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MÉTODOS USUAIS DE VENTILAÇÃO:

ASPECTOS GERAIS E APLICAÇÃO EM


CONTEXTOS CLÍNICOS ATUAIS
Lúcio Flávio Peixoto de Lima

Débora Frazão Leal

Denise Vilarino Louzada

• Introdução

Os ventilação pulmonar mecânica (VPMventilação pulmonar


mecânica) são os únicos associados de maneira comprovada a uma
melhor sobrevida em pacientes com insuficiência respiratória aguda
(IRAinsuficiência respiratória aguda) grave. Esses resultados
dependem da estratégia ventilatória adotada em diferentes
contextos clínicos e em diferentes combinações terapêuticas.
Embora ainda seja recomendada, a ventilação de alta frequência
(VAFventilação de alta frequência) não tem sido associada à redução
da mortalidade em crianças e adultos.1,2

Os supostos efeitos protetores da VAFventilação de alta frequência


sobre o pulmão têm sido questionados.3 Seu emprego tem sido
associado a maior biotrauma (comparada à ventilação convencional
em posição prona) e com similar efeito sobre a oxigenação.4 A
ventilação líquida não tem aplicação clínica. A oxigenação por
membrana extracorpórea (ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea) tem sido recomendada para os casos refratários à
terapia convencional.5

Neste capítulo, serão abordadas as definições e características dos


modos básicos de VPM- ventilação pulmonar mecânica. Serão
também discutidas as estratégias ventilatórias que visam a proteção
diafragmática, a proteção pulmonar e a sobrevida em ECMO-
oxigenação por membrana extracorpórea e as mudanças da
mecânica respiratória que ocorrem na posição prona e na
hipertensão intra-abdominal (HIAhipertensão intra-abdominal) e os
necessários ajustes dos parâmetros da VPMventilação pulmonar
mecânica.

• Objetivos

Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de

• definir e caracterizar os modos básicos de VPMventilação


pulmonar mecânica;
• reconhecer as vantagens e desvantagens dos modos
ventilatórios básicos;
• elaborar uma estratégia ventilatória diafragma–protetora;
• definir parâmetros ventilatórios em pacientes submetidos à
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea que
favorecem a sobrevida e a recuperação pulmonar;
• entender o papel protetor da ventilação em posição prona;
• configurar uma estratégia ventilatória adequada em pacientes
com HIAhipertensão intra-abdominal.

• Esquema conceitual
• Suporte respiratório

Os objetivos da VPMventilação pulmonar mecânica compreendem:

• adequação das trocas gasosas;


• favorecimento do transporte de oxigênio (preservação do
débito cardíaco [DC]);
• prevenção da lesão pulmonar associada;
• preservação da função diafragmática.

São as estratégias empregadas durante a VPMventilação pulmonar


mecânica, e não os modos ventilatórios, os determinantes de
sobrevida e de morbidade. A otimização do suporte respiratório,
com o atendimento de todos os seus objetivos, requer
conhecimento aprofundado da fisiopatologia, da mecânica
respiratória e dos modos de suporte respiratório.
Existem diversos modos de suporte respiratórios. Sua aplicabilidade
e efetividade estão representadas no Quadro 1.

Quadro 1

Suporte respiratório para insuficiência respiratória aguda grave


• Menor mortalidade
• Menor tempo de
• Ventilação convencional ventilação
• Menor tempo de
internação

• VAF- ventilação de alta • Maior biotrauma


frequência • Maior mortalidade

• Sem aplicabilidade
• Ventilação líquida
clínica

• ECMO- oxigenação por


• Método de resgate
membrana extracorpórea

VAFventilação de alta frequência: ventilação de alta frequência;


ECMOoxigenação por membrana extracorpórea: oxigenação por
membrana extracorpórea.

Os conceitos relevantes ao suporte respiratório são apresentados


no Quadro 2.

Quadro 2

Conceitos do suporte respiratório


É um ciclo de fluxo positivo (inspiração) e
• VPM-
fluxo negativo (expiração) definido em
ventilação
termos de uma curva fluxo versus tempo.
pulmonar Ela é classificada conforme o modo de
mecânica disparo e de ciclagem (Figura 1).

• Ventilação É aquela em que parte ou todo o trabalho


assistida respiratório é realizado pelo paciente.

• Ventilação É aquela em que todo o trabalho


controlada respiratório é executado pelo respirador.

É aquela em que o trabalho respiratório é


• Ventilação executado pelo paciente, embora um
espontânea suporte possa ser fornecido pelo
respirador.
Refere-se ao critério utilizado pelo
respirador para iniciar a VPMventilação
pulmonar mecânica. Ele pode ser
deflagrado pelo esforço inspiratório do
paciente ou mecanicamente. Em ventilação
assistida, trata-se do critério empregado
pelo respirador para detectar o esforço
inspiratório do paciente e iniciar,
• Disparo, sincronicamente, a inspiração mecânica.
sensibilidade Os disparos mais utilizados são por pressão
ou trigger ou fluxo.

Mais recentemente, a atividade elétrica


diafragmática (NAVAventilação assistida
ajustada neuralmente) vem sendo também
utilizada. O ajuste da sensibilidade objetiva
garantir um trabalho respiratório
semelhante ao que se observaria em uma
condição normal com vistas a preservar a
função diafragmática. Disparo por fluxo
são os mais utilizados, por reduzirem o
tempo entre o disparo e a abertura da
válvula inspiratória e o início da insuflação
pulmonar.
É a passagem da fase inspiratória para a
• Ciclagem expiratória. Os critérios utilizados pelo
respirador para isso podem ser volume,
tempo, fluxo ou pressão.
É a fração do Titempo inspiratório
necessário para que, após o disparo, se
atinja a pressão predeterminada no
respirador. Ao se alterar a rampa
inspiratória, está se ajustando o pico de
fluxo inspiratório. Valores empregados de
• Tempo de modo habitual variam de 10 a 20% do
rampa (rise Titempo inspiratório. Quanto maior o fluxo,
time ou slope) mais curto será o tempo de rampa. Para
pacientes “famintos” de ar, empregam-se
rampas mais curtas (10% do Titempo
inspiratório). Rampas < 10% do Titempo
inspiratório causam desconforto e podem
se associar à lesão pulmonar mecânica e
não são usualmente empregadas.

VPMventilação pulmonar mecânica: ventilação pulmonar mecânica;


NAVAventilação assistida ajustada neuralmente: ventilação assistida
ajustada neuralmente; Titempo inspiratório: tempo inspiratório.

Fonte: Adaptado de Chatburn e colaboradores (2014).6

A Figura 1 mostra a curva fluxo versus tempo.


Figura 1 — Curva fluxo versus tempo.

Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Existem três padrões possíveis de sequência das respirações:

• assisto–controladas (ACassisto–controladas): todas as


ventilações são mandatórias, disparadas ou não, pelo paciente;
não há ventilação espontânea;
• ventilação mandatória intermitente (VMIventilação
mandatória intermitente): um número predeterminado de
ventilações assistidas serão entregues ao paciente; se o
número de disparos pelo paciente for superior à frequência
predeterminada, ocorrerão ventilações espontâneas;
• ventilações espontâneas: poderão ou não receber um suporte
do respirador.

Baseado nessas sequências, existem cinco padrões ventilatórios


básicos:

• ACassisto–controladas–volume–controlado (VCvolume
controlado);
• ACassisto–controladas–pressão–controlada (PCpressão
controlada);
• VCvolume controlado–VMIventilação mandatória
intermitente;
• PCpressão controlada–VMIventilação mandatória
intermitente;
• PCpressão controlada–ventilação espontânea.

LEMBRAR

Respiradores modernos têm disponibilizado novos modos


ventilatórios (por exemplo, modo dual, ventilação proporcional
assistida, SmartCare/SPsuporte de pressão, IntelliVent-ASV,
suporte de pressão [SPsuporte de pressão] variável e outros). Eles
nada mais são que subtipos dos modos básicos, com alvos
específicos determinados por seus algoritmos (set-point, biovariável,
servo, adaptativo, ótimo, inteligente).

Nenhum modo de VPMventilação pulmonar mecânica tem


demonstrado superioridade clínica. A escolha dependerá da
familiaridade e da disponibilidade do modo, do contexto clínico e da
mecânica respiratória do paciente. Algumas estratégias ventilatórias
desenhadas a partir dos modos básicos de VPMventilação pulmonar
mecânica têm demonstrado efetividade clínica e serão discutidas ao
longo deste capítulo.

• Modos ventilatórios básicos

A seguir, são demonstrados os modos básicos de VPMventilação


pulmonar mecânica.

Ventilação com pressão controlada


No modo de ventilação com pressão controlada (PCVventilação
com pressão controlada), o operador seleciona a pressão
inspiratória, que permanecerá constante durante toda a inspiração.
O volume corrente (VCvolume controlado) é variável, dependendo
de alterações da mecânica respiratória do paciente. O fluxo,
necessariamente, é desacelerante. A ciclagem é por tempo, e o
Titempo inspiratório é fixo. A FR é determinada pelo doente
mediante o disparo. Não havendo o disparo, a FR será aquela
determinada no respirador. Nesse modo, não existe ventilação
espontânea. O trabalho respiratório do doente limita-se ao disparo.

Sendo a FR determinada pelo paciente e o Titempo inspiratório fixo,


quanto maior a FR, menor será o tempo expiratório. Em pacientes
muito taquipneicos, poderá haver inversão da relação
inspiração:expiração (relação I:E) de forma inadvertida. Alarmes de
FR devem estar ativados, e ações corretivas devem ser adotadas na
sua ocorrência. Costuma-se adotar como alarme de FR máxima
aquela em que a relação I:E será de 1:1. FR elevada pode resultar em
hipocapnia e seus graves efeitos, especialmente sobre o fluxo
sanguíneo cerebral. Alarmes de volume minuto devem estar
ativados para alertar sobre esse risco.

