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Aula 04

Discursivas p/ PC-CE (Delegado) - Com Correção (8 questões


discursivas corrigidas)
Carlos Roberto, Vinicius Silva

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Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 1
2. Questões Propostas Direito Administrativo................................................................. 2
3. Questões Comentadas Direito Adinistrativo ................................................................ 5

1. APRESENTAÇÃO

Olá Pessoal,

Nessa aula vamos resolver 10 questões de Direito Administrativo que já foram objeto
de provas anteriores de concursos de Delegado de Polícia.

Durante a elaboração dessa aula consegui verificar que se trata de um assunto muito
comum em provas de Delta, principalmente quando o conteúdo previsto para essa
prova engloba essa matéria, sendo assim há uma grande probabilidade de ser cobrada
em sua prova pelo menos uma questão de Direito Administrativo.

Porém, todos sabemos que se trata de uma disciplina muito grande, com um conteúdo
muito vasto, são vários temas que podem ser objeto de prova e numa preparação pós-
edital, você precisa saber quais os temas que são mais prováveis de cobrança na sua
prova discursiva.

Adianto logo que os temas mais comuns são aqueles gerais, que não são tão específicos
em provas de Delegado de Polícia, não vá pensando que o tema de desapropriação ou
ainda bens públicos são os mais cotados para figurarem em sua prova, pois é raro cair,
apesar de já terem sido cobrados, vamos ver que se trata de um tema com baixa
probabilidade.

O tema que mais tem chances de cair, pela retrospectiva das provas é o assunto de
atos administrativos, um assunto muito recorrente em provas e a sua banca tem o
costume de cobrar ele em discursivas, inclusive de Delegado de Polícia.

Vamos então verificar os assuntos mais prováveis de prova.

• Atos Administrativos
• Licitações e contratos
• Processo administrativo (disciplinar)

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• Poderes Administrativos

Assim, se você possui pouco tempo para estudar, procure priorizar essas matérias, pois
são elas que possuem a maior probabilidade de cair.

As questões costumam ser mais doutrinárias, não são questões muito práticas, que
trazem casos concretos, principalmente na sua banca, que possui um caráter bem
doutrinário em algumas perguntas solicitando respostas que abordem determinados
assuntos no meio da resposta, portanto, muito cuidado com a redação das respostas.

2. QUESTÕES PROPOSTAS DIREITO ADMINISTRATIVO

01. (FUNCAB – PCRO – Delegado de Polícia - 2014) Tendo em vista a aproximação


de epidemia de dengue hemorrágica, que ameaça espalhar-se por todo o estado, o
Governador desse estado expede decreto autorizando, mediante utilização dos meios
estritamente necessários, agentes públicos a entrarem à força em imóveis sob forte
suspeita de existência de criadouros de larvas de mosquitos transmissores da doença
e cujos proprietários se encontrem ausentes ou resistentes à imprescindível atividade
administrativa de combate epidêmico. Emita parecer sobre o caso descrito, analisando,
juridicamente, a legalidade ou não do decreto do Governador, bem como se poderá
ocorrer a responsabilização da Administração.

02. (ACADEPOL – PCMG – Delegado de Polícia - 2008) Ressalvada a competência


da União, é a Polícia Civil responsável pelas questões, envolvendo a habilitação do
condutor de veículos. Nessa circunstância, foi apresentado a Vossa Senhoria, na
condição de Delegado de Trânsito, requerimento, no qual João, motorista, pretende que
seja renovada sua CNH, pela 3ª vez, perante sua Circunscrição. Ocorre que, desta feita,
o Sistema Nacional informa a inserção de bloqueio, lançado pelo DETRAN originário,
sob a motivação de que o número do PGU 0000000AB1, noticiado no prontuário do
requerente, pertence a outro condutor, devidamente cadastrado naquela CIRETRAN.
Aduz, em sua defesa, que o prontuário fora transferido da cidade de Praia Boa, em
Estado Vizinho, há mais de 15 anos, e as duas renovações efetuadas anteriormente
ocorreram sem incidentes. Os exames exigidos pela lei estão em ordem, bem assim os
demais requisitos. Assim, requer que seja autorizada a expedição da CNH, necessária
para seu ofício de taxista, fonte se deu sustento. Com base nas informações acima,
delibere e decida, segundo o regramento administrativo apropriado,
fundamentadamente.

