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AUDITORIA II
Contabilidade
► Auditoria II

Educação a Distância
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Prezado(a) Aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à disciplina Auditoria II.

Apresentamos a você o nosso material de estudo, que tem como objeti-


vo auxiliá-lo na busca, desenvolvimento e aprimoramento de seu conhecimento.
Os temas foram organizados em capítulos/atividades, e os conteúdos
amplamente abordados por meio de textos básicos e de leituras complementares
sugeridas pelos autores. Ao longo de cada capítulo/atividade você encontrará ques-
tões para reflexão e indicações de fontes de pesquisa e leitura para aprofundar seus
estudos.
Em um curso de educação a distância, você é o principal protagonista,
criando, juntamente com os tutores e colegas de sua rede educacional, possibilidades
de ser investigador do seu próprio conhecimento e aprendizagem. Por isso, todo o
material foi elaborado com o intuito de contribuir para a construção, ampliação e apli-
cação de seu conhecimento.
Assim, faça um planejamento de seus estudos, organize seu tempo e
fique atento à data limite de cada atividade que você deve cumprir. Recorra, sempre,
ao seu professor tutor e participe das atividades propostas, interagindo com seus
colegas.
Desejamos que, ao final da disciplina, você tenha aproveitado ao máxi-
mo cada item abordado e que seus estudos possam refletir diretamente na busca de
novos mercados e desenvolvimento pessoal.

Tenha um ótimo estudo!


SUMÁRIO

Auditoria ii

1. Supervisão e controle da qualidade ..................... ADT III 07


2. Estimativas Contábeis INTERVENIENTES ..................... ADT III 11
3. síntesE PARA AUTOAVALIAÇÃO .......................................... ADT III 17
4. Amostragem de auditoria ............................................. ADT III 21
5. Eventos Subsequentes .................................................. ADT III 27
6. síntesE PARA AUTOAVALIAÇÃO ......................................... ADT III 33
7. Transações com partes relacionadas . ................ ADT III 37
8. Auditoria de Investimentos - Classificação .......... ADT III 41
9. síntesE PARA AUTOAVALIAÇÃO ......................................... ADT III 45
10. Auditoria de investimentos avaliados pelo MEP ... ADT III 47
11. Auditoria do Imobilizado ................................................ ADT III 51
12. síntesE PARA AUTOAVALIAÇÃO ......................................... ADT III 57
13. Auditoria de empréstimos e financiamentos ...... ADT III 61
14. Auditoria de tributos ...................................................... ADT III 67
15. síntesE PARA AUTOAVALIAÇÃO ......................................... ADT III 73
REFERÊNCIA CRUZADA

Auditoria II

APOSTILA INTERNET
CAPÍTULO ASSUNTO CAPÍTULO ASSUNTO
Supervisão e
1 controle da 1 Vídeoaula 1
qualidade

Estimativas
2 Contábeis 2 Vídeoaula 2

síntese para
3 autoavaliação 3 Autoavaliação

Amostragem
4 de auditoria 4 Vídeoaula 3

Eventos
5 Subsequentes 5 Vídeoaula 4

síntese para
6 autoavaliação 6 Autoavaliação

Transações com
7 partes relacionadas 7 Vídeoaula 5

Auditoria de
8 Investimentos - 8 Vídeoaula 6
Classificação
síntese para
9 auto-avaliação 9 Autoavaliação

Auditoria de
10 investimentos 10 Vídeoaula 7
avaliados pelo MEP

Auditoria do
11 Imobilizado 11 Vídeoaula 8

síntese para
12 autoavaliação 12 Autoavaliação
Auditoria de
13 empréstimos e 13 Vídeoaula 9
financiamentos

14 BLOCOS ECONÔMICOS 14 Vídeoaula 10

síntese para
15 autoavaliação 15 Autoavaliação
Auditoria II
Supervisão e controle da qualidade CAPÍTULO 1

OBJETIVO

Abordar o controle de qualidade do trabalho de auditoria, destacando regras


de controle interno, visto que é uma norma para os profissionais de auditoria contábil. Ao
final desta atividade o aluno será capaz de determinar procedimentos que visem a garantir a
qualidade do trabalho de auditoria.

TEXTO

As normas de auditoria levam ao trabalho de auditoria ser feito de forma com-


pleta e objetiva. Os procedimentos estabelecidos individualmente para cumprir as normas
estabelecidas levam a disciplina na realização do trabalho. Isto proporciona resultados e
recomendações palpáveis fundamentados e passíveis de serem verificados.
Desta forma, A NBC T 11 (Norma Brasileira de Contabilidade Técnica n. 11)
aprovada pela resolução CFC 820/97, regulamenta o trabalho do auditor independente. Den-
tre as normas editadas pelas NBCs ligadas a esta primeira está o que obriga o auditor a ter
controle de qualidade do trabalho a seu trabalho e dos a seu serviço, supervisionar o traba-
lho e garantir a qualidade do trabalho de auditoria executado.
Esta norma faz referência ao controle interno, sendo que este deve ser aplica-
do e desenvolvido, como já estudamos, nas empresas de auditoria e pelos profissionais que
desenvolvem de forma autônoma o trabalho de auditoria independente.
A este respeito, nos diz o primeiro parágrafo da norma:

“11.8.1.1 – Esta norma estabelece procedimentos e critérios relativos à


supervisão e ao controle de qualidade, com ênfase ao controle interno.”

“11.8.1.2 – Os auditores independentes – empresas ou profissionais autô-


nomos – devem implantar e manter regras e procedimentos de supervisão
e controle interno de qualidade, que garantam a qualidade dos serviços
executados.”

Como estamos falando de norma, o auditor deve atender a esta norma e


documentar o atendimento desta exigência, pois a qualquer momento pode ser exigido pela
fiscalização da profissão, ou quando em inquérito para apurar responsabilidades, ser obriga-
do a mostrar o atendimento desta exigência que passa pelo reflexo na qualidade do trabalho
executado.

“11.8.1.3 – As regras e os procedimentos relacionados ao controle de qua-

ADT II – 7
Auditoria II
CAPÍTULO 1

lidade interno devem ser, formalmente, documentados, e ser do conheci-


mento de todas as pessoas ligadas aos auditores independentes.”

O objetivo é que seja estabelecido e mantido um sistema de controle da quali-


dade para obter segurança razoável e garantir que as firmas de auditoria e seu pessoal cum-
pram com as normas profissionais e técnicas e as exigências legais e regulatórias aplicáveis
e os relatórios emitidos pela firma ou pelos sócios do trabalho sejam apropriados.

Os auditores independentes e suas firmas devem implementar e manter re-


gras e procedimentos relacionados ao controle de qualidade interno e os documentos devem
ser disponibilizados aos órgãos reguladores como o CFC.

Vários fatores devem ser levados em consideração na definição das regras


e dos procedimentos de controle interno de qualidade, principalmente aqueles relacionados
à estrutura da equipe técnica do auditor, ao porte, à cultura, à organização e à complexidade
dos serviços que realizar.

O controle interno de qualidade é relevante na garantia de qualidade dos


serviços prestados e deve abranger a totalidade das atividades dos auditores, notadamente,
diante da repercussão que os relatórios de auditoria vêm, interna e externamente, afetando a
entidade auditada.

As equipes de auditoria são responsáveis, observados os limites das atribui-


ções individuais, pelo atendimento das normas da profissão contábil e pelas regras e proce-
dimentos destinados a promover a qualidade dos trabalhos de auditoria.
Na supervisão dos trabalhos da equipe técnica durante a execução da audito-
ria, o auditor deve:
a. avaliar o cumprimento do planejamento e do programa de trabalho;
b. avaliar se as tarefas distribuídas à equipe técnica estão sendo cumpridas
no grau de competência exigido;
c. resolver questões significativas quanto à aplicação dos Princípios Funda-
mentais de Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
d. avaliar se os trabalhos foram, adequadamente, documentados e os objeti-
vos dos procedimentos técnicos alcançados; e
e. avaliar se as conclusões obtidas são resultantes dos trabalhos executados
e permitem ao auditor fundamentar sua opinião sobre as Demonstrações
Contábeis.
A qualidade dos serviços de auditoria está diretamente ligada à competên-
cia dos profissionais que atuam no processo. Portanto, passa pelo controle de qualidade o
acompanhamento da qualificação destes profissionais, bem como na contratação destes,
determinando o perfil desejado.

ADT II – 8
Auditoria II
CAPÍTULO 1

Os requisitos que o auditor deve adotar para o controle da qualidade dos seus
serviços são os que seguem:
a. o pessoal designado deve ter a competência e a habilidade profissionais
compatíveis com o requerido no trabalho realizado;
b. o pessoal designado deve ter o nível de independência e demais atributos
definidos nas Normas Profissionais de Auditor Independente para ter uma
conduta profissional inquestionável;
c. o trabalho de auditoria deve ser realizado por pessoal que tenha um nível
de treinamento e de experiência profissional compatível com o grau de
complexidade das atividades da entidade auditada; e
d. o auditor deve planejar, supervisionar e revisar o trabalho em todas as
suas etapas, de modo a garantir aos usuários de seus serviços a certeza
razoável de que o trabalho seja realizado de acordo com as normas de
controle de qualidade requeridas nas circunstâncias.
Para atingir os objetivos estabelecidos, a firma de auditoria deve adotar pro-
cedimentos formais para contratação, treinamento, desenvolvimento e promoção do seu
pessoal. Devem ser estabelecidas as qualificações e as diretrizes para avaliar os seleciona-
dos para contratação, estabelecendo, no mínimo:
a. habilitação legal para o exercício da profissão;
b. habilidades, formação universitária, experiência profissional, características
comportamentais e expectativas futuras para o cargo a ser preenchido;
c. regras para a contratação de parentes de pessoal interno e de clientes,
contratação de funcionários de clientes;
d. análises de currículo, entrevistas, referências pessoais e profissionais e
testes a serem aplicados.
O CFC estabeleceu norma para que o auditor independente possa comprovar
a participação anual em programas de educação continuada, previamente aprovados por
este órgão e com mínimo de carga horária anual.
A CVM definiu, através da resolução CVM 308/99, o controle externo de quali-
dade. As empresas de auditoria independente devem, a cada 4 anos, submeter-se à revisão
de seu controle de qualidade, segundo diretrizes emanadas do Conselho Federal de Conta-
bilidade, que será realizado por outro auditor independente, também registrado na CVM. Este
procedimento é denominado “revisão externa de qualidade pelos pares”.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010

ADT II – 9
Auditoria II
CAPÍTULO 1

ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANOTAÇÕES

ADT II – 10
Auditoria II
Estimativas Contábeis CAPÍTULO 2

OBJETIVO

Apresentar a auditoria das estimativas contábeis, sua correta contabilização,


seu julgamento e que fatores relevantes o auditor deve levar em conta.

TEXTO

Introdução
As estimativas contábeis têm um grau de subjetividade que influenciam nas
demonstrações contábeis de forma, muitas vezes, importante. As provisões são um exemplo
clássico de estimativas contábeis.
As provisões representam encargos ou riscos que, conforme a lei de socieda-
des por ações, deverão ser contabilizadas até a data do balanço. Diferenciam-se das demais
transações e obrigações registradas no passivo por terem características como determina-
ção com base em estimativas, sem data certa de vencimento ou sem nome exato do credor.
É o caso de provisão para garantias que as empresas produtoras de itens de consumo de-
vem contabilizar para cobrir os custos com reparação ou substituições de peças ou produtos
dentro das coberturas de garantias.

Aspectos contábeis
As contas de provisão são creditadas por ocasião de sua constituição, em
contrapartida com despesas do ano (despesas com provisões trabalhistas, por exemplo) ou
debito em custos de produção. A conta de provisões no passivo é debitada pela liquidação
da obrigação provisionada ou a reversão contra a conta de resultado, no caso de não se
confirmar a estimativa provisionada.
São exemplos de contas de provisão cujas características descrevemos aci-
ma:
• provisão para 13.º salário;
• provisão para férias;
• provisão para garantias de produtos vendidos;
• provisão para contingências fiscais, trabalhistas e cíveis. No caso de
contingências de ordem cível, devem ser constituídas apenas quando
for possível determinar com certo grau de assertividade o valor que seja

ADT II – 11
Auditoria II
CAPÍTULO 2

provável a perda pela empresa. No caso de valores relevantes a este título,


estas informações devem constar em notas explicativas;
• provisões para reduzir ativos ao seu valor provável de realização;
• provisões para alocar o custo de itens do ativo durante suas vidas úteis
estimadas (depreciação, exaustão ou amortização);
• receitas auferidas;
• custos e despesas incorridos;
• impostos diferidos;
• provisões para perdas em geral;
• prejuízos sobre contratos em andamento;
• provisões para indenizações.
Segundo o pronunciamento técnico CPC n. 25 os passivos contingentes
devem ser obrigatoriamente constituídos, mas os ativos contingentes não devem ser contabi-
lizados. Este procedimento está em conformidade com o princípio contábil da Prudência.

