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Beccaria questiona o valor punitivo e vingativo das leis, que ele afirma, devem
possuir caráter educativo e preventivo. Aborda o papel exclusivo do legislador como
elaborador das leis, e que as mesmas não sejam obscuras para evitar
interpretações dúbias por parte de juízes e tribunais que visam a defender
interesses particulares.
Melhor prevenir os crimes que puni-los. Esta é a finalidade precípua de toda boa
legislação, arte de conduzir os homens ao máximo de felicidade... Entretanto, os
meios empregados até agora têm sido, em sua maioria, falsos e contrários ao fim
proposto. Não é possível reduzir a desordenada atividade dos homens a uma ordem
geométrica, sem irregularidade e sem confusão. (pag. 128)
O autor faz nobre e humilde protesto contra práticas abusivas dos tribunais, como a
legitimidade dos testemunhos, os julgamentos secretos, os interrogatórios
sugestivos, a utilização da tortura na obtenção de confissões, a duração e
prescrição das penas, a utilidade da pena de morte, entre muitas outras.
Nessa obra, o autor lança luz sobre princípios básicos que hoje regem as leis, por
exemplo, a igualdade de julgamento para criminosos que cometem o mesmo crime,
a necessidade da aplicação da mais moderada das penas aplicáveis, para que a
justiça não seja instrumento de vingança particular ou punição e a proporção das
penas considerandose exclusivamente o delito cometido. A importância da obra de
Cesare Beccaria foi reconhecida, por vários autores e filósofos, pois defendeu os
ideais de igualdade preconizados pelo iluminismo e os traduziu de forma brilhante
para o Direito e a legislação.
CÓDIGO DE MANU:
As Leis de Manu são tidas como a primeira organização geral da sociedade sob a
forte motivação religiosa e política.
O Código de Manu (Manusmriti, Leis de Manu ou Manava-dharma-shastra, o Texto
Dharma de Manu, em sânscrito), o mais importante dos livros do Código Hindu, é
considerado um dos textos jurídicos mais antigos de que se tem notícia, tendo sido
elaborado na Índia há cerca de 2100 anos (GARCIA-GALLO, 1972; OLIVELLE,
2004; NAEGELE, 2008).
Ao contrário dos Vedas, obra religiosa cuja origem é considerada divina, a tradição
hindu considera que o código de Manu teria sido compilado pelo primeiro ser
humano, Manu, criado pelo deus Brahma
De acordo com Naegele (2008), vários autores hindus consideram que o Código de
Manu é mal interpretado pelos ocidentais e alegam que ele não prescreve a
exploração de uma casta pela outra. Pelo contrário, o código determina que o
sistema de castas deve ser baseado em cooperação, serviço mútuo à divindade e
os direitos e responsabilidades proporcionais aos atributos e ao caráter de cada
casta. Por exemplo, embora os guerreiros venham a possuir grande riqueza e
poder, espera-se que eles sejam os primeiros a combater e a morrer em uma
guerra. Por outro lado, a casta dos brâmanes desfruta do mais alto prestígio social,
mas exige-se que os membros dessa casta tenham o controle total sobre a mente e
os sentidos.
Da mesma forma que o Código de Hamurabi influenciou o direito dos povos da
Antiguidade do Oriente Médio e da Europa Mediterrânea, o Código de Manu serviu
de modelo para o direito de vários povos no Oriente.