Sendo o VCvolume controlado variável, em situações clínicas em


que possa haver mudanças bruscas na mecânica respiratória (por
exemplo, aumento da resistência respiratória em pacientes
hipersecretivos; diálise peritoneal, com mudança de complacência
da caixa torácica determinada pela presença ou não do líquido na
cavidade abdominal), esse modo deve ser evitado, devido ao risco
de hipoventilação. Alarmes de VCvolume controlado devem estar
ativos.

Para evitar-se a lesão pulmonar associada à VPMventilação


pulmonar mecânica (em inglês, ventilator-induced lung injury
[VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar mecânica]),
recomenda-se que se utilizem pressões de pico que limitem o
VCvolume controlado (6 a 8mL/kg de peso ideal), a pressão de platô
a 25cmH2O e o driving pressure (DPdriving pressure) menor que
15cmH2O.7

A parametrização e ativação de alarmes é simples, mas de


importância indiscutível, por garantir que a ventilação siga de forma
segura e dentro do plano terapêutico proposto.

ATIVIDADES

1. Qual das alternativas apresenta características da VAFventilação


de alta frequência?

A) Menor mortalidade e menor tempo de ventilação.

B) Método de resgate e menor tempo de internação.

C) Sem aplicabilidade clínica.

D) Maior biotrauma e maior mortalidade.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".

Existem diversos modos de suporte respiratório. A aplicabilidade e


efetividade de cada um varia de acordo com sua utilização. A
ventilação de alta frequência caracteriza-se por maior biotrauma e
maior mortalidade.

Resposta correta.
Existem diversos modos de suporte respiratório. A aplicabilidade e
efetividade de cada um varia de acordo com sua utilização. A
ventilação de alta frequência caracteriza-se por maior biotrauma e
maior mortalidade.

A alternativa correta é a "D".

Existem diversos modos de suporte respiratório. A aplicabilidade e


efetividade de cada um varia de acordo com sua utilização. A
ventilação de alta frequência caracteriza-se por maior biotrauma e
maior mortalidade.

2. Qual é a melhor definição de ciclagem?

A) É a fração do Titempo inspiratório.

B) É a passagem da fase inspiratória para a expiratória.

C) É um ciclo de fluxo positivo e fluxo negativo definidos em


termos de uma curva fluxo versus tempo.

D) É o critério utilizado pelo respirador para iniciar a


VPMventilação pulmonar mecânica.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".

Ciclagem é a passagem da fase inspiratória para a expiratória. Os


critérios utilizados pelo respirador para isso podem ser volume,
tempo, fluxo ou pressão.
Resposta correta.

Ciclagem é a passagem da fase inspiratória para a expiratória. Os


critérios utilizados pelo respirador para isso podem ser volume,
tempo, fluxo ou pressão.

A alternativa correta é a "B".

Ciclagem é a passagem da fase inspiratória para a expiratória. Os


critérios utilizados pelo respirador para isso podem ser volume,
tempo, fluxo ou pressão.

3. Qual o valor habitualmente recomendado para a rampa


inspiratória?

A) De 10 a 20% do Titempo inspiratório.

B) De 25 a 50% do Titempo inspiratório.

C) De 1 a 5% do Titempo inspiratório.

D) De 100% do Titempo inspiratório.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".

Rampas inspiratórias muito curtas (menor que 10% do Titempo


inspiratório) geram desconforto ao paciente e podem causar
VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar mecânica.
Rampas inspiratórias longas (maior que 20% do Titempo
inspiratório) podem levar à assincronia respiratória (assincronia de
fluxo).

Resposta correta.

Rampas inspiratórias muito curtas (menor que 10% do Titempo


inspiratório) geram desconforto ao paciente e podem causar
VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar mecânica.
Rampas inspiratórias longas (maior que 20% do Titempo
inspiratório) podem levar à assincronia respiratória (assincronia de
fluxo).

A alternativa correta é a "A".

Rampas inspiratórias muito curtas (menor que 10% do Titempo


inspiratório) geram desconforto ao paciente e podem causar
VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar mecânica.
Rampas inspiratórias longas (maior que 20% do Titempo
inspiratório) podem levar à assincronia respiratória (assincronia de
fluxo).

4. Observe as afirmativas a respeito da PCVventilação com pressão


controlada.

I — A frequência respiratória é determinada pelo operador.

II — O operador seleciona a pressão inspiratória, que permanecerá


constante durante toda a inspiração.

III — O fluxo, necessariamente, é desacelerante.


IV — O VCvolume controlado é fixo e independe da mecânica
respiratória do paciente.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II e a III.

C) Apenas a II e a IV.

D) Apenas a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "B".

No modo de PCVventilação com pressão controlada, o operador


seleciona a pressão inspiratória, que permanecerá constante
durante toda a inspiração. O VCvolume controlado é variável,
dependo de alterações da mecânica respiratória do paciente. O
fluxo, necessariamente, é desacelerante. A ciclagem é por tempo,
sendo o Titempo inspiratório fixo. A FR é determinada pelo doente
mediante o disparo. Não havendo o disparo, a FR será aquela
determinada no respirador. Nesse modo não existe ventilação
espontânea. O trabalho respiratório do doente limita-se ao disparo.

Resposta correta.

No modo de PCVventilação com pressão controlada, o operador


seleciona a pressão inspiratória, que permanecerá constante
durante toda a inspiração. O VCvolume controlado é variável,
dependo de alterações da mecânica respiratória do paciente. O
fluxo, necessariamente, é desacelerante. A ciclagem é por tempo,
sendo o Titempo inspiratório fixo. A FR é determinada pelo doente
mediante o disparo. Não havendo o disparo, a FR será aquela
determinada no respirador. Nesse modo não existe ventilação
espontânea. O trabalho respiratório do doente limita-se ao disparo.

A alternativa correta é a "B".

No modo de PCVventilação com pressão controlada, o operador


seleciona a pressão inspiratória, que permanecerá constante
durante toda a inspiração. O VCvolume controlado é variável,
dependo de alterações da mecânica respiratória do paciente. O
fluxo, necessariamente, é desacelerante. A ciclagem é por tempo,
sendo o Titempo inspiratório fixo. A FR é determinada pelo doente
mediante o disparo. Não havendo o disparo, a FR será aquela
determinada no respirador. Nesse modo não existe ventilação
espontânea. O trabalho respiratório do doente limita-se ao disparo.

Ventilação com volume controlado

No modo de ventilação com volume controlado (VCVventilação


com volume controlado), o VCvolume controlado é constante e
predefinido pelo operador, e a pressão inspiratória varia conforme
as alterações da mecânica respiratória do paciente. A ciclagem é por
tempo, e o Titempo inspiratório é fixo.

LEMBRAR
A VCVventilação com volume controlado é uma ventilação mais
adequada para se utilizar em pacientes com alterações bruscas da
mecânica respiratória. De forma semelhante ao modo PCpressão
controlada, a FR é determinada pelo paciente. Os riscos de inversão
da relação I:E e de hipocapnia também existem nesse modo. O fluxo
inspiratório pode ser contínuo ou desacelerante. Alguns aparelhos
de VPMventilação pulmonar mecânica permitem a escolha do
padrão de fluxo; em outros, o padrão é predeterminado.

Uma vez que o VCvolume controlado inspiratório é o garantido, se


houver escape de ar (pelo tubo traqueal, por fístula broncopleural ou
outra) poderá haver hipoventilação, dependendo do VCvolume
controlado efetivamente entregue ao doente. A monitoração do
escape de ar é indicada, e perdas maiores do que 10% do VCvolume
controlado inspirado não são aceitáveis. Escapes significativos
podem gerar autodisparo e, consequentemente, hipocapnia, lesão
pulmonar mecânica e desconforto para o paciente.

Nesse modo de VCVventilação com volume controlado, também


não existe ventilação espontânea. O trabalho respiratório do doente
limita-se ao disparo. Para evitar a VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica, os mesmos critérios adotados para a
ventilação com PCpressão controlada devem ser adotados.

Ventilação mandatória intermitente sincronizada

No modo de ventilação mandatória intermitente sincronizada


(IMV-Sventilação mandatória intermitente sincronizada), um
número predeterminado (FR estabelecida no aparelho de
VPMventilação pulmonar mecânica) de respirações serão fornecidas
ao doente. Caso a FR do paciente ultrapasse a FR preestabelecida
no respirador, um fluxo inspiratório será fornecido ao paciente,
permitindo a ocorrência de ventilações espontâneas.
O VCvolume controlado gerado nas ventilações mandatórias
dependerá da pressão (modo PCpressão controlada-IMVventilação
mandatória intermitente) ou do volume (modo VCvolume
controlado-IMVventilação mandatória intermitente) pré-fixado e da
mecânica respiratória. O VCvolume controlado gerado durante as
ventilações espontâneas será determinado pelo esforço (trabalho)
respiratório do paciente. Um SPsuporte de pressão poderá ser
utilizado, o que irá produzir um volume adicional de ar que será
somado ao VCvolume controlado gerado pelo esforço do paciente,
resultando no VCvolume controlado efetivamente entregue durante
a ventilação espontânea.

O VCvolume controlado durante a ventilação espontânea é igual ao


VCvolume controlado gerado pelo paciente + o VCvolume
controlado gerado pelo SPsuporte de pressão.

Janela da VMIventilação mandatória intermitente é o intervalo entre


duas ventilações mandatórias. Exemplificando, se a FR do
IMVventilação mandatória intermitente for 10/min, essa janela será
de 6 segundos; se a FR do IMVventilação mandatória intermitente
for 15/min, a janela do VMIventilação mandatória intermitente será
de 4 segundos. Não havendo disparo pelo paciente durante a janela
de IMVventilação mandatória intermitente, uma ventilação
mandatória será entregue. Havendo dois ou mais disparos na mesma
janela, a primeira ventilação será assisto–controlada; as demais
serão espontâneas.

