Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ÍNDICE
I. Introdução ...................................................................................................................................................................... 3
II. A intervenção Precoce ............................................................................................................................................... 5
a. Porquê intervir precocemente? .............................................................................................................................. 5
b. A Intervenção Precoce é eficaz? ............................................................................................................................ 6
c. Quais os aspetos essenciais para a eficácia da Intervenção Precoce? .................................................... 7
d. Breve Perspetiva da Intervenção Precoce .......................................................................................................... 8
e. Sistema Nacional de Intervenção Precoce -SNIPI ......................................................................................... 11
III. O papel do profissional ...................................................................................................................................... 12
IV. BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................................... 14
V. GLOSSÁRIO .................................................................................................................................................................. 16
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
I. INTRODUÇÃO
O manual de formação que se apresenta incide sobre vários conteúdos programáticos que auxiliam
Definição
Destinatários
Organização e Competências
Critérios e elegibilidade e encaminhamento
Problemas de Desenvolvimento
Identificação de sinais de alarme- critérios de elegibilidade
Papel do Profissional
OBJECTIVO(S) GERAL(AIS)
1. Reconhecer o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância
OBJECTIVO(S) ESPECÍFICO(S)
5. Assegurar às crianças a proteção dos seus direitos e o desenvolvimento das suas capacidades;
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
8. Apoiar as famílias no acesso a serviços e recursos dos sistemas de segurança social, da saúde,
da educação e outros, existentes na comunidade;
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
A Intervenção Precoce destina-se a crianças até à idade escolar que estejam em risco de
na prestação de serviços educativos, terapêuticos e sociais a estas crianças e às suas famílias com o
A Intervenção Precoce pode ter uma natureza preventiva secundária ou primária: procurando
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
Os serviços de Intervenção Precoce podem ter um impacto significativo nos pais e irmãos das
crianças em risco. As famílias destas crianças geralmente vivem sentimentos de deceção, isolamento
social, stress, frustração e desespero. O stress acrescido que a presença de uma criança com
deficiência implica pode afetar o bem-estar da família e interferir no desenvolvimento da criança. As
famílias de crianças com deficiência são mais suscetíveis a viver situações como o divórcio e o
suicídio e, de igual forma, as crianças com deficiência são mais suscetíveis ao abuso e negligência do
que as crianças sem deficiência.
Um outro motivo que justifica a importância da Intervenção Precoce diz respeito aos ganhos
sociais alcançados. O incremento do desenvolvimento da criança envolve a diminuição das situações
dependentes de instituições sociais, o aumento da capacidade da família para lidar com a presença de
um filho com deficiência, e o possível aumento das suas capacidades para vir a ter um emprego.
Cerca de cinquenta anos de investigação nesta área permitiram obter informação quantitativa
(baseada nos resultados de investigações longitudinais) e qualitativa (depoimentos de pais e
professores) que demonstra que a Intervenção Precoce proporciona ganhos, ao nível do
desenvolvimento e educação das crianças que dela beneficiam, melhora o nível de funcionamento da
família e produz benefícios económicos e sociais a longo prazo.
A Intervenção Precoce demonstra resultados positivos nas crianças que dela beneficiam
porque quando estas crianças crescem necessitam menos de educação especial.
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
resultados do que outros do mesmo extrato social que não beneficiaram de qualquer programa de
intervenção precoce. Comparativamente a outros jovens da mesma classe social, obtiveram melhores
resultados em testes de leitura, aritmética e linguagem e manifestaram menos comportamentos
antissociais e delinquentes.
Têm sido realizadas várias tentativas para identificar quais os aspetos mais importantes para
garantir a eficácia da Intervenção Precoce. Verificou-se que existem alguns fatores que são comuns
aos programas de Intervenção Precoce que obtém melhores resultados. São eles:
Diversos estudos demonstram que quando mais cedo se iniciar a intervenção maior é a sua
eficácia. Quando a intervenção é iniciada logo após o nascimento ou pouco tempo após ser feito o
diagnóstico de deficiência ou de alto risco, os ganhos ao nível do desenvolvimento são maiores e a
probabilidade de se manifestarem outros problemas é menor.