03. (NCE/RJ – PCDF – Delegado de Polícia - 2007) João da Silva ajuizou ação
indenizatória contra o Estado da federação onde reside, alegando que seu filho foi
assassinado durante um roubo. Fundamenta o seu pedido na falha do serviço de
segurança que deve ser prestado pelo Estado. Considerando que ficou comprovado no
processo que o filho do autor foi assassinado durante um roubo, o candidato deverá

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esclarecer se o Estado responde patrimonialmente por danos resultantes dos crimes
praticados por particulares.

04. (FUMARC – PCRJ – Delegado de Polícia Civil - 2012) Indique e estabeleça


distinção, quanto às hipóteses de cabimento e quanto ao modo de formalização, 03
(três) espécies de instrumentos que permitem a utilização regular privativa de bens
públicos por particulares, no ordenamento jurídico vigente.

05. (Direito Administrativo – inédita – Prof. Vinícius Silva.) Conceitue e discorra


de forma sucinta sobre a teoria do duplo efeito do ato administrativo, mostrando em
um exemplo o efeito concreto dessa teoria e as consequências sob a perspectiva da
responsabilidade civil do estado.

06. (Direito Administrativo – inédita – Prof. Vinícius Silva.) Nos contratos


firmados pela Administração Pública, cabe a aplicação da teoria da imprevisão? Explique
e fundamente a sua resposta.

07. (NCE/RJ – PCDF – Delegado de Polícia - 2007) O município X, sem processo


regular de desapropriação, ocupou um bem pertencente a particular. Não foi atribuída
ao bem nenhuma destinação pública. Que providência o proprietário do bem poderá
adotar contra o município?

08. (CESPE – DPF – Delegado de Polícia Federal – 2013) A fim de proporcionar


maior conforto a seus clientes, o dono de determinado restaurante realizou uma
ampliação em seu estabelecimento, tendo a construção avançado sobre área pública,
razão por que o órgão responsável pela fiscalização urbana da prefeitura autuou o
comerciante, fixando prazo para que a situação fosse regularizada. Sob a alegação de
que a área pública invadida estava abandonada e suja e de que ele havia realizado
melhorias no espaço, o comerciante recusou-se a cumprir a determinação da prefeitura
para que desfizesse a obra. Dada a recalcitrância do comerciante, os fiscais, com base
no disposto no código municipal de edificações, demoliram a área irregular e multaram-
no. O dono do restaurante, então, ajuizou ação judicial contra a prefeitura, sob a
alegação de que o ato praticado pela prefeitura foi ilegal, dada a ausência de ação
demolitória anterior, e causou-lhe danos materiais e morais. Com base na situação
hipotética acima apresentada, discorra sobre a legalidade dos atos praticados pela
prefeitura [valor: 1,00], abordando os poderes administrativos [valor: 1,00] e o
atributo do ato administrativo.

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09. (UEG – PCGO – Delegado de Polícia Civil – 2013) De acordo com a doutrina,
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o ato administrativo possui atributos próprios, que são qualidades que, via de regra,
inexistem no ato jurídico particular. Registre-os, com os respectivos significados.

10. (UEG – PCGO – Delegado de Polícia Civil – 2008) A Secretaria de Saúde do


Estado realizou concurso para provimento de 10 (dez) cargos de odontólogos, tendo
sido aprovados exatamente 10 (dez) candidatos. Passados vários meses do término do
concurso, a Administração não se manifestou quanto ao ato de nomeação. Aprovados
no mencionado concurso descobriram que existem 15 (quinze) odontólogos executando
serviços de odontologia, os quais ocupam cargos comissionados há mais de 05 (cinco)
anos.

a) A Administração alega que os aprovados possuem mera expectativa de direito e que,


dentro do juízo de conveniência e oportunidade, nomeará os candidatos. A opção da
Administração é válida? Fundamente.

b) A permanência dos 15 (quinze) odontólogos nas atividades encontra amparo


jurídico? Fundamente.