Um SPsuporte de pressão poderá ser aplicado e contribuirá para a


geração do VCvolume controlado da ventilação espontânea. Como
os determinantes de VCvolume controlado do IMVventilação
mandatória intermitente e do SPsuporte de pressão são diferentes,
as pressões de pico respiratório podem ser, e com frequência o são,
distintas.

O nível de SPsuporte de pressão deve ser ajustado para gerar um


VCvolume controlado de 6 a 8mL/kg. Quanto maior for a capacidade
diafragmática, menor será o nível de SPsuporte de pressão
necessário. Ao se analisar a monitoração gráfica temporal da
mecânica respiratória, deve-se notar que as pressões de pico na
ventilação assisto–controlada poderão ser diferentes daquelas
geradas na ventilação com SPsuporte de pressão. O que deve ser
assegurado é a similaridade por proximidade do VCvolume
controlado gerada pelos dois padrões de ventilação (Figura 2).

IMVventilação mandatória intermitente: ventilação mandatória


intermitente; SPsuporte de pressão: suporte de pressão.

Figura 2 — Curva pressão versus tempo e VCvolume controlado versus


tempo de modo IMV(S) + SPsuporte de pressão.

Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

LEMBRAR
Para evitar a VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar
mecânica, os mesmos critérios adotados para a ventilação com
PCpressão controlada devem ser adotados.

O uso de SIMV + SPsuporte de pressão tem sido associado a


prolongamento da VPMventilação pulmonar mecânica, e seu uso
como modo primário de ventilação vem declinando ao longo dos
anos.8 SIMV + SPsuporte de pressão tem sido utilizado para
desmames prolongados da VPMventilação pulmonar mecânica.9

Ventilação com pressão de suporte

Ventilação com pressão de suporte ventilatório (PSVpressão de


suporte ventilatório) é um tipo de ventilação espontânea com níveis
variados de SPsuporte de pressão.10

No modo de ventilação PSVpressão de suporte ventilatório, o fluxo


inspiratório e o Titempo inspiratório são determinados pelo
paciente. O VCvolume controlado dependerá da capacidade
diafragmática (esforço respiratório) do paciente e do nível de
SPsuporte de pressão. A ciclagem é por fluxo. Muitos aparelhos
apresentam padrão ciclagem com queda do fluxo inspiratório para
25% do seu valor de pico; em outros, é possível determinar esse
critério. Quanto menor o valor percentual, mais prolongado será o
tempo respiratório.10

Se houver escape significativo, pode não haver declínio do fluxo


inspiratório e falha de ciclagem.10 Nessa condição, a ciclagem irá
ocorrer por critério de tempo (2,5 segundos em adultos e 1,5
segundo em crianças).

A indicação mais frequente da ventilação com PSVpressão de


suporte ventilatório é em desmame prolongado de ventilação. Seu
uso como método de triagem para extubação tem sido
abandonado.11

Ventilação com pressão regulada e volume controlado

A ventilação com pressão regulada e volume controlado


(PRVCpressão regulada e volume controlado) é um modo volume
controlado associado a um padrão de fluxo inspiratório ligado à
menor pressão de pico. Esse ajuste é possibilitado pelo algoritmo
incorporado ao modo que mede, ventilação a ventilação, a mecânica
respiratória, e ajusta o fluxo inspiratório para gerar o volume
programado em cada ciclo respiratório.

A ventilação é ofertada com limite de pressão e ciclada a tempo. A


cada ciclo, o ventilador ajusta o limite de pressão em, no máximo,
3cmH2O (para mais ou para menos), até alcançar o VCvolume
controlado programado pelo operador.

Sendo a PRVCpressão regulada e volume controlado um modo


VCvolume controlado, é imprescindível estabeler o limite máximo de
pressão inspiratória no painel de alarme. A pressão inspiratória
máxima aplicada será 5cmH2O abaixo do limite de pressão
estabelecido.

LEMBRAR

A PRVCpressão regulada e volume controlado apresenta as mesmas


vantagens e limitações do modo volume–controlado, exceto o
padrão de fluxo, que sempre será desacelerante e variável. Para
evitar a VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar
mecânica, os mesmos critérios adotados para a ventilação com
PCpressão controlada devem ser adotados.

• Estratégias ventilatórias em diversos contextos clínicos


A seguir, são demonstrados os usos da VPMventilação pulmonar
mecânica na prática clínica.

Ventilação diafragma-protetora

A disfunção diafragmática, embora pouco reconhecida, é frequente


em pacientes graves.12 A despeito de sua etiopatogênese complexa
e multifatorial, evidências recentes têm implicado as estratégias
ventilatórias empregadas entre suas mais importantes causas. A
disfunção diafragmática associada à ventilação pulmonar mecânica
(VIDDdisfunção diafragmática associada à ventilação mecânica) é
reconhecida tanto em pacientes adultos quanto em pacientes
pediátricos.

A VIDDdisfunção diafragmática associada à ventilação mecânica


tem sido diagnosticada em até 65% dos pacientes em
VPMventilação pulmonar mecânica.13 Seu aparecimento é precoce,
tem sido observada em até 18 horas do início da VPMventilação
pulmonar mecânica e tende a se agravar com o seu prolongamento.
Taxas de atrofia diafragmática de 3,4%/dia de VPMventilação
pulmonar mecânica foram observadas em crianças,14 e até 7 %/ dia
de VPMventilação pulmonar mecânica em adultos. A hipertrofia
diafragmática foi relatada em 24% de pacientes adultos.2

Atrofia e hipertrofia muscular levam à disfunção do diafragma e têm


implicações prognósticas. A redução da espessura diafragmática
maior do que 10% durante o tempo sob VPMventilação pulmonar
mecânica foi associada a maior tempo ventilatório, maior tempo de
internação em UTI e maior incidência de complicações (reintubação,
traqueostomia, VPMventilação pulmonar mecânica em mais do que
14 dias e morte).13
A hipertrofia diafragmática (aumento da espessura diafragmática
maior que 10%) durante a VPMventilação pulmonar mecânica foi
também associada a maior tempo de eventilação. O efeito negativo
sob a morbidade foi cumulativo. Quanto maior a alteração na
espessura do diafragma, pior o desfecho clínico.13

A atrofia de desuso e o miotrauma são os principais mecanismos


causadores da VIDDdisfunção diafragmática associada à ventilação
mecânica (Figura 3).

*Medidas preventivas conforme mecanismo de causa da disfunção


diafragmática.

VPMventilação pulmonar mecânica: ventilação pulmonar mecânica;


PEEPpressão positiva expiratória final: pressão positiva expiratória
final; paCO2pressão arterial de gás carbônico: pressão arterial de gás
carbônico; VCvolume controlado: volume corrente; VIDDdisfunção
diafragmática associada à ventilação mecânica: disfunção
diafragmática associada à ventilação mecânica.
Figura 3 — Mecanismos causadores da VIDDdisfunção
diafragmática associada à ventilação mecânica.

Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Um suporte ventilatório excessivo leva à atrofia diafragmática. Um


suporte ventilatório insuficiente, levando a aumento suprafisiológico
do trabalho respiratório, induz hipertrofia diafragmática. Durante a
VPMventilação pulmonar mecânica, a manutenção de esforço
respiratório próximo ao fisiológico parece impedir ou atenuar a
atrofia de desuso e a hipertrofia. Uma fração de espessamento
diafragmático normal (entre 15 e 30%) mantida durante a
VPMventilação pulmonar mecânica reflete o trabalho muscular
adequado e foi associada à preservação da massa muscular
diafragmática e a menor tempo de VPMventilação pulmonar
mecânica.

O modo ventilatório é menos importante do que a estratégia


empregada. Há evidências de que o trabalho respiratório limitado ao
disparo seja suficiente para impedir a atrofia de desuso.15 O ajuste
do disparo da sincronização, que permite um trabalho diafragmático
adequado é, portanto, de muita importância. Para a adequação do
trabalho respiratório, também podem ser necessários ajustes do
fluxo inspiratório (rampa inspiratória) para correção da assincronia
de fluxo.

LEMBRAR

Pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo


(SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo) grave e com
esforço respiratório excessivo podem se beneficiar de bloqueio
neuromuscular (BNMbloqueio neuromuscular).16 A presença desse
esforço pode levar ao Pendelluft (redistribuição de ar intrapulmonar
de regiões não dependentes para regiões dependentes do pulmão)
e à hiperinsuflação e a dano alveolar pelo ajuntamento do VCvolume
controlado inspirado ao volume de ar redistribuído.

Uma estratégia ventilatória que proteja o pulmão e o diafragma é a


ideal. Embora o emprego de BNMbloqueio neuromuscular possa,
potencialmente, levar a dano muscular, ele não deve deixar de ser
indicado, uma vez que a estratégia ventilatória protetora pulmonar
tem comprovado efeito positivo sobre a sobrevida, devendo, assim,
ser priorizada em detrimento do diafragma quando o BNMbloqueio
neuromuscular estiver indicado.

Hiperinsuflação pulmonar por PEEPpressão positiva expiratória final


excessiva pode levar à atrofia longitudinal do diafragma.17 Uma
PEEPpressão positiva expiratória final excessiva gera um aumento
do volume expiratório final, mantendo o diafragma encurtado. Nessa
condição, uma redução aguda do comprimento da miofibra de cada
sarcômero para mantê-lo adequado tem sido observada de modo
experimental.

