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I
A ti, Cuca, a guerreira.
II
AGRADECIMENTOS
AEMV-UTAD
ANEMVet
Ana Balola
Andreia Carvalho
Ângela Eleutério
Carlos Ramos
Diana Rodrigues
Emanuel Veríssimo
Filipa Silva
Joana Fradinho
Joana Marcelino
III
Joana Silva
Luís Silva
Márcia Carvalho
Miguel Quaresma
Mike D.
Sara Alves
Sara Melo
Teresa Lage
Família Coelho
Família Milho
Família Rodrigues
Carlos Milho
Pedro Coelho
Carlos Coelho
Isabel Coelho
Ester Gramaço
IV
RESUMO
Assim, este estudo pretendeu: por um lado avaliar as falhas existentes na passagem
de informação aos clientes, relacionando-as com a sugestão de plataformas que possam
colmatar estas mesmas falhas, tornando a educação do proprietário mais eficaz. Isto porque
a educação é mais uma oportunidade que os Médicos Veterinários têm para contribuir
ativamente para a promoção da saúde pública, incentivando a diminuição dos problemas
comportamentais, a diminuição do abandono dos animais, a diminuição das eutanásias
relacionadas com este dois últimos pontos, um melhor saneamento da via pública e
melhores cuidados de saúde do cão; por outro lado desenhar estruturas programáticas que
permitam proporcionar aos cachorros entre as 8 e as 16 semanas de idade, um adequado
período de socialização proporcionando diferentes estímulos táteis, visuais e sonoros bem
como o contacto social com a mesma espécie e com espécies diferentes.
V
ABSTRACT
In December 2012, a Puppy Party took place as part of the academic internship in the
Hospital Veterinário Central (Central Veterinary Hospital). After an intense bibliographical
research, the shortcomings were assessed, providing the foundation to a new socialisation
programme – Puppy Classes – so that its impact could be optimised for the puppy (animal
health) and for the owner (public health).
The dog owners that attended Clinics and Veterinary Hospitals within the County of
Setúbal were also assessed accordingly, in order to understand their knowledge about
healthcare and the importance of socialisation during the puppies’ first months of life.
Therefore, this study aimed to examine the ruptures in the information process
directed to customers, trying to find ways to overcome them by suggesting information
platforms that would teach the owners in a more efficient way. Educating and teaching are
important opportunities for a Veterinary Physician to actively endorse public health,
contributing to a decrease in behavioural problems, a decrease in animal abandonment, a
decrease in euthanasia related to these two situations, a better street sanitation and a
general better healthcare for dogs. On the other hand, this study also aimed to design
programme structures that would allow puppies (with ages within 8 and 16 weeks) to engage
in an adequate socialisation period, offering different tactile, visual and auditory stimuli, as
well as contact with the same and different species.
Socialisation Classes for Dogs are indeed beneficial to puppies, to humans (owners
and clinicians) and to the environment – therefore, they are beneficial to the One Health
triangle.
VI
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
VII
1.7. ASPETOS ÉTICOS E LEGAIS................................................................................... 34
2. RESULTADOS ................................................................................................................. 34
VIII
2.2.9. FORMAÇÃO ................................................................................................... 53
2.2.12. ADAPTAÇÕES.............................................................................................. 54
V. DISCUSSÃO.................................................................................................................... 61
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 75
ANEXO I – PEDIDO DE COLABORAÇÃO DIRIGIDO AO DIRETOR (A) CLÍNICO (A) ...... XIV
IX
ÍNDICE DE FIGURAS, TABELAS e QUADROS
Figura 3- Gráfico circular relativo aos resultados sobre a idade de chegada do cachorro ao
lar do proprietário ................................................................................................................ 35
Figura 4- Gráfico circular referente aos resultados sobre a idade adequada ao inicio da
vacinação num cachorro ..................................................................................................... 36
Figura 9- Colaboradoras do Chatuska Pet Hotel fantasiadas, bem como um cão adulto XVIII
Figura 10- Colaboradora do Chatuska Pet Hotel fantasiada, bem como um cão adulto .. XVIII
X
Figura 23- Cachorro H e proprietária .................................................................................xxii
Figura 24- Cachorro B sendo manipulado por humano não familiar ..................................xxii
Quadro 3- Resumo das características (sexo, idade, raça e porte) dos cachorros
participantes na Puppy Party ................................................................................................ 42
Quadro 8- Resumo dos estímulos proporcionados na Puppy Party e aqueles propostos para
as aulas de socialização para cachorros .............................................................................. 68
XI
Tabela 1- Distribuição geográfica das clínicas e hospitais veterinários que participaram no
presente estudo.................................................................................................................... 29
XII
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS, SIMBOLOS E ACRÓNIMOS
% - Percentagem
PP – Puppy Party
XIII
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
INTRODUÇÃO
1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Compreender esta espécie, que evoluiu lado a lado com o ser humano, pode ser
importante para a compreensão das relações do ser humano com o meio que o envolve
(Miklósi, 2007).
2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
I. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A domesticação é um processo biológico que ocorre pela seleção artificial (por pessoas
e não pela natureza) de uma característica de um animal através da reprodução de animais
com a característica desejada e o desencorajamento ou mesmo proibição da propagação de
animais que não contêm a dita característica (Darwin, 1859 citado por Beck, 2000). Para o
lobo, persistiu também um processo cultural de domesticação iniciado quando este animal
foi introduzido numa estrutura social humana, tornando-se assim, um objeto de posse. Na
última fase deste processo cultural, o proprietário do cão utiliza coleiras e trelas; como outro
qualquer objeto, o cão pode ser comprado, vendido ou trocado (Clutton-Brock, 1995).
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Sendo humanos e cães espécies sociais, não é surpreendente que estes se sintam mais
relaxados quando desfrutam da companhia de um grupo familiar. Estar inserido num grupo
reduz também a necessidade de vigilância e, por isso, maiores níveis de conforto. No que
concerne à relação entre humano e cão, estes efeitos benéficos são simétricos (McGreevy
et al., 2005; Miklósi, 2007). De facto, a ligação singular e admirável entre um ser humano e o
seu animal de companhia é um conceito que os veterinários devem entender desde o dia
que escolhem esta profissão (Pukay, 2000), pois muitas pessoas referem especificamente
que os seus animais são como membros da sua família (Beck e Katcher, 1996; Beck, 2000):
em 896 proprietários, 98% consideram o seu animal de companhia como membro da família
ou como um amigo próximo, 70% referem um aumento da felicidade e diversão na família,
50% afirmam existir um aumento de tempo em convívio com a família, 59% afirmam que os
seus animais são sensíveis ao estado de espirito do proprietário, 50% afirmam que o seu
animal passa mais tempo junto de um indivíduo da família que está mais ansioso ou triste
(Cain, 1985); em 711 proprietários, 35% permitem que o seu animal durma nas suas camas,
55% permitem que os animais possam descansar no sofá, 20% recebem alimento
diretamente da mesa de refeições, 30% falam para os seus animais de companhia e 30%
5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
realizam uma festa de aniversário para o seu animal (Voith et al., 1992; Miklósi, 2007); em
132 proprietários de cães que vivem em zona urbana na República Checa, 87,1% permitem
que os animais possam descansar no sofá, 74,2% permitem que o cão durma na cama de
um dos membros da família, 100% consideram o cão como membro da família, 97% falam
diariamente com o seu cão, 95,5% têm fotografias do seu cão na decoração da casa, 92,4%
levam o seu cão de férias com os restantes membros da família e 75% celebram o
aniversário do seu animal (Baranyiová, 2005). Outro estudo revelou que em 34 mulheres
caucasianas, proprietárias de um cão e recentemente viúvas, 5 reportaram que o cão
funcionava como maior fonte de conforto do que familiares ou amigos e 15 descreveram o
cão como significativamente importante no processo de viuvez (Bolin, 1987; Hart, 1995). Por
outro lado, a morte de um cão pode libertar nos seres humanos emoções fortes,
comparáveis com a morte de um amigo (Steward, 1983; Miklósi, 2007). Aliás, durante a
catástrofe do furacão Katrina, em Nova Orleães em 2005, muitos indivíduos preferiram
enfrentar a morte a ser resgatados deixando para trás os seus amados animais de
companhia (Dagg, 2011). Baseado nestas observações, algum antropomorfismo é esperado
na relação dos seres humanos com os seus cães (Miklósi, 2007), pois o Homem segue a
tendência de se proteger do sentimento devastador de solidão (Beck, 2000).
Nos Estados Unidos da América é mais comum existirem cães em famílias com crianças
tanto em idade pré-escolar como escolar (Albert e Bulcroft, 1987; Miklósi, 2007). Nestas
famílias, a ligação emocional entre cães e indivíduos em idade adulta é menor, indicando
que durante o desenvolvimento da criança o cão desempenha a função de companheiro de
brincadeira (Miklósi, 2007). Bucke (1903), desenvolveu um ensaio pioneiro com crianças em
idade escolar. As crianças enfatizaram a atenção personalizada e individual que recebiam
do seu cão através de frases como “ele gosta de mim”, “ele protege-me e segue-me para
todo o lado”, “ele ladra quando eu chego da escola”, “ele é bom para mim”, entre outras.
Estas crianças revelaram também apreciação pela habilidade que o cão possui em
expressar amor e afeto quando saltam para cima da criança, correm em redor da criança,
abanam a cauda e solicitam a brincadeira (Bucke, 1903 citado por Hart, 1995).
Com adultos, a relação com cães parece desempenhar frequentemente uma função
compensatória, na qual os indivíduos estabelecem uma relação próxima de companheirismo
e confiança com o seu cão para compensar a baixa satisfação que recebem de outros
membros da família (Miklósi, 2007). Muitos indivíduos percebem que os seus animais de
companhia providenciam companheirismo, sentido de segurança, oportunidade para brincar,
divertir e relaxar (Beck, 2000), conforto, humor (Hart e Wood, 2008), suporte emocional,
entretenimento (Wells et al., 2008) e espontaneidade, todos os quais aumentam a sua
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
qualidade de vida (Arhant-Sudhir et al., 2011). Para além disso, a presença de cães em
público facilita a interação entre pessoas e conduz frequentemente ao contato visual ou
mesmo diálogos entre cidadãos que não se conhecem, uma vez que, de uma forma geral,
os seres humanos são sensíveis à imagem de um cão e consideram-no atraente. No
entanto, a presença de cães de grande porte ou cães que pertencem a raças com má
reputação, como os Rottweilers, não desperta o mesmo interesse (Wells, 2004; Miklósi,
2007). Um estudo anterior de Messent (1983) revelou resultados idênticos, indicando um
aumento de contatos entre estranhos quando um cão está presente. Aproximadamente em
70% de todos os passeios com um cão, ocorreu pelo menos uma interação verbal (Messent,
1983; Cutt et al., 2007). Efetivamente, os cães interagem mais frequentemente com o seu
proprietário na presença de estranhos, iniciam maior contato com estranhos e recebem mais
ordens dos seus proprietários em comparação com a relação entre gatos e seus
proprietários (Miller e Lago, 1990; Miklósi, 2007). Assim, os cães desempenham a função de
companheiros sociais, bem como um elemento facilitador das interações sociais humanas,
pois providenciam um tópico para conversas relaxadas e divertidas. O contato social é um
mecanismo que estimula a autoestima e o amor-próprio e, consequentemente, os efeitos
sociais explorados pela companhia de um cão estão entre os mais importantes benefícios
para o ser humano (Hart, 1995).
Proprietários de cães revelam maiores níveis de atividade física, sugerindo que os cães
desempenham um papel muito importante na promoção do exercício físico nos seus
proprietários (Arhant-Sudhir et al., 2011). Um estudo com a duração de 10 meses pretendeu
avaliar as mudanças no comportamento e na saúde de proprietários que adquiriram um
animal de companhia. Os proprietários de cães revelaram um aumento do exercício físico
durante os passeios com o seu animal em comparação com proprietários de gatos ou com
humanos sem animais (Serpell, 1991). Proprietários norte-americanos de cães caminham,
em média, 30 minutos por dia em caminhadas de pelo menos 10 minutos cada (Ham e
Epping, 2006; Johnson, 2013). Já o Australian National People and Pets Survey de 1994
reportou que 74% dos proprietários exercitam o seu cão, com 50% dos inquiridos a fazê-lo,
em média, 1-2 vezes por dia (McHarg et al., 1995; Headey, 2006). O mesmo estudo em
2006 revelou que esta percentagem aumentou para 80% com 8% a fazê-lo mais que duas
vezes por dia, 47% a fazê-lo, em média, 1-2 vezes por dia e 26% a fazê-lo frequentemente
mas não todos os dias. Este estudo revelou ainda que proprietários que vivem sozinhos
exercitam mais o seu cão e, pelo contrário, proprietários que pertencem a um agregado
familiar com crianças exercitam menos (Headey, 2006). Na Suécia, 39.995 questionários a
7
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.3. SAÚDE
Allen et al. (2002) estudaram 240 casais em que 50% possuía um animal de companhia
e 50% não. Os proprietários de animais revelaram uma diminuição significativa na
frequência cardíaca e nos níveis de pressão sanguínea, em relação aos casais sem
animais, podendo estes resultados estar associados à perceção benéfica que os
proprietários têm dos seus animais (Allen et al., 2002). Já em 2001 outro estudo tinha
apontado uma diminuição na pressão sanguínea para proprietários de cães, associada à
redução de stress, maior suporte emocional e social ou aumento do exercício físico durante
os passeios à via pública (Allen et al., 2001). De outro modo, Wright et al. (2007) não
encontraram diferenças significativas entre os níveis de pressão sanguínea entre
proprietários e não proprietários, após o ajustamento dos dados conforme a idade dos
indivíduos estudados (Wright et al., 2007), sugerindo assim, que muitos fatores
desempenham um papel importante na determinação do impacto de ser proprietário de um
animal de companhia e riscos de doença cardiovascular (Arhant-Sudhir et al., 2011).
