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Desenvolvimento
da Criança:
Famı́lia, Escola e Saúde
2017
Copyright
2017
c Omnipax Editora Ltda
Curitiba, PR
Capa:
Sérgio Alexandre Prokofiev
Ficha catalográfica:
Juliana Farias Motta (CRB7/5880)
170 p.
Inclui referências
eISBN: 978-85-64619-19-7
ISBN: 978-85-64619-22-7
Bruna Yamaguchi:
Graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR). Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação
Fı́sica da UFPR. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em
Educação Fı́sica da UFPR. Fisioterapeuta do municı́pio de Tijucas do
Sul, PR.
Jheniffer Freitas:
Acadêmica de Especialização em Fisioterapia em Neurofuncional
(IBRATE). Graduada em Fisioterapia pela Universidade Campos
Andrade (UNIANDRADE). Formação no Conceito Bobath, e
Pediasuitr . Fisioterapeuta do Centro de Pesquisa Vitória (Curitiba,
PR).
Karina Fink:
Pós-graduada em Fisioterapia em Neurologia com ênfase em
Neuropediatria pelo Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino
(IBRATE). Formação no Conceito Neuroevolutivo de Bobath.
Aperfeiçoamento em Fisioterapia Pediátrica pelo Hospital Pequeno
Prı́ncipe. Fisioterapeuta contratada pela Unidade de saúde Mãe
Curitibana, equipe bebê de risco. Fisioterapeuta da equipe de Home-
Care da Unifisio. Graduada em Fisioterapia pela Unidade de Ensino
Superior Vale do Iguaçu (UNIGUAÇU), União da Vitória, PR.
.
Manoela de Paula Ferreira:
Doutoranda em Atividade Fı́sica em Saúde pelo Programa de
Pós-graduação em Educação Fı́sica da Universidade Federal do
Paraná (UFPR), Mestre em Atividade Fı́sica e Saúde pela UFPR,
Fisioterapeuta pela UFPR. Bacharel em Dança pela Universidade
Estadual do Paraná (UNESPAR). É Fisioterapeuta e Preceptora de
Fisioterapia da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde
de Curitiba (FEAES). Tem formação em Pilates solo e acessórios,
Microfisioterapia e Bioalinhamento.
.
Aprender a aprender sempre e a cada momento, desde o momento
em que fomos gerados. Na infância construı́mos nossos alicerces baseados
num percurso árduo de experiências e emoções com movimentos e
sensações, a cada dia novos desafios para alcançar a felicidade e a
plenitude de crescimento e desenvolvimento na busca de nossa saúde fı́sica,
emocional, espiritual, afetiva, psicológica, mental, intelectual, cognitiva
e na diversidade de ambientes e processos. Este é o desenvolvimento
humano no decorrer da vida.
Sejam Felizes!!
1. Introdução
Você já ouviu falar que os dois primeiros anos de uma criança são essenciais
para seu desenvolvimento? Mas e aı́? O que esperamos de uma criança
nesta faixa etária? O que é possı́vel fazer para otimizar esta fase crı́tica do
desenvolvimento?
Estas são dúvidas de muitas famı́lias e profissionais que trabalham com
a criança pequena. Muitas pessoas ainda acreditam que o recém-nascido
responde exclusivamente de forma reflexa e automática, porém é necessário
ter uma visão contextual sobre o desenvolvimento neuropsicomotor
(DNPM), entender que nesta fase a criança possui potenciais e que suas
capacidades e habilidades estão em amadurecimento. Para que esta
evolução aconteça de forma saudável e que o DNPM seja pleno, deve-se
lembrar de que esta criança recebe influências dos ambientes em que vive
e dos estı́mulos ofertados e vivenciados por ela.
Dessa forma, o objetivo deste capı́tulo é abordar o DNPM da criança
desde o seu nascimento até os dois anos de idade, destacando o que é
esperado no desenvolvimento tı́pico, bem como as formas de estimulação.
Luize Bueno de Araujo & Vera Lúcia Israel (Ed.), (2017) DOI: 10.7436/2017.dcfes.01 ISBN 978-85-64619-19-7
2 Araujo & Israel
Coloque a criança
sentada e ofereça o
cesto de tesouros,
Passa de decúbito dorsal para ventral, uma cesta na
se apoia em uma das mãos e pega qual você vai
brinquedos com a outra. colocar diversos
6o ao 7o Decúbito dorsal: levanta a cabeça. objetos para que a
mês Sentado: senta sozinho. criança explore-os.
Fica em pé, se apoiado. Engatinha Selecione os objetos
para trás, pega objetos e passa de uma com segurança e
mão para outra. adequados para a
idade. Fale os nomes
dos objetos para a
criança.
Coloque a criança
Prefere o decúbito ventral e fica na em ambiente seguro
posição de engatinhar. Passa da e com espaço
posição sentada para decúbito ventral. para ela iniciar
o deslocamento
8o ao 9o Fica em pé e anda se segurando
em móveis, senta-se e engatinha para engatinhando.
mês
frente. Esconda objetos
Manipula objetos, aponta, empurra e dentro de recipientes
pega objetos em recipientes. para que a criança
pegue-os e manipule-
os.
Coloque a criança
Fica em pé por pouco tempo. em pé com apoio em
Posição ortostática: nesta posição, locais seguro.
pega objetos do chão. Anda com apoio
10o ao nas duas mãos ou em uma. Utilize uma toalha
11o mês Engatinha. Faz Urso (coloca mãos e no tórax para
pés no chão). Faz pinça (pega objetos dar suporte e a
e une o polegar ao indicador), coloca criança iniciar o
objetos em potes. deslocamento em pé
com segurança.
Monte um circuito
Posição ortostática: anda rápido sem com obstáculos
apoio para frente, lado e trás, sobe (colchonetes,
12o ao escadas sentado. espumas) para
15o mês Sentado: consegue arremessar objetos. a criança adotar
Faz torres de 2 cubos, vira objetos, estratégias motoras
risca papel. e aperfeiçoar o
equilı́brio.
8 Araujo & Israel
Aprimore seu
circuito com mais
obstáculos.
Sobe e desce escadas apoiado em uma
mão com os dois pés. Agacha-se. Pega
Coloque papel e
objetos do chão, atira para frente.
16o ao giz para a criança
Impulsiona-se em brinquedos de roda.
24o mês desenhar.
Dobra papel, faz torre de 6 cubos,
segura lápis entre o polegar e os dedos,
Estimule a criança
copia linha horizontal e vertical.
a falar e não apenas
apontar o que ela
quer.