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3. QUESTÕES COMENTADAS DIREITO ADINISTRATIVO

01. (FUNCAB – PCRO – Delegado de Polícia - 2014) Tendo em vista a aproximação


de epidemia de dengue hemorrágica, que ameaça espalhar-se por todo o estado, o
Governador desse estado expede decreto autorizando, mediante utilização dos meios
estritamente necessários, agentes públicos a entrarem à força em imóveis sob forte
suspeita de existência de criadouros de larvas de mosquitos transmissores da doença
e cujos proprietários se encontrem ausentes ou resistentes à imprescindível atividade
administrativa de combate epidêmico. Emita parecer sobre o caso descrito, analisando,
juridicamente, a legalidade ou não do decreto do Governador, bem como se poderá
ocorrer a responsabilização da Administração.

Resposta comentada:

O Decreto do Chefe do Executivo Estadual viola a constituição federal, uma vez que,
por meio de um ato administrativo acaba por ferir um direito constitucionalmente
garantido que é a inviolabilidade domiciliar. Vejamos.

O art. 5° da CF/88 garante que a casa é silo inviolável, ou seja, temos um caso clássico
de garantia fundamental. Essa é a regra, que, no entanto, pode sofrer relativização,
nas hipóteses previstas na lei fundamental. Ou seja, a própria constituição prevê as
situações em que a casa poderá ser violada mesmo sem o consentimento do morador.

Flagrante delito, para prestar socorro e em caso de desastre são algumas delas. Veja
que são situações estritamente necessárias. A última exceção é a ordem judicial
devidamente fundamentada a ser cumprida durante o dia. É o que chamamos de
matéria sujeita à reserva de jurisdição.
Veja, portanto que o decreto autônomo do Governador viola a CF/88 e, portanto é
inconstitucional, devendo ser extirpado do ordenamento jurídico.

Quanto à possibilidade de responsabilidade civil do Estado neste caso, temos uma


hipótese de reponsabilidade objetiva, em que a administração pode ser
responsabilizada, bastando para isso que seja comprovado o dano e o nexo de

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causalidade entre o dano e a ação do agente administrativo no desempenho de suas
funções de fiscalização sanitária.

02. (ACADEPOL – PCMG – Delegado de Polícia - 2008) Ressalvada a competência


da União, é a Polícia Civil responsável pelas questões, envolvendo a habilitação do
condutor de veículos. Nessa circunstância, foi apresentado a Vossa Senhoria, na
condição de Delegado de Trânsito, requerimento, no qual João, motorista, pretende que
seja renovada sua CNH, pela 3ª vez, perante sua Circunscrição. Ocorre que, desta feita,
==10a285==

o Sistema Nacional informa a inserção de bloqueio, lançado pelo DETRAN originário,


sob a motivação de que o número do PGU 0000000AB1, noticiado no prontuário do
requerente, pertence a outro condutor, devidamente cadastrado naquela CIRETRAN.
Aduz, em sua defesa, que o prontuário fora transferido da cidade de Praia Boa, em
Estado Vizinho, há mais de 15 anos, e as duas renovações efetuadas anteriormente
ocorreram sem incidentes. Os exames exigidos pela lei estão em ordem, bem assim os
demais requisitos. Assim, requer que seja autorizada a expedição da CNH, necessária
para seu ofício de taxista, fonte se deu sustento. Com base nas informações acima,
delibere e decida, segundo o regramento administrativo apropriado,
fundamentadamente.

Resposta comentada:

A manifestação da Administração se dá através de um ato administrativo, que pode ser


discricionário ou vinculado. No primeiro caso, cumpridas as determinações legais, a
Administração poderá ou não expedir o ato. Por outro lado, se estivermos diante de um
ato vinculado, a Administração tem a obrigação de expedir o ato. Exemplos de atos
vinculados são as licenças, dentre elas a licença para dirigir veículo automotor,
materializada na Carteira Nacional de Habilitação – CNH.