Características das estimativas contábeis


Estimativa contábil é uma previsão quanto ao valor de um item que conside-
ra as melhores evidências disponíveis, incluindo fatores objetivos e subjetivos, quando não
existe forma precisa de apuração; requer julgamento na determinação do valor adequado a
ser registrado nas Demonstrações Contábeis.
A provisão de contingências é de responsabilidade da administração da enti-
dade. Deve basear-se em evidências que são levantadas principalmente através do controle
interno. O controle interno deve fornecer informações suficientes para determinar estas es-
timativas. Muitas estimativas são calculadas com base em estatísticas históricas da própria
empresa. É função do controle interno registrar todos estes fatos históricos para que possam
ser calculadas estas estimativas bases para cálculo das contingências contábeis. É necessá-
rio comparar as estimativas contabilizadas em períodos anteriores com o efetivamente ocor-
rido e as novas estimativas devem ser corrigidas para se aproximar da provável realidade.

Aspectos de auditoria
O auditor deve possuir conhecimentos do controle interno, dos riscos envolvi-
dos nas atividades operacionais da empresa e dos possíveis riscos operacionais que devam
resultar em estimativas contábeis.
Os testes de auditoria devem apontar para a razoabilidade das estimativas
contábeis, inclusive consideradas de forma individual, quando seus valores forem relevantes.

ADT II – 12
Auditoria II
CAPÍTULO 2

Este procedimento envolve análise da fundamentação matemático-estatística dos procedi-


mentos utilizados pela entidade na quantificação das estimativas, a coerência destes com
o comportamento dos itens estimados em períodos anteriores, as práticas coerentes em
entidades semelhantes, os planos futuros da entidade e a conjuntura econômica e financei-
ra, tendo em vista que todas estas variáveis refletem no valor de eventos contingentes que
possam ocorrer nas empresas.
Em muitos casos, as estimativas podem ter por base fórmulas baseadas na
experiência, como exemplo o uso de taxas padronizadas para cálculo das estimativas. É o
que geralmente acontece com provisões para perdas em recebíveis. Geralmente utilizam
sempre as mesmas taxas e ajustam diretamente o valor provisionado nos períodos seguin-
tes quando isto for necessário. A administração que se utiliza destas fórmulas padrões deve
sempre revisar para testar a aderência desta com a realidade das operações.
O auditor deve avaliar a necessidade de publicar determinadas estimativas
contábeis relevantes nas notas explicativas.
No seu planejamento de auditoria deve prever as seguintes abordagens:
a. revisar e testar o processo usado pela administração da entidade para
desenvolver a estimativa;
b. usar uma estimativa independente para comparar com a preparada pela
administração da entidade; ou
c. revisar eventos subsequentes que confirmem a estimativa feita.
Para isto, deve aplicar testes nas provisões e demais estimativas contábeis
quais sejam:
Prepare um papel de trabalho para cada conta de provisão com os seguintes
detalhes:
• saldo no início do período;
• pagamentos efetuados ou estimativas realizadas;
• provisões constituídas no ano;
• saldo no fim do período;
• conferência do saldo no início do período com papéis de trabalho da audi-
toria do ano anterior;
• inspeção da documentação comprobatória para os pagamentos efetuados
ou estimativas realizadas;
• conferência dos cálculos e analise a natureza das provisões constituídas
no ano e, quando aplicável, cruze os respectivos valores com a demons-
tração do resultado do exercício;

ADT II – 13
Auditoria II
CAPÍTULO 2

• conferência do saldo no fim do período com o razão geral da contabilidade


para a mesma data.
Quando da execução dos procedimentos de auditoria para a identificação de
passivos não registrados e contingencias, o auditor independente deve obter evidências para
os seguintes assuntos, desde que relevantes:
a. a existência de uma condição ou uma situação circunstancial ocorrida,
indicando uma incerteza com possibilidade de perdas ou ganhos para a
entidade;
b. o período em que foram gerados;
c. o grau de probabilidade de um resultado favorável ou desfavorável; e
d. o valor ou a extensão de perda ou ganho potencial.

Circularização dos consultores jurídicos


A circularização dos consultores jurídicos é uma forma de o auditor obter
confirmação independente das informações fornecidas pela administração referentes a situ-
ações relacionadas a litígios, pedidos de indenização ou questões tributárias. As respostas
recebidas do departamento jurídico da entidade servem de evidência para o auditor avaliar
se a administração adotou os procedimentos adequados para a contabilização e divulgação
das contingências.
Os assuntos que devem ser abordados na carta de circularização incluem:
a. identificação da entidade e suas controladas e coligadas;
b. pedido da administração para que os advogados forneçam as seguintes
informações sobre as questões legais envolvidas contendo a descrição
da natureza do assunto, o progresso do caso e as ações que pretende
tomar para o caso; avaliação da probabilidade de perda classificada como
provável, possível ou remota e uma estimativa do valor e outras eventuais
consequências em potencial, incluindo a previsão dos honorários advoca-
tícios;
c. em algumas situações, é conveniente que o auditor possa completar a res-
posta para assuntos cobertos na carta de circularização em uma reunião
onde ofereça oportunidades para discussões e explicações mais detalha-
das que uma resposta escrita.

Modelo de carta de circularização de consultores jurídicos

Senhores advogados:
Data.

ADT II – 14
Auditoria II
CAPÍTULO 2

Prezados senhores,
Em conexão com o exame das Demonstrações Contábeis do exercício a
findar em (data base das demonstrações) da Companhia ABC, solicitamos que Vossas Se-
nhorias forneçam diretamente aos nossos auditores independentes (qualificar a empresa de
auditoria) uma posição sobre as questões das áreas cível, trabalhista e/ou tributária sob seus
cuidados, em (data base das demonstrações), a favor ou contra a Companhia ABC, bem
como os eventuais desfechos ou as novas questões surgidas entre essa data-base e a data
da elaboração da informação.
Ao fornecer essas posições, solicitamos que informem, além de uma breve
descrição da questão e sua evolução no período: (I) se existe depósito judicial e seu valor; (II)
o valor atual, discutido em cada causa; (III) valor estimado dos honorários; (IV) um prognósti-
co quanto a possibilidade de perda no desfecho das questões, classificando-a como prová-
vel, possível ou remota.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANOTAÇÕES

ADT II – 15
Auditoria II
CAPÍTULO 2

ANOTAÇÕES

ADT II – 16
Auditoria II
síntese para autoavaliação CAPÍTULO 3

OBJETIVO

Sintetizar os assuntos abordados nas duas últimas atividades:


• supervisão e controle da qualidade;
• estimativas contábeis.

TEXTO

Supervisão e controle de qualidade


Os auditores independentes – empresas ou profissionais autônomos – devem
implantar e manter regras e procedimentos de supervisão e controle interno de qualidade
que garantam a qualidade dos serviços executados.
Vários fatores devem ser levados em consideração na definição das regras e
dos procedimentos de controle interno de qualidade, principalmente aqueles relacionados à
estrutura da equipe técnica do auditor, ao porte, à cultura, à organização e à complexidade
dos serviços que realizar.
O controle interno de qualidade é relevante na garantia de qualidade dos
serviços prestados e deve abranger a totalidade das atividades dos auditores, notadamente,
diante da repercussão que os relatórios de auditoria vêm, interna e externamente, afetando a
entidade auditada.

Execução dos trabalhos de auditoria independente


O auditor deve ter política de documentação dos trabalhos executados e das
informações obtidas na fase de aceitação ou retenção do cliente, em especial, quanto:
a. ao planejamento preliminar com base nos julgamentos e nas informações
obtidos; e
b. à habilitação legal para o exercício profissional, inclusive quanto à habilida-
de e à competência da equipe técnica, com evidenciação por trabalho de
auditoria independente dos profissionais envolvidos quanto a suas atribui-
ções.
O auditor deve ter como política a designação de recursos humanos com nível
de treinamento, experiência profissional, capacidade e especialização adequada para a exe-
cução dos trabalhos contratados.

ADT II – 17
Auditoria II
CAPÍTULO 3

O auditor deve ter plena consciência de sua capacidade técnica, recursos


humanos e estrutura para prestar e entregar o serviço que está sendo solicitado, devendo
verificar se há a necessidade de alocação de recursos humanos especializados em tecnolo-
gia da computação, em matéria fiscal e tributária ou, ainda, no ramo de negócios do cliente
em potencial.
O auditor deve planejar, supervisionar e revisar o trabalho em todas as suas
etapas, de modo a garantir que o trabalho seja realizado de acordo com as normas de audi-
toria independente de Demonstrações Contábeis.
As equipes de trabalho devem ser integradas por pessoas de experiência
compatível com a complexidade e o risco profissional que envolvem a prestação do serviço
ao cliente.
A delegação de tarefas para todos os níveis da equipe técnica deve assegurar
que os trabalhos a serem executados terão o adequado padrão de qualidade.

Estimativas contábeis
Estimativa contábil é uma previsão quanto ao valor de um item que conside-
ra as melhores evidências disponíveis, incluindo fatores objetivos e subjetivos, quando não
exista forma precisa de apuração, e requer julgamento na determinação do valor adequado a
ser registrado nas Demonstrações Contábeis.
As estimativas contábeis são de responsabilidade da administração da entida-
de.
O auditor deve ter conhecimentos suficientes sobre os controles, os procedi-
mentos e os métodos utilizados pela entidade no estabelecimento de estimativas que resul-
tem em provisões.
O auditor deve assegurar-se da razoabilidade das estimativas, individualmente
consideradas, quando estas forem relevantes. Tal procedimento inclui, além da análise da
fundamentação matemático-estatística dos procedimentos utilizados pela entidade na quan-
tificação das estimativas, a coerência destas com o comportamento dos itens estimados em
períodos anteriores, as práticas correntes em entidades semelhantes, os planos futuros da
entidade, a conjuntura econômica e as suas projeções.
Quando a comparação entre as estimativas feitas em períodos anteriores e
os valores reais destas evidenciar variações significativas, o auditor deve verificar se houve o
competente ajuste nos procedimentos, de forma a permitir estimativas mais apropriadas no
período em exame.
São exemplos de estimativa contábil, entre outros, os valores destinados a
possibilitar os registros relativos a:
a. provisões para reduzir ativos ao seu valor provável de realização;

ADT II – 18
Auditoria II
CAPÍTULO 3

b. provisões para alocar o custo de itens do ativo durante suas vidas úteis
estimadas (depreciação, exaustão ou amortização);
c. receitas auferidas;
d. custos e despesas incorridos;
e. impostos diferidos;
f. provisões para perdas em geral;
g. prejuízos sobre contratos em andamento;
h. provisões de garantia;
i. provisões para indenizações.

ANOTAÇÕES

ADT II – 19
Auditoria II
CAPÍTULO 3

ANOTAÇÕES

ADT II – 20
Auditoria II
Amostragem de auditoria CAPÍTULO 4

OBJETIVO

Apresentar os conceitos acerca da amostragem de auditoria, uma técnica


amplamente utilizada pela auditoria e que é regulada pelas normas de auditoria

TEXTO

Amostragem de auditoria
O início da atividade de auditoria como prática profissional foi marcado pela
realização de exames de todas as operações, conferindo todas as operações registradas. O
problema gerado neste caso é o de que demandava muito tempo para desenvolver o traba-
lho de auditoria e seus resultados não eram trazidos a tempo de produzir efeitos.
À medida que o ambiente empresarial se tornava mais eficiente e de rápidas
decisões, passou a ser necessário um trabalho de auditoria mais ágil e seus resultados
gerados a tempo de produzir os efeitos desejados. Neste cenário, a auditoria adquire caráter
mais sistemático e profissional, onde o auditor passa a desenvolver técnicas que propor-
cionam maior eficácia e eficiência no trabalho de auditoria. Assim, o auditor passa a fazer
testes em amostras representativas das operações e transações da entidade. Continuando o
desenvolvimento das técnicas, a auditoria passa a utilizar a avaliação do controle interno da
empresa para planejar e determinar a base de amostragem dos testes de auditoria. O esco-
po de auditoria passa a ser determinado pela avaliação do controle interno e a utilização de
técnicas estatísticas. Isto proporciona economia de recursos e tempo dedicado ao trabalho
de auditoria.
A estatística pode ser conceituada como método que permite observar, des-
crever, categorizar, mensurar e interpretar dados, objetivando obter informações de modo a
facilitar o processo de tomada de decisões em qualquer campo de atividade e pensamento
humano, dentre eles a auditoria. A estatística hoje é empregada para possibilitar obter deter-
minadas conclusões e inferências sobre o todo, que é a população, com base em estudos,
observações e analises de partes que conservam características elementares comuns deste
todo denominado amostra.
A norma contábil de auditoria, NBC T 11.11 diz a respeito da amostragem:

11.11.1.3 – Amostragem é a utilização de um processo para obtenção de


dados aplicáveis a um conjunto, denominado universo ou população, por
meio do exame de uma parte deste conjunto denominada amostra.

ADT II – 21
Auditoria II
CAPÍTULO 4

11.11.1.4 – Amostragem estatística é aquela em que a amostra é seleciona-


da cientificamente com a finalidade de que os resultados obtidos possam
ser estendidos ao conjunto de acordo com a teoria da probabilidade ou as
regras estatísticas. O emprego de amostragem estatística é recomendável
quando os itens da população apresentam características homogêneas.

