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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Programas de Socialização para Cachorros:


Uma Só Saúde

Dissertação de Mestrado em Medicina Veterinária

Inês Isabel Nunes Coelho

Orientador: Professora Dra. Ana Cláudia Correia Coelho

Co-orientador: Professor Dr. David Orlando Ferreira

VILA REAL, 2013


UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Programas de Socialização para Cachorros:


Uma Só Saúde

Dissertação de Mestrado em Medicina Veterinária

Inês Isabel Nunes Coelho

Orientador: Professora Dra. Ana Cláudia Correia Coelho

Co-orientador: Professor Dr. David Orlando Ferreira

VILA REAL, 2013


O conteúdo do presente trabalho é da inteira responsabilidade do autor.

I
A ti, Cuca, a guerreira.

“Nunca te esqueças dos ensinamentos da mãe e do pai” Não me esqueci.

II
AGRADECIMENTOS

Professora Dra. Ana Cláudia Coelho

Professor. Dr. David Orlando Ferreira

Dr. Nuno Paixão

Dr. Julie Albright

Dra. Alexandra Seixas

Equipa do Hospital Veterinário Central

All team from The University of Tennessee, Veterinary Teaching Hospital

Equipa do Hospital Veterinário EDENVET

Todos os Hospitais e Clínicas colaboradores neste estudo

Todos os professores, amigos e colegas de curso

Prof. Dario Santos

AEMV-UTAD

ANEMVet

Ana Bárbara Soares

Ana Balola

Ana Filipa Neves

Ana Raquel Cruzeiro

Ana Rita Neves

Ana Sofia Pires

Andreia Carvalho

Ângela Eleutério

Carlos Ramos

Diana Rodrigues

Emanuel Veríssimo

Filipa Silva

Joana Fradinho

Joana Marcelino

III
Joana Silva

Luís Silva

Márcia Carvalho

Maria Susana Costa

Miguel Quaresma

Mike D.

Sara Alves

Sara Melo

Teresa Lage

Família Coelho

Família Nunes Ferreira

Família Maia Nunes

Família Milho

Família Osório e Silva

Família Rodrigues

Carlos Milho

Pedro Coelho

Carlos Coelho

Isabel Coelho

Ester Gramaço

Obrigado a todos pela inspiração, dedicação, apoio e carinho.

IV
RESUMO

A medicina comportamental de animais de companhia tem vindo a sofrer uma


enorme evolução ao longo dos últimos anos, nomeadamente no que concerne o
desenvolvimento comportamental do cachorro e os seus programas de socialização.
Paralelamente, também a área da saúde pública tem experienciado enormes
desenvolvimentos na tentativa constante de responder às diferentes ameaças e riscos,
baseando-se na premissa de que a saúde humana está inextricavelmente ligada à saúde
animal.

Em dezembro de 2012 foi realizada uma Puppy Party no seguimento do estágio


curricular no Hospital Veterinário Central. Após profunda pesquisa bibliográfica, avaliaram-
se as inconformidades deste projeto e elaborou-se um novo programa de socialização –
Aulas de Socialização para Cachorros – de modo a alcançar o maior impacto possível tanto
no cachorro (saúde animal) como no proprietário (saúde pública).

Paralelamente avaliaram-se os conhecimentos dos proprietários de cães


frequentadores de Clínicas e Hospitais Veterinários do distrito de Setúbal acerca dos
cuidados de saúde e a importância da socialização nos primeiros meses de vida do
cachorro.

Assim, este estudo pretendeu: por um lado avaliar as falhas existentes na passagem
de informação aos clientes, relacionando-as com a sugestão de plataformas que possam
colmatar estas mesmas falhas, tornando a educação do proprietário mais eficaz. Isto porque
a educação é mais uma oportunidade que os Médicos Veterinários têm para contribuir
ativamente para a promoção da saúde pública, incentivando a diminuição dos problemas
comportamentais, a diminuição do abandono dos animais, a diminuição das eutanásias
relacionadas com este dois últimos pontos, um melhor saneamento da via pública e
melhores cuidados de saúde do cão; por outro lado desenhar estruturas programáticas que
permitam proporcionar aos cachorros entre as 8 e as 16 semanas de idade, um adequado
período de socialização proporcionando diferentes estímulos táteis, visuais e sonoros bem
como o contacto social com a mesma espécie e com espécies diferentes.

De facto, as Aulas de Socialização para Cachorros podem atuar beneficamente tanto


no cachorro, como no ser humano (proprietários e equipa clínica), como no meio ambiente,
ou seja, no triângulo One Health.

Palavras-chave: socialização; cachorro; saúde pública; one health.

V
ABSTRACT

Behavioural medicine for companion animals has been evolving immensely


throughout the last years, especially in what concerns the puppy’s behavioural development
and its socialisation programmes. The public health field has also been subject to large
developments in a constant attempt to respond to different threats and risks, based on the
principle that human health is inextricably linked to animal health.

In December 2012, a Puppy Party took place as part of the academic internship in the
Hospital Veterinário Central (Central Veterinary Hospital). After an intense bibliographical
research, the shortcomings were assessed, providing the foundation to a new socialisation
programme – Puppy Classes – so that its impact could be optimised for the puppy (animal
health) and for the owner (public health).

The dog owners that attended Clinics and Veterinary Hospitals within the County of
Setúbal were also assessed accordingly, in order to understand their knowledge about
healthcare and the importance of socialisation during the puppies’ first months of life.

Therefore, this study aimed to examine the ruptures in the information process
directed to customers, trying to find ways to overcome them by suggesting information
platforms that would teach the owners in a more efficient way. Educating and teaching are
important opportunities for a Veterinary Physician to actively endorse public health,
contributing to a decrease in behavioural problems, a decrease in animal abandonment, a
decrease in euthanasia related to these two situations, a better street sanitation and a
general better healthcare for dogs. On the other hand, this study also aimed to design
programme structures that would allow puppies (with ages within 8 and 16 weeks) to engage
in an adequate socialisation period, offering different tactile, visual and auditory stimuli, as
well as contact with the same and different species.

Socialisation Classes for Dogs are indeed beneficial to puppies, to humans (owners
and clinicians) and to the environment – therefore, they are beneficial to the One Health
triangle.

Key-words: socialisation; puppy; public health; one health

VI
ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

I. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 3

1. A RELAÇÃO DO SER HUMANO COM O CÃO E SEUS BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE


PÚBLICA ................................................................................................................................ 3

1.1. ASPETOS EMOCIONAIS E SOCIAIS .......................................................................... 5

1.2. EXERCÍCIO FÍSICO .................................................................................................... 7

1.3. SAÚDE ........................................................................................................................ 8

2. DESENVOLVIMENTO COMPORTAMENTAL CANINO ................................................... 11

3. EFEITOS DA NÃO SOCIALIZAÇÃO ................................................................................ 13

3.1. AGRESSÃO ............................................................................................................... 15

3.2. O ABANDONO DOS ANIMAIS .................................................................................. 17

4. ONE HEALTH .................................................................................................................. 19

5. AULAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS E PUPPY PARTIES.......................... 22

II. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 27

III. CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA


SAÚDE E DA SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO ............................................................... 29

1. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 29

1.1. TIPO DE ESTUDO ..................................................................................................... 29

1.2. ÁREA GEOGRÁFICA EM ESTUDO .......................................................................... 29

1.3. CLÍNICAS E HOSPITAIS VETERINÁRIOS EM ESTUDO .......................................... 30

1.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA EM ESTUDO ................................................................. 31

1.4.1. POPULAÇÃO .................................................................................................. 31

1.4.2. TIPO DE AMOSTRA ....................................................................................... 31

1.4.3. CÁLCULO DO NÚMERO DE UNIDADES DE AMOSTRAGEM ....................... 31

1.5. FONTES DE RECOLHA DE DADOS ......................................................................... 31

1.5.1. ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO ................................................................ 32

1.6. MÉTODO DE RECOLHA DE DADOS ........................................................................ 32

VII
1.7. ASPETOS ÉTICOS E LEGAIS................................................................................... 34

1.8. ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................ 34

2. RESULTADOS ................................................................................................................. 34

3. DISCUSSÃO DOS MÉTODOS ......................................................................................... 38

IV. DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS- DESENHOS


DESCRITIVOS ..................................................................................................................... 41

1. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 41

2. DESENHOS DESCRITIVOS ............................................................................................ 41

2.1. PROJETO PUPPY PARTY ........................................................................................ 41

2.1.1. ASPETOS GERAIS ......................................................................................... 41

2.1.2. ESPAÇO FÍSICO E MATERIAL NECESSÁRIO .............................................. 43

2.1.3. HORÁRIO ....................................................................................................... 44

2.1.4. REGRAS ......................................................................................................... 44

2.1.5. PUBLICIDADE ................................................................................................ 45

2.1.6. INSCRIÇÃO .................................................................................................... 45

2.1.7. CUSTOS ......................................................................................................... 45

2.2. PROJETO AULAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS .................................. 45

2.2.1. ASPETOS GERAIS ......................................................................................... 45

2.2.2. ESPAÇO FÍSICO E MATERIAL NECESSÁRIO .............................................. 46

2.2.3. HORÁRIO E CALENDÁRIO DE AULAS.......................................................... 48

2.2.3.1. PRIMEIRA AULA – APRESENTAÇÃO E EDUCAÇÃO ..................... 49

2.2.3.2. AULAS 2, 3 E 4 ................................................................................. 50

2.2.3.3. ÚLTIMA AULA – FESTA DE FINALISTAS ........................................ 51

2.2.4. REGRAS ......................................................................................................... 51

2.2.5. LIVRO DO CACHORRO ................................................................................. 52

2.2.6. VENDA DE PRODUTOS DURANTE AS AULAS ............................................ 52

2.2.7. PUBLICIDADE ................................................................................................ 52

2.2.8. INSCRIÇÃO .................................................................................................... 53

VIII
2.2.9. FORMAÇÃO ................................................................................................... 53

2.2.10. CUSTOS ....................................................................................................... 53

2.2.11. AVALIAÇÃO DAS AULAS DE SOCIALIZAÇÃO E FOLLOW-UP ................... 53

2.2.12. ADAPTAÇÕES.............................................................................................. 54

V. DISCUSSÃO.................................................................................................................... 61

VI. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 73

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 75

ANEXOS ............................................................................................................................ XIV

ANEXO I – PEDIDO DE COLABORAÇÃO DIRIGIDO AO DIRETOR (A) CLÍNICO (A) ...... XIV

ANEXO II – QUESTIONÁRIO ELABORADO PARA RECOLHA DE INFORMAÇÃO ........... XV

ANEXO III – FOTOGRAFIAS DOS COLABORADORES E CÃES ADULTOS NA PUPPY


PARTY, DEZEMBRO 2012 .............................................................................................. XVIII

ANEXO IV – DIPLOMA DE PARTICIPAÇÃO NA PUPPY PARTY ...................................... XIX

ANEXO V – FOTOGRAFIAS RECOLHIDAS DURANTE A PUPPY PARTY, DEZEMBRO


2012 .................................................................................................................................... XX

ANEXO VI – FOTOGRAFIAS DA ESCOLA DE TREINO CHATUSKA DOG SCHOOL.....XXIV

ANEXO VII – PANFLETO PUBLICITÁRIO À REALIZAÇÃO DA PUPPY PARTY .............XXVI

ANEXO VIII – FOTOGRAFIAS DO CHATUSKA PET HOTEL .........................................XXVII

ANEXO IX – LIVRO DO CACHORRO: CUIDE DO SEU CACHORRO, CUIDE COM PAIXÃO


.........................................................................................................................................XXXI

IX
ÍNDICE DE FIGURAS, TABELAS e QUADROS

Figura 1- Gráfico de colunas ilustrativo do número de instituições que aceitaram colaborar


no estudo ............................................................................................................................ 30

Figura 2- Gráfico de colunas representativo do número de questionários preenchidos, não


preenchidos, válidos, não válidos, auto-preenchidos e hetero-preenchidos ........................ 33

Figura 3- Gráfico circular relativo aos resultados sobre a idade de chegada do cachorro ao
lar do proprietário ................................................................................................................ 35

Figura 4- Gráfico circular referente aos resultados sobre a idade adequada ao inicio da
vacinação num cachorro ..................................................................................................... 36

Figura 5- Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o


tópico: espaço físico e material ............................................................................................ 55

Figura 6- Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o


tópico: horário e calendário de aulas ................................................................................... 56

Figura 7- Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o


tópico: regras ...................................................................................................................... 57

Figura 8- Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o


tópico: livro do cachorro, venda de produtos, publicidade, inscrição, formação, custos,
avaliação e follow-up ............................................................................................................ 58

Figura 9- Colaboradoras do Chatuska Pet Hotel fantasiadas, bem como um cão adulto XVIII

Figura 10- Colaboradora do Chatuska Pet Hotel fantasiada, bem como um cão adulto .. XVIII

Figura 11- Diploma de participação na Puppy Party .......................................................... xix

Figura 12- Cachorro C e proprietários ............................................................................... XX

Figura 13- Cachorro D e proprietários ................................................................................ xx

Figura 14- Puppy Party, 16 dezembro 2012 ....................................................................... xx

Figura 15- Cachorro B e proprietário ................................................................................. xxi

Figura 16- Cachorro F e proprietária ................................................................................. XXI

Figura 17- Interação social entre o cachorro B e o cachorro C .......................................... xxi

Figura 18- Interação social entre o cachorro B e o cachorro C .......................................... xxi

Figura 19- Interação social entre o cachorro B e o cachorro C .......................................... xxi

Figura 20- Interação social entre o cachorro B e o cachorro C .......................................... xxi

Figura 21- Cachorro A e proprietária .................................................................................xxii

Figura 22- Cachorro A e fotógrafo ................................................................................... XXII

X
Figura 23- Cachorro H e proprietária .................................................................................xxii

Figura 24- Cachorro B sendo manipulado por humano não familiar ..................................xxii

Figura 25- Momento de entrega dos diplomas de participação ......................................... xxiii

Figura 26- Escola de treino Chatuska Dog School ............................................................xxiv

Figura 27- Escola de treino Chatuska Dog School ............................................................ xxv

Figura 28- Escola de treino Chatuska Dog School ............................................................ xxv

Figura 29- Panfleto publicitário ..........................................................................................xxvi

Figura 30- Panfleto publicitário ..........................................................................................xxvi

Figura 31- Mapa interior do Chatuska Pet Hotel .............................................................. xxvii

Figura 32- Mapa interior do Chatuska Pet Hotel .............................................................. xxvii

Figura 33- Mapa exterior do Chatuska Pet Hotel ............................................................ xxviii

Figura 34- Mapa exterior do Chatuska Pet Hotel ............................................................ xxviii

Figura 35- Mapa exterior do Chatuska Pet Hotel ..............................................................xxix

Figura 36- Mapa exterior do Chatuska Pet Hotel ..............................................................xxix

Figura 37- Mapa interior do Chatuska Pet Hotel ............................................................... xxx

Figura 38- Mapa interior do Chatuska Pet Hotel ............................................................... xxx

Quadro 1- Frequência das doenças indicadas ..................................................................... 35

Quadro 2- Médias do grau de importância (0 a 5) atribuída aos cuidados nos 3 primieros


meses de vida de um cachorro............................................................................................. 37

Quadro 3- Resumo das características (sexo, idade, raça e porte) dos cachorros
participantes na Puppy Party ................................................................................................ 42

Quadro 4- Comportamentos dos cachorros que participaram na Puppy Party ..................... 43

Quadro 5- Horário para as aulas 1, 2, 3 e 4 ......................................................................... 49

Quadro 6- Horário para a última aula................................................................................... 49

Quadro 7- Sugestões para os itens opcionais ..................................................................... 59

Quadro 8- Resumo dos estímulos proporcionados na Puppy Party e aqueles propostos para
as aulas de socialização para cachorros .............................................................................. 68

XI
Tabela 1- Distribuição geográfica das clínicas e hospitais veterinários que participaram no
presente estudo.................................................................................................................... 29

XII
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS, SIMBOLOS E ACRÓNIMOS

% - Percentagem

 - Símbolo de marca registada

ASC – Aulas de socialização para cachorros

PP – Puppy Party

XIII
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

INTRODUÇÃO

Socialização s. f. 1 Ato ou efeito de socializar. 2 Desenvolvimento do sentimento coletivo


da solidariedade social e do espirito de cooperação nos indivíduos associados 3 Processo
de integração mais intensa dos indivíduos no grupo (Texto Editores, 2009).

Socializar v. tr. 1 Tornar social. 2 Colocar sob o regime de sociedade ou associação 3


Aplicar os princípios do socialismo (Texto Editores, 2009).

O cão deriva de uma espécie selvagem embora extremamente social e facilmente


reconhecida como tal, o lobo (Kleiman e Eisenberg, 1973; Overall, 1997). Ambos partilham o
mesmo sistema social, i.e., a hierarquia por dominância. A essência deste sistema é reduzir
os conflitos físicos entre os membros da matilha através da aplicação constante de regras
que dividem os privilégios e recursos como, por exemplo, o alimento (Mugford, 1990).
Atualmente, no entanto, os cães de companhia vivem num grupo social composto não só
por indivíduos da mesma espécie, mas também pela sua família humana e até,
eventualmente, por outras espécies animais não humanas, como os gatos (Seksel, 2010).
Este fator de interação entre espécies aumenta a complexidade do processo de relações
sociais do cão. Desde o comportamento sexual ao comportamento de predação, desde a
marcação com urina ao mútuo grooming, as subtilezas do dia-a-dia de um cão são
baseadas em relações sociais (Beaver, 2009a), por isso proprietários e criadores devem
estar conscientes e informados sobre o desenvolvimento do cachorro, a influência do
ambiente sobre este, assim como acerca das boas práticas de criação, de modo a alcançar
o comportamento e relações sociais normais de um cão adulto (Mugford, 1990). Por outro
lado, uma clínica/hospital veterinário pode oferecer um variado número de serviços que
ajudam a fortalecer o elo entre o animal e o seu proprietário (Beaver, 2009b), uma vez que
os problemas comportamentais têm regularmente efeitos negativos na relação entre os
animais e os seus donos (Salman et al., 2000).

Os Médicos Veterinários praticam todos os dias medicina preventiva relacionada com


cuidados de saúde, no entanto, o aconselhamento comportamental é muitas vezes
esquecido nas consultas de rotina (Radosta, 2009). Assim, estes profissionais de saúde
devem: proporcionar aos seus clientes conhecimentos científicos atualizados sobre
socialização, comportamento e organização social da espécie canina (Seksel, 2010); educar
o proprietário para as visitas regulares ao veterinário; instruir para o treino básico do cão;
focar-se na medicina preventiva e aconselhamento comportamental (Patronek et al., 1996).

1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Compreender esta espécie, que evoluiu lado a lado com o ser humano, pode ser
importante para a compreensão das relações do ser humano com o meio que o envolve
(Miklósi, 2007).

2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

I. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. A RELAÇÃO DO SER HUMANO COM O CÃO E SEUS BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE


PÚBLICA

A domesticação é um processo biológico que ocorre pela seleção artificial (por pessoas
e não pela natureza) de uma característica de um animal através da reprodução de animais
com a característica desejada e o desencorajamento ou mesmo proibição da propagação de
animais que não contêm a dita característica (Darwin, 1859 citado por Beck, 2000). Para o
lobo, persistiu também um processo cultural de domesticação iniciado quando este animal
foi introduzido numa estrutura social humana, tornando-se assim, um objeto de posse. Na
última fase deste processo cultural, o proprietário do cão utiliza coleiras e trelas; como outro
qualquer objeto, o cão pode ser comprado, vendido ou trocado (Clutton-Brock, 1995).

As necessidades do Homem foram a causa primária para a domesticação (Levinson,


1969; Beck, 2000). Não obstante, mesmo antes de ocorrer este processo, as relações entre
as duas espécies foram constantes (Johnson, 2013). De facto, esta relação começou ainda
na era pré-histórica, há cerca de 12.000 anos atrás, num período em que os seres humanos
começaram a viver em aldeias (Morey, 1994). Uma vez que estes povos viajavam de terra
em terra à procura de alimento e terras férteis, os lobos selvagens seguiam-nos
invariavelmente, atraídos pela prospeção de uma refeição fácil à base de ossos, alimento
incomestível para os humanos, ou até restos das refeições destes. Nesta fase, o lobo era
tolerado mas não amado. No entanto, uma relação simbiótica terá sido desenvolvida. De
facto, os lobos alertavam os humanos para a proximidade de perigo e, eventualmente,
levavam os caçadores até às presas. Assim, ambos podiam alimentar-se (Beck, 2000). Para
além disso, os animais removiam do ambiente restos orgânicos, supérfluos e perigosos
deixados pelos humanos, através da ingestão dos mesmos (Coppinger e Coppinger, 2001;
Miklósi, 2007). A amestração ocorreu primeiramente, no momento em que alguns animais
eram recompensados com prémios (alimento) quando estavam perto. Estes animais
amestrados podiam ser capturados, reproduzidos e criados. Ao manter junto de si a
descendência desses animais deu-se início ao processo de domesticação. Pela
domesticação, os seres humanos assumiram a responsabilidade pela sobrevivência do cão
e, tal como outros animais domésticos, o cão não vive em pleno sem a intervenção humana
(Beck, 2000). Assim, e em vários graus, a saúde dos seres humanos e dos animais foi e
continua a ser interdependente (Johnson, 2013), pois o habitat é partilhado por ambos e
portanto a sua saúde está inextricavelmente ligada (Karesh e Cook, 2005).

3
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Caçar e guardar eram provavelmente os papéis mais desempenhados pelos cães há


8000-10.000 anos atrás. Estas tarefas tornaram-se mais diversas nas sociedades
agroculturais, o que indica que os cães foram sendo criados essencialmente para caçar,
guardar, serem pastores ou usados como cães de guerra (Brewer et al., 2001; Miklósi,
2007).

Atualmente, as relações entre os humanos e os cães são resultado de vários fatores


evolucionários, ecológicos ou culturais, que podem ter mudado periodicamente dentro dos
tempos mais recentes (Miklósi, 2007). Com a expansão da urbanização muitos cães foram
mudados de quintais, terrenos ou jardins para apartamentos com aquecimento central e
outras comodidades de uma habitação urbana. Quando estes animais são passeados
desfrutam também eles do ambiente urbano ao passear junto a pedras, asfalto e calçada
(Baranyiová et al., 2005). As sociedades modernas desenvolveram vários novos papéis para
os cães (Miklósi, 2007) e a interação entre ambos tem lugar dentro de vários contextos
(Johnson, 2013): cães de companhia de diversas raças, inclusivamente raças típicas de
caça ou de carga, que hoje em dia são utilizadas exclusivamente como animais de
companhia (Miklósi, 2007); cães assistentes, que visitam pacientes com necessidade de
tratamentos a curto ou longo prazo, sendo que a sua presença provoca alguma distração e
descontração, em particular em pacientes que se sentem isolados e precisam de interação e
companhia; cães para terapia, que são incluídos em protocolos terapêuticos por
profissionais de saúde tais como Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais ou Assistentes
Sociais que assistem, por exemplo, momentos da educação de crianças e/ou adultos com
necessidades especiais (Johnson, 2013), ou pacientes com diagnóstico específico como
autismo, doença de Alzheimer, epilepsia ou Síndrome de Down (Hart e Wood, 2008); cães
para serviço, que vivem e trabalham com os seus proprietários de modo a proporcionar-
lhes uma vida independente (Johnson, 2013). Por exemplo, a Guide Dogs for the Blind
Association foi estabelecida em 1931 no Reino Unido para assistência a cidadãos invisuais.
Atualmente, os cães são treinados também para assistir indivíduos com incapacidades
auditivas, para alertar precocemente o surgimento de convulsões em indivíduos com
propensão para tal, ou mesmo para assistir indivíduos com incapacidades físicas severas
(Ormerod et al., 2005); cães que cooperam com a aplicação da lei, como os cães que
trabalham com a polícia ou que controlam fronteiras, participando ativamente em programas
de deteção de narcóticos ou deteção de explosivos (Jennings, 1998); cães de trabalho de
busca e salvamento, utilizando a habilidade que o cão possui para discriminar o odor
humano, aplicado tanto em propósitos criminais como humanitários. As missões de busca e
salvamento podem ocorrer por exemplo no deserto, em situações de desastres (colapso de

4
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

estruturas após sismos, erupções vulcânicas, avalanches, tornados, tufões, edifícios


destruídos após explosões, entre outros) ou em situações de busca de cadáveres (Stanley,
1998); cães de desporto, como as corridas de cães, com especial relevância em
Greyhounds, Whippet, Saluki, Borzoi, Scottish deerhound, Afghan hound e Irish wolf-hound
(Guccione, 1998), campo de treino para Retrievers (McCartney e McCartney, 1998) ou
corridas de cães de trenó com particular importância em países como Estados Unidos da
América, Canadá, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Suíça, Alemanha e França
(Grandjean, 1998); cães utilizados na alimentação, como parte da dieta de vários países
da Ásia-Este (Miklósi, 2007); cães que fazem parte de rituais espirituais, como nas ilhas
da Polinésia em que o cão é criado como um bebé e depois ofertado a uma criança.
Acredita-se que a alma do cão irá proteger a criança e, se esta morre, o cão é usualmente
enterrado com ela (Fisher, 1983; Miklósi, 2007).

Pensa-se que o companheirismo com um ser não-humano tem efeitos benéficos na


saúde do humano. De uma perspetiva cardiovascular, os proprietários de cães têm sido
associados a menores fatores de risco para doenças cardíacas como o sedentarismo,
hipertensão, stress, hiperlipidemia, depressão e Diabetes Mellitus. Para além disso, também
numerosos efeitos não-cardiovasculares têm sido relatados (Arhant-Sudhir et al.,2011).

