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M294
1. Salvaguarda. 2. Patrimônio cultural imaterial. I. Miranda, Aline. II. Klein, Rafael Belló.
III. Morais, Sara Santos.
CDD 793.3
Apresentação 8
4.1.1. Mobilização 18
4.1.3. Planejamento 20
Referências bibliográficas 58
Legislação 59
Apresentação
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Dessa forma, este Manual de Elaboração de Plano de Salvaguarda tem parâmetro para a atuação
das Superintendências, mas
como objetivo apresentar orientações para a construção de planos de não necessariamente para a
salvaguarda de bens registrados pelo Iphan como Patrimônio Cultural do atuação dos parceiros. Além
disso, foi identificado que há
Brasil. Espera-se que este material seja um instrumento para subsidiar a certa dificuldade de realizar
atividades para a elaboração
gestão compartilhada do patrimônio imaterial3 e alcance toda a sociedade.
de planos de salvaguarda de
Como os leitores verão, este Manual não propõe um modelo único para modo virtual.
elaboração de um plano, nem uma lista exaustiva de ações possíveis a 3. A gestão compartilhada
serem implementadas. Buscamos respeitar modos de organização e estilos é um modelo de gestão
realizada em conjunto por
de tomada de decisões estabelecidos por detentores e outros agentes da diferentes atores, órgãos
salvaguarda antes do reconhecimento oficial do Iphan. e instituições com vistas
ao atingimento de metas e
objetivos comuns, a partir de
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Tendo como diretriz a gestão compartilhada do patrimônio imaterial, o 4. “Entende-se por processo
de salvaguarda o cenário
plano de salvaguarda deve ser elaborado por detentores, técnicos do Iphan sociopolítico conformado por
e os diversos parceiros envolvidos com a salvaguarda de cada um dos detentores, Iphan e parceiros
para a reflexão sobre os
bens registrados, como gestores públicos de outras instituições federais, contextos nos quais os bens
estaduais e municipais, pesquisadores, organizações não-governamentais, culturais estão inseridos
com o objetivo de propor e
instituições privadas, entre outros. realizar ações de salvaguarda
para sua promoção e apoio
à sustentabilidade cultural”
Espera-se que as expectativas dos detentores diante do reconhecimento (Iphan. Saberes, Fazeres,
Gingas e Celebrações: ações
estejam alinhadas com as diretrizes da política de salvaguarda e que haja para a salvaguarda de bens
um envolvimento prévio dos parceiros, implicando em maior compromisso registrados como Patrimônio
Cultural do Brasil (2002-
na execução das ações de salvaguarda. Assim, é fundamental que parte 2018). Brasília: Iphan, 2018,
p. 21).
significativa dos sujeitos (detentores, parceiros, pesquisadores, técnicos das
Superintendências Estaduais do Iphan, entre outros) envolvidos na execução
da instrução do processo de registro esteja ciente do compromisso com a
gestão contínua do processo de salvaguarda4 e permaneça mobilizada em
torno da realização de ações após o reconhecimento. Ainda que muitos desses
agentes tenham uma atuação pontual e muito possivelmente não continuem
envolvidos com a salvaguarda do bem após o registro, consideramos que
quanto mais cedo a questão seja abordada, quanto antes as expectativas
relativas ao processo de salvaguarda do bem após o reconhecimento serão
debatidas e alinhadas.
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É compromisso do Iphan promover ações de articulação interinstitucional,
de difusão e de fomento à produção dos bens culturais, sempre buscando
atender os diversos segmentos de detentores envolvidos na salvaguarda.
Como o processo de identificação ocorrido durante a instrução do registro
do bem cultural pode não contemplar todo o universo de detentores, grupos
e/ou espaços de ocorrência do bem, estes podem a qualquer tempo ser
incorporados nas ações de salvaguarda após o registro. Aliás, é altamente
recomendável que todos aqueles detentores que desejam participar sejam
envolvidos nos processos de construção coletiva da salvaguarda.