No caso apresentado, o administrado foi até o órgão competente pleitear a renovação


de sua CNH, necessária para exercer sua atividade profissional. No entanto, há restrição
em face de João, que impossibilita a expedição do ato. A restrição, aparentemente, se
deu por uma inscrição idêntica.

Tendo em vista que a expedição de CNH é um ato vinculado, ou seja, a Administração


tem o dever de expedi-lo, quando o administrado cumpre todas os requisitos legais,
deverá ser imediatamente concedida a licença pleiteada. Consta nos autos que o

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condutor está em conformidade no que concerne aos exames necessários e demais
requisitos.

A urgência na medida se dá por conta da atividade profissional que o condutor exerce,


sendo necessária a CNH para que seja exercida legalmente. Portanto deverá a
autoridade administrativa competente expedir a licença, instrumentalizada pela
respectiva CNH.

03. (NCE/RJ – PCDF – Delegado de Polícia - 2007) João da Silva ajuizou ação
indenizatória contra o Estado da federação onde reside, alegando que seu filho foi
assassinado durante um roubo. Fundamenta o seu pedido na falha do serviço de
segurança que deve ser prestado pelo Estado. Considerando que ficou comprovado no
processo que o filho do autor foi assassinado durante um roubo, o candidato deverá
esclarecer se o Estado responde patrimonialmente por danos resultantes dos crimes
praticados por particulares.

Resposta comentada

A responsabilidade civil do Estado é a chamada responsabilidade extracontratual, pois


tem como alicerce o fato de a atividade administrativa ser uma atividade obrigatória,
ou seja, as funções da Administração são impostas ao particular sem que seja tomada
a sua concordância para a prestação de um serviço, por exemplo, de segurança pública.

A responsabilidade do Estado, em regra, é do tipo objetiva e não requer a demonstração


de dolo ou culpa do agente administrativo, bastando para que se configure ela a
comprovação da conduta, do dano e do nexo de causalidade entre um e outro. Essa é
a dicção do art. 37, §6° da CF/88.

Entretanto, no caso sob análise, a chamada responsabilidade por omissão do Estado,


no que diz respeito à prestação do serviço de segurança pública. Nesse caso, para que
seja devida a indenização, o Sr. João da Silva deverá demonstrar que houve uma
ausência do serviço de segurança e o Estado foi omisso, mesmo ciente de que a situação
de insegurança no local era ensejadora de uma atenção maior que foi negligenciada
pela Administração.

Ressalte-se que se o crime tivesse ocorrido nas proximidades de um posto policial ou


delegacia de polícia, seria uma situação que não reclamaria a demonstração da falta de
serviço, pois presume-se que nas proximidades desses locais seja prestado um serviço
de segurança de qualidade.

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04. (FUMARC – PCRJ – Delegado de Polícia Civil - 2012) Indique e estabeleça


distinção, quanto às hipóteses de cabimento e quanto ao modo de formalização, 03
(três) espécies de instrumentos que permitem a utilização regular privativa de bens
públicos por particulares, no ordenamento jurídico vigente.

Resposta comentada

Os três institutos jurídicos por meio dos quais a utilização regular privativa de bens
públicos poderá se dar são: a concessão de uso, a concessão de direito real de uso e a
concessão de uso especial para fins de moradia.

A concessão de uso é uma forma de utilização de um bem público pelo particular de


forma mais perene e duradoura. É realizada através de contrato administrativo,
precedido, em tese, de licitação prévia, não tem é precária, pela natureza contratual
gera direito à indenização pelos investimentos realizados no empreendimento. São
exemplos os boxes em mercados públicos e os restaurantes particulares em
universidade públicas.

A concessão de direito real de uso, por sua vez, é contrato administrativo, portanto
presentes todas as particularidades acima previstas pela sua natureza contratual, e se
presta a situações em que o poder público visa à industrialização ou urbanização de
determinada área de terra. A licitação aqui é sempre na modalidade concorrência e
precede a formalização do contrato.

Por fim, a concessão de uso especial para fins de moradia é regulamentada pela MP n°.
2.220/01, através da qual o Poder Executivo estabelece regras para que homens e
mulheres possam utilizar-se de imóveis públicos para fins de moradia, sempre que
cumpridos os requisitos da norma.