A estruturação dos programas de Intervenção Precoce está também relacionada com os seus
resultados, independentemente do modelo curricular utilizado. Os programas de maior sucesso são
geralmente os mais estruturados. Isto significa que os casos de sucesso se registam em programas
que:
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
As rotinas fazem parte do dia-a-dia de todos nós (McWilliam, 2003). Todas as famílias têm
as suas rotinas, do mesmo modo que todos os educadores têm rotinas nas suas salas. No entanto, estas
rotinas variam de indivíduo para indivíduo, não só no que diz respeito às atividades identificadas,
mas também quanto ao processo de implementação. Alguns seguem-nas de uma forma invariável e
sistemática, enquanto outros, embora mantenham um padrão, são mais flexíveis na sua sequência
(Almeida, 2009). Daí decorre a necessidade de, caso a caso, se fazer uma avaliação individualizada e
cuidadosa das rotinas diárias relativas a cada criança. Importa, porém, que obedeçam a determinadas
condições: serem identificadas pelo prestador de cuidados, corresponderem ao seu interesse e
ao da criança, manterem a sequência, promoverem interações positivas, integrarem objetivos
funcionais que se traduzam em resultados positivos e significativos, serem flexíveis e adaptáveis,
serem relativamente breves, serem previsíveis, ocorrerem com frequência e permitirem a
utilização de várias competências proporcionando, de uma forma natural, as oportunidades de
treino, indispensáveis à aprendizagem (Bricker & Cripe, 1992; Goldstein, 2003; Woods-Cripe,
1999).
Uma prática de intervenção baseada nas rotinas é uma componente essencial de um
modelo centrado na família e na comunidade, que privilegia, necessariamente, a identificação das
rotinas, atividades e acontecimentos que ocorrem nos vários contextos de vida da criança. É
importante perceber, com as famílias e com os educadores, como decorre o dia-a-dia da criança, mas
é igualmente importante que eles percebam a relevância da utilização de atividades, que para eles são
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
triviais (banho, alimentação, mudança da fralda, ida à casa de banho, vestir, hora de dormir...), como
oportunidades de ensino e aprendizagem, portanto, promotoras de desenvolvimento.
Importa, porém, não esquecer que aquelas que podem ser ótimas rotinas para a aprendizagem
nuns casos, não o serão noutros.
A alimentação, por exemplo, pode ser ideal para uma família, mas não o será, certamente,
para outra com uma criança com dificuldades a nível alimentar. Por outro lado, também convêm ter
presente que as rotinas, tal com a vida das pessoas, não são estáticas, mas dinâmicas e que, gradual
(o nascimento de um irmão...) ou abruptamente (uma doença, a perda de um emprego...) podem
alterar-se.
Uma intervenção com base nas rotinas tem de ser suficientemente flexível para se adaptar a
todas as circunstâncias, tendo sempre como objetivo final proporcionar interações positivas entre a
criança e os seus prestadores de cuidados.
Sabe-se hoje que as crianças em idades precoces aprendem através de interações repetidas de
uma forma dispersa ao longo do tempo e não nos breves períodos em que decorrem as intervenções.
Sabe-se, também, que, se as intervenções dos profissionais têm pouco efeito diretamente na criança,
têm um impacto importante na melhoria das competências e da autoconfiança dos pais, famílias e
outros prestadores de cuidados, que por sua vez têm uma influência grande na promoção do
desenvolvimento da criança (McWilliam, 2003).
Daqui decorre a perspetiva atual que defende uma intervenção nos ambientes naturais de vida
da criança, por oposição ao contexto clínico tradicional. No entanto, importa realçar que o conceito
de “ambientes naturais” se refere não só a onde, mas também, e principalmente, a como a intervenção
ocorre.