A regra nos diz que a amostragem deve ser usada quando a população apre-
senta características homogêneas, de forma que a amostragem possa refletir esta popula-
ção.
O auditor deve estar sempre atento para que a amostragem represente não só
os itens que de forma individual sejam relevantes, mas também aqueles que individualmente
sejam irrelevantes, mas em conjunto com outros itens de sua mesma natureza passem a ser
relevantes na população.
Amostragem de auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria sobre
uma parte da totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta, ou classe de tran-
sações, para permitir que o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria sobre algumas
características dos itens selecionados, para formar, ou ajudar a formar, uma conclusão sobre
a população.
É importante sempre se lembrar da seguinte regra básica da amostragem
estatística de auditoria: a amostragem deve garantir a mesma possibilidade de escolha para
todos os elementos da população.
A amostragem pode ser estatística e não estatística.

Amostragem estatística

É aquela em que a amostra é selecionada cientificamente com a finalidade de


que os resultados obtidos possam ser estendidos ao conjunto, de acordo com a teoria das
probabilidades ou as regras estatísticas. O emprego da amostragem estatística é recomen-
dável quando os itens da população apresentam características homogêneas.

Amostragem não estatística

Ou por julgamento, é aquela em que a amostra é determinada pelo auditor


utilizando sua experiência, critério e conhecimento da entidade.
As principais técnicas de amostragem definidas pela doutrina são:
Amostragem casual : é realizada pela simples escolha aleatória ou por sor-
teio de determinado número de elementos de uma população.
Amostragem sistemática : é normalmente utilizada quando os elementos da
população já se encontram ordenados, por exemplo, conjunto de notas de 001 a 1000. Logo,
a seleção poderá ser feita por um sistema definido pelo auditor. No caso das notas fiscais
descritas, a seleção de dez itens poderá ser feita na sequência de 100 em 100.

ADT II – 22
Auditoria II
CAPÍTULO 4

Amostragem proporciona estatística: a escolha dos itens a serem testados


ocorre de forma aleatória, mas dentro de um determinado estrato da população, que repre-
senta um comportamento homogêneo. O estrato é uma divisão da população.

Relevância

Para determinação da amostragem de auditoria é necessário que o auditor


tenha conhecimento dos pontos e valores relevantes da escrituração contábil da entidade
auditada.
Os exames de auditoria devem ser planejados e executados na expectativa de
que os eventos relevantes relacionados com as demonstrações contábeis sejam identifica-
dos.
A relevância deve ser considerada pelo auditor quando:
• determinar a natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de
auditoria;
• avaliar o efeito das distorções entre os saldos, denominação e classifica-
ção das contas; e
• determinar a adequação da apresentação e da divulgação da informação
contábil.

Tamanho da amostra

Considerar o risco de amostragem é condição para o auditor determinar o


tamanho da amostra, bem como os erros toleráveis e os esperados.
Adicionalmente, fatores de avaliação de risco de controle, a redução no risco
de detecção devido a outros testes executados relacionados com as mesmas asserções,
número de itens da população e valor envolvido, afetam o tamanho da amostra e devem ser
levados em consideração pelo auditor.
Para que a conclusão a que chegou o auditor, utilizando uma amostra, seja
corretamente planejada para aplicação à população é necessário:
• que a amostra seja representativa da população;
• que todos os itens da população tenham oportunidade idêntica de serem
selecionados.

Risco da amostragem

O risco de amostragem surge da possibilidade de que a conclusão do auditor,


com base em uma amostra, possa ser diferente da conclusão que seria alcançada se toda a
população estivesse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria.

ADT II – 23
Auditoria II
CAPÍTULO 4

O auditor está sujeito ao risco de amostragem nos testes de observância e


testes substantivos, sendo:
1. Testes de observância:
a. risco de subavaliação da confiabilidade - é o risco de que, embora o resul-
tado da aplicação de procedimentos de auditoria sobre a amostra não seja
satisfatório, o restante da população possua menor nível de erro do que
aquele detectado na amostra;
b. risco de superavaliação da confiabilidade - é o risco de que, embora o
resultado da aplicação do procedimento de auditoria sobre a amostra seja
satisfatório, o restante da população possua maior nível de erro do que
aquele detectado na amostra.
2. Testes substantivos:
a. risco de rejeição incorreta - é o risco de que, embora o resultado da apli-
cação dos procedimentos de auditoria sobre a amostra leve à conclusão
de que o saldo de uma conta ou classe de transações registradas está,
relevantemente, distorcido, efetivamente, não está;
b. risco de aceitação incorreta - é o risco de que, embora o resultado da apli-
cação de procedimentos de auditoria sobre a amostra leve à conclusão de
que o saldo de uma conta ou classe de transações registradas não está,
relevantemente, distorcido, efetivamente está.
O risco de subavaliação da confiabilidade e o risco de rejeição incorreta
afetam a eficiência da auditoria, visto que, normalmente, conduziriam o auditor a realizar
trabalhos adicionais, o que estabeleceria que as condições iniciais fossem incorretas. O risco
de superavaliação da confiabilidade e o risco de aceitação incorreta afetam a eficácia da
auditoria e tem mais probabilidade de conduzir a uma conclusão errônea sobre determina-
dos controles, saldos de contas ou classe de transações do que o risco de subavaliação da
confiabilidade ou risco de rejeição incorreta.
O tamanho da amostra é afetado pelo nível de risco de amostragem que o
auditor está disposto a aceitar dos resultados da amostra. Quanto mais baixo o risco que o
auditor estiver disposto a aceitar, maior deve ser o tamanho da amostra.

Extrapolação de erros
O auditor deve extrapolar os resultados dos erros da amostra para a popula-
ção da qual foi selecionada. Entende-se por extrapolar erros atribuir a toda a população os
resultados obtidos na amostragem. Existem diversos métodos aceitáveis para extrapolar os
resultados de erros. Entretanto, em todos os casos, o método de extrapolação precisa ser
consistente com o método usado para selecionar a amostra.

ADT II – 24
Auditoria II
CAPÍTULO 4

Quando extrapolar resultados de erros, o auditor deve considerar os aspectos


qualitativos dos erros encontrados.
Quando a população tiver sido dividida em subpopulações, a extrapolação de
erros é feita separadamente para cada subpopulação e os resultados combinados.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANOTAÇÕES

ADT II – 25
Auditoria II
CAPÍTULO 4

ANOTAÇÕES

ADT II – 26
Auditoria II
Eventos Subsequentes CAPÍTULO 5

OBJETIVO

Os eventos subsequentes são importantes para o auditor validar as provisões


e os demais passivos e ativos da entidade com respeito a sua realização e liquidação. O ob-
jetivo desta atividade é apresentar o conceito e as técnicas para a realização desta atividade.

TEXTO

Transações e eventos subsequentes

Definição

Eventos subsequentes à data do balanço são aqueles, sejam eles favorá-


veis ou desfavoráveis, que ocorrem entre a data do balanço e a data na qual é autorizada a
conclusão da elaboração das demonstrações contábeis. Dois tipos de eventos podem ser
identificados:
a. os que evidenciam condições que já existiam na data do balanço (eventos
subsequentes à data do balanço que originam ajustes); e
b. os que são indicadores de condições que surgiram subsequentemente à
data do balanço (eventos subsequentes à data do balanço que não origi-
nam ajustes).
O processo envolvido na autorização da conclusão da elaboração das de-
monstrações contábeis poderá variar dependendo da estrutura da administração, das exi-
gências legais, estatutárias e dos procedimentos seguidos na preparação e na finalização
das demonstrações contábeis.
Assim caracteriza a NBC T 11.16

11.16.1.1 – Esta norma estabelece procedimentos e critérios a serem adota-


dos pelo auditor em relação aos eventos ocorridos entre as datas do balanço
e a do seu parecer, que possam demandar ajustes nas Demonstrações
Contábeis ou a divulgação de informações nas notas explicativas.

Em algumas circunstâncias, como no caso das sociedades por ações, as


entidades têm que submeter as demonstrações contábeis à aprovação de seus acionistas,
sócios, associados e outros,depois de estas já terem sido aprovadas pela administração e,
talvez, publicadas. Em tais casos, a autorização para conclusão das demonstrações contá-

ADT II – 27
Auditoria II
CAPÍTULO 5

beis reflete a data da aprovação pelo órgão da administração previsto no estatuto social ou
contrato social, se não for sociedade por ações, e não a data em que os acionistas ou sócios
aprovam as demonstrações contábeis.
Eventos subsequentes à data do balanço incluem todos os ocorridos até a
data em que é concebida a autorização para a conclusão da elaboração das demonstrações
contábeis.
Espera-se que o período de tempo entre a data da conclusão da elaboração e
a data da divulgação das demonstrações contábeis seja breve. Caso o processo de divulga-
ção se prolongue demasiadamente, por razões operacionais ou qualquer outra razão, a ad-
ministração deverá observar o surgimento de novos eventos subsequentes, nesse período,
que possam originar ajustes ou divulgações às demonstrações contábeis, e se relevantes,
deverá atualizar as demonstrações contábeis.
O auditor independente que tomou conhecimento de um fato relevante ocorri-
do após a data de encerramento do trabalho de campo e antes da entrega formal do parecer
de auditoria a uma companhia deverá, neste caso, adotar o procedimento de estender os
trabalhos até a data do novo evento, de modo a permitir o parecer com data mais atual ou
dupla data.
Exemplos de transações e eventos subsequentes que proporcionam evidên-
cia adicional de condições que existiam no fim do período auditado e requerem julgamento
profissional e conhecimento dos fatos e circunstâncias:
a. perda em contas a receber decorrente da falência do devedor; e
b. pagamento ou sentença judicial.
Exemplos de transações e eventos subsequentes havidos entre a data de
término do exercício social e a data da divulgação das Demonstrações Contábeis são:
a. aporte de recursos, inclusive como aumento de capital;
b. compra de nova subsidiária ou de participação adicional relevante em
investimento anterior;
c. destruição de estoques ou estabelecimento em decorrência de sinistro;
d. alteração do controle societário.

Eventos subsequentes à data do Balanço que originam ajustes

A entidade deve ajustar os valores reconhecidos em suas demonstrações


contábeis para que reflitam eventos subsequentes à data do balanço que venham a confir-
mar as condições existentes até aquela data.
Para exemplificar, são apresentados a seguir, alguns tipos de eventos subse-

ADT II – 28
Auditoria II
CAPÍTULO 5

quentes à data do balanço que exigem que a entidade ajuste os valores reconhecidos em
suas demonstrações contábeis ou reconheça itens que não tenham sido previamente reco-
nhecidos:
a. o pagamento ou divulgação de uma decisão definitiva relacionada a um
processo judicial, confirmando que a entidade já tinha uma obrigação
presente na data do balanço. A entidade deve ajustar qualquer provisão re-
lacionada ao processo ou registrar uma nova provisão, de acordo com as
disposições contidas na norma sobre Provisões, passivos, contingências
passivas e contingências ativas;
b. a obtenção de informações indicando que ativo estava deteriorado na data
do balanço ou que o montante de um prejuízo por deterioração previamen-
te reconhecido em relação àquele ativo precisa ser ajustado. Como exem-
plos:
• a falência ou a recuperação judicial de um cliente normalmente
confirma que já existia potencialmente um prejuízo em uma conta
a receber na data do balanço, e que a entidade precisa ajustar o
valor contábil do contas a receber;
• a venda de estoques com prejuízo pode proporcionar evidência
sobre o valor de realização liquida desses estoques na data do
balanço.
c. a determinação do custo de ativos comprados ou do valor de ativos recebi-
dos em troca de ativos vendidos antes da data do balanço;
d. a determinação do valor referente ao pagamento de participação nos
lucros ou referente a gratificações, no caso de a entidade ter, na data do
balanço, uma obrigação presente legal não formalizada de fazer tais paga-
mentos em decorrência de eventos ocorridos antes daquela data; e
e. a descoberta de fraude ou erros mostra que as demonstrações contábeis
estavam incorretas.