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Parte I – como elaborar um plano de
salvaguarda
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De fato, o princípio da gestão compartilhada que rege a política de
salvaguarda visa assegurar e ampliar a participação democrática dos
detentores dos bens culturais no planejamento e na execução de políticas de
preservação de seus patrimônios. A participação dos detentores no processo
de salvaguarda deve seguir uma perspectiva inclusiva, de permanente
ampliação do alcance da política junto à comunidade detentora, porém
sempre atenta a suas formas locais de organização, aos princípios de adesão
voluntária à política pública e de acessibilidade, respeito às diferenças
culturais, étnicas, religiosas, de orientação sexual, de gênero, liberdade
de expressão etc. Ao mesmo tempo, a implementação da salvaguarda do
bem registrado deve considerar, também, a representatividade dos diversos
segmentos de detentores que compõem o universo da prática cultural, os
quais devem estar adequadamente contemplados nas discussões sobre os
rumos do processo de salvaguarda e na elaboração do plano.
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Enquanto instrumento de gestão compartilhada da salvaguarda dos
bens culturais registrados, o processo de elaboração do plano deve ser
protagonizado pelos detentores, em conjunto com os técnicos do Iphan
e os diversos parceiros envolvidos e comprometidos com a salvaguarda,
tais como gestores públicos de outras instituições federais, estaduais e
municipais, pesquisadores, organizações não-governamentais, instituições
privadas, entre outros.
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esforços concentrados pela Superintendência do Iphan naquele estado.
Assim, teremos um único plano de salvaguarda, local ou estadual, para
estes tipos de bens.
Dessa forma, via de regra, cada bem cultural possuirá apenas um plano de
salvaguarda em toda sua abrangência, seja ela local, estadual, regional ou
nacional.
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ou em fase final de elaboração, em determinados estados,
e considera-se que estes processos de elaboração,
bem como as formas de organização dos detentores
que os geraram, são perfeitamente legítimos. Não se
pretende, a partir de agora, desconsiderar as formas de
organização locais dos detentores, tampouco os planos
de salvaguarda estaduais delas resultantes.
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A participação social é um elemento constituinte e fundamental da política 5. Os coletivos deliberativos
são entendidos como
de salvaguarda do patrimônio imaterial como um todo e, portanto, é as instâncias oficiais de
indispensável à elaboração dos planos de salvaguarda. O processo de interlocução entre o Iphan,
detentores e parceiros para
mobilização dos detentores para a salvaguarda do seu patrimônio já se a salvaguarda dos bens
registrados, tendo caráter
inicia ao longo da instrução do registro do bem. As Recomendações de
formal, podendo assumir
Salvaguarda, que estão presentes no Dossiê de Registro, são elaboradas diversas formas, tais como
Comitê Gestor, Grupo de
por meio de um processo dialógico e amplamente participativo, a partir da Trabalho, Fórum, Conselho
realidade de cada bem cultural e de seus detentores. de Mestres, entre outros.
A equipe de trabalho, por
outro lado, pode contar com
técnicos do Iphan, parceiros e
Após o registro do bem como Patrimônio Cultural do Brasil, cabe ao Iphan,
detentores,independentemente
por meio de suas Superintendências Estaduais, consolidar e, dentro do de suas formas de organização,
sem que seja preciso
possível, ampliar o trabalho de mobilização da comunidade detentora nas formalizar a sua formação,
localidades abarcadas pela abrangência do registro, estabelecendo canais de tendo em vista que essa equipe
é temporária e trabalhará
interlocução dos detentores com o Iphan para a salvaguarda do bem, e lhe apenas para a elaboração do
plano de salvaguarda.
direcionando para a elaboração do plano de salvaguarda e o planejamento de
ações. Dessa forma, entende-se a mobilização como um processo contínuo e
permanente da salvaguarda dos bens registrados.
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no início do processo de salvaguarda pós-registro e, ao longo da formulação
do plano, outros agentes podem se integrar à equipe.
4.1.3. Planejamento
Uma vez iniciado o processo de elaboração do plano de salvaguarda, é preciso
organizar um planejamento que oriente a execução dos trabalhos da equipe
de forma efetiva. Para tanto, recomenda-se estabelecer um cronograma e
um plano de trabalho, definindo as atividades previstas e seus prazos, além
do formato, da quantidade e da periodicidade de reuniões necessárias ao
esforço de elaboração do plano de salvaguarda. Eventualmente, visando um
melhor funcionamento das atividades, também será necessário estabelecer
uma divisão de tarefas entre os membros da equipe de trabalho e mesmo
um planejamento orçamentário, que leve em consideração o espaço, os
deslocamentos e os materiais necessários à realização das reuniões, sejam
elas presenciais ou virtuais, a depender da realidade de cada contexto.