Elabore atividades
Corre, anda na ponta dos pés, anda de pular e ficar em
para trás, sobe e desce escadas um pé só.
alternando os pés, pula com um pé só. Utilize brinquedos
2o ano
Anda em triciclo, gira fechaduras, de encaixe.
abotoa, usa tesouras, monta quebra- Conte histórias e
cabeça simples, dobra papel. estimule a criança a
falar.
6. Dicas de Estimulação
Agora já sabemos a importância de estimular e brincar com a criança
pequena, mas de que forma podemos fazer isso nas fases iniciais do
desenvolvimento?
A seguir, apresentamos imagens e descrição de formas simples, de como
estimular a criança, que podem ser realizadas em qualquer ambiente e com
materiais simples disponı́veis no dia-a-dia. Use sua criatividade e ofereça
estı́mulos variados para a criança (Figuras 3 a 14).
O movimento serve como possibilidade de desenvolvimento e
aprendizagem, possibilite isto a criança de forma segura, supervisionada
e com qualidade. Para saber sobre o uso adequado de tecnologias, como
tabletes e computadores, leia o Capı́tulo 6 deste livro.
Diante desse capı́tulo espera-se que os profissionais da saúde e educação,
familiares e gestores observem a criança pequena como um ser ativo, em um
momento especial e crucial para sua vida futura e, dessa forma, consigam
promover uma estimulação adequada e com qualidade para que as crianças
cresçam e se desenvolvam da melhor maneira possı́vel e se tornem adultos
com o máximo potencial.
Referências
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UNICEF, , Situação da Infância Brasileira – Desenvolvimento Infantil: os
seis primeiros anos de vida. Brası́lia, DF: Fundo das Nações Unidas
para a Infância, 2001.
Capítulo 2
1. Introdução
A Fisioterapia como ciência do movimento e postura humana é reconhecida
historicamente por grande parcela da população pela sua atuação
tradicional na reabilitação. Contudo, com os processos de evolução social
e cultural houve uma transição das necessidades de atenção em saúde, que
trouxeram novas demandas a todos os profissionais da saúde, inclusive na
área de saúde da criança. A Fisioterapia tem seu campo de formação e
atuação cada vez mais fortalecido e ampliado com atividades que visam à
promoção de saúde e a prevenção de doenças (Bispo Júnior, 2010).
A intervenção fisioterapêutica, na promoção e prevenção em saúde,
ocorre num momento anterior a qualquer sinal ou sintoma de doença, o
que pode levar a benefı́cios dessa assistência como capacitar as pessoas a
reconhecer bons hábitos e escolhas para sua saúde, bem como prevenir
problemas relacionados à saúde, poupando as pessoas do processo de
adoecimento (Pereira, 2014). Dentre os aspectos passı́veis de promoção
e prevenção está a saúde no contexto do desenvolvimento neuropsicomotor
das crianças, o que inclui a educação em saúde com orientação de familiares
e professores. Para o adequado desenvolvimento na primeira infância,
de modo especial, devemos considerar fatores como vacinação, nutrição,
condições do ambiente familiar e escolar, estimulação psicomotora,
brincadeiras, rotina da criança, vivência cultural, nı́vel educacional e
socioeconômico da famı́lia, entre outros, que poderão interferir positiva ou
negativamente no desenvolvimento infantil. Nas últimas décadas, houve
um maior acompanhamento do desenvolvimento infantil, para a prevenção
de possı́veis alterações, o que traz benefı́cios para toda a vida (Amorim
et al., 2009). A verificação do desenvolvimento infantil é parte integrante
da atenção da Fisioterapia na saúde infantil e compreende atividades
relacionadas à promoção do desenvolvimento neuropsicomotor adequado.
∗ Autor para contato: brunayamaguchi@hotmail.com
Luize Bueno de Araujo & Vera Lúcia Israel (Ed.), (2017) DOI: 10.7436/2017.dcfes.02 ISBN 978-85-64619-19.7
16 Yamaguchi & Israel
3. O Papel da Família
Além de proporcionar um ambiente seguro, é papel da famı́lia fornecer
os vı́nculos afetivos, os cuidados e os estı́mulos necessários ao crescimento
e desenvolvimento da criança. A famı́lia ainda é responsável por mediar
as relações da criança com a sociedade, possibilitando o desenvolvimento
cognitivo infantil (Andrade et al., 2005). A educação no sentido amplo da
palavra é missão da famı́lia e a criança é reflexo das relações familiares.
Desde bebê a interação mãe-filho(a) ou pai-filho(a) já coopera com
o desenvolvimento cognitivo-motor da criança, pois a mãe/pai conseguem
interpretar os sinais sutis e dar os estı́mulos adequados a sua criança. Como
exemplo, trazemos os resultados de um estudo, desenvolvido por Amorim
et al. (2009), que verificou que as crianças que ficam menos tempo com a
mãe apresentaram maior déficit no equilı́brio estático, comparadas às que
permanecem mais tempo com a mãe. Sabe-se que o equilı́brio estático é
uma função neurológica de alta relevância e complexidade neuromotora
para o desenvolvimento, sendo que déficits nesta habilidade podem indicar
dificuldades também na aquisição de outras habilidades futuras, como o
andar e correr. Isto sugere que a presença da mãe é como um fator
de proteção e confiança para aquisição dessa habilidade motora, sendo
possivelmente influente em outras habilidades motoras. As habilidades
motoras surgem na infância da prática e da experiência proporcionada para
a criança, por meio de estı́mulos sensóriomotores (Florindo & Pedro, 2014).
Essas habilidades motoras são relativamente permanentes no repertório
neuromotor humano, envolvem movimentos do corpo e um conjunto de
aprendizagem cognitiva (Florindo & Pedro, 2014).
O mais relevante nos diversos estudos que investigam o ambiente escolar
e seus estı́mulos, não é o fato da criança frequentar o CEI durante todo o
dia ou meio perı́odo, ou ainda permanecer em casa, mas sim a qualidade de
estı́mulos oferecidos por estes ambientes escola e casa, devido a qualidade
de sua estrutura e da estimulação feita pelas pessoas. É preciso maior
investigação sobre quais experiências são proporcionadas para a criança e
a qualidade desta estimulação (Bonome-Pontoglio & Marturano, 2010).
Neste sentido, há um consenso multidisciplinar de profissionais que
atuam nas escolas ou CEI´s, de que uma boa relação entre a famı́lia e a
escola traz benefı́cios para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo
da criança. Para otimizar a interação famı́lia-escola, é preciso adaptar
diferentes estratégias, considerando as especificidades locais, como aspectos
culturais e de economia (Poletto & Koller, 2008). A abordagem e a
linguagem utilizadas devem ser adaptadas ao contexto da realidade local,
As interações neuromotoras da criança 19
4. Avaliação
Para verificar como está o desenvolvimento da criança, podem ser utilizadas
escalas na Fisioterapia. Estas auxiliam na avaliação infantil, e em nossa
experiência, trazem uma forte adesão quando aplicadas de forma lúdica.