1.1. ASPETOS EMOCIONAIS E SOCIAIS

Sendo humanos e cães espécies sociais, não é surpreendente que estes se sintam mais
relaxados quando desfrutam da companhia de um grupo familiar. Estar inserido num grupo
reduz também a necessidade de vigilância e, por isso, maiores níveis de conforto. No que
concerne à relação entre humano e cão, estes efeitos benéficos são simétricos (McGreevy
et al., 2005; Miklósi, 2007). De facto, a ligação singular e admirável entre um ser humano e o
seu animal de companhia é um conceito que os veterinários devem entender desde o dia
que escolhem esta profissão (Pukay, 2000), pois muitas pessoas referem especificamente
que os seus animais são como membros da sua família (Beck e Katcher, 1996; Beck, 2000):
em 896 proprietários, 98% consideram o seu animal de companhia como membro da família
ou como um amigo próximo, 70% referem um aumento da felicidade e diversão na família,
50% afirmam existir um aumento de tempo em convívio com a família, 59% afirmam que os
seus animais são sensíveis ao estado de espirito do proprietário, 50% afirmam que o seu
animal passa mais tempo junto de um indivíduo da família que está mais ansioso ou triste
(Cain, 1985); em 711 proprietários, 35% permitem que o seu animal durma nas suas camas,
55% permitem que os animais possam descansar no sofá, 20% recebem alimento
diretamente da mesa de refeições, 30% falam para os seus animais de companhia e 30%

5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

realizam uma festa de aniversário para o seu animal (Voith et al., 1992; Miklósi, 2007); em
132 proprietários de cães que vivem em zona urbana na República Checa, 87,1% permitem
que os animais possam descansar no sofá, 74,2% permitem que o cão durma na cama de
um dos membros da família, 100% consideram o cão como membro da família, 97% falam
diariamente com o seu cão, 95,5% têm fotografias do seu cão na decoração da casa, 92,4%
levam o seu cão de férias com os restantes membros da família e 75% celebram o
aniversário do seu animal (Baranyiová, 2005). Outro estudo revelou que em 34 mulheres
caucasianas, proprietárias de um cão e recentemente viúvas, 5 reportaram que o cão
funcionava como maior fonte de conforto do que familiares ou amigos e 15 descreveram o
cão como significativamente importante no processo de viuvez (Bolin, 1987; Hart, 1995). Por
outro lado, a morte de um cão pode libertar nos seres humanos emoções fortes,
comparáveis com a morte de um amigo (Steward, 1983; Miklósi, 2007). Aliás, durante a
catástrofe do furacão Katrina, em Nova Orleães em 2005, muitos indivíduos preferiram
enfrentar a morte a ser resgatados deixando para trás os seus amados animais de
companhia (Dagg, 2011). Baseado nestas observações, algum antropomorfismo é esperado
na relação dos seres humanos com os seus cães (Miklósi, 2007), pois o Homem segue a
tendência de se proteger do sentimento devastador de solidão (Beck, 2000).

Nos Estados Unidos da América é mais comum existirem cães em famílias com crianças
tanto em idade pré-escolar como escolar (Albert e Bulcroft, 1987; Miklósi, 2007). Nestas
famílias, a ligação emocional entre cães e indivíduos em idade adulta é menor, indicando
que durante o desenvolvimento da criança o cão desempenha a função de companheiro de
brincadeira (Miklósi, 2007). Bucke (1903), desenvolveu um ensaio pioneiro com crianças em
idade escolar. As crianças enfatizaram a atenção personalizada e individual que recebiam
do seu cão através de frases como “ele gosta de mim”, “ele protege-me e segue-me para
todo o lado”, “ele ladra quando eu chego da escola”, “ele é bom para mim”, entre outras.
Estas crianças revelaram também apreciação pela habilidade que o cão possui em
expressar amor e afeto quando saltam para cima da criança, correm em redor da criança,
abanam a cauda e solicitam a brincadeira (Bucke, 1903 citado por Hart, 1995).

Com adultos, a relação com cães parece desempenhar frequentemente uma função
compensatória, na qual os indivíduos estabelecem uma relação próxima de companheirismo
e confiança com o seu cão para compensar a baixa satisfação que recebem de outros
membros da família (Miklósi, 2007). Muitos indivíduos percebem que os seus animais de
companhia providenciam companheirismo, sentido de segurança, oportunidade para brincar,
divertir e relaxar (Beck, 2000), conforto, humor (Hart e Wood, 2008), suporte emocional,
entretenimento (Wells et al., 2008) e espontaneidade, todos os quais aumentam a sua

6
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

qualidade de vida (Arhant-Sudhir et al., 2011). Para além disso, a presença de cães em
público facilita a interação entre pessoas e conduz frequentemente ao contato visual ou
mesmo diálogos entre cidadãos que não se conhecem, uma vez que, de uma forma geral,
os seres humanos são sensíveis à imagem de um cão e consideram-no atraente. No
entanto, a presença de cães de grande porte ou cães que pertencem a raças com má
reputação, como os Rottweilers, não desperta o mesmo interesse (Wells, 2004; Miklósi,
2007). Um estudo anterior de Messent (1983) revelou resultados idênticos, indicando um
aumento de contatos entre estranhos quando um cão está presente. Aproximadamente em
70% de todos os passeios com um cão, ocorreu pelo menos uma interação verbal (Messent,
1983; Cutt et al., 2007). Efetivamente, os cães interagem mais frequentemente com o seu
proprietário na presença de estranhos, iniciam maior contato com estranhos e recebem mais
ordens dos seus proprietários em comparação com a relação entre gatos e seus
proprietários (Miller e Lago, 1990; Miklósi, 2007). Assim, os cães desempenham a função de
companheiros sociais, bem como um elemento facilitador das interações sociais humanas,
pois providenciam um tópico para conversas relaxadas e divertidas. O contato social é um
mecanismo que estimula a autoestima e o amor-próprio e, consequentemente, os efeitos
sociais explorados pela companhia de um cão estão entre os mais importantes benefícios
para o ser humano (Hart, 1995).

1.2. EXERCÍCIO FÍSICO

Proprietários de cães revelam maiores níveis de atividade física, sugerindo que os cães
desempenham um papel muito importante na promoção do exercício físico nos seus
proprietários (Arhant-Sudhir et al., 2011). Um estudo com a duração de 10 meses pretendeu
avaliar as mudanças no comportamento e na saúde de proprietários que adquiriram um
animal de companhia. Os proprietários de cães revelaram um aumento do exercício físico
durante os passeios com o seu animal em comparação com proprietários de gatos ou com
humanos sem animais (Serpell, 1991). Proprietários norte-americanos de cães caminham,
em média, 30 minutos por dia em caminhadas de pelo menos 10 minutos cada (Ham e
Epping, 2006; Johnson, 2013). Já o Australian National People and Pets Survey de 1994
reportou que 74% dos proprietários exercitam o seu cão, com 50% dos inquiridos a fazê-lo,
em média, 1-2 vezes por dia (McHarg et al., 1995; Headey, 2006). O mesmo estudo em
2006 revelou que esta percentagem aumentou para 80% com 8% a fazê-lo mais que duas
vezes por dia, 47% a fazê-lo, em média, 1-2 vezes por dia e 26% a fazê-lo frequentemente
mas não todos os dias. Este estudo revelou ainda que proprietários que vivem sozinhos
exercitam mais o seu cão e, pelo contrário, proprietários que pertencem a um agregado
familiar com crianças exercitam menos (Headey, 2006). Na Suécia, 39.995 questionários a

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

residentes de 5 condados diferentes (62,5% proprietários e 37,5% não proprietários)


revelaram que indivíduos fisicamente ativos a um nível possível de obter efeitos na sua
saúde, têm mais probabilidade de possuir um animal de companhia que aqueles menos
ativos. Para além disso, os proprietários de animais desenvolvem mais atividades em
natureza tal como a caça, a pesca ou a jardinagem. Este tipo de atividades geralmente
implica mais exercício físico que as atividades mais significativas do grupo dos não
proprietários: teatro, exibições, museus, concertos, entre outros (Müllersdorf et al., 2010).

1.3. SAÚDE

Um grupo de estudos comparativos entre a saúde de humanos proprietários de animais


e humanos sem animais tem sido publicado. Alguns têm produzido resultados não
convincentes, outros têm falhado na associação entre proprietários e melhorias no estado
de saúde, outros têm produzido resultados difíceis de interpretar (Serpell, 1991), não
existindo evidências de que possuir um cão de companhia induz efeitos benéficos na saúde
a longo prazo (Hart, 1995). Efetivamente, os aparentes benefícios de ser proprietário de um
animal de companhia, em particular de um cão, têm sido encontrados em alguns estudos
embora outros não apresentem estes resultados (Arhant-Sudhir et al., 2011). Seguem-se
alguns exemplos.

Allen et al. (2002) estudaram 240 casais em que 50% possuía um animal de companhia
e 50% não. Os proprietários de animais revelaram uma diminuição significativa na
frequência cardíaca e nos níveis de pressão sanguínea, em relação aos casais sem
animais, podendo estes resultados estar associados à perceção benéfica que os
proprietários têm dos seus animais (Allen et al., 2002). Já em 2001 outro estudo tinha
apontado uma diminuição na pressão sanguínea para proprietários de cães, associada à
redução de stress, maior suporte emocional e social ou aumento do exercício físico durante
os passeios à via pública (Allen et al., 2001). De outro modo, Wright et al. (2007) não
encontraram diferenças significativas entre os níveis de pressão sanguínea entre
proprietários e não proprietários, após o ajustamento dos dados conforme a idade dos
indivíduos estudados (Wright et al., 2007), sugerindo assim, que muitos fatores
desempenham um papel importante na determinação do impacto de ser proprietário de um
animal de companhia e riscos de doença cardiovascular (Arhant-Sudhir et al., 2011).

Anderson et al. (1992) revelaram que os proprietários de animais de companhia


demonstraram menores níveis de colesterol e triglicéridos no plasma em comparação com
os não proprietários. No entanto, é possível que estes resultados estejam relacionados com
outros fatores nestes sujeitos, como um maior nível de exercício físico ou uma melhor

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

condição corporal. Será necessário conseguir mais dados científicos para se obter
conclusões definitivas nesta área (Anderson et al., 1992; Arhant-Sudhir et al., 2011).

Foram estudados 212 proprietários de cães, diagnosticados há mais de dez anos com
Diabetes Mellitus tipo 1, por Deborah Wells e os seus colaboradores (2008): 65,1%
indicaram que os seus cães domésticos exibiam reações comportamentais aos seus
episódios de hipoglicemia, providenciando desta forma um importante alerta para os
envolvidos. Os comportamentos caninos sugeridos revelaram esforços para captar a
atenção do seu proprietário através da vocalização (61,5%), lamber o proprietário (49,2%),
saltar para cima do proprietário (30,4%), focar-se intensamente nos olhos do proprietário
(41,3%) e/ou encostar várias vezes o nariz na mão do proprietário (40.6%) (Wells et al.,
2008). No estudo de Wright et al. (2007) referido anteriormente, a percentagem de
indivíduos idosos com Diabetes Mellitus diagnosticada, foi maior para os sujeitos com
animais de companhia quando comparados com os não proprietários. No entanto, os
proprietários exibiam maior peso corporal e níveis menores de exercício físico do que os não
proprietários. Uma avaliação ajustada para estes fatores não foi realizada para este
componente (Wright et al., 2007).

No estudo de Müllersdorf et al. (2010), anteriormente referido, os resultados associaram


aspetos negativos na saúde, assim como, aspetos positivos. Os proprietários revelaram
menor saúde mental e mais sintomas depressivos, insónias e ansiedade, o que pode estar
relacionado com o facto de estas pessoas terem maior predisposição à aquisição de um
animal de companhia, acreditando no amor incondicional pelos seus proprietários. De facto,
é possível que a experiência de depressão sentida pelos proprietários estudados, fosse
mais severa caso não existisse o animal. Para além disso, este grupo revelou ainda maior
número de cefaleias (incluindo enxaquecas) e outras dores nomeadamente no pescoço,
ombros, ancas, costas e estômago. Pelo contrário, os não proprietários revelaram maior
pressão sanguínea, fadiga e incidência de Diabetes Mellitus e doenças cardiovasculares. No
entanto, todas estas condições podem estar relacionadas com o fato de a média de idades
dos não proprietários ser maior (Müllersdorf et al., 2010).

Os efeitos da aquisição de um animal de companhia na saúde e comportamento humano


não podem ser investigados usando os métodos convencionais de grupos de controlo e
grupos placebo (Serpell, 1991). A maior parte do conhecimento científico sobre a vida dos
cães numa família humana é baseada em estudos com questionários. Certo tipo de
informação continua assim com valor duvidoso, exceto se esses resultados são suportados
com observação direta do comportamento (Miklósi, 2007). Para além disso, durante a

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

análise de resultados entre os indivíduos estudados, deve ser feito um ajustamento


relativamente a fatores que podem influenciar direta ou indiretamente o seu estado de
saúde, como, por exemplo, a idade, índice de massa corporal, consumo de álcool, consumo
de tabaco, atividade física, diagnóstico prévio de Diabetes Mellitus, grau de educação,
estatuto socioeconómico (Wright et al., 2007), sexo, número de crianças no agregado
familiar, número de animais de companhia na mesma casa e nível de atração/relação com o
próprio animal de companhia (Cutt et al., 2007). Outro fator importante está relacionado com
a escolha da amostra: quando os participantes representam uma amostra de conveniência,
aqueles que fazem parte do estudo terão maior probabilidade de possuir animais que
demonstrem os comportamentos pretendidos em estudo em relação àqueles que não se
candidataram ao estudo (Wells et al., 2008), limitando assim a generalização dos resultados
para uma comunidade mais ampla. Desta forma, no futuro serão necessários estudos com
amostras maiores, métodos de escolha de amostra aleatórios, controlo dos possíveis fatores
de influência, bem como estudos longitudinais que possibilitem estudar que comportamentos
diários e de saúde foram alterados com a presença de um cão na família e a que nível foram
alterados. Os estudos não devem referir-se apenas aos comportamentos atuais (Cutt et al.,
2007).

Atualmente desenrola-se um processo como tentativa de compreender melhor este


complexo elo de ligação entre os humanos e os seus animais de companhia; duas espécies
com o objetivo comum de sobrevivência, duas espécies que querem desfrutar da vida em
conjunto (Beck e Meyers, 1996; Beck, 2000).

Os proprietários oferecem cuidados regulares, abrigo e contribuem em vários outros


aspetos para o bem-estar do seu animal (Miklósi, 2007). Em simetria, os cidadãos
dependem dos seus animais de companhia para força emocional, espiritual, física e
psicológica. Reconhecendo esta ligação e sendo mais efetivo no trabalho com os clientes e
suas famílias, otimizando as relações com os animais de companhia, prevenindo ou
reconhecendo alguns problemas precocemente, providenciando suporte para programas
terapêuticos assistidos por animais, auxiliando o cliente no processo de luto após a morte de
um animal (Hart e Wood, 2008) e ajudando os proprietários e seus animais a viverem de
forma mais feliz, saudável e completa, o Médico Veterinário pode desempenhar um papel
vital neste processo. Mais especificamente, o papel do Médico Veterinário é definido não só
em termos de saúde animal mas como parte da estabilidade de uma família e saúde dos
seus membros. Na prática clínica o reconhecimento deste elo de ligação é um importante
determinante de uma prática de sucesso, recolhendo melhores resultados tanto para a
clínica como para os seus clientes (Pukay, 2000).

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2. DESENVOLVIMENTO COMPORTAMENTAL CANINO

No final dos anos 40 e início dos anos 50, foi dada mais atenção ao estudo do
desenvolvimento comportamental (Overall, 1997). Em 1958, J.P Scott descrevia o
desenvolvimento comportamental normal de um cão em 5 fases – neonatal, transição,
socialização, juvenil e adulta (Scott, 1958). Hoje em dia essas mesmas fases continuam
assim reconhecidas, cada uma das quais caraterizada por alterações comportamentais e
fisiológicas específicas (Seksel, 2010). Porém, outros autores, como Roger Mugford (1990),
Serpell e Jagoe (1995) ou Andrew Luescher (2011) já incluem a fase pré-natal/fetal como
parte integrante deste processo (Mugford, 1990; Serpell e Jagoe, 1995; Luescher, 2011).

A fase neonatal cobre as duas primeiras semanas de vida (Beaver, 2009a). Tanto no
cão como nos outros mamíferos, esta fase foi subvalorizada durante muito tempo pelos
etólogos devido ao aspeto vegetativo da atividade dos cachorros. De facto, o sono constitui
a parte mais essencial desta atividade. Durante a maior parte do sono os cachorros
apresentam movimentos incessantes da cara, orelhas, pálpebras, lábios, membros e tronco,
bem como vocalizações. Nalguns períodos o sono é profundo e caracterizado por um estado
de repouso total e aparente. Os intervalos em que os cachorros estão acordados são quase
totalmente ocupados com o ato de mamar - processo que ocorre sensivelmente de 3 em 3
horas (Pageat, 2000) - e com os períodos de cuidados maternos (Beaver, 1995). O cachorro
é cego e surdo e completamente dependente da mãe para termorregulação, alimentação e
eliminação (Luescher, 2011), não sendo, portanto, um organismo autónomo, independente
ou auto-suficiente (Scott e Fuller, 1965). Apesar disso, o paladar, tato, olfato e sensibilidade
à temperatura já estão desenvolvidos (Luescher, 2011). As competências motoras são muito
limitadas, não sendo o cachorro capaz de se apoiar nos quatro membros e o único modo de
locomoção é o arrasto. É durante este período que a mãe desenvolve o apego aos
cachorros, o que significa que a partir deste momento tudo o que limita o contacto entre a
cadela e os seus filhos desencadeia um estado de nervosismo profundo para a mãe. Assim,
durante as duas primeiras semanas de vida os cachorros e a mãe mantêm-se juntos a maior
parte do tempo. Este apego não é recíproco. Na verdade, os cachorros apenas procuram
um objeto quente, suave e que contenha leite. Ou seja, qualquer cadela em lactação pode
satisfazer os cachorros, mas só os filhos de determinada cadela podem satisfazer a mesma
(Pageat, 2000). Porém, devido à ausência de autonomia, quando um cachorro se encontra
longe da restante ninhada fica num estado de muita agitação associado à emissão de
vocalizações que só cessam quando retomado o contato com a mesma (Mugford, 1990). As
vocalizações também podem ser constatadas quando os cachorros têm frio, estão
desconfortáveis ou são estimulados de forma dolorosa (Beaver, 1995). Estas vocalizações

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

angustiantes são, claro, uma solicitação para cuidados maternos e geralmente atraem a
atenção da mãe (Scott e Fuller, 1965). O comportamento do cachorro depende
maioritariamente de tentativas e erros. Por exemplo, se separarmos um cachorro da sua
mãe e restante ninhada numa sala muito grande, ele vai mover-se em qualquer direção
testando os gradientes de temperatura e movendo-se para a opção mais quente –
termotactismo positivo (Pageat, 2000) - acabando eventualmente por se afastar do restante
grupo. Claro que, o comportamento maternal irá naturalmente encarregar-se da situação, e
a mãe irá recuperar o filho e devolvê-lo ao ninho (Scott e Fuller, 1965).

A fase de transição começa quando os cachorros são capazes de abrir os olhos e


termina quando começam a reagir ao som, o que ocorre sensivelmente num espaço de uma
semana e meia. Nesta fase já são capazes de caminhar e no final deste período são
capazes de urinar e defecar sem o estímulo da mãe, o que tipicamente acontece mesmo
antes das 3 semanas de idade (Scott, 1958). Não obstante, a mãe continua a lamber os
seus filhos por forma a mantê-los limpos, e embora ocorra um desenvolvimento da
autonomia na eliminação, o comportamento de cuidados maternos, permanece. Na fase
anterior, a relação com a progenitora revelava-se bastante simples e envolvia
maioritariamente o comportamento de ingestão (Scott e Fuller, 1965). Agora, o padrão
comportamental revela-se mais complexo: o cachorro desenvolve o apego pela sua mãe
pois o desenvolvimento dos órgãos sensoriais permite adquirir novas informações sobre ela.
A partir deste momento, esta será a única cadela capaz de tranquilizar a ninhada, tornando-
se o ser apaziguador em torno do qual se desenvolve o comportamento exploratório. Se
separados, os cachorros ficam bastante agitados podendo mesmo chegar a experienciar
alterações do sono e anorexia quando a separação é prolongada (Pageat, 2000). Esta
mudança pode estar talvez associada à necessidade de formação de relações sociais
primárias (Scott e Fuller, 1965). Por outro lado, o desenvolvimento da visão, audição e
capacidade motora torna o cachorro mais reativo aos estímulos ambientais (Luescher,
2011), sendo este capaz de identificar e localizar fontes de dor e incrementar um esforço
para se afastar e escapar das mesmas (Pageat, 2000).

É geralmente aceite que o período seguinte, o período de socialização, se localize


entre as 3 e as 10-12 semanas de idade (Kim et al., 2010). A mãe começa a passar
períodos mais prolongados fora do ninho, aumentando-os progressivamente até culminar na
proibição da aproximação dos cachorros, o que coincide com o desmame (Pageat, 2000).
Este processo ocorre por volta das 8 semanas de idade (Kustritz, 2011), altura em que a
mãe se afasta ou rosna quando os cachorros tentam mamar: estes depressa aprendem a
afastar-se (Scott e Fuller, 1965). De facto, parece que o cachorro passa de um apego

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

exclusivo à mãe para um apego ao grupo social o que é suportado pelos comportamentos
próprios de viver em matilha (Pageat, 2000). Por volta das 3 semanas e meia, a ninhada já
interage de uma forma lúdica. Este acontecimento rapidamente progride para brincadeiras
de luta, movimentos da cabeça, rosnar (Beaver, 1995), ladrar e inibição da mordida, sendo
que os animais passam a exibir sinais sociais, como levantar os membros anteriores para
brincar e abanar a cauda (Seksel, 2010). Por volta das 4 semanas os cachorros carregam
objetos na boca, guardam as suas posses e iniciam as atividades de grupo coordenadas,
i.e., se um cachorro vê algo que lhe desperta curiosidade vai explorar e é logo seguido pelos
outros cachorros da ninhada. O comportamento de monta e movimentos pélvicos fazem
parte das brincadeiras bem como a perseguição de insetos ou outros animais de pequeno
porte. Estes comportamentos serão associados de futuro ao comportamento sexual e ao
comportamento de caça do cão adulto, respetivamente (Beaver, 1995). Em suma, o aspeto
lúdico para o cachorro manifesta-se totalmente durante esta fase, o que parece
desempenhar um papel importante no desenvolvimento do cão e na formação de laços
sociais com os seus congéneres e seres humanos (Seksel, 2010). Isto definirá as suas
futuras capacidades para formar parcerias sociais (Stepita et al., 2013). Destaca-se, como o
principal evento deste período, esta aprendizagem sobre o reconhecimento e aceitação das
várias espécies que envolvem o cachorro e no futuro cão adulto (Beaver, 1995).

O período juvenil inicia-se por volta das 12 semanas de idade (Beaver, 2009a), pouco
depois do desmame (Kustritz, 2011) e termina quando a maturidade sexual é alcançada,
momento em que começa a vida adulta (Scott, 1958). Assim, o final deste período coincide
com o primeiro estro para as fêmeas e com a aquisição dos comportamentos sexuais típicos
da espécie canina e alcance da qualidade do sémen que permita a gestação, para os
machos (Kustritz, 2011). Por volta das 15 semanas de idade o cão tem definitivamente
desenvolvido o padrão dominância-subordinação e estes jovens adultos mostram os
padrões comportamentais típicos de um adulto. Isto significa que as lutas se tornam muito
menos frequentes, sendo substituídas por rosnar, ganir ou adotar uma postura submissão
em resposta à ameaça. Dentro deste período os machos adquirem também o
comportamento típico desta espécie para a eliminação (Scott e Fuller, 1965).

De salientar que, o tempo exato para cada período varia entre autores (e provavelmente
entre cães também), isto porque os períodos anteriormente definidos não começam ou
acabam abruptamente, vão e vêm gradualmente (Luescher, 2011).

3. EFEITOS DA NÃO SOCIALIZAÇÃO

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Socialização é um termo usado para descrever um processo através do qual cada


individuo aprende e exibe comportamentos expectáveis pela sociedade. No caso da espécie
canina, a socialização é, portanto, um importante processo de aprendizagem no qual o
cachorro aprende a aceitar a proximidade de elementos da sua espécie bem como de
espécies diferentes (Seksel, 2008). Assim, trata-se de um período crítico para o
estabelecimento de relações sociais primárias, pelo que é um fenómeno muito bem
identificado nos animais sociais. Os outros períodos também podem ser críticos, mas sem
dúvida que o período de socialização é o mais importante para estas relações (Scott, 1958).
Alguns autores referem-se aos períodos críticos como períodos sensitivos (Beaver 2009a),
sendo que, atualmente, é esta a terminologia mais aceite para designar um processo que
não começa e acaba abruptamente como uma porta que abre e fecha, mas que, ao invés
ocorre quando o sistema neurológico está preparado para as funções básicas de
desenvolvimento desse período (Comunicação pessoal com Albright, 2013). Ou seja, o
conceito de períodos sensitivos refere-se a períodos com limites menos definidos e menos
estanques, onde as respostas ou preferências particulares são adquiridas mais rapidamente
que em outras fases (Serpell e Jagoe, 1995), implicando, assim, que certas experiências
devem acontecer num período de tempo específico para que a oportunidade de
aprendizagem mais rápida e menos difícil não seja perdida (Beaver, 2009a).

Em 1961, Daniel Freedman et al. (1961), propuseram estudar os efeitos do isolamento


dos cachorros em relação a seres humanos até às 14 semanas de idade. Os cachorros do
grupo isolado obtiveram as pontuações mais baixas nos testes realizados, mostrando pouca
atração por seres humanos e baixa reatividade a novos estímulos (Freedman et al., 1961).
Posteriormente, em 1967, Fox e Stelzner (1967) determinaram também os efeitos do
isolamento, desta vez em relação a animais da mesma espécie. Este estudo foi realizado
em 16 cães, criados sob três condições diferentes: isolados socialmente da sua espécie
desde os 3 dias de vida até às 12 semanas de idade (grupo II - isolates); desmame às três
semanas e meia e socialmente isolados desde esse período até às 12 semanas de idade
(grupo CI – control-isolates); desmame às 8 semanas de idade e socialmente isolados
desde esse período até às 12 semanas de idade (grupo CCI control-control-isolates).
Subsequentemente foram realizados vários testes desde as 12 semanas até às 15 semanas
de idade. Os resultados mostraram que o grupo II não demonstrou um comportamento
social adequado para com a sua espécie, mostrando agressividade, dificuldade em inserir-
se num grupo de brincadeira, preferência para estar sozinho, e uma maior atração para
brincadeiras solitárias com objetos inanimados. O grupo CCI, pelo contrário, demonstrou
união e interação entre o grupo da mesma espécie relacionado com padrões

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

comportamentais mutualmente compatíveis, sugerindo que o isolamento entre as 8 e 12


semanas de idade não produz défices aparentes na relação com a mesma espécie. Por
último, o grupo CI demonstrou ser o grupo intermedio, no qual alguns indivíduos se
comportaram como no grupo II e outros como no grupo CCI, sugerindo que a experiência
neonatal e de transição até as 3 semanas e meia, mesmo no início do período de
socialização, tem efeitos consideráveis na facilitação de um desenvolvimento social normal.
Estes resultados demonstram a importância da experiência social precoce no subsequente
desenvolvimento do comportamento e relações sociais (Fox e Stelzner, 1967). Mais
recentemente, Frank et al. (2007) relataram que o comportamento mais comum em
cachorros quando deixados sozinhos em casa é o comportamento passivo (deitados com a
cabeça no chão sem particular atenção ao ambiente que os envolve) (Frank et al., 2007), no
entanto Hetts et al. (1992) sugeriram que cães criados num elevado grau de isolamento
social exibem movimentos anormais, vocalizam mais e passam muito tempo a movimentar-
se (Hetts et al., 1992; Frank et al., 2007). Em 2010, Young Kim et al. (2010) procederam a
um estudo comparativo entre dois grupos de cachorros da raça Jindo: um sujeito a um
programa de socialização entre as 7 e as 13 semanas e outro sujeito a um programa de
semi-isolamento (algum contato com seres humanos). Neste estudo foi demonstrado que os
cachorros expostos diariamente a novos estímulos demonstraram um nível maior de reação
lúdica e de brincadeira, em contraste com os cachorros não expostos e sujeitos aos
mesmos estímulos, que demonstraram altos níveis de medo (Kim et al., 2010).