05. (Direito Administrativo – inédita – Prof. Vinícius Silva.) Conceitue e discorra


de forma sucinta sobre a teoria do duplo efeito do ato administrativo, mostrando em

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um exemplo o efeito concreto dessa teoria e as consequências sob a perspectiva da
responsabilidade civil do estado.

Resposta comentada:

A teoria do duplo efeito do ato administrativo é a que explica o fato de um mesmo ato
administrativo ter dois efeitos na mesma situação fática, ensejando duas consequências
distintas para pessoas distintas.

Um ato administrativo de efeitos gerais pode implicar num prejuízo muito grande em
relação ao administrado A, enquanto que em relação ao administrado B, o efeito pode
ser geral e o prejuízo deve ser enfrentado como decorrência da vida em sociedade,
pautando-se para este último o risco social.

Um bom exemplo da teoria do duplo efeito é a construção de um cemitério no lugar de


uma praça pública. De fato a construção desse equipamento visa o interesse público,
princípio basilar do Direito Administrativo.

No entanto essa construção pode ter um efeito geral em relação ao administrado A,


que mora nas proximidades da praça, que agora terá de conviver com o cemitério, não
ensejando direito à indenização por conta do prejuízo causado, uma vez que ele decorre
do risco social.

Por outro lado, em relação a um empresário do ramo hoteleiro, que tinha na praça um
ótimo ponto de referência para o seu empreendimento, funcionando esta como um
incentivo à rotatividade de seu hotel, terá um prejuízo imenso, portanto, poderá ser
indenizado pelo dano decorrente da construção do cemitério o lugar na praça.

Assim, podemos verificar a teoria do duplo efeito do ato administrativo na prática,


lembrando que a construção do cemitério se dá por meio de manifestação da
administração através de um ato administrativo.

06. (Direito Administrativo – inédita – Prof. Vinícius Silva.) Nos contratos


firmados pela Administração Pública, cabe a aplicação da teoria da imprevisão? Explique
e fundamente a sua resposta.

Resposta comentada

Sim. No direito brasileiro, a matéria é prevista na Constituição Federal, artigo 37, inciso
XXI, e no artigo 65, inciso II, alínea “d”, da Lei n° 8.666/1993.

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A teoria da imprevisão tem sua aplicação no contrato administrativo, quando
caracterizada uma situação de álea econômica extraordinária, isto é, quando o ajuste
for afetado por um acontecimento externo ao contrato, estranho à vontade das partes,
imprevisível e inevitável, que causa um desequilíbrio muito grande, tornando a
execução do contrato excessivamente onerosa para o contratado.

Tem sua origem na aplicação da cláusula rebus sic stantibus, sendo disposição implícita
aos contratos de prestações sucessivas, na medida em que se entende que a convenção
não permanece em vigor se as coisas não permanecerem como eram no momento da
celebração.

Trata, pois, de mitigação ao princípio do pacta sunt servanda. É instrumento importante


para garantir o equilíbrio econômico-financeiro pactuado quando da celebração do
contrato.

A doutrina aponta como requisitos necessários à aplicação da teoria da imprevisão, nos


termos da lei e princípios assentes no ordenamento jurídico, que o fato seja imprevisto
ou imprevisível quanto à sua ocorrência ou quanto às suas consequências; estranho à
vontade das partes; inevitável e causador de desequilíbrio muito grande ao contrato,
de forma que ele se torne ruinoso para uma das partes.

07. (NCE/RJ – PCDF – Delegado de Polícia - 2007) O município X, sem processo


regular de desapropriação, ocupou um bem pertencente a particular. Não foi atribuída
ao bem nenhuma destinação pública. Que providência o proprietário do bem poderá
adotar contra o município?

Resposta comentada:

No caso apresentado ocorreu a chamada Tredestinação Ilícita do bem expropriado. Ou


seja, a Administração, inicialmente, com o fim de dar uma destinação lícita e que
atingisse uma finalidade pública geral e outra específica, não o fez após o procedimento
expropriatório.