Os itens que constam nas escalas de avaliação são atividades que
tipicamente a criança realiza em determinada idade. Por meio do
desempenho funcional, verificando os diversos indicadores, como a
aquisição e a evolução em diferentes áreas do desenvolvimento: cognição,
linguagem, motricidade, comportamento, entre outras.
O uso de testes de avaliação do desenvolvimento infantil é recomendado
como estratégia para promoção da saúde infantil, acompanhando o
crescimento da criança. Possibilita identificar, monitorar e quantificar
as possı́veis alterações no desenvolvimento, ainda que não traga um
diagnóstico (Silva et al., 2015).
É possı́vel, nas avaliações do desenvolvimento, que os profissionais
observem alguma diferença marcante, que pode repercutir num menor
rendimento em uma ou mais áreas da vida da criança, ainda que
futuramente. Desta forma, a avaliação também de capaz de apontar
estas discrepâncias e chamar a atenção para uma ação urgente ou
encaminhamentos adequados para cuidados de educação e ou saúde.
Ao pensar que a estimativa é que uma em cada oito crianças apresente
alterações no seu desenvolvimento neuropsicomotor, que possam interferir
em sua qualidade de vida e inclusão escolar e social, a intervenção
fisioterapêutica busca reduzir ou extinguir as diferenças ou riscos para o
desenvolvimento na infância. O diagnóstico e a intervenção, antes dos
cinco anos de idade, são primordiais para um bom prognóstico e evolução
da criança reduzindo o risco de atraso neuropsicomotor (Ribeiro et al.,
2010).
Muitas vezes, consequências indesejáveis ou deficiências serão vistas
apenas em idades avançadas, como problemas da aprendizagem,
comportamento ou transtornos afetivos. Dessa forma, a identificação
precoce de possı́veis situações de risco, que possam prejudicar o curso do
20 Yamaguchi & Israel
5. A Abordagem da Família
Os profissionais da saúde, envolvidos com a promoção do desenvolvimento
infantil, precisam do apoio dos familiares para que haja continuidade
nos cuidados de educação e de saúde e na estimulação neuropsicomotora
adequada para cada faixa etária. A sensibilização dos familiares busca
esse elo. A famı́lia deve ser o principal promotor, com plena consciência
da sua responsabilidade, da formação neuromotora e psicossocial de seus
(suas) filhos(as). A partir desse reconhecimento, buscamos a troca de
experiências, instrumentalizando os familiares.
Em nossa experiência, não apontamos para nenhum familiar os
achados da avaliação individual da criança. Todos os familiares
participavam de forma igual das atividades de educação em saúde e
eram estimulados a reconhecer seus pontos acertivos e pontos a melhorar
em relação ao seu papel fundamental. Quando havia discrepância ou
risco ao desenvolvimento de uma criança a escola era alertada e fazia o
encaminhamento da famı́lia e da criança.
Os encontros com familiares e professores são atividades de educação
em saúde, com isso, seu papel é gerar conhecimento, agregar, acolher
as famı́lias e professores, dar direcionamento para as suas angústias,
anseios, temores, dúvidas, assim como aproveitar suas experiências, seu
conhecimento e sua cultura. Ao desenvolver essa abordagem de educação
em saúde os protagonistas devem ser os participantes, mediados pelos
proponentes.
As atividades propostas buscavam conversar sobre o desenvolvimento,
trocar experiências, oferecer orientações e dicas de como otimizar o convı́vio
do familiar com a criança e dentro da escola também com os profissionais
da educação.
Em todas as atividades, que ocorriam em encontros do grupo de
pesquisa com a famı́lia e com os professores também, duas vezes no ano
letivo, buscava-se reforçar e inovar nas ações em saúde, além de sempre
contar com um “lembrete” (produto). O lembrete (produto) era algo
direcionado e desenvolvido pelo grupo de pesquisa para a famı́lia levar
para casa, que tenha utilidade e seu objetivo fundamental é de lembrar a
cada famı́lia sobre o encontro, reforçando diariamente as dicas e conversas
tidas no encontro do semestre. Podem ser calendário de geladeira com
brincadeiras, livro de histórias infantis, porta-canetas de dicas.
As interações neuromotoras da criança 21
escrever, pegar objetos pequenos, entre outras atividades, que vão sendo
desenvolvidas ao longo da infância, com maior domı́nio.
Fatores fundamentais para o desenvolvimento infantil, em sido
assegurados atualmente no Brasil, pelo recente Marco Legal da Primeira
Infância (BRASIL, 2016) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
(BRASIL, 1990). Contudo, famı́lia e escola são fundamentalmente os locais
para proteção e estı́mulo do desenvolvimento das crianças.
O respeito, o cuidado, o brincar, o ser generoso, conhecer
direitos e deveres, ser ético, o aprender, o conviver, o conhecer, o
assumir responsabilidade e progressivamente desenvolver-se no mundo são
aquisições de valores humanos e éticos que a criança ao longo da vida
ativamente conquistará vencendo os desafios de sua vida. Que possamos
como fisioterapeutas contribuir para a infância.
Referências
Amorim, R.C.A.; Laurentino, G.E.C.; Barros, K.M.F.T.; Ferreira,
A.L.P.R.; Moura Filho, A.G. & Raposo, M.C.F., Programa de saúde
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Andrade, S.A.; Santos, D.N.; Bastos, A.C. & Pedromônico, M.R.,
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Bonome-Pontoglio, C.F. & Marturano, E.M., Brincando na creche:
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BRASIL, , Lei 8069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do
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BRASIL, , Lei 13257 de 08 de março de 2016. Dispõe sobre as polı́ticas
públicas para a primeira infância, 2016.
Brito, C.M.L.; Vieira, G.O.; Costa, M.C.O. & Oliveira, N.F.,
Neuropsychomotor development: the Denver scale for screening
cognitive and neuromotor delays in preschoolers. Caderno de Saúde
Pública, 27(7):1403–1414, 2011.
24 Yamaguchi & Israel
1. Introdução
O desenvolvimento motor infantil é caracterizado por Gallahue et al.
(2005) e Haywood & Getchell (2010) como uma mudança contı́nua,
influenciada pela exigência das tarefas motoras, as caraterı́sticas do
indivı́duo e as condições do ambiente. Para Papalia et al. (2010) o
desenvolvimento infantil sofre influências desses três determinantes, os
quais estão simbolizados na Trı́ade de Newell (1991 – Figura 1). Newell
(1986), o autor da Trı́ade, reforça a necessidade de compreender a relação
do ser humano com o ambiente e com os outros seres humanos analisando
a combinação das demandas do organismo, do ambiente e da tarefa em
andamento.