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cultural e de sua comunidade de detentores e a disponibilidade de recursos
humanos e orçamentários, de modo a garantir a obtenção de um resultado
final mais consistente, isto é, um plano de salvaguarda bem elaborado que
corresponda ao que foi discutido e planejado de forma coletiva, assegurando
a legitimidade do processo de salvaguarda.
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ou municipal, de fundações de apoio à cultura e nos sites de instituições
privadas, que potencialmente poderiam se relacionar com o bem cultural.
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e construir um diagnóstico mais preciso e atual. Desse modo, no mesmo
sentido do diagnóstico de políticas, iniciativas e ações de salvaguarda
realizadas, o diagnóstico do contexto atual do bem cultural tem como
objetivo identificar potencialidades e, com isso, possíveis frentes de atuação
ou, ainda, fragilidades ou ameaças que afetam a sustentabilidade cultural do
bem registrado. Além disso, esse diagnóstico justifica as escolhas e decisões
a serem feitas nas etapas da construção de objetivos e planejamento de
ações para o plano de salvaguarda.
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◆ O bem cultural e seus detentores são respeitados pela sociedade no
exercício de sua prática cultural?
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Resultado esperado: Identificação das potencialidades e situações-
problema presentes no contexto do bem cultural.
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Brasil6. Além disso, não se deve perder de vista as ações de caráter contínuo 6. Para mais informações
sobre o processo de
e que serão executadas periodicamente dentro do prazo previsto para a revalidação, Cf. Portaria
conclusão da execução do plano. IPHAN n. 200/2016.
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a situação na qual o bem registrado possui condições sociopolíticas
e ambientais adequadas e destituídas de ameaças diretas para a sua
produção, reprodução e transmissão.
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A ação de salvaguarda consiste na atividade concreta que precisa ser
feita para alcançar o objetivo. Estabelecidos os eixos e objetivos para o
plano de salvaguarda, é momento de planejar as ações, apresentar suas
justificativas, estabelecer os responsáveis por sua execução, os prazos,
prever os recursos necessários (humanos e/ou orçamentários), além de
estabelecer a ordem de prioridade para a execução de todo o plano de
salvaguarda. De fato, deve-se estar atento à viabilidade das ações. Ao
definir o que será feito é importante ter em mente as seguintes perguntas:
Como? Com qual recurso? Quem fará? Em quanto tempo ou quando?
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essa articulação ainda não esteja firmada durante a elaboração do plano de 8. Guías para el conocimiento
y la gestión del PCI. Módulo
salvaguarda, uma das fases de execução da ação deve ser planejada visando IIA: Cómo elaborar un plan
realizar parceria com determinado órgão ou instituição. especial de salvaguarda (2017),
elaborado pelo Ministerio de
Cultura da Colombia.
ATENÇÃO: nem tudo é dinheiro! Os recursos não se limitam
apenas ao orçamento financeiro, podendo, também, ser expresso
em materiais, espaços físicos, conhecimento e a soma de esforços
humanos8.
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Lembrem-se: é fundamental não olhar apenas para as
vulnerabilidades e fragilidades do contexto do bem cultural, mas
também para as potencialidades e oportunidades favoráveis!
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ATENÇÃO: durante o planejamento de ações de salvaguarda, o
ideal é que a equipe de trabalho foque nas ações que de fato são
exequíveis e, se forem ações que dependem de algum parceiro, que
essa parceria já esteja estabelecida no momento de elaboração
do plano de salvaguarda. No entanto, é importante estar ciente que ao longo
da realização de algumas ações pode surgir a necessidade de contactar
parceiros que não haviam sido contactados durante a construção do plano de
salvaguarda. Desse modo, ainda que alguma parceria não seja estabelecida
ao longo da construção do plano, ela pode ser planejada posteriormente no
momento de execução da ação.