Neste sentido, Dunst e colaboradores recomendam a utilização da designação ambientes
naturais de aprendizagem definidos como:
“.... a casa, a comunidade e os cenários onde estão as crianças em idades precoces e onde elas
aprendem e desenvolvem as suas competências e capacidades. Ambientes naturais de
aprendizagem incluem os locais, os cenários e as atividades onde as crianças, do nascimento aos
3 anos, teriam normalmente oportunidades e experiências de aprendizagem” (Dunst & Bruder,
2002, p. 365).
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
Qualquer que seja o contexto da intervenção, é hoje uma evidência que as crianças aprendem
ao longo do(s) dia(s), através das interações repetidas e das oportunidades de aprendizagem que
partilham com a sua família ou prestadores diários de cuidados (entre as intervenções) e não em
momentos/apoios concentrados (durante as intervenções pontuais do técnico especializado).
McWilliam (1996) refere um conjunto de investigações que comprovam que o apoio inserido no
contexto é eficaz e promove um maior envolvimento e participação da criança com os seus pares.
Assim, e sendo a família e os educadores quem mais influencia o desenvolvimento da criança, as
intervenções mais eficazes serão, em contexto domiciliário, as que promovem a competência, auto
confiança e autonomia da família e a ajudam a proporcionar melhores oportunidades de aprendizagem
nas rotinas familiares; em contexto educativo, as que, através de estratégias de consultoria ao
educador da sala (apoio indireto à criança), promovem a intervenção específica e especializada,
sempre integrada nas rotinas da sala (McWilliam, 2010). De facto, segundo o mesmo autor, a criança
com incapacidades precisa da máxima intervenção (a que ocorre durante todo o dia no seu contexto
de vida e rotinas) mas não de muitos serviços e apoios (descontextualizados e pontuais).
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
Para consulta:
https://www.dgs.pt/sistema-nacional-de-intervencao-precoce-na-infancia.aspx
Organização e Competências
Problemas de Desenvolvimento
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
A prestação de serviços em contextos naturais e integrados nas rotinas da vida diária da criança
e da família é, atualmente, considerada a prática que melhor assegura que as crianças tenham a
máxima intervenção: esta ocorrerá ao longo de todo o dia em todos os contextos e atividades da
criança e da família (Dunst, Bruder, Trivette, Raab, & McLean, 2001). Para que seja efetivamente
implementada, envolve obrigatoriamente os elementos da família e dos contextos em que a criança
participa.
De acordo com Turnbull et al. (2007), a investigação relacionada com os objetivos de
intervenção precoce centrada na família, tem-se focado, sobretudo, em estudar como (how) devem os
profissionais e famílias interagir (processo de prestação de serviços) e não tem havido investigação
suficiente para conhecer o que (what) é oferecido à família em termos de apoio e quais os benefícios
que daí advêm. Assim, e considerando que:
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
mostram que cerca de 50% das interações se passam entre a criança e o profissional em atividades de
ensino, num modelo claramente centrado na criança e oposto ao que se concluía pela análise de
conteúdo das entrevistas dos profissionais que se auto avaliavam como desempenhando um papel de
modelos para a família.
Conclusões em tudo semelhantes foram encontradas em estudos recentes (Campbell & Sawyer,
2007; Peterson, Luze, Eshbaugh, Jeon & Kantz, 2007) em que dados de observação permitiram
verificar que as intervenções diretas do profissional com a criança ocupavam a maior parte do tempo
das visitas domiciliárias e que os profissionais raramente assumiam uma função de modelo para a
família que, frequentemente, se mantinha numa atitude de observadora passiva. As conclusões do
National Early Intervention Longitudinal Study (Bailey et al., 2006; Hebbeler et al., 2007) apontam
no mesmo sentido: as famílias estão mais satisfeitas com os serviços centrados na criança do que com
os apoios e serviços que têm para si próprias e cerca de um terço considera não ter informação
suficiente para apoiar a aprendizagem ou lidar com os problemas de comportamento dos seus filhos.