Durante o período de socialização, os cachorros devem ser expostos a várias pessoas,


animais, estímulos e ambientes diferentes, de uma forma segura e equilibrada (American
Veterinary Society of Animal Behavior, 2008). Uma falha nestas experiências pode ter
efeitos irreversíveis a longo prazo, que não permitirão que atinjam o desenvolvimento
comportamental normal do cão adulto (Luescher, 2011). Cachorros que não socializaram
durante os primeiros três meses de vida têm uma maior probabilidade para serem
defensivos, terem medo ou até mesmo serem agressivos em adultos (Appleby et al., 2002;
Stepita et al., 2013). Ou seja, ainda que o período de socialização seja aparentemente curto,
as consequências da incompleta ou não socialização são bastante severas (Beaver, 1995).

3.1. AGRESSÃO

Morder é um componente chave do comportamento predatório dos canídeos (Lockwood,


1995). Relatos dos Estados Unidos da América, Austrália e Itália, são consistentes no que
concerne ao facto de ser o cão a espécie mais frequentemente responsável por lesões
causadas por mordida de animais vertebrados – aproximadamente 80% (Sinclair e Zhou,

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1995; Massari e Masini, 2006; MacBean et al., 2007; Patroneck e Slavinski, 2009). Na
cidade de Adelaide, na Austrália, foi estimado que por ano 6500 pessoas são lesadas
devido a ataques de cães (Thompson, 1997). Na Bélgica, foi determinada uma frequência
anual de 22 mordidas de cães por cada 1000 crianças com idade inferior a 15 anos (Keuster
et al., 2006). Nos Estados Unidos da América foi estimada que 2,6 per 100.000
hospitalizações por ano estão relacionadas com mordida por cão (Feldman et al., 2004; Cutt
et al., 2007). No entanto, e, contrariamente à perceção da população, não são os cães
errantes que lideram a taxa de agressão com mordida; a mais alta incidência de agressão
com mordida ocorre por parte de cães em que o proprietário é vizinho da vítima, seguida por
cães em que o proprietário é familiar da vítima. De facto, os cães errantes são os que
apresentam menor taxa de incidência. No entanto, as agressões por parte de cães errantes
são mais frequentemente relatadas e denunciadas (Beck, 1991; Beck, 2000). Isto porque
existe uma maior perceção de que os cães errantes são causadores de mais doenças como
por exemplo a Raiva. Assim, os cidadãos tendem a procurar cuidados médicos mais
frequentemente nestas situações do que naquelas em que o proprietário é conhecido (Beck
e Jones, 1985; Beck, 2000). Consequentemente, as estatísticas sobre mordida subestimam
a verdadeira incidência. Por exemplo, um estudo conduzido em Pittsburgh, Pensilvânia,
estimou que apenas aproximadamente 36% das mordidas por cães são denunciadas
(Chang et al., 1997; Patroneck e Slavinski, 2009).

As interações com agressão resultam em sérias consequências tanto para o atacante


como para a vítima: rejeição e eutanásia, para o cão e, dor física, distúrbios emocionais
(Miklósi, 2007) e custos associados ao tratamento médico, para os humanos (Overall e
Love, 2001; Miklósi, 2007). Desta forma, quando existe um conflito entre cão e humano,
alguns fatores de risco devem ser avaliados: características biológicas dos participantes.
Relativamente aos cães, raça, porte, idade, sexo e estado de saúde. No que concerne aos
humanos, grau de relação com o cão e faixa etária; experiência/inexperiência social dos
participantes. Falha na adequada socialização em cachorros, para os cães e, para os
humanos, a inexperiência no que concerne à relação com animais, em particular o cão e,
condutas inadequadas em relação aos mesmos; situação, i.e., as circunstâncias nas quais
aconteceu o ataque (Miklósi, 2007); local habitado pelos intervenientes - distribuição
geográfica e densidade populacional (Rosado et al., 2009).

A forma mais segura para reduzir as agressões com mordida é através de uma política
de saúde pública que encoraje a população a possuir cães adequadamente socializados
com seres humanos, da mesma forma que incentive a utilização de trela ou a supervisão do
animal sempre que este se encontre numa propriedade pública (Beck, 2000). De facto, a

16
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

educação sobre a adequada conduta relacionada com cães parece ser a medida preventiva
com maior prioridade. Para além disso, o desenvolvimento de programas para prevenção de
agressão com mordida por cães, beneficiará se forem coordenados, fundados e conduzidos
por todos os intervenientes que estão envolvidos na saúde e educação de humanos e
animais. Esta colaboração interdisciplinar inclui, por exemplo, Pediatras e Médicos
Veterinários, devendo estes contribuir ativamente na educação das crianças e das suas
famílias. Os Médicos Veterinários têm ainda um papel chave no aconselhamento sobre a
saúde física e comportamental do animal. Além do mais, seria extremamente importante
criar um banco de dados Europeu sobre a incidência de processos agressivos contra seres
humanos, de modo a tornar possível realizar estudos de comparação entre países, assim
como comparar a evolução das suas políticas de saúde pública (Keuster et al., 2006) e
avaliação dos padrões de risco associados (Rosado et al., 2009).

3.2. O ABANDONO DOS ANIMAIS

Há 50 ou 100 anos atrás, aquilo que poderia ter sido um comportamento social aceitável
num cão, pode já não ser tolerado na atualidade. À medida que a sociedade se modifica,
mudam também as expetativas em relação aos cães que nela vivem (Seksel, 2010). O
National Council on Pet Population Study and Policy concluiu que os problemas
comportamentais, incluindo agressão contra pessoas ou contra animais de companhia, são
as razões mais comuns para o abandono de animais (Salman et al., 1998; Salman et al.,
2000) e são responsáveis por aproximadamente 224.000 eutanásias de cães e gatos todos
os anos nos Estados Unidos da América (Patroneck e Dodman, 1999). Já Spencer, em
1993, tinha sugerido que no universo de todas as eutanásias de cães e gatos, 50-70% são
também consequência de problemas comportamentais (Spencer, 1993; Salman et al.,
2000). Em 2000, Salman et al., concluíram que: 40% dos 1984 cães estudados, tinham sido
entregues a um canil devido a pelo menos uma razão comportamental; quando razões
mistas justificavam a entrega ao canil, defecar/urinar dentro de casa era a razão
comportamental mais frequentemente relatada; quando apenas razões comportamentais
justificavam a entrega ao canil, agressividade e comportamentos destrutivos eram os mais
frequentemente relatados (Salman et al., 2000). Por outro lado, em 2003, Duxbbury e seus
colaboradores, procederam à realização de questionários a 248 proprietários de cães
adultos adotados ainda em cachorros, de modo a avaliar a associação entre o sucesso da
adoção, i.e a não devolução ao canil, e a presença em aulas de socialização para
cachorros. Os resultados revelaram que o sucesso da adoção foi maior para cães que
participaram em aulas de socialização para cachorros, que usaram ocasionalmente ou
frequentemente coleiras de cabeça em cachorros e/ou que foram frequentemente

17
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

manipulados enquanto cachorros (Duxbury et al., 2003). Nancy Peterson (2005) acrescenta
que nos primeiros dias/semanas pós adoção não existe um elo afetivo forte entre o
proprietário e o cão. Seria este elo que poderia salvar o cão de uma eventual rejeição por
mau comportamento. Deste modo, não deve ser surpresa que animais com comportamentos
favoráveis têm maior probabilidade de virem a ser adotados (Peterson, 2005). De facto, são
os problemas comportamentais e não as doenças infeciosas a causa número um para a
morte de cães até aos 3 anos de idade (American Veterinary Society of Animal Behavior,
2008) e o grande facilitador deste fenómeno é a nossa ignorância (Overall, 1997). Assim, o
papel do Médico Veterinário na redução da taxa de eutanásia por problemas
comportamentais não é só imprescindível como também tardio (Seksel, 2010).

Atualmente, a população canina urbana e suburbana é composta por 3 subpopulações:


animais que nunca vagueiam sem a supervisão de um ser humano; animais que
esporadicamente ou constantemente vagueiam sem a supervisão do seu proprietário; e
animais sem proprietário. As duas últimas subpopulações comportam-se de forma
semelhante na via pública (Beck, 2000). Qualquer animal que vagueia sem controlo pode
causar distúrbios na via pública: provocar acidentes rodoviários, agredir/morder cidadãos,
conspurcar a via pública com urina, fezes ou restos de comida (Leney e Remfrey, 2000),
transmitir doenças e/ou agredir outros animais de companhia ou domésticos (Miklósi, 2007).
Para áreas turísticas, este tipo de cães pode assustar os visitantes que se inquietam pelo
risco de danos e transmissão de doenças. Revela-se, assim, a necessidade de soluções de
sucesso no maneio dos animais errantes. Estes programas devem incluir vários elementos:
acesso ao problema, legislação, eutanásia, esterilização e educação. A população precisa
de ser educada. No momento em que um individuo adquire um animal, vários tópicos devem
ser discutidos: vacinação, desparasitação, obrigações legais, identificação eletrónica e
respetivo registo, restrição à liberdade do animal, conselhos sobre comportamento animal,
conselhos sobre alimentação e vantagens da esterilização. Para as crianças esta
informação pode ser transmitida através de palestras nas escolas/ateliês de tempos livres
e/ou através de livros ilustrados (Leney e Remfrey, 2000).

Em suma, ao enfatizar a responsabilidade dos humanos nos cuidados animais, podemos


iniciar o longo percurso na resolução destes problemas e preservar a relação entre os
humanos e os seus cães (Lockwood, 1995). A investigação conduzida na área da
socialização sugere que não só é importante a interação com outros cães, mas que, para se
tornarem adultos normais e sociáveis os cachorros requerem uma manipulação e exposição
regulares a diversas situações e experiências num amplo leque de ambientes (Seksel,

18
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2010), de uma forma proactiva positiva. É preferível que um cachorro seja proactivo do que
reativo (Martin e Martin, 2013).

4. ONE HEALTH

Em novembro de 1945, Dr. James Harlan Steele, considerado o pai da saúde pública
veterinária, apresentou um extenso relatório intitulado “Veterinary Public Health”, onde foram
abordados dois tópicos: riscos de transmissão de doenças zoonóticas e os benefícios de
contratar Médicos Veterinários para investigar e responderem a esta ameaça. Este relatório
representa a primeira vez que o termo Saúde Pública Veterinária foi usado (White, 2013).
Posteriormente, Dr. Calvin Schwabe revelou a sua visão de “One Medicine”, que continua a
inspirar atualmente a comunidade científica no campo da saúde pública: a saúde humana é
a principal causa unificadora na hierarquia de valores da Medicina Veterinária; os Médicos
Veterinários, em todos os aspetos da sua profissão, têm a oportunidade e a
responsabilidade de proteger a saúde e bem-estar dos humanos em tudo que estes fazem
(Schwabe, 1984; Pappaioanou, 2004). De facto, o conceito de One Health, One Medicine
continua amplamente aceite. Este conceito é baseado na premissa de que partilhamos o
nosso habitat com os animais e isso resultou num movimento entre a Medicina Humana e a
Medicina Veterinária: promover a colaboração interdisciplinar de modo a alcançar o
conhecimento sobre as doenças comuns entre espécies mas também intervenções que
promovam a saúde como sendo algo mais que a ausência de doença (Johnson, 2013). A
American Veterinary Medical Association definiu One Health como sendo um esforço para a
colaboração entre várias disciplinas – trabalhando ao nível local, nacional e global – de
modo a alcançar saúde para os humanos, animais e ambiente. Juntos, constroem o
triângulo One Health sendo que a saúde de cada vértice está inextricavelmente ligada.
Compreender e enfrentar os problemas de saúde que surgem no meio destas ligações é a
base deste conceito (American Veterinary Medical Association, 2008). Esta abordagem pode
ter um papel catalisador para novas descobertas na investigação, alcance de respostas de
prevenção eficazes, desenvolvimento da educação para os cuidados de saúde e melhor
preparação para a vigilância de doenças zoonóticas (Institute of Development Studies,
2013). Compreender como prevenir e controlar doenças em animais pode ser um importante
componente na prevenção e controlo de doenças em humanos (Pappaioanou, 2004).

Os avanços mais modernos no transporte rápido de bens e pessoas, aumento da


população mundial, aumento da dependência da produção intensiva de animais para
alimento (Karesh e Cook, 2005), globalização do comércio, alterações climáticas e aumento
do acesso à informação, tornaram o planeta um lugar bastante pequeno (Pappaioanou,

19
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2004) e, consequentemente, tornam a humanidade mais vulnerável à troca de doenças


entre espécies. Os humanos partilham cada vez mais os habitats com animais selvagens,
animais de produção assim como desenvolvem uma relação cada vez mais próxima com os
animais de companhia. De facto, o que acontece numa parte do planeta – e a uma espécie
– pode ter sérios impactos em todos (Karesh e Cook, 2005). Portanto, proteger a saúde
pública onde uns vivem significa melhorar a saúde pública a nível mundial (Pappaioanou,
2004).

Hoje em dia, a área da saúde pública pode ser abordada num amplo espectro de
atividades: segurança alimentar, saúde ambiental, doenças infeciosas emergentes,
preparação e resposta ao bioterrorismo, investigação médica avançada e medicina de
animais de companhia (Pappaioanou, 2004). A autora debruça-se sobre a última atividade.

Atualmente existe um elevado número de pessoas que possuem animais de companhia.


Assim, esta parece ser uma janela de oportunidade muito vantajosa para responsabilizar os
Médicos Veterinários no aconselhamento aos proprietários. Tópicos como a prevenção de
agressão por mordida de cão, prevenção de infeções zoonóticas e benefícios da redução do
número de cães errantes na via pública, devem ser discutidos (Pappaioanou, 2004). Nas
zonas urbanas, maior parte das doenças que podem ser transmitidas do cão para o Homem
não atraem muita atenção do público norte-americano e europeu, com exceção da Raiva.
No entanto, outras questões são igualmente importantes: as fezes de cão, um incómodo
perene nas cidades, são mais que um elemento inestético pois quando depositadas em
áreas públicas permitem a transmissão de parasitas (Beck, 2000). Este facto tem particular
risco para as crianças, usualmente infetadas pela ingestão de solo contaminado em
oposição ao contacto direto com um cão parasitado (Schantz, 1994; Cutt et al., 2007). As
medidas para reduzir o risco de contaminação por parasitas devem focar-se em: cuidados
veterinários de rotina, pois animais corretamente desparasitados não transmitem parasitas
através das suas fezes (Beck, 2000); proibição que os animais defequem em áreas
frequentemente utilizadas por crianças como por exemplo os parques infantis; e recolha
imediata das fezes (Schurer et al., 2013). De facto, em muitos centros urbanos já existe o
encorajamento para os proprietários recolherem os dejetos do seu animal da via pública
(Beck, 2000), no entanto, na Austrália, cerca de um terço dos proprietários recolhe sempre
as fezes do seu cão enquanto 40% nunca o faz (McHarg et al., 1995; Cutt et al., 2007). Para
além da desparasitação, a vacinação e boas práticas de higiene (lavar as mãos após o
contato com cães, por exemplo) podem também prevenir a ocorrência de zoonoses
relacionadas com o cão (Schantz, 1991; Glickman, 1992; Murray e Penridge, 1997; Cutt et
al., 2007).

20
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As vacinas são uma das melhores ferramentas que o Médico Veterinário possui para a
prevenção de doenças e a manutenção da saúde da população (Davis-Wurzler, 2006), pois
os animais imunizados deixam de poder participar na transmissão e perpetuação de doença
dentro da população em risco. Desta forma, a vacinação pode reduzir a circulação de vários
agentes nessa população (MacLachlan e Dubovi, 2011). No passado, a prática clínica
beneficiou com a administração anual de todas as vacinas, pois para os Médicos
Veterinários esse era um momento onde para além da vacinação podiam avaliar
anualmente a saúde do animal, reconhecer e tratar doenças precocemente e informar os
proprietários sobre vários aspetos relacionados com a saúde do seu animal e saúde pública.
No entanto e infelizmente, este encorajamento levou a que muitos proprietários passassem
a acreditar que a vacinação é a razão mais importante para as visitas anuais ao Médico
Veterinário (Day et al., 2010), não compreendendo os benefícios da avaliação anual da
saúde do animal, incluindo, com maior relevância, um exame físico completo para despiste
de várias outras doenças. Assim, impulsionar competência e confiança na prática clínica de
modo a aumentar as consultas de rotina enfatizando os cuidados preventivos e os cuidados
continuados, tornou-se o grande desafio para os profissionais Veterinários (Meadows,
2013). Face a este problema, em 2011, a American Animal Hospital Association e a
American Veterinary Medical Association desenvolveram guidelines para os cuidados
preventivos de cães que recomendam as visitas para exame de rotina com pelo menos uma
regularidade anual, especificando que a medicina de animais de companhia pode ser
aplicada muito para além da vacinação e cuidados críticos de emergência (American Animal
Hospital Association e American Veterinary Medical Association, 2011). Urge educar o
proprietário para a presença de vários aspetos da saúde animal que incluem não só a
vacinação como também a odontologia, nutrição, doenças parasitárias, comportamento,
bem como educar e instruir para programas de saúde preventiva individualizados, baseados
na idade, raça, estado imunitário, ambiente, estilo de vida e hábitos de viagem (Day et al.,
2010). Esta deve ser a filosofia e objetivo de todos os Médicos Veterinários assim como de
todos os proprietários de animais de companhia. É de longe mais importante prevenir do
que experienciar doença (Davis-Wurzler, 2006), pois a prevenção é mais eficiente e tem
menos custos comparando com o maneio terapêutico (Hurley e Baldwin, 2012).

Mais ênfase na educação de cães e seus proprietários pode ter efeitos benéficos em
ambas as espécies, abrindo espaço para mais interações sociais e experiencias entre os
dois lados da relação (Miklósi, 2007). Para grupos com extensa proximidade aos seres
humanos, em especial aqueles com saúde debilitada ou comprometida, existe uma especial
apreensão no que concerne doenças infeciosas ou parasitárias zoonóticas, agressão com

21
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

mordida ou alergias. A prevenção deve ser alcançada pela adequada seleção dos animais,
não inclusão de indivíduos alérgicos a animais, existência de controlos adequados para
doenças infeciosas com políticas adequadas à saúde pública e vigilância continua à
resposta a estes programas (Schantz, 1990; Beck, 2000). No entanto, após avaliação de 69
agências norte americanas e 49 canadianas que desenvolvem programas de terapia
assistida com animais em ambiente não hospitalar, constatou-se que apenas 10% tinham
imprimido guidelines para o controlo de doenças zoonóticas e apenas 50% tinham
consultado um profissional de saúde. Estes dados indicam a necessidade para maior
educação nesta área, sendo que os Médicos Veterinários devem ser encorajados a
posicionar-se ativamente no controlo e avaliação destes programas (Waltner-Toews, 1993).

O objetivo final da Medicina Veterinária não concerne as espécies animais que os


Médicos Veterinários normalmente lidam e contactam. Concerne, definitivamente o Homem,
e, acima de tudo, a Humanidade (Baez, 1964 citado por Schwabe, 1984; White, 2013).

5. AULAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS E PUPPY PARTIES

Nos últimos anos, os programas de socialização para cachorros têm-se tornado mais
populares. Estes programas apresentam o cachorro a uma variedade de sons, sinais,
superfícies, equipamentos e interação com diferentes pessoas e cães, num esforço para
assegurar a socialização adequada (Kim et al., 2010). Estas aulas devem ser organizadas e
atingir seis objetivos. O primeiro objetivo é a exposição a seres humanos não familiares
num ambiente amigável e seguro. O ideal é conseguir expor a diferentes seres humanos,
i.e., com diferentes idades, ambos os sexos, diferentes raças ou modos de vestir diferentes.
Desta forma os cachorros vão aceitar um diverso leque de seres humanos como parte
normal do seu ambiente (Crowell-Davis, 2007). Arai et al. (2011) conduziram um estudo
para determinar a importância do contacto com crianças durante o período de socialização
do cachorro, demonstrando que cachorros que contactaram com crianças entre as 3 e as 12
semanas mostraram-se mais calmos e nunca demonstraram agressividade ou
hiperexcitação na presença destes seres, não as sentindo como um estímulo novo e forte
(Arai et al., 2011). O segundo objetivo é a exposição a membros da mesma espécie e
membros de espécies diferentes, podendo usar um gato adulto calmo e amigável ou até um
coelho que se sinta confortável junto de cães. Uma das principais aptidões que um cachorro
pode aprender no período de socialização com a sua própria espécie é a inibição da
mordida. Quando um cachorro morde com demasiada força o seu companheiro de
brincadeira, este late ou termina a brincadeira. Isto serve como punição negativa para quem
mordeu com demasiada força. O terceiro objetivo é a exposição a vários objetos como

22
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

metal, estetoscópios, triciclos, bicicletas, livros ou baldes. Aliás, de facto os exatos objetos
utilizados não são muito importantes com exceção daqueles usados frequentemente em
ambiente hospitalar. O quarto objetivo é a exposição a diversos novos estímulos (sons,
odores e superfícies) sem os associar a experiências de dor ou outras consequências não
prazerosas. Esta exposição pode diminuir a intensidade de resposta a novos estímulos no
futuro. O quinto objetivo, e apesar de as aulas de socialização não serem aulas de treino e
obediência, pode ser benéfico introduzir uma pequena quantidade de educação com
técnicas de reforço positivo (Crowell-Davis, 2007). Este treino é útil na aprendizagem de
comandos básicos (senta, deita, vem, fica), na aprendizagem de passeios à trela e no
controlo do animal quando este está sem trela (Kutsumi et al., 2013). O último objetivo é a
educação do proprietário. Estes ensinamentos podem incluir aspetos como: saúde e
higiene, formas adequadas de medicar o animal, transporte do animal, como usar técnicas
simples de treino em casa com reforço positivo ou quais os brinquedos e jogos mais
adequados a cada período de idade de um cão (Crowell-Davis, 2007).

Existe algum debate sobre a melhor idade para a participação em aulas de socialização,
no entanto é geralmente aceite que deve acontecer no período entre as 7 e as 16 semanas
(Crowell-Davis, 2007), sendo que não devem começar depois das 12 ou 13 semanas de
idade (Griffin et al., 2009). Kersti Seksel (2008) sugere um formato para as aulas de
socialização que consiste num programa de 5 semanas consecutivas de duração de uma
hora cada, na qual a primeira aula deve ser apenas com os proprietários de modo a discutir
vários temas, sem a distração dos cachorros (Seksel, 2008). Nesta primeira aula deve ser
dada informação básica sobre coleiras de cabeça, trelas, reforço positivo, socialização,
como começar o treino em casa, regras e objetivos das aulas. É ainda verificado o boletim
de vacinas e a assiduidade das desparasitações (Griffin et al., 2009). Existem duas formas
de organizar uma série completa de aulas. Uma pressupõe a existência de um grupo fixo de
cachorros que começa ao mesmo tempo e continua pela sequência de aulas em conjunto.
Outro é determinar um horário mas permitir que cada cachorro inicie as classes a qualquer
altura. Desta forma, os animais iniciarão e terminarão a série de classes em diferentes datas
(Crowell-Davis, 2007).

Para um máximo benefício dos proprietários e dos cachorros, as classes devem ser
bem planeadas e conduzidas por pessoal formado e experiente (Seksel, 2008). Alguns
veterinários não concordam que os cachorros devam socializar numa idade precoce devido
ao risco de transmissão de doenças infeciosas como a esgana ou a parvovirose (Kennerly,
2008; Stepita et al., 2013). Pelo contrário, a American Veterinary Society of Animal Behavior
sugere que enquanto o sistema imunitário do cachorro se desenvolve durante os primeiros

23
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

meses de vida, a combinação da imunidade maternal, primovacinação e cuidados de saúde


básicos apropriados, faz com que o risco de contração de doença infeciosa seja
relativamente baixo comparado com a hipótese de morte por problemas comportamentais
(American Veterinary Society of Animal Behavior, 2008). No entanto, o risco de exposição a
agentes infeciosos durante as aulas deve ser sempre considerado (Griffin et al., 2009).
Resultados do estudo de 2013 elaborado por Stepita el al. (2013) revelaram que cachorros
vacinados com pelo menos uma administração de vacina anti-parvovírus e que participaram
em aulas de socialização para cachorros não estão em maior risco de serem diagnosticados
com parvovirose quando comparados com cachorros que não participam em aulas de
socialização (Stepita et al., 2013). Brenda Griffin et al. (2009) aconselham que cachorros
que iniciam as suas aulas de socialização devem já ter recebido uma dose da vacinação
contra parvovírus, esgana, Bordetella bronchiseptica e vírus da Parainfluenza (Griffin et al.,
2009) e, não obstante, devem continuar com o protocolo vacinal instituído pelo seu Médico
Veterinário durante o decorrer das aulas (Stepita et al., 2013). Também é recomendado a
adequada desparasitação. Os proprietários são ainda instruídos claramente para não levar
para as aulas um cachorro que apresente sinais de doença especialmente vómitos e/ou
diarreia (Griffin et al., 2009).