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
condição corporal. Será necessário conseguir mais dados científicos para se obter
conclusões definitivas nesta área (Anderson et al., 1992; Arhant-Sudhir et al., 2011).
Foram estudados 212 proprietários de cães, diagnosticados há mais de dez anos com
Diabetes Mellitus tipo 1, por Deborah Wells e os seus colaboradores (2008): 65,1%
indicaram que os seus cães domésticos exibiam reações comportamentais aos seus
episódios de hipoglicemia, providenciando desta forma um importante alerta para os
envolvidos. Os comportamentos caninos sugeridos revelaram esforços para captar a
atenção do seu proprietário através da vocalização (61,5%), lamber o proprietário (49,2%),
saltar para cima do proprietário (30,4%), focar-se intensamente nos olhos do proprietário
(41,3%) e/ou encostar várias vezes o nariz na mão do proprietário (40.6%) (Wells et al.,
2008). No estudo de Wright et al. (2007) referido anteriormente, a percentagem de
indivíduos idosos com Diabetes Mellitus diagnosticada, foi maior para os sujeitos com
animais de companhia quando comparados com os não proprietários. No entanto, os
proprietários exibiam maior peso corporal e níveis menores de exercício físico do que os não
proprietários. Uma avaliação ajustada para estes fatores não foi realizada para este
componente (Wright et al., 2007).
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No final dos anos 40 e início dos anos 50, foi dada mais atenção ao estudo do
desenvolvimento comportamental (Overall, 1997). Em 1958, J.P Scott descrevia o
desenvolvimento comportamental normal de um cão em 5 fases – neonatal, transição,
socialização, juvenil e adulta (Scott, 1958). Hoje em dia essas mesmas fases continuam
assim reconhecidas, cada uma das quais caraterizada por alterações comportamentais e
fisiológicas específicas (Seksel, 2010). Porém, outros autores, como Roger Mugford (1990),
Serpell e Jagoe (1995) ou Andrew Luescher (2011) já incluem a fase pré-natal/fetal como
parte integrante deste processo (Mugford, 1990; Serpell e Jagoe, 1995; Luescher, 2011).
A fase neonatal cobre as duas primeiras semanas de vida (Beaver, 2009a). Tanto no
cão como nos outros mamíferos, esta fase foi subvalorizada durante muito tempo pelos
etólogos devido ao aspeto vegetativo da atividade dos cachorros. De facto, o sono constitui
a parte mais essencial desta atividade. Durante a maior parte do sono os cachorros
apresentam movimentos incessantes da cara, orelhas, pálpebras, lábios, membros e tronco,
bem como vocalizações. Nalguns períodos o sono é profundo e caracterizado por um estado
de repouso total e aparente. Os intervalos em que os cachorros estão acordados são quase
totalmente ocupados com o ato de mamar - processo que ocorre sensivelmente de 3 em 3
horas (Pageat, 2000) - e com os períodos de cuidados maternos (Beaver, 1995). O cachorro
é cego e surdo e completamente dependente da mãe para termorregulação, alimentação e
eliminação (Luescher, 2011), não sendo, portanto, um organismo autónomo, independente
ou auto-suficiente (Scott e Fuller, 1965). Apesar disso, o paladar, tato, olfato e sensibilidade
à temperatura já estão desenvolvidos (Luescher, 2011). As competências motoras são muito
limitadas, não sendo o cachorro capaz de se apoiar nos quatro membros e o único modo de
locomoção é o arrasto. É durante este período que a mãe desenvolve o apego aos
cachorros, o que significa que a partir deste momento tudo o que limita o contacto entre a
cadela e os seus filhos desencadeia um estado de nervosismo profundo para a mãe. Assim,
durante as duas primeiras semanas de vida os cachorros e a mãe mantêm-se juntos a maior
parte do tempo. Este apego não é recíproco. Na verdade, os cachorros apenas procuram
um objeto quente, suave e que contenha leite. Ou seja, qualquer cadela em lactação pode
satisfazer os cachorros, mas só os filhos de determinada cadela podem satisfazer a mesma
(Pageat, 2000). Porém, devido à ausência de autonomia, quando um cachorro se encontra
longe da restante ninhada fica num estado de muita agitação associado à emissão de
vocalizações que só cessam quando retomado o contato com a mesma (Mugford, 1990). As
vocalizações também podem ser constatadas quando os cachorros têm frio, estão
desconfortáveis ou são estimulados de forma dolorosa (Beaver, 1995). Estas vocalizações
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
angustiantes são, claro, uma solicitação para cuidados maternos e geralmente atraem a
atenção da mãe (Scott e Fuller, 1965). O comportamento do cachorro depende
maioritariamente de tentativas e erros. Por exemplo, se separarmos um cachorro da sua
mãe e restante ninhada numa sala muito grande, ele vai mover-se em qualquer direção
testando os gradientes de temperatura e movendo-se para a opção mais quente –
termotactismo positivo (Pageat, 2000) - acabando eventualmente por se afastar do restante
grupo. Claro que, o comportamento maternal irá naturalmente encarregar-se da situação, e
a mãe irá recuperar o filho e devolvê-lo ao ninho (Scott e Fuller, 1965).
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
exclusivo à mãe para um apego ao grupo social o que é suportado pelos comportamentos
próprios de viver em matilha (Pageat, 2000). Por volta das 3 semanas e meia, a ninhada já
interage de uma forma lúdica. Este acontecimento rapidamente progride para brincadeiras
de luta, movimentos da cabeça, rosnar (Beaver, 1995), ladrar e inibição da mordida, sendo
que os animais passam a exibir sinais sociais, como levantar os membros anteriores para
brincar e abanar a cauda (Seksel, 2010). Por volta das 4 semanas os cachorros carregam
objetos na boca, guardam as suas posses e iniciam as atividades de grupo coordenadas,
i.e., se um cachorro vê algo que lhe desperta curiosidade vai explorar e é logo seguido pelos
outros cachorros da ninhada. O comportamento de monta e movimentos pélvicos fazem
parte das brincadeiras bem como a perseguição de insetos ou outros animais de pequeno
porte. Estes comportamentos serão associados de futuro ao comportamento sexual e ao
comportamento de caça do cão adulto, respetivamente (Beaver, 1995). Em suma, o aspeto
lúdico para o cachorro manifesta-se totalmente durante esta fase, o que parece
desempenhar um papel importante no desenvolvimento do cão e na formação de laços
sociais com os seus congéneres e seres humanos (Seksel, 2010). Isto definirá as suas
futuras capacidades para formar parcerias sociais (Stepita et al., 2013). Destaca-se, como o
principal evento deste período, esta aprendizagem sobre o reconhecimento e aceitação das
várias espécies que envolvem o cachorro e no futuro cão adulto (Beaver, 1995).
O período juvenil inicia-se por volta das 12 semanas de idade (Beaver, 2009a), pouco
depois do desmame (Kustritz, 2011) e termina quando a maturidade sexual é alcançada,
momento em que começa a vida adulta (Scott, 1958). Assim, o final deste período coincide
com o primeiro estro para as fêmeas e com a aquisição dos comportamentos sexuais típicos
da espécie canina e alcance da qualidade do sémen que permita a gestação, para os
machos (Kustritz, 2011). Por volta das 15 semanas de idade o cão tem definitivamente
desenvolvido o padrão dominância-subordinação e estes jovens adultos mostram os
padrões comportamentais típicos de um adulto. Isto significa que as lutas se tornam muito
menos frequentes, sendo substituídas por rosnar, ganir ou adotar uma postura submissão
em resposta à ameaça. Dentro deste período os machos adquirem também o
comportamento típico desta espécie para a eliminação (Scott e Fuller, 1965).
De salientar que, o tempo exato para cada período varia entre autores (e provavelmente
entre cães também), isto porque os períodos anteriormente definidos não começam ou
acabam abruptamente, vão e vêm gradualmente (Luescher, 2011).
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. AGRESSÃO
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1995; Massari e Masini, 2006; MacBean et al., 2007; Patroneck e Slavinski, 2009). Na
cidade de Adelaide, na Austrália, foi estimado que por ano 6500 pessoas são lesadas
devido a ataques de cães (Thompson, 1997). Na Bélgica, foi determinada uma frequência
anual de 22 mordidas de cães por cada 1000 crianças com idade inferior a 15 anos (Keuster
et al., 2006). Nos Estados Unidos da América foi estimada que 2,6 per 100.000
hospitalizações por ano estão relacionadas com mordida por cão (Feldman et al., 2004; Cutt
et al., 2007). No entanto, e, contrariamente à perceção da população, não são os cães
errantes que lideram a taxa de agressão com mordida; a mais alta incidência de agressão
com mordida ocorre por parte de cães em que o proprietário é vizinho da vítima, seguida por
cães em que o proprietário é familiar da vítima. De facto, os cães errantes são os que
apresentam menor taxa de incidência. No entanto, as agressões por parte de cães errantes
são mais frequentemente relatadas e denunciadas (Beck, 1991; Beck, 2000). Isto porque
existe uma maior perceção de que os cães errantes são causadores de mais doenças como
por exemplo a Raiva. Assim, os cidadãos tendem a procurar cuidados médicos mais
frequentemente nestas situações do que naquelas em que o proprietário é conhecido (Beck
e Jones, 1985; Beck, 2000). Consequentemente, as estatísticas sobre mordida subestimam
a verdadeira incidência. Por exemplo, um estudo conduzido em Pittsburgh, Pensilvânia,
estimou que apenas aproximadamente 36% das mordidas por cães são denunciadas
(Chang et al., 1997; Patroneck e Slavinski, 2009).
A forma mais segura para reduzir as agressões com mordida é através de uma política
de saúde pública que encoraje a população a possuir cães adequadamente socializados
com seres humanos, da mesma forma que incentive a utilização de trela ou a supervisão do
animal sempre que este se encontre numa propriedade pública (Beck, 2000). De facto, a
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
educação sobre a adequada conduta relacionada com cães parece ser a medida preventiva
com maior prioridade. Para além disso, o desenvolvimento de programas para prevenção de
agressão com mordida por cães, beneficiará se forem coordenados, fundados e conduzidos
por todos os intervenientes que estão envolvidos na saúde e educação de humanos e
animais. Esta colaboração interdisciplinar inclui, por exemplo, Pediatras e Médicos
Veterinários, devendo estes contribuir ativamente na educação das crianças e das suas
famílias. Os Médicos Veterinários têm ainda um papel chave no aconselhamento sobre a
saúde física e comportamental do animal. Além do mais, seria extremamente importante
criar um banco de dados Europeu sobre a incidência de processos agressivos contra seres
humanos, de modo a tornar possível realizar estudos de comparação entre países, assim
como comparar a evolução das suas políticas de saúde pública (Keuster et al., 2006) e
avaliação dos padrões de risco associados (Rosado et al., 2009).
Há 50 ou 100 anos atrás, aquilo que poderia ter sido um comportamento social aceitável
num cão, pode já não ser tolerado na atualidade. À medida que a sociedade se modifica,
mudam também as expetativas em relação aos cães que nela vivem (Seksel, 2010). O
National Council on Pet Population Study and Policy concluiu que os problemas
comportamentais, incluindo agressão contra pessoas ou contra animais de companhia, são
as razões mais comuns para o abandono de animais (Salman et al., 1998; Salman et al.,
2000) e são responsáveis por aproximadamente 224.000 eutanásias de cães e gatos todos
os anos nos Estados Unidos da América (Patroneck e Dodman, 1999). Já Spencer, em
1993, tinha sugerido que no universo de todas as eutanásias de cães e gatos, 50-70% são
também consequência de problemas comportamentais (Spencer, 1993; Salman et al.,
2000). Em 2000, Salman et al., concluíram que: 40% dos 1984 cães estudados, tinham sido
entregues a um canil devido a pelo menos uma razão comportamental; quando razões
mistas justificavam a entrega ao canil, defecar/urinar dentro de casa era a razão
comportamental mais frequentemente relatada; quando apenas razões comportamentais
justificavam a entrega ao canil, agressividade e comportamentos destrutivos eram os mais
frequentemente relatados (Salman et al., 2000). Por outro lado, em 2003, Duxbbury e seus
colaboradores, procederam à realização de questionários a 248 proprietários de cães
adultos adotados ainda em cachorros, de modo a avaliar a associação entre o sucesso da
adoção, i.e a não devolução ao canil, e a presença em aulas de socialização para
cachorros. Os resultados revelaram que o sucesso da adoção foi maior para cães que
participaram em aulas de socialização para cachorros, que usaram ocasionalmente ou
frequentemente coleiras de cabeça em cachorros e/ou que foram frequentemente
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
manipulados enquanto cachorros (Duxbury et al., 2003). Nancy Peterson (2005) acrescenta
que nos primeiros dias/semanas pós adoção não existe um elo afetivo forte entre o
proprietário e o cão. Seria este elo que poderia salvar o cão de uma eventual rejeição por
mau comportamento. Deste modo, não deve ser surpresa que animais com comportamentos
favoráveis têm maior probabilidade de virem a ser adotados (Peterson, 2005). De facto, são
os problemas comportamentais e não as doenças infeciosas a causa número um para a
morte de cães até aos 3 anos de idade (American Veterinary Society of Animal Behavior,
2008) e o grande facilitador deste fenómeno é a nossa ignorância (Overall, 1997). Assim, o
papel do Médico Veterinário na redução da taxa de eutanásia por problemas
comportamentais não é só imprescindível como também tardio (Seksel, 2010).
18
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2010), de uma forma proactiva positiva. É preferível que um cachorro seja proactivo do que
reativo (Martin e Martin, 2013).