Os profissionais da saúde, a famı́lia e os/as educadores/as são os
principais acompanhantes do desenvolvimento infantil e os responsáveis
pelo cuidado da criança. Portanto, conhecer como se caracteriza cada
determinante/restrição e como se relacionam é primordial para entender
como ocorrem os processos de desenvolvimento, crescimento e perceber
desvios no desenvolvimento infantil adequado.
A teoria e a prática, quando relacionadas, quase sempre são
conflituosas. Entretanto, é necessário o conhecimento sobre os processos
envolvidos em um acontecimento para solucionar problemas relativos ao
fato.
O presente capı́tulo discorre sobre os principais envolvidos no cuidado à
criança, ressalta a necessidade do vı́nculo entre os cuidadores e caracteriza
os ambientes que cercam a criança, destacando quais são os fatores nocivos
e os fatores propı́cios para um bom desenvolvimento infantil. Bem como
relata a experiência de um projeto de iniciação cientı́fica da Universidade
Federal do Paraná, o qual tinha por objetivo “unir as pontas”, ou seja,
∗ Autor para contato: marianargcorrea@gmail.com
Luize Bueno de Araujo & Vera Lúcia Israel (Ed.), (2017) DOI: 10.7436/2017.dcfes.03 ISBN 978-85-64619-19-7
26 Correa, Araujo & Israel
quais também devem ser considerados para que o tratamento seja eficaz”
(Silva et al., 2001).
Seguindo o raciocı́nio acima, na Carta de Ottawa (Brasil, 2002), o
modelo biomédico foi considerado necessário, porém insuficiente para dar
conta da saúde numa estratégia de promoção. Assim, a aproximação do
modelo biopsicossocial de saúde faz com que o atendimento oferecido seja
um cuidado participativo, estendido à comunidade, fazendo com que, por
meio da prevenção de doenças e de medidas para a promoção da saúde,
sejam ampliadas tanto a cobertura como a abrangência desse atendimento.
Dessa forma, no cuidado à criança, para que haja um modelo
participativo de intervenção, é necessário que as pessoas que cercam a
criança se envolvam, tornando-se atentas às fases do desenvolvimento
neuropsicomotor, e sejam capazes de identificar algum atraso neste
processo. Tais medidas, poderiam reduzir ainda mais os problemas futuros,
uma vez que a falta de estimulação adequada da criança pode acarretar
prejuı́zos que se estendem até a vida adulta.
Em particular, os primeiros anos de vida da criança são os mais
significativos para o seu desenvolvimento completo e as experiências
acumuladas durante este perı́odo têm uma influência por toda a vida
(Johnston, 2009). O tecido nervoso apresenta seu maior crescimento e
maturação durante este perı́odo e, portanto, mais suscetı́vel a lesões. Por
causa do alto grau de plasticidade das crianças, também é nesta fase que
elas respondem melhor a intervenções de promoção e ou tratamentos e
ainda a estimulação neuromotora e ambiental. No entanto, para receber
essas intervenções, é necessário identificar o atraso e orientar, o mais
rapidamente possı́vel, a criança a serviços especializados. Portanto, é
necessário que os profissionais atuantes na atenção básica, a própria famı́lia
e os responsáveis pela criança, monitorem o desenvolvimento e identifiquem
de maneira preliminar os fatores de risco, bem como as necessidades
especı́ficas, isso com o objetivo de garantir um adequado desenvolvimento
da criança ou um rápido encaminhamento para a intervenção precoce.
Caracterı́sticas Individuais
O que fazer O que evitar
Apoiar e amar a criança sempre
Falta de atenção, carinho, amor e
(incondicionalmente)
cuidados com a criança
Elogiar a criança sempre que ela
Ser autoritária demais com a
faça algo corretamente ou está se
criança
esforçando
Deixar a criança expressar suas
Superproteger a criança
vontades e desejos e respeitá-la
Não deixar a criança experimentar
Dar oportunidade para a criança
coisas novas
para fazer coisas sozinha
Realizar atividades com prazer e Falta de espaço para brincadeiras
alegria Valorizar situações negativas e
Ambiente alegre e festivo trágicas
Deixar a criança criar e brincar
livremente Não estimular a criança
Oferecer materiais (seguros) para Regras rı́gidas ou severas
a criança brincar
Caracterı́sticas Familiares
O que fazer O que evitar
Conflitos familiares constantes
Valorizar um ambiente familiar Violência e/ou maus tratos com a
harmonioso e de confiança criança
Saber escutar a criança e observar Abandonar a criança no caso
seu bem-estar de morte ou separação de entes
queridos
Caracterı́sticas da Comunidade
O que fazer O que evitar
Importância de resgatar e Falta de espaços lúdicos e de lazer
valorizar a cultura local para a criança
Gestores e comunidade com Falta de coesão e solidariedade na
interesse pela criança comunidade
Para fazer um laço é necessário unir as pontas... 31
Referências
Almeida, P.S., Estimulação na Creche: efeitos sobre o desenvolvimento
e comportamento da criança. Tese de Doutorado em Neurologia,
Curso de Pós-Graduação em Neurologia, Subárea de Neurociências,
Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto,
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Amazonas, M.C.L.A.; Damasceno, P.R.; Terto, L.M.S. & Silva, R.R.,
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Para fazer um laço é necessário unir as pontas... 39
1. Introdução
Você já imaginou se pudesse saber onde estão as informações que você
precisa quando quisesse tomar uma decisão? Por exemplo, se precisasse
comprar algum produto e, ao abrir um caderno, tivesse a lista de preços de
todos os mercados para saber em qual ir antes de sair de casa? Pois bem,
é isso que muitas vezes algumas instituições tentam fazer ao realizar um
mapeamento dos locais.
Isso acontece na gestão municipal, estadual e federal. Levantamentos
são feitos em relação ao número de habitantes, renda, escolaridade,
doenças, preferências, etc. Tais estudos têm como objetivo conhecer
as regiões e o perfil de quem mora ali, para que as melhores tomadas
de decisões sejam feitas no momento de decidir como serão feitos os
investimentos e quais são as prioridades mais urgentes. Que tal conhecer
um pouco melhor como funciona todo esse processo e como ele pode ser
aplicado na saúde da criança de 0 a 5 anos?
Veja a seguir...
2. Geoprocessamento em Saúde
O uso de computadores para realizar um mapeamento na área da saúde
é algo novo, mesmo em âmbitos mundiais. Tal limitação se dava pelo
alto custo de implantação dos projetos, bem como pelas dificuldades de
montagem de bancos de dados. No entanto, a partir dos anos 90, houve
uma grande evolução na área, com um aumento do número de usuários
destes sistemas para o mapeamento digital, sendo possı́vel a construção de
mapas temáticos (Nardi et al., 2013).