Procedimentos de auditoria aplicáveis

O período entre a data do término do exercício social e a da emissão do


parecer é denominado período subsequente, e o auditor deve considerá-lo parte normal da
auditoria. O auditor deve planejar e executar procedimentos para obter evidência de audi-
toria suficiente e apropriada de que todas as transações e eventos ocorridos no período, e
que podem requerer ajustes nas demonstrações contábeis e suas notas explicativas, foram
identificados.
Os procedimentos para identificar transações e eventos que podem requerer

ADT II – 29
Auditoria II
CAPÍTULO 5

ajuste ou divulgação nas demonstrações contábeis devem ser executados tão próximo da
data do parecer do auditor quanto for praticável, e normalmente incluem o seguinte:
a. revisão dos procedimentos que a administração estabeleceu para assegu-
rar que eventos subsequentes sejam identificados;
b. leitura de atas de assembleia de acionistas ou quotistas, de reunião dos
conselhos de administração e fiscal, da diretoria, bem como de comitês
executivos e de auditoria, realizadas após o fim do período, e da indaga-
ção sobre assuntos discutidos nas reuniões e para os quais ainda não se
dispõem de atas;
c. leitura das demonstrações contábeis intermediárias posteriores àquelas
auditadas e, a medida que for considerado necessário e apropriado, dos
orçamentos, das previsões de fluxo de caixa e de outros relatórios contá-
beis; comparação destas informações com as constantes nas demons-
trações contábeis auditadas, na extensão necessária nas circunstâncias.
Neste caso, o auditor deve indagar da administração se as informações
mais recentes foram elaboradas nas mesmas bases utilizadas nas de-
monstrações contábeis auditadas;
d. indagação ou ampliação das indagações anteriores, escritas ou verbais,
aos advogados da entidade a respeito de litígios e reclamações; e
e. indagação a administração sobre se ocorreu qualquer evento subsequen-
te que possa afetar as demonstrações contábeis e obtenção de carta de
responsabilidade, com a mesma data do parecer do auditor. Exemplos de
assuntos a serem indagados:

1. situação atual de itens contabilizados com base em dados preliminares ou


não conclusivos;
2. assunção de novos compromissos, empréstimos ou garantias concedidas;
3. venda de ativos;
4. emissão de debêntures ou ações novas ou acordo de fusão, incorporação,
cisão ou liquidação de atividades, ainda que parcialmente;
5. destruição de ativos, por exemplo, por fogo ou inundação;
6. desapropriação por parte do governo
7. evolução subsequente de contingências e assuntos de maior risco de
auditoria;
8. ajustes contábeis inusitados; e
9. ocorrência ou probabilidade de ocorrência de eventos que ponham em

ADT II – 30
Auditoria II
CAPÍTULO 5

dúvida a adequação das práticas contábeis usadas nas demonstrações


contábeis, como na hipótese de dúvida sobre a continuidade normal das
atividades da entidade.
Quando o auditor tomar conhecimento de eventos que afetam de maneira
relevante as demonstrações contábeis, o auditor deve verificar se eles foram apropriadamen-
te contabilizados e adequadamente divulgados nas demonstrações contábeis. Quando tais
eventos não receberem tratamento adequado nas demonstrações contábeis, o auditor deve
discutir com a administração a adoção de providências necessárias para corrigir tal situação.
Caso a administração decida não tomar as providências necessárias, o auditor deve emitir
seu parecer com ressalva ou adverso.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANOTAÇÕES

ADT II – 31
Auditoria II
CAPÍTULO 5

ANOTAÇÕES

ADT II – 32
Auditoria II
síntese para autoavaliação CAPÍTULO 6

OBJETIVO

Elaborar um resumo dos assuntos abordados nas duas últimas atividades, a


saber: amostragem de auditoria e transações e eventos subsequentes.

TEXTO

Amostragem de auditoria
Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou método de seleção de
itens a testar, o auditor pode empregar técnicas de amostragem.
Amostragem é a utilização de um processo para obtenção de dados aplicá-
veis a um conjunto, denominado universo ou população, por meio do exame de uma parte
deste conjunto denominada amostra.
Amostragem estatística é aquela em que a amostra é selecionada cientifica-
mente, com a finalidade de que os resultados obtidos possam ser estendidos ao conjunto de
acordo com a teoria da probabilidade ou as regras estatísticas. O emprego de amostragem
estatística é recomendável quando os itens da população apresentam características homo-
gêneas.
Amostragem não-estatística (por julgamento) é aquela em que a amostra é
determinada pelo auditor que utiliza sua experiência, critério e conhecimento da entidade.
Ao usar métodos de amostragem estatística ou não-estatística, o auditor
deve planejar e selecionar a amostra de auditoria, aplicar a essa amostra procedimentos de
auditoria e avaliar os resultados da amostra, de forma a proporcionar evidência de auditoria
suficiente e apropriada.
Amostragem de auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria sobre
uma parte da totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta, ou classe de tran-
sações, para permitir que o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria sobre algumas
características dos itens selecionados, para formar, ou ajudar a formar, uma conclusão sobre
a população.
É importante reconhecer que certos procedimentos de auditoria aplicados na
base de testes não estão dentro da definição de amostragem. Os testes aplicados na tota-
lidade da população não se qualificam como amostragem de auditoria. Da mesma forma,
a aplicação de procedimentos de auditoria a todos os itens dentro de uma população que
tenham uma característica particular (por exemplo, todos os itens acima de certo valor) não

ADT II – 33
Auditoria II
CAPÍTULO 6

se qualifica como amostragem de auditoria com respeito à parcela da população examinada,


nem com respeito à população como um todo. Isto porque os itens não foram selecionados,
dando chance igual de seleção a todos os itens da população. Esses itens podem indicar uma
tendência ou uma característica da parcela restante da população, mas não constituem, ne-
cessariamente, uma base adequada para a conclusão sobre a parcela restante da população.

Eventos subsequentes
O auditor deve considerar em seu parecer os efeitos decorrentes de transa-
ções e eventos subsequentes relevantes ao exame das Demonstrações Contábeis, mencio-
nando-os como ressalva ou em parágrafo de ênfase, quando não-ajustadas ou reveladas
adequadamente.
O auditor deve considerar três situações de eventos subsequentes:

a. os ocorridos entre a data do término do exercício social e a data da emis-


são do parecer;
b. os ocorridos depois do término do trabalho de campo e da emissão do
parecer, e antes da divulgação das Demonstrações Contábeis; e
c. os conhecidos após a divulgação das Demonstrações Contábeis.
Para ter condições de formar opinião sobre as Demonstrações Contábeis,
considerando os efeitos relevantes das transações e eventos subsequentes ao encerramen-
to do exercício social, o auditor deve considerar:

a. os procedimentos da administração para que os eventos sejam divulga-


dos;
b. os atos e fatos administrativos registrados em atas de reuniões de acionis-
tas, administradores e outros órgãos estatutários;
c. os informes de qualquer espécie divulgados pela entidade;
d. a situação de contingências conhecidas e reveladas pela administração e
pelos advogados da entidade; e
e. a existência de eventos não-revelados pela administração nas Demonstra-
ções Contábeis e que tenham efeitos relevantes sobre as mesmas.
Exemplos de transações e eventos subsequentes que proporcionam evidên-
cia adicional de condições que existiam no fim do período auditado e requerem julgamento
profissional e conhecimento dos fatos e circunstâncias:

a. perda em contas a receber decorrente da falência do devedor; e


b. pagamento ou sentença judicial.

ADT II – 34
Auditoria II
CAPÍTULO 6

Exemplos de transações e eventos subsequentes havidos entre a data de


término do exercício social e a data da divulgação das Demonstrações Contábeis são:

a. aporte de recursos, inclusive como aumento de capital;


b. compra de nova subsidiária ou de participação adicional relevante em
investimento anterior;
c. destruição de estoques ou estabelecimento em decorrência de sinistro;
d. alteração do controle societário.

ANOTAÇÕES

ADT II – 35
Auditoria II
CAPÍTULO 6

ANOTAÇÕES

ADT II – 36
Auditoria II
Transações com partes relacionadas CAPÍTULO 7

OBJETIVO

Abordar os conceitos acerca de transações com partes relacionadas, como o


auditor pode identificá-las e verificar as informações concernentes a esta atividade.

TEXTO

Introdução
O CFC, na resolução n.º 1.039/2005, aprovou a NBC T 11.14. Transações com
partes relacionadas (sócios, acionistas, diretores, empresas controladas, empresas contro-
ladoras, empresas coligadas), que estabelecem as responsabilidades do auditor e os proce-
dimentos de auditoria a serem adotados para identificar partes relacionadas e as transações
com essas partes.
De acordo com a NBC T 17, partes relacionadas são entidades físicas ou
jurídicas, ligadas de alguma forma à empresa, de forma que as regras comuns de nego-
ciação e transações do mercado não estão em pleno funcionamento no relacionamento
entre estes. É a entidade que goza de algum tipo de privilégio ou benefício em relação aos
demais que concorrem com este no mercado, ou que os resultados desta entidade relacio-
nada sejam de interesse também da empresa auditada. As entidades que estão sob o con-
trole da empresa auditada são partes relacionadas desta porque se encaixa perfeitamente
nestas caracterizações e por estarem sob este controle, por sí só já caracteriza a relação
que tratamos aqui.

Conceito e identificação
Visto que estas entidades estão muitas vezes sob o controle da empresa
auditada, as transações que as envolvam podem ter seus valores distorcidos em relação a
transações em que estejam presentes as regras comuns do mercado.
Na fase de planejamento, o auditor deve obter evidências suficientes para
identificar partes relacionadas, possibilitando detectar no decorrer dos trabalhos quaisquer
transações relevantes que as envolvam. Assim, ele deve examinar as transações relevantes
com partes relacionadas, aplicando os procedimentos necessários à obtenção de informa-
ções sobre a finalidade, natureza e extensão das transações, com especial atenção àquelas
que pareçam anormais ou envolvam partes relacionadas não identificadas quando do plane-
jamento.

ADT II – 37
Auditoria II
CAPÍTULO 7

Esclarece-nos a norma de auditoria NBC T 11.14:

11.14.1.4 – O auditor deve executar procedimentos de auditoria sufi-


cientes para obter evidências de que as transações, os saldos e as
informações relativas a partes relacionadas foram, adequadamente,
identificados e divulgados pela administração da entidade nas Demons-
trações Contábeis, objeto do exame do auditor.

Devido ao grau de incerteza associado às assertivas contidas nas demonstra-


ções contábeis quanto à totalidade das partes relacionadas, na fase de planejamento deve-se
prever a necessidade de execução de procedimentos específicos, conforme for apropriado.
A administração da entidade possui a responsabilidade por identificar e divul-
gar partes relacionadas e transações com tais partes. Ela deve implantar sistemas contábeis
e de controle interno adequados para assegurar que as transações com essas partes sejam
identificadas nos registros contábeis e nas informações extracontábeis, e divulgadas nas
demonstrações contábeis.
As normas de auditoria estabelecem, ainda, que o auditor deve ter conheci-
mento do negócio e do setor de atividades da entidade que lhe permita identificar eventos,
transações, práticas e outras informações que possam ter efeito relevante sobre as demons-
trações contábeis.
O conhecimento de partes relacionadas é matéria de fundamental importância
no exame auditorial em função dos seguintes aspectos:

1. as normas contábeis sobre partes relacionadas exigem que as relações


e transações com essas partes sejam adequadamente divulgadas nas
demonstrações contábeis;
2. a existência de partes relacionadas ou transações com tais partes pode
afetar as demonstrações contábeis. Por exemplo, a não apropriação de
forma correta dos valores de rateio de despesas administrativas afeta o
resultado de uma entidade relacionada;
3. a fonte de evidência de auditoria afeta a avaliação de sua confiabilidade
por parte do auditor. Pode-se depositar um grau maior de confiança na evi-
dência de auditoria obtida de terceiros que não forem partes relacionadas;
4. uma transação com partes relacionadas pode ser motivada por considera-
ções diferentes das condições normais do negócio.
A norma NBC T 11.14 é clara em estabelecer que as transações com partes
relacionadas devem ser evidentes nas demonstrações contábeis tendo em vista a sua teme-
rária em relação às demais transações:

11.14.1.5 – Devido ao grau de incerteza associado às assertivas contidas nas


Demonstrações Contábeis quanto à totalidade das partes relacionadas, os

ADT II – 38
Auditoria II
CAPÍTULO 7

procedimentos identificados nesta norma visam proporcionar evidência de


auditoria suficiente sobre a identificação de partes relacionadas.

11.14.1.6 – O auditor deve executar procedimentos modificados, ampliados


ou adicionais, conforme for apropriado, quando identificar circunstâncias
que aumentem o risco de distorção, além do que, normalmente, seria es-
perado, ou indiquem que ocorreu uma distorção relevante em conexão com
partes relacionadas.

O auditor deve revisar as evidências e informações das transações com


partes relacionadas identificadas pelo sistema contábil da entidade e buscar evidencias adi-
cionais de fontes confiáveis. Deve identificar a natureza, extensão e profundidade das tran-
sações com partes relacionadas e o reflexo delas nas demonstrações contábeis. Para isto,
entre os procedimentos a serem executados, o auditor deve escolher aqueles que melhor
propiciem evidências de auditoria, considerando o resultado de seu planejamento e os riscos
identificados.