O espaço físico utilizado deve ser suficiente para os proprietários e para os animais
se moverem livremente sem estar frequentemente a invadir o espaço uns dos outros
(Crowell-Davis, 2007). Uma vez que as classes devem ser limitadas a um número restrito de
cachorros, sendo estes de pequeno tamanho, o espaço exigido não é de grandes
proporções (Radosta, 2009). O espaço utilizado deve ser indoor com chão impermeável e
facilmente lavável, de material não poroso. Qualquer depósito de urina ou fezes deve ser
imediatamente limpo. Qualquer pessoa que irá tocar nos cachorros é encorajada a lavar
previamente as mãos. Quando os cachorros aparentam ser saudáveis e são vacinados e
desparasitados, e quando as aulas são conduzidas num ambiente limpo, o risco de contrair
uma doença infeciosa é extremamente baixo (Griffin et al., 2009).

Providenciar aulas de socialização para cachorros pode ser um benefício para o corpo
clínico, para o hospital/clínica, para os clientes e para os cachorros (Martin e Martin, 2013).
Estas aulas são uma excelente forma de introduzir novos clientes (Radosta, 2009) e
permitem um estreitamento das ligações entre o cão e o corpo clínico. Um cachorro que
experiencia vivências positivas precoces num hospital/clínica tem maior probabilidade de
gostar de voltar a esse local mesmo à medida que envelhece (Martin e Martin, 2013). Ou
seja, previne-se o desenvolvimento de comportamentos por condicionamento clássico que
se traduzem em respostas de medo ao hospital e ao Médico Veterinário (Crowell-Davis,

24
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2007). Paralelamente, clientes que sentem que os seus cães gostam de ir ao hospital/clínica
veterinária, têm sempre mais probabilidade de lá voltar (Martin e Martin, 2013), aumentando,
assim o número de visitas de rotina (Radosta, 2009).

Uma vez que no decurso destas aulas é fomentada a manipulação do cachorro por parte
de vários seres humanos, esta experiência torna o cão num animal mais tolerante à
manipulação em várias partes do corpo (American Veterinary Society of Animal Behavior,
2008) e num animal mais confiante, tornando-o em última análise num paciente mais fácil.

Para os cachorros estas aulas aumentam o seu treino e a resposta a comandos,


previnem alguns problemas comportamentais como a agressividade motivada por medo
(Martin e Martin, 2013) e ajudam a evitar o desenvolvimento de comportamentos
problemáticos como morder/roer objetos ou eliminação em locais inapropriados (Seksel,
2010). Permitem também a educação dos proprietários sobre os cuidados básicos exigidos
pela presença de um cachorro nas suas casas (Crowell-Davis, 2007). Também é importante
referir que estas aulas previnem indiretamente o abandono dos animais (Martin e Martin,
2013), uma vez que há um fortalecimento do elo de ligação com o proprietário (American
Veterinary Society of Animal Behavior, 2008) pois este passa a compreender melhor o seu
cão e a ter expectativas mais realistas em relação a ele (Seksel, 2010). No final de cada
aula é ainda possível vender produtos relacionados com a modificação comportamental e
com o treino (coleiras de cabeça, sacos para biscoitos, arneses, entre outros) e assim,
aumentar as receitas do estabelecimento (Martin e Martin, 2013).

Atualmente, outro género de programa de socialização tem sido praticado, as Puppy


Parties. Estas festas são constituídas por 4 a 8 cachorros numa única sessão de 1 hora.
Nas Puppy Parties são abordados superficialmente vários temas: inibição da mordida, treino
em casa, manipulação por parte de vários humanos e treino de comandos básicos como o
“senta” e o “deita”. O estudo de 2013 de Kutsumi e seus colaboradores (2013) comparou 4
grupos de cães: um sujeito a aulas de socialização para cachorros (grupo PC), outro sujeito
à presença numa Puppy Party (grupo PP), outro sujeito a aulas de obediência básica para
adolescentes e adultos (grupo AC) e outro sem qualquer experiência em aulas (grupo NC).
Os testes comportamentais revelaram que os grupos PC e AC mostraram maior resposta a
comandos que os grupos PP e NC, concluindo que a participação em aulas de socialização
para cachorros e em aulas de obediência para adultos melhora a obediência,
independentemente da idade. Para além disto, o grupo PC obteve a pontuação mais alta na
resposta positiva a seres humanos não familiares, concluindo que este tipo de aulas pode
prevenir alguns problemas comportamentais como o medo de estranhos. Os resultados

25
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

citados mostram ainda que as Puppy Parties são insuficientes tanto para a resposta a
comandos como para a socialização, no entanto, tem sido observado que é mais fácil
recrutar participantes para uma Puppy Party do que para um programa de aulas de
socialização para cachorros (Kutsumi et al., 2013).

26
OBJETIVOS

II. OBJETIVOS

Foi objetivo deste trabalho a averiguação dos conhecimentos que a população


proprietária de cães, residentes no distrito de Setúbal, possui sobre os cuidados básicos
necessários relativamente a um cachorro bem como sobre aspetos da medicina veterinária
comportamental e da saúde pública.

Foi também objetivo deste trabalho comparar dois projetos relativos a programas de
socialização (Puppy Party e Aulas de Socialização para Cachorros) e avaliar os benefícios
de cada um, tanto para a saúde do animal como para a saúde pública.

Foi, ainda, objetivo deste trabalho avaliar a necessidade, segundo os resultados obtidos,
de incluir plataformas adequadas de educação para o proprietário no projeto das Aulas de
Socialização para Cachorros.

27
28
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

III. CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA


DA SAÚDE E DA SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

1. MATERIAL E MÉTODOS

1.1. TIPO DE ESTUDO

O referente estudo foi desenvolvido no âmbito da execução do presente trabalho. A


autora elegeu um estudo do tipo quantitativo, observacional descritivo, sendo, relativamente
ao tempo decorrido para a observação, do tipo transversal, uma vez que os dados reportam
acontecimentos colhidos num determinado momento temporal. Este estudo consiste,
essencialmente, na recolha de dados relativos a um conjunto de variáveis referentes aos
indivíduos incluídos na amostra bem como na demonstração das presumíveis relações
existentes entre as variáveis selecionadas.

1.2. ÁREA GEOGRÁFICA EM ESTUDO

Todas as Clínicas e Hospitais em estudo localizavam-se no distrito de Setúbal. Este


distrito é constituído por 13 concelhos: Alcácer do Sal, Alcochete, Almada, Barreiro,
Grândola, Moita, Montijo, Palmela, Santiago do Cacém, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Sines.
A distribuição das Clínicas e Hospitais Veterinários que participaram no estudo encontra-se
na Tabela 1.

Tabela 1 - Distribuição geográfica das Clínicas e Hospitais Veterinários que participaram no presente estudo.

Concelho Número de Clínicas e Percentagem Amostrada de


Hospitais em estudo Clínicas e Hospitais em
estudo
Alcácer do Sal 0 0%
Alcochete 1 9,1%
Almada 1 9,1%
Barreiro 1 9,1%
Grândola 0 0%
Moita 0 0%
Montijo 0 0%
Palmela 0 0%

29
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

Santiago do Cacém 1 9,1%


Seixal 3 27,3%
Sesimbra 1 9,1%
Setúbal 2 18,2%
Sines 1 9,1%
Total 11 100%

1.3. CLÍNICAS E HOSPITAIS VETERINÁRIOS EM ESTUDO

Foram contactadas 54 Clínicas e Hospitais Veterinários do distrito de Setúbal, via correio


eletrónico, com pedido de colaboração por escrito (Anexo I) dirigido ao diretor(a) clínico(a).
Foram igualmente contactadas 4 Clínicas e Hospitais Veterinários do distrito de Setúbal
através de comunicação pessoal. Os contactos foram realizados entre 17 de abril e 8 de
maio de 2013.

De entre as 54 Clínicas e Hospitais Veterinários contactados, 7 (13,0%) responderam e


aceitaram colaborar no estudo, 44 (81,5%) não responderam, e 3 (5,6%) indicaram
endereço de correio eletrónico inválido. De entre as 4 Clínicas e Hospitais Veterinários
contactados através de comunicação pessoal, 4 (100%) aceitaram colaborar no estudo, e 0
(0%) não aceitaram colaborar no estudo (Figura 1).

Foram incluídos no estudo todas as Clínicas e Hospitais Veterinários que aceitaram


colaborar no mesmo.

60
50
40
30 Total

20 Colaborantes
10
0
Contacto via Contacto pessoal
correio eletrónico

Figura 1 – Gráfico de colunas ilustrativo do número de instituições que aceitaram colaborar no estudo fazendo
comparação entre as instituições contactadas via correio eletrónico e aquelas contactadas pessoalmente.

30
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

1.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA EM ESTUDO


1.4.1. POPULAÇÃO

A população incluída neste estudo refere-se a todos os proprietários de cães que


frequentaram Clínicas e/ou Hospitais Veterinários do distrito de Setúbal, independentemente
da sua idade, sexo, raça ou nível socioeconómico, bem como independentemente da idade,
sexo, raça ou estado reprodutor do seu animal.

1.4.2. TIPO DE AMOSTRA

Dada a impossibilidade de incluir todos os indivíduos da população acima referida, foi


necessário a seleção de uma amostra. Assim, os indivíduos incluídos no presente estudo
são proprietários de cães que se apresentaram em uma das 11 instalações acima referidas,
entre o dia 26 de abril e 9 de agosto de 2013 e que consentiram colaborar neste estudo.
Desta forma, o procedimento de amostragem foi do tipo acidental revelando-se, assim, uma
amostra de conveniência.

1.4.3. CÁLCULO DO NÚMERO DE UNIDADES DE AMOSTRAGEM

Para o cálculo do tamanho da amostra, de modo a que a mesma fosse significativa


podendo assim garantir, a representatividade da população, utilizou-se a seguinte fórmula
(Thrusfield, 1995):

n= Z2 (pxq) / E2

Em que: n= tamanho da amostra desejável; Z = 1,96 (constante que se refere ao


número exato do desvio-padrão para um nível de confiança de 95%); p= estimativa inicial de
prevalência. Neste caso, estimou-se uma percentagem inicial de 15%. Após se ter efetuado
um pré-teste e analisando os resultados concluiu-se que esta prevalência será a mais
indicada. Portanto p= 0,15; q= 1-p = 0,85; E= 0,05 (erro assumido – assumiu-se um erro de
0,05). Assim sendo:

n= 3,84 (0,1275) / 0,0025  n= 196

Decidiu-se aumentar a amostra em mais 24 unidades de amostragem tendo em conta a


provável taxa de não resposta.

1.5. FONTES DE RECOLHA DE DADOS

31
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

A técnica para obtenção de dados para avaliar as variáveis consideradas baseou-se na


aplicação de um questionário (Anexo II) anónimo de auto ou hétero-preenchimento, dirigido
a todos os indivíduos incluídos na amostra.

1.5.1. ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO

O questionário desenhado era constituído por 16 questões. Cada um registava a


informação de apenas um proprietário.

O primeiro grupo de questões elaboradas referia-se aos aspetos sociodemográficos


(idade atual do cão, idade do cão quando foi entregue a esta família humana e coabitantes
animais). O segundo grupo de questões elaboradas referia-se aos conhecimentos sobre a
saúde pública, especificamente o conhecimento sobre Zoonoses. O terceiro grupo de
questões elaboradas referia-se aos conhecimentos sobre a saúde animal, nomeadamente o
conhecimento sobre doenças infeciosas caninas, conhecimento sobre vacinação, grau de
importância para vários cuidados básicos do cachorro nos primeiros 3 meses de vida e
conhecimento sobre o momento adequado para retirar um cachorro à ninhada. O quarto e
último grupo de questões elaboradas referia-se à opinião do proprietário sobre aulas de
socialização para cachorros e prevenção dos problemas comportamentais. Na seção final foi
incluída uma questão para averiguação do entendimento sobre o questionário e um espaço
dedicado a comentários livres.

A pergunta referente ao grau de importância para vários cuidados básicos do cachorro


(questão 12) foi desenhada em escala numérica: 0 (nada importante) a 5 (muito importante).

A pergunta referente à importância das aulas de socialização para cachorros (questão


15) foi desenhada em escolha múltipla: “Prevenção de doenças infeciosas”, “Prevenção de
problemas comportamentais”, “Ambas igualmente importantes”.

O questionário era constituído por 9 questões de resposta aberta (questões 1, 2, 4, 6, 7,


8, 9, 10 e 13) e por 7 questões de resposta fechada (questões 3, 5, 11, 12, 14, 15 e 16).

Para todas as questões, a não resposta foi considerada falta de conhecimento (“não
sei”).

1.6. MÉTODO DE RECOLHA DE DADOS

Foram entregues em cada instalação colaboradora, 20 questionários dirigidos a


proprietários de cães. Para os 7 colaboradores que concordaram participar no estudo e que
foram contactados através de correio eletrónico, os questionários foram enviados através do

32
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

serviço nacional de Correios. Em 5 dias após o envio, seguiu uma mensagem através do
correio eletrónico, a solicitar a confirmação da receção dos questionários. Todas as Clínicas
e Hospitais colaboradores confirmaram a receção dos mesmos. Para os 4 colaboradores
que concordaram participar no estudo e que foram contactados pessoalmente, os
questionários foram entregues pessoalmente.

Os questionários foram recolhidos pessoalmente pelo autor, entre 10 de julho e 9 de


agosto de 2013.

De entre os 220 questionários distribuídos, 109 (49,6%) foram preenchidos e 111


(50,5%) não foram preenchidos (Figura 2).

Em 9 instituições (180 questionários), os colaboradores foram responsáveis por entregar


os questionários aos proprietários e posteriormente recolhê-los. Desta forma estes
questionários foram sujeitos à técnica de auto-preenchimento. De entre estes, 72 (40,0%)
foram preenchidos e 108 (60,0%) não foram preenchidos, sendo que de entre os
preenchidos, 1 (1,4%) foi considerado inválido e 71 (98,6%) foram considerados válidos.
Para os restantes 40 questionários relativos às outras 2 instituições colaboradoras, a autora
optou pela técnica de hétero-preenchimento, responsabilizando-se pelo preenchimento dos
mesmos. De entre estes, 37 (92,5%) foram preenchidos e 3 (7,5%) não foram preenchidos.
Todos os questionários hétero-preenchidos foram considerados válidos (Figura 2).

250

200

150
Total
100
Preenchidos
50 Não preenchidos
Válidos
0
Não válidos

Figura 2 – Gráfico de colunas representativo do número de questionários que foram preenchidos e daqueles que
não foram preenchidos de entre os 220 questionários distribuídos, bem como do número de questionários

33
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

preenchidos, não preenchidos, válidos e não válidos conforme foram sujeitos à técnica de auto-preenchimento
ou de hétero-preenchimento.

1.7. ASPETOS ÉTICOS E LEGAIS

Durante a realização deste estudo, a autora considerou fundamental respeitar os


princípios de índole deontológica. Assim, todos os indivíduos que aceitaram colaborar neste
estudo, preenchendo o questionário, foram informados por escrito do caracter voluntário,
anónimo e confidencial do mesmo, assim como, da natureza da investigação, objetivo do
estudo e tipo de informação a colher, de modo a obter-se o consentimento informado dos
participantes.

1.8. ANÁLISE DE DADOS

Os dados colhidos pela metodologia anteriormente descrita, foram processados nos


programas informáticos SPSS® versão 19.0 para a versão WindowsVista.
A análise estatística foi estritamente descritiva, tendo sido o tratamento da informação do
tipo quantitativo. Efectuou-se a análise, recorrendo a medidas de frequência absoluta e
relativa. Para análise estatística da associação entre variáveis independentes e
dependentes (objetivos do estudo atrás referidos), foi usado o teste de Qui-quadrado (χ2) de
Pearson. Um nível de probabilidade (p)<0,05 foi considerado estatisticamente significativo
na associação de variáveis.

2. RESULTADOS

Neste capítulo apresentam-se os resultados referentes à aplicação do questionário.


Os resultados obtidos são apresentados em tabelas e gráficos, nos quais se encontra
omitida a fonte, local e a data respectiva, dado que se referem a este trabalho de
investigação.
A amostra da população em estudo foi constituída por 108 proprietários de cães,
maiores de 18 anos.
Relativamente à idade do cão na altura de aplicação do inquérito, a grande maioria
76,9% (n=83) era adulto. A seguir situavam-se os animais com idades compreendidas entre
as 16 semanas e 1 ano (14,8%; n=16), seguidos dos animais com 3 a 16 semanas (7,4%;
n= 8) e dos animais com menos de 3 semanas de idade (0,9%; n=1).
Metade dos cães chegou a casa do proprietário entre as 8 e as 16 semanas de idade
(n=54; 50,0%), seguindo-se os animais que foram adotados com menos de 8 semanas

34
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

(29,6%; n=32) e aqueles com idade entre as 16 semanas e 1 ano (12,0%; n=13). Apenas
8,3% (n=9) chegaram a casa do proprietário com mais de 1 ano (Figura 3).

<8sem
8-16 sem
16 sem- 1ano
>1 ano

Figura 3 – Gráfico circular relativo aos resultados sobre a idade de chegada do cachorro ao lar do proprietário.

A maioria dos proprietários (n=61; 56,5%) tinha mais animais em casa e tinha a
experiência de ter tido outro cão em casa (n=68; 63,0%).
Dos inquiridos, 85,2% (n=92) não sabiam o significado do termo “zoonose”. Dentro do
grupo que afirmou conhecer o termo, 12 (11,1%) definiu correctamente o termo e 4 (3,7%)
responderam de forma incorrecta.
Foi solicitado aos inquiridos que indicassem 3 doenças infeciosas caninas. Cerca de
14,8% (n=16) dos proprietários não indicaram qualquer doença, 22,2% (n=24) indicaram 1
doença, 30,6% (n=33) indicaram 2 doenças e 32,4% (n=35) indicaram 3 doenças. No total,
os proprietários indicaram 12 doenças diferentes. No quadro 1 podem observar-se as
doenças mais indicadas e as respectivas frequências. De acordo com o quadro, a doença
mais conhecida foi a raiva (n=66; 61,1%) seguida da leishmaniose (n=35; 32,4%).

Quadro 1 – Frequência das doenças indicadas.

Doenças indicadas n.º %


Raiva 66 61,1
Leishmaniose 35 32,4
Parvovirose 28 25,9
Esgana 25 23,1
Sarna 18 16,7
Tosse do canil 7 6,5
Dirofilariose 4 3,7
Leptospirose 4 3,7

35
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

Febre da carraça 3 2,8


Hepatite infeciosa canina 3 2,8
Dermatofitose 1 0,9
Parasitas gastrintestinais 1 0,9

Relativamente ao conhecimento sobre a idade com que um cachorro deve começar a


vacinação, 9,3% (n=10) responderam que não sabiam, 10,2% (n=11) que a mesma deve ser
efectuada quando o animal tem menos de 6 semanas, 10,2% (n=11) que a mesma deve ser
entre as 6 semanas e menos de 8 semanas, 37,0% (n=40) referiram que a data ideal é entre
8 semanas e menos de 12 semanas e para cerca de um terço dos inquiridos, a idade de
início deve situar-se quando o animal tiver mais de 12 semanas (n=36; 33,3%). A análise
desta resposta está esquematizada no gráfico da Figura 4.

Não sabe <6sem 6sem-8sem 8sem-12sem >12sem

Figura 4 – Gráfico circular referente aos resultados sobre a idade adequada ao inicio da vacinação num
cachorro.

De acordo com os resultados deste inquérito, quase metade dos respondentes (n=53;
49,1%) não sabiam de que doenças o cachorro se está a proteger na primeira vez que o
animal é vacinado. Apenas 1 proprietário respondeu de forma correta a esta questão (0,9%),
22 (20,4%) responderam de forma incompleta e 32 (29,6%) de modo incorrecto.
Quanto ao conhecimento das vacinas obrigatórias para cães em território português, a
maioria dos proprietários respondeu de forma correta à pergunta (n=74; 68,5%), 13,9%
(n=15) responderam de forma incorrecta e 17,6% (n=19) não sabiam.

36
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

A grande maioria (n=83; 76,9%) dos proprietários deste questionário respondeu que o
protocolo vacinal devia ser igual para todos os cães residentes em Portugal
independentemente do local de residência.
Solicitou-se aos proprietários que atribuíssem um grau de importância numa escala de 0
a 5 aos cuidados nos 3 primeiros meses de vida de um cachorro, numa lista atribuída.
Responderam a esta pergunta 103 proprietários. As médias obtidas encontram-se no quadro
2.
De acordo com a média obtida, a máxima importância foi atribuída à vacinação (4,88),
seguida da desparasitação interna (4,71). O grau de importância mais baixo foi obtido no
item “Escovar os dentes de leite”.

Quadro 2 – Médias do grau de importância (0 a 5) atribuida aos cuidados nos 3 primeiros meses de vida de um
cachorro.

Cuidados Média Cuidados Média

Vacinação 4,88 Convívio com adultos humanos 4,39


Desparasitação interna 4,71 Convívio com diferentes áreas e 3,75
superfícies
Desparasitação externa 4,41 Convívio com outros cachorros 3,93
Escovar os dentes de 2,21 Convívio com cães adultos 3,75
leite
Alimentação Premium 3,98 Convívio com outras espécies 3,35
Convívio com crianças 4,33 Treino de obediência 3,89

Relativamente à idade com que o cachorro deve ser retirado da ninhada para ser
entregue a uma família a maioria respondeu entre as 6 e 12 semanas (n=58; 53,7%). Para
31,5% (n=34) proprietários os cachorros devem ser retirados da família com mais de 12
semanas. Sete (6,5%) responderam que o cachorro deve ser retirado com menos de 6
semanas e 9 (8,3%) não sabiam ou não responderam.
A grande maioria dos inquiridos (n=78; 72,2%) gostaria que o seu cachorro frequentasse
aulas de socialização para cachorros no caso de existir essa disponibilidade e 27,8% (n=30)
responderam negativamente. Neste estudo observou-se associação significativa entre o
desejo de frequentar aulas de socialização e o conhecimento correcto das vacinas
obrigatórias em Portugal (p=0,040). Também se encontrou associação significativa entre o
desejo de frequentar aulas de socialização e a atribuição do grau de importância 4 ao
convívio dos cachorros com cães adultos (p=0,008).

37
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

De entre a prevenção de transmissão de doenças infecciosas e a prevenção de


alterações comportamentais caninas, a grande maioria atribuiu igual importância a ambas
(n=88; 81,5%), os restantes atribuíram maior importância à primeira opção. Nenhum
respondente atribuiu maior importância à prevenção de alterações comportamentais
caninas.

3. DISCUSSÃO DOS MÉTODOS

Para a realização deste estudo foram contactadas várias Clínicas e Hospitais


Veterinários do distrito de Setúbal. Tal como foi referido anteriormente, este contacto foi
realizado de duas formas: via correio eletrónico e via contacto pessoal. O primeiro método
revela-se vantajoso na medida em que é rápido e não envolve quaisquer custos económicos
comparativamente ao segundo método que exige demora nas deslocações bem como os
encargos económicos associados às mesmas. No entanto, parece claro que as mensagens
por correio eletrónico concernem pouco sucesso uma vez que apenas 13,0% das
instituições contactadas por este meio aceitaram colaborar neste estudo. Sendo assim
parece preferível contactar todos ou a maioria dos colaboradores via contacto pessoal
mesmo que tal processo exija a diminuição do número de contactos devido às limitações
económicas e de disponibilidade.

O desenho do questionário para recolha de dados incluiu questões de resposta fechada


bem como questões de resposta aberta de forma a aferir a informação considerada
necessária para os objetivos deste estudo. No entanto, esta disparidade na forma como são
colocadas as diversas questões pode ter alterado algumas relações entre as diferentes
variáveis selecionadas. Parece assim que teria sido necessário um estudo mais profundo
sobre a forma mais correta de colocar todas as questões num só padrão (respostas abertas
ou respostas fechadas) indo, paralelamente, de encontro com os objetivos pré-definidos.

Para as 9 instituições veterinárias nas quais os questionários foram preenchidos pela


técnica de auto-preenchimento, foi requerido aos colegas colaboradores que garantissem o
total preenchimento do questionário no momento da entrega deste ao proprietário e que não
fosse permitido recorrer a meios que possibilitassem descobrir as respostas corretas, de
forma a cumprir o objetivo deste estudo. No entanto, apesar desta instrução, importa referir
que a autora não esteve presente no momento do preenchimento, existindo portanto a
possibilidade de este ato não ter sido realizado dentro das normas acima referidas. Desta
forma, é possível que alguns dados adquiridos não traduzam os reais conhecimentos dos
proprietários.

38
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO

Devido à execução do estágio curricular em 2 das instituições colaboradoras (Hospital


Veterinário EDENVET e Hospital Veterinário Central), a autora optou pelo método de hétero-
preenchimento para os questionários distribuídos nestes dois locais. Isto porque considerou
ser uma mais-valia o facto de garantir que os proprietários não fossem capazes de utilizar
outros métodos para pesquisar as respostas corretas, nomeadamente os serviços da
internet ou questionar a equipa clínica presente. Por outro lado, a autora considerou
importante poder assistir pessoalmente às reações dos inquiridos relativamente às questões
proferidas bem como resolver algumas dúvidas que poderiam surgir após o término do
questionário. Para além disso, a autora compreende que sendo este um trabalho executado
por si, a vontade e dedicação em preencher os questionários será maior em comparação
com os restantes colegas que colaboraram neste estudo. De facto, de entre os questionários
entregues para auto-preenchimento, apenas 40% foram preenchidos. A autora sugere que
este resultado pode estar relacionado com 5 situações: o diretor(a) clínico(a) a quem foi
dirigida a autorização pode não ter informado todos os colaboradores para o facto de
existirem questionários para serem preenchidos; pouco tempo na sala de espera para
possibilitar o preenchimento dos questionários, particularmente importante nas instituições
colaboradoras com pouco movimento diário de clientes; pouco tempo por parte da equipa
clínica devido à agitação diária da prática clínica; falta de interesse por parte dos colegas na
colaboração de estudos de autores que não partilham qualquer afetividade; pouco contato
entre a autora e as instituições visto que o mesmo apenas foi realizado pessoalmente no
momento de entrega dos questionários e no momento de recolha dos mesmos, sendo que
para alguma instituições foi apenas realizado este último. Parece assim, importante manter
contactos mais frequentes com as instituições colaboradoras de forma a averiguar a taxa de
preenchimento bem como relembrar aos colegas a existência do estudo em curso.