É importante destacar que um eixo pode ter vários objetivos e para cada
objetivo podem ser planejadas diferentes ações. Após a finalização da
construção dos eixos, objetivos e ações do Plano de Salvaguarda, espera-
se que já seja possível visualizar o esboço do plano de salvaguarda
aproximadamente assim:
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EIXOS OBJETIVOS
Eixo X Objetivo I
Objetivo II
Eixo Y
Objetivo III
Eixo Z Objetivo IV
AÇÕES
Justificativa:
Recursos:
Justificativa:
Período de execução:
Recursos:
Justificativa:
Responsáveis (quem executa:
detentores, Iphan e/ou parceiros):
Ação 1
Período de execução:
Recursos:
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empregadas pela equipe de trabalho, de acordo com o que melhor se adapte
às necessidades do grupo e às especificidades do bem cultural em questão.
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toda a equipe de trabalho (técnicos do Iphan, detentores e parceiros), isto
inclusive favorece o engajamento e a corresponsabilização pelo processo e
pela tomada de decisões.
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Foto: Natália Brayner, Fandango Caiçara - 2019
Um excelente recurso de facilitação gráfica que pode ser usado nas etapas
de elaboração do plano de salvaguarda são as tarjetas, já aplicadas com
sucesso na construção de alguns planos de salvaguarda existentes. Várias
ferramentas participativas possibilitam a utilização de tarjetas de papel
como forma de organização das ideias, podendo ser executada no grande
grupo da equipe de trabalho, ou em pequenos grupos de modo a focalizar
melhor as questões a serem trabalhadas. Seu uso permite uma melhor
visualização das questões discutidas, facilitando sua apreensão por parte
do grupo e favorecendo a articulação das ideias, a tomada de decisões e a
produção de consensos, mostrando-se muito adequada para elaborar eixos,
objetivos e ações do plano de salvaguarda.
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Foto: Banco de imagens. Foto: Banco de imagens.
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entrosamento entre os participantes e estimular a empatia. É uma ótima
opção para conduzir as primeiras reuniões de elaboração do plano de
salvaguarda, especialmente os encontros em que os participantes da
equipe de trabalho vão se encontrar e se conhecer pela primeira vez,
sendo uma alternativa àquelas rodadas de apresentação padrões em que
cada participante fala apenas o seu nome, seu lugar de residência ou outra
informação básica, que não necessariamente contribui para o tema central
do encontro.
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Ao final, é importante que os facilitadores expliquem que as pessoas são
todas diferentes, mas também têm muito em comum, e que, para realmente
entender as necessidades de cada um, é preciso conhecê-lo e se colocar no
lugar dele, ou seja, é preciso ter empatia.
Dinâmica "Dicionário"
A dinâmica "Dicionário" tem como objetivo estimular a curiosidade e a
criatividade dos participantes. Assim como a dinâmica "Semelhanças e
Diferenças, "Dicionário" é uma ferramenta indicada para conduzir as primeiras
reuniões de elaboração do plano de salvaguarda e que, particularmente,
pode ser utilizada para introduzir o diálogo sobre o processo de elaboração
do plano, momento em que os técnicos do Iphan apresentam a política de
salvaguarda, seus objetivos e competências, explicam o que é um plano e
quais são as etapas de sua elaboração.
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de papel, cartolinas, lápis e canetas. É recomendado que essa dinâmica seja
realizada com um grupo de 4 a 8 pessoas. Desse modo, caso o número de
participantes exceda essa quantidade, sugere-se dividi-los em mais de um
grupo para realizar a dinâmica.
A cada grupo deve ser entregue um papel com a palavra ou expressão, folhas
de papel, cartolinas, lápis e canetas, para que eles possam representar de
algum modo o significado do que está escrito no papel que receberam. Os
grupos têm 15 minutos para dialogar sobre o tópico e tentar representar
a palavra ou expressão, sem de fato escrevê-la. Ao longo desse tempo, é
importante que os facilitadores avisem quanto falta para acabar o tempo e,
se for necessário, é possível dar mais alguns minutos aos grupos. Ao terminar
esse tempo, cada grupo deve apresentar o que conseguiu desenhar para os
participantes, visando que alguma pessoa dos outros grupos adivinhe qual
era a palavra ou expressão que inspirou o desenho. Caso ninguém adivinhe,
um representante do próprio grupo deve informar qual era a palavra ou
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expressão que receberam. A esse momento final da atividade, também
devem ser reservados cerca de 15 minutos. O intuito é estimular o diálogo
e o entendimento de temas importantes para o processo de elaboração do
plano de salvaguarda. Para encerrar, os facilitadores devem falar de forma
resumida de cada um dos temas, justificando suas escolhas no que tange a
relação com o processo de elaboração do plano de salvaguarda.