Procedimentos de auditoria

Ao obter um entendimento do sistema contábil e de controle interno e fazer


uma avaliação preliminar do risco de controle, o auditor deve considerar a adequação dos
procedimentos sobre a autorização e o registro de transações com partes relacionadas.
O auditor deve revisar as informações fornecidas pela administração da enti-
dade, relativa a partes relacionadas, aplicando os procedimentos necessários à finalidade, à
natureza e à extensão dessas transações, com especial atenção àquelas que pareçam anor-
mais ou envolvam partes relacionadas não identificadas. Entre os procedimentos a serem
executados, o auditor deve escolher aqueles que melhor propiciem evidências de auditoria,
considerando o resultado de seu planejamento e os riscos identificados.
Os seguintes procedimentos devem ser considerados:

a. revisar os papéis de trabalho de anos anteriores para identificar nomes e


suas respectivas transações com partes relacionadas;
b. revisar os procedimentos usados pela entidade para identificar partes
relacionadas;
c. indagar sobre a vinculação de diretores e executivos a outras entidades
que mantêm relacionamento com a auditada;
d. revisar os registros de acionistas para determinar os nomes de acionistas
principais ou, se apropriado, obter uma relação de acionistas principais do
registro de ações;
e. revisar atas de reuniões de acionistas e conselho de administração, da
diretoria e outros registros legais pertinentes;

ADT II – 39
Auditoria II
CAPÍTULO 7

f. indagar, se aplicável, de outros auditores envolvidos na auditoria de empre-


sas coligadas, controladas ou controladoras, ou auditores antecessores,
sobre seu conhecimento de outras partes relacionadas;
g. revisar confirmações de empréstimos a receber e a pagar, bem como de
confirmações bancárias. Essa revisão pode indicar relacionamento por
fiança e outras transações com partes relacionadas;
h. revisar transações de investimentos, por exemplo, compra ou venda de
uma participação societária em um empreendimento;
i. revisar as declarações e as informações fornecidas a órgãos normativos;
e
j. revisar os registros contábeis para localizar transações ou saldos eleva-
dos ou inusitados, dando atenção particular a transações contabilizadas
no fim do período abrangido pelo Parecer do auditor e até a data de sua
emissão.
No desenvolvimento da auditoria, o auditor deve atentar para transações que
pareçam não usuais nas circunstâncias e possam indicar a existência de partes relacionadas
ainda não-identificadas. Exemplos:
a. transações com condições negociais anormais, tais como: preços, taxas
de juros, garantias e condições de pagamento não-usuais ou fora das
condições de mercado ou que seriam realizadas com terceiros;
b. transações que, aparentemente, careçam de motivo negocial lógico;
c. transações em que a essência difere da forma;
d. transações processadas de maneira não-usual;
e. transações significativas ou de grande volume com certos clientes ou
fornecedores, em comparação com outros; e
f. transações não registradas, tais como: recebimento ou prestação de servi-
ços administrativos sem custo.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ADT II – 40
Auditoria II
Auditoria de Investimentos - Classificação CAPÍTULO 8

OBJETIVO

Fornecer ao aluno o aprendizado sobre as técnicas e programas de auditoria


aplicados aos investimentos, concernentes aos aspectos sobre sua classificação.

TEXTO

Auditoria de investimentos
Investimentos tratados neste tópico são ativos financeiros, tendo sua remune-
ração dada por juros, variação de mercado ou dividendos.
Como exemplos de investimentos têm-se ações, títulos da dívida pública,
debêntures, aplicações financeiras em renda fixa, aplicações em fundos de investimentos,
derivativos, contratos a termo, etc.
Para muitas empresas, os investimentos representam uma parcela subs-
tancial do ativo; para outras, são apenas bens temporários ou meros reflexos de aspectos
incidentais da atividade geral. Para o auditor, os investimentos são bens que envolvem riscos
muito grandes, por serem atraentes e por sua negociabilidade potencial.
São dois tipos de investimento. Os investimentos temporários que trataremos
neste tópico e os investimentos permanentes que são contabilizados pelos métodos de custo
ou equivalência patrimonial, que trataremos no próximo tópico.

Objetivos

Os objetivos visados pelo auditor, no exame dos investimentos, compreendem


o seguinte:
• determinação da existência de um sistema adequado de controle interno
sobre investimentos e lucros deles decorrentes;
• determinação de que os investimentos apresentados nos registros do
cliente realmente existam e são de propriedade deste;
• determinação de avaliação adequada para os investimentos e de apresen-
tação correta dos mesmos nas demonstrações financeiras;
• descoberta e divulgação de eventuais ônus sobre investimentos;
• determinação de registro adequado de resultados e de receitas com inves-
timentos.

ADT II – 41
Auditoria II
CAPÍTULO 8

Muitos procedimentos de auditoria, usados para consecução dos objetivos ci-


tados, são semelhantes, conceitualmente, aos usados na verificação de vários outros ativos.
Alguns aspectos da auditoria de investimentos, contudo, são peculiares a esse tipo de ativo,
principalmente no tocante à avaliação e verificação dos lucros auferidos com os mesmos.

Classificação dos investimentos

Os investimentos são classificados em permanentes e temporários. Os inves-


timentos permanentes são registrados no Permanente, subgrupo investimentos e são avalia-
dos por um dois métodos: custo e equivalência patrimonial.
Os investimentos temporários são registrados no ativo circulante e subclassifi-
cados em:
• disponíveis para venda imediata:
1. são títulos em que a administração não tem a intenção de mantê-los em
sua carteira, estando disponíveis para venda assim que possível;
• disponíveis para venda futura:
1. São títulos que a empresa não tem a intenção de mantê-los até o venci-
mento ou para títulos em que não haja vencimento (ações) e que a empre-
sa pretende mantê-los em sua carteira por médio prazo;
• mantidos até o vencimento:
1. são títulos em que haja vencimento e a empresa tem a intenção de mantê-
-los até o vencimento, bem como apresentam condições financeiras de
mantê-los por este tempo.
A classificação no ativo circulante ou no realizável em longo prazo é função do
vencimento do título ou da decisão da administração de realização. A decisão da administra-
ção é fundamental para o correto registro contábil e a classificação do investimento em uma
das três classificações acima. Isto porque alguns tipos de investimentos não tem vencimento,
como é o caso das ações, e outros em que haja vencimento, mas a administração não dese-
ja ou não tem condições financeiras de mantê-los até o vencimento.

Contabilização da variação dos investimentos

Os investimentos sofrem variações em seu valor que devem ser reconhecidos


na contabilidade, segundo sua natureza. São eles:
• variação por juros e correção contratuais
–– são os valores acrescidos aos ativos em razão dos juros e correções
contratuais. Exemplo: Remuneração das debêntures conforme folhe-
to de emissão, juros e correção pagos pelos bancos aos titulares de
seus títulos de crédito;

ADT II – 42
Auditoria II
CAPÍTULO 8

• variação por seu valor de mercado (marcação a mercado)


–– são valores acrescidos ou decrescidos aos ativos em função de seu
valor de mercado ou sua cotação no mercado. Exemplo: variação no
preço de mercado de ações.
A contabilização das variações no valor destes ativos se dá conforme o se-
guinte esquema:

Temporários
subclassificação
Variação do valor do ativo
Mantidos até o
Venda imediata Venda futura
vencimento
Juros Resultado Resultado Resultado
Marcação a mercado Resultado Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido

Estes são as contrapartidas da variação no ativo. Veja que a contrapartida


varia em função da classificação do ativo e da natureza da variação. Para os títulos classi-
ficados em disponíveis para venda imediata, tanto a variação originada de juros quanto de
marcação a mercado são contabilizadas as contrapartidas no resultado. Esta contrapartida
é sempre a da contabilização da variação na conta de investimento no ativo. Para os títulos
classificados em disponíveis para venda futura, a contrapartida da variação originada de
juros é no resultado (receita) e a variação originada do valor de mercado a contrapartida
é no patrimônio líquido. No patrimônio líquido existe um grupo específico para receber os
lançamentos de variação dos ativos financeiros denominado “Reservas de avaliação”. Para
os títulos classificados em mantidos até o vencimento a contrapartida da variação de juros é
no resultado (receita) e não há previsão contábil para registro de variação de valor originada
de variação de preço de mercado, tendo em vista que no vencimento o título será resgatado
pelo seu valor de face acrescidos dos juros não pagos.

Procedimentos de auditoria

Os procedimentos planejados pelo auditor devem ter como objetivo verificar


a existência e propriedade dos investimentos contabilizados. Quando há títulos envol-
vidos, considera-se boa prática examiná-los e confrontá-los com a contagem feita pelo
cliente.
Ao fazer uma contagem dos títulos, o auditor deve proceder de modo que
possa detectar eventuais substituições de títulos. Durante a contagem de títulos, o auditor
deve registrar a numeração em série destes. Comparando essa numeração dos títulos em
poder no encerramento do exercício com os números em série registrados no encerramen-
to da demonstração contábil do ano anterior é possível identificar qualquer alteração nos
certificados e, talvez, o uso indevido dos títulos no decorrer do ano, com sua substituição no
encerramento do exercício.

ADT II – 43
Auditoria II
CAPÍTULO 8

Procedimentos de auditoria

1. Examinar as principais adições do período, verificando:

a. se foram autorizadas pela direção;


b. se foram correspondidas com registros subsidiários;
c. se conformam com os títulos em carteira.

4. Examinar as principais baixas (realizações) no período, verificando:

a. se foram autorizadas pela direção;


b. se foram correspondidas com registros subsidiários;
c. se conciliados com extratos bancários de investimentos e movimenta-
ções bancárias;
d. se os resultados obtidos levados para as respectivas contas de recei-
ta ou despesa no resultado.

3. Examinar as variações dos investimentos (juros, correção monetária e


marcação a mercado) verificando;

a. se as contrapartidas correspondem ao resultado para juros e corre-


ção monetária;
b. se as contrapartidas correspondem ao patrimônio liquido para mar-
cação a mercado;
c. conferir cálculos e confrontar com histórico de valorização de títulos
no mercado para verificar a aderência das variações calculadas e
registradas;
d. conciliar os registros destas variações com os registros extra contá-
beis.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ADT II – 44
Auditoria II
síntese para autoavaliação CAPÍTULO 9

OBJETIVO

Resumir os assuntos abordados nas duas últimas atividades a saber: transa-


ções com partes relacionadas e auditoria de investimentos – classificação, para autoavaliação.

TEXTO

Partes relacionadas
O auditor deve obter evidências suficientes para identificar partes relaciona-
das na fase de planejamento, possibilitando detectar, no decorrer dos trabalhos, quaisquer
transações relevantes que as envolvam.
O auditor deve examinar as transações relevantes com partes relacionadas,
aplicando os procedimentos necessários à obtenção de informações sobre a finalidade, a
natureza e a extensão das transações, com especial atenção àquelas que pareçam anor-
mais ou envolvam partes relacionadas não identificadas quando do planejamento.
O auditor deve executar procedimentos de auditoria suficientes para obter
evidências de que as transações, os saldos e as informações relativas a partes relaciona-
das foram, adequadamente, identificados e divulgados pela administração da entidade nas
Demonstrações Contábeis, objeto do exame do auditor.
Devido ao grau de incerteza associado às assertivas contidas nas Demonstra-
ções Contábeis quanto à totalidade das partes relacionadas, os procedimentos identificados
nesta norma visam a proporcionar evidência de auditoria suficiente sobre a identificação de
partes relacionadas.
O auditor deve executar procedimentos modificados, ampliados ou adicionais,
conforme for apropriado, quando identificar circunstâncias que aumentem o risco de distor-
ção, além do que, normalmente, seria esperado, ou indiquem que ocorreu uma distorção
relevante em conexão com partes relacionadas.
Considerando que a administração da entidade é responsável por identificar
e divulgar partes relacionadas e transações com tais partes, essa responsabilidade exige
que a administração implante sistema contábil e de controle interno adequados, para as-
segurar que as transações com partes relacionadas sejam, apropriadamente, identificadas
nos registros contábeis e informações extracontábeis e divulgadas nas Demonstrações
Contábeis.
O auditor deve ter conhecimento do negócio e do setor de atividades da enti-
dade que lhe permita identificar eventos, transações, práticas e outras informações que pos-
sam ter efeito relevante sobre as Demonstrações Contábeis. Embora a existência de partes

ADT II – 45
Auditoria II
CAPÍTULO 9

relacionadas e transações entre essas partes sejam consideradas características normais


do negócio, o auditor precisa ter conhecimento delas porque:
a. as normas contábeis sobre partes relacionadas exigem que as relações e
as transações com essas partes sejam, adequadamente, divulgadas nas
Demonstrações Contábeis;
b. a existência de partes relacionadas ou transações com tais partes pode
afetar as Demonstrações Contábeis. Por exemplo, a não apropriação de
forma correta dos valores de rateio de despesas administrativas afeta o
resultado de uma entidade relacionada;
c. a fonte de evidência de auditoria afeta a avaliação de sua confiabilidade por
parte do auditor. Pode-se depositar um grau maior de confiança na evidên-
cia de auditoria obtida de terceiros que não forem partes relacionadas; e
d. uma transação com partes relacionadas pode ser motivada por considera-
ções diferentes das condições normais do negócio.

Auditoria de investimentos
Investimentos tratados neste tópico são ativos financeiros, tendo sua remune-
ração dada por juros, variação de mercado ou dividendos.
Como exemplos de investimentos têm-se ações, títulos da dívida pública,
debêntures, aplicações financeiras em renda fixa, aplicações em fundos de investimentos,
derivativos, contratos a termo etc.