De facto, as vantagens do hétero-preenchimento são vastas e este parece ser o método


mais adequado para a realização deste tipo de estudo uma vez que permite adquirir dados
que correspondem ao mais aproximado real conhecimento/opinião dos inquiridos bem como
uma maior taxa de preenchimento por cada questionário entregue.

39
40
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

IV. DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS


DESCRITIVOS

1. MATERIAL E MÉTODOS

Foi efetuado um desenho de estudo em novembro de 2012 como proposta à direção


do Grupo VetCentral para a realização de uma Puppy Party no dia 16 de dezembro de
2012. Fez-se a avaliação das não conformidades deste projeto, executando
posteriormente uma nova proposta à direção do Grupo VetCentral, para o início de Aulas
de Socialização para Cachorros nesta instituição.

Apresenta-se seguidamente a descrição detalhada dos dois desenhos.

2. DESENHOS DESCRITIVOS

2.1. PROJETO PUPPY PARTY – NOVEMBRO 2012

2.1.1. ASPETOS GERAIS

Foi realizada, no dia 16 de dezembro de 2012 uma Puppy Party com duração de 3
horas, dedicada a cachorros entre as 8 e as 24 semanas. Estiveram presentes 9 cachorros,
16 proprietários (adultos e crianças), 4 cães adultos e 7 colaboradores humanos (autora, o
diretor clínico do Hospital Veterinário Central na pessoa de Dr. Nuno Paixão, a treinadora da
escola de treino canino Chatuska Dog School na pessoa de Cláudia Miranda, 3
colaboradores do Chatuska Pet Hotel e o fotógrafo na pessoa de Carlos Milho). Segue-se o
resumo das características dos cachorros participantes, no quadro 3.

A autora, em colaboração com o Grupo VetCentral, pretendeu organizar e executar um


evento social e lúdico para cachorros com idades incluídas no período de socialização e no
período juvenil, de modo a proporcionar um momento de socialização entre animais da
mesma espécie e entre vários seres humanos, num ambiente relaxado e descontraído. Este
evento pretendeu também proporcionar um momento de celebração da época natalícia entre
a equipa clínica, clientes e animais.

A autora, em colaboração com o Grupo VetCentral, pretendeu organizar e executar um


evento social e lúdico para cachorros com idades incluídas no período de socialização e no
período juvenil, de modo a proporcionar um momento de socialização entre animais da
mesma espécie e entre vários seres humanos, num ambiente relaxado e descontraído. Este

41
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

evento pretendeu também proporcionar um momento de celebração da época natalícia entre


a equipa clínica, clientes e animais.

Quadro 3 – Resumo das características (sexo, idade, raça e porte) dos cachorros participantes na Puppy Party.

Código Idade Sexo Raça Porte


A 8 semanas Fêmea Labrador Retriever Grande
B 12 semanas Macho Pastor Alemão Grande
C 13 semanas Macho Bulldog Francês Pequeno
D 13 semanas Macho Pastor Alemão Grande
E 14 semanas Fêmea American Staffordshire Terrier Grande
F 20 semanas Fêmea Grand Danois Gigante
G 24 semanas Fêmea Labrador Retriever Grande
H 26 semanas Macho Labrador Retriever Grande
I 26 semanas Fêmea Sem raça definida Pequeno

A autora, em colaboração com o Grupo VetCentral, pretendeu organizar e executar um


evento social e lúdico para cachorros com idades incluídas no período de socialização e no
período juvenil, de modo a proporcionar um momento de socialização entre animais da
mesma espécie e entre vários seres humanos, num ambiente relaxado e descontraído. Este
evento pretendeu também proporcionar um momento de celebração da época natalícia entre
a equipa clínica, clientes e animais.

Este evento foi realizado em ambiente outdoor, no qual a única barreira física existente
estava colocada entre o perímetro do espaço da festa e a via pública. Pretendeu-se
portanto, que entre os vários animais e entre estes e os proprietários não existisse qualquer
barreira física (vedações ou trelas) de modo a proporcionar um contato social e lúdico livre
entre todos. Assim, todos os proprietários podiam colocar os seus animais no solo e permitir
a deslocação livre por todo o espaço da festa, a escolha de qualquer brinquedo que se
encontrava no solo do espaço da festa, bem como qualquer interação com outros cachorros,
com outros cães adultos ou com outros proprietários.

A equipa clínica movimentou-se entre cachorros e proprietários, mostrando-se


completamente disponível para esclarecimentos de dúvidas ou para intervir caso algum
comportamento entre cachorros parecesse desadequado.

Relativamente aos cachorros assistiu-se a uma heterogeneidade de temperamentos e


relações sociais que são resumidos no quadro 4.

42
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

Quadro 4 – Comportamentos dos cachorros que participaram na Puppy Party.

Código Comportamento
B, C, D, E, G Iniciaram imediatamente comportamentos lúdicos entre eles,
nomeadamente jogos de mordida.
Manteve-se durante 1 hora junto aos seus proprietários demonstrando
apenas alguma curiosidade nas relações sociais apresentadas entre
os cachorros à sua volta. Progressivamente e de uma forma tímida,
A este cachorro iniciou uma interação com alguns do outros cachorros
demonstrando sinais sociais, tais como o movimento da cauda, a
captação de odor dos outros cachorros na zona oral e na zona anal,
interesse pela cauda do companheiro e movimentos circulares e de
perseguição entre eles.
H Manteve-se contido por trela durante todo o tempo da festa uma vez
que demonstrava sinais agressivos para com os outros animais.
I Manteve-se contido por trela por opção dos proprietários, dado ser
invisual. Não obstante, durante toda a festa, este cachorro manteve
contatos sociais adequados para com os outros cachorros, não
participando, no entanto, em nenhuma brincadeira.
Foi contido por trela durante toda a festa por opção da proprietária, já
F que se tratava de uma raça gigante (Grand Danois). Este cachorro
pareceu apresentar maior interesse com cães adultos ou
exclusivamente com a sua proprietária.

Em certo momento, 4 cães adultos de portes diferentes foram apresentados na festa


para convívio com os cachorros: 1 miniatura, 2 de pequeno porte e 1 de porte gigante. Os
cães mantiveram-se devidamente contidos com trela até a equipa se assegurar de que o
contacto entre estes e os cachorros se estava a desenvolver de uma forma positiva. Tanto
os colaboradores como os cachorros apresentaram-se mascarados com motivos natalícios
(Figura 9 e 10). Poucos cachorros demonstraram curiosidade nestes cães, com exceção da
fêmea de raça Grand Danois, tal como anteriormente referido. Este desinteresse foi
recíproco.

Relativamente aos proprietários assistiu-se a: conversas descontraídas entre


proprietários adultos; momentos de brincadeira e carinho entre cachorros e seres humanos

43
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

não pertencentes à família desse cachorro; momentos de brincadeiras, corrida e carinho


entre as crianças e os vários cachorros.

O encerramento da festa foi realizado com a entrega dos diplomas (Figura 11) bem
como a entrega de um brinde para cada cachorro.

As fotografias registadas durante a festa foram posteriormente publicadas nas redes


sociais do Grupo VetCentral (Figura 12-25).

Este projeto foi desenhado a partir da necessidade vigente de proporcionar uma


experiência singular aos cachorros da área, bem como um momento de convívio, partilha ou
até esclarecimento de dúvidas para os proprietários.

Segue-se o desenho descritivo deste projeto.

2.1.2. ESPAÇO FÍSICO E MATERIAL NECESSÁRIO

O espaço físico proposto para a realização da Puppy Party foi o campo de treino do
Chatuska Dog School. Este espaço é outdoor, construído em terra e totalmente vedado, não
permitindo, assim, a fuga dos cachorros para a via pública. Dentro deste espaço encontra-se
uma área coberta e fechada, que foi útil para guardar o material necessário antes do início
da festa (Figura 26, 27 e 28).

Caso as condições atmosféricas não fossem adequadas à realização de um evento


outdoor, a festa deveria ser transferida para a sala de formação do Chatuska Pet Hotel, cuja
dimensão seria suficiente para albergar cachorros, proprietários e equipa clínica. Seria da
responsabilidade da organização, contactar todos os proprietários inscritos, informando a
mudança de local.

De modo a proporcionar o contato com animais adultos da mesma espécie, foi


necessário a disponibilidade de 4 cães adultos, saudáveis e devidamente vacinados e
desparasitados. Visto decorrer a época natalícia foi necessário a aquisição de adereços
referentes à mesma, nomeadamente gorros de Pai Natal e de Mãe Natal.

Com vista a proporcionar alguns momentos de brincadeira entre os cachorros, foi


necessária a aquisição de brinquedos de tamanho apropriado a cachorros tais como bolas,
brinquedos de peluche, brinquedos de corda e brinquedos de borracha. O número de
brinquedos adquirido foi suficiente para os cachorros utilizarem durante a festa e para
oferecer a cada um deles como prenda de Natal no final da festa (Figura 21).

44
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

Outro material diverso foi necessário: papel branco em formato A4 para impressão dos
diplomas de participação a entregar no final da festa; máquina fotográfica para registar
vários momentos da festa; sacos de plástico para recolha de fezes.

2.1.3. HORÁRIO

A escolha da data foi pensada de forma a promover uma maior adesão por parte dos
clientes. Neste caso a data escolhida devia: ter alguma proximidade com o dia de Natal visto
ser uma Puppy Party que pretendia celebrar esta época festiva; ocorrer num dia em que a
maioria das famílias se encontrava desocupada das tarefas laborais. Assim sendo, a data
proposta foi um domingo à tarde, mais especificamente o dia 16 de dezembro de 2012,
entre as 15 e as 17:00 horas.

2.1.4. REGRAS

Foram aceites todos os cachorros com idades entre as 8 e as 24 semanas, não


discriminando o porte do animal. Os animais deviam ter a desparasitação interna e externa
regular, bem como a vacinação adequada à idade do mesmo.

2.1.5. PUBLICIDADE

Este evento foi publicitado com cerca de 2 semanas de antecedência e em 4 espaços


diferentes: panfletos informativos com ficha de inscrição possível de ser destacada (Figura
29 e 30) na receção do Hospital Veterinário Central; evento nas redes sociais do Hospital
Veterinário Central convidando todos os clientes seguidores dessas páginas; mensagem
publicitária enviada a todos os clientes através de correio eletrónico; contacto telefónico para
todos os clientes com cachorros com idade entre as 8 e as 24 semanas da base de dados
do Hospital Veterinário Central.

2.1.6. INSCRIÇÃO

A inscrição dos participantes foi realizada nas mesmas condições em que foi realizada a
publicidade citada no ponto anterior, i.e.: na receção do Hospital Veterinário Central com o
preenchimento do panfleto citado no ponto anterior; através do evento criado na rede social;
através de mensagem por correio eletrónico; no momento do contacto telefónico efetuado
pela organização, conforme supracitado.

2.1.7. CUSTOS

Este evento teve entrada gratuita.

45
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

2.2. PROJETO AULAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS

2.2.1. ASPETOS GERAIS

As aulas de socialização para cachorros são um ciclo de 5 aulas consecutivas com


duração de 1 hora cada que pretendem proporcionar um adequado período de socialização
para cachorros com idades compreendidas entre as 8 e as 16 semanas. Ao longo destas
aulas é objetivo da autora proporcionar aos cachorros a oportunidade de se exporem,
contactarem e de se relacionarem com outros cachorros, com exemplares adultos da sua
espécie, com exemplares de outras espécies, com vários seres humanos não-familiares (de
diferentes idades, ambos os sexos, diferentes raças e vestidas de maneiras diferentes), com
a equipa e espaço clínico, com vários objetos usados frequentemente em ambiente
hospitalar e usados frequentemente no dia-a-dia, bem como com vários estímulos tácteis e
sonoros. Para além disso estão também incluídos nos objetivos delineados a manipulação
de várias partes do corpo do cachorro como sejam as orelhas, olhos, boca, dentes ou
extremidades bem como a educação do cachorro com aprendizagem de comandos básicos
(senta, deita, vem, fica), aprendizagem de passeios à trela e controlo do animal quando este
está sem trela através do condicionamento clássico e do condicionamento operante.

De facto, o objetivo destas aulas é apresentar aos cachorros os possíveis estímulos


e ambientes que os envolverão ao longo da sua vida associando-os a experiências
positivas. Assim, pretende-se que no futuro, quando confrontados com alguns estímulos
apresentados, as respostas sejam proporcionais à intensidade dos mesmos. Respostas
adequadas aos estímulos que envolvem um cão permitem diminuir drasticamente problemas
comportamentais derivados de respostas exageradas como, por exemplo, o medo/fobia do
som da trovoada, a agressividade direcionada para a mesma espécie, a agressividade
direcionada para seres humanos, entre outros.

Importa ainda referir que também é objetivo destas aulas a educação do proprietário no
que concerne a saúde, higiene, desenvolvimento comportamental do cachorro linguagem
corporal, teoria da aprendizagem e modificação comportamental. Além do mais estas aulas
podem servir como um espaço para os proprietários se relacionarem com os seus
cachorros, para se relacionarem e partilharem experiências entre si e para se relacionarem
com a equipa clínica num ambiente diferente daquele experienciado durante as consultas
pediátricas. Proporciona-se, assim, uma maior descontração para captação de informação,
bem como uma menor intimidação para colocação de dúvidas.

46
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

O projeto para as aulas de socialização em cachorros teve por base o projeto para a
Puppy Party realizada em dezembro de 2012. Após profunda pesquisa bibliográfica, avaliou-
se as não conformidades do primeiro projeto e efetuaram-se diversas alterações que visam
o alcance de um maior impacto na saúde pública e saúde animal, bem como a diminuição
do risco de transmissão de doenças durante estas aulas.

Segue-se o desenho descritivo deste projeto.

2.2.2. ESPAÇO FÍSICO E MATERIAL NECESSÁRIO

O espaço físico proposto para a realização das aulas de socialização é a sala de


formação no edifício do Chatuska Pet Hotel, designada daqui em diante como sala de aulas.
Este edifício é constituído por dois andares: no rés-do-chão funciona um hotel para cães no
qual existe uma receção, quartos interiores e quartos exteriores, sendo estes ocupados
apenas por animais saudáveis; o primeiro andar está dividido em duas grandes áreas: uma
de uso público constituída por casa de banho e sala de aulas e outra constituída por várias
assoalhadas de uso privado por parte da equipa do Hospital Veterinário Central. Estas duas
grandes áreas são divididas fisicamente por uma porta (Figura 31 e 32). O acesso ao
primeiro andar é realizado através de umas escadas exteriores, ou seja, para alcançar a
sala de aulas não é necessário entrar no hotel de cães (Figura 33, 34 e 35). O espaço
exterior comum à porta do hotel e às escadas para o primeiro andar é construído em asfalto,
ideal para o estacionamento das viaturas dos proprietários (Figura 36).

O facto de se realizarem as aulas num edifício fisicamente separado do Hospital


Veterinário Central não irá permitir a abordagem às experiências positivas precoces do
cachorro em espaço clínico, objetivo incluído nas metas propostas para estas aulas. No
entanto, este problema poderá ser resolvido encorajando os proprietários a seguirem o
protocolo vacinal neste hospital com o Médico Veterinário responsável pelas aulas de
socialização. Desta forma, o cachorro será acompanhado pelo mesmo ser humano em
ambas as experiências, tornando o seu elo de ligação mais estreito e, porventura, tornando
a manipulação médica mais fácil.

A sala de aulas é um espaço indoor com espaço suficiente para cachorros, proprietários
e equipa clínica (Figura 37). Até à data esta sala foi frequentada esporadicamente apenas
por seres humanos, durante palestras, congressos e formações ministradas pelo Grupo
VetCentral. A sala está munida de aparelhos informáticos e audiovisuais (computador,
projetor e tela branca) que podem permitir a apresentação de informação aos proprietários
em suporte informático (Microsoft Power-Point®, vídeos, imagens) (Figura 38).

47
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

O chão da sala em questão é constituído por tacos de madeira e por isso será
necessário adquirir material de plástico para cobrir a área estabelecida de modo a manter o
pavimento facilmente lavável. Para além disso será necessário a aquisição de rolos de papel
absorvente, balde e esfregona, detergente comum para o chão, lixivia e sacos de plástico
para recolha de fezes. Como anteriormente referido, junto à sala de aulas encontra-se uma
casa de banho que deve ser fornecida de sabonete líquido para as mãos, desinfetante à
base de álcool para as mãos e toalhetes de papel absorventes.

Os cachorros devem experienciar novos e diversos estímulos e materiais durante as


aulas de modo a conhecer e aceitar que existe um diversificado leque de ambientes no seu
habitat, não sendo necessário, por isso, reagir de forma desadequada à presença dos
mesmos. Sendo assim deve ser adquirido: um bloco de relva sintética com dimensões de
150 cm x 100 cm; 3 blocos de material metalizado com 30cm x 30 cm cada um; dois blocos
de esponja com30 cm x 30 cm; caixotes de cartão com diversas dimensões; piscina de
plástico para crianças preenchida com areia da praia; um túnel de plástico com dimensões
suficientes para ser atravessado pelos cachorros; um triciclo ou trotinete de criança; vários
materiais médicos (compressas, algodão, seringas, estetoscópio, termómetro); uma bola de
futebol; gravação de sons de trovoada; gravação de sons de motociclos. É também
importante apresentar brinquedos adequados à faixa etária, de diferentes formas e
materiais: bolas com diferentes dimensões, brinquedos de peluche, brinquedos de corda e
brinquedos de borracha.

Para cumprir o objetivo de aceitação de um leque variado de seres humanos (diferentes


raças, sexos, roupas, idades), os proprietários devem ser incentivados a levar crianças para
as aulas. Devem estar disponíveis diversos adereços (óculos de sol, chapéus, cachecóis,
perucas) para os proprietários utilizarem em uma das aulas a definir.

Para cumprir o objetivo de interação com a mesma espécie e com espécies diferentes,
deve estar disponível: um cão adulto saudável devidamente vacinado e desparasitado cujo
temperamento seja conhecido por parte da equipa; um gato saudável vacinado e
desparasitado cujo temperamento seja conhecido por parte da equipa; e um coelho
saudável desparasitado e confinado na sua jaula.

Outro material diverso será necessário: cerca de 20 cadeiras para os proprietários,


canetas, papel branco A4, máquina fotográfica com capacidade de realizar gravação em
vídeo, caixa de material de primeiros socorros para seres humanos, caixa de primeiros
socorros para os cachorros.

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DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

2.2.3. HORÁRIO E CALENDÁRIO DE AULAS

As aulas decorrerão durante 5 semanas consecutivas, com duração de uma hora cada,
com exceção da última aula que terá uma duração de duas horas. Cada turma deve iniciar a
primeira aula em simultâneo, terminando assim, um ciclo de aulas em simultâneo também –
Grupo fixo.

O horário deve variar com base nas estações do ano: entre 1 outubro e 15 de maio as
aulas devem realizar-se ao sábado ou domingo de manhã; entre 16 de maio e 30 de
setembro as aulas de socialização devem realizar-se entre segunda e sexta feira com
horário pós-laboral uma vez que, durante esta época, as famílias aproveitam os fins de
semana para atividades lúdicas nomeadamente praia, piscina, piqueniques, passeios, entre
outros, podendo fazer diminuir o número de inscritos se permanecer o horário de Inverno.
De referir, que o horário pode ser adaptado/alterado após verificação da disponibilidade de
todos os proprietários inscritos para essa classe.

Tanto de inverno como de verão, devem existir sempre duas turmas a trabalhar em
simultâneo, desfasadas em relação à data de início das aulas. Ou seja, quando uma turma
iniciar a 3ª aula, deve ser iniciado o ciclo de aulas para uma nova turma. Desta forma, os
proprietários inscritos já após o início da turma, não necessitarão de esperar 5 semanas
para o início de um novo ciclo de aulas. Este é um fator logístico particularmente importante
nestas aulas, uma vez que existe uma janela temporal muito estreita em relação ao período
de socialização de um cachorro.

Quadro 5 - Horário para as aulas 1,2,3 e 4

Inverno Turma 1 Sábado 10:00 – 11:00


Turma 2 Domingo 10:00 – 11:00
Verão Turma 1 Terça-feira 18:30 – 19:30
Turma 2 Quarta-feira 18:30 – 19:30

Quadro 6 – Horário para a última aula

Inverno Turma 1 Sábado 10:00 – 12:00


Turma 2 Domingo 10:00 – 12:00
Verão Turma 1 Terça-feira 18:00 – 20:00
Turma 2 Quarta-feira 18:00 – 20:00

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DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

2.2.3.1. PRIMEIRA AULA – APRESENTAÇÃO E EDUCAÇÃO

A primeira aula deve decorrer sem cachorros, apenas com proprietários. Esta pretende
ser uma aula de introdução que deve incluir 7 tópicos:

1. Apresentação da equipa clínica que estará presente nas aulas e apresentação dos
proprietários à equipa clínica. A troca de dados profissionais e pessoais neste
momento, possibilita a criação de empatia e confiança entre clínicos e proprietários,
possibilitando um ambiente estreito e pessoal durante as 5 semanas. Aliás, este elo
poderá perdurar de futuro se os proprietários desejarem manter o acompanhamento
do seu animal com este hospital e com esta equipa clínica;
2. Presença e respetiva apresentação do diretor clínico do Hospital Veterinário Central
na pessoa de Dr. Nuno Paixão;
3. Preenchimento de inquérito explanado no ponto 2.2.11;
4. Esclarecimentos transmitidos em suporte informático (Microsoft Power-Point®) sobre
o funcionamento do ciclo de aulas, introdução das regras das aulas, explicação do
desenvolvimento comportamental do cão e apresentação dos objetivos e vantagens
das aulas de socialização para cachorros;
5. Decisão por parte dos proprietários sobre o nome da respetiva turma possibilitando
uma intervenção ativa dos proprietários desde o início do ciclo de aulas;
6. Verificação do boletim de vacinas de cada cachorro bem como do calendário de
desparasitações;
7. Esclarecimentos transmitidos em suporte informático (Microsoft Power-Point®) sobre
a promoção da saúde animal e da saúde pública que devem incluir vários tópicos
nomeadamente a definição de uma só saúde e importância da medicina preventiva,
as zoonoses, as principais doenças infeciosas caninas, o protocolo de vacinação e
suas variáveis, o protocolo de desparasitação interna e externa e suas variáveis, as
vantagens da esterilização, os cuidados básicos de higiene, a importância da
medicina comportamental, a agressão com mordida por parte da população canina
e seu impacto na saúde pública, a responsabilidade do proprietário em recolher as
fezes do animal durante os passeios à via pública, as obrigações do proprietário de
cães de raça potencialmente perigosa e a colocação de microchip.
2.2.3.2. AULAS 2,3 E 4

Durante as aulas 2,3 e 4, proprietários e cachorros devem estar presentes


simultaneamente na sala de aulas, pretendendo-se que se desenvolva uma interação entre

50
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

proprietários e cachorros da mesma família, entre proprietários e cachorros de famílias


diferentes, entre os vários cachorros e entre os vários proprietários. A equipa clínica deve
dirigir e supervisionar todas as aulas, interagindo igualmente com os cachorros e com os
proprietários. Progressivamente, os cachorros devem ser expostos a vários estímulos táteis,
visuais e auditivos e recompensados com festas, carinho e eventualmente biscoitos. Todas
as atividades devem basear-se na vontade de cumprir os objetivos definidos para um ciclo
completo de aulas já anteriormente referidos. Para além disso, deve ser introduzido
períodos de treino com marcadores de forma a treinar o cachorro para a resposta a
comandos básicos como senta, deita, vem e fica.

No final de todas as aulas deve ser reservado um espaço de 10minutos para explicações
informativas sobre a relação e comunicação com o cão bem como sobre o treino de
obediência, esclarecimento de dúvidas e troca de experiências entre proprietários.

2.2.3.3. ÚLTIMA AULA – FESTA DE FINALISTAS

A última aula tem uma duração de duas horas. Durante a primeira hora, deve haver uma
continuação das atividades das aulas 2, 3 e 4. Durante a segunda hora, deverá acontecer a
Festa de Finalistas. Esta festa pretende celebrar o fim do ciclo de aulas. Os proprietários
são incentivados a levar bolos e sumos para lanche de convívio sendo que o Grupo
VetCentral deve disponibilizar alimento específico para os cachorros como ração, patê,
biscoitos e ossos artificiais. Esta cerimónia deve ser constituída por: entrega de cartola e
diploma de finalistas a cada cachorro; visionamento de um filme com as fotografias tiradas
ao longo das aulas; entrega de CD aos proprietários com a gravação do respetivo filme;
preenchimento de questionário explanado no ponto 2.2.11; agradecimentos por parte da
equipa clínica aos proprietários; lanche de convívio.

2.2.4. REGRAS

Os cachorros devem ter a desparasitação interna e externa regular. Devem ter recebido
também a vacina intranasal contra Bordetella bronchiseptica e vírus da Parainfluenza e a
vacina contra o vírus da Esgana e Parvovírus específica para cachorros, com um intervalo
de 2 semanas entre as duas. Após a última vacina, os proprietários devem esperar uma
semana até iniciar o ciclo de aulas de socialização. Uma vez que a primeira aula é dirigida
apenas aos proprietários, os cachorros passarão um período de 2 semanas entre a última
vacina e o contato com outros cachorros. Desta forma, a idade mínima aceite para iniciar as
aulas de socialização é às 7 semanas, mas o cachorro só inicia efetivamente as aulas com 8

51
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

semanas de idade. A idade máxima aceite para iniciar as aulas é às 11 semanas de idade,
mas o cachorro só inicia efetivamente as aulas com 12 semanas de idade.

Durante o decorrer das aulas, os cachorros devem continuar a realizar o protocolo


vacinal regulamentado pelo Grupo VetCentral, bem como as desparasitações interna e
externa. Os proprietários devem ainda ser instruídos a não levar para as aulas cachorros
que aparentem doença.

O número máximo de cachorros por turma deve ser 8.

O nome da turma deve seguir uma ordem alfabética seguida por 2 números que
representam o mês e 4 números que representam o ano. Portanto, quando os proprietários
discutirem o nome de determinada turma, na primeira aula, devem ser informados
previamente que o nome deve começar por determinada letra. Seguem-se exemplos: 1ª
Turma - Abóboras.072013; 2ªTurma - Bébés.072013; 10ªturma - Joaninhas.012014.

Esta logística permitirá manter uma base de dados organizada e catalogada, com
informação útil sobre todas as turmas que participaram nas aulas de socialização.