Portanto, a finalidade inicial, que era pública, deixou de ser dada ao bem, resultando
na Tredentinação, que é uma espécie do gênero desvio de finalidade, aplicada a casos
de desapropriação.

Quando ocorre tal fenômeno, surge para o particular o direito de retrocessão, que é a
possibilidade de reaver o bem a que não foi conferida finalidade pública.

Parte da doutrina, encampada por Celso Antônio Bandeira de Mello, defende que no
momento da tredestinação deve ser feita uma nova avaliação do bem, e que eventual

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valorização em relação à oferta inicial quando do início da ação de desapropriação
deverá ser indenizada pelo particular em favor da Administração.

08. (CESPE – DPF – Delegado de Polícia Federal – 2013) A fim de proporcionar


maior conforto a seus clientes, o dono de determinado restaurante realizou uma
ampliação em seu estabelecimento, tendo a construção avançado sobre área pública,
razão por que o órgão responsável pela fiscalização urbana da prefeitura autuou o
comerciante, fixando prazo para que a situação fosse regularizada. Sob a alegação de
que a área pública invadida estava abandonada e suja e de que ele havia realizado
melhorias no espaço, o comerciante recusou-se a cumprir a determinação da prefeitura
para que desfizesse a obra. Dada a recalcitrância do comerciante, os fiscais, com base
no disposto no código municipal de edificações, demoliram a área irregular e multaram-
no. O dono do restaurante, então, ajuizou ação judicial contra a prefeitura, sob a
alegação de que o ato praticado pela prefeitura foi ilegal, dada a ausência de ação
demolitória anterior, e causou-lhe danos materiais e morais. Com base na situação
hipotética acima apresentada, discorra sobre a legalidade dos atos praticados pela
prefeitura, abordando os poderes administrativos e o atributo do ato administrativo.

Resposta comentada:

Os atos praticados pela Prefeitura foram legais e não ensejam indenização por conta
dos atributos de que se revestem o atos administrativos. Vejamos.

a) Presunção de legitimidade: Decorre do princípio da legalidade. Todo e qualquer ato


administrativo deve ser tido como verdadeiro e conforme o Direito. Essa presunção
admite prova em contrário. b) Imperatividade: É a qualidade que certos administrativos
têm para constituir situações de observância obrigatória em relação aos seus
destinatários, independentemente da respectiva concordância ou aquiescência. c)
Exigibilidade: É a característica do ato administrativo que impele o destinatário à
obediência das obrigações por ele impostas, sem necessidade de qualquer apoio
judicial.
Em razão disso, o Estado pode exigir e obter dos destinatários do ato administrativo o
cumprimento da obrigação ou do dever imposto, sem auxílio de ordem judicial. d)
Autoexecutoriedade: A autoexecutoriedade, ou simplesmente executoriedade, é o
atributo do ato administrativo que dá ensejo à Administração Pública de, direta e
imediatamente, executá-lo. Para a execução da decisão administrativa o Poder Público
não necessita recorrer ao Poder Judiciário. e) Tipicidade: É o atributo pelo qual o ato
administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas

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a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende
alcançar existe um ato definido em lei.

Portanto, baseado nos atributos acima, podemos afirmar que a ação da prefeitura foi
precedida de comunicação formal de que a obra do comerciante deveria ser retirada do
local e apenas diante da recalcitrância do notificado, a Administração decidiu agir
amparada pelos atributos da Exigibilidade e da Autoexecutoriedade, que são os dois
atributos que legitimam a ação realizada pelo Município.

Por fim, como a ação da prefeitura foi amparada pelo Código Municipal de Edificações,
ou seja, houve tipicidade na ação estatal, configura-se um ato totalmente legal, que
está baseado tanto no poder de polícia administrativa, quanto nos atributos do ato
administrativo.

Não caberá indenização, uma vez que o comerciante foi devidamente cientificado que
deveria regularizar a situação o que não foi feito por sua livre consciência, o que
autoriza a Administração a agir da forma como o fez.