4. ONE HEALTH
Em novembro de 1945, Dr. James Harlan Steele, considerado o pai da saúde pública
veterinária, apresentou um extenso relatório intitulado “Veterinary Public Health”, onde foram
abordados dois tópicos: riscos de transmissão de doenças zoonóticas e os benefícios de
contratar Médicos Veterinários para investigar e responderem a esta ameaça. Este relatório
representa a primeira vez que o termo Saúde Pública Veterinária foi usado (White, 2013).
Posteriormente, Dr. Calvin Schwabe revelou a sua visão de “One Medicine”, que continua a
inspirar atualmente a comunidade científica no campo da saúde pública: a saúde humana é
a principal causa unificadora na hierarquia de valores da Medicina Veterinária; os Médicos
Veterinários, em todos os aspetos da sua profissão, têm a oportunidade e a
responsabilidade de proteger a saúde e bem-estar dos humanos em tudo que estes fazem
(Schwabe, 1984; Pappaioanou, 2004). De facto, o conceito de One Health, One Medicine
continua amplamente aceite. Este conceito é baseado na premissa de que partilhamos o
nosso habitat com os animais e isso resultou num movimento entre a Medicina Humana e a
Medicina Veterinária: promover a colaboração interdisciplinar de modo a alcançar o
conhecimento sobre as doenças comuns entre espécies mas também intervenções que
promovam a saúde como sendo algo mais que a ausência de doença (Johnson, 2013). A
American Veterinary Medical Association definiu One Health como sendo um esforço para a
colaboração entre várias disciplinas – trabalhando ao nível local, nacional e global – de
modo a alcançar saúde para os humanos, animais e ambiente. Juntos, constroem o
triângulo One Health sendo que a saúde de cada vértice está inextricavelmente ligada.
Compreender e enfrentar os problemas de saúde que surgem no meio destas ligações é a
base deste conceito (American Veterinary Medical Association, 2008). Esta abordagem pode
ter um papel catalisador para novas descobertas na investigação, alcance de respostas de
prevenção eficazes, desenvolvimento da educação para os cuidados de saúde e melhor
preparação para a vigilância de doenças zoonóticas (Institute of Development Studies,
2013). Compreender como prevenir e controlar doenças em animais pode ser um importante
componente na prevenção e controlo de doenças em humanos (Pappaioanou, 2004).
19
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Hoje em dia, a área da saúde pública pode ser abordada num amplo espectro de
atividades: segurança alimentar, saúde ambiental, doenças infeciosas emergentes,
preparação e resposta ao bioterrorismo, investigação médica avançada e medicina de
animais de companhia (Pappaioanou, 2004). A autora debruça-se sobre a última atividade.
20
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As vacinas são uma das melhores ferramentas que o Médico Veterinário possui para a
prevenção de doenças e a manutenção da saúde da população (Davis-Wurzler, 2006), pois
os animais imunizados deixam de poder participar na transmissão e perpetuação de doença
dentro da população em risco. Desta forma, a vacinação pode reduzir a circulação de vários
agentes nessa população (MacLachlan e Dubovi, 2011). No passado, a prática clínica
beneficiou com a administração anual de todas as vacinas, pois para os Médicos
Veterinários esse era um momento onde para além da vacinação podiam avaliar
anualmente a saúde do animal, reconhecer e tratar doenças precocemente e informar os
proprietários sobre vários aspetos relacionados com a saúde do seu animal e saúde pública.
No entanto e infelizmente, este encorajamento levou a que muitos proprietários passassem
a acreditar que a vacinação é a razão mais importante para as visitas anuais ao Médico
Veterinário (Day et al., 2010), não compreendendo os benefícios da avaliação anual da
saúde do animal, incluindo, com maior relevância, um exame físico completo para despiste
de várias outras doenças. Assim, impulsionar competência e confiança na prática clínica de
modo a aumentar as consultas de rotina enfatizando os cuidados preventivos e os cuidados
continuados, tornou-se o grande desafio para os profissionais Veterinários (Meadows,
2013). Face a este problema, em 2011, a American Animal Hospital Association e a
American Veterinary Medical Association desenvolveram guidelines para os cuidados
preventivos de cães que recomendam as visitas para exame de rotina com pelo menos uma
regularidade anual, especificando que a medicina de animais de companhia pode ser
aplicada muito para além da vacinação e cuidados críticos de emergência (American Animal
Hospital Association e American Veterinary Medical Association, 2011). Urge educar o
proprietário para a presença de vários aspetos da saúde animal que incluem não só a
vacinação como também a odontologia, nutrição, doenças parasitárias, comportamento,
bem como educar e instruir para programas de saúde preventiva individualizados, baseados
na idade, raça, estado imunitário, ambiente, estilo de vida e hábitos de viagem (Day et al.,
2010). Esta deve ser a filosofia e objetivo de todos os Médicos Veterinários assim como de
todos os proprietários de animais de companhia. É de longe mais importante prevenir do
que experienciar doença (Davis-Wurzler, 2006), pois a prevenção é mais eficiente e tem
menos custos comparando com o maneio terapêutico (Hurley e Baldwin, 2012).
Mais ênfase na educação de cães e seus proprietários pode ter efeitos benéficos em
ambas as espécies, abrindo espaço para mais interações sociais e experiencias entre os
dois lados da relação (Miklósi, 2007). Para grupos com extensa proximidade aos seres
humanos, em especial aqueles com saúde debilitada ou comprometida, existe uma especial
apreensão no que concerne doenças infeciosas ou parasitárias zoonóticas, agressão com
21
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
mordida ou alergias. A prevenção deve ser alcançada pela adequada seleção dos animais,
não inclusão de indivíduos alérgicos a animais, existência de controlos adequados para
doenças infeciosas com políticas adequadas à saúde pública e vigilância continua à
resposta a estes programas (Schantz, 1990; Beck, 2000). No entanto, após avaliação de 69
agências norte americanas e 49 canadianas que desenvolvem programas de terapia
assistida com animais em ambiente não hospitalar, constatou-se que apenas 10% tinham
imprimido guidelines para o controlo de doenças zoonóticas e apenas 50% tinham
consultado um profissional de saúde. Estes dados indicam a necessidade para maior
educação nesta área, sendo que os Médicos Veterinários devem ser encorajados a
posicionar-se ativamente no controlo e avaliação destes programas (Waltner-Toews, 1993).
Nos últimos anos, os programas de socialização para cachorros têm-se tornado mais
populares. Estes programas apresentam o cachorro a uma variedade de sons, sinais,
superfícies, equipamentos e interação com diferentes pessoas e cães, num esforço para
assegurar a socialização adequada (Kim et al., 2010). Estas aulas devem ser organizadas e
atingir seis objetivos. O primeiro objetivo é a exposição a seres humanos não familiares
num ambiente amigável e seguro. O ideal é conseguir expor a diferentes seres humanos,
i.e., com diferentes idades, ambos os sexos, diferentes raças ou modos de vestir diferentes.
Desta forma os cachorros vão aceitar um diverso leque de seres humanos como parte
normal do seu ambiente (Crowell-Davis, 2007). Arai et al. (2011) conduziram um estudo
para determinar a importância do contacto com crianças durante o período de socialização
do cachorro, demonstrando que cachorros que contactaram com crianças entre as 3 e as 12
semanas mostraram-se mais calmos e nunca demonstraram agressividade ou
hiperexcitação na presença destes seres, não as sentindo como um estímulo novo e forte
(Arai et al., 2011). O segundo objetivo é a exposição a membros da mesma espécie e
membros de espécies diferentes, podendo usar um gato adulto calmo e amigável ou até um
coelho que se sinta confortável junto de cães. Uma das principais aptidões que um cachorro
pode aprender no período de socialização com a sua própria espécie é a inibição da
mordida. Quando um cachorro morde com demasiada força o seu companheiro de
brincadeira, este late ou termina a brincadeira. Isto serve como punição negativa para quem
mordeu com demasiada força. O terceiro objetivo é a exposição a vários objetos como
22
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
metal, estetoscópios, triciclos, bicicletas, livros ou baldes. Aliás, de facto os exatos objetos
utilizados não são muito importantes com exceção daqueles usados frequentemente em
ambiente hospitalar. O quarto objetivo é a exposição a diversos novos estímulos (sons,
odores e superfícies) sem os associar a experiências de dor ou outras consequências não
prazerosas. Esta exposição pode diminuir a intensidade de resposta a novos estímulos no
futuro. O quinto objetivo, e apesar de as aulas de socialização não serem aulas de treino e
obediência, pode ser benéfico introduzir uma pequena quantidade de educação com
técnicas de reforço positivo (Crowell-Davis, 2007). Este treino é útil na aprendizagem de
comandos básicos (senta, deita, vem, fica), na aprendizagem de passeios à trela e no
controlo do animal quando este está sem trela (Kutsumi et al., 2013). O último objetivo é a
educação do proprietário. Estes ensinamentos podem incluir aspetos como: saúde e
higiene, formas adequadas de medicar o animal, transporte do animal, como usar técnicas
simples de treino em casa com reforço positivo ou quais os brinquedos e jogos mais
adequados a cada período de idade de um cão (Crowell-Davis, 2007).
Existe algum debate sobre a melhor idade para a participação em aulas de socialização,
no entanto é geralmente aceite que deve acontecer no período entre as 7 e as 16 semanas
(Crowell-Davis, 2007), sendo que não devem começar depois das 12 ou 13 semanas de
idade (Griffin et al., 2009). Kersti Seksel (2008) sugere um formato para as aulas de
socialização que consiste num programa de 5 semanas consecutivas de duração de uma
hora cada, na qual a primeira aula deve ser apenas com os proprietários de modo a discutir
vários temas, sem a distração dos cachorros (Seksel, 2008). Nesta primeira aula deve ser
dada informação básica sobre coleiras de cabeça, trelas, reforço positivo, socialização,
como começar o treino em casa, regras e objetivos das aulas. É ainda verificado o boletim
de vacinas e a assiduidade das desparasitações (Griffin et al., 2009). Existem duas formas
de organizar uma série completa de aulas. Uma pressupõe a existência de um grupo fixo de
cachorros que começa ao mesmo tempo e continua pela sequência de aulas em conjunto.
Outro é determinar um horário mas permitir que cada cachorro inicie as classes a qualquer
altura. Desta forma, os animais iniciarão e terminarão a série de classes em diferentes datas
(Crowell-Davis, 2007).
Para um máximo benefício dos proprietários e dos cachorros, as classes devem ser
bem planeadas e conduzidas por pessoal formado e experiente (Seksel, 2008). Alguns
veterinários não concordam que os cachorros devam socializar numa idade precoce devido
ao risco de transmissão de doenças infeciosas como a esgana ou a parvovirose (Kennerly,
2008; Stepita et al., 2013). Pelo contrário, a American Veterinary Society of Animal Behavior
sugere que enquanto o sistema imunitário do cachorro se desenvolve durante os primeiros
23
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O espaço físico utilizado deve ser suficiente para os proprietários e para os animais
se moverem livremente sem estar frequentemente a invadir o espaço uns dos outros
(Crowell-Davis, 2007). Uma vez que as classes devem ser limitadas a um número restrito de
cachorros, sendo estes de pequeno tamanho, o espaço exigido não é de grandes
proporções (Radosta, 2009). O espaço utilizado deve ser indoor com chão impermeável e
facilmente lavável, de material não poroso. Qualquer depósito de urina ou fezes deve ser
imediatamente limpo. Qualquer pessoa que irá tocar nos cachorros é encorajada a lavar
previamente as mãos. Quando os cachorros aparentam ser saudáveis e são vacinados e
desparasitados, e quando as aulas são conduzidas num ambiente limpo, o risco de contrair
uma doença infeciosa é extremamente baixo (Griffin et al., 2009).
Providenciar aulas de socialização para cachorros pode ser um benefício para o corpo
clínico, para o hospital/clínica, para os clientes e para os cachorros (Martin e Martin, 2013).
Estas aulas são uma excelente forma de introduzir novos clientes (Radosta, 2009) e
permitem um estreitamento das ligações entre o cão e o corpo clínico. Um cachorro que
experiencia vivências positivas precoces num hospital/clínica tem maior probabilidade de
gostar de voltar a esse local mesmo à medida que envelhece (Martin e Martin, 2013). Ou
seja, previne-se o desenvolvimento de comportamentos por condicionamento clássico que
se traduzem em respostas de medo ao hospital e ao Médico Veterinário (Crowell-Davis,
24
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2007). Paralelamente, clientes que sentem que os seus cães gostam de ir ao hospital/clínica
veterinária, têm sempre mais probabilidade de lá voltar (Martin e Martin, 2013), aumentando,
assim o número de visitas de rotina (Radosta, 2009).
Uma vez que no decurso destas aulas é fomentada a manipulação do cachorro por parte
de vários seres humanos, esta experiência torna o cão num animal mais tolerante à
manipulação em várias partes do corpo (American Veterinary Society of Animal Behavior,
2008) e num animal mais confiante, tornando-o em última análise num paciente mais fácil.
25
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
citados mostram ainda que as Puppy Parties são insuficientes tanto para a resposta a
comandos como para a socialização, no entanto, tem sido observado que é mais fácil
recrutar participantes para uma Puppy Party do que para um programa de aulas de
socialização para cachorros (Kutsumi et al., 2013).
26
OBJETIVOS
II. OBJETIVOS
Foi também objetivo deste trabalho comparar dois projetos relativos a programas de
socialização (Puppy Party e Aulas de Socialização para Cachorros) e avaliar os benefícios
de cada um, tanto para a saúde do animal como para a saúde pública.
Foi, ainda, objetivo deste trabalho avaliar a necessidade, segundo os resultados obtidos,
de incluir plataformas adequadas de educação para o proprietário no projeto das Aulas de
Socialização para Cachorros.
27
28
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
1. MATERIAL E MÉTODOS
Tabela 1 - Distribuição geográfica das Clínicas e Hospitais Veterinários que participaram no presente estudo.