2.2.5. LIVRO DO CACHORRO

É da responsabilidade da organização das aulas de socialização escrever e editar um


pequeno livro que contenha informação básica dirigida aos proprietários com os seguintes
temas: preparar a casa para a chegada do cachorro, a rotina do cachorro, legislação,
higiene, medicina dentária, dieta, saúde animal, identificação eletrónica e medicina
comportamental (Anexo IX).

2.2.6. VENDA DE PRODUTOS DURANTE AS AULAS

Durante todas as aulas deve estar presente uma banca de venda de produtos para
cachorros nomeadamente alimentação Premium, biscoitos para cachorros, ossos artificiais
para cachorros, mantas e camas, escovas para os dentes, pastas dentífricas, sacos de
biscoitos para treino, clickers, brinquedos diversos, dispositivos que associam o alimento a
momentos de brincadeira, arneses, trelas, coleiras, roupas para cachorros, entre outros.

2.2.7. PUBLICIDADE

Uma vez que as aulas de socialização são uma novidade no Hospital Veterinário
Central, é extremamente importante dar a conhecer este projeto ao maior número de
proprietários. Por isso devem constar panfletos publicitários na receção do Hospital
Veterinário Central, lojas, hotel e escola de treino. Para além disso, em cada consulta

52
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

pediátrica, o Médico Veterinário deve ser responsável por entregar esse panfleto ao
proprietário e dar a conhecer este projeto. O panfleto informativo deverá ser ainda enviado,
por correio eletrónico, para todos os clientes.

Para além disso, o Grupo VetCentral deve contatar alguns criadores e associações da
zona com vista a informá-los sobre este programa e estabelecer algumas parcerias, de
modo a encaminhar os cachorros vendidos/adotados nesses locais para estas aulas. Assim,
estas parcerias devem: incentivar o criador/associação a administrar as vacinas exigidas
para estas aulas; incentivar o criador/associação a informar os proprietários sobre este
programa e suas vantagens; manter panfletos informativos nestes locais.

2.2.8. INSCRIÇÃO

Os proprietários podem inscrever-se em qualquer um dos locais pertencentes ao


Grupo VetCentral: Hospital Veterinário Central, Chatuska Pet Hotel, Chatuska Dog School e
as 4 lojas. O ato de inscrição deve cumprir os seguintes procedimentos:

a) Pagamento deve ser feito na totalidade no ato de inscrição;


b) Entrega ao proprietário de um panfleto onde constem as regras e material
necessário para as aulas, custo, mapa e acessos ao Chatuska Pet Hotel,
número de telefone e endereço de correio eletrónico da organização;
c) Entrega ao proprietário de uma declaração de inscrição e pagamento com
carimbo e assinatura do funcionário que recebeu a inscrição. O proprietário
deve ser instruído a levar este comprovativo no primeiro dia de aulas;
d) Instruir o proprietário a ligar para o número de telefone que consta no panfleto
de maneira a informar-se sobre o dia do início das aulas.

Para além disso, todos os proprietários podem solicitar uma sessão de esclarecimento
grátis com a equipa clínica responsável pelas aulas de socialização. Esta sessão não
pretende abordar qualquer patologia comportamental que possa eventualmente existir, mas
sim esclarecer sobre o funcionamento das aulas de socialização, objetivos, metas,
benefícios, custos, entre outros. O proprietário pode optar por inscrever-se apenas após
esta sessão de esclarecimento.

2.2.9. FORMAÇÃO

Uma vez que a inscrição para as aulas de socialização pode ser efetuada em todos os
espaços comerciais do Grupo VetCentral, é extremamente importante que todos os
funcionários tomem conhecimento desta atividade e que conheçam as regras de inscrição

53
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

anteriormente mencionadas. Assim, é da responsabilidade da equipa clínica responsável


pelas aulas de socialização, realizar uma reunião informativa aos funcionários de modo a
transmitir toda a informação necessária em suporte informático (Microsoft Power-Point®).

2.2.10. CUSTOS E PROMOÇÕES

O custo do ciclo completo das aulas bem como qualquer promoção instituída deve ser
da total responsabilidade do gestor financeiro do Grupo VetCentral.

2.2.11. AVALIAÇÃO DAS AULAS DE SOCIALIZAÇÃO E FOLLOW-UP

No decorrer da primeira aula, os proprietários devem preencher um inquérito com


perguntas relacionadas com saúde pública, cuidados de saúde pediátricas, grau de afeto
com o cachorro, entre outros. No decorrer da última aula o mesmo inquérito deve ser
realizado para posterior comparação.

Cerca de 30 dias após o final do ciclo de aulas, todos os proprietários devem ser
contatados via telefone pela organização, de modo a verificar o estado de saúde de cada
cachorro bem como o grau de satisfação relativamente às aulas de socialização.

2.2.12. ADAPTAÇÕES

Seguem-se 4 figuras explicativas das condições que o autor considera obrigatórias,


aconselháveis e opcionais para a realização deste projeto (Figuras 5, 6, 7 e 8), bem como
sugestões alternativas para os itens opcionais (Quadro 7).

54
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

Espaço físico e material

Obrigatório Aconselhável Opcional

Acesso à sala de aulas


Espaço indoor com chão A - Sala de aulas munida
diferente daquele que em
em material facilmente de aprelhos informáticos
animais doentes usam
lavável e não poroso e audiovisuais
para entrar no edíficio

Sala de aulas não B -Saco para recolha de


utilizada por animais Casa de banho junto à
sala de aulas fezes fornecido pela
doentes/consultas organização

Material de limpeza C - Materiais utilizados


nas aulas 2, 3 e 4

Materiais estimulantes,
materiais médicos,
gravação de sons, D - Coelho e gato
animais de espécies
diferentes, cão adulto

Desparasitação e
vacinação regulares para
os animais E - Máquina fotográfica
colaboradores

Caixa de primeiros
socorros para humanos e
para cachorros

Figura 5 – Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o tópico: espaço físico
e material.

55
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

Horário e Calendário de Aulas

Obrigatório Aconselhável Opcional

Cachorros, proprietários
e equipa clínica Ciclo de aulas com 5
presentes semanas consecutivas,
F - Grupo fixo
simultaneamente na sala com duração de uma
de aulas, em todas as hora cada
aulas

Primeira aula sem a


presença de cachorros,
Alcance dos objetivos dedicada exclusivamente G - Horário de Verão e
propostos à educação do de Inverno
proprietário

H - Adaptar horário à
disponibilidade dos
proprietários

I - Duas turmas a
funcionar em simultâneo

J - Decisão por parte dos


proprietários sobre o
nome da turma

L - Festa de finlistas

Figura 6 – Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o tópico: horário e
calendário de aulas.

56
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

Regras

Obrigatório Aconselhável Opcional

M - Nome da turma
Desparasitação
Idade mínima aceite: 7 conforme ordem
interna e externa
semanas alfabética seguida por
regulares
mês e ano

Vacina intranasal
contra Bordetella Idade máxima aceite:
bronchiseptica e 11 semanas
Parainfluenza virus

Vacina contra vírus da


Esgana e Parvovirus

Continuação do
protocolo vacinal,
desparasitação interna
e externa durante o
ciclo de aulas

Instruir os
proprietários para não
levar animais que
aparentem doença

Figura 7 – Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o tópico: regras.

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DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

Livro do Cachorro, Venda de produtos, Publicidade, Inscrição,


Formação, Custos e Promoções, Avaliação e Follow-up

Obrigatório Aconselháve l Opcional

Escrever e editar o Livro N - Venda de produtos


do Cachorro durante as aulas

Panfletos publicitários
em vários locais O - Parceria com
estratégicos criadores e associações

Informação sobre o
prgrama durante as P - Método de inscrição
consultas pediátricas

Contactar proprietários
30 dias após o final das Q - Formação dos
aulas colaboradores

R - Gestão financeira

S - Avaliação e Follow-up

Figura 8 – Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para os tópicos: livro do
cachorro, venda de produtos, publicidade, inscrição, formação, custos e promoções, avaliação e follow-up.

58
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS

Quadro 7 – Sugestões para os itens opcionais

Sugestões
A Partilha de informação em papel (cartazes, posters, panfletos).
B Instruir os proprietários para a obrigatoriedade de levarem para as aulas, sacos
para recolha de fezes.
C Os materiais usados bem como a sua quantidade devem ficar sob decisão da
organização.
D Podem ser utilizadas outras espécies animais.
E Não utilizar máquina fotográfica para registar os momentos das aulas.
Grupo rotativo, em que é permitido cada cachorro iniciar as aulas em momentos
F diferentes do ciclo de aulas. Não obstante, cada cachorro deve experienciar o
mesmo número de aulas.
G Existir o mesmo horário durante todo o ano.
H Não adaptar o horário à disponibilidade dos proprietários.
I Existir apenas uma turma.
J Nome da turma decidida pela equipa clínica ou não existir nome para a turma.
L Não existir celebração final.
M A escolha do nome ser completamente aleatória sem qualquer organização.
N Não existir venda de produtos durante as aulas.
O Não existir parcerias com criadores e/ou associações.
P Método de inscrição mais adequado e funcional segundo as características do
hospital.
Q Não existir formação dos colaboradores.
R Gestão financeira mais adequada segundo as características do hospital.
S Não existir avaliação das aulas de socialização.

59
60
DISCUSSÃO

V. DISCUSSÃO

O livro Genetics and the Social Behavior of the Dog de John Paul Scott e John L. Fuller
retrata o extenso programa de investigação que estes dois autores desenvolveram no
Roscoe B. Jackson Memorial Laboratory em Bar Harbor, de forma a estudar o
desenvolvimento comportamental do cão com particular enfoque para os aspetos sociais
(Scott e Fuller, 1965). Este estudo marcou o início da grande evolução da medicina
comportamental do cachorro dos últimos 50 anos. Os conhecimentos atuais sobre esta
matéria, nomeadamente o desenvolvimento comportamental do cachorro, a teoria dos
períodos críticos ou sensitivos e a importância dos programas de socialização, permitem
que a medicina veterinária e a sua prática clínica sejam, progressivamente, mais completas
por forma a oferecer aos clientes humanos e animais um plano que abrange a saúde física,
a saúde comportamental e a saúde pública. É nesta sequência de desenvolvimento e
evolução da medicina veterinária comportamental que a autora se propôs ao
desenvolvimento de um programa de socialização para cachorros – Puppy Party (PP) - num
evento singular com duração de 3 horas, que reuniu vários cachorros e proprietários e no
qual foi permitida a interação livre, ainda que supervisionada, entre a mesma espécie e
entre as duas espécies (canídeos e humanos). No entanto, após pesquisa bibliográfica,
foram detetadas várias inconformidades neste projeto, surgindo, assim, a necessidade de
construir um novo projeto mais completo, que pudesse colmatar essas falhas e que pudesse
ter maior impacto não só na saúde animal, como também na saúde pública e no ambiente –
Aulas de Socialização para Cachorros (ASC). De facto, o projeto das ASC partilha o mesmo
conceito-base do projeto da PP sendo no entanto um evento prolongado por 5 semanas
consecutivas, o que poderá permitir estender e desenvolver os objetivos supracitados bem
como os seus efeitos a longo prazo, tal como foi sugerido num estudo em 2013 de Kutsumi
e seus colaboradores (Kutsumi et al., 2013).

Surgiu, paralelamente, a necessidade de averiguar os conhecimentos dos proprietários


de cães sobre os principais aspetos da saúde do cachorro nos primeiros meses de vida, de
forma a apurar o grau de necessidade de inclusão de mais educação e mais transmissão de
informação durante o ciclo das ASC.

Os resultados do presente estudo revelaram uma grande disparidade relativamente à


idade apontada para o início da vacinação do cachorro, bem como um grande
desconhecimento relativamente às doenças a proteger na primovacinação, sendo que,
apenas 1 proprietário (0,9%) soube responder corretamente a esta questão. Por outro lado,
parece que o conhecimento sobre a obrigatoriedade legal no que concerne à vacinação
contra a raiva é o mais abrangente, uma vez que 68.5% dos inquiridos demonstrou

61
DISCUSSÃO

entendimento sobre este facto. Aliás, foi também esta doença a mais frequentemente
apontada como doença infeciosa canina (61,1%), seguida pela doença parasitária
Leishmaniose (32,4%). A perceção sobre estas duas doenças pode estar justificada por
razões temporais opostas. Ou seja, relativamente à raiva, a autora sugere que este facto
pode estar relacionado com a antiguidade do decreto-lei que instituiu o programa nacional
de luta e vigilância epidemiológica da raiva animal – decreto-lei nº39209 de 1953 – bem
como a antiguidade daquele que instituiu a obrigatoriedade para a vacinação contra esta
doença – decreto-lei nº317 de 1985 - existindo portanto cerca de 60 anos de educação para
esta patologia. Parece assim pertinente, a realização de outros estudos que permitam
averiguar e comparar a percentagem de proprietários que compreende as suas outras
obrigatoriedades legais, designadamente a colocação de identificação eletrónica ou as
obrigações dos proprietários de cães perigosos e potencialmente perigosos, de forma a
delinear estratégias que possibilitem uma melhor transmissão de informação que não se
baseie apenas no espaçamento temporal. Isto porque, segundo Overall (1997) os animais
de companhia têm vindo a tornar-se uma indústria muito regularizada e os Médicos
Veterinários fazem parte deste processo. Assim, estes profissionais necessitam não só de
saber como também necessitam transmitir a forma como a legislação pode afetar a sua
prática, os seus clientes e os seus animais (Overall, 1997).

Relativamente ao conhecimento sobre a Leishmaniose, este facto poderá estar


relacionado com a recente publicidade através dos órgãos sociais relativamente à
prevenção desta patologia, tanto pela Bayer com o desparasitante spot-on Advantix (Bayer,
2012) como pela MSD Saúde Animal com desparasitante em coleira Scalibor (MSD Saúde
Animal, 2013), como pela Virbac com a vacina anti-leishmania Canileish (Virbac Saúde
Animal, 2011). Parece, igualmente importante, a realização de estudos para a averiguação
da eficácia da publicidade através dos media como forma de fazer chegar informação ao
maior número de cidadãos sobre algumas questões de saúde pública nomeadamente a
prevenção de algumas patologias, saneamento da via pública, zoonoses, entre outras.

Os resultados obtidos relativamente ao item considerado o mais importante nos


primeiros 3 meses de vida do cachorro vão de encontro à sugestão de Day et al. (2009) de
que os proprietários acreditam que a vacinação é a razão mais importante para as visitas
anuais ao Médico Veterinário (Day et al., 2009), uma vez que no presente estudo a
vacinação obteve a maior média de importância – 4,88. Parece assim, urgente a educação
para a abrangência dos cuidados preventivos do cão tal como sugerido pelas guidelines
formuladas pela American Animal Hospital Association e pela American Veterinary Medical
Association (American Animal Hospital Association e American Veterinary Medical

62
DISCUSSÃO

Association, 2011). Por outro lado, todas as experiências que promovem uma adequada
socialização obtiveram médias inferiores à referida: de 4,39 a 3,75. De facto, este resultado
é incoerente com o facto de a maioria dos inquiridos (81,5%) ter atribuído igual importância
à transmissão de doenças infeciosas e à prevenção de alterações comportamentais
caninas. Esta incongruência poderá estar relacionada com duas condições seguidamente
explanadas. Em primeiro lugar, o tipo de resposta exigido era diferente para as duas
questões, i.e., a primeira questão referida estava formulada para a determinação em escala
numérica enquanto a segunda questão referida estava formulada como escolha múltipla. A
autora sugere que a escolha múltipla pode ter suscitado algum sentimento de culpa no
momento do inquirido assinalar que considerava uma área mais importante, em completo
detrimento de outra, optando, assim, por assinalar ambas igualmente importantes. Desta
forma, a questão sobre a importância destas duas áreas preventivas, pode não espelhar
verdadeiramente o conhecimento/opinião da população inquirida. Em segundo lugar, a
ignorância relativamente aos meios de prevenção de problemas comportamentais caninos,
i.e., o desconhecimento de que uma das formas de prevenir comportamentos indesejados é
através de uma adequada socialização o que exige, segundo Messer (2006) a exposição a
seres humanos, cães, outros animais de companhia, áreas, superfícies e sons (Messer,
2006). As aulas de socialização podem ser consideradas como uma forma de vacinação
contra futuros problemas comportamentais (Crowell-Davis, 2007), no entanto, os resultados
deste estudo sugerem um desconhecimento dos proprietários para este facto.

Os grandes problemas associados aos cães que vivem em cidades incluem as


zoonoses, os problemas comportamentais, o saneamento da via pública e a sobrepopulação
canina. Não obstante, todos estes problemas podem ser minimizados através da educação
e de outros esforços direcionados para as comunidades locais (Hart, 1995). Aliás, a falha de
conhecimento ou experiência por parte dos proprietários é considerado um fator contribuinte
na etiologia de problemas comportamentais (Peachey, 1993; Jagoe e Serpell, 1996). Parece
assim que, garantir os conhecimentos dos cidadãos nestas áreas pode fazer diminuir, a
longo prazo, os problemas supracitados. No entanto, o estudo realizado sugere que mais
esforços precisam ser feitos para garantir a educação dos proprietários de cães uma vez
que 88,9% dos proprietários não conhece o termo zoonose ou não o soube definir
corretamente, 14,8% não soube indicar uma única doença infeciosa canina, 33,3%
considera que a vacinação pediátrica deve ser iniciada após as 12 semanas de idade,
49,1% desconhece de que doenças um cachorro se está a proteger aquando a primeira
vacinação. Estes resultados sugerem a vigente necessidade de educar os proprietários para
as áreas da medicina veterinária interna, medicina veterinária preventiva, saúde pública

63
DISCUSSÃO

veterinária e conceito One Health, sendo da responsabilidade do Médico Veterinário


proporcionar os melhores meios para que esta informação seja efetivamente transmitida.
Assim, para o projeto das ASC foi incluída uma aula exclusiva à educação dos proprietários
isenta de distrações, i.e., de cachorros, bem como foi introduzida a utilização de ferramentas
gráficas, i.e., informação em suporte informático que possa facilitar a transmissão de
conhecimentos bem como a compreensão por parte de quem os recebe. Além do mais, a
autora considerou importante entregar essa informação resumida num pequeno livro –
Cuide do seu cachorro, Cuide com paixão - possível de ser consultado pelos proprietários
fora do contexto das aulas, de maneira a consolidar os conhecimentos aprendidos bem
como esclarecimento de possíveis dúvidas.

Para além disso, a autora considerou importante não cingir apenas à 1ªaula, a
transmissão de vários assuntos pertinentes. Desta forma, ao longo das restantes aulas a
equipa clínica deve prolongar a educação dos proprietários, emitindo várias explicações
sobre a relação social e comunicação com o cão pois segundo Kuhne e seus colaboradores
(2012), a complexa e subtil forma de comunicar usada pelos cães através de posturas
corporais e expressões faciais é diferente daquela usada pelos seres humanos,
maioritariamente focada na linguagem verbal. Esta diferença pode conduzir a alguns
desentendimentos quando os gestos realizados pelos humanos são interpretados pelos
animais de uma forma diferente daquela que motivou o ser humano a realizá-los (Kuhne et
al., 2012). De facto, os proprietários podem emitir respostas e sinais inapropriados a certo
tipo de padrões comportamentais durante a comunicação com os seus animais que,
inadvertidamente, podem ajudar a iniciar ou potenciar possíveis problemas comportamentais
(Jagoe e Serpell, 1996). Além disso, as explicações e informações ao longo de todas as
aulas também se devem focar na relação afetiva e na importância do treino de obediência,
uma vez que, segundo Beck (2000), controlar os conflitos entre as expetativas dos
proprietários e a natureza do cão é uma das mais importantes questões na área da saúde
pública e bem-estar animal (Beck, 2000).

À luz destes factos, o 1º projeto pareceu insuficiente no que concerne à educação dos
proprietários e ao seu impacto na saúde pública uma vez que parece difícil que uma única
experiência de 2 ou 3 horas onde o principal objetivo é promover as relações sociais entre
cachorros e seres humanos, seja, em paralelo, um fórum de discussão de ideias,
experiências e educação que consiga abranger todos os temas supracitados. Isto porque,
sabendo tratar-se de uma experiência singular, os proprietários parecem ter mais interesse
em observar o comportamento dos cachorros e em conviver com estes do que focar-se e

64
DISCUSSÃO

concentrar-se na aprendizagem e captação de informação independentemente da


importância e pertinência do assunto ou tema.

O estudo executado neste trabalho não demonstrou uma relação significativa entre a
experiência do proprietário e o maior ou menor conhecimento sobre os cuidados de saúde
do cachorro e/ou a prevenção de patologias comportamentais. No entanto, um estudo de
Jagoe e Serpell (1996) sugere que os problemas comportamentais são mais frequentes em
cães que têm proprietários inexperientes não só devido à falha de comunicação, como
anteriormente referido, como também pelo insucesso na seleção do cão, uma vez que a
expressão de muitos padrões comportamentais do animal envolve fortes influências
genéticas que podem não ser compatíveis com esses proprietários. Além do mais, este tipo
de proprietários pode ser mais sensível na perceção dos padrões comportamentais dos
seus animais, ou seja, é possível que estes proprietários tendam a reportar com mais
facilidade ou exagerar a existência de problemas comportamentais (Jagoe e Serpell, 1996).
Estudos mais abrangentes, nomeadamente em relação ao número de amostra utilizada e à
área geográfica em estudo, serão necessários para permitir conclusões mais detalhadas
relativamente à influência da inexperiência nos conhecimentos sobre os cuidados de saúde
e sobre o comportamento animal.

A perceção do profissionalismo aparenta estar fortemente relacionada com a qualidade e


natureza das relações interpessoais entre o Médico Veterinário e o seu cliente.
Características indicativas do profissionalismo do Médico Veterinário descrevem ações que
estabelecem o seu papel como um respeitado e respeitante prático clínico bem como uma
figura de autoridade cujos procedimentos e recomendações são claros, justos e que
beneficiam o cliente (Grand et al., 2013). Neste contexto a autora considerou relevante
incluir e incentivar, aquando do 2º projeto, a existência de uma boa dinâmica social entre os
proprietários e a equipa responsável pelas ASC. Isto por forma a tornar este vínculo útil
tanto durante o ciclo de ASC como porventura no futuro, possibilitando a continuação do
acompanhamento médico, comportamental e educacional na mesma instituição veterinária.

O tipo de programas que tipicamente envolvem a socialização com outros cachorros e


seres humanos bem como o treino básico de obediência, tornaram-se cada vez mais
populares nos anos recentes (Seksel et al., 1999). De facto, 72,2% dos inquiridos neste
estudo gostaria que o seu cachorro frequentasse ASC no caso de existir essa possibilidade.
A existência de uma possível população interessada nestes programas revela-se uma boa
oportunidade para aumentar as receitas do Hospital/Clínica Veterinária tanto a curto prazo
(valor das aulas e venda de produtos durante as aulas) como a longo prazo. De facto, o ciclo

65
DISCUSSÃO

de ASC traduz-se num cartão de boas-vindas a essa empresa, sendo claro que a
probabilidade desses clientes manterem o acompanhamento de saúde do seu animal
nessas instalações é muito maior.

Baseado no desenvolvimento fisiológico e nas alterações comportamentais,


nomeadamente no que concerne às relações sociais, o desenvolvimento de um cão foi
dividido em 5 períodos: neonatal, transição, socialização, juvenil e adulto (Beaver, 2009a).
Ambos os projetos incidiram sobre o 3º período de desenvolvimento uma vez que, e
segundo Scott (1962) o período de socialização é considerado o período crítico para o
estabelecimento das relações sociais primárias, estando este compreendido entre as 3 e as
12 semanas de idade (Scott, 1962). Os períodos críticos foram vistos como uma janela de
desenvolvimento estreita e claramente definida, durante a qual estímulos específicos
produziam efeitos comportamentais irreversíveis a longo prazo. Evidências mais recentes
sugerem, no entanto, que os limites desses períodos tendem a ser graduais em vez de
súbitos, e os comportamentos ou preferências podem ser modificados ou revertidos em
fases mais tardias com diversos graus de dificuldade. Devido a este facto, muitos autores
preferem o termo “períodos sensitivos” traduzindo períodos ou fases menos distintas e
estanques, nos quais respostas ou preferências particulares são adquiridas mais
rapidamente do que noutras fases (Serpell e Jagoe, 1995).

A idade mínima aceite em ambos os projetos (PP e ASC) baseou-se não só na teoria
dos períodos sensitivos como também no calendário de vacinação. Isto porque idealmente
este programas seriam iniciados no começo do período de socialização, i.e., 3 semanas de
idade. No entanto, este fator obrigaria a que os cachorros participantes não tivessem
adquirido nenhuma vacinação, fator que poderia aumentar o risco de contágio de doenças
infeciosas. Segundo as bulas das vacinas da empresa Intervet – Nobivac (2009), a vacina
intranasal contra Bordetella bronchiseptica e Parainfluenza só deve ser administrada a partir
das 3 semanas de idade e a primeira vacina contra Parvovirus e vírus da Esgana deverá ser
administrada às 6 semanas de idade. Para além disso, deve respeitar-se um período de 14
dias entre a administração das duas vacinas e um período adicional de 10 dias entre a
administração da última vacina e a exposição ao ambiente. Desta forma, pareceu mais
adequado, para ambos os projetos optar pelas 8 semanas de idade como limite mínimo à
participação em ambos os projetos.

Para a PP foram admitidos cachorros com idades incluídas no período de socialização


bem como no período juvenil. Este factor consta como uma das inconformidades detetada
no 1ºprojeto, uma vez que existem grandes diferenças de desenvolvimento tanto a nível

66
DISCUSSÃO

fisiológico como a nível comportamental entre um cachorro com idade incluída no período
de socialização e um cachorro com idade incluída no período juvenil. Aliás, são estes dois
factores que ditam a divisão do desenvolvimento do cão em 5 fases. Atendendo a este facto,
a autora considerou fundamental incluir no projeto das ASC, um limite de idades claramente
definido que cinge a permissão apenas a cachorros com idades compreendidas no período
de socialização. Além do mais, e sabendo que a socialização é um processo contínuo que
ocorre durante toda a vida do animal (Batt et. al, 2008) e, portanto frequentar aulas para
juvenis também pode ser benéfico (Crowell-Davis, 2007), a autora considera a importância
de desenhar um futuro projeto de socialização e treino de obediência para juvenis, com
atividades planeadas e adaptadas especificamente para esta faixa etária. Há que referir, que
estas evidências devem ser transmitidas aos proprietários frequentadores das ASC,
tornando-os conscientes de que é importante continuar com os programas de socialização e
treino de obediência para os seus animais.