Dados do National Early Childhood Technical Assistance Center a partir da análise de Planos
Individualizados de Apoio à Família, referidos por Turnbull et al. (2007), mostram também que,
mesmo em contexto domiciliário, os serviços prestados são, frequentemente, focados nas crianças.
IV. BIBLIOGRAFIA
Almeida, I. C. (2009). Estudos sobre a intervenção precoce em Portugal: Ideias dos especialistas,
dos profissionais e das famílias. Lisboa: Instituto Nacional para a Reabilitação.
Bailey, D., Bruder, M. B., Hebbeler, K., Carta, J., Defosset, M., Greenwood, C., ... ..., & Barton, L.
(2006). Recommended outcomes for families of young children with disabilities. Journal of Early
Intervention, 28, 227-251.
Bairrão, J., & Almeida, I. C. (2002). Contributos para o estudo das práticas de intervenção precoce
em Portugal. Lisboa: Ministério da Educação.
Baxter, P., & Jack, S. (2008). Qualitative case study methodology: Study design and implementation
for novice researchers. The qualitative report, 13, 544-559. Retirado de
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
Brady, S., Peters, D., Gamel-McCormick, M., & Venuto, N. (2004). Types and patterns of
professional-family talk in home-based early Intervention. Journal of Early Intervention, 26, 146-
159.
Bronfenbrenner, U., & Morris, P. A. (1998). The ecology of developmental processes. In W. Damon
& R. M. Lerner (Eds.), Handbook of child psychology (5th ed.). Vol. 1: Theoretical Models of Human
Development (pp. 993-1028). New York: John Wileys and Sons.
Campbell, P., & Sawyer, L. B. (2007). Supporting learning opportunities in natural settings through
participation-based services. Journal of Early Intervention, 29, 287-305.
Childress, D. (2004). Special instruction and natural environments – Best practices in ear
Dunst, C. J., Bruder, M. B., Trivette, C., Raab, M., & McLean, M. (2001). Natural learning
opportunities for infants, toddlers and preschoolers. Young Exceptional Children 4, 18-25.
Gottwald, S. R., & Pardy, P. A. (1997). Public schools. In S. K. Thurman, J. R. Cornwell, & S. R.
Gottwald (Eds.), Contexts of early intervention: Systems and settings (pp. 215-228). Baltimore: Paul
H. Brooks.
Guralnick, M. J. (2005). An overview of the developmental system models for early intervention. In
M. J. Guralnick (Ed.), The developmental systems approach to early intervention (pp. 3-28).
Baltimore: Paul H. Brooks.
Guralnick, M. J., & Conlon, C. (2007). Early intervention. In M. Batshaw, L. Pelligrino, & N. Roizen
(Eds.), Children with Disabilities (6th ed., pp. 511-521). Baltimore: Paul H. Brookes.
Hebbeler, K., Spiker, D., Bailey, D., Scarborough, A., Mallik, S., Simeonsson, R., Singer, M. &
Nelson, L. (2007, Jan.). Final report of the National Early Intervention Longitudinal Study (NEILS)
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
McBride, S. L., & Peterson, C. (1997). Home-based intervention with families of children with
disabilities: Who is doing what? Topics in Early Childhood Special Education, 17, 209-233.
V. GLOSSÁRIO
Intervenção Precoce
Destinatários
IMP.15.00-B
Manual de Formação UFCD 9632 – 25h
participação nas atividades adequadas à sua idade e contexto social, ou com risco grave de atraso
de desenvolvimento, assim como as suas famílias.
Comparticipações Familiares
Qualquer entidade ou indivíduo poderá fazer referenciação de casos para a IPI, utilizando
para o efeito a Ficha de Referenciação - SNIPI (preferencialmente, com conhecimento dos pais /
encarregado de educação / representante legal.
IMP.15.00-B