29
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
60
50
40
30 Total
20 Colaborantes
10
0
Contacto via Contacto pessoal
correio eletrónico
Figura 1 – Gráfico de colunas ilustrativo do número de instituições que aceitaram colaborar no estudo fazendo
comparação entre as instituições contactadas via correio eletrónico e aquelas contactadas pessoalmente.
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CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
n= Z2 (pxq) / E2
31
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
Para todas as questões, a não resposta foi considerada falta de conhecimento (“não
sei”).
32
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
serviço nacional de Correios. Em 5 dias após o envio, seguiu uma mensagem através do
correio eletrónico, a solicitar a confirmação da receção dos questionários. Todas as Clínicas
e Hospitais colaboradores confirmaram a receção dos mesmos. Para os 4 colaboradores
que concordaram participar no estudo e que foram contactados pessoalmente, os
questionários foram entregues pessoalmente.
250
200
150
Total
100
Preenchidos
50 Não preenchidos
Válidos
0
Não válidos
Figura 2 – Gráfico de colunas representativo do número de questionários que foram preenchidos e daqueles que
não foram preenchidos de entre os 220 questionários distribuídos, bem como do número de questionários
33
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
preenchidos, não preenchidos, válidos e não válidos conforme foram sujeitos à técnica de auto-preenchimento
ou de hétero-preenchimento.
2. RESULTADOS
34
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
(29,6%; n=32) e aqueles com idade entre as 16 semanas e 1 ano (12,0%; n=13). Apenas
8,3% (n=9) chegaram a casa do proprietário com mais de 1 ano (Figura 3).
<8sem
8-16 sem
16 sem- 1ano
>1 ano
Figura 3 – Gráfico circular relativo aos resultados sobre a idade de chegada do cachorro ao lar do proprietário.
A maioria dos proprietários (n=61; 56,5%) tinha mais animais em casa e tinha a
experiência de ter tido outro cão em casa (n=68; 63,0%).
Dos inquiridos, 85,2% (n=92) não sabiam o significado do termo “zoonose”. Dentro do
grupo que afirmou conhecer o termo, 12 (11,1%) definiu correctamente o termo e 4 (3,7%)
responderam de forma incorrecta.
Foi solicitado aos inquiridos que indicassem 3 doenças infeciosas caninas. Cerca de
14,8% (n=16) dos proprietários não indicaram qualquer doença, 22,2% (n=24) indicaram 1
doença, 30,6% (n=33) indicaram 2 doenças e 32,4% (n=35) indicaram 3 doenças. No total,
os proprietários indicaram 12 doenças diferentes. No quadro 1 podem observar-se as
doenças mais indicadas e as respectivas frequências. De acordo com o quadro, a doença
mais conhecida foi a raiva (n=66; 61,1%) seguida da leishmaniose (n=35; 32,4%).
35
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
Figura 4 – Gráfico circular referente aos resultados sobre a idade adequada ao inicio da vacinação num
cachorro.
De acordo com os resultados deste inquérito, quase metade dos respondentes (n=53;
49,1%) não sabiam de que doenças o cachorro se está a proteger na primeira vez que o
animal é vacinado. Apenas 1 proprietário respondeu de forma correta a esta questão (0,9%),
22 (20,4%) responderam de forma incompleta e 32 (29,6%) de modo incorrecto.
Quanto ao conhecimento das vacinas obrigatórias para cães em território português, a
maioria dos proprietários respondeu de forma correta à pergunta (n=74; 68,5%), 13,9%
(n=15) responderam de forma incorrecta e 17,6% (n=19) não sabiam.
36
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
A grande maioria (n=83; 76,9%) dos proprietários deste questionário respondeu que o
protocolo vacinal devia ser igual para todos os cães residentes em Portugal
independentemente do local de residência.
Solicitou-se aos proprietários que atribuíssem um grau de importância numa escala de 0
a 5 aos cuidados nos 3 primeiros meses de vida de um cachorro, numa lista atribuída.
Responderam a esta pergunta 103 proprietários. As médias obtidas encontram-se no quadro
2.
De acordo com a média obtida, a máxima importância foi atribuída à vacinação (4,88),
seguida da desparasitação interna (4,71). O grau de importância mais baixo foi obtido no
item “Escovar os dentes de leite”.
Quadro 2 – Médias do grau de importância (0 a 5) atribuida aos cuidados nos 3 primeiros meses de vida de um
cachorro.
Relativamente à idade com que o cachorro deve ser retirado da ninhada para ser
entregue a uma família a maioria respondeu entre as 6 e 12 semanas (n=58; 53,7%). Para
31,5% (n=34) proprietários os cachorros devem ser retirados da família com mais de 12
semanas. Sete (6,5%) responderam que o cachorro deve ser retirado com menos de 6
semanas e 9 (8,3%) não sabiam ou não responderam.
A grande maioria dos inquiridos (n=78; 72,2%) gostaria que o seu cachorro frequentasse
aulas de socialização para cachorros no caso de existir essa disponibilidade e 27,8% (n=30)
responderam negativamente. Neste estudo observou-se associação significativa entre o
desejo de frequentar aulas de socialização e o conhecimento correcto das vacinas
obrigatórias em Portugal (p=0,040). Também se encontrou associação significativa entre o
desejo de frequentar aulas de socialização e a atribuição do grau de importância 4 ao
convívio dos cachorros com cães adultos (p=0,008).
37
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
38
CONHECIMENTOS DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE E DA
SOCIALIZAÇÃO DO CACHORRO
39
40
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
1. MATERIAL E MÉTODOS
2. DESENHOS DESCRITIVOS
Foi realizada, no dia 16 de dezembro de 2012 uma Puppy Party com duração de 3
horas, dedicada a cachorros entre as 8 e as 24 semanas. Estiveram presentes 9 cachorros,
16 proprietários (adultos e crianças), 4 cães adultos e 7 colaboradores humanos (autora, o
diretor clínico do Hospital Veterinário Central na pessoa de Dr. Nuno Paixão, a treinadora da
escola de treino canino Chatuska Dog School na pessoa de Cláudia Miranda, 3
colaboradores do Chatuska Pet Hotel e o fotógrafo na pessoa de Carlos Milho). Segue-se o
resumo das características dos cachorros participantes, no quadro 3.
41
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Quadro 3 – Resumo das características (sexo, idade, raça e porte) dos cachorros participantes na Puppy Party.
Este evento foi realizado em ambiente outdoor, no qual a única barreira física existente
estava colocada entre o perímetro do espaço da festa e a via pública. Pretendeu-se
portanto, que entre os vários animais e entre estes e os proprietários não existisse qualquer
barreira física (vedações ou trelas) de modo a proporcionar um contato social e lúdico livre
entre todos. Assim, todos os proprietários podiam colocar os seus animais no solo e permitir
a deslocação livre por todo o espaço da festa, a escolha de qualquer brinquedo que se
encontrava no solo do espaço da festa, bem como qualquer interação com outros cachorros,
com outros cães adultos ou com outros proprietários.
42
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Código Comportamento
B, C, D, E, G Iniciaram imediatamente comportamentos lúdicos entre eles,
nomeadamente jogos de mordida.
Manteve-se durante 1 hora junto aos seus proprietários demonstrando
apenas alguma curiosidade nas relações sociais apresentadas entre
os cachorros à sua volta. Progressivamente e de uma forma tímida,
A este cachorro iniciou uma interação com alguns do outros cachorros
demonstrando sinais sociais, tais como o movimento da cauda, a
captação de odor dos outros cachorros na zona oral e na zona anal,
interesse pela cauda do companheiro e movimentos circulares e de
perseguição entre eles.
H Manteve-se contido por trela durante todo o tempo da festa uma vez
que demonstrava sinais agressivos para com os outros animais.
I Manteve-se contido por trela por opção dos proprietários, dado ser
invisual. Não obstante, durante toda a festa, este cachorro manteve
contatos sociais adequados para com os outros cachorros, não
participando, no entanto, em nenhuma brincadeira.
Foi contido por trela durante toda a festa por opção da proprietária, já
F que se tratava de uma raça gigante (Grand Danois). Este cachorro
pareceu apresentar maior interesse com cães adultos ou
exclusivamente com a sua proprietária.
43
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
O encerramento da festa foi realizado com a entrega dos diplomas (Figura 11) bem
como a entrega de um brinde para cada cachorro.
O espaço físico proposto para a realização da Puppy Party foi o campo de treino do
Chatuska Dog School. Este espaço é outdoor, construído em terra e totalmente vedado, não
permitindo, assim, a fuga dos cachorros para a via pública. Dentro deste espaço encontra-se
uma área coberta e fechada, que foi útil para guardar o material necessário antes do início
da festa (Figura 26, 27 e 28).
44
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Outro material diverso foi necessário: papel branco em formato A4 para impressão dos
diplomas de participação a entregar no final da festa; máquina fotográfica para registar
vários momentos da festa; sacos de plástico para recolha de fezes.
2.1.3. HORÁRIO
A escolha da data foi pensada de forma a promover uma maior adesão por parte dos
clientes. Neste caso a data escolhida devia: ter alguma proximidade com o dia de Natal visto
ser uma Puppy Party que pretendia celebrar esta época festiva; ocorrer num dia em que a
maioria das famílias se encontrava desocupada das tarefas laborais. Assim sendo, a data
proposta foi um domingo à tarde, mais especificamente o dia 16 de dezembro de 2012,
entre as 15 e as 17:00 horas.
2.1.4. REGRAS
2.1.5. PUBLICIDADE
2.1.6. INSCRIÇÃO
A inscrição dos participantes foi realizada nas mesmas condições em que foi realizada a
publicidade citada no ponto anterior, i.e.: na receção do Hospital Veterinário Central com o
preenchimento do panfleto citado no ponto anterior; através do evento criado na rede social;
através de mensagem por correio eletrónico; no momento do contacto telefónico efetuado
pela organização, conforme supracitado.
2.1.7. CUSTOS
45
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Importa ainda referir que também é objetivo destas aulas a educação do proprietário no
que concerne a saúde, higiene, desenvolvimento comportamental do cachorro linguagem
corporal, teoria da aprendizagem e modificação comportamental. Além do mais estas aulas
podem servir como um espaço para os proprietários se relacionarem com os seus
cachorros, para se relacionarem e partilharem experiências entre si e para se relacionarem
com a equipa clínica num ambiente diferente daquele experienciado durante as consultas
pediátricas. Proporciona-se, assim, uma maior descontração para captação de informação,
bem como uma menor intimidação para colocação de dúvidas.
46
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
O projeto para as aulas de socialização em cachorros teve por base o projeto para a
Puppy Party realizada em dezembro de 2012. Após profunda pesquisa bibliográfica, avaliou-
se as não conformidades do primeiro projeto e efetuaram-se diversas alterações que visam
o alcance de um maior impacto na saúde pública e saúde animal, bem como a diminuição
do risco de transmissão de doenças durante estas aulas.
A sala de aulas é um espaço indoor com espaço suficiente para cachorros, proprietários
e equipa clínica (Figura 37). Até à data esta sala foi frequentada esporadicamente apenas
por seres humanos, durante palestras, congressos e formações ministradas pelo Grupo
VetCentral. A sala está munida de aparelhos informáticos e audiovisuais (computador,
projetor e tela branca) que podem permitir a apresentação de informação aos proprietários
em suporte informático (Microsoft Power-Point®, vídeos, imagens) (Figura 38).
47
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
O chão da sala em questão é constituído por tacos de madeira e por isso será
necessário adquirir material de plástico para cobrir a área estabelecida de modo a manter o
pavimento facilmente lavável. Para além disso será necessário a aquisição de rolos de papel
absorvente, balde e esfregona, detergente comum para o chão, lixivia e sacos de plástico
para recolha de fezes. Como anteriormente referido, junto à sala de aulas encontra-se uma
casa de banho que deve ser fornecida de sabonete líquido para as mãos, desinfetante à
base de álcool para as mãos e toalhetes de papel absorventes.
Para cumprir o objetivo de interação com a mesma espécie e com espécies diferentes,
deve estar disponível: um cão adulto saudável devidamente vacinado e desparasitado cujo
temperamento seja conhecido por parte da equipa; um gato saudável vacinado e
desparasitado cujo temperamento seja conhecido por parte da equipa; e um coelho
saudável desparasitado e confinado na sua jaula.
48
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
As aulas decorrerão durante 5 semanas consecutivas, com duração de uma hora cada,
com exceção da última aula que terá uma duração de duas horas. Cada turma deve iniciar a
primeira aula em simultâneo, terminando assim, um ciclo de aulas em simultâneo também –
Grupo fixo.
O horário deve variar com base nas estações do ano: entre 1 outubro e 15 de maio as
aulas devem realizar-se ao sábado ou domingo de manhã; entre 16 de maio e 30 de
setembro as aulas de socialização devem realizar-se entre segunda e sexta feira com
horário pós-laboral uma vez que, durante esta época, as famílias aproveitam os fins de
semana para atividades lúdicas nomeadamente praia, piscina, piqueniques, passeios, entre
outros, podendo fazer diminuir o número de inscritos se permanecer o horário de Inverno.
De referir, que o horário pode ser adaptado/alterado após verificação da disponibilidade de
todos os proprietários inscritos para essa classe.
Tanto de inverno como de verão, devem existir sempre duas turmas a trabalhar em
simultâneo, desfasadas em relação à data de início das aulas. Ou seja, quando uma turma
iniciar a 3ª aula, deve ser iniciado o ciclo de aulas para uma nova turma. Desta forma, os
proprietários inscritos já após o início da turma, não necessitarão de esperar 5 semanas
para o início de um novo ciclo de aulas. Este é um fator logístico particularmente importante
nestas aulas, uma vez que existe uma janela temporal muito estreita em relação ao período
de socialização de um cachorro.