Classificação dos investimentos


Os investimentos são classificados em permanentes e temporários. Os inves-
timentos permanentes são registrados no Permanente, subgrupo investimentos e são avalia-
dos por um dois métodos: custo e equivalência patrimonial.
Os investimentos temporários são subclassificados em: disponíveis para ven-
da imediata, disponíveis para venda futura e mantidos até o vencimento.
A classificação no ativo circulante ou no realizável a longo prazo é função do
vencimento do título ou da decisão da administração de realização.
A contabilização das variações no valor destes ativos se dá conforme o se-
guinte esquema:
Temporários
subclassificação
Variação do valor do ativo
Mantidos até o
Venda imediata Venda futura
vencimento
Juros Resultado Resultado Resultado
Marcação a mercado Resultado Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido

ADT II – 46
Auditoria II
Auditoria de investimentos CAPÍTULO 10
avaliados pelo MEP

OBJETIVO

Proporcionar ao aluno o aprendizado sobre a auditoria dos investimentos ava-


liados pelo método de equivalência patrimonial.

TEXTO

Introdução
Conforme vimos na atividade anterior, os investimentos são classificados em
temporários e permanentes. Os temporários são aqueles classificados em mantidos para
negociação, disponíveis para venda e mantidos até o vencimento, que estudamos na ativida-
de anterior. Nesta atividade iremos estudar os investimentos permanentes. Nestes, os inves-
timentos são de natureza de capital.
Os investimentos de capital representam participações no capital de outras
companhias representadas por ações ou quotas de capital.
Quando estes investimentos são irrelevantes, devem ser avaliados no balanço
da companhia investidora pelo seu custo de aquisição, ajustado por marcação a mercado
quando aplicável, ou quando alguma ocorrência influencia significativamente na perda per-
manente do ativo ou de parte de seu valor.
Quando os investimentos em outras companhias são representados por
investimentos em coligadas ou controladas, estes são avaliados pelo método de equivalência
patrimonial.

Sociedade coligada

São as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa mas


não detêm o seu controle. Influencia significativa se concretiza com o poder de participar nas
decisões políticas, financeiras ou operacionais da investida, sem controlá-la.

Sociedade controlada

Quando uma sociedade, diretamente ou por meio de outras controladas,


é titular de direitos de sócio que lhe assegure, de modo permanente, preponderância
nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. É evidente
que neste caso a controladora deve ter, direta ou indiretamente, ações com direito a voto,
normalmente representadas por ações ordinárias. No entanto, para exercer o controle não

ADT II – 47
Auditoria II
CAPÍTULO 10

é necessário que a controladora tenha mais de 50% das ações com direito a voto. Em
certos casos de sociedades investidas com o capital votante pulverizado, mesmo tendo,
por exemplo, 20% das ações com direito a voto, a sociedade investidora pode exercer o
controle.

Contabilização pelo método da equivalência patrimonial

A equivalência patrimonial se traduz na variação contábil do ativo na socieda-


de investidora a medida que ocorre variações no patrimônio liquido da investida, na propor-
ção da participação daquela no capital desta.

Por exemplo, se a investidora adquire 60% do capital da investida, sendo o


total do Patrimônio Liquido da Investida 1.000.000,00, ficará assim o registro do investimento
no balanço da investidora:

Considerando que a Investida apure lucro contábil no exercício de 100.000,00,


este fato irá aumentar o Patrimônio líquido da Investida. Em consequência da contabiliza-
ção pela equivalência patrimonial, haverá um aumento no valor contábil do investimento no
balanço patrimonial da investidora:

Neste caso, a contrapartida deste aumento do investimento na investidora é o


resultado, conta de receitas de equivalência patrimonial (REP).

Seguindo o exemplo, caso esta mesma companhia investida declare dividen-


dos no valor de 50.000,00, este fato irá diminuir o Patrimônio Líquido da Cia. Investida, em
contrapartida do Passivo circulante. Em consequência da contabilização pela equivalência
patrimonial, o valor contábil do investimento na Cia. Investidora também irá diminuir, em con-
trapartida da conta que registra dividendos a receber no Ativo Circulante:

Determinação do valor do patrimônio líquido da sociedade investida

O patrimônio líquido deve ser levantado na mesma data do balanço da socie-


dade investidora ou até sessenta dias antes.

Se o patrimônio líquido da sociedade investida for apurado em data anterior à


do balanço da sociedade investidora, deverão ser feitos ajustes para registrar os fatos extra-
ordinários ocorridos no período.

Se os critérios contábeis forem diferentes entre a sociedade investida e a


sociedade investidora, deverão ser feitos ajustes no patrimônio líquido da sociedade investida
a fim de eliminar as diferenças relevantes destes critérios contábeis.

Deverão ser eliminados os resultados não realizados no patrimônio líquido da


sociedade investida, decorrentes de transações com a sociedade investidora ou com outras
sociedades coligadas à investidora ou por ela controladas.

ADT II – 48
Auditoria II
CAPÍTULO 10

Principais procedimentos de auditoria

A preocupação do auditor, durante o planejamento dos procedimentos de


auditoria, deve ser verificar se a contabilização dos investimentos está corretamente classifi-
cada como avaliada pelo método de custo ou pelo método de equivalência patrimonial. Além
disso, deve verificar se as avaliações e variações em virtude da equivalência patrimonial
estão corretamente contabilizadas.
Abaixo, um modelo de programa de auditoria aplicados aos investimentos.

1 Avaliação de controles internos

1.1 Os títulos em carteira, representativos dos investimentos, são custodia-


dos por pessoal independente do que lida com os registros e controles
em local seguro e inacessível a terceiros (indicar por quem) ?
1.2 São mantidos registros subsidiários sobre os investimentos, por pesso-
al alheio ao da custódia, sendo conciliados mensalmente com os sal-
dos do razão, por funcionário da contabilidade, de forma evidenciada ?
1.3 A custódia e registros referidos incluem ações bonificadas, sem regis-
tro contábil?
1.4 São efetuadas contagens periódicas dos títulos em carteira, por pes-
soal independente do que lida com os registros e custódia (indicar por
quem, periodicidade e data da última efetuada) ?
1.5 São efetuadas circularizações periódicas sobre as posições dos títulos
em poder de terceiros, por pessoal independente do que lida com os
registros e custódia (indicar por quem, periodicidade e data da última
efetuada)?
1.6 Os investimentos e baixas são autorizados pela direção, de forma
evidenciada?

2 Procedimentos De Auditoria - Investimentos

2.1 Examinar as principais adições do período, verificando :


a. se foram autorizadas pela direção, de forma evidenciada; se foram
registradas em tempo hábil; se conformam com a documentação
suporte; se essa documentação é hábil e suficiente e se é mantida
em arquivo permanente;
b. se foram correspondidas nos registros subsidiários;
c. se as decorrentes de incentivos fiscais conformam com as declara-
ções do imposto de renda;

ADT II – 49
Auditoria II
CAPÍTULO 10

d. se conformam com os títulos em carteira.


2.2 Examinar as principais baixas do período, verificando:
a. se foram autorizadas pela direção, de forma evidenciada; se foram
registradas em tempo hábil; se conformam com a documentação
suporte e se essa documentação é hábil e suficiente;
b. se foram correspondidas nos registros subsidiários;
c. se foram registrados os resultados os resultados apurados nas
contas de receitas ou despesas extra-operacionais e se esses resul-
tados foram apurados adequadamente.
2.3 Nas aquisições e baixas de investimentos relevantes em controladas e
coligadas verificar, ainda, além dos pontos descritos em 2.1 e 2.2:
a. a adequação do valor registrado em relação ao patrimônio líquido
da investida, inclusive se este foi considerado com base em demons-
trações contábeis formais levantadas em tempo hábil (caso contrário,
indicar critério adotado);
b. a adequação dos registros contábeis, inclusive quanto ao desdo-
bramento do custo de aquisição em ágio ou deságio, o seu funda-
mento econômico e a sua amortização, no caso de baixas;
c. se os dividendos recebidos foram baixados das próprias contas de
investimentos.
2.4 Efetuar balanceamentos dos saldos do razão contra os registros sub-
sidiários (havendo diferenças, verificar se são conciliadas, identificadas,
ajustadas em tempo hábil e de forma evidenciada).
Verificar se as contas que compõem este subgrupo classificam-se, efetiva-
mente, como investimentos.
Com este programa de auditoria é possível detectar possíveis incorreções e
problemas com a contabilização dos investimentos e sua avaliação.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ADT II – 50
Auditoria II
Auditoria do Imobilizado CAPÍTULO 11

OBJETIVO

Abordar os conceitos sobre o imobilizado e sua contabilização, bem como as


técnicas de auditoria deste importante grupo contábil.

TEXTO

Introdução
No imobilizado são registrados os bens permanentes na empresa que são uti-
lizados na atividade desta. Têm a característica de utilização prolongada e beneficiam mais
de um exercício social. Numa indústria, por exemplo, são bens do imobilizado as máquinas,
equipamentos industriais, caminhões de transporte, veículos comerciais, móveis administrati-
vos, imóveis utilizados pela empresa, entre outros. Esta característica de serem utilizados na
atividade da empresa é a principal diferença entre bens permanentes registrados no investi-
mento. No caso de investimentos, os bens ali registrados não são utilizados na atividade ope-
racional da empresa, e são destinados a registrar bens e direito patrimoniais que a empresa
tem como objetivo aplicação de recursos pura e simples, com perspectiva de retorno. São
exemplos de bens registrados no investimento ações de outras companhias, obras de arte,
imóveis de investimento, etc.

Avaliação
Os itens patrimoniais registrados no imobilizado são avaliados pelo seu custo
de aquisição, deduzidos da depreciação e amortização acumulados. Entende-se por custo
de aquisição todos os gastos incorridos para tornar o bem utilizável pela empresa. Por exem-
plo, se a empresa importa uma máquina alemã. Tem os seguintes gastos:

Valor pago ao fornecedor (US$ 10.000,00 x 2,00): R$ 20.000,00


Transporte internacional CIF (US$ 1.300,00 x 2,00): R$ 2.600,00
Despesas aduaneiras (Despachante, taxas e impostos) R$ 4.310,00
Gasto na instalação da máquina: R$ 6.120,00
Custo de aquisição deste bem: R$ 33.030,00

Este é o custo que deve ser registrado no Grupo Imobilizado dentro de Perma-
nente. E este valor será o valor a ser depreciado.

ADT II – 51
Auditoria II
CAPÍTULO 11

Reavaliação
Pode ocorrer que um bem se valorize em função de fatores externos e supere
o custo de aquisição. Outro fator que ocorre atualmente é a falta de reconhecimento da per-
da do poder de compra do dinheiro ao longo do tempo. Esta distorção era compensada pela
correção monetária, mas hoje não a considera mais para o cômputo do valor dos bens do
imobilizado. Na busca de corrigir estas distorções, as normas contábeis brasileiras permitem
a reavaliação dos bens. Esta consiste em elevar o valor registrado na contabilidade dos bens
que sofrerão reavaliação, sempre através de laudo técnico que aponte a mais valia do bem
em questão. A contrapartida desta reavaliação é o patrimônio líquido, que deve ser registrado
em conta própria de reavaliação e ser convertida para lucros acumulados na realização do
bem reavaliado.
Por exemplo, uma empresa que tem um imóvel registrado no imobilizado por
120.000,00, depreciação acumulada de 20.000,00, sofre uma reavaliação, e passa a ser
avaliada por 150.000,00. Tem a seguinte contabilização:
D: Imobilizado
Imóveis
C: Patrimônio Líquido

Reavaliação

Valor: 50.000,00
O valor será apresentado da seguinte forma:

Valor original do bem: 120.000,00


(-) Depreciação acumulada (20.000,00)
(+) Reavaliação: 50.000,00
Valor atual do bem reavaliado: 150.000,00

No momento da venda destes bens, além dos lançamentos de baixa do bem,


deve ser convertido o valor da reavaliação que consta no Patrimônio Líquido para lucros
acumulados:
D: Patrimônio Líquido

Reavaliação

C: Patrimônio Líquido

Lucros acumulados

Valor: 50.000,00

ADT II – 52
Auditoria II
CAPÍTULO 11

Depreciação

A depreciação ocorre em função da limitação da vida útil do bem, em decor-


rência do desgaste advindo da sua utilização na atividade da empresa. O método utilizado
deve estar consistente com o ano anterior. Não deve haver mudança de critério no calculo da
depreciação de um exercício social para outro.

Despesas de manutenção e reparos

Referem-se aos gastos efetuados no bem para que este continue a funcionar.
Estes gastos são contabilizados como despesa. Já os gastos que impliquem em aumento da
vida útil do bem, este deve ser imobilizado junto ao bem que sofreu o gasto. Exemplo: retífica
de motor, reforma estrutural e ampliação do imóvel.

Procedimentos de auditoria

Controle físico
A empresa deve manter controle físico do bem imobilizado, mantendo registro
individual com no mínimo as seguintes informações:
• código da conta em que está registrado o bem;
• descrição detalhada do bem;
• custo de aquisição e calculo deste custo;
• taxa de depreciação aplicada e vida útil;
• setor em que consta o bem;
• fornecedor e nota fiscal de compra;
• custo corrigido e depreciação acumulada.