O mundo, atualmente, encontra-se em um perı́odo de grande evolução
industrial e econômica. Para acompanhar essa evolução, a população
∗ Autor para contato: zanardiufpr@gmail.com
Luize Bueno de Araujo & Vera Lúcia Israel (Ed.), (2017) DOI: 10.7436/2017.dcfes.04 ISBN 978-85-64619-19-7
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Geoprocessamento como instrumento no processo fisioterapêutico 51
Fisioterapia Neurofuncional:
Atualização de Intervenções na Infância
1. Introdução
O objetivo deste capı́tulo é revisar e atualizar os principais recursos,
técnicas e métodos da Fisioterapia neurofuncional aplicada à infância na
atualidade, para assim trazer evidências conhecidas e atualizadas sobre
seus efeitos em crianças.
A Fisioterapia busca promover ao máximo a independência funcional,
por meio do ganho de habilidades motoras utilizando técnicas e
métodos com base em conhecimento cientı́fico que propõem a realização
de movimentos em diferentes condições ambientais e com diversos
instrumentos. Existe uma enorme variedade de recursos, tidos como mais
tradicionais até recursos alternativos.
Com base na prática e experiência clı́nica das autoras, buscou-se em
diversas bases de dados, livros, sites dos conselhos, informações sobre
métodos de intervenção em neuropediatria com combinações de termos
de métodos, técnicas e/ou recursos já consagrados e conhecidos, assim
como novos recursos, com objetivo de explanar as atualizações e evidências
cientı́ficas do uso dos métodos e recursos disponı́veis para crianças tı́picas
ou com desordens neuromotoras.
Foi realizada uma revisão integrativa seguindo 6 passos: pergunta
norteadora; busca na literatura; coleta de dados; análise crı́tica dos estudos
incluı́dos; discussão dos resultados e revisão integrativa. Após a seleção de
artigos, foram discutidos os seguintes temas:
1. Métodos e/ou técnicas utilizados pela Fisioterapia,
2. Métodos Integrativos e
3. Recursos Auxiliares Adicionais.
∗ Autor para contato: ribasmelo@gmail.com
Luize Bueno de Araujo & Vera Lúcia Israel (Ed.), (2017) DOI: 10.7436/2017.dcfes.05 ISBN 978-85-64619-19-7
54 Mélo et al.
(Bower et al., 1996), embora ainda não haja consenso da melhor intensidade
e frequência no treinamento (Bailes et al., 2010).
Em crianças define-se como intensivas, ou terapias neuromotoras
intensivas, rotinas com curtos perı́odos de 2 (Bower et al., 1996) a 3-4h por
dia de exercı́cios (Bar-Haim et al., 2006; Carr et al., 2006; Bailes et al., 2008;
Christy et al., 2010) 5 vezes por semana (Scheeren et al., 2012) intercalados
com longos perı́odos de descanso ou terapia convencional (Christy et al.,
2010). Os perı́odos de descanso entre os módulos são justificados tanto
pela questão do estresse ocasionado pelas atividades intensivas como pela
necessidade da criança se envolver em outras tarefas que não somente a
reabilitação (Christy et al., 2010). É uma terapia que tem alto custo,
envolve dedicação exclusiva e para algumas crianças o uso do traje pode
ser desconfortável (Bailes et al., 2011). Nos Estados Unidos estima-se que
cada módulo pode custar 10 mil dólares (Christy et al., 2010).
Dentre as TNMI há denominações especı́ficas relacionadas ao tipo de
vestimenta e protocolo. De maneira geral encontraremos citações sobre
Penguimsuitr , AdeliSuitr (Shvarkov et al., 1997; Bar-Haim et al., 2006),
TheraSuitr (Bailes et al., 2010), Pedia Suitr (Scheeren et al., 2012) e
Terapia Neuromotora Intensiva (TNMI) (Neves et al., 2013, 2014), todos
com propostas semelhantes e alguns diferenciais quanto a vestimenta e o
seu momento de colocação.
De forma semelhante ao AdeliSuitr e TheraSuitr , o protocolo do Pedia
Suitr é parecido ao do TheraSuitr e utilizado na TNMI. De forma geral
a TNMI, assim como as demais terapias com protocolo intensivo consiste
em:
a) Aquecimento (incluindo massagem, alongamento, cinesioterapia com
mobilização ativa);
b) Exercı́cios resistidos em membros inferiores e superiores (gaiola com
cinesioterapia ativo resistido);
c) Exercı́cios resistidos com uso do traje (gaiola com os elásticos, prancha
de equilı́brio, bola, rolos, feijão, cama elástica);
d) Manobras de fisioterapia respiratória;
e) Treino de marcha (com uso do traje em terrenos irregulares, escada,
rampa, esteira, grama, barras paralelas sem e com obstáculos).
Cada módulo é realizado durante 5 semanas, 4 horas seguidas por dia
durante 5 dias na semana. Em cada sessão são previstas pausas para
descanso, hidratação e/ou toalete (Scheeren et al., 2012; Neves et al., 2013).
Com relação às evidências dos exercı́cios intensivos, são descritos
ganhos de habilidades motoras independente da modalidade: Fisioterapia
convencional, conceito neuroevolutivo ou terapias com trajes (Bower
et al., 1996; Bar-Haim et al., 2006; Carr et al., 2006; Christy et al.,
2010). Pesquisadores (Alagesan & Shetty, 2011) defendem que o traje
60 Mélo et al.
2.2.4 Equoterapia
A equoterapia ou hipoterapia é uma forma de intervenção feita sobre o
cavalo que oferece inputs sensoriais que auxiliam nos objetivos terapêuticos,
por meio do movimento do cavalo (Dewar et al., 2015). É uma prática
interdisciplinar da saúde, educação e equitação e deve ser feita após uma
avaliação médica, psicológica e fisioterapêutica (Silva & Aguiar, 2008).
64 Mélo et al.
2.2.6 Psicomotricidade
Pode ser considerada uma especialidade e constitui área de conhecimento
e práticas de atuação multi e interdisciplinar. A psicomotricidade auxilia o
indivı́duo a integrar suas atividades funcionais a percepção do movimento
efetivo e promove a interação entre o gesto motor e o sentido social e
ambiental da produção de movimento (Israel et al., 2014).