49
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
A primeira aula deve decorrer sem cachorros, apenas com proprietários. Esta pretende
ser uma aula de introdução que deve incluir 7 tópicos:
1. Apresentação da equipa clínica que estará presente nas aulas e apresentação dos
proprietários à equipa clínica. A troca de dados profissionais e pessoais neste
momento, possibilita a criação de empatia e confiança entre clínicos e proprietários,
possibilitando um ambiente estreito e pessoal durante as 5 semanas. Aliás, este elo
poderá perdurar de futuro se os proprietários desejarem manter o acompanhamento
do seu animal com este hospital e com esta equipa clínica;
2. Presença e respetiva apresentação do diretor clínico do Hospital Veterinário Central
na pessoa de Dr. Nuno Paixão;
3. Preenchimento de inquérito explanado no ponto 2.2.11;
4. Esclarecimentos transmitidos em suporte informático (Microsoft Power-Point®) sobre
o funcionamento do ciclo de aulas, introdução das regras das aulas, explicação do
desenvolvimento comportamental do cão e apresentação dos objetivos e vantagens
das aulas de socialização para cachorros;
5. Decisão por parte dos proprietários sobre o nome da respetiva turma possibilitando
uma intervenção ativa dos proprietários desde o início do ciclo de aulas;
6. Verificação do boletim de vacinas de cada cachorro bem como do calendário de
desparasitações;
7. Esclarecimentos transmitidos em suporte informático (Microsoft Power-Point®) sobre
a promoção da saúde animal e da saúde pública que devem incluir vários tópicos
nomeadamente a definição de uma só saúde e importância da medicina preventiva,
as zoonoses, as principais doenças infeciosas caninas, o protocolo de vacinação e
suas variáveis, o protocolo de desparasitação interna e externa e suas variáveis, as
vantagens da esterilização, os cuidados básicos de higiene, a importância da
medicina comportamental, a agressão com mordida por parte da população canina
e seu impacto na saúde pública, a responsabilidade do proprietário em recolher as
fezes do animal durante os passeios à via pública, as obrigações do proprietário de
cães de raça potencialmente perigosa e a colocação de microchip.
2.2.3.2. AULAS 2,3 E 4
50
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
No final de todas as aulas deve ser reservado um espaço de 10minutos para explicações
informativas sobre a relação e comunicação com o cão bem como sobre o treino de
obediência, esclarecimento de dúvidas e troca de experiências entre proprietários.
A última aula tem uma duração de duas horas. Durante a primeira hora, deve haver uma
continuação das atividades das aulas 2, 3 e 4. Durante a segunda hora, deverá acontecer a
Festa de Finalistas. Esta festa pretende celebrar o fim do ciclo de aulas. Os proprietários
são incentivados a levar bolos e sumos para lanche de convívio sendo que o Grupo
VetCentral deve disponibilizar alimento específico para os cachorros como ração, patê,
biscoitos e ossos artificiais. Esta cerimónia deve ser constituída por: entrega de cartola e
diploma de finalistas a cada cachorro; visionamento de um filme com as fotografias tiradas
ao longo das aulas; entrega de CD aos proprietários com a gravação do respetivo filme;
preenchimento de questionário explanado no ponto 2.2.11; agradecimentos por parte da
equipa clínica aos proprietários; lanche de convívio.
2.2.4. REGRAS
Os cachorros devem ter a desparasitação interna e externa regular. Devem ter recebido
também a vacina intranasal contra Bordetella bronchiseptica e vírus da Parainfluenza e a
vacina contra o vírus da Esgana e Parvovírus específica para cachorros, com um intervalo
de 2 semanas entre as duas. Após a última vacina, os proprietários devem esperar uma
semana até iniciar o ciclo de aulas de socialização. Uma vez que a primeira aula é dirigida
apenas aos proprietários, os cachorros passarão um período de 2 semanas entre a última
vacina e o contato com outros cachorros. Desta forma, a idade mínima aceite para iniciar as
aulas de socialização é às 7 semanas, mas o cachorro só inicia efetivamente as aulas com 8
51
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
semanas de idade. A idade máxima aceite para iniciar as aulas é às 11 semanas de idade,
mas o cachorro só inicia efetivamente as aulas com 12 semanas de idade.
O nome da turma deve seguir uma ordem alfabética seguida por 2 números que
representam o mês e 4 números que representam o ano. Portanto, quando os proprietários
discutirem o nome de determinada turma, na primeira aula, devem ser informados
previamente que o nome deve começar por determinada letra. Seguem-se exemplos: 1ª
Turma - Abóboras.072013; 2ªTurma - Bébés.072013; 10ªturma - Joaninhas.012014.
Esta logística permitirá manter uma base de dados organizada e catalogada, com
informação útil sobre todas as turmas que participaram nas aulas de socialização.
Durante todas as aulas deve estar presente uma banca de venda de produtos para
cachorros nomeadamente alimentação Premium, biscoitos para cachorros, ossos artificiais
para cachorros, mantas e camas, escovas para os dentes, pastas dentífricas, sacos de
biscoitos para treino, clickers, brinquedos diversos, dispositivos que associam o alimento a
momentos de brincadeira, arneses, trelas, coleiras, roupas para cachorros, entre outros.
2.2.7. PUBLICIDADE
Uma vez que as aulas de socialização são uma novidade no Hospital Veterinário
Central, é extremamente importante dar a conhecer este projeto ao maior número de
proprietários. Por isso devem constar panfletos publicitários na receção do Hospital
Veterinário Central, lojas, hotel e escola de treino. Para além disso, em cada consulta
52
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
pediátrica, o Médico Veterinário deve ser responsável por entregar esse panfleto ao
proprietário e dar a conhecer este projeto. O panfleto informativo deverá ser ainda enviado,
por correio eletrónico, para todos os clientes.
Para além disso, o Grupo VetCentral deve contatar alguns criadores e associações da
zona com vista a informá-los sobre este programa e estabelecer algumas parcerias, de
modo a encaminhar os cachorros vendidos/adotados nesses locais para estas aulas. Assim,
estas parcerias devem: incentivar o criador/associação a administrar as vacinas exigidas
para estas aulas; incentivar o criador/associação a informar os proprietários sobre este
programa e suas vantagens; manter panfletos informativos nestes locais.
2.2.8. INSCRIÇÃO
Para além disso, todos os proprietários podem solicitar uma sessão de esclarecimento
grátis com a equipa clínica responsável pelas aulas de socialização. Esta sessão não
pretende abordar qualquer patologia comportamental que possa eventualmente existir, mas
sim esclarecer sobre o funcionamento das aulas de socialização, objetivos, metas,
benefícios, custos, entre outros. O proprietário pode optar por inscrever-se apenas após
esta sessão de esclarecimento.
2.2.9. FORMAÇÃO
Uma vez que a inscrição para as aulas de socialização pode ser efetuada em todos os
espaços comerciais do Grupo VetCentral, é extremamente importante que todos os
funcionários tomem conhecimento desta atividade e que conheçam as regras de inscrição
53
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
O custo do ciclo completo das aulas bem como qualquer promoção instituída deve ser
da total responsabilidade do gestor financeiro do Grupo VetCentral.
Cerca de 30 dias após o final do ciclo de aulas, todos os proprietários devem ser
contatados via telefone pela organização, de modo a verificar o estado de saúde de cada
cachorro bem como o grau de satisfação relativamente às aulas de socialização.
2.2.12. ADAPTAÇÕES
54
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Materiais estimulantes,
materiais médicos,
gravação de sons, D - Coelho e gato
animais de espécies
diferentes, cão adulto
Desparasitação e
vacinação regulares para
os animais E - Máquina fotográfica
colaboradores
Caixa de primeiros
socorros para humanos e
para cachorros
Figura 5 – Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o tópico: espaço físico
e material.
55
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Cachorros, proprietários
e equipa clínica Ciclo de aulas com 5
presentes semanas consecutivas,
F - Grupo fixo
simultaneamente na sala com duração de uma
de aulas, em todas as hora cada
aulas
H - Adaptar horário à
disponibilidade dos
proprietários
I - Duas turmas a
funcionar em simultâneo
L - Festa de finlistas
Figura 6 – Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o tópico: horário e
calendário de aulas.
56
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Regras
M - Nome da turma
Desparasitação
Idade mínima aceite: 7 conforme ordem
interna e externa
semanas alfabética seguida por
regulares
mês e ano
Vacina intranasal
contra Bordetella Idade máxima aceite:
bronchiseptica e 11 semanas
Parainfluenza virus
Continuação do
protocolo vacinal,
desparasitação interna
e externa durante o
ciclo de aulas
Instruir os
proprietários para não
levar animais que
aparentem doença
Figura 7 – Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para o tópico: regras.
57
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Panfletos publicitários
em vários locais O - Parceria com
estratégicos criadores e associações
Informação sobre o
prgrama durante as P - Método de inscrição
consultas pediátricas
Contactar proprietários
30 dias após o final das Q - Formação dos
aulas colaboradores
R - Gestão financeira
S - Avaliação e Follow-up
Figura 8 – Ilustração dos itens considerados obrigatórios, aconselháveis e opcionais para os tópicos: livro do
cachorro, venda de produtos, publicidade, inscrição, formação, custos e promoções, avaliação e follow-up.
58
DOIS PROGRAMAS DE SOCIALIZAÇÃO PARA CACHORROS – DESENHOS DESCRITIVOS
Sugestões
A Partilha de informação em papel (cartazes, posters, panfletos).
B Instruir os proprietários para a obrigatoriedade de levarem para as aulas, sacos
para recolha de fezes.
C Os materiais usados bem como a sua quantidade devem ficar sob decisão da
organização.
D Podem ser utilizadas outras espécies animais.
E Não utilizar máquina fotográfica para registar os momentos das aulas.
Grupo rotativo, em que é permitido cada cachorro iniciar as aulas em momentos
F diferentes do ciclo de aulas. Não obstante, cada cachorro deve experienciar o
mesmo número de aulas.
G Existir o mesmo horário durante todo o ano.
H Não adaptar o horário à disponibilidade dos proprietários.
I Existir apenas uma turma.
J Nome da turma decidida pela equipa clínica ou não existir nome para a turma.
L Não existir celebração final.
M A escolha do nome ser completamente aleatória sem qualquer organização.
N Não existir venda de produtos durante as aulas.
O Não existir parcerias com criadores e/ou associações.
P Método de inscrição mais adequado e funcional segundo as características do
hospital.
Q Não existir formação dos colaboradores.
R Gestão financeira mais adequada segundo as características do hospital.
S Não existir avaliação das aulas de socialização.
59
60
DISCUSSÃO
V. DISCUSSÃO
O livro Genetics and the Social Behavior of the Dog de John Paul Scott e John L. Fuller
retrata o extenso programa de investigação que estes dois autores desenvolveram no
Roscoe B. Jackson Memorial Laboratory em Bar Harbor, de forma a estudar o
desenvolvimento comportamental do cão com particular enfoque para os aspetos sociais
(Scott e Fuller, 1965). Este estudo marcou o início da grande evolução da medicina
comportamental do cachorro dos últimos 50 anos. Os conhecimentos atuais sobre esta
matéria, nomeadamente o desenvolvimento comportamental do cachorro, a teoria dos
períodos críticos ou sensitivos e a importância dos programas de socialização, permitem
que a medicina veterinária e a sua prática clínica sejam, progressivamente, mais completas
por forma a oferecer aos clientes humanos e animais um plano que abrange a saúde física,
a saúde comportamental e a saúde pública. É nesta sequência de desenvolvimento e
evolução da medicina veterinária comportamental que a autora se propôs ao
desenvolvimento de um programa de socialização para cachorros – Puppy Party (PP) - num
evento singular com duração de 3 horas, que reuniu vários cachorros e proprietários e no
qual foi permitida a interação livre, ainda que supervisionada, entre a mesma espécie e
entre as duas espécies (canídeos e humanos). No entanto, após pesquisa bibliográfica,
foram detetadas várias inconformidades neste projeto, surgindo, assim, a necessidade de
construir um novo projeto mais completo, que pudesse colmatar essas falhas e que pudesse
ter maior impacto não só na saúde animal, como também na saúde pública e no ambiente –
Aulas de Socialização para Cachorros (ASC). De facto, o projeto das ASC partilha o mesmo
conceito-base do projeto da PP sendo no entanto um evento prolongado por 5 semanas
consecutivas, o que poderá permitir estender e desenvolver os objetivos supracitados bem
como os seus efeitos a longo prazo, tal como foi sugerido num estudo em 2013 de Kutsumi
e seus colaboradores (Kutsumi et al., 2013).
61
DISCUSSÃO
entendimento sobre este facto. Aliás, foi também esta doença a mais frequentemente
apontada como doença infeciosa canina (61,1%), seguida pela doença parasitária
Leishmaniose (32,4%). A perceção sobre estas duas doenças pode estar justificada por
razões temporais opostas. Ou seja, relativamente à raiva, a autora sugere que este facto
pode estar relacionado com a antiguidade do decreto-lei que instituiu o programa nacional
de luta e vigilância epidemiológica da raiva animal – decreto-lei nº39209 de 1953 – bem
como a antiguidade daquele que instituiu a obrigatoriedade para a vacinação contra esta
doença – decreto-lei nº317 de 1985 - existindo portanto cerca de 60 anos de educação para
esta patologia. Parece assim pertinente, a realização de outros estudos que permitam
averiguar e comparar a percentagem de proprietários que compreende as suas outras
obrigatoriedades legais, designadamente a colocação de identificação eletrónica ou as
obrigações dos proprietários de cães perigosos e potencialmente perigosos, de forma a
delinear estratégias que possibilitem uma melhor transmissão de informação que não se
baseie apenas no espaçamento temporal. Isto porque, segundo Overall (1997) os animais
de companhia têm vindo a tornar-se uma indústria muito regularizada e os Médicos
Veterinários fazem parte deste processo. Assim, estes profissionais necessitam não só de
saber como também necessitam transmitir a forma como a legislação pode afetar a sua
prática, os seus clientes e os seus animais (Overall, 1997).