Mapa de atores
A ferramenta participativa "Mapa de Atores" tem como objetivo reconhecer
os atores/agentes envolvidos no projeto de desenvolvimento ou redesenho
de um serviço público. Assim, é possível direcionar os esforços para o
engajamento de todos no processo. Ao mapear os envolvidos e os manter
próximos, cria-se uma relação de confiança e parceria, o que gera um
sentimento de pertencimento e valorização, influencia os resultados e ajuda
a equipe a gerir possíveis conflitos de interesse.
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Recomenda-se que essa ferramenta seja utilizada tanto na etapa do 11. Vale lembrar que os atores/
agentes são tanto os detentores
diagnóstico de políticas públicas, potenciais parceiros e ações realizadas, quanto os técnicos do Iphan,
quanto na etapa de construção de eixos, objetivos e ações, especialmente os parceiros e potenciais
parceiros.
como uma estratégia de identificar possíveis parcerias. Diferentemente da
dinâmica "Semelhanças e Diferenças", a atividade com o "Mapa de Atores"
pode ser realizada com, no mínimo, duas pessoas e deve contar com uma
preparação prévia, que consiste na aquisição de um template (uma folha ou
cartolina em A3 ou maior), Post-its™ e canetas. Além disso, essa atividade
pode ter duração de até uma hora, por isso é importante que a equipe de
trabalho se programe bem.
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Jornada do usuário
A ferramenta conhecida como “Jornada do Usuário” tem por objetivo
mapear todas as interações e os pontos de contato de um indivíduo com
determinado processo ou serviço, buscando evidenciar as dificuldades
e oportunidades desta experiência. No caso da salvaguarda dos bens
registrados, tal ferramenta pode ser utilizada pelos detentores para
descrever o fazer cotidiano de sua prática cultural, em suas variadas etapas
e fases, identificando seus pontos de fragilidade e problemas vivenciados
por eles, bem como suas potencialidades e pontos positivos que podem ser
amplificados pelas ações de salvaguarda.
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Com a jornada pronta, a equipe de trabalho poderá ter uma visão macro do
cotidiano dos detentores e compreender os pontos críticos e os pontos de
oportunidades. Assim, essa é uma ferramenta que pode ser muito útil para
a fase de diagnóstico do contexto atual do bem cultural. É possível utilizar
a Jornada do Usuário também na fase de construção de eixos, objetivos e
ações, em momentos em que parceiros estejam presentes, de modo que
estes percebam as dificuldades vivenciadas pelos detentores.
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Identifica-se um problema na transmissão de saberes relacionados a certa
celebração.
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Dinâmicas “Cenários Futuros” e “E Se…”
A dinâmica de “Cenários Futuros” visa estimular novas percepções e
auxiliar a identificar oportunidades a partir dos diagnósticos de contextos já
realizados, possibilitando o planejamento de futuras ações.
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e a complementar as ideias um do outro. Também aqui a utilização de
instrumentos de apoio gráfico e visual é importante para registrar as ideias
e deixá-las evidentes a todo o grupo, além de traçar conexões entre elas. A
ideia é que, a partir de um cenário ou problema identificado, se possa pensar
em proposições para modificá-lo, ampliando a percepção do grupo acerca
das possibilidades de atuação junto à salvaguarda.
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do exercício seja feita por um ou mais facilitadores, que irão coordenar a
atividade, instigando os participantes e anotando as ideias geradas pelo
grupo em um quadro, flip-chart ou tarjetas a serem afixadas na parede, para
que fiquem bem visíveis a todos.
Outra técnica que pode ser usada para complementar as ideias levantadas
pelo brainstorming (ou por outros meios) é a dinâmica do “Como Podemos”.
A ideia é promover a reflexão e o debate a partir da formulação de uma
pergunta desafio iniciada em “Como podemos…”, visando qualificar as
proposições feitas anteriormente pela equipe de trabalho. Também, aqui não
há um tempo ideal de execução da atividade; irá depender da quantidade de
questões que serão trabalhadas e aprofundadas.
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sobre como viabilizar as ações propostas pelo grupo. De fato, a técnica do
“Como Podemos” pode ser útil para se chegar a um maior detalhamento das
ações planejadas: o como, o quando, o onde, quem será o responsável pela
execução, com quais parceiros, com quais recursos etc.