O processo de socializar cães envolve introduzir complexidade às suas vidas com


brinquedos, superfícies, texturas, novos objetos, sons e experiências, assim como treino e
contato com seres humanos dos dois sexos e de diferentes idades (Hubrecht, 1995; Horwitz,
1999; Batt et al., 2008), de forma a produzir animais sociáveis e obedientes (Seksel et al.,
1999). Ambos os projetos (PP e ASC) foram baseados nesta premissa, no entanto os
estímulos proporcionados na PP parecem claramente insuficientes para alcançar este
objetivo, já que, segundo Messer (2006), embora seja impossível expor um cachorro a
absolutamente tudo o que vai experienciar na sua vida, quanto mais bases forem cobertas
no período de socialização, maior a probabilidade deste cachorro ser capaz de generalizar
em experiências posteriores, associando de forma positiva essa nova situação a situações
anteriores (Messer, 2006). Desta forma, para as ASC foram acrescentados inúmeros
estímulos táteis, visuais, olfativos e auditivos que não constaram no 1º projeto, tais como
superfícies (areia, relva, metal, plástico, esponja), espécies animais diferentes (gato,
coelho), acessórios a serem usados pelos seres humanos, gravação de sons de trovoada e
motociclos, e material médico. Para além disso foi implementada uma manipulação mais
exaustiva de várias partes do corpo do cachorro, uma vez que num estudo desenvolvido por
Gazzano e seus colaboradores (2008), foi concluído que a manipulação precoce de
cachorros tem efeitos positivos no seu desenvolvimento e no seu bem-estar e esta deve ser
deliberadamente incluída em idades precoces, particularmente em cachorros em risco de
experienciarem uma fraca estimulação tátil durante as primeiras semanas de vida (Gazzano
et al., 2008).

67
DISCUSSÃO

Este complemento de estímulos inerente ao 2º projeto, pretende alargar o leque de


experiências vividas durante as ASC, associando-as a recompensas como comida,
brinquedo, carinho ou entusiasmo. Segue-se um quadro comparativo entre os estímulos
proporcionados na PP e os estímulos proporcionados nas ASC.

Quadro 8 – Resumo dos estímulos proprocionados na PP e aqueles propostos para as ASC.

Estímulos Puppy Party Aulas de Socialização para


Cachorros
 Terra  Areia  Esponja
Superfícies e  Metal  Plástico
Texturas  Relva
sintética
 Brinquedos  Brinquedos  Material
vários vários médico
Materiais  Triciclo  Túnel
 Caixas de  Acessórios
cartão para os
humanos
Sons  Trovoada  Motociclos
Social  Proprietário  Homens  Proprietário  Homens
Humanos  Mulheres  Crianças  Mulheres  Crianças
Social Cães  Cachorros  Cães adultos  Cachorros  Cães adultos
Social Outras  Gato  Coelho
Espécies
Comandos  Senta  Fica
 Deita  Vem
Manipulação  Colo  Colo  Extremidades
Orelhas  Cavidade oral

O projeto desenhado para a PP atribuiu o terreno da escola de treino Chatuska Dog


School como o local para a realização desta festa. Este é um local outdoor, com pavimento
constituído totalmente em terra e portanto impossível de ser desinfetado. Para além disso
esta escola era, obviamente, utilizada por diversos cães com idades compreendidas entre o
período juvenil e o período adulto e cuja assiduidade do calendário de vacinação e
desparasitação eram completamente desconhecidas pela autora. Este desconhecimento

68
DISCUSSÃO

estendia-se também aos cachorros participantes uma vez que os respetivos boletins de
vacinas não foram verificados no início da PP. Estes factos estão em inconformidade com o
princípio assumido pela autora da máxima prevenção da transmissão de doenças entre os
participantes.

As doenças infeciosas são uma grande ameaça à saúde dos cachorros e contribuem
para o aumento da mortalidade dos mesmos (Evermann e Kennedy, 2011). E portanto, as
medidas adotadas para o 2º projeto pretendiam colmatar a falhas supracitadas. Animais
corretamente desparasitados não transmitem parasitas através das suas fezes (Beck, 2000),
e animais corretamente vacinados deixam de ser fonte de transmissão e perpetuação de
agentes que causam doença (MacLachlan e Dubovi, 2011). Portanto pareceu, assim,
impreterível colocar no 2º projeto, uma diretriz que obriga ao controlo por parte da equipa
clínica sobre a assiduidade dos protocolos vacinais e de desparasitação de todos os animais
envolventes no programa de ASC, bem como uma publicidade adequada às regras de
higiene exigidas para a participação.

O espaço indoor do Chatuska Pet Hotel escolhido como local para executar o ciclo de
ASC do 2º projeto, permite um maior controlo ambiental, pois é possível a desinfeção do
mesmo. Além do mais, a própria localização da sala de aulas proporciona o contato nulo
entre os participantes e animais doentes: o Chatuska Pet Hotel está separado em cerca de 3
km do Hospital Veterinário Central; o acesso à sala de aulas (escada e hall) é utilizado única
e exclusivamente por seres humanos; a sala de aulas foi esporadicamente utilizada para
ministração de palestras e conferências.

Por último, importa referir que as ASC são um excelente meio para a elaboração de
estudos com cachorros e/ou proprietários, uma vez que existe o contacto com estes 2
intervenientes bem como a observação do desenvolvimento comportamental dos primeiros,
durante 5 semanas consecutivas. Em 2013, Stepita e seus colaboradores desenvolveram
um estudo referente à aferição do risco de contração da parvovirose entre um grupo de
participantes de ASC e um grupo de não participantes (Stepita et al., 2013). Parece
pertinente a continuação deste estudo para outras doenças e, posteriormente, ao avaliar os
fatores de risco, seguir com um estudo referente às possíveis adaptações relativamente às
condições de higiene mais adequadas para a realização destes programas, de forma a
diminuir o risco de transmissão de doenças entre cachorros. Além do mais, é também
possível desenvolver alguns estudos sobre o impacto das ASC na relação entre o
proprietário e o seu cachorro bem como o impacto na educação dos primeiros. De referir
que a aquisição de uma base de dados organizada com os contatos de todos os

69
DISCUSSÃO

proprietários participantes, permitirá desenvolver estudos longitudinais que poderão avaliar


os efeitos a longo prazo dos temas supracitados. Isto porque segundo Gazzano et al.
(2008), a predição dos efeitos da estimulação ambiental na relação entre o cão adulto e o
seu proprietário bem como na etiologia de algumas patologias como a ansiedade por
separação, só pode ser realizada através de estudos longitudinais (Gazzano et al., 2008).
Para além disso, será possível beneficiar da boa relação incentivada e construída ao longo
do ciclo de aulas entre a equipa clínica e os proprietários, anteriormente referido, factor que
poderá aumentar a disponibilidade destes para contribuir para estes estudos.

A relação entre cães e seres humanos no século XXI revela uma progressiva
proximidade que, de facto, tem suscitado o interesse da comunidade científica em
reconhecer os possíveis efeitos benéficos que esta relação pode incutir na vida humana.
Desta forma, parece essencial a criação de programas e estruturas que possibilitem a
atuação ativa e simultânea nos proprietários e nos animais. Um cão adequadamente
socializado é um animal com menor probabilidade de aquisição de patologias
comportamentais nomeadamente a agressividade social, da mesma forma que é um animal
mais fácil para construir uma relação e mais fácil de manipular seja pelo proprietário (banho,
escovagem, medicação, higiene das unhas, entre outros) seja pelo Médico Veterinário. Um
proprietário consciente e educado é aquele com expetativas mais realistas em relação ao
seu companheiro, é aquele que compreende a importância das visitas regulares ao Médico
Veterinário bem como a promoção da saúde do seu animal e que conhece as suas
obrigações enquanto proprietário perante a via pública, perante outros animais e perante os
outros cidadãos. Consequentemente, a união entre um cão adequadamente socializado e
um proprietário adequadamente educado irá traduzir-se em animais mais saudáveis e
cuidados e numa relação mais completa da qual maior benefício pode ser retirado dela.
Segundo Beck (2000) evitar conflitos entre cão e o proprietário é uma das formas mais
eficientes de diminuir o abandono dos cães bem como reduzir a agressividade social (Beck,
2000). Desta forma, melhorar a relação entre o ser humano e o fantástico ser que é o cão,
pode traduzir-se em última análise num menor número de eutanásias relativas tanto aos
cães errantes como aqueles com graves problemas comportamentais.

Hospitais/Clínicas Veterinárias que oferecem este tipo de programas aos seus clientes,
são instalações não só com maior potencial de ganhos económicos como também se
revelam instituições de saúde veterinária mais completas, abrangendo todas as vertentes da
saúde animal e atuando ativamente na promoção da saúde pública. De facto, uma das
responsabilidades dos Médicos Veterinários é proteger não só a saúde animal como
também a saúde e bem-estar dos seres humanos (Schwabe, 1984; Pappaioanou, 2004). E

70
DISCUSSÃO

mais, devem ser profissionais de saúde conscientes desta responsabilidade, tomando


medidas que vão de encontro ao conceito One Health, i.e., a saúde animal e a saúde
humana são uma só saúde.

Apesar de existirem problemas reais, também existem soluções reais (Beck, 2000)

71
72
CONCLUSÃO

VI. CONCLUSÃO

A relação entre o ser humano e o cão tem vindo a ser construída desde há milhares de
anos, culminando, no século XXI, numa proximidade ímpar que implica não só uma ligação
social e afetiva como também uma ligação entre a saúde dos dois intervenientes e entre
estes e o ambiente que os envolve. Desta forma, nos dias de hoje, a responsabilidade do
Médico Veterinário não se cinge apenas à saúde animal mas estende-se também à saúde
dos seus clientes, i.e., à saúde pública. Portanto, pode concluir-se que urge a necessidade
de abordar e explorar esta temática procurando solucionar os variados problemas que
podem brotar desta proximidade.

Relativamente ao método de recolha de informação para a averiguação dos


conhecimentos dos proprietários, pode concluir-se que decorreram algumas falhas neste
processo, sendo, no entanto, de extrema importância a deteção das mesmas para posterior
correção em futuros trabalhos. Não obstante, este estudo permitiu concluir que existe uma
grande falha nos conhecimentos dos proprietários de cães sobre a saúde e comportamento
do cachorro bem como sobre a medicina veterinária preventiva. Assim parece vigente a
necessidade de criação de plataformas que permitam o contacto e transmissão de
informação aos clientes fora do ambiente de consulta pediátrica de forma a produzir
proprietários informados, conscientes e educados.

Concluiu-se também que as ASC podem ser um eficaz meio para alcançar este objetivo
bem como um meio que beneficia o cão, o cliente, a instituição veterinária e o Médico
Veterinário. De facto, as ASC pretendem ser uma útil ferramenta para que estes
profissionais possam desempenhar as suas funções e responsabilidades de uma forma
mais completa, respondendo à evolução da relação entre o Homem e o cão bem como à
constante evolução da medicina veterinária. Para além disso este tipo de programas podem
ser um excelente meio de prosseguir com futuros estudos tanto na área comportamental
como na área da saúde pública.

Concluiu-se ainda que, o projeto apresentado pode abranger e ajudar os possíveis


colegas interessados em desenvolver este tipo de programas de socialização para
cachorros, uma vez que está desenhado por forma a ser passível de adaptações, servindo
apenas como modelo/guidelines para qualquer Hospital ou Clínica Veterinária.

A realização do estudo das inconformidades da PP com paralela pesquisa para a


construção do projeto das ASC permitiu também concluir que todos os projetos e estudos
que sejam alvo de espírito crítico, seguidos de esforço, dedicação e pesquisa bibliográfica

73
CONCLUSÃO

podem evoluir e alcançar de forma mais eficaz os objetivos delineados pelos autores, uma
vez que a ciência não conhece a inércia.

74
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82
ANEXOS

ANEXOS

ANEXO I – Pedido de colaboração dirigido ao diretor(a) clínico(a), enviado por correio


eletrónico para 54 clínicas entre o dia 17 de abril e 8 de maio de 2013.

Caro Director(a) Clínico(a),

Chamo-me Inês Isabel Nunes Coelho e sou aluna do 6º ano do Mestrado Integrado
em Medicina Veterinária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A minha
dissertação de mestrado é subordinada ao tema: Aulas de socialização para cachorros e
seu impacto na saúde pública, sob a orientação da Professora Doutora Ana Cláudia Coelho
e co-orientação do Professor Doutor David Orlando Ferreira. Para além de uma primeira
revisão bibliográfica, pretendo recolher dados para aferir os conhecimentos sobre os
cuidados de saúde em relação ao cachorro e a importância dada às aulas de socialização
para esta faixa etária. Estes dados serão recolhidos entre o mês de abril e maio junto de
proprietários frequentadores de clínicas e hospitais veterinários do distrito de Setúbal.

Assim, venho por este meio solicitar a vossa colaboração no meu estudo. Gostaria
de vos enviar por correio ou entregar pessoalmente na vossa clínica/hospital os
questionários supracitados.

Para esclarecimento de qualquer dúvida não hesite em contactar-me através deste


e-mail ou pelo número de telefone 965539187.

Agradeço desde já o tempo despendido e aguardo uma resposta em breve.

Melhores cumprimentos,

Inês Coelho

XIV
ANEXOS

ANEXO II – Questionário elaborado para a recolha de informação.

UNIVERSIDADE DE TRÁS OS MONTES E ALTO DOURO


MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Eu, Inês Isabel Nunes Coelho, aluna do 6ºano do curso Mestrado


Integrado em Medicina Veterinária na Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro solicito o preenchimento deste questionário que servirá para recolha
de dados para a minha dissertação de mestrado subordinada ao tema:
Programas de Socialização para Cachorros: Uma Só Saúde, sob a orientação
da Professora Doutora Ana Cláudia Coelho e co-orientação do Professor
Doutor David Orlando Ferreira.

O questionário é dirigido a proprietários de cães. Não há respostas certas


ou erradas. As respostas devem refletir a sua experiência e prática enquanto
proprietário de um cão.

O questionário é anónimo e confidencial.

Obrigada pela sua colaboração.


1) Idade actual do seu cão ______________

2) Idade do seu cão quando chegou a sua casa ______________

3) Tem mais animais em casa? Sim (passe à pergunta 4)

Não (passe à pergunta 5)

4) Espécie(s) Idade

5) Já teve experiência de ter outro cão em sua casa? Sim Não

6) O que entende por Zoonose?

7) Indique 3 doenças infecto-contagiosas caninas que conhece.

XV
ANEXOS

8) Com que idade deve um cachorro iniciar a vacinação?

9) A primeira vez que o seu cachorro é vacinado, de que doenças se está a proteger?

10) Em Portugal, quais as vacinas obrigatórias para o cão?

11) O protocolo vacinal deve ser igual para todos os cães residentes em Portugal
independentemente do local de residência? Sim Não

12) Classifique a importância dos seguintes cuidados nos primeiros 3 meses de vida de
um cachorro
0 (nada importante) para 5 (muito importante)

Vacinação Convívio com adultos humanos


Desparasitação interna Convívio com diferentes áreas e superfícies
Desparasitação externa Convívio com outros cachorros
Escovar os dentes de leite Convívio com cães adultos
Alimentação Premium Convívio com outras espécies
Convívio com crianças Treino de obediência

13) Com que idade deve um cachorro ser retirado da ninhada para ser entregue a uma
família?

14) Se disponíveis, gostaria que o seu cachorro frequentasse aulas de socialização para
cachorros? Sim Não

XVI
ANEXOS

15) De entre a prevenção de transmissão de doenças infecciosas e a prevenção de


alterações comportamentais caninas, a qual atribui mais importância?

Prevenção de transmissão de doenças infecciosas


Prevenção de alterações comportamentais caninas
Ambas igualmente importantes

16) Entendeu claramente todas as perguntas deste questionário?


Sim Não

Comentários:

XVII
ANEXOS

ANEXO III – Fotografias dos colaboradores e dos cães adultos fantasiados com motivos
natalícios. Puppy Party, 16 de dezembro 2012, cedidas gentilmente por Carlos Milho.

Figura 9 – Colaboradoras do Chatuska Pet Hotel fantasiadas com motivos natalícios, bem como cão adulto de
porte gigante.

Figura 10 – Colaboradora fantasiada com motivos natalícios, bem como cão de porte miniatura.

XVIII
ANEXOS

ANEXO IV – Diploma de participação entregue a todos os participantes no final da Puppy


Party realizada no dia 16 de dezembro 2012.

Figura 11 – Diploma de participação na Puppy Party.

XIX
ANEXOS

ANEXO V – Fotografias recolhidas durante a Puppy Party realizada no dia 16 de dezembro


2012. Fotografias cedidas gentilmente por Carlos Milho.

Figura 12 – Chegada do cachorro C (ver Figura 13 – Chegada do cachorro D (ver


Quadro 3) com os respetivos proprietários. Quadro 3) com os respetivos proprietários.

Figura 14 – Puppy Party, 16 dezembro 2012.

XX
ANEXOS

Figura 15 – Cachorro B (ver Quadro Figura 16 – Cachorro F (ver Quadro


3) e o seu proprietário (Dr. Nuno 3) e proprietária. Pormenor do
Paixão). comportamento de exploração do
cachorro A.

Figuras 17, 18, 19 e 20 – Interação social com jogos de mordida entre o cachorro B e o C (ver Quadro 3).

XXI
ANEXOS

Figura 21 – Cachorro A (ver Quadro Figura 22 – Cachorro A (ver Quadro


3) e proprietária. Pormenor do brinde 3) em interação com o fotógrafo
oferecido pela organização (bola (Carlos Milho). Pormenor do jogo de
vermelha de borracha). mordida.

Figura 23 – Cachorro H (ver Quadro 3) e proprietária. Momento final da festa no qual já não se encontravam
animais no campo de treino e assim foi possível retirar a trela deste cachorro.

XXII
ANEXOS

Figura 24 – Cachorro B (ver Quadro Figura 25 – Momento da entrega dos


3) sendo manipulado por ser humano diplomas, pela organização.
não familiar.

XXIII
ANEXOS

ANEXO VI – Fotografias da escola de treino Chatuska Dog School, pertencente ao


GrupoVetCentral, onde se realizou a Puppy Party no dia 16 de dezembro de 2012.
Fotografias cedidas gentilmente por Cláudia Miranda.

Figura 26 – Escola de treino Chatuska Dog School. Pormenor do gradeamento que envolve todo o campo de
treino que é utilizado como barreira física entre o campo e a via pública.

XXIV
ANEXOS

Figura 27 – Escola de treino Chatuska Dog School. Pormenor do solo coberto por terra. De referir que no dia 16
de dezembro de 2012 não exisitiam aparelhos de treino no espaço utilizado pelos cachorros.

Figura 28 – Escola de treino Chatuska Dog School. Pormenor do pequeno abrigo localizado dentro do campo de
treino.

XXV
ANEXOS

ANEXO VII – Panfleto publicitário à realização da Puppy Party. Executado pela autora.

Figura 29 – Panfleto publicitário.

Figura 30 – Panfleto pulicitário.

XXVI
ANEXOS

ANEXO VIII – Fotografias do local proposto para a realização das Aulas de Socialização
para Cachorros – Chatuska Pet Hotel. Fotografias de autor.

Figura 31 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Interior - área comum que permite o acesso à zona privada e à sala de
aulas.

Figura 32 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Interior - área comum. Pormenor da entrada para casa de banho.

XXVII
ANEXOS

Figura 33 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Exterior.

Figura 34 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Exterior.

XXVIII
ANEXOS

Figura 35 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Exterior - escada que permite o acesso à sala de aulas.

Figura 36 – Estrada privada de acesso ao edificio Chatuska Pet Hotel. Pormenor do solo em asfalto com espaço
suficiente para albergar o estacionamento das viaturas dos proprietários.

XXIX
ANEXOS

Figura 37 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Interior - sala de aulas montada para receber palestras.

Figura 38 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Interior - sala de aulas. Pormenor dos aparelhos audiovisuais.

XXX
ANEXOS

ANEXO IX – Livro do cachorro: CUIDE DO SEU CACHORRO, CUIDE COM PAIXÃO.


Executado pela autora.

XXXI
Hospital HVC 24h Hospital Veterinário Central
21 297 77 20

Pet Hotel Chatuska Pet Hotel Chatuska


93 685 23 73

Charneca 21 297 87 40
HVC Store
Paivas 21 254 63 61
Santa Marta 93 886 53 83
Cova da Piedade 93 685 21 96

CHV eventos e formação


93 377 05 80

Chatuska Dog School


93 487 13 37
15 Semanas 16 Semanas 17 Semanas

Vacina contra a Raiva


Início da erupção dos
dentes definitivos
Início do treino de
obediência

18 Semanas 19 Semanas 20 Semanas

Desparasitação Marcar consulta


informativa para esterilizar
o seu cachorro
Hospital Veterinário Central
Rua António de Andrade, 1141 21 Semanas 22 Semanas 23 Semanas

2820-287 Charneca da Caparica Desparasitação

Tel.: +351 212 977 720


24 Semanas 25 Semanas 26 Semanas
Fax: +351 212 977 721 Teste para a Leishmaniose Marcar consulta Desparasitação
+ Inicio do protocolo vacinal informativa para esterlizar o Consulte o Médico
anti-Leishmania seu cachorro Veterinário para se informar da
frequência de desparasitação a
partir deste momento
Título: Cuide bem do seu cachorro, cuide com Paixão!
Autor: Dr.ªInês Coelho
Revisão: Dr. Nuno Paixão; Dr. Luís Silva; Dr.ª Sara Alves
Design: Ana Sofia Pires

2013

27
Calendário

0 Semana 1 Semana 2 Semanas

Período Neonatal Período de Transição


Desparasitação

3 Semanas 4 Semanas 5 Semanas

Período de Socialização
Vacina intranasal contra
Tosse do Caril
Erupção dos dentes de leite “Quem consegue deixar de rir quando uma criaturinha tão cómica,

6 Semanas 7 Semanas 8 Semanas


transbordante de alegria, se aproxima, bamboleando-se sobre as
Vacina contra Esgana e Início das Aulas de patas demasiado curtas, inclina a cabeça e, com uma expressão meio
Parvovirose Socialização
Desparasitação
Inscrição nas Aulas de
sabida e meio inocente, ergue os olhos para o dono, desafiando-o
Socialização
para brincar?”
9 Semanas 10 Semanas 11 Semanas

Vacina Pentavalente Desparasitação


Korand Lorenz
Não se inscreveu nas
Aulas de Socialização?
Ainda vai a tempo!

12 Semanas 13 Semanas 14 Semanas

Reforço da Vacina Ir à Junta de Freguesia Período Juvenil


Pentavalente pedir a licença de posse Desparasitação
de animal potencialmente Colocação do microship +
perigoso Registo na Junta de Freguesia

Desparasitação = Desparasitação interna + desparasitação externa

26
Preparar 10 Perguntas para a nossa equipa

Vai abrir as portas de sua casa a mais um elemento da família. O laço Qual o protocolo vacinal e de desparasitação mais indicado
que vos vai unir durará para toda a vida. Venha descobrir o mundo dos para o meu cachorro?
cachorros, as suas necessidades e cuidados de saúde; venha descobrir
como cuidar do seu cachorro com Paixão! Comece por preparar a sua Como funcionam as Aulas de Socialização para cachorros?
chegada com alguns diasv de antecedência. Quais as condições exigidas?

Alojamento Quando devo mudar de ração Puppy para a ração de


Adulto?
Defina uma área própria para o cachorro, com uma cama, cesto ou
manta. É importante que ele saiba que existe um espaço dele. Quando vão nascer os dentinhos de leite? E quando vão
cair? Que cuidados devo ter?
Não dê preferência a camas de verga pois muitos cachorros gostam de
roê-las. Tenho um cachorro de raça potencialmente perigosa, quais
as minhas obrigações?
Selecione um local para a alimentação onde conste: um recipiente para
alimento e outro para água. Preferencialmente escolha recipientes de aço O que é a Leishmaniose? Como posso preveni-la?
inoxidável com borracha antiderrapante, uma vez que a limpeza é mais
fácil e eficaz. Devo colocar microchip? Quando? Para que serve?

Proteção É importante treinar a obediência do meu cão? Em que


escola?
Coloque produtos de limpeza, medicamentos e químicos tóxicos fora
do alcance do cachorro. Qual o momento ideal para esterilizar o meu cachorro?
Quais as vantagens?
Se há objetos pelos quais tem grande estima, guarde-os (pelo menos
durante algum tempo), para não haver risco de serem roídos ou molhados Como e com que frequência devo limpar os olhos, ouvidos
com urina. e dentes do meu cachorrinho? E escovar o pelo?

Se tem piscina, preocupe-se em vedá-la de modo a que o seu cachorro ESPERAMOS POR SI!
não possa cair nela.

Proteja os fios elétricos dos dentinhos do seu cachorro.

4 25
Durante as fases Juvenil e Adulta, o treino e obediência são essenciais Trela e Coleira
para que o seu animal saiba viver na sua “matilha”. O Grupo VetCentral
dispõe de uma escola para cães nesta tarefa, que por vezes se revela tão Existe no nosso mercado uma variadíssima oferta de trelas e coleiras.
complicada. Os nossos serviços incluem obediência, aulas de grupo, Escolha a que mais gostar mas acima de tudo escolha uma de material
aulas individuais, treino ao domicílio, regime de internato, iniciação ao resistente e adequada ao tamanho do seu cachorro.
desporto, petsitting e daycare... Por isso, contacte-nos!
Acrescente à coleira uma chapa identificativa com nome, morada e
Segundo o art.21, capítulo IV do decreto-lei nº 315/2009, os detentores telefone.
de cães potencialmente perigosos são obrigados a promover o treino dos
mesmos, com vista à sua socialização e obediência.
SNOOPY Rua do Snoopy, 53
Segundo o ponto 1, art.24 do decreto-lei nº 46/2013, o treino previsto 96 xxx xx xx
no ponto anterior só pode ser ministrado por treinador possuidor do
respetivo título profissional.

Primeira consulta

Marque a primeira consulta do seu cachorro no nosso hospital —


aconselhamos que seja às 6 semanas de vida. Estamos ao seu dispor 24
horas por dia, todos os dias da semana.

Rua São José, nº121


Charneca de Caparica
Cláudia Miranda—93 487 13 37
claudiamiranda@hospvetcentral.pt
O dia-a-dia
Há um novo elemento em sua casa, pelo que serão inevitáveis as alterações
Pergunte! de rotinas e hábitos. O seu cachorro precisa de cuidados, atenção, respeito,
treino, mas acima de tudo...precisa do seu amor incondicional.