62
DISCUSSÃO
Association, 2011). Por outro lado, todas as experiências que promovem uma adequada
socialização obtiveram médias inferiores à referida: de 4,39 a 3,75. De facto, este resultado
é incoerente com o facto de a maioria dos inquiridos (81,5%) ter atribuído igual importância
à transmissão de doenças infeciosas e à prevenção de alterações comportamentais
caninas. Esta incongruência poderá estar relacionada com duas condições seguidamente
explanadas. Em primeiro lugar, o tipo de resposta exigido era diferente para as duas
questões, i.e., a primeira questão referida estava formulada para a determinação em escala
numérica enquanto a segunda questão referida estava formulada como escolha múltipla. A
autora sugere que a escolha múltipla pode ter suscitado algum sentimento de culpa no
momento do inquirido assinalar que considerava uma área mais importante, em completo
detrimento de outra, optando, assim, por assinalar ambas igualmente importantes. Desta
forma, a questão sobre a importância destas duas áreas preventivas, pode não espelhar
verdadeiramente o conhecimento/opinião da população inquirida. Em segundo lugar, a
ignorância relativamente aos meios de prevenção de problemas comportamentais caninos,
i.e., o desconhecimento de que uma das formas de prevenir comportamentos indesejados é
através de uma adequada socialização o que exige, segundo Messer (2006) a exposição a
seres humanos, cães, outros animais de companhia, áreas, superfícies e sons (Messer,
2006). As aulas de socialização podem ser consideradas como uma forma de vacinação
contra futuros problemas comportamentais (Crowell-Davis, 2007), no entanto, os resultados
deste estudo sugerem um desconhecimento dos proprietários para este facto.
63
DISCUSSÃO
Para além disso, a autora considerou importante não cingir apenas à 1ªaula, a
transmissão de vários assuntos pertinentes. Desta forma, ao longo das restantes aulas a
equipa clínica deve prolongar a educação dos proprietários, emitindo várias explicações
sobre a relação social e comunicação com o cão pois segundo Kuhne e seus colaboradores
(2012), a complexa e subtil forma de comunicar usada pelos cães através de posturas
corporais e expressões faciais é diferente daquela usada pelos seres humanos,
maioritariamente focada na linguagem verbal. Esta diferença pode conduzir a alguns
desentendimentos quando os gestos realizados pelos humanos são interpretados pelos
animais de uma forma diferente daquela que motivou o ser humano a realizá-los (Kuhne et
al., 2012). De facto, os proprietários podem emitir respostas e sinais inapropriados a certo
tipo de padrões comportamentais durante a comunicação com os seus animais que,
inadvertidamente, podem ajudar a iniciar ou potenciar possíveis problemas comportamentais
(Jagoe e Serpell, 1996). Além disso, as explicações e informações ao longo de todas as
aulas também se devem focar na relação afetiva e na importância do treino de obediência,
uma vez que, segundo Beck (2000), controlar os conflitos entre as expetativas dos
proprietários e a natureza do cão é uma das mais importantes questões na área da saúde
pública e bem-estar animal (Beck, 2000).
À luz destes factos, o 1º projeto pareceu insuficiente no que concerne à educação dos
proprietários e ao seu impacto na saúde pública uma vez que parece difícil que uma única
experiência de 2 ou 3 horas onde o principal objetivo é promover as relações sociais entre
cachorros e seres humanos, seja, em paralelo, um fórum de discussão de ideias,
experiências e educação que consiga abranger todos os temas supracitados. Isto porque,
sabendo tratar-se de uma experiência singular, os proprietários parecem ter mais interesse
em observar o comportamento dos cachorros e em conviver com estes do que focar-se e
64
DISCUSSÃO
O estudo executado neste trabalho não demonstrou uma relação significativa entre a
experiência do proprietário e o maior ou menor conhecimento sobre os cuidados de saúde
do cachorro e/ou a prevenção de patologias comportamentais. No entanto, um estudo de
Jagoe e Serpell (1996) sugere que os problemas comportamentais são mais frequentes em
cães que têm proprietários inexperientes não só devido à falha de comunicação, como
anteriormente referido, como também pelo insucesso na seleção do cão, uma vez que a
expressão de muitos padrões comportamentais do animal envolve fortes influências
genéticas que podem não ser compatíveis com esses proprietários. Além do mais, este tipo
de proprietários pode ser mais sensível na perceção dos padrões comportamentais dos
seus animais, ou seja, é possível que estes proprietários tendam a reportar com mais
facilidade ou exagerar a existência de problemas comportamentais (Jagoe e Serpell, 1996).
Estudos mais abrangentes, nomeadamente em relação ao número de amostra utilizada e à
área geográfica em estudo, serão necessários para permitir conclusões mais detalhadas
relativamente à influência da inexperiência nos conhecimentos sobre os cuidados de saúde
e sobre o comportamento animal.
65
DISCUSSÃO
de ASC traduz-se num cartão de boas-vindas a essa empresa, sendo claro que a
probabilidade desses clientes manterem o acompanhamento de saúde do seu animal
nessas instalações é muito maior.
A idade mínima aceite em ambos os projetos (PP e ASC) baseou-se não só na teoria
dos períodos sensitivos como também no calendário de vacinação. Isto porque idealmente
este programas seriam iniciados no começo do período de socialização, i.e., 3 semanas de
idade. No entanto, este fator obrigaria a que os cachorros participantes não tivessem
adquirido nenhuma vacinação, fator que poderia aumentar o risco de contágio de doenças
infeciosas. Segundo as bulas das vacinas da empresa Intervet – Nobivac (2009), a vacina
intranasal contra Bordetella bronchiseptica e Parainfluenza só deve ser administrada a partir
das 3 semanas de idade e a primeira vacina contra Parvovirus e vírus da Esgana deverá ser
administrada às 6 semanas de idade. Para além disso, deve respeitar-se um período de 14
dias entre a administração das duas vacinas e um período adicional de 10 dias entre a
administração da última vacina e a exposição ao ambiente. Desta forma, pareceu mais
adequado, para ambos os projetos optar pelas 8 semanas de idade como limite mínimo à
participação em ambos os projetos.
66
DISCUSSÃO
fisiológico como a nível comportamental entre um cachorro com idade incluída no período
de socialização e um cachorro com idade incluída no período juvenil. Aliás, são estes dois
factores que ditam a divisão do desenvolvimento do cão em 5 fases. Atendendo a este facto,
a autora considerou fundamental incluir no projeto das ASC, um limite de idades claramente
definido que cinge a permissão apenas a cachorros com idades compreendidas no período
de socialização. Além do mais, e sabendo que a socialização é um processo contínuo que
ocorre durante toda a vida do animal (Batt et. al, 2008) e, portanto frequentar aulas para
juvenis também pode ser benéfico (Crowell-Davis, 2007), a autora considera a importância
de desenhar um futuro projeto de socialização e treino de obediência para juvenis, com
atividades planeadas e adaptadas especificamente para esta faixa etária. Há que referir, que
estas evidências devem ser transmitidas aos proprietários frequentadores das ASC,
tornando-os conscientes de que é importante continuar com os programas de socialização e
treino de obediência para os seus animais.
67
DISCUSSÃO
68
DISCUSSÃO
estendia-se também aos cachorros participantes uma vez que os respetivos boletins de
vacinas não foram verificados no início da PP. Estes factos estão em inconformidade com o
princípio assumido pela autora da máxima prevenção da transmissão de doenças entre os
participantes.
As doenças infeciosas são uma grande ameaça à saúde dos cachorros e contribuem
para o aumento da mortalidade dos mesmos (Evermann e Kennedy, 2011). E portanto, as
medidas adotadas para o 2º projeto pretendiam colmatar a falhas supracitadas. Animais
corretamente desparasitados não transmitem parasitas através das suas fezes (Beck, 2000),
e animais corretamente vacinados deixam de ser fonte de transmissão e perpetuação de
agentes que causam doença (MacLachlan e Dubovi, 2011). Portanto pareceu, assim,
impreterível colocar no 2º projeto, uma diretriz que obriga ao controlo por parte da equipa
clínica sobre a assiduidade dos protocolos vacinais e de desparasitação de todos os animais
envolventes no programa de ASC, bem como uma publicidade adequada às regras de
higiene exigidas para a participação.
O espaço indoor do Chatuska Pet Hotel escolhido como local para executar o ciclo de
ASC do 2º projeto, permite um maior controlo ambiental, pois é possível a desinfeção do
mesmo. Além do mais, a própria localização da sala de aulas proporciona o contato nulo
entre os participantes e animais doentes: o Chatuska Pet Hotel está separado em cerca de 3
km do Hospital Veterinário Central; o acesso à sala de aulas (escada e hall) é utilizado única
e exclusivamente por seres humanos; a sala de aulas foi esporadicamente utilizada para
ministração de palestras e conferências.
Por último, importa referir que as ASC são um excelente meio para a elaboração de
estudos com cachorros e/ou proprietários, uma vez que existe o contacto com estes 2
intervenientes bem como a observação do desenvolvimento comportamental dos primeiros,
durante 5 semanas consecutivas. Em 2013, Stepita e seus colaboradores desenvolveram
um estudo referente à aferição do risco de contração da parvovirose entre um grupo de
participantes de ASC e um grupo de não participantes (Stepita et al., 2013). Parece
pertinente a continuação deste estudo para outras doenças e, posteriormente, ao avaliar os
fatores de risco, seguir com um estudo referente às possíveis adaptações relativamente às
condições de higiene mais adequadas para a realização destes programas, de forma a
diminuir o risco de transmissão de doenças entre cachorros. Além do mais, é também
possível desenvolver alguns estudos sobre o impacto das ASC na relação entre o
proprietário e o seu cachorro bem como o impacto na educação dos primeiros. De referir
que a aquisição de uma base de dados organizada com os contatos de todos os
69
DISCUSSÃO
A relação entre cães e seres humanos no século XXI revela uma progressiva
proximidade que, de facto, tem suscitado o interesse da comunidade científica em
reconhecer os possíveis efeitos benéficos que esta relação pode incutir na vida humana.
Desta forma, parece essencial a criação de programas e estruturas que possibilitem a
atuação ativa e simultânea nos proprietários e nos animais. Um cão adequadamente
socializado é um animal com menor probabilidade de aquisição de patologias
comportamentais nomeadamente a agressividade social, da mesma forma que é um animal
mais fácil para construir uma relação e mais fácil de manipular seja pelo proprietário (banho,
escovagem, medicação, higiene das unhas, entre outros) seja pelo Médico Veterinário. Um
proprietário consciente e educado é aquele com expetativas mais realistas em relação ao
seu companheiro, é aquele que compreende a importância das visitas regulares ao Médico
Veterinário bem como a promoção da saúde do seu animal e que conhece as suas
obrigações enquanto proprietário perante a via pública, perante outros animais e perante os
outros cidadãos. Consequentemente, a união entre um cão adequadamente socializado e
um proprietário adequadamente educado irá traduzir-se em animais mais saudáveis e
cuidados e numa relação mais completa da qual maior benefício pode ser retirado dela.
Segundo Beck (2000) evitar conflitos entre cão e o proprietário é uma das formas mais
eficientes de diminuir o abandono dos cães bem como reduzir a agressividade social (Beck,
2000). Desta forma, melhorar a relação entre o ser humano e o fantástico ser que é o cão,
pode traduzir-se em última análise num menor número de eutanásias relativas tanto aos
cães errantes como aqueles com graves problemas comportamentais.
Hospitais/Clínicas Veterinárias que oferecem este tipo de programas aos seus clientes,
são instalações não só com maior potencial de ganhos económicos como também se
revelam instituições de saúde veterinária mais completas, abrangendo todas as vertentes da
saúde animal e atuando ativamente na promoção da saúde pública. De facto, uma das
responsabilidades dos Médicos Veterinários é proteger não só a saúde animal como
também a saúde e bem-estar dos seres humanos (Schwabe, 1984; Pappaioanou, 2004). E
70
DISCUSSÃO
Apesar de existirem problemas reais, também existem soluções reais (Beck, 2000)
71
72
CONCLUSÃO
VI. CONCLUSÃO
A relação entre o ser humano e o cão tem vindo a ser construída desde há milhares de
anos, culminando, no século XXI, numa proximidade ímpar que implica não só uma ligação
social e afetiva como também uma ligação entre a saúde dos dois intervenientes e entre
estes e o ambiente que os envolve. Desta forma, nos dias de hoje, a responsabilidade do
Médico Veterinário não se cinge apenas à saúde animal mas estende-se também à saúde
dos seus clientes, i.e., à saúde pública. Portanto, pode concluir-se que urge a necessidade
de abordar e explorar esta temática procurando solucionar os variados problemas que
podem brotar desta proximidade.
Concluiu-se também que as ASC podem ser um eficaz meio para alcançar este objetivo
bem como um meio que beneficia o cão, o cliente, a instituição veterinária e o Médico
Veterinário. De facto, as ASC pretendem ser uma útil ferramenta para que estes
profissionais possam desempenhar as suas funções e responsabilidades de uma forma
mais completa, respondendo à evolução da relação entre o Homem e o cão bem como à
constante evolução da medicina veterinária. Para além disso este tipo de programas podem
ser um excelente meio de prosseguir com futuros estudos tanto na área comportamental
como na área da saúde pública.
73
CONCLUSÃO
podem evoluir e alcançar de forma mais eficaz os objetivos delineados pelos autores, uma
vez que a ciência não conhece a inércia.