Um prolongamento da VPMventilação pulmonar mecânica e da falha


de extubação são possíveis consequências do dano muscular. O
ajuste da PEEPpressão positiva expiratória final deve priorizar seu
efeito na oferta de oxigênio (sobretudo na preservação do DC e da
função ventricular direita) em detrimento da proteção do diafragma.
Contudo, sempre que possível, deve-se titular a PEEPpressão
positiva expiratória final para contemplar ambos os objetivos.

LEMBRAR
A radiografia expirada e a ultrassonografia (US) de tórax podem
auxiliar na avaliação do grau de encurtamento diafragmático e ser
mais um parâmetro útil para definição da adequação da
PEEPpressão positiva expiratória final.

A lesão diafragmática excêntrica ocorre quando há contração do


diafragma na expiração. Esse tipo de lesão é mais grave do que por
esforço respiratório excessivo (lesão concêntrica). Ela pode ocorrer
em algumas situações clínicas.

Primeiro, para evitar atelectasia e manter a capacidade residual,


pode haver contração do diafragma no final da expiração. O gemido
expiratório observado em algumas crianças em insuficiência
respiratória é um sinal clínico desse mecanismo. A PEEPpressão
positiva expiratória final adequada pode evitar o mecanismo de
lesão nesse contexto.

Outra situação clínica é representada por alguns tipos de


assincronias respiratórias. Contrações diafragmáticas
desencadeadas pela insuflação pulmonar definem a assincronia por
disparo reverso. Essa assincronia, além da lesão excêntrica, pode
gerar um excesso de VCvolume controlado e causar volutrauma. Sua
detecção requer minuciosa atenção aos gráficos temporais de
monitoração da mecânica respiratória.

Uma deflexão no platô da pressão inspiratória e/ou um aumento do


VCvolume controlado associados a uma nova onda de fluxo
inspiratório podem ser observados (Figura 4). A monitoração
concomitante da pressão esofágica (já disponível em alguns modelos
de respiradores) facilita a detecção dessa assincronia. A falha de
disparo e a ciclagem prematura são outras formas de assincronia
respiratória que podem causar lesão excêntrica no diafragma.
VCvolume controlado: volume corrente.

Figura 4 — Disparo reverso.

Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

A terceira situação clínica que pode contribuir para a lesão


excêntrica do diafragma é o Titempo inspiratório mecânico
excessivamente longo em relação ao Titempo inspiratório neural,
que pode levar à contração diafragmática no final da inspiração.

ATIVIDADES

5. Sobre o modo de IMV-Sventilação mandatória intermitente


sincronizada, é correto afirmar que

A) um número predeterminado de respirações será fornecido ao


doente.

B) o VCvolume controlado gerado nas ventilações mandatórias


independe da mecânica respiratória.
C) o VCvolume controlado gerado nas ventilações espontâneas
será determinado pelo ajuste predeterminado pelo operador.

D) suportes de pressão não são recomendados.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".

O VCvolume controlado gerado nas ventilações mandatórias


dependerá da pressão ou do volume pré-fixado e da mecânica
respiratória. O VCvolume controlado gerado durante as ventilações
espontâneas será determinado pelo esforço respiratório do
paciente. Um SPsuporte de pressão poderá ser utilizado, gerando
um volume adicional de ar que será somado ao VCvolume
controlado gerado pelo esforço do paciente, resultando no
VCvolume controlado efetivamente entregue durante a ventilação
espontânea.

Resposta correta.

O VCvolume controlado gerado nas ventilações mandatórias


dependerá da pressão ou do volume pré-fixado e da mecânica
respiratória. O VCvolume controlado gerado durante as ventilações
espontâneas será determinado pelo esforço respiratório do
paciente. Um SPsuporte de pressão poderá ser utilizado, gerando
um volume adicional de ar que será somado ao VCvolume
controlado gerado pelo esforço do paciente, resultando no
VCvolume controlado efetivamente entregue durante a ventilação
espontânea.

A alternativa correta é a "A".


O VCvolume controlado gerado nas ventilações mandatórias
dependerá da pressão ou do volume pré-fixado e da mecânica
respiratória. O VCvolume controlado gerado durante as ventilações
espontâneas será determinado pelo esforço respiratório do
paciente. Um SPsuporte de pressão poderá ser utilizado, gerando
um volume adicional de ar que será somado ao VCvolume
controlado gerado pelo esforço do paciente, resultando no
VCvolume controlado efetivamente entregue durante a ventilação
espontânea.

6. Qual dos seguintes modos apresenta ciclagem a fluxo?

A) PRVCpressão regulada e volume controlado.

B) VCvolume controlado.

C) PCpressão controlada.

D) Suporte de pressão.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "D".

Ventilação com SPsuporte de pressão é o único modo ventilatório


básico com ciclagem a fluxo. Todos os demais ciclam a tempo.

Resposta correta.
Ventilação com SPsuporte de pressão é o único modo ventilatório
básico com ciclagem a fluxo. Todos os demais ciclam a tempo.

A alternativa correta é a "D".

Ventilação com SPsuporte de pressão é o único modo ventilatório


básico com ciclagem a fluxo. Todos os demais ciclam a tempo.

7. Observe as afirmativas em relação à lesão diafragmática associada


à VPMventilação pulmonar mecânica

I — O trabalho respiratório excessivo pode resultar em atrofia


diafragmática (e disfunção) e a lesão excêntrica desse músculo.

II — A atrofia de desuso ocorre ao se suprimir completamente o


trabalho diafragmático durante a ventilação.

III — Os modos assisto–controlados, nos quais o trabalho


respiratório do paciente se limita ao disparo da ventilação, não
devem ser utilizados como modo primário de ventilação, por
induzirem atrofia por desuso.

IV — A hiperinsuflação pulmonar causada por PEEPpressão positiva


expiratória final excessiva pode levar à atrofia longitudinal do
diafragma.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a II e a IV.

D) Apenas a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".

O trabalho respiratório, durante o curso da VPMventilação


pulmonar mecânica, limitado ao disparo parece ser suficiente para
impedir a atrofia diafragmática. O trabalho respiratório excessivo
pode resultar em hipertrofia diafragmática (e disfunção) e lesão
concêntrica desse músculo. O uso de SIMV + SPsuporte de pressão
tem sido associado ao prolongamento desnecessário do tempo de
ventilação e não há evidências de sua superioridade em relação aos
modos PCpressão controlada, VCvolume controlado e PRVCpressão
regulada e volume controlado em relação à disfunção diafragmática.

Resposta correta.

O trabalho respiratório, durante o curso da VPMventilação


pulmonar mecânica, limitado ao disparo parece ser suficiente para
impedir a atrofia diafragmática. O trabalho respiratório excessivo
pode resultar em hipertrofia diafragmática (e disfunção) e lesão
concêntrica desse músculo. O uso de SIMV + SPsuporte de pressão
tem sido associado ao prolongamento desnecessário do tempo de
ventilação e não há evidências de sua superioridade em relação aos
modos PCpressão controlada, VCvolume controlado e PRVCpressão
regulada e volume controlado em relação à disfunção diafragmática.

A alternativa correta é a "C".


O trabalho respiratório, durante o curso da VPMventilação
pulmonar mecânica, limitado ao disparo parece ser suficiente para
impedir a atrofia diafragmática. O trabalho respiratório excessivo
pode resultar em hipertrofia diafragmática (e disfunção) e lesão
concêntrica desse músculo. O uso de SIMV + SPsuporte de pressão
tem sido associado ao prolongamento desnecessário do tempo de
ventilação e não há evidências de sua superioridade em relação aos
modos PCpressão controlada, VCvolume controlado e PRVCpressão
regulada e volume controlado em relação à disfunção diafragmática.

8. Sobre atrofia e hipertrofia diafragmáticas, assinale V (verdadeiro)


ou F (falso).

( ) Uma redução da espessura diafragmática maior do que 10%


durante o tempo sob VPMventilação pulmonar mecânica foi
associada a menor tempo ventilatório.

( ) Atrofia de desuso e miotrauma são os principais mecanismos


causadores da VIDDdisfunção diafragmática associada à ventilação
mecânica.

( ) Quanto menor a alteração na espessura do diafragma, pior o


desfecho clínico.

( ) A hipertrofia diafragmática é o aumento da espessura


diafragmática em mais de 10%.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — F

B) V — F — V — F
C) F — V — F — V

D) F — F — V — V

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".

Uma redução da espessura diafragmática a menos de 10% durante


o tempo sob VPMventilação pulmonar mecânica foi associada a
maior tempo ventilatório. Quanto maior a alteração na espessura do
diafragma, pior o desfecho clínico.

Resposta correta.

Uma redução da espessura diafragmática a menos de 10% durante


o tempo sob VPMventilação pulmonar mecânica foi associada a
maior tempo ventilatório. Quanto maior a alteração na espessura do
diafragma, pior o desfecho clínico.

A alternativa correta é a "C".

Uma redução da espessura diafragmática a menos de 10% durante


o tempo sob VPMventilação pulmonar mecânica foi associada a
maior tempo ventilatório. Quanto maior a alteração na espessura do
diafragma, pior o desfecho clínico.

Ventilação protetora em oxigenação por membrana extracorpórea


A ECMOoxigenação por membrana extracorpórea é uma terapia de
suporte de vida extracorpóreo que suporta a circulação e a troca
gasosa (ECMOoxigenação por membrana extracorpórea va –
venoarterial) ou apenas a troca gasosa (ECMOoxigenação por
membrana extracorpórea vv – venovenosa). A membrana
extracorpórea é extremamente eficiente para as trocas gasosas e
similar em ambas as modalidades de ECMOoxigenação por
membrana extracorpórea.