Desta forma, tais atividades trabalham no desenvolvimento motor,
sensorial, cognitivo, social e psicológico e ampliam a criatividade. Com
utilização de estratégias lúdicas adequadas a cada faixa etária, que utilizam
a brincadeira como recurso para o aprendizado com a utilização de
dimensões como funções motoras, cognitivas e afetivas, com utilização de
diferentes recursos como jogos e brinquedos de todos os tipos (Israel et al.,
2014).
Partindo do pressuposto que o processo de desenvolvimento progride do
geral para o especı́fico, há a necessidade de se explorar a aquisição motora
em todas as faixas etárias, de maneira global e variável, de acordo com
cada sujeito. Para isso a psicomotricidade utiliza alguns elementos básicos
como esquema corporal, estruturação espacial, lateralidade, orientação
temporal, ritmo, motricidade global e especı́fica. Tais elementos favorecem
o desenvolvimento de noções de tempo e espaço (Rossi, 2012).
Neste sentido, as atividades lúdicas da psicomotricidade irão permitir
que a criança desenvolva uma compreensão da forma como seu corpo se
move e das relações que ela faz com o ambiente que vive (Rossi, 2012).
Fisioterapia Neurofuncional 65
3. Métodos Integrativos
Desde 1960 há uma busca por novas terapias na área de saúde,
relacionadas a diferentes fatores, dentre eles, insatisfação da atenção em
saúde fragmentada, mudanças no perfil do desenvolvimento das doenças
com maior aparecimento das doenças crônico-degenerativas, aumento
da expectativa de vida, busca por uma maior autonomia no processo
terapêutico, dúvidas e receios quanto a reações adversas de intervenções
medicamentosas e cirúrgicas e busca pelas causas das alterações em saúde
(Otani & Barros, 2011). Essa busca pela integralidade em saúde acaba por
estar em consonância com a visão contextual e ampliada da saúde proposta
pela CIF na busca pela compreensão do indivı́duo em sua totalidade.
Neste sentido, surgem as terapias integrativas que visam promover
saúde de forma a equilibrar nossa vida. A integralidade ao cuidado
à saúde, proposto pelas terapias complementares, é uma das diretrizes
aprovadas na 8a Conferência Nacional de Saúde e colocada como princı́pio
doutrinário do Sistema Único de Saúde (SUS) (Thiago & Tesser, 2011).
Tais técnicas buscam entender para que adoecemos, e assim, como tratamos
a causa, origem dos nossos sintomas. Desta forma, as terapias alternativas
aprofundam-se na causa dos problemas em saúde, normalmente explicados
por questões de estilo de vida, experiências vividas de maneira traumática
e em isolamento e relações ambientais (Otani & Barros, 2011).
A busca por métodos alternativos de atenção em saúde tem crescido
no mundo, em especial no Brasil, estes podem contribuir em todas as
intervenções em saúde, buscando uma melhor adaptação à medicações e
a própria desmedicalização parcial (Thiago & Tesser, 2011).
Dentro deste paradigma de terapias integrativas, no cenário da atenção
em saúde, destacam-se a Fisioterapia Aquática, Osteopatia, Leitura
Biológica, Nova Medicina Germânica, Microfisioterapia e Bioalinhamento,
técnicas inovadoras que buscam conhecer a causa das alterações em saúde
(Schorne et al., 2015). Tais técnicas buscam por meio de terapia manual,
investigar junto ao paciente o que os levou a desenvolver determinadas
doenças. Pelo toque corporal e informações verbais do terapeuta e do
paciente são aplicadas correções corporais na busca pelo equilı́brio corporal
(Souza, 2015). Todos os métodos integrativos citados podem ser utilizados
em crianças com desordens neuromotoras, porém escassos e até inexistentes
66 Mélo et al.
3.2 Acupuntura
A acupuntura é um método de intervenção que utiliza agulha para
promover um estı́mulo-organizador e equilı́brio orgânico, por meio de
um raciocı́nio terapêutico que envolve múltiplas variáveis a respeito da
fisiologia (Bellotto Junior et al., 2005). No Brasil a utilização da
acupuntura tem sido crescente, como forma de terapia integrativa, com
necessidade de maiores comprovações cientı́ficas (Palmeira, 1990).
Em crianças o uso de agulhas é realizado geralmente a partir
dos 7 anos de idade, mas com poucas publicações em crianças com
desordens neuromotoras. Uma alternativa ao uso em crianças é utilizar
sementes em pontos na orelha (auriculoterapia) ou laser nos pontos
de acupuntura. Estudos internacionais sobre acupuntura em crianças
com desordens neuromotoras apresentam evidências divergentes: uma
pesquisa em crianças com PC não encontrou diferença significativa na
administração concomitante de acupuntura à Fisioterapia (Duncan et al.,
2012). Outras pesquisas evidenciaram efeitos positivos em crianças com
PC, na modulação da espasticidade (Dabbous et al., 2016), força muscular
e aquisição do sentar em bebês (Zhang et al., 2015) e AVD’s (Yang
et al., 2015). Também são percebidos efeitos positivos por meio da
auriculoterapia em crianças com PC no tratamento de alterações associadas
como ansiedade e distúrbios do sono (Lai et al., 2015), sem serem
relatados efeitos adversos significativos, o que demonstra uma possibilidade
terapêutica coadjuvante promissora, assim como a necessidade de maiores
investigações cientı́ficas.
Um estudo multicêntrico randomizado e controlado (Wu et al.,
2015) verificou o efeito da acupuntura associada ao exercı́cio fı́sico na
aprendizagem em pessoas com AVE. Participaram do estudo 364 pessoas
divididas em grupo controle e experimental. Notou-se que o grupo
experimental apresentou após 4 semanas de tratamento melhoras na função
motora e redução dos comprometimentos neurológicos inclusive no perı́odo
de destreino que ocorreu até o 5 mês após o término do programa de
tratamento.
3.3 Osteopatia
A osteopatia é uma técnica de terapia manual recentemente inserida no
currı́culo da Fisioterapia, faz diagnóstico palpatório de bloqueios tissulares
e de manipulações em disfunções e/ou lesões, de maneira a promover uma
melhora no que se encontra alterado. A osteopatia entende que a estrutura
determina a função e devem ser tratadas de forma indissociada (Schorne
et al., 2015).
68 Mélo et al.
3.5 Microfisioterapia
A Microfisioterapia é um método de Terapia Manual desenvolvida na
França em 1983 pelos fisioterapeutas e osteopatas Daniel Grosjean e Patrice
Benini. Sua base teórica está na embriologia, filogênese e ontogênese.
A Microfisioterapia consiste em identificar a causa primária de uma
doença ou sintoma e estimular a autocura por meio de técnicas para
reprogramação celular e tecidual (Schorne et al., 2015).