09. (UEG – PCGO – Delegado de Polícia Civil – 2013) De acordo com a doutrina,
o ato administrativo possui atributos próprios, que são qualidades que, via de regra,
inexistem no ato jurídico particular. Registre-os, com os respectivos significados.

Resposta comentada:

Os atributos do ato administrativo são os seguintes.

A Presunção de legitimidade, que decorre do princípio da legalidade, ou seja, todo e


qualquer ato administrativo deve ser tido como verdadeiro e conforme o Direito. Essa
presunção admite prova em contrário, não sendo portanto absoluta. Assim, quem
provar a ilegalidade de uma ato pode requerer a sua anulação, inclusive judicialmente.

A Imperatividade é a qualidade que certos administrativos, ou seja, nem todos a


possuem, têm para constituir situações de observância obrigatória em relação aos seus
destinatários, independentemente da respectiva concordância ou aquiescência do
administrado.
A Exigibilidade é a característica do ato administrativo que impele o destinatário à
obediência das obrigações por ele impostas, sem necessidade de qualquer apoio
judicial. Assim, não é necessário à Administração agir apenas amparada por uma
decisão judicial, a autonomia da Administração é ampla e irrestrita. Em razão disso, o
Estado pode exigir e obter dos destinatários do ato administrativo o cumprimento da
obrigação ou do dever imposto, sem auxílio de ordem judicial.

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A Autoexecutoriedade, ou simplesmente executoriedade, é o atributo do ato
administrativo que dá ensejo à Administração Pública de, direta e imediatamente,
executá-lo. Para a execução da decisão administrativa o Poder Público não necessita
recorrer ao Poder Judiciário. Um exemplo é a possibilidade de remover um veículo que
está estacionado em frente a entrada de um hospital, impedido o atendimento de
urgência.

A Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras


definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para
cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei.

10. (UEG – PCGO – Delegado de Polícia Civil – 2008) A Secretaria de Saúde do


Estado realizou concurso para provimento de 10 (dez) cargos de odontólogos, tendo
sido aprovados exatamente 10 (dez) candidatos. Passados vários meses do término do
concurso, a Administração não se manifestou quanto ao ato de nomeação. Aprovados
no mencionado concurso descobriram que existem 15 (quinze) odontólogos executando
serviços de odontologia, os quais ocupam cargos comissionados há mais de 05 (cinco)
anos.

a) A Administração alega que os aprovados possuem mera expectativa de direito e que,


dentro do juízo de conveniência e oportunidade, nomeará os candidatos. A opção da
Administração é válida? Fundamente.

Resposta comentada:

O concurso foi realizado para o preenchimento de 10 vagas, o que denota a


necessidade, desde a abertura do certame público, de prover os 10 cargos vagos por
meio de concurso público assim como prevê a Constituição Federal de 1988 – CF/88.

De acordo com o novo entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal – STF,


quando a Administração realiza concurso para o provimento de cargos vagos, os
aprovados dentro do número de vagas não possuem apenas mera expectativa de direito
à nomeação, mas direito subjetivo de serem nomeados para o provimento dos cargos.

b) A permanência dos 15 (quinze) odontólogos nas atividades encontra amparo


jurídico? Fundamente.

Resposta comentada:

De acordo com a CF/88 os cargos em comissão são destinados apenas Às funções de


chefia, direção, assessoramento, o que não é o caso que se visualiza no caso concreto
apresentado.

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A Administração está se valendo do instituto do cargo em comissão para prover cargos


que deveriam ser preenchidos por candidatos aprovados em concurso público, os
15(quinze) odontólogos não estão desempenhando nenhum cargo de chefia, direção ou
assessoramento.

Assim, os odontólogos supracitados não podem permanecer nos cargos em comissão


ocupados, pois a sua permanência viola o mandamento constitucional.

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@profviniciussilva

Vinícius Silva

@profviniciussilva

A distância entre você o seu sonho realizado é inversamente proporcional ao


tamanho do seu esforço.

Vinícius Silva.

Discursivas p/ PC-CE (Delegado) - Com Correção (8 questões discursivas corrigidas)


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31581248903 - RONNIE LIMA

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