A ECMOoxigenação por membrana extracorpórea tem possibilitado


a sobrevida de alguns pacientes com insuficiência respiratória aguda
(IRAinsuficiência respiratória aguda) grave ou choque refratários às
terapias convencionais. Essa terapia deve ser considerada
precocemente para os pacientes elegíveis, com o objetivo de
minimizar a lesão pulmonar aguda associada à VILIlesão pulmonar
associada à ventilação pulmonar mecânica. Estando a mortalidade
na SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo relacionada à
intensidade da VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar
mecânica, maior será o benefício quanto mais cedo, uma vez
preenchido os critérios de indicação, for iniciada a terapia.

LEMBRAR

Ergotrauma é um conceito recente que reconhece que a intensidade


da lesão pulmonar depende da quantidade de energia mecânica
aplicada sobre o pulmão, e não apenas da hiperdistensão alveolar
(volutrauma).18

VCvolume controlado, pressão de platô, gradiente entre a pressão


de platô e a PEEPpressão positiva expiratória final (DPdriving
pressure), fluxo inspiratório, FR e PEEPpressão positiva expiratória
final geram energia mecânica e podem lesar o pulmão, mas em
diferentes proporções: a PEEPpressão positiva expiratória final em
proporção linear; a frequência respiratória em proporção
exponencial de 1,4; as demais variáveis em proporção exponencial
de 2.

Equação do poder mecânico.

Poder mecânico = FR × {ΔV2 × [1/2 × ELSR + FR × (1 + I:E) × RVA] + ΔV


× PEEP}

60 × I:E

Na equação do poder mecânico: FR – frequência respiratória; ΔV –


VCvolume controlado; EL – elastância inspiratória; R – resistência
das vias aéreas.

O poder mecânico aumenta exponencialmente com VCvolume


controlado, DPdriving pressure e fluxo (expoente = 2); FR (expoente
= 1,4); linearmente com PEEPpressão positiva expiratória final.

Devido à extrema efetividade da ECMOoxigenação por membrana


extracorpórea para a correção das anormalidades de trocas gasosas,
ela possibilita a redução dos parâmetros ventilatórios, minimizando
a energia mecânica aplicada ao pulmão e, por conseguinte, o
ergotrauma. Durante a ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea, é senso comum que os parâmetros ventilatórios
devam ser minimizados, para criar um ambiente favorável à
regeneração e à recuperação funcional do pulmão.19

O emprego da ECMOoxigenação por membrana extracorpórea


dissociada de estratégia ventilatória protetora pulmonar mostrou-se
inefetiva em relação à redução da mortalidade.20 Portanto, a
sobrevida de pacientes sob ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea depende, entre outros fatores, da minimização do
ergotrauma e da VILIlesão pulmonar associada à ventilação
pulmonar mecânica. Em uma revisão sistemática recente sobre as
práticas ventilatórias aplicadas a pacientes adultos com
SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo submetidos a
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea, foi observada
redução dos parâmetros ventilatórios e uma sobrevida associada de
59%.19

Embora não haja consenso sobre quais sejam os parâmetros


ventilatórios a serem adotados para pacientes submetidos à
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea, evidências
recentes têm ajudado a definir estratégias ventilatórias associadas a
aumento de sobrevida (Figura 5).

*Proposta sugerida baseada nas evidências disponíveis. **Disoxia:


quantidade insuficiente de O2 em nível mitocondrial.
Hiperlactatemia está presente nessa condição. ***Valores menores
do SatO2saturação arterial de oxigênio da hemoglobina podem ser
tolerados no desmame da ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea va em cardiopatia congênita cianogênica. Valores
maiores que 90% são frequentes e aceitáveis em ECMOoxigenação
por membrana extracorpórea va (se PaO2pressão parcial de oxigênio
no plasmaarterial < 200mmHg). ****Valores diferentes de
PEEPpressão positiva expiratória final podem ser necessários de
acordo com a gravidade da doença pulmonar subjacente.

FIO2fração inspirada de oxigênio: fração inspirada de oxigênio;


SvCO2saturação venosa central: saturação venosa central;
SatO2saturação arterial de oxigênio da hemoglobina: saturação
arterial de oxigênio da hemoglobina; PaO2pressão parcial de
oxigênio no plasmaarterial: pressão parcial de oxigênio no plasma
arterial; RVPresistência vascular pulmonar: resistência vascular
pulmonar.

Figura 5 — Estratégias ventilatórias.

Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

LEMBRAR

Delta de pressão, ou DPdriving pressure, foi reconhecido como o


único parâmetro respiratório independentemente associado à
mortalidade em uma série pacientes com SDRAsíndrome do
desconforto respiratório agudo submetidos à ECMOoxigenação por
membrana extracorpórea para tratamento de hipoxemia refratária
(13,3 ± 4,8 x 14,5 ± 6,2cmH2O).21 É interessante observar o efeito
sobre a sobrevida que a redução de apenas 1,2cm H2O na DPdriving
pressure teve.
Não houve diferença significante entre sobreviventes e não
sobreviventes em relação ao VCvolume controlado empregado (4,0
± 1,6 × 4,0 ± 1,9mL/kg de peso ideal) e pressão de platô (26,0 ± 4,3
× 26,7 ± 5,1cmH2O). Embora a maior DPdriving pressure possa estar
relacionada apenas à gravidade da SDRAsíndrome do desconforto
respiratório agudo, não é possível excluir o efeito benéfico
resultante da adoção de parâmetros ventilatórios protetores em
pacientes submetidos à ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea.

Uma estratégia ventilatória ultraprotetora (volumes correntes ≤


4mL/kg, DPdriving pressure < 25cmH2O e FR baixa e PEEPpressão
positiva expiratória final moderada) tem sido associada a menor
biotrauma e recomendada com base nas melhores evidências
disponíveis.22,23 Embora o emprego de baixo VCvolume controlado e
a FR resultem na redução do volume minuto, o CO2 pode ser
eliminado com facilidade ajustando-se o fluxo de gás da
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea (sweep flow).

Quanto maior a FR, maior a quantidade de energia mecânica


aplicada sobre o pulmão e risco de ergotrauma. Na
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea va, devido à
necessidade da hematose no nível alveolar para a oxigenação
coronariana e à necessidade de ventilação alveolar para isso, uma FR
mínima deve ser empregada. Na ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea vv, uma mínima FR é recomendada, uma vez que é
possível a adequação ventilatória com ajustes exclusivos no sweep
flow. Não há justificativa para o emprego de FR não baixa em
pacientes em ECMOoxigenação por membrana extracorpórea.
Uma PEEPpressão positiva expiratória final adequada deve ser
empregada. Ela tem por objetivo manter o volume pulmonar e
minimizar o aumento na RVPresistência vascular pulmonar
(atelectasia induz vasoconstricão pulmonar hipóxica, e
hiperdistensão alveolar causa compressão dos capilares justa–
alveolares). Deve ser considerada a tendência à atelectasia com a
estratégia de ventilação ultraprotetora. Uma PEEPpressão positiva
expiratória final inadequadamente baixa resultará em colapso
alveolar, aumento da RVPresistência vascular pulmonar e da pós-
carga de ventrículo direito.24

A PEEPpressão positiva expiratória final excessivamente alta


resultará em:24

• hiperdistensão alveolar;
• aumento da pressão pleural;
• redução do retorno venoso;
• ergotrauma.

Uma PEEPpressão positiva expiratória final média tem se


demonstrado adequada em estudos em adultos e neonatos. Em
neonatos submetidos à ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea vv, uma PEEPpressão positiva expiratória final média
(7 a 9cmH2O) tem sido associada à menor duração da
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea e da
VPMventilação pulmonar mecânica após a retirada de
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea em comparação a
valores de 4 a 6 (baixa PEEPpressão positiva expiratória final) e de
10 a 12cmH2O (alta PEEPpressão positiva expiratória final).24

LEMBRAR
Na ECMOoxigenação por membrana extracorpórea veno–venosa, a
fração inspirada de oxigênio (FIO2fração inspirada de oxigênio) deve
ser minimizada para evitar atelectasia reabsortiva e toxicidade
alveolar. A FIO2fração inspirada de oxigênio deve ser ajustada para
adequação da saturação arterial de oxigênio (SatO2saturação arterial
de oxigênio da hemoglobina), sendo empregados, geralmente,
valores menores que ou iguais a 0,4.

Na ECMOoxigenação por membrana extracorpórea va, a oxigenação


coronariana é dependente de fluxo sanguíneo nativo pulmonar e do
fluxo retrógrado pela aorta (a cânula arterial está distal à origem das
coronárias). A contribuição do fluxo nativo pulmonar para a
oxigenação coronariana, embora variável com o fluxo empregado na
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea, é significativa
mesmo em altos fluxos.25

Parâmetros que otimizem a oxigenação em nível alveolar (FIO2fração


inspirada de oxigênio e PEEPpressão positiva expiratória final
adequadas) e resultem em maior SaO2 no sangue que chega ao átrio
esquerdo são imprescindíveis para a oxigenação coronariana.
Habitualmente, uma FIO2fração inspirada de oxigênio entre 0,4 e 0,6
é empregada nessa modalidade.

A PEEPpressão positiva expiratória final é ajustada conforme a


gravidade da lesão pulmonar associada. Como o agravamento da
disfunção ventricular em ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea va pode ter como causa a hipoxemia coronariana,
pode ser considerada monitoração ecocardiográfica da resposta do
desempenho miocárdico aos ajustes ventilatórios.

