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AS LEIS

As Leis de Platão apresentam-se como uma coleção de comandos jurídicos


detalhados que trata sobre diversos temas, entre eles a composição do Estado ideal
em uma cidade utópica chamada Magnésia e a imprescindibilidade na crença nas
divindades. A preocupação de Platão com as crenças religiosas está associada à
necessidade de manutenção da ordem moral e política. Para o filósofo, uma cidade
em que seus habitantes duvidam da existência de seres superiores capazes de punir
os ímpios será sempre vítima do caos moral. A crença nos deuses foi então
defendida como elemento fundamental para o bem da pólis e a excelência dos
cidadãos e, neste sentido, Platão tentou articular as dimensões humana e divina.

DOS DELITOS E DAS PENAS


O maravilhoso livro dos delitos e das penas de Cesare Beccaria é um clássico das
ciências jurídicas, escrito em mil setecentos e sessenta e quatro, aborda questões
ainda atualíssimas, coloca as leis e execuções penais sobre uma visão da razão em
favor da humanidade. Foi ainda um pioneiro ao questionar contra a tradição jurídica
à época em que vivia. Dos Delitos e das Penas aborda falhas de um sistema penal
que privilegiava a numerosamente minoritária elite e subjugava a enorme maioria de
miseráveis e desafortunados é condição para o livre desenvolvimento de todos”

Beccaria questiona o valor punitivo e vingativo das leis, que ele afirma, devem
possuir caráter educativo e preventivo. Aborda o papel exclusivo do legislador como
elaborador das leis, e que as mesmas não sejam obscuras para evitar
interpretações dúbias por parte de juízes e tribunais que visam a defender
interesses particulares.

Melhor prevenir os crimes que puni-los. Esta é a finalidade precípua de toda boa
legislação, arte de conduzir os homens ao máximo de felicidade... Entretanto, os
meios empregados até agora têm sido, em sua maioria, falsos e contrários ao fim
proposto. Não é possível reduzir a desordenada atividade dos homens a uma ordem
geométrica, sem irregularidade e sem confusão. (pag. 128)

O autor faz nobre e humilde protesto contra práticas abusivas dos tribunais, como a
legitimidade dos testemunhos, os julgamentos secretos, os interrogatórios
sugestivos, a utilização da tortura na obtenção de confissões, a duração e
prescrição das penas, a utilidade da pena de morte, entre muitas outras.

Nessa obra, o autor lança luz sobre princípios básicos que hoje regem as leis, por
exemplo, a igualdade de julgamento para criminosos que cometem o mesmo crime,
a necessidade da aplicação da mais moderada das penas aplicáveis, para que a
justiça não seja instrumento de vingança particular ou punição e a proporção das
penas considerandose exclusivamente o delito cometido. A importância da obra de
Cesare Beccaria foi reconhecida, por vários autores e filósofos, pois defendeu os
ideais de igualdade preconizados pelo iluminismo e os traduziu de forma brilhante
para o Direito e a legislação.

Em vista do acima exposto, cumpre e vale lembrar que o Direito se encontra


aprisionado ou até mesmo amarrado pelas normas estatais, mas é muito mais que
isso. Ele deve ser autêntico e global e, portanto, não pode esgotar-se na lei, pois
está relacionado a princípios e normas libertadoras, tendo a lei, apenas, como uma
de suas consequências. Reduzi-lo à pura legalidade é reduzi-lo a uma dogmática.

CÓDIGO DE MANU:
As Leis de Manu são tidas como a primeira organização geral da sociedade sob a
forte motivação religiosa e política.
O Código de Manu (Manusmriti, Leis de Manu ou Manava-dharma-shastra, o Texto
Dharma de Manu, em sânscrito), o mais importante dos livros do Código Hindu, é
considerado um dos textos jurídicos mais antigos de que se tem notícia, tendo sido
elaborado na Índia há cerca de 2100 anos (GARCIA-GALLO, 1972; OLIVELLE,
2004; NAEGELE, 2008).

Ao contrário dos Vedas, obra religiosa cuja origem é considerada divina, a tradição
hindu considera que o código de Manu teria sido compilado pelo primeiro ser
humano, Manu, criado pelo deus Brahma

O Código de Manu prescreve o ideal de sociedade na concepção indiana, contendo


leis e regras de conduta aplicáveis aos indivíduos, às comunidades e às nações.
Algumas das leis do Código de Manu regulam o sistema de castas hindu

De modo geral, as leis do Código de Manu regulam a conduta em termos sociais e


religiosos, tendo como referência o princípio ético universal do dharma, isto é,
conjunto de obrigações que cada indivíduo membro de uma das castas deve
necessariamente obedecer

De acordo com Naegele (2008), vários autores hindus consideram que o Código de
Manu é mal interpretado pelos ocidentais e alegam que ele não prescreve a
exploração de uma casta pela outra. Pelo contrário, o código determina que o
sistema de castas deve ser baseado em cooperação, serviço mútuo à divindade e
os direitos e responsabilidades proporcionais aos atributos e ao caráter de cada
casta. Por exemplo, embora os guerreiros venham a possuir grande riqueza e
poder, espera-se que eles sejam os primeiros a combater e a morrer em uma
guerra. Por outro lado, a casta dos brâmanes desfruta do mais alto prestígio social,
mas exige-se que os membros dessa casta tenham o controle total sobre a mente e
os sentidos.
Da mesma forma que o Código de Hamurabi influenciou o direito dos povos da
Antiguidade do Oriente Médio e da Europa Mediterrânea, o Código de Manu serviu
de modelo para o direito de vários povos no Oriente.

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