Procedimentos de auditoria

Teste das aquisições


• Selecione itens do imobilizado para serem testados. Observe se o total do
universo de itens sujeitos à seleção concorda com o total da coluna “aqui-
sição” do papel de trabalho de movimentação de contas.
• Para os itens selecionados execute os seguintes procedimentos de audito-
ria:
►► confira o valor selecionado com a documentação de compra;
►► inspecione a documentação de compra (nota fiscal, pedido de com-
pra ou contrato, etc.) e atente quanto a sua autenticidade;

ADT II – 53
Auditoria II
CAPÍTULO 11

►► confira a aprovação da compra segundo os limites de competência


estabelecidos nas normas internas da empresa.
• No caso de construção própria, verifique se foram debitados no ativo imo-
bilizado todos os custos referentes à matéria-prima, mão de obra direta e
gastos gerais de construção.

Teste das depreciações


• Verifique se a vida útil, estabelecida para cada classe de bens, é adequa-
da e está consistente com o ano anterior.
• Verifique se as benfeitorias em imóveis de terceiros estão sendo amortiza-
das de acordo com o prazo de contrato de aluguel.
• Verifique se o método de depreciação está de acordo com os princípios
contábeis e é consistente com o ano anterior.
• Verifique a razoabilidade da classificação da depreciação e identifique-a
(partindo do valor mencionado no papel de trabalho de movimentação de
contas) nas contas do razão de cisto de produção e despesa no período.
• Efetue o cálculo global da depreciação (por conta).

Teste das baixas


• Selecione, por meio dos registros contábeis (verifique se o total concorda
com o papel de trabalho de movimentação de contas), itens a serem testa-
dos e execute os seguintes procedimentos de auditoria:
►► inspecione registros individuais e confira os cálculos do custo e da
depreciação acumulada;
►► inspecione autorização para baixa, segundo definido na manual inter-
no da empresa;
►► no caso de venda, inspecione a documentação comprobatória, identi-
fique o valor da venda na conta de “receita de venda de bens do ativo
imobilizado” (outras receitas não operacionais) e verifique se o valor
da venda é razoável em relação ao bem vendido;
►► selecione alguns bens vendidos, partindo da conta de receita na
venda de bens do ativo imobilizado, e verifique se o valor contábil dos
bens vendidos foi baixado do ativo imobilizado;
►► verifique se o valor das baixas, segundo o papel de trabalho de mo-
vimentação de contas (custo deduzido da depreciação acumulada),
concorda com o saldo de conta de “valor contábil de bens do ativo
imobilizado baixados” (outras despesas não operacionais).

ADT II – 54
Auditoria II
CAPÍTULO 11

Desta forma o auditor inclui estes procedimentos em seu planejamento para


atestar a consistência das contas do ativo imobilizado.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANOTAÇÕES

ADT II – 55
Auditoria II
CAPÍTULO 11

ANOTAÇÕES

ADT II – 56
Auditoria II
síntese para autoavaliação CAPÍTULO 12

OBJETIVO

Resumir os assuntos abordados nas duas últimas atividades: auditoria de


investimentos avaliados pelo MEP e auditoria do imobilizado, para autoavaliação.

TEXTO

Auditoria de investimentos avaliados pelo mep


Os investimentos do ativo permanente podem ser avaliados pelo método do
custo de aquisição, atendendo ao Princípio do Registro pelo Valor Original, ou pelo método
da equivalência patrimonial.
O investimento é classificado no AP quando a intenção da empresa é mantê-
-lo no patrimônio no longo prazo (além do término do exercício seguinte).
Um investimento deve ser avaliado pelo MEP quando for um investimento:
• em controlada ; OU
• em coligada relevante, desde que o investimento represente 20% ou mais
do capital da investida OU a investidora tenha influência na administração
da investida. No caso de companhias ABERTAS, a CVM determina que os
investimentos em controladas sejam avaliados pelo MEP, independente-
mente de relevância. A investida é coligada quando a investidora participa
de seu capital com uma porcentagem de 10% ou mais, sem controlá-la.
A investida é controlada quando a investidora, diretamente ou por meio de
outras
controladas, tem preponderância nas deliberações sociais da investida e o
poder de eleger alguns de seus administradores. Esta situação costuma ocorrer quando a
investidora possui mais de 50% do capital VOTANTE da investida.
A coligação é sempre direta, não podendo ser feita por intermédio de outras
empresas.

Procedimentos de auditoria

Nas aquisições e baixas de investimentos relevantes em controladas e coliga-


das verificar, ainda:
a. a adequação do valor registrado em relação ao patrimônio líquido da

ADT II – 57
Auditoria II
CAPÍTULO 12

investida, inclusive se este foi considerado com base em demonstrações


contábeis formais levantadas em tempo hábil (caso contrário, indicar crité-
rio adotado);
b. a adequação dos registros contábeis, inclusive quanto ao desdobramento
do custo de aquisição em ágio ou deságio, o seu fundamento econômico e
a sua amortização, no caso de baixas;

c. se os dividendos recebidos foram baixados das próprias contas de investi-


mentos.

Auditoria do imobilizado
No imobilizado são registrados os bens permanentes na empresa que são uti-
lizados na atividade desta. Têm a característica de utilização prolongada e beneficiam mais
de um exercício social. Numa indústria, por exemplo, são bens do imobilizado as máquinas,
equipamentos industriais, caminhões de transporte, veículos comerciais, móveis administrati-
vos, imóveis utilizados pela empresa, entre outros. Esta característica de serem utilizados na
atividade da empresa é a principal diferença entre bens permanentes registrados no investi-
mento. No caso de investimentos, os bens ali registrados não são utilizados na atividade ope-
racional da empresa, e são destinados a registrar bens e direito patrimoniais que a empresa
tem como objetivo aplicação de recursos pura e simples, com perspectiva de retorno. São
exemplos de bens registrados no investimento ações de outras companhias, obras de arte,
imóveis de investimento etc.

Depreciação

A depreciação ocorre em função da limitação da vida útil do bem, em decor-


rência do desgaste advindo da sua utilização na atividade da empresa. O método utilizado
deve estar consistente com o ano anterior. Não deve haver mudança de critério no cálculo da
depreciação de um exercício social para outro.

Despesas de manutenção e reparos

Referem-se aos gastos efetuados no bem para que este continue a funcionar.
Estes gastos são contabilizados como despesa. Já os gastos que impliquem em aumento da
vida útil do bem, este deve ser imobilizado junto ao bem que sofreu o gasto. Exemplo: retífica
de motor, reforma estrutural e ampliação do imóvel.

Procedimentos de auditoria

• conferência dos saldos iniciais e finais com o ano anterior e com o controle
físico;

ADT II – 58
Auditoria II
CAPÍTULO 12

• verificação da existência física, comparando o bem com o controle físico;


• teste do custo das aquisições com conferência documental;
• teste das despesas de manutenção e reparos com conferência documen-
tal;
• teste global das depreciações (conforme exercício prático).

ANOTAÇÕES

ADT II – 59
Auditoria II
CAPÍTULO 12

ANOTAÇÕES

ADT II – 60
Auditoria II
Auditoria de empréstimos e financiamentos CAPÍTULO 13

OBJETIVO

Abordar os conceitos e forma de contabilização do passivo originado de empréstimos e finan-


ciamentos, bem como as técnicas e programas de auditoria aplicados a este importante grupo
contábil.

TEXTO

Auditoria das obrigações – empréstimos e financiamentos


As obrigações representam fontes de recursos e reivindicações de terceiros
contra os ativos da empresa. O auditor estabelece a importância das contas passivas a
serem testadas, verificando se todas as dívidas da empresa foram devidamente registradas
na contabilidade.
Contabilmente, as obrigações são classificadas no balanço patrimonial nos
grupos do passivo circulante e não circulante.
O exame de auditoria do passivo visa averiguar a exatidão e correta classifica-
ção das contas.

Empréstimos e financiamentos
Os empréstimos são contabilizados por ocasião de seu recebimento e avalia-
ção pelas quantias efetivamente devidas na data do encerramento do exercício social. Isso
quer dizer que os valores incorridos e não pagos, referentes a encargos financeiros (juros,
comissões, correção monetária e variação cambial sobre o valor do principal), deve ser
provisionado na data do levantamento das demonstrações financeiras. Adicionalmente, os
encargos financeiros pagos antecipadamente devem ser apropriados ao resultado de acordo
com o prazo do contrato de empréstimo e pelo método da taxa efetiva.
Os principais erros no passivo decorrem de subavaliação, valores fictícios,
omissões, acréscimos falsos e simulações.
Esses erros também são destinados a verificar fins diversos, tais como: falên-
cias, desvios de numerário, entre outros.
Os principais erros no Passivo são:
• subavaliação do passivo, tendo como objetivo esconder situação de difi-

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Auditoria II
CAPÍTULO 13

culdade financeira, fraudar o fisco, ludibriar credores e sócios. Produz falso


quociente de liquidez e melhora a aparência da empresa junto a credores;
• superavaliação do passivo, com o objetivo de aumentar o capital de tercei-
ros visando a prejudicar credores e sócios, com efeito de aparecimento de
juros falsos em virtude de falsas dívidas;
• valores fictícios, sendo estes valores hipotéticos sem qualquer substância.
São dívidas inexistentes. Têm por objetivo aumentar o volume das obriga-
ções a fim de justificar sonegações fiscais;
• valores ocultos. Ocultar obrigações tende a beneficiar a situação financei-
ra; visa, também, a omitir compras realizadas e, por conseguinte, benefi-
ciar o grupo de resultados;
• simulação. Classificação errada das dívidas em curto prazo como sendo
de longo prazo. Tem por objetivo influenciar no quociente de liquidez em
curto prazo, dando melhor aparência à empresa para credores, com efeito
em falso índice de liquidez.

Tipos de empréstimos
Apresentamos exemplos de empréstimos e a forma de contabilização.

Empréstimo com encargo financeiro pago antecipadamente

A Alfa S/A apanhou um empréstimo com o Banco do Brasil SA, no valor de


6.000,00 e com vencimento dentro de 12 meses. Encargos financeiros no valor de 1.200,00
foram descontados no ato.

Conta Corrente Bancária - Ativo Empréstimos a Pagar – Passivo Circulante


Débito Crédito Débito Crédito
4.800,00 (1) 6.000,00 (1)
(-) Encargos Financeiros pagos antecipadamente –
Despesas Financeiras
Passivo Circulante
Débito Crédito Débito Crédito
1.200,00 (1) 300,00 (2) 300,00 (2)

(1) Pelo registro de recebimento do empréstimo


(2) Pela contabilização da despesa financeira incorrida num período de 3
meses

Empréstimo em moeda estrangeira

No caso de empréstimos em moeda estrangeira, além do registro dos juros


incorridos, a variação cambial também é tratada contabilmente como despesa financeira.

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Auditoria II
CAPÍTULO 13

A Alfa SA realizou um empréstimo com um banco no exterior no valor de


US$100.000,00, com vencimento para 12 meses. Sobre o valor emprestado incidem juros
de 20% ao ano, pagáveis no vencimento. A taxa de câmbio na data da operação é de 3,00 e
três meses depois, 4,00. Devem ser assim contabilizados:

Conta Corrente Bancária - Ativo Empréstimos a Pagar – Passivo


Débito Crédito Débito Crédito
300.000,00 (1) 300.000,00 (1)
100.000,00 (2)
Juros a Pagar - Passivo Despesas Financeiras - Resultado
Débito Crédito Débito Crédito
40.000,00 (3) 100.000,00 (2)
40.000,00 (3)

(1) Pelo registro do empréstimo


(2) Pela contabilização da variação cambial ao final de 3 meses
(3) Pela contabilização dos juros devidos e não pagos no período de 3 meses.