Ventilação em posição prona e proteção pulmonar


Na SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo, há
comprometimento difuso da barreira alvéolo–capilar, que resulta
em edema e atelectasia, redução do volume e heterogeneidade na
estrutura pulmonar. Heterogeneidade pulmonar refere-se a
diferentes padrões de aeração no pulmão (áreas não aeradas, áreas
pouco aeradas, áreas normoaeradas e áreas hiperaeradas). Áreas não
aeradas contíguas a áreas normoaeradas funcionam como um
amplificador do estresse (pressão de distensão aplicada). Estudos
tomográficos permitem estimar uma amplificação dessa pressão por
um fator de 2.26

Uma pressão de platô de 25cmH2O (considerada como “segura”)


seria amplificada por 2 (equivalente a uma pressão de 50cmH2O) em
áreas normoaeradas contíguas a áreas não aeradas e resultaria em
lesão pulmonar. Para prevenção da VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica, portanto, a estratégia não deve se
limitar à minimização das pressões pulmonares e do poder mecânico,
mas, sim, estender-se à redução da heterogeneidade pulmonar.

LEMBRAR

Em pacientes com SDRAsíndrome do desconforto respiratório


agudo, a ventilação em posição prona reduz a heterogeneidade
pulmonar por favorecer uma distribuição mais homogênea de ar em
todo o pulmão. A ação da gravidade e a conformação da caixa
torácica são os fatores responsáveis por essa maior homogeneidade
de distribuição de gás pulmonar.27

A redução da heterogeneidade alveolar determinada pela posição


prona (recrutamento alveolar e redução da hiperinsuflação
pulmonar) resulta em aumento da complacência respiratória,
redução do shunt pulmonar e do espaço morto alveolar. Isso permite
a aplicação de menores pressões de pico e platô (para gerar
VCvolume controlado)28 e em menor valor da PEEPpressão positiva
expiratória final (para manter a aeração pulmonar e a oxigenação).
Para uma dada relação PaO2pressão parcial de oxigênio no
plasmaarterial/FIO2fração inspirada de oxigênio, menores valores da
PEEPpressão positiva expiratória final são necessários em posição
prona quando comparados aos em posição supina (Figura 6).29

PEEPpressão positiva expiratória final: pressão positiva


EXPIRATÓRIA FINAL; VILIlesão pulmonar associada à ventilação
pulmonar mecânica: lesão pulmonar associada à ventilação
pulmonar mecânica.

Figura 6 — Principais mecanismos implicados na proteção pulmonar


associados à ventilação prona.

Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

A ventilação em posição prona reduz a mortalidade em pacientes


com SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo moderada a
grave.30 Seu maior benefício não é a melhora da oxigenação, mas a
prevenção da VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar
mecânica e a redução da mortalidade. Considerando-se o índice de
saturação de oxigênio (ISOíndice de saturação de oxigênio) menor
de 221 como SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo
moderada,31 ela está indicada para pacientes que necessitem de uma
FIO2fração inspirada de oxigênio maior que ou igual a 0,4 para
saturar 90% (SatO2saturação arterial de oxigênio da
hemoglobina/FIO2fração inspirada de oxigênio = 90/0,4 = 225).

Ventilação pulmonar mecânica em hipertensão intra-abdominal

A HIAhipertensão intra-abdominal, definida por pressão intra-


abdominal (PIApressão intra-abdominal) maior do que 10mmHg, é,
com frequência, observada em pacientes pediátricos graves, com a
incidência reportada que varia de 10 a 43,9%.32,33 Por sua alta
incidência e por seus efeitos na mecânica respiratória e na perfusão
orgânica, ela tem indicação de monitoração em pacientes pediátricos
sob VPMventilação pulmonar mecânica.34 A HIAhipertensão intra-
abdominal está associada a aumento da mortalidade, devendo ser
efetivamente tratada.

Na HIAhipertensão intra-abdominal, há deslocamento cefálico do


diafragma, o que resulta em redução da complacência da caixa
torácica e do volume pulmonar. Há também aumento da pressão
pleural. O percentual de transmissão de PIApressão intra-abdominal
para a pressão pleural em criança é desconhecido. Estudos
experimentais e em adultos têm demonstrado um percentual médio
dessa transmissão de 50%.35

A pressão transpulmonar é a pressão que, de maneira segura,


distende o pulmão e é implicada na etiopatogênese do volutrauma.
Ela é a diferença entre a pressão de platô e a pressão pleural.
Matematicamente, é possível utilizar maior pressão de platô (maior
que 25cmH2O) sem causar hiperdistensão alveolar em pacientes
com HIAhipertensão intra-abdominal, devido ao efeito de aumento
concomitante na pressão pleural.
LEMBRAR

Em pacientes pediátricos com HIAhipertensão intra-abdominal não


foram ainda definidos o VCvolume controlado e a DPdriving pressure
seguros. Recomendam-se utilizar baixos volumes correntes e
DPdriving pressure menor que 15 cmH2O.

Devido à redução do volume pulmonar que ocorre na


HIAhipertensão intra-abdominal em decorrência de atelectasias,
valores mais elevados de PEEPpressão positiva expiratória final
podem ser considerados com o objetivo de revertê-las. Em adultos,
recomenda-se utilizar PEEPpressão positiva expiratória final de valor
semelhante ao da PIApressão intra-abdominal. Não há evidência
pediátrica que suporte um valor para ele. Considerando-se a
transmissão abdominal torácica de 50%, pode-se adicionar 50% do
valor da PIApressão intra-abdominal acima de 10mmHg à
PEEPpressão positiva expiratória final (ver exemplo de ajuste da
PEEPpressão positiva expiratória final na HIAhipertensão intra-
abdominal). Deve-se converter o valor de mmHg para cmH2O,
multiplicando-o por 1,36.35

Exemplo de ajuste de PEEPpressão positiva expiratória final na


HIAhipertensão intra-abdominal

PEEP HIA = PEEP recomendada + { (PIA-10) × 1,36 ] × 0,5 }

Neste exemplo:

• PIApressão intra-abdominal atual – 14mmHg;


• PEEPpressão positiva expiratória final recomendada (na
ausência de HIAhipertensão intra-abdominal) – 5cmH2O.
PEEP HIA = PEEP recomendado + { (PIA-10) × 1,36 ] x 0,5 }

Neste exemplo

• PIApressão intra-abdominal atual – 14mmHg;


• PEEPpressão positiva expiratória final recomendado (na
ausência de HIAhipertensão intra-abdominal) – 5cmH2O.

Valor de PEEPpressão positiva expiratória final a ser adicionado


devido à HIAhipertensão intra-abdominal:

PEEP a ser adicionado = [ (14-10 ) × 1,36 ] × 0,5 = 5,4 cmH2O x 0,5

Neste caso

• PEEPpressão positiva expiratória final HIAhipertensão intra-abdominal – (5 +


2,7) cmH2O;
• PEEPpressão positiva expiratória final HIAhipertensão intra-abdominal –
7,7cmH2O.

PEEPpressão positiva expiratória finals excessivas podem aumentar


ainda mais a pressão pleural e comprometer o retorno venoso,
devendo ser evitadas.

A posição prona não parece causar incremento na PIApressão intra-


abdominal, podendo ser considerada em pacientes com
HIAhipertensão intra-abdominal, desde que o abdome fique
suspenso. Coxins aplicados sobre o tórax e a pelve podem ser
usados para isso, permitindo que o abdome toque levemente sobre
o colchão, sem pressioná-lo. No entanto, a tomada de medida da
PIApressão intra-abdominal deve ser feita na posição supina. Como
monitorização inicial, a PIApressão intra-abdominal deve ser medida
a intervalos não superiores a 6 horas.

ATIVIDADES

9. Observe as alternativas sobre os objetivos da VPMventilação


pulmonar mecânica.

I — A VPMventilação pulmonar mecânica tem por objetivos adequar,


não necessariamente normalizar, as trocas gasosas.

II — A VPMventilação pulmonar mecânica busca evitar ou minimizar


a repercussão hemodinâmica, garantindo a adequação da oferta de
oxigênio para os órgãos e tecidos.

III — A VPMventilação pulmonar mecânica objetiva possibilitar o


repouso absoluto do diafragma como tratamento da fadiga
respiratória.

IV — A VPMventilação pulmonar mecânica busca minimizar a lesão


pulmonar a ela associada.

Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a II e a IV.

D) Apenas a III e a IV.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".

Repouso absoluto do diafragma resultaria em atrofia e em disfunção


diafragmática de forma rápida. Um dos objetivos da VPMventilação
pulmonar mecânica é a preservação da função do diafragma. Um
trabalho respiratório próximo ao fisiológico é recomendado para
pacientes sob VPMventilação pulmonar mecânica. Outro objetivo é
minimizar a lesão pulmonar associada à VPMventilação pulmonar
mecânica.

Resposta correta.

Repouso absoluto do diafragma resultaria em atrofia e em disfunção


diafragmática de forma rápida. Um dos objetivos da VPMventilação
pulmonar mecânica é a preservação da função do diafragma. Um
trabalho respiratório próximo ao fisiológico é recomendado para
pacientes sob VPMventilação pulmonar mecânica. Outro objetivo é
minimizar a lesão pulmonar associada à VPMventilação pulmonar
mecânica.

A alternativa correta é a "A".

Repouso absoluto do diafragma resultaria em atrofia e em disfunção


diafragmática de forma rápida. Um dos objetivos da VPMventilação
pulmonar mecânica é a preservação da função do diafragma. Um
trabalho respiratório próximo ao fisiológico é recomendado para
pacientes sob VPMventilação pulmonar mecânica. Outro objetivo é
minimizar a lesão pulmonar associada à VPMventilação pulmonar
mecânica.

10. VPMventilação pulmonar mecânica é aplicada na imensa maioria


dos pacientes submetidos à ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea. Em relação à sua utilização, assinale a alternativa
correta.

A) Devido à rápida reversão da hipoxemia, uma vez iniciada a


ECMOoxigenação por membrana extracorpórea, os parâmetros
ventilatórios não têm impacto sobre a taxa de sobrevida.

B) A FIO2fração inspirada de oxigênio = 0,21 deve ser empregada


no respirador, uma vez que a SaO2 do paciente é exclusivamente
determinada pela ECMOoxigenação por membrana extracorpórea.