52
É importante que as reuniões virtuais tenham uma duração apropriada; 12. Como exemplo de
plataformas que podem ser
reuniões excessivamente longas são cansativas e podem ser pouco usadas nesse sentido, podemos
produtivas. Lembre-se, também, de que encontros virtuais podem não citar o MindMeister, que
permite a criação de mapas
ser a melhor alternativa para alguns contextos. Cada bem cultural possui mentais e organogramas, e
suas especificidades. Alguns grupos e segmentos de detentores têm o Miro, uma plataforma de
quadro colaborativo digital.
mais dificuldades em se adaptar ao ambiente virtual e suas ferramentas,
trabalhando melhor a partir de encontros e dinâmicas presenciais.
Por fim, após a realização de todo esse processo, a equipe de trabalho poderá
se dedicar à revisão ortográfica e de conteúdo, bem como ao planejamento
da publicação da versão final do plano de salvaguarda e de sua divulgação.
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4.4 Publicação e divulgação do plano de
salvaguarda
Uma vez consolidado o conteúdo final do plano de salvaguarda do bem
cultural, é necessário que ele seja diagramado para que o plano possa
ser publicado (em formato impresso ou virtual) e, a seguir, divulgado para
a comunidade de detentores, parceiros e a sociedade em geral. Com o
plano de salvaguarda em sua versão final diagramada, o Iphan promoverá
sua divulgação no meio virtual, disponibilizando-o para consulta no seu
sítio eletrônico, momento em que efetivamente se considera o plano como
publicado.
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realizadas e compartilhar o plano de salvaguarda com todos os órgãos
públicos e potenciais parceiros identificados nessa etapa. Com isso, espera-
se que o plano de salvaguarda seja um instrumento não só para detentores
e área técnica do Iphan, mas também sirva para orientar e direcionar a
atuação dos parceiros.
◆ Equipe de trabalho;
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Parte II – execução do plano de
salvaguarda
58
ATENÇÃO: a prioridade de execução das ações pode mudar de
acordo com o contexto atual de cada bem cultural. Desse modo, o
planejamento anual do que será executado pode alterar a ordem
de prioridade previamente estabelecida, de acordo com mudanças
que ocorreram no contexto do bem cultural ou até mesmo em função da
disponibilidade de algum tipo de recurso ou parceria. Além disso, é possível
surgir a necessidade de realizar alguma ação de caráter emergencial,
considerando a identificação de algum fator que coloque a sustentabilidade
cultural do bem registrado em risco. Essa ação considerada emergencial
pode corresponder à execução de alguma ação já prevista no plano de
salvaguarda, ou seja, seria apenas a antecipação de algo já previsto, ou pode
ser uma ação completamente nova, que não havia sido planejada no plano de
salvaguarda. Como mudanças e exceções acontecem, está tudo bem! O que
não pode acontecer é que novas ações sejam executadas com periodicidade,
sem constarem no plano de salvaguarda e sem de fato serem urgentes, ou seja,
sem que sejam necessárias para evitar ou mitigar uma situação que coloque a
sustentabilidade cultural do bem registrado em risco.
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ATENÇÃO: a atualização do plano de salvaguarda não deve ser
confundida com o monitoramento e avaliação do processo de
salvaguarda, que atualmente é realizado pelo Departamento do
Patrimônio Imaterial, em parceria com as Superintendências do
Iphan nos estados e no Distrito Federal.
Referências bibliográficas
IPHAN. Tambor de Crioula do Maranhão. Plano de Salvaguarda. / Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; Comitê Gestor da Salvaguarda do
Tambor de Crioula. São Luís: Iphan/MA, 2014. Disponível em: http://portal.
iphan.gov.br/uploads/publicacao/ma_ps_tambor_de_crioula.pdf. Último acesso
em: 15/07/2022.
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Legislação
BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988.
Créditos fotografias
Primeira capa
Banho de São João de Corumbá e Ladário, Gustavo Messina - MTur
M A N U A L D E E L A B O R A Ç Ã O D E P L A N O S D E S A LV A G U A R D A 61
Quarta capa
Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha/CE, Jeferson
Hamaguchi; Maurício Albano
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Este Livro foi composto com as famílias das
fontes Unit-Thin, Unit-bold e Minion Pro.