Repouso
Mesmo antes de acolher em sua casa o seu novo companheiro e amigo,
pode deslocar-se ao HVC e pedir uma consulta de aconselhamento.
Os cachorros dormem durante muitas horas e este período deve ser
Esclareça todas as suas dúvidas, a nossa equipa médico-veterinária está
respeitado. Assim, não deve acordar o seu cão com gritos ou
disponível 24 horas para esclarecer, informar e aconselhá-lo. Todos temos
movimentos bruscos, é preferível despertá-lo com festinhas e carinho.
um princípio em comum...A PAIXÃO PELOS ANIMAIS!

24 5
Brincar e Brinquedos O período de socialização é um período onde ocorre um importante
processo de aprendizagem:
Os cachorros adoram brincar, ceda todos os dias algum tempo da sua
rotina para as vossas brincadeiras. Cachorro aprende a aceitar a proximidade de elementos da sua
espécie bem como de espécies, ambiente e estímulos diferentes.
Escolha brinquedos de diferentes formas, tamanhos e texturas, ele vai Cachorro aprende a lidar com o meio envolvente de uma forma
gostar da variedade. adequada, isto é, de uma forma não agressiva.
Cachorro forma relações e parcerias sociais com cães, outros
Se optar por bolas, escolha um tamanho grande de modo a ser animais e com seres humanos.
impossível ser deglutida.
Um período de socialização errado pode levar a que o seu cachorro se
Não brinque com objetos domésticos (sapatos, meias, almofadas) para torne um cão adulto com comportamentos desadequados ao mundo que
não dar a ideia que todos esses objetos servem para brincar. o rodeia como, por exemplo, o medo ou a agressividade. Estes problemas
só tendem a quebrar o elo de ligação entre si e o seu animal.
Durante as vossas brincadeiras evite puxar o brinquedo para si enquanto
o cachorro estiver a mordê-lo pois pode causar algumas alterações nos
dentes de leite (que são mais frágeis) e, consequentemente, na erupção Aulas de Socialização no Hospital Veterinário Central
dos definitivos. Para Cachorros a partir das 7 semanas

Nunca use ossos verdadeiros como alimento ou como brinquedo, Seja um proprietário informado sobre o comportamento e a saúde do
pois estes podem lascar e provocar feridas ou obstruções graves no trato seu cachorro; Seja um proprietário informado sobre a sua intervenção na
digestivo. Opte por comprar ossos artificiais, à venda nas nossas lojas Saúde Pública.
ou em qualquer supermercado. Os ossos artificiais são um excelente Ensine comandos básicos ao seu cachorro.
substituto pois são saborosos, têm um efeito mecânico benéfico nos dentes Conheça melhor o seu pequenote, fortaleça a vossa ligação.
e satisfazem a necessidade do cachorro em roer objetos. Escolha um osso Previna futuros problemas comportamentais.
artificial adequado ao tamanho da boca e dos dentes do seu amiguinho. Tenha um cachorro sociável com o mundo que o rodeia.

Não se esqueça: vigie sempre o seu cachorro enquanto ele brinca, é


suposto roer um brinquedo e não engoli-lo. Inscreva-se e proporcione um adequado período de
socialização ao seu melhor amigo!
Passeios
Todas as informações: inescoelho@hospvetcentral.pt
É muito importante criar uma rotina com o seu companheiro: tente 212 977 720
passeá-lo sempre às mesmas horas do dia, de preferência após a
alimentação.

6 23
Não utilize a trela para bater no seu cachorro. Este objeto deve ser
associado a experiências positivas e não a castigos.
Comportamento
Se vive em zonas urbanas não se esqueça de levar para cada passeio
sacos de plástico para recolher as fezes do seu cachorro.
A área da medicina comportamental foi durante muito tempo uma
matéria subvalorizada e até menosprezada. No entanto, nos tempos mais É obrigatório que todos os cães circulem na via pública junto do seu
recentes foi finalmente reconhecida a sua importância para a prevenção proprietário presos por trela. No caso de animais potencialmente perigosos
de problemas comportamentais, prevenção do e segundo o ponto 2, art. 13, capítulo II do decreto-lei nº315/2009, é
abandono dos animais e sua eutanásia, e ainda para a prevenção da saúde obrigatório o uso de açaime funcional que não permita comer nem morder
pública. No HVC pode marcar a sua consulta com um Médico Veterinário durante os passeios à via pública. É ainda obrigatório estar seguro com
experiente nesta área e tirar todas as suas dúvidas! trela curta até 1m de comprimento, fixa à coleira ou peitoral.

Desenvolvimento comportamental do cachorro Segundo o ponto 4, art. 13 do decreto-lei nº 46/2013 os municípios


podem regular as condições de autorização de circulação e permanência
O desenvolvimento comportamental do seu cão passa por 5 fases de cães perigosos e cães potencialmente perigosos nas ruas, parques,
jardins e outros locais públicos, podendo determinar, por razões de
segurança e ordem pública, as zonas onde é proibida a sua permanência
Neonatal e circulação. Fique atento!
0 dias - 2ª semana

Cães Perigosos
Transição
2ª semana - 3ª semana Qualquer animal que se encontre numa das seguintes condições: tenha
mordido, atacado ou ofendido o corpo ou a saúde de uma pessoa; tenha
ferido gravemente ou morto outro animal, fora da esfera de bens imóveis
Socialização
3ª semana - 14ª semana que constituem a propriedade do seu detentor; tenha sido declarado
voluntariamente pelo seu detentor, à junta de freguesia da sua área de
residência que tem um caracter e comportamentos agressivos; tenha sido
Juvenil considerado pela autoridade competente como um risco para a segurança
14ª semana - Maturação sexual de pessoas ou animais(segundo alínea b, art. 3, capítulo I do decreto-lei
nº315/2009).
Adulto
Maturação sexual - Morte Cães Potencialmente Perigosos
Qualquer animal que, devido às características da espécie, ao
comportamento agressivo, ao tamanho ou à potência da mandíbula, pode
causar a morte a pessoas ou outros animais (segundo alínea c, art. 3,
capítulo I do decreto-lei nº315/2009).

22 7
Pit Bull Terrier Staffordshire Bull Terrier Leishmaniose
Dogue Argentino Staffordshire Terrier Americano
A Leishmaniaspp. é um parasita transmitido ao cão através da picada
Rottweiler Cruzamentos de 1ª geração destas do flébotomo. Portugal é um país endémico e, assim, mais de 20% da
população canina está afetada.
Tosa Inu raças, cruzamento destas entre si, ou
Algumas espécies de Leishmania também são transmitidas ao Homem,
Cão de Fila Brasileiro cruzamento destas com outras raças por isso trata-se de uma doença zoonótica
Segundo Portaria nº 422/2004 de 24 de Abril
Flébotomo
Br

A Higiene Cão fica


Pica um cão
infectado com
infectado
Leishmania
A higiene do seu cachorro não é só uma questão de estética mas
também um vetor essencial de bem-estar e saúde. Manter o pelo, pele
e mucosas limpas é uma medida profilática em relação a várias afeções
como otites, conjuntivites, parasitas externos, entre outros. É importante Flébotomo
infectado Flébotomo
saber como, quando e porquê introduzir hábitos de higiene na vida do seu
pica um cão fica infectado
cachorro e saber torná-los uma rotina. Para além disso, todos os momentos saudável
de higiene podem tornar-se um momento de brincadeira onde o vosso elo
Os flébotomos têm maior atividade noturna ou crepuscular mas podem
se tornará mais forte.
picar durante o dia se perturbados. Vivem em ambientes de temperatura
Visite uma das nossas lojas (Charneca da Caparica, Cova da
moderada-alta, humidade relativa alta e iluminação escassa ou nula. Desta
Piedade, Paivas e Santa Marta) e descubra uma vasta gama de produtos
forma a sua atividade é maior nos meses de Maio a Outubro.
de qualidade superior, para manter a higiene do seu novo companheiro
perfeita!
A Leishmaniose é uma doença de curso crónico. Pode afetar diversos
órgãos como rim, pulmões, pele, articulações, olho, entre outros.
Escovagem
A cor, tamanho, espessura e textura do pelo varia com as diferentes Alguns desparasitantes externos previnem a picada do flébotomo. Não
raças. No entanto, qualquer que seja o tipo de pelo é inevitável que este se desleixe neste cuidado especialmente se vive numa zona endémica.
perca a vitalidade e se solte da pele para poder ser renovado. Desta forma
a escovagem regular da pelagem permite remover esses pelos soltos e Recentemente, saiu para o mercado a vacina contra a Leishmaniose. Só
assim minimizar os rolos espalhados pela sua casa, evitando também nós animais seronegativos podem ser vacinados. Assim, venha ao HVC testar
e emaranhamentos. o sangue do seu animal e se assim for possível, vacine-o!

8 21
Identificação eletrónica (Microchip) Aconselhe-se com a nossa equipa sobre qual o tipo de instrumento mais
adequado para escovar o seu cão.
A identificação eletrónica para além de obrigatória pelo decreto-lei
nº313/2009 é essencial nos domínios sanitário, zootécnico, jurídico e Em geral, os cachorros têm muito menos pelagem comparativamente
humanitário, pois visa tanto a defesa da saúde pública, como animal, bem a um exemplar adulto, no entanto a escovagem regular é igualmente
como o controlo da criação, comércio e utilização. importante pois é uma forma de habituar o cachorro a um procedimento
que será indissociável da sua vida adulta.
A colocação de microchip é obrigatória por lei para:
todos os cães nascidos depois de 1 de Julho de 2008; Aproveite a escovagem para inspecionar o pelo e a pele do seu
todos os cães de raças potencialmente perigosas; companheiro bem como a possível existência de parasitas como pulgas
todos os cães utlizados em atos venatórios; ou carraças.
todos os cães em exposição para fins comerciais ou lucrativos.
Unhas
Atualmente e se o cão se insere numa destas 4 categorias, só pode ser
vacinado com a vacina contra a Raiva se for possuidor de microchip. É possível adquirir um corta-unhas numa loja para animais e cuidar
você mesmo das unhas do seu cão. No entanto, é essencial que se sinta
O microchip deve ser colocado entre os 3 e os 6 meses de idade. confiante e preparado para esta ação, pois um corte de unhas inadequado
pode dar início a um sangramento difícil de estancar. Se não se sente
O microchip só pode ser colocado por um Médico Veterinário em preparado, é preferível delegar esta função para a nossa tosquiadora.
qualquer Hospital ou Clínica Veterinária ou pelo Médico Veterinário
Municipal. Banho
Nunca utilize champôs ou gel de banho destinados ao consumo humano
Após a colocação do microchip, o Médico Veterinário irá entregar- pois a probabilidade de irritar a pele do seu animal é muito elevada.
lhe duas folhas devidamente preenchidas. Deve deslocar-se à Junta de
Freguesia da sua área de residência acompanhado dessas folhas e proceder Peça aconselhamento junto da nossa
ao registo do seu animal. equipa para lhe indicar qual o tipo de
champô mais adequado para o tipo de
pelo do seu cachorro.

Licença Não use champôs indicados para o


tratamento de afeções dermatológicas
exceto com prescrição médica.
Segundo o ponto 1, art. 5, capítulo II, decreto-lei nº 315/2009, a detenção
de cães perigosos ou potencialmente perigosos, enquanto animais de A frequência dos banhos irá depender da sujidade e do tipo de pelo:
companhia, carece de licença emitida pela Junta de Freguesia da área de para pelo comprido pode dar banho de 3 em 3 meses e pelo curto de 6
residência do detentor, entre os 3 e os 6 meses de idade. em 6 meses. Uma inspeção cuidada e frequente do pelo irá permitir-lhe
avaliar qual o momento mais adequado para uma brincadeira na banheira.

20 9
Olhos Esterlização

Tal como nos humanos, a lágrima que é seca pelo ar transforma-se Esterilização é um procedimento que torna os machos e as fêmeas
em pequenas crostas vulgarmente denominadas de remelas. É comum incapazes de produzir descendência.
encontrarmos estas crostas junto do pelo no canto médio do olho. É
possível limpá-las com uma compressa e soro ou água morna. A esterilização definitiva é conseguida através de um procedimento
cirúrgico denominado por ovariohisterectomia (no caso das fêmeas)
De modo algum esfregue em demasia os olhos do seu cachorro ou e orquiectomia (no caso dos machos). Este procedimento só pode ser
utilize produtos oftalmológicos que não foram prescritos pelo seu Médico realizado por um Médico Veterinário e acontece sob anestesia geral.
Veterinário.
A esterilização cirúrgica deve ser realizada nos primeiros meses de vida
A atenção frequente para os olhos do seu cachorro permitir-lhe-á detetar antes que o seu cachorro atinja a maturidade sexual.
qualquer alteração antecipadamente. Nessa altura deverá deslocar-se ao
Hospital Veterinário Central e pedir uma consulta oftalmológica. Não deve optar pelos contracetivos orais (pílula) pois para além de
não serem um método definitivo, trazem imensos efeitos prejudiciais ao
Orelhas organismo do seu animal.

Manter as orelhas do seu cachorro limpas e secas é um hábito de higiene


que reduz a incidência de otites. Utilize uma compressa seca, introduza
VANTAGENS
o seu dedo e compressa no ouvido do seu companheiro e limpe com
cuidado.
Evita o sobrepovoamento pois ao diminuirmos ninhadas
indesejadas, estamos a diminuir o abandono de animais;
Dentes
Diminui o risco de desenvolvimento de tumores nos órgãos
A manutenção de uma boa higiene oral é essencial. No capítulo seguinte
reprodutores;
iremos debruçar mais atentamente sobre este assunto.
Quando realizada em cachorro, a esterilização pode diminuir a
agressividade nos machos;

Diminui o incómodo de ver o macho sempre atraído pelo cheiro


das fêmeas;

Diminui o incómodo de cheiros desagradáveis e corrimento, pois


as fêmeas deixam de ter cios;

Cuide!
10 19
A desparasitação interna é feita através da administração de um ou mais
comprimidos por via oral.
Os Dentes
As normas de desparasitação tanto interna como externa devem ter
em conta algumas características individuais do animal, tais como a
idade, estado fisiológico, dieta, habitat e tempo que passam no exterior. Os dentes estão inseridos em duas peças ósseas, a mandíbula e
Aconselhe-se connosco sobre a frequência e princípio ativo mais indicado a maxila. O direto contato entre a maxila e a cavidade nasal revela a
para o seu pequenote. importância da saúde oral uma vez que várias patologias estomatológicas
poderão culminar em patologias ao nível nasal como por exemplo, a
sinusite. Para além disso, a presença de bactérias na cavidade oral poderá
A desparasitação interna pode ser iniciada aos 15 dias de idade e causar efeitos graves, tanto a nível local como sistémico. Além do mais,
repetida todos os meses até aos 6 meses de idade. Na maioria dos cães e a dor sentida na cavidade oral fará diminuir a ingestão de alimento e,
a partir dessa idade pode fazê-lo três vezes por ano. consequentemente, de nutrientes essenciais.
Todos estes motivos devem ser um alerta para si! Cuide da boca do
seu cão, os benefícios de tal hábito estarão refletidos em todo o organismo.
Desparasitação externa
Erupção dos dentes de leite .......................................3 semanas
Muitas doenças são transmitidas por pulgas e carraças, como é o
caso da Babesiose, Erlichiose ou Hepatozoonose. Assim, desparasitar o Dentição de leite completa (32 dentes).......................5 meses
seu cachorro implica não só a prevenção de doença no seu cachorro,
mas também a prevenção da introdução destes parasitas no seu lar. Este
é um fator extremamente importante, especialmente quando os animais Dieta
convivem diretamente com crianças.
Uma medida essencial consiste na administração de uma dieta
Existem várias marcas e apresentações no mercado. Os desparasitantes equilibrada. O desenvolvimento dos dentes e do esqueleto do cachorro
externos podem ser em spray, pipeta ou coleira. Escolha o que mais lhe processa-se em simultâneo e assim o cálcio, fósforo e magnésio são
convier e siga as instruções sobre a dosagem e frequência de administração essenciais para a erupção de dentes saudáveis.
que se encontram na embalagem. Qualquer dúvida, contacte-nos!
A ração seca é preferível à ração húmida pois permite obter o efeito
Tenha em conta que os parasitas externos são mais comuns nos meses mecânico de fricção do croquete no dente e, assim, diminuir a formação de
quentes, a prevenção nestas alturas do ano deve ser ainda mais atenta. tártaro. Mas atenção, nesta fase de crescimento, deve haver um equilíbrio
entre o grau de dureza e o efeito mecânico pois os dentes ainda estão em
Deve desparasitar externamente o seu cachorro com a mesma frequência maturação. Este efeito mecânico pode ainda ser ampliado pela inclusão
da desparasitação interna, ou seja: iniciar aos 15 dias de idade e repetir de um importante ingrediente, o fosfato de cálcio ativo. Este quelante do
todos os meses até aos 6 meses de idade. A partir desta idade deve falar cálcio limita a presença do cálcio salivar e assim retarda a calcificação da
com o seu Médico Veterinário para ajustar o método, princípio ativo e placa dentária. Procure este ingrediente na hora de escolher a ração do
frequência mais adequados ao estilo de vida do seu animal. seu cachorro.

18 11
Uma dieta terapêutica dentária está contraindicada em animais em fase Primovacinação Doenças
de crescimento dentário (menos de seis meses). 6 semanas Esgana e Parvovirose

Escovar os dentes 9 semanas Esgana, Hepatite Infeciosa Canina,


Parvovirose, Tosse do Canil e
Apesar da escovagem dos dentes num cachorro muito jovem não
Leptospirose
trazer muitos benefícios à dentição de leite, começar a escovar os dentes
diariamente e o mais cedo possível, faz com que este processo já faça 12 semanas Reforço
parte da rotina do animal no momento do aparecimento da dentição 16 semanas Raiva
definitiva (a partir dos 4 meses de idade). Consiga que este ritual seja um
24 semanas Teste para Leishmaniose + inicio do
momento agradável e que o seu cachorro o continue a apreciar mesmo
na vida adulta. protocolo vacinal anti-Leishmania

DICAS Este é o esquema vacinal inicial indicado para a maioria dos cachorros.
No entanto, existe ainda a opção de vacinar o seu cachorro contra a
Existem vários tipos de escovas para cães que podem facilitar o Bordetella bronquiseptica e o vírus da Parainfluenza(Tosse do canil)a partir
processo, em especial aquelas que encaixam no seu dedo. das 3 semanas de idade. Aconselhe-se connosco.
Nunca use uma pasta dentífrica para uso humano. Procure nas
nossas lojas uma pasta especificamente formulada para animais. Aconselhe-se com o seu Médico Veterinário sobre o calendário de
revacinação mais adequado ao seu animal.
Escove os dentes com movimentos circulares que envolva tanto o
dente como o bordo da gengiva. Aconselhe-se com o seu Médico Veterinário sobre a necessidade de
vacinar para outras doenças.
Antes e depois da escovagem não poupe o seu amiguinho aos seus
mimos...tente que este seja um momento minimamente agradável. O princípio básico da vacinação exige que vacinemos um animal livre
de doença, o que significa que não podemos vacinar nenhum animal
doente ou suspeito de doença pois isso conduziria a uma imunização
incompleta.
A queda dos dentes de leite
Um protocolo vacinal só deve ser iniciado depois de desparasitar
Entre os 4 e os 7 meses de idade ocorre a erupção dos dentes definitivos. convenientemente o seu cachorro e nunca o inverso ou simultaneamente.
Há um acréscimo de 4 dentes molares na maxila e 6 na mandíbula e Desparasitação interna
portanto a dentição completa de um adulto é composta por 42 dentes.
Existem vários bichinhos que se desenvolvem e parasitam alguns
No período de queda dos dentes de leite é normal haver alguma halitose órgãos do cão como o fígado, o intestino ou o coração. A desparasitação
(mau hálito) e alguns dentes de leite podem escurecer. Enquanto os dentes interna impede que estes parasitas entrem no organismo do seu animal,
caem é possível que o cachorro engula alguns deles...é normal. se desenvolvam e reproduzam, e sejam transmitidos a outros animais,
incluindo o Homem.
12 17
Se por algum motivo precisar de mudar o alimento (motivos económicos,

Alimentação
intolerância alimentar, não aceitação do alimento, entre outros) faça-o de
forma gradual aumentando a proporção do alimento novo e reduzindo a
do alimento antigo no espaço de uma semana, evitando assim, diarreias
ou outras alterações no trato digestivo.
Cada etapa da vida tem necessidades e exigências nutricionais
Controle regularmente o peso do seu cachorro, é uma forma de certificar concretas que devem ser tidas em conta na hora de estabelecer uma dieta
o crescimento saudável bem como a condição corporal adequada. equilibrada para cada animal. Uma
dieta equilibrada é aquela que combina
vários ingredientes que são capazes de
Saúde Animal+Saúde Humana proporcionar toda a energia e nutrientes
=Uma só saúde essenciais, necessários para manter o
animal num nível de saúde adequado
tanto à etapa como ao seu estilo de
O HVC abre-lhe as portas 24 horas por dia para cuidar da saúde vida. Nesta fase do crescimento é essencial que opte por uma ração de
do seu cachorro. Os nossos Médicos Veterinários podem aconselhá-lo qualidade superior. Nas nossas lojas comercializamos várias marcas de
sobre qual o programa preventivo mais adequado ao estilo de vida do seu qualidade extrema. Cuide da saúde do seu cachorro, invista na melhor
companheiro. Os cuidados de saúde variam essencialmente com os riscos alimentação.
a que o seu cachorro está exposto e, portanto, com o seu meio envolvente.
Naturalmente, o programa vacinal ou de desparasitação de um animal
que vive em casa num ambiente urbano é obrigatoriamente diferente de A escolha
um animal que vive em ambiente rural, que trabalha como cão de caça ou
como cão pastor. Nesta fase da vida é muito importante que escolha alimentos de
As Zoonoses são doenças que podem ser transmitidas entre o qualidade superior (alimento premium) e específico para cachorros.
animal e o Homem tal como a Raiva, Salmonelose, Brucelose, Leptospirose
ou vários parasitas intestinais como Taeniaspp. Assim, cuidar da saúde do Existem 4 tipos de alimento: Premium, Corrente, Caseiro e Terapêutico.
seu animal traz benefícios não só para o próprio, como para si, a sua
família e a saúde pública. Cuide da saúde do seu cachorro, cuide da saúde Premium É o alimento de eleição, principalmente para
de todos nós! cachorros. É composto por duas fontes distintas de carne, tem elevada
digestibilidade (e portanto maior absorção de nutrientes) e tem maior
Vacinação densidade energética. A adequação nutricional é garantida por ensaios
experimentais (de acordo com a AAFCO) e por isso no rótulo pode
Em Portugal apenas uma vacina é obrigatória por lei: a vacina contra observar a designação “dieta completa e adequada de acordo com testes
a Raiva. No entanto, existem outras doenças infeciosas igualmente experimentais”. Comparativamente ao alimento corrente, tem maior
importantes, que podem ser eficazmente prevenidas com a administração palatabilidade e os cachorros adoram-na! Este tipo de alimento só é
de vacinas: Esgana, Parvovirose, Hepatite Infeciosa Canina, Leptospirose vendido em estabelecimentos autorizados como é o caso das nossas 4
e Tosse do Canil. lojas.

16 13
Corrente Este tipo de alimento é encontrado em qualquer Em geral, o alimento seco é preferível em relação ao húmido. No entanto,
supermercado. Apresentam baixo teor em gordura e em proteína de este último pode ser vantajoso em alguns casos específicos como seja a
origem animal, portanto a sua palatabilidade é baixa. São completos e anorexia, extração completa de dentes, recobro, entre outros.
equilibrados tendo apenas por base a sua composição química e não
ensaios experimentais (como no caso da alimentação Premium). A sua É muito importante escolher um alimento adequado à raça e porte do seu
grande vantagem é o fator económico, pois são muito mais acessíveis. No cachorro pois o tamanho e textura dos croquetes devem estar adequados
entanto, é importante que saiba que uma alimentação de qualidade inferior ao tamanho dos dentes e potência da mandíbula.
pode proporcionar algumas doenças do foro digestivo, urinário, ósseo ou
articular e portanto aquilo que eventualmente poupou na alimentação, irá Na hora de escolher um alimento para o seu cachorro, olhe para as
gastar no tratamento. indicações e rótulo da embalagem. Peça também conselhos à nossa
equipa: opte por uma alimentação equilibrada, opte por uma vertente
Dieta Caseira A dieta caseira é possível, sendo no entanto uma preventiva!
alternativa pouco exequível, uma vez que é difícil obter um alimento
equilibrado e adequado às necessidades do cachorro, nomeadamente a
quantidade e fonte de energia, proteína, gordura, cálcio, fósforo, NaCl Maneio
(cloreto de sódio, vitamina A e tiamina. Queremos ainda salientar que não
deve confundir este tipo de alimentação formulado especificamente para
os animais com os restos de comida humana... esses são completamente Até aos 6 meses deve administrar 3 refeições diárias devidamente
proibidos na dieta do seu cachorro. doseadas de acordo com o peso do cachorro (pode aferir a dosagem
correta na embalagem).
Terapêutico Este tipo de alimento só deve ser adquirido após
prescrição do Médico Veterinário. Está indicado para situações patológicas Sirva as refeições sempre à mesma hora, no mesmo recipiente
específicas como a diabetes mellitus, insuficiência renal, obesidade, entre (devidamente limpo) e no mesmo local. Crie uma rotina alimentar com o
outros. seu cachorro, pois faz parte da sua educação.

Todos os tipos de alimentação (exceto a caseira) podem ser apresentados Junto do recipiente de alimento deve estar outro com água fresca sempre
em sacos de ração ou em latas de patê. disponível.

Alimento seco (ração) Alimento húmido (lata) Quando quiser lavar os recipientes de comida e/ou água pode fazê-
% Água < 14% > 60% lo com os detergentes da loiça para uso humano, no entanto não use a
Durabilidade Elevada Reduzida mesma espoja que usa para a sua loiça!
Preço Mais económico Mais dispendioso
Habitue o seu cachorro a que lhe seja retirado o recipiente de comida
Vantagens É muito prático e fácil Muito palatável enquanto ele está a comer. Pode devolvê-lo logo a seguir, o importante é
de dosear que ele perceba que não deve ser agressivo nem possessivo em relação ao
Efeito mecânico seu alimento.
benéfico nos dentes

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