C) A PEEPpressão positiva expiratória final deve ser ajustada de


acordo com seu efeito na aeração pulmonar e na rvp, minimizando a
pós-carga de ventrículo direito e contribuindo para a SaO2 em
pacientes sob ECMOoxigenação por membrana extracorpórea vv.

D) A hipocapnia, devido a seu efeito deletério sobre a perfusão


cerebral, deve ser tratada reduzindo-se a FR no respirador.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "C".

A VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar mecânica é


um determinante de mortalidade em pacientes submetidos a
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea vv. Uma das suas
principais indicações é a proteção pulmonar. Na ECMOoxigenação
por membrana extracorpórea vv, a SaO2 do paciente depende das
trocas gasosas que acontecem no pulmão do paciente e no
oxigenador de membrana da ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea. A adequação da PEEPpressão positiva expiratória
final e da FIO2fração inspirada de oxigênio resulta em melhora da
SaO2 e em redução da resistência vascular pulmonar. O oxigenador
de membrana é extremamente eficiente para a remoção do CO2.
Para ajuste de PaCO2, deve-se reduzir o sweep flow, e não a FR do
respirador.

Resposta correta.

A VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar mecânica é


um determinante de mortalidade em pacientes submetidos a
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea vv. Uma das suas
principais indicações é a proteção pulmonar. Na ECMOoxigenação
por membrana extracorpórea vv, a SaO2 do paciente depende das
trocas gasosas que acontecem no pulmão do paciente e no
oxigenador de membrana da ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea. A adequação da PEEPpressão positiva expiratória
final e da FIO2fração inspirada de oxigênio resulta em melhora da
SaO2 e em redução da resistência vascular pulmonar. O oxigenador
de membrana é extremamente eficiente para a remoção do CO2.
Para ajuste de PaCO2, deve-se reduzir o sweep flow, e não a FR do
respirador.

A alternativa correta é a "C".


A VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar mecânica é
um determinante de mortalidade em pacientes submetidos a
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea vv. Uma das suas
principais indicações é a proteção pulmonar. Na ECMOoxigenação
por membrana extracorpórea vv, a SaO2 do paciente depende das
trocas gasosas que acontecem no pulmão do paciente e no
oxigenador de membrana da ECMOoxigenação por membrana
extracorpórea. A adequação da PEEPpressão positiva expiratória
final e da FIO2fração inspirada de oxigênio resulta em melhora da
SaO2 e em redução da resistência vascular pulmonar. O oxigenador
de membrana é extremamente eficiente para a remoção do CO2.
Para ajuste de PaCO2, deve-se reduzir o sweep flow, e não a FR do
respirador.

11. Em relação à ventilação em posição prona, assinale a alternativa


correta.

A) Seu efeito de redução da mortalidade está associado a seu


efeito de minimização da VILIlesão pulmonar associada à ventilação
pulmonar mecânica.

B) Está indicada em pacientes com SDRAsíndrome do


desconforto respiratório agudo que permaneçam hipoxêmicos (SaO2
< 88%) a despeito de uma FIO2fração inspirada de oxigênio 100%.

C) Sua indicação carece de plausibilidade biológica e de


evidências científicas.

D) É absolutamente contraindicada em pacientes com


HIAhipertensão intra-abdominal.

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".


Metanálises têm demonstrado a efetividade da ventilação em
posição prona em pacientes com formas graves e moderadas de
SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo. Ela tem sido
associada à redução da mortalidade, e esse efeito parece resultar de
seus efeitos em minimizar a VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica mediante redução da
heterogeneidade pulmonar.

Resposta correta.

Metanálises têm demonstrado a efetividade da ventilação em


posição prona em pacientes com formas graves e moderadas de
SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo. Ela tem sido
associada à redução da mortalidade, e esse efeito parece resultar de
seus efeitos em minimizar a VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica mediante redução da
heterogeneidade pulmonar.

A alternativa correta é a "A".

Metanálises têm demonstrado a efetividade da ventilação em


posição prona em pacientes com formas graves e moderadas de
SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo. Ela tem sido
associada à redução da mortalidade, e esse efeito parece resultar de
seus efeitos em minimizar a VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica mediante redução da
heterogeneidade pulmonar.
12. Em relação ao conceito de ergotrauma, assinale V (verdadeiro)
ou F (falso).

( ) Define o poder mecânico como causa da VILIlesão pulmonar


associada à ventilação pulmonar mecânica.

( ) É um novo conceito de lesão pulmonar que estabelece o papel da


FR como fator contribuinte para a VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica.

( ) É um conceito ultrapassado de lesão pulmonar que descarta o


papel do fluxo como fator contribuinte para a VILIlesão pulmonar
associada à ventilação pulmonar mecânica.

( ) É um novo conceito de lesão pulmonar que comprova a


inexistência de efeitos lesivos da PEEPpressão positiva expiratória
final desde que respeitado um “drive pressure” menor que 15 cmH2O.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — F

B) V — F — V — F

C) F — V — F — V

D) F — F — V — V

Confira aqui a resposta

Resposta incorreta. A alternativa correta é a "A".

É um novo conceito de lesão pulmonar que estabelece o papel do


fluxo como fator contribuinte para a VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica. A PEEPpressão positiva expiratória
final contribui de forma linear para o poder mecânico,
independentemente da DPdriving pressure. Quanto maior o poder
mecânico, maior a gravidade da VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica. VCvolume controlado, DPdriving
pressure, fluxo, FR e PEEPpressão positiva expiratória final
contribuem para o poder mecânico em diferentes proporções.

Resposta correta.

É um novo conceito de lesão pulmonar que estabelece o papel do


fluxo como fator contribuinte para a VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica. A PEEPpressão positiva expiratória
final contribui de forma linear para o poder mecânico,
independentemente da DPdriving pressure. Quanto maior o poder
mecânico, maior a gravidade da VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica. VCvolume controlado, DPdriving
pressure, fluxo, FR e PEEPpressão positiva expiratória final
contribuem para o poder mecânico em diferentes proporções.

A alternativa correta é a "A".

É um novo conceito de lesão pulmonar que estabelece o papel do


fluxo como fator contribuinte para a VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica. A PEEPpressão positiva expiratória
final contribui de forma linear para o poder mecânico,
independentemente da DPdriving pressure. Quanto maior o poder
mecânico, maior a gravidade da VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica. VCvolume controlado, DPdriving
pressure, fluxo, FR e PEEPpressão positiva expiratória final
contribuem para o poder mecânico em diferentes proporções.
• Caso clínico

Lactente de 6 meses de idade, internado na enfermaria do hospital


há 3 dias, evoluindo há 12 horas com febre, hipoatividade, piora
significativa da taquidispneia. Foi transferido para a unidade de
terapia intensiva pediátrica (UTIP) com hipótese de IRAinsuficiência
respiratória aguda e choque séptico (CSchoque séptico). Foi
realizada reparação volêmica e iniciado fármaco vasoativo. Intubado
e colocado em VPMventilação pulmonar mecânica.

Para SaO2 de 90%, a FIO2fração inspirada de oxigênio foi ajustada


em 60%. Paciente muito hipersecretivo, com necessidade de
aspiração da cânula orotraqueal (COT) a intervalos menores de 2
horas. Raio X de tórax com infiltrado pulmonar difuso bilateral
compatível com SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo.

ATIVIDADES

13. Qual modo ventilatório deve ser o escolhido para o paciente do


caso clínico apresentado? Justifique sua resposta.

Confira aqui a resposta

PRVCpressão regulada e volume controlado poderia ser considerada


devido à hipersecretividade respiratória e variação frequente da
resistência respiratória. Isso garantiria a oferta do VCvolume
controlado programado. Não se deve esquecer de ajustar o alarme
da pressão inspiratória máxima. Isso impediria que pressões
inspiratórias excessivas fossem empregadas.
Resposta correta.

PRVCpressão regulada e volume controlado poderia ser considerada


devido à hipersecretividade respiratória e variação frequente da
resistência respiratória. Isso garantiria a oferta do VCvolume
controlado programado. Não se deve esquecer de ajustar o alarme
da pressão inspiratória máxima. Isso impediria que pressões
inspiratórias excessivas fossem empregadas.

PRVCpressão regulada e volume controlado poderia ser considerada


devido à hipersecretividade respiratória e variação frequente da
resistência respiratória. Isso garantiria a oferta do VCvolume
controlado programado. Não se deve esquecer de ajustar o alarme
da pressão inspiratória máxima. Isso impediria que pressões
inspiratórias excessivas fossem empregadas.

14. O paciente do caso clínico deve ser ventilado em posição prona?


Justifique sua resposta.

Confira aqui a resposta

A ventilação em posição prona é recomendada para pacientes com


forma moderada a grave de SDRAsíndrome do desconforto
respiratório agudo. Nesse caso, o ISOíndice de saturação de
oxigênio é compatível com SDRAsíndrome do desconforto
respiratório agudo grave. Nesses pacientes a ventilação em posição
prona reduz a mortalidade. A indicação da prona é para proteção
pulmonar e redução da mortalidade em pacientes com
SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo moderada e
grave e não para tratamento da hipoxemia, embora seu emprego
resulte em melhora da oxigenação na maioria dos pacientes. Em
todo paciente com SDRAsíndrome do desconforto respiratório
agudo com necessidade de FIO2fração inspirada de oxigênio maior
que ou igual a 0,4–0,6 para SaO2 = 90%, a ventilação em posição
prona está indicada, ainda que a SatO2saturação arterial de oxigênio
da hemoglobina esteja adequada.

Resposta correta.