74
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82
ANEXOS
ANEXOS
Chamo-me Inês Isabel Nunes Coelho e sou aluna do 6º ano do Mestrado Integrado
em Medicina Veterinária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A minha
dissertação de mestrado é subordinada ao tema: Aulas de socialização para cachorros e
seu impacto na saúde pública, sob a orientação da Professora Doutora Ana Cláudia Coelho
e co-orientação do Professor Doutor David Orlando Ferreira. Para além de uma primeira
revisão bibliográfica, pretendo recolher dados para aferir os conhecimentos sobre os
cuidados de saúde em relação ao cachorro e a importância dada às aulas de socialização
para esta faixa etária. Estes dados serão recolhidos entre o mês de abril e maio junto de
proprietários frequentadores de clínicas e hospitais veterinários do distrito de Setúbal.
Assim, venho por este meio solicitar a vossa colaboração no meu estudo. Gostaria
de vos enviar por correio ou entregar pessoalmente na vossa clínica/hospital os
questionários supracitados.
Melhores cumprimentos,
Inês Coelho
XIV
ANEXOS
4) Espécie(s) Idade
XV
ANEXOS
9) A primeira vez que o seu cachorro é vacinado, de que doenças se está a proteger?
11) O protocolo vacinal deve ser igual para todos os cães residentes em Portugal
independentemente do local de residência? Sim Não
12) Classifique a importância dos seguintes cuidados nos primeiros 3 meses de vida de
um cachorro
0 (nada importante) para 5 (muito importante)
13) Com que idade deve um cachorro ser retirado da ninhada para ser entregue a uma
família?
14) Se disponíveis, gostaria que o seu cachorro frequentasse aulas de socialização para
cachorros? Sim Não
XVI
ANEXOS
Comentários:
XVII
ANEXOS
ANEXO III – Fotografias dos colaboradores e dos cães adultos fantasiados com motivos
natalícios. Puppy Party, 16 de dezembro 2012, cedidas gentilmente por Carlos Milho.
Figura 9 – Colaboradoras do Chatuska Pet Hotel fantasiadas com motivos natalícios, bem como cão adulto de
porte gigante.
Figura 10 – Colaboradora fantasiada com motivos natalícios, bem como cão de porte miniatura.
XVIII
ANEXOS
XIX
ANEXOS
XX
ANEXOS
Figuras 17, 18, 19 e 20 – Interação social com jogos de mordida entre o cachorro B e o C (ver Quadro 3).
XXI
ANEXOS
Figura 23 – Cachorro H (ver Quadro 3) e proprietária. Momento final da festa no qual já não se encontravam
animais no campo de treino e assim foi possível retirar a trela deste cachorro.
XXII
ANEXOS
XXIII
ANEXOS
Figura 26 – Escola de treino Chatuska Dog School. Pormenor do gradeamento que envolve todo o campo de
treino que é utilizado como barreira física entre o campo e a via pública.
XXIV
ANEXOS
Figura 27 – Escola de treino Chatuska Dog School. Pormenor do solo coberto por terra. De referir que no dia 16
de dezembro de 2012 não exisitiam aparelhos de treino no espaço utilizado pelos cachorros.
Figura 28 – Escola de treino Chatuska Dog School. Pormenor do pequeno abrigo localizado dentro do campo de
treino.
XXV
ANEXOS
ANEXO VII – Panfleto publicitário à realização da Puppy Party. Executado pela autora.
XXVI
ANEXOS
ANEXO VIII – Fotografias do local proposto para a realização das Aulas de Socialização
para Cachorros – Chatuska Pet Hotel. Fotografias de autor.
Figura 31 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Interior - área comum que permite o acesso à zona privada e à sala de
aulas.
Figura 32 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Interior - área comum. Pormenor da entrada para casa de banho.
XXVII
ANEXOS
XXVIII
ANEXOS
Figura 35 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Exterior - escada que permite o acesso à sala de aulas.
Figura 36 – Estrada privada de acesso ao edificio Chatuska Pet Hotel. Pormenor do solo em asfalto com espaço
suficiente para albergar o estacionamento das viaturas dos proprietários.
XXIX
ANEXOS
Figura 37 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Interior - sala de aulas montada para receber palestras.
Figura 38 – Mapa do Chatuska Pet Hotel. Interior - sala de aulas. Pormenor dos aparelhos audiovisuais.
XXX
ANEXOS
XXXI
Hospital HVC 24h Hospital Veterinário Central
21 297 77 20
Charneca 21 297 87 40
HVC Store
Paivas 21 254 63 61
Santa Marta 93 886 53 83
Cova da Piedade 93 685 21 96
2013
27
Calendário
Período de Socialização
Vacina intranasal contra
Tosse do Caril
Erupção dos dentes de leite “Quem consegue deixar de rir quando uma criaturinha tão cómica,
26
Preparar 10 Perguntas para a nossa equipa
Vai abrir as portas de sua casa a mais um elemento da família. O laço Qual o protocolo vacinal e de desparasitação mais indicado
que vos vai unir durará para toda a vida. Venha descobrir o mundo dos para o meu cachorro?
cachorros, as suas necessidades e cuidados de saúde; venha descobrir
como cuidar do seu cachorro com Paixão! Comece por preparar a sua Como funcionam as Aulas de Socialização para cachorros?
chegada com alguns diasv de antecedência. Quais as condições exigidas?
Se tem piscina, preocupe-se em vedá-la de modo a que o seu cachorro ESPERAMOS POR SI!
não possa cair nela.
4 25
Durante as fases Juvenil e Adulta, o treino e obediência são essenciais Trela e Coleira
para que o seu animal saiba viver na sua “matilha”. O Grupo VetCentral
dispõe de uma escola para cães nesta tarefa, que por vezes se revela tão Existe no nosso mercado uma variadíssima oferta de trelas e coleiras.
complicada. Os nossos serviços incluem obediência, aulas de grupo, Escolha a que mais gostar mas acima de tudo escolha uma de material
aulas individuais, treino ao domicílio, regime de internato, iniciação ao resistente e adequada ao tamanho do seu cachorro.
desporto, petsitting e daycare... Por isso, contacte-nos!
Acrescente à coleira uma chapa identificativa com nome, morada e
Segundo o art.21, capítulo IV do decreto-lei nº 315/2009, os detentores telefone.
de cães potencialmente perigosos são obrigados a promover o treino dos
mesmos, com vista à sua socialização e obediência.
SNOOPY Rua do Snoopy, 53
Segundo o ponto 1, art.24 do decreto-lei nº 46/2013, o treino previsto 96 xxx xx xx
no ponto anterior só pode ser ministrado por treinador possuidor do
respetivo título profissional.
Primeira consulta
Repouso
Mesmo antes de acolher em sua casa o seu novo companheiro e amigo,
pode deslocar-se ao HVC e pedir uma consulta de aconselhamento.
Os cachorros dormem durante muitas horas e este período deve ser
Esclareça todas as suas dúvidas, a nossa equipa médico-veterinária está
respeitado. Assim, não deve acordar o seu cão com gritos ou
disponível 24 horas para esclarecer, informar e aconselhá-lo. Todos temos
movimentos bruscos, é preferível despertá-lo com festinhas e carinho.
um princípio em comum...A PAIXÃO PELOS ANIMAIS!
24 5
Brincar e Brinquedos O período de socialização é um período onde ocorre um importante
processo de aprendizagem:
Os cachorros adoram brincar, ceda todos os dias algum tempo da sua
rotina para as vossas brincadeiras. Cachorro aprende a aceitar a proximidade de elementos da sua
espécie bem como de espécies, ambiente e estímulos diferentes.
Escolha brinquedos de diferentes formas, tamanhos e texturas, ele vai Cachorro aprende a lidar com o meio envolvente de uma forma
gostar da variedade. adequada, isto é, de uma forma não agressiva.
Cachorro forma relações e parcerias sociais com cães, outros
Se optar por bolas, escolha um tamanho grande de modo a ser animais e com seres humanos.
impossível ser deglutida.
Um período de socialização errado pode levar a que o seu cachorro se
Não brinque com objetos domésticos (sapatos, meias, almofadas) para torne um cão adulto com comportamentos desadequados ao mundo que
não dar a ideia que todos esses objetos servem para brincar. o rodeia como, por exemplo, o medo ou a agressividade. Estes problemas
só tendem a quebrar o elo de ligação entre si e o seu animal.
Durante as vossas brincadeiras evite puxar o brinquedo para si enquanto
o cachorro estiver a mordê-lo pois pode causar algumas alterações nos
dentes de leite (que são mais frágeis) e, consequentemente, na erupção Aulas de Socialização no Hospital Veterinário Central
dos definitivos. Para Cachorros a partir das 7 semanas
Nunca use ossos verdadeiros como alimento ou como brinquedo, Seja um proprietário informado sobre o comportamento e a saúde do
pois estes podem lascar e provocar feridas ou obstruções graves no trato seu cachorro; Seja um proprietário informado sobre a sua intervenção na
digestivo. Opte por comprar ossos artificiais, à venda nas nossas lojas Saúde Pública.
ou em qualquer supermercado. Os ossos artificiais são um excelente Ensine comandos básicos ao seu cachorro.
substituto pois são saborosos, têm um efeito mecânico benéfico nos dentes Conheça melhor o seu pequenote, fortaleça a vossa ligação.
e satisfazem a necessidade do cachorro em roer objetos. Escolha um osso Previna futuros problemas comportamentais.
artificial adequado ao tamanho da boca e dos dentes do seu amiguinho. Tenha um cachorro sociável com o mundo que o rodeia.
6 23
Não utilize a trela para bater no seu cachorro. Este objeto deve ser
associado a experiências positivas e não a castigos.
Comportamento
Se vive em zonas urbanas não se esqueça de levar para cada passeio
sacos de plástico para recolher as fezes do seu cachorro.
A área da medicina comportamental foi durante muito tempo uma
matéria subvalorizada e até menosprezada. No entanto, nos tempos mais É obrigatório que todos os cães circulem na via pública junto do seu
recentes foi finalmente reconhecida a sua importância para a prevenção proprietário presos por trela. No caso de animais potencialmente perigosos
de problemas comportamentais, prevenção do e segundo o ponto 2, art. 13, capítulo II do decreto-lei nº315/2009, é
abandono dos animais e sua eutanásia, e ainda para a prevenção da saúde obrigatório o uso de açaime funcional que não permita comer nem morder
pública. No HVC pode marcar a sua consulta com um Médico Veterinário durante os passeios à via pública. É ainda obrigatório estar seguro com
experiente nesta área e tirar todas as suas dúvidas! trela curta até 1m de comprimento, fixa à coleira ou peitoral.
Cães Perigosos
Transição
2ª semana - 3ª semana Qualquer animal que se encontre numa das seguintes condições: tenha
mordido, atacado ou ofendido o corpo ou a saúde de uma pessoa; tenha
ferido gravemente ou morto outro animal, fora da esfera de bens imóveis
Socialização
3ª semana - 14ª semana que constituem a propriedade do seu detentor; tenha sido declarado
voluntariamente pelo seu detentor, à junta de freguesia da sua área de
residência que tem um caracter e comportamentos agressivos; tenha sido
Juvenil considerado pela autoridade competente como um risco para a segurança
14ª semana - Maturação sexual de pessoas ou animais(segundo alínea b, art. 3, capítulo I do decreto-lei
nº315/2009).
Adulto
Maturação sexual - Morte Cães Potencialmente Perigosos
Qualquer animal que, devido às características da espécie, ao
comportamento agressivo, ao tamanho ou à potência da mandíbula, pode
causar a morte a pessoas ou outros animais (segundo alínea c, art. 3,
capítulo I do decreto-lei nº315/2009).
22 7
Pit Bull Terrier Staffordshire Bull Terrier Leishmaniose
Dogue Argentino Staffordshire Terrier Americano
A Leishmaniaspp. é um parasita transmitido ao cão através da picada
Rottweiler Cruzamentos de 1ª geração destas do flébotomo. Portugal é um país endémico e, assim, mais de 20% da
população canina está afetada.
Tosa Inu raças, cruzamento destas entre si, ou
Algumas espécies de Leishmania também são transmitidas ao Homem,
Cão de Fila Brasileiro cruzamento destas com outras raças por isso trata-se de uma doença zoonótica
Segundo Portaria nº 422/2004 de 24 de Abril
Flébotomo
Br
8 21
Identificação eletrónica (Microchip) Aconselhe-se com a nossa equipa sobre qual o tipo de instrumento mais
adequado para escovar o seu cão.
A identificação eletrónica para além de obrigatória pelo decreto-lei
nº313/2009 é essencial nos domínios sanitário, zootécnico, jurídico e Em geral, os cachorros têm muito menos pelagem comparativamente
humanitário, pois visa tanto a defesa da saúde pública, como animal, bem a um exemplar adulto, no entanto a escovagem regular é igualmente
como o controlo da criação, comércio e utilização. importante pois é uma forma de habituar o cachorro a um procedimento
que será indissociável da sua vida adulta.
A colocação de microchip é obrigatória por lei para:
todos os cães nascidos depois de 1 de Julho de 2008; Aproveite a escovagem para inspecionar o pelo e a pele do seu
todos os cães de raças potencialmente perigosas; companheiro bem como a possível existência de parasitas como pulgas
todos os cães utlizados em atos venatórios; ou carraças.
todos os cães em exposição para fins comerciais ou lucrativos.
Unhas
Atualmente e se o cão se insere numa destas 4 categorias, só pode ser
vacinado com a vacina contra a Raiva se for possuidor de microchip. É possível adquirir um corta-unhas numa loja para animais e cuidar
você mesmo das unhas do seu cão. No entanto, é essencial que se sinta
O microchip deve ser colocado entre os 3 e os 6 meses de idade. confiante e preparado para esta ação, pois um corte de unhas inadequado
pode dar início a um sangramento difícil de estancar. Se não se sente
O microchip só pode ser colocado por um Médico Veterinário em preparado, é preferível delegar esta função para a nossa tosquiadora.
qualquer Hospital ou Clínica Veterinária ou pelo Médico Veterinário
Municipal. Banho
Nunca utilize champôs ou gel de banho destinados ao consumo humano
Após a colocação do microchip, o Médico Veterinário irá entregar- pois a probabilidade de irritar a pele do seu animal é muito elevada.
lhe duas folhas devidamente preenchidas. Deve deslocar-se à Junta de
Freguesia da sua área de residência acompanhado dessas folhas e proceder Peça aconselhamento junto da nossa
ao registo do seu animal. equipa para lhe indicar qual o tipo de
champô mais adequado para o tipo de
pelo do seu cachorro.