Exemplo de empréstimo com correção monetária

A Alfa SA recebeu um empréstimo da Caixa Econômica Federal no valor de


50.000 Ufir, com vencimento para 12 meses. Os juros são de 10% ao ano, vencíveis na mes-
ma data do pagamento do principal. O valor nominal da Ufir na data da operação é de 3,00 e
3 meses depois 3,50.
Conta Corrente Bancária - Ativo Empréstimos a Pagar – Passivo
Débito Crédito Débito Crédito
150.000,00 (1) 150.000,00 (1)
25.000,00 (2)
Juros a Pagar - Passivo Despesas Financeiras - Resultado
Débito Crédito Débito Crédito
13.125,00 (3) 25.000,00 (2)
13.125,00 (3)

(1) Pela contabilização do empréstimos


(2) Pelo registro da correção monetária incorrida no período de 3 meses
(3) Pela contabilização dos juros incorridos no periodo de 3 meses

Procedimentos de auditoria

a. Examine a movimentação das contas com instituições financeiras, para


um determinado período, compreendendo:
a.1 revisão detalhada dos contratos, efetuando descrição resumida
dos mesmos, incluindo as garantias existentes;

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Auditoria II
CAPÍTULO 13

a.2 conferência dos valores lançados contra os dados desses contra-


tos;
a.3 conferência dos pagamentos contra avisos bancários e/ou cópias
de cheques;
a.4 conferência dos cálculos de atualização dos saldos e apropriação
de encargos devidos, inclusive por atraso nos pagamentos, e de
sua contabilização nas respectivas contas de despesas;
a.5 verificação de pagamentos subsequentes;
a.6 confronto dos saldos contra extratos ou registros e posições sub-
sidiárias, atentando para eventuais divergências existentes e sua
eliminação posterior.
a.7 conferência da classificação das contas nas demonstrações
financeiras, em função dos prazos contratuais.
b. Examine a movimentação das contas de empréstimos e financiamentos
com pessoas ligadas (controladas, coligadas, diretores e outros), para um
determinado período, compreendendo:
b.1 revisão dos contratos, identificando a natureza das operações;
b.2 descrição resumida desses contratos e suas condições, incluindo
as garantias existentes;
b.3 conferência de pagamentos contra avisos de débito e/ou cópias
de cheques;
b.4 conferência de cálculos de atualização de saldos e apropriação
de encargos devidos, inclusive por atrasos nos pagamentos, e de
sua contabilização nas respectivas contas de despesas;
b.5 verificação de pagamentos subsequentes;
b.6 confronto dos saldos contra extratos ou registros e posições
subsidiárias, investigando divergências havidas e sua efetiva elimi-
nação posterior;
b.7 conferência da classificação das contas nas demonstrações
financeiras, em função dos prazos habituais ou contratuais das
operações.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010

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Auditoria II
CAPÍTULO 13

ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANOTAÇÕES

ADT II – 65
Auditoria II
CAPÍTULO 13

ANOTAÇÕES

ADT II – 66
Auditoria II
Auditoria de tributos CAPÍTULO 14

OBJETIVO

Proporcionar ao aluno o aprendizado sobre a classificação e contabilização


do passivo originado de tributos, bem como as técnicas de auditoria aplicadas a este grupo
contábil.

TEXTO

Auditoria das obrigações – tributos


Os tributos gerados pela companhia são relevantes e influenciam significativa-
mente no balanço patrimonial e no resultados do exercício. Desta forma, o auditor deve estar
atento ao fato de que a empresa deve cumprir não somente a obrigação principal, mas tam-
bém as obrigações acessórias. Entende-se por obrigações acessórias todas as obrigações
tributárias em que não importem o pagamento dos tributos (declarações, escrituração de
livros fiscais etc). O auditor deve verificar se todos os tributos gerados e não pagos estejam
registrados no passivo da companhia, bem como se estão devidamente atualizados, quando
isto for necessário.
Se a empresa tem litígios de ordem tributária, o auditor deve verificar se a
empresa tem feito a devida provisão para estes tributos que estão sendo discutidos e avaliar
o critério de provisão.

Imposto de Renda e Contribuição Social


A despesa do imposto de renda/contribuição social deve ser contabilizada no
exercício social em que a empresa gerou o lucro. O imposto de renda e contribuição social
são calculados com base no percentual em torno de 34% (15% de IR + Adicional de 10% e
9% de CSSL) aplicados sobre o lucro real (ajustado pelas adições e exclusões ao lucro con-
tábil liquido). A diferença entre o lucro contábil líquido e o lucro real ocorre principalmente em
função de o fisco não tributar certas receitas e não aceitar como dedutíveis certas despesas,
ou tributar certas receitas e aceitar como dedutíveis certas despesas em data diferente do
seu registro na contabilidade.

Exemplo de apuração do lucro real de um trimestre

• Lucro líquido antes dos impostos sobre o resultados $ 291.300,00


• (+) despesas sem comprovante $ 1.700,00

ADT II – 67
Auditoria II
CAPÍTULO 14

• (+) multas por infrações fiscais $ 500,00


• ( - ) dividendos recebidos de investimentos avaliados
• pelo método de custo de aquisição ($13.000,00)
• ( - ) ajuste por aumento no valor do investimentos
• avaliado pelo método de equivalência patrimonial ($ 80.500,00)
• ( = ) Lucro Real $ 200.000,00

Cálculo do Lucro Real

• Base de calculo do IR$200.000,00


• IR Devido alíquota de 15%$30.000,00
• Adicional de 10% (B.C 200.000,00 – 60.000)$14.000,00
• CSSL alíquota de 9%$18.000,00

Auditoria de impostos indiretos – Pis/ Cofins/ ICMS


O auditor deve verificar a consistência dos créditos contabilizados no Ativo.
Estes devem estar cobertos das condições necessárias para o direito do crédito pela em-
presa. Por exemplo: o regulamento do ICMS estabelece que o crédito acumulado de ICMS
devido pela exportação, só pode ser utilizado após a confecção e entrega no Posto Fiscal
competente a DCA (Declaração de Crédito Acumulado). O auditor deve verificar se os créditos
contabilizados como acumulados possuem a DCA. Os saldos credores de ICMS devem estar
regularmente escriturados nos livros de apuração de ICMS. O auditor deve conciliar o saldo
apresentado no livro de apuração de ICMS com o saldo do razão geral da contabilidade.
De qualquer forma, o auditor deve ter conhecimento abrangente sobre os
tributos recuperáveis e seus aspectos legais antes de iniciar a auditoria destes tributos.

Procedimentos de auditoria

Veja abaixo alguns exemplos de procedimentos de auditoria de impostos indi-


retos (ICMS, IPI, Pis e COFINS):

Benefícios Fiscais

Caso a Sociedade exporte produtos ao exterior (diretamente ou por intermédio


de empresas comerciais exportadoras), verificar se vem sendo utilizado o benefício do crédi-
to presumido do IPI para ressarcimento de contribuições ao PIS/PASEP/COFINS incidentes
sobre insumos adquiridos no mercado interno, e qual a metodologia utilizada (lei n.º 9.363/96
ou Lei n.º 10.276/01).

ADT II – 68
Auditoria II
CAPÍTULO 14

Verifique quais insumos foram considerados, os cálculos e a utilização do cré-


dito presumido (este benefício teve seu início em março de 1995, estando apenas suspenso
para o período de abril a dezembro de 1999 (MP 1.858/99)).
Checar se houve estudo para escolha da metodologia de apuração do crédito
presumido de PIS/COFINS que proporcionaria melhor aproveitamento, por conta da edição
da Lei n.° 10.276/01.

Máquinas – benefícios fiscais

Verifique se a Sociedade produz máquinas enquadradas no Convênio ICMS


no 52/91 e/ou Resolução SF no 04/98
Caso positivo, verifique se ambos os benefícios estão sendo utilizados simul-
taneamente, e se a carga tributária resultante é igual a 11%.
Certifique-se de que os produtos estão relacionados nos respectivos Atos
Legais.
Verifique se a Sociedade pratica a venda de produtos enquadrados na Lei no
9.493/97 com alterações pelo Decreto 3.102/99 (máquinas e equipamentos).
Caso positivo, verifique a existência de saldo credor de IPI em decorrência
da manutenção destes créditos. (neste caso a alíquota zero do IPI vigorou até 31/07/1999,
passando para 1% até 31/08/99, 2% até 30/09/99, 3% até 31/10/99, 4% até 30/11/99 e a partir
de 01/12/99 será de 5%).

Fiscalização

Verifique se houve autuações fiscais recentes.


Faça um resumo sobre a natureza dos autos de infração, a data, o valor e o
andamento do processo/regularização.
Verificar se o estabelecimento em questão está sofrendo fiscalização por par-
te de alguma autoridade fiscal e qual a área envolvida.

Obtenção de documentos/Informações

Solicitar os seguintes documentos/livros fiscais:


• Livro Registro de Entradas;
• Livro Registro de Saídas;
• Livro de Apuração do ICMS e do IPI;
• Livro Registro de Controle da Produção e Estoque;
• Livro Controle de Crédito do ICMS do Ativo Permanente – CIAP;

ADT II – 69
Auditoria II
CAPÍTULO 14

• Declaração de Contribuições e Tributos Federais;


• Guias de informações econômico-fiscais (DIPAM, DIPI. GIAetc.);
• Guias de Recolhimento do ICMS e os DARFs do IPI, PIS e COFINS;
• Processos de compensação de tributos, conforme previsto na Instrução
Normativa n° 21/97;
• Notas fiscais de entrada e saída (selecionar notas para testes com base
nos livros mencionados acima);.
• Cópia de atos concessivos de benefícios fiscais e/ou regimes especiais;
• Livro de Termos de Ocorrência;
• Livro Registro de Inventários;
• Memórias de Cálculos de PIS e COFINS e respectivos balancetes;
• Parcelamentos de Tributos, se existentes, bem como os respectivos reco-
lhimentos;
• Autos de Infrações destes Tributos, se existentes, bem como defesas ela-
boradas, tanto a nível administrativo como judicial.

Auditoria das obrigações com tributos

Examine a movimentação ocorrida na provisão para Imposto de Renda, para


um determinado período, compreendendo :

• conferência dos cálculos de atualização de saldos e de apropriação de


encargos por atrasos nos pagamentos e de sua contabilização nas res-
pectivas contas de despesas, inclusive por parcelamento de débitos;
• revisão documental dos pagamentos, inclusive subsequentes, contra guias
de recolhimento e cópia de cheques e destes contra declaração do impos-
to de renda;
• revisão e conferência da classificação das contas nas demonstrações
financeiras quanto aos valores decorrentes de parcelamentos de débitos,
em função dos prazos respectivos.

Examine a movimentação das contas de impostos e contribuições a pagar,


para um determinado período, compreendendo:

• conferência de cálculos de atualização de saldos e apropriação de encar-


gos por atrasos nos pagamentos, incluindo processos de parcelamento, e
de sua contabilização nas contas respectivas de despesas;
• conferência de valores lançados e dos saldos contra livros fiscais;

ADT II – 70
Auditoria II
CAPÍTULO 14

• revisão documental dos pagamentos, inclusive subsequentes, contra guias


de recolhimento, cópias de cheques ou débitos às contas bancárias;
• revisão e conferência da classificação das contas nas demonstrações
financeiras, para os casos de parcelamento, em função de seus prazos.

REFERÊNCIAS

CREPALDI, S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ALMEIDA, M.C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010
ARAUJO, I.P.S.; ARRUDA, D.G.; BARRETTO, Pedro H.T. Auditoria contábil: enfoque teórico,
normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANOTAÇÕES

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Auditoria II
CAPÍTULO 14

ANOTAÇÕES

ADT II – 72
Auditoria II
síntese para autoavaliação CAPÍTULO 15

OBJETIVO

Resumir e sintetizar os assuntos abordados nas duas últimas atividades, a


saber: auditoria de empréstimos e financiamentos e auditoria de tributos, para autoavaliação.

TEXTO

Empréstimos e financiamentos
Tais contas registram as obrigações da empresa junto a instituições financei-
ras do País e do exterior, cujos recursos são destinados a financiar imobilizações ou para
capital de giro para ser aplicado na empresa.
Como regra geral, os empréstimos e financiamentos são suportados por con-
tratos que estabelecem o seu valor, forma e época de liberação, encargos incidentes, forma
de pagamento, garantias além de outras cláusulas contratuais.
Os empréstimos distinguem-se dos financiamentos pelo fato de que estes re-
presentam um crédito vinculado à aquisição de determinado bem, podendo ter a intervenção
de instituição financeira ou diretamente com o fornecedor do bem.
Por outro lado, os empréstimos são concessões de crédito em espécie, sem
vinculação específica, muito embora conste do contrato a finalidade do mesmo.

Registro contábil
O registro contábil deve ser efetuado quando a empresa receber os recursos,
o que muitas vezes coincide com a data do contrato. No caso dos contratos em que a libe-
ração dos recursos ocorre em várias parcelas, o registro será efetuado à medida dos recebi-
mentos das parcelas.
Os financiamentos e empréstimos ainda não liberados podem ser controlados
contabilmente em contas de compensação e informados em nota explicativa.

Variações cambiais e monetárias


Os empréstimos e financiamentos contratados em moeda corrente nacio-
nal pedem ser corrigidos monetariamente com base nos índices previstos nos contratos.
Tratando-se de empréstimos pagáveis em moeda estrangeira, estes são atualizados pela
variação cambial ocorrida entre a data do empréstimo ou do último saldo atualizado e a data
do balanço.

ADT II – 73
Auditoria II
CAPÍTULO 15

Tributos
O auditor deve verificar a consistência dos créditos contabilizados no Ativo.
Estes devem estar cobertos das condições necessárias para o direito do crédito pela em-
presa. Por exemplo: O regulamento do ICMS estabelece que o crédito acumulado de ICMS
devido pela exportação, só pode ser utilizado após a confecção e entrega no Posto Fiscal
competente a DCA (Declaração de crédito acumulado). O auditor deve verificar se os créditos
contabilizados como acumulados possuem a DCA. Os saldos credores de ICMS devem estar
regularmente escriturados nos livros de apuração de ICMS. O auditor deve conciliar o saldo
apresentado no Livro de apuração de ICMS com o saldo do razão geral da contabilidade.
De qualquer forma, o auditor deve ter conhecimento abrangente sobre os
tributos recuperáveis e seus aspectos legais antes de iniciar a auditoria destes tributos.

ANOTAÇÕES

ADT II – 74
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