Nessa técnica o fisioterapeuta realiza micropalpação seletiva dos
folhetos embrionários, identificando memórias que se instalaram, e
provocaram sintomas corporais (Schorne et al., 2015) de modo que o corpo
reconheça o fator agressor e inicie o processo de correção e reparo da ação.
A agressão pode gerar cicatrizes que atrapalham o funcionamento celular
gerando um sintoma.
3.6 Bioalinhamento
O Bioalinhamento por sua vez, foi desenvolvido no Brasil pelos
Fisioterapeutas Adaylton Leonel de Souza, Adalton Leonel de Souza e
Cı́ntia Frigo Leonel. É um método que se baseia na relação entre os
conflitos biológicos inscritos durante a vida e as “doenças” orgânicas por
eles gerados, oferecendo uma abordagem transpessoal como elo alinhador
das funções normais do organismo integral.
Na terapia são utilizados toques corporais e informações verbais
especı́ficas como estı́mulos de correção da informação que gerou uma
agressão ao organismo, gerando um sintoma. A técnica é ampliada por
estudos da Nova Medicina Germânica, Embriologia e Fı́sica Quântica,
Fisioterapia Neurofuncional 69
4.2 TheraTogsr
Constituem órteses por vestimentas compressivas de lycra, criadas
por Beverly Cusick (Theratogs, 2016) com a proposta de facilitar o
alinhamento, a postura e as atividades funcionais de crianças com
desordens neuromotoras, devendo ser utilizada de maneira intensiva para
serem evidenciados efeitos positivos (Flanagan et al., 2009; Moberg-Wolff
et al., 2013).
Esses efeitos foram confirmados para a função do equilı́brio, habilidades
funcionais de crianças com PC nı́vel I pelo GMFCS (Flanagan et al., 2009)
e marcha (Rojas et al., 2008; Flanagan et al., 2009; Kafy et al., 2013;
El-Kafy, 2014). Alguns pontos negativos são relatados: desconforto da
criança, utilização do banheiro e higiene, calor com uso do traje (Flanagan
et al., 2009).
70 Mélo et al.
4.3 Órteses
As órteses são dispositivos que tradicionalmente são utilizados, em especial
para crianças e em casos de comprometimentos neurológicos. Esse
dispositivo gera forças externas que facilitam função motora e/ou o
posicionamento buscando alinhamento corporal. Minimizam ou corrigem
encurtamentos e deformidades, melhoram a qualidade ao movimento,
evitando padrões atı́picos, desequilı́brio, favorecendo o desempenho
neuromotor e a independência fı́sico-motora. O fisioterapeuta auxilia a
equipe a planejar e executar estratégias de utilização das órteses, além de
treinar seu uso e orientar os cuidados (Oliveira et al., 2010; Carvalho, 2013).
O uso de órteses em crianças com PC traz melhoras significativas
nos parâmetros qualitativos da marcha, bem como no desempenho motor
grosso, quando comparado essas variáveis executadas com e sem o uso
de órteses, o que impacta positivamente nos domı́nios de atividade e de
participação da CIF para essas crianças (Cury et al., 2006).
4.4 O WalkAide
Devido a diversas doenças neurológicas, muitas crianças desenvolvem
padrões atı́picos de marcha por fraqueza muscular e aumento de tônus
em membros inferiores. As órteses buscam dentro de suas possibilidades
promover melhores padrões de marcha. Como formas mais funcionais de
órteses temos hoje o WalkAide (Nogueira Neto et al., 2010).
O Walkaide é um estimulador neuromuscular de único canal funcional
de uso externo que opera a bateria, indicado para pacientes com redução de
força de dosiflexores do tornozelo em decorrência de lesões neurológicas. Na
fase de balanço da marcha o WalkAide estimula os músculos dorsiflexores
otimizando a passada. Ainda como benefı́cios do aparelho são observados a
redução da fraqueza e ganho de força muscular, aumento do fluxo sanguı́neo
e manutenção ou ganho amplitude do movimento articular e redução de
espasticidade dos flexores plantares (Nogueira Neto et al., 2010).
Este aparelho já foi testado em pessoas com alteração da marcha
em decorrência de lesão medular, paralisia cerebral, esclerose múltipla,
traumatismo crâneo-encefálico e acidente vascular encefálico tendo
resultados positivos de melhora funcional da marcha em até duas semanas
de utilização.
São contraindicações para o seu uso: marca-passo cardı́aco, trombose
na área de aplicação, convulsões, neuropatia periférica, sı́ndrome de
Guillain-Barré, sı́ndrome pós-pólio, alterações do membro inferior por
trauma direto e alterações secundárias a cirurgias de coluna, quadril e
joelho.
4.7 Biofeedback
O uso de dicas externas e de estratégias cognitivas é considerado estratégias
auxiliares na aprendizagem de movimento. Nesse sentido o biofeedback
consiste em um instrumento para o ajuste (adaptação e readaptação) de
estratégias motoras (Cortés et al., 2010).
O objetivo do feedback é realimentar constantemente o indivı́duo com
relação às informações dinâmicas durante seu treinamento, tendo como
vantagem permitir que pequenas mudanças no movimento sejam avisadas
e recompensadas e gradualmente transformadas em mudanças maiores, ao
mesmo tempo que age de maneira motivacional, ensinando a pessoa a ter
melhor controle sobre seu corpo (Cruz, 2003).
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88
.
Capítulo 6
1. Introdução
No inı́cio da civilização o homem tinha que caçar seu próprio alimento, e
para isso, ele corria, pulava, nadava, escalava, ou seja, realizava atividades
fı́sicas intensas para sua sobrevivência ao mesmo tempo que cuidava e criava
de sua prole, atividade destinada mais às mulheres. Atrelada à Revolução
Industrial no século XVIII (Aguiar, 2009) e depois da Segunda Guerra
Mundial houve profundas mudanças sociais, com a inserção da mulher
no mercado (Tardido & Falcão, 2006), o que ocasionou uma modificação
na forma de cuidar das crianças, que agora permaneciam em locais
denominados creches (Aguiar, 2009). Além disso motivou-se a fabricação
de alimentos pré-preparados (Aguiar, 2009) com consequentes mudanças
nos perfis epidemiológicos e aumento de doenças crônicas relacionadas aos
hábitos de vida (Tardido & Falcão, 2006).
Isso configura um novo modelo de cuidar e/ou educar. Se antes as
crianças eram criadas em casas, ambientes espaçosos, onde podiam correr
e brincar, até mesmo na rua, com o tempo com a urbanização e violência,
e as crianças passaram a ficar dentro de casa, em apartamentos com pouco
espaço para de desenvolver, e/ou sob cuidados muitas vezes de outras
pessoas que não os pais, como familiares e/ou babás e ainda podendo esse
cuidado ser terceirizado nas creches.