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Olhos Esterlização
Tal como nos humanos, a lágrima que é seca pelo ar transforma-se Esterilização é um procedimento que torna os machos e as fêmeas
em pequenas crostas vulgarmente denominadas de remelas. É comum incapazes de produzir descendência.
encontrarmos estas crostas junto do pelo no canto médio do olho. É
possível limpá-las com uma compressa e soro ou água morna. A esterilização definitiva é conseguida através de um procedimento
cirúrgico denominado por ovariohisterectomia (no caso das fêmeas)
De modo algum esfregue em demasia os olhos do seu cachorro ou e orquiectomia (no caso dos machos). Este procedimento só pode ser
utilize produtos oftalmológicos que não foram prescritos pelo seu Médico realizado por um Médico Veterinário e acontece sob anestesia geral.
Veterinário.
A esterilização cirúrgica deve ser realizada nos primeiros meses de vida
A atenção frequente para os olhos do seu cachorro permitir-lhe-á detetar antes que o seu cachorro atinja a maturidade sexual.
qualquer alteração antecipadamente. Nessa altura deverá deslocar-se ao
Hospital Veterinário Central e pedir uma consulta oftalmológica. Não deve optar pelos contracetivos orais (pílula) pois para além de
não serem um método definitivo, trazem imensos efeitos prejudiciais ao
Orelhas organismo do seu animal.
Cuide!
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A desparasitação interna é feita através da administração de um ou mais
comprimidos por via oral.
Os Dentes
As normas de desparasitação tanto interna como externa devem ter
em conta algumas características individuais do animal, tais como a
idade, estado fisiológico, dieta, habitat e tempo que passam no exterior. Os dentes estão inseridos em duas peças ósseas, a mandíbula e
Aconselhe-se connosco sobre a frequência e princípio ativo mais indicado a maxila. O direto contato entre a maxila e a cavidade nasal revela a
para o seu pequenote. importância da saúde oral uma vez que várias patologias estomatológicas
poderão culminar em patologias ao nível nasal como por exemplo, a
sinusite. Para além disso, a presença de bactérias na cavidade oral poderá
A desparasitação interna pode ser iniciada aos 15 dias de idade e causar efeitos graves, tanto a nível local como sistémico. Além do mais,
repetida todos os meses até aos 6 meses de idade. Na maioria dos cães e a dor sentida na cavidade oral fará diminuir a ingestão de alimento e,
a partir dessa idade pode fazê-lo três vezes por ano. consequentemente, de nutrientes essenciais.
Todos estes motivos devem ser um alerta para si! Cuide da boca do
seu cão, os benefícios de tal hábito estarão refletidos em todo o organismo.
Desparasitação externa
Erupção dos dentes de leite .......................................3 semanas
Muitas doenças são transmitidas por pulgas e carraças, como é o
caso da Babesiose, Erlichiose ou Hepatozoonose. Assim, desparasitar o Dentição de leite completa (32 dentes).......................5 meses
seu cachorro implica não só a prevenção de doença no seu cachorro,
mas também a prevenção da introdução destes parasitas no seu lar. Este
é um fator extremamente importante, especialmente quando os animais Dieta
convivem diretamente com crianças.
Uma medida essencial consiste na administração de uma dieta
Existem várias marcas e apresentações no mercado. Os desparasitantes equilibrada. O desenvolvimento dos dentes e do esqueleto do cachorro
externos podem ser em spray, pipeta ou coleira. Escolha o que mais lhe processa-se em simultâneo e assim o cálcio, fósforo e magnésio são
convier e siga as instruções sobre a dosagem e frequência de administração essenciais para a erupção de dentes saudáveis.
que se encontram na embalagem. Qualquer dúvida, contacte-nos!
A ração seca é preferível à ração húmida pois permite obter o efeito
Tenha em conta que os parasitas externos são mais comuns nos meses mecânico de fricção do croquete no dente e, assim, diminuir a formação de
quentes, a prevenção nestas alturas do ano deve ser ainda mais atenta. tártaro. Mas atenção, nesta fase de crescimento, deve haver um equilíbrio
entre o grau de dureza e o efeito mecânico pois os dentes ainda estão em
Deve desparasitar externamente o seu cachorro com a mesma frequência maturação. Este efeito mecânico pode ainda ser ampliado pela inclusão
da desparasitação interna, ou seja: iniciar aos 15 dias de idade e repetir de um importante ingrediente, o fosfato de cálcio ativo. Este quelante do
todos os meses até aos 6 meses de idade. A partir desta idade deve falar cálcio limita a presença do cálcio salivar e assim retarda a calcificação da
com o seu Médico Veterinário para ajustar o método, princípio ativo e placa dentária. Procure este ingrediente na hora de escolher a ração do
frequência mais adequados ao estilo de vida do seu animal. seu cachorro.
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Uma dieta terapêutica dentária está contraindicada em animais em fase Primovacinação Doenças
de crescimento dentário (menos de seis meses). 6 semanas Esgana e Parvovirose
DICAS Este é o esquema vacinal inicial indicado para a maioria dos cachorros.
No entanto, existe ainda a opção de vacinar o seu cachorro contra a
Existem vários tipos de escovas para cães que podem facilitar o Bordetella bronquiseptica e o vírus da Parainfluenza(Tosse do canil)a partir
processo, em especial aquelas que encaixam no seu dedo. das 3 semanas de idade. Aconselhe-se connosco.
Nunca use uma pasta dentífrica para uso humano. Procure nas
nossas lojas uma pasta especificamente formulada para animais. Aconselhe-se com o seu Médico Veterinário sobre o calendário de
revacinação mais adequado ao seu animal.
Escove os dentes com movimentos circulares que envolva tanto o
dente como o bordo da gengiva. Aconselhe-se com o seu Médico Veterinário sobre a necessidade de
vacinar para outras doenças.
Antes e depois da escovagem não poupe o seu amiguinho aos seus
mimos...tente que este seja um momento minimamente agradável. O princípio básico da vacinação exige que vacinemos um animal livre
de doença, o que significa que não podemos vacinar nenhum animal
doente ou suspeito de doença pois isso conduziria a uma imunização
incompleta.
A queda dos dentes de leite
Um protocolo vacinal só deve ser iniciado depois de desparasitar
Entre os 4 e os 7 meses de idade ocorre a erupção dos dentes definitivos. convenientemente o seu cachorro e nunca o inverso ou simultaneamente.
Há um acréscimo de 4 dentes molares na maxila e 6 na mandíbula e Desparasitação interna
portanto a dentição completa de um adulto é composta por 42 dentes.
Existem vários bichinhos que se desenvolvem e parasitam alguns
No período de queda dos dentes de leite é normal haver alguma halitose órgãos do cão como o fígado, o intestino ou o coração. A desparasitação
(mau hálito) e alguns dentes de leite podem escurecer. Enquanto os dentes interna impede que estes parasitas entrem no organismo do seu animal,
caem é possível que o cachorro engula alguns deles...é normal. se desenvolvam e reproduzam, e sejam transmitidos a outros animais,
incluindo o Homem.
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Se por algum motivo precisar de mudar o alimento (motivos económicos,
Alimentação
intolerância alimentar, não aceitação do alimento, entre outros) faça-o de
forma gradual aumentando a proporção do alimento novo e reduzindo a
do alimento antigo no espaço de uma semana, evitando assim, diarreias
ou outras alterações no trato digestivo.
Cada etapa da vida tem necessidades e exigências nutricionais
Controle regularmente o peso do seu cachorro, é uma forma de certificar concretas que devem ser tidas em conta na hora de estabelecer uma dieta
o crescimento saudável bem como a condição corporal adequada. equilibrada para cada animal. Uma
dieta equilibrada é aquela que combina
vários ingredientes que são capazes de
Saúde Animal+Saúde Humana proporcionar toda a energia e nutrientes
=Uma só saúde essenciais, necessários para manter o
animal num nível de saúde adequado
tanto à etapa como ao seu estilo de
O HVC abre-lhe as portas 24 horas por dia para cuidar da saúde vida. Nesta fase do crescimento é essencial que opte por uma ração de
do seu cachorro. Os nossos Médicos Veterinários podem aconselhá-lo qualidade superior. Nas nossas lojas comercializamos várias marcas de
sobre qual o programa preventivo mais adequado ao estilo de vida do seu qualidade extrema. Cuide da saúde do seu cachorro, invista na melhor
companheiro. Os cuidados de saúde variam essencialmente com os riscos alimentação.
a que o seu cachorro está exposto e, portanto, com o seu meio envolvente.
Naturalmente, o programa vacinal ou de desparasitação de um animal
que vive em casa num ambiente urbano é obrigatoriamente diferente de A escolha
um animal que vive em ambiente rural, que trabalha como cão de caça ou
como cão pastor. Nesta fase da vida é muito importante que escolha alimentos de
As Zoonoses são doenças que podem ser transmitidas entre o qualidade superior (alimento premium) e específico para cachorros.
animal e o Homem tal como a Raiva, Salmonelose, Brucelose, Leptospirose
ou vários parasitas intestinais como Taeniaspp. Assim, cuidar da saúde do Existem 4 tipos de alimento: Premium, Corrente, Caseiro e Terapêutico.
seu animal traz benefícios não só para o próprio, como para si, a sua
família e a saúde pública. Cuide da saúde do seu cachorro, cuide da saúde Premium É o alimento de eleição, principalmente para
de todos nós! cachorros. É composto por duas fontes distintas de carne, tem elevada
digestibilidade (e portanto maior absorção de nutrientes) e tem maior
Vacinação densidade energética. A adequação nutricional é garantida por ensaios
experimentais (de acordo com a AAFCO) e por isso no rótulo pode
Em Portugal apenas uma vacina é obrigatória por lei: a vacina contra observar a designação “dieta completa e adequada de acordo com testes
a Raiva. No entanto, existem outras doenças infeciosas igualmente experimentais”. Comparativamente ao alimento corrente, tem maior
importantes, que podem ser eficazmente prevenidas com a administração palatabilidade e os cachorros adoram-na! Este tipo de alimento só é
de vacinas: Esgana, Parvovirose, Hepatite Infeciosa Canina, Leptospirose vendido em estabelecimentos autorizados como é o caso das nossas 4
e Tosse do Canil. lojas.
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Corrente Este tipo de alimento é encontrado em qualquer Em geral, o alimento seco é preferível em relação ao húmido. No entanto,
supermercado. Apresentam baixo teor em gordura e em proteína de este último pode ser vantajoso em alguns casos específicos como seja a
origem animal, portanto a sua palatabilidade é baixa. São completos e anorexia, extração completa de dentes, recobro, entre outros.
equilibrados tendo apenas por base a sua composição química e não
ensaios experimentais (como no caso da alimentação Premium). A sua É muito importante escolher um alimento adequado à raça e porte do seu
grande vantagem é o fator económico, pois são muito mais acessíveis. No cachorro pois o tamanho e textura dos croquetes devem estar adequados
entanto, é importante que saiba que uma alimentação de qualidade inferior ao tamanho dos dentes e potência da mandíbula.
pode proporcionar algumas doenças do foro digestivo, urinário, ósseo ou
articular e portanto aquilo que eventualmente poupou na alimentação, irá Na hora de escolher um alimento para o seu cachorro, olhe para as
gastar no tratamento. indicações e rótulo da embalagem. Peça também conselhos à nossa
equipa: opte por uma alimentação equilibrada, opte por uma vertente
Dieta Caseira A dieta caseira é possível, sendo no entanto uma preventiva!
alternativa pouco exequível, uma vez que é difícil obter um alimento
equilibrado e adequado às necessidades do cachorro, nomeadamente a
quantidade e fonte de energia, proteína, gordura, cálcio, fósforo, NaCl Maneio
(cloreto de sódio, vitamina A e tiamina. Queremos ainda salientar que não
deve confundir este tipo de alimentação formulado especificamente para
os animais com os restos de comida humana... esses são completamente Até aos 6 meses deve administrar 3 refeições diárias devidamente
proibidos na dieta do seu cachorro. doseadas de acordo com o peso do cachorro (pode aferir a dosagem
correta na embalagem).
Terapêutico Este tipo de alimento só deve ser adquirido após
prescrição do Médico Veterinário. Está indicado para situações patológicas Sirva as refeições sempre à mesma hora, no mesmo recipiente
específicas como a diabetes mellitus, insuficiência renal, obesidade, entre (devidamente limpo) e no mesmo local. Crie uma rotina alimentar com o
outros. seu cachorro, pois faz parte da sua educação.
Todos os tipos de alimentação (exceto a caseira) podem ser apresentados Junto do recipiente de alimento deve estar outro com água fresca sempre
em sacos de ração ou em latas de patê. disponível.
Alimento seco (ração) Alimento húmido (lata) Quando quiser lavar os recipientes de comida e/ou água pode fazê-
% Água < 14% > 60% lo com os detergentes da loiça para uso humano, no entanto não use a
Durabilidade Elevada Reduzida mesma espoja que usa para a sua loiça!
Preço Mais económico Mais dispendioso
Habitue o seu cachorro a que lhe seja retirado o recipiente de comida
Vantagens É muito prático e fácil Muito palatável enquanto ele está a comer. Pode devolvê-lo logo a seguir, o importante é
de dosear que ele perceba que não deve ser agressivo nem possessivo em relação ao
Efeito mecânico seu alimento.
benéfico nos dentes
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