A ventilação em posição prona é recomendada para pacientes com


forma moderada a grave de SDRAsíndrome do desconforto
respiratório agudo. Nesse caso, o ISOíndice de saturação de
oxigênio é compatível com SDRAsíndrome do desconforto
respiratório agudo grave. Nesses pacientes a ventilação em posição
prona reduz a mortalidade. A indicação da prona é para proteção
pulmonar e redução da mortalidade em pacientes com
SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo moderada e
grave e não para tratamento da hipoxemia, embora seu emprego
resulte em melhora da oxigenação na maioria dos pacientes. Em
todo paciente com SDRAsíndrome do desconforto respiratório
agudo com necessidade de FIO2fração inspirada de oxigênio maior
que ou igual a 0,4–0,6 para SaO2 = 90%, a ventilação em posição
prona está indicada, ainda que a SatO2saturação arterial de oxigênio
da hemoglobina esteja adequada.

A ventilação em posição prona é recomendada para pacientes com


forma moderada a grave de SDRAsíndrome do desconforto
respiratório agudo. Nesse caso, o ISOíndice de saturação de
oxigênio é compatível com SDRAsíndrome do desconforto
respiratório agudo grave. Nesses pacientes a ventilação em posição
prona reduz a mortalidade. A indicação da prona é para proteção
pulmonar e redução da mortalidade em pacientes com
SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo moderada e
grave e não para tratamento da hipoxemia, embora seu emprego
resulte em melhora da oxigenação na maioria dos pacientes. Em
todo paciente com SDRAsíndrome do desconforto respiratório
agudo com necessidade de FIO2fração inspirada de oxigênio maior
que ou igual a 0,4–0,6 para SaO2 = 90%, a ventilação em posição
prona está indicada, ainda que a SatO2saturação arterial de oxigênio
da hemoglobina esteja adequada.

• Conclusão

Embora a VPMventilação pulmonar mecânica seja imprescindível


para a sobrevida de muitos pacientes graves, ela é meramente uma
terapia de suporte, não curativa. A sobrevida de pacientes
submetidos à VPMventilação pulmonar mecânica está associada de
forma direta à prevenção de iatrogenias. A prevenção da VILIlesão
pulmonar associada à ventilação pulmonar mecânica e a preservação
da função diafragmática e do DC são tão necessárias quanto a
adequação das trocas gasosas. Essa troca não se constitui no
objetivo maior e único da VPMventilação pulmonar mecânica.

Uma aprofundada compreensão dos efeitos da estratégia e dos


parâmetros ventilatórios adotados é necessária para maximizar a
sobrevida de pacientes pediátricos graves submetidos à
VPMventilação pulmonar mecânica nos mais diferentes contextos
clínicos.

• Respostas às atividades e comentários

Atividade 1

Resposta: D
Comentário: Existem diversos modos de suporte respiratório. A
aplicabilidade e efetividade de cada um varia de acordo com sua
utilização. A ventilação de alta frequência caracteriza-se por maior
biotrauma e maior mortalidade.

Atividade 2

Resposta: B

Comentário: Ciclagem é a passagem da fase inspiratória para a


expiratória. Os critérios utilizados pelo respirador para isso podem
ser volume, tempo, fluxo ou pressão.

Atividade 3

Resposta: A

Comentário: Rampas inspiratórias muito curtas (menor que 10% do


Titempo inspiratório) geram desconforto ao paciente e podem
causar VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar
mecânica. Rampas inspiratórias longas (maior que 20% do Titempo
inspiratório) podem levar à assincronia respiratória (assincronia de
fluxo).

Atividade 4

Resposta: B

Comentário: No modo de PCVventilação com pressão controlada, o


operador seleciona a pressão inspiratória, que permanecerá
constante durante toda a inspiração. O VCvolume controlado é
variável, dependo de alterações da mecânica respiratória do
paciente. O fluxo, necessariamente, é desacelerante. A ciclagem é
por tempo, sendo o Titempo inspiratório fixo. A FR é determinada
pelo doente mediante o disparo. Não havendo o disparo, a FR será
aquela determinada no respirador. Nesse modo não existe
ventilação espontânea. O trabalho respiratório do doente limita-se
ao disparo.

Atividade 5

Resposta: A

Comentário: O VCvolume controlado gerado nas ventilações


mandatórias dependerá da pressão ou do volume pré-fixado e da
mecânica respiratória. O VCvolume controlado gerado durante as
ventilações espontâneas será determinado pelo esforço respiratório
do paciente. Um SPsuporte de pressão poderá ser utilizado, gerando
um volume adicional de ar que será somado ao VCvolume
controlado gerado pelo esforço do paciente, resultando no
VCvolume controlado efetivamente entregue durante a ventilação
espontânea.

Atividade 6

Resposta: D

Comentário: Ventilação com SPsuporte de pressão é o único modo


ventilatório básico com ciclagem a fluxo. Todos os demais ciclam a
tempo.

Atividade 7

Resposta: C

Comentário: O trabalho respiratório, durante o curso da


VPMventilação pulmonar mecânica, limitado ao disparo parece ser
suficiente para impedir a atrofia diafragmática. O trabalho
respiratório excessivo pode resultar em hipertrofia diafragmática (e
disfunção) e lesão concêntrica desse músculo. O uso de SIMV +
SPsuporte de pressão tem sido associado ao prolongamento
desnecessário do tempo de ventilação e não há evidências de sua
superioridade em relação aos modos PCpressão controlada,
VCvolume controlado e PRVCpressão regulada e volume controlado
em relação à disfunção diafragmática.

Atividade 8

Resposta: C

Comentário: Uma redução da espessura diafragmática a menos de


10% durante o tempo sob VPMventilação pulmonar mecânica foi
associada a maior tempo ventilatório. Quanto maior a alteração na
espessura do diafragma, pior o desfecho clínico.

Atividade 9

Resposta: A

Comentário: Repouso absoluto do diafragma resultaria em atrofia e


em disfunção diafragmática de forma rápida. Um dos objetivos da
VPMventilação pulmonar mecânica é a preservação da função do
diafragma. Um trabalho respiratório próximo ao fisiológico é
recomendado para pacientes sob VPMventilação pulmonar
mecânica. Outro objetivo é minimizar a lesão pulmonar associada à
VPMventilação pulmonar mecânica.

Atividade 10

Resposta: C

Comentário: A VILIlesão pulmonar associada à ventilação pulmonar


mecânica é um determinante de mortalidade em pacientes
submetidos a ECMOoxigenação por membrana extracorpórea vv.
Uma das suas principais indicações é a proteção pulmonar. Na
ECMOoxigenação por membrana extracorpórea vv, a SaO2 do
paciente depende das trocas gasosas que acontecem no pulmão do
paciente e no oxigenador de membrana da ECMOoxigenação por
membrana extracorpórea. A adequação da PEEPpressão positiva
expiratória final e da FIO2fração inspirada de oxigênio resulta em
melhora da SaO2 e em redução da resistência vascular pulmonar. O
oxigenador de membrana é extremamente eficiente para a remoção
do CO2. Para ajuste de PaCO2, deve-se reduzir o sweep flow, e não a
FR do respirador.

Atividade 11

Resposta: A

Comentário: Metanálises têm demonstrado a efetividade da


ventilação em posição prona em pacientes com formas graves e
moderadas de SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo.
Ela tem sido associada à redução da mortalidade, e esse efeito
parece resultar de seus efeitos em minimizar a VILIlesão pulmonar
associada à ventilação pulmonar mecânica mediante redução da
heterogeneidade pulmonar.

Atividade 12

Resposta: A

Comentário: É um novo conceito de lesão pulmonar que estabelece


o papel do fluxo como fator contribuinte para a VILIlesão pulmonar
associada à ventilação pulmonar mecânica. A PEEPpressão positiva
expiratória final contribui de forma linear para o poder mecânico,
independentemente da DPdriving pressure. Quanto maior o poder
mecânico, maior a gravidade da VILIlesão pulmonar associada à
ventilação pulmonar mecânica. VCvolume controlado, DPdriving
pressure, fluxo, FR e PEEPpressão positiva expiratória final
contribuem para o poder mecânico em diferentes proporções.

Atividade 13
Resposta: PRVCpressão regulada e volume controlado poderia ser
considerada devido à hipersecretividade respiratória e variação
frequente da resistência respiratória. Isso garantiria a oferta do
VCvolume controlado programado. Não se deve esquecer de ajustar
o alarme da pressão inspiratória máxima. Isso impediria que pressões
inspiratórias excessivas fossem empregadas.

Atividade 14

Resposta: A ventilação em posição prona é recomendada para


pacientes com forma moderada a grave de SDRAsíndrome do
desconforto respiratório agudo. Nesse caso, o ISOíndice de
saturação de oxigênio é compatível com SDRAsíndrome do
desconforto respiratório agudo grave. Nesses pacientes a ventilação
em posição prona reduz a mortalidade. A indicação da prona é para
proteção pulmonar e redução da mortalidade em pacientes com
SDRAsíndrome do desconforto respiratório agudo moderada e
grave e não para tratamento da hipoxemia, embora seu emprego
resulte em melhora da oxigenação na maioria dos pacientes. Em
todo paciente com SDRAsíndrome do desconforto respiratório
agudo com necessidade de FIO2fração inspirada de oxigênio maior
que ou igual a 0,4–0,6 para SaO2 = 90%, a ventilação em posição
prona está indicada, ainda que a SatO2saturação arterial de oxigênio
da hemoglobina esteja adequada.

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Como citar a versão impressa deste documento

Lima LFP, Leal DF, Louzada DV. Métodos usuais de ventilação:


aspectos gerais e aplicação em contextos clínicos atuais. In:
Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Sociedade Brasileira de
Pediatria; Piva JP, Carvalho WB, organizadores. PROTIPED
Programa de Atualização em Terapia Intensiva Pediátrica: Ciclo 12.
Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2020. p. 133–60. (Sistema de
Educação Continuada a Distância, v. 1).

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