No inı́cio desse século novas ferramentas e instrumentos estão
possibilitando transformações sociais (Brito & da Purificação, 2008).
∗ Autor para contato: ribasmelo@gmail.com
Luize Bueno de Araujo & Vera Lúcia Israel (Ed.), (2017) DOI: 10.7436/2017.dcfes.06 ISBN 978-85-64619-19-7
90 Mélo & Fink
2. Metodologia
O presente trabalho buscou revisar de forma crı́tica alguns trabalhos
que analisaram a influência das mı́dias e/ou tecnologias sobre o
desenvolvimento infantil. Com base no questionamento que originou o
tı́tulo deste capı́tulo: seriam as mı́dias amigas ou vilãs do desenvolvimento
infantil?
Como suporte teórico buscaram-se trabalhos em livros, bases de
dados como Scielo, Pubmed, Google acadêmico, ou sites relacionados
a estudos nacionais e internacionais sobre o tema. Como palavras-
chave foram utilizados os termos “desenvolvimento infantil e tecnologias”,
“desenvolvimento e mı́dias”, “infância e mı́dias”, “infância e tecnologias”,
porém não se detendo somente a esses descritores como também realizando
buscas em trabalhos citados.
As figuras nesse capı́tulo, mais do que ilustrações informativas buscam
a sua reflexão.
mais tempo companhia das mı́dias do que na escola ou com sua famı́lia e
amigos (Buckingham, 2007) e esse novo cenário passou a se tornar interesse
de estudo em vários paı́ses (Buckingham, 2002).
Em estudo, feito em Portugal, sobre a preferência e escolha de gadgets:
a perspectiva da criança, Gomes (2014) concluiu que mais da metade das
crianças menores de 12 anos usam os tablets; 77% usam em jogos; 57%
em educação; 55% em entretenimento nas viagens; 43% para assistir a
programas de televisão; 41% entretenimento nos restaurantes e 15% para
comunicar com os amigos. 55% das crianças responderam que preferem
comprar jogos, 33% a roupas (33%) e produtos desportivos (11%) .
Buckingham (2000, p. 05) no entanto alerta para a necessidade de
uma visão crı́tica no uso das mı́dias e de sua influência no desenvolvimento
infantil. Para o autor:
...as mı́dias est~
ao longe de ser a causa única dessas
mudanças: elas nem s~ao as destruidoras aut^onomas da
inf^
ancia, nem suas libertadoras.
N~
ao se pode examinar as mı́dias de forma isolada -
seja como o agente causador do desaparecimento da
inf^
ancia, seja como a raz~ ao de seu maior poder. Ao
contrário, é essencial situar a relaç~
ao das crianças
com as mı́dias no contexto das mudanças sociais e
históricas mais amplas (Buckingham, 2000, p. 52).
das tecnologias por crianças menores de dois anos, pois esta recomendação
foi redigida antes da explosão dos aplicativos e Ipads, orientando para que
as crianças sempre tem que ter o acompanhamento dos pais (O Globo,
2015).
com limite de uso diário de 1h. Somente a partir dos 6 anos que esse tempo
pode ser ampliado para 2h por dia e aos 13 para 3h por dia. Lembrando
aqui que esse uso deve ser monitorado pela famı́lia, tanto em tempo, como
em conteúdo. Em contrapartida a atividade fı́sica, por meio de brincadeiras
e/ou jogos é indicada em todas as faixas etárias, podendo a partir dos 5/6
anos serem atividades mais vigorosas.
3.3 O brincar
Além das questões mencionadas sobre o uso de mı́dias, a prática de
atividade fı́sica por meio de brincadeiras auxilia a evitar o sedentarismo,
manutenção de massa corporal com nı́veis de IMC adequados, mantendo-
se eutróficas3 por serem mais ativas, e ficarem menos tempo expostas à
televisão e videogame, atividades essas que em tempos prolongados são
associadas à com sobrepeso, com possibilidades de desenvolvimento de
doenças na vida adulta (Carneiro, 2007).
A atividade fı́sica, por meio de exercı́cios fı́sicos incentiva a produção
de hormônio de crescimento e também auxilia no metabolismo de lipı́dios,
proteı́nas e glicı́dios (Carneiro, 2007).
Segundo a OMS (World Health Association, 2011) a evidência
cientı́fica disponı́vel para a faixa etária entre cinco e dezessete anos
apoia que a atividade fı́sica proporciona benefı́cios para a saúde
fundamentais para crianças e adolescentes. Nı́veis adequados de atividade
fı́sica contribuem para o desenvolvimento musculoesquelético, sistema
cardiovascular, consciência neuromuscular, manutenção do peso corporal,
auxilia no desenvolvimento social, autoconfiança e melhor controle da
ansiedade e depressão. A recomendação é que pratiquem sessenta minutos
de atividade fı́sica por dia, o que inclui: brincadeiras, jogos, esportes,
tarefas, educação fı́sica, transporte.
Sem dúvidas o brincar é essencial para a criança, pois através das
brincadeiras elas testam suas habilidades e tentam superar seus limites. Os
jogos com bola, como vôlei, basquete, futebol, handball proporcionam uma
atividade fı́sica intensa para a criança, e com isso o desenvolvimento das
habilidades motoras. Outros tipos de brinquedos, como bicicletas, patins,
skates e cordas também incentivam a atividade fı́sica intensa e auxiliam
as crianças a dominarem seus movimentos e a exercitarem os aspectos
necessários para uma boa motricidade, tais como o equilı́brio e as noções
de esquema corporal, temporal e percepção viso motora
Porém dados de uma pesquisa internacional, feita pela OMO,
denominada “Valor do Brincar Livre4 ”, relata que contraditoriamente a
importância dada ao brincar por 98% dos pais, 87% desses percebem que
suas crianças deveriam brincar mais! A pesquisa5 foi realizada com 12 mil
pais de crianças em idade de 5 a 12 anos, em 2016, em vários paı́ses. Além
3 Por crianças eutróficas entende-se aquelas com peso adequado para sua altura,
ou seja, IMC dentro dos parâmetros ideias.
4 Estudo conduzido por Edelman Berland, agência independente de pesquisa
de marketing. Levantamento realizado entre fevereiro e março de 2016 nos
EUA, Brasil, Reino Unido, Turquia, Portugal, África do Sul, Vietnã, China,
Indonésia e Índia. Participação de especialistas como Stuart Brown, Priscila
Cruz, Vital Didonet.
5 O vı́deo da pesquisa, de 60” pode ser visto em http://www.dirtisgood.com/
br/home.html?gclid=CLv0kaz5pMwCFRMJkQodvFYK4A
Mídias: amigas ou vilãs? 101