeronaves em pleno voo, causando danos incalculáveis.

Figura 4: Avistamento de balão em bairro residencial

A situação é agravada à medida que o balão ganha dimensões maiores e transporta


fogos e buchas de maior durabilidade, feitas, muitas vezes, até com botijões de gás. Os
balões ficam à mercê dos ventos e há possibilidade de queda a qualquer momento e em
qualquer local.
Uma ferramenta muito útil para a comprovação das ocorrências com balões é a
estatística. A estatística é realizada, dia a dia, pelo pessoal da administração dos
aeroportos, nas seguintes situações: registro de quedas; e avistamentos e sobrevoos de
balões de ar quente não tripulados na área de seus aeródromos.
Como podemos observar, a atividade baloeira é uma prática comum às festividades
religiosas. Nesses meses, os pilotos precisam dedicar uma atenção especial ao problema.
Do mesmo modo, deve haver um reforço na fiscalização por parte das autoridades
policiais.
As estatísticas mostram que há um aumento significativo das ocorrências
envolvendo balões nos meses de maio, junho e julho. Nesses três meses há festejos,
como dia de São Jorge, dia de Nossa Senhora de Fátima, Santo Antônio, São Pedro e São
João, entre outros. Esses são os meses preferidos pelos soltadores de balões.
As estatísticas apresentam elevados números envolvendo ocorrências com balões
de ar quente não tripulados. Tendo isso em vista, várias ações de prevenção vêm sendo
desenvolvidas ao longo dos anos.
As estatísticas apontam que a atividade baloeira permanece com muita força e com
muitos seguidores. Ainda existem associações de baloeiros espalhadas e organizadas por
todo território nacional. Por isso, diversos entes públicos se envolvem e permanecem na
luta contra a atividade baloeira.
A luta contra a atividade baloeira se dá tanto por meio de atividades de
conscientização, como por meio de repressão, ou seja, a aplicação do código penal se da
por força policial. Inúmeras atividades são definidas ao longo dos anos visando esclarecer,
em sua maioria, os riscos causados pela prática de soltar balões de ar quente não
tripulados e suas consequências danosas à aviação, à população e ao meio ambiente.
A prevenção do risco baloeiro requer a superação da emoção pela força da razão. É
preciso dar consciência situacional aos apaixonados pela arte de soltar balões. Todo
cidadão deve ter consciência do efeito catastrófico gerado pelo singelo, e por vezes,
ingênuo, gesto soltar um balão de ar quente não tripulado.
São exemplos de ações que vêm sendo desenvolvidas ao longo dos anos:
 Debates sobre o tema em redes sociais;
 Campanhas de divulgação;
 Reportagens junto às emissoras de tv;
 Envio de matérias sobre o tema aos jornais impressos;
 Vinhetas;
 Filmetes;
 Distribuição de material didático;
 Contatos com Ministério da Educação para inserção do assunto no currículo
escolar;
 Programas de educação ambiental promovidos pelas Secretarias de Estado e
Defesa Civil;
 Melhora da repressão da atividade baloeira e da divulgação do tema pela
internet;
 Estímulo à denúncia (disque-denúncia);
 Realização de palestras ao meio aeronáutico; e incentivo à comunicação das
ocorrências e dos avistamentos durante o voo.

Diante da certeza do prejuízo para a segurança da aviação e do tráfego aéreo


brasileiro, o CENIPA realiza incansáveis atividades de conscientização da sociedade
brasileira. Seu objetivo é buscar a prevenção de possíveis acidentes aeronáuticos.
Como se trata de uma prática valorizada na cultura brasileira, a forma mais eficaz de
combatê-la é o investimento na educação infantil e também da sociedade em geral. Nesse
sentido, é necessário investir em campanhas escolares com ações pedagógicas
especificas direcionadas às crianças, visando à formação de uma nova mentalidade na
população brasileira.
No entanto, como se trata de uma prática ilegal, devemos considerar também as
atividades de repressão por meio das Secretarias de Segurança Públicas Estaduais, das
autoridades policiais e dos demais órgãos de defesa civil.

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