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vores Google Sociedade das Ciéncias Antigas MANUAL DO COMPANHEIRO FRANCO MAGOM POR Aldo Lavagnini ESTUDO INTERPRETATIVO DOS SIMBOLOS E ALEGORIAS DO SEGUNDO GRAU MAGONICO ‘TRADUZIDO DO ORIGINAL ESPANHOL: “MANUAL DEL COMPARERO FRANCO MASON” BUENOS AIRES - 1955 DEDICADO AOS IRMAOS COMPANHEIROS Este segundo grau no qual fostes admitido, € 0 resultado natural dos vossos esforgos; primeiramente: tendo aprendido, tereis de provar, ou seja, demonstrar na prética, com uma atividade fecunda, os vossos conhecimentos ¢ reconhecimentos interiores. Nisso essencialmente se insere a qualidade de Companheiro, ou obreiro da inteligéncia construtora, no qual se converteu como resultado de um aprendizado fiel e perseverante. Sua iniciagdo efetiva nessa arte, como obreiro ou artista, 0 faz companheiro de todos os que praticam em comunhio de ideais e objetivos, compartilhando © pio dos conhecimentos ¢ capacidades, adquiridos por meio do estudo ¢ da experiéncia, como resultado dos esforgos numa atividade ttl e construtiva, O sentimento de solidariedade ou companheirismo que nasce de to intima comunhao, é, e deveria ser a caracteristica fundamental deste grau macdnico. O aprendiz, em virtude de seus conhecimentos ainda rudimentares, e de sua incapacidade simbstica para uma obra realmente eficiente, por nao ter sido ainda provadas sua perseveranga ¢ firmeza de propésitos, nfo pode sentir ainda esta solidariedade que nasce do sentimento de igualdade com os que praticam a Arte; sendo que deve esforgar-se constantemente para estar alinhado com os Princfpios, e poder chegar assim em nivel com aqueles que se estabeleceram nos mesmos. A liberdade € 0 ideal ¢ a aspiragio do Aprendiz, cujos esforgos se dirigem principalmente a libertar-se dos julgo das paixdes, dos erros e vicios; j4 que cada vicio é um vinculo que o detém, retardando 0 seu progresso. Por meio do esforgo vertical, simbolizado pelo prumo (em sentido oposto a gravidade das propensdes negativas que constituem a polaridade inferior de seu ser), chega a conquistar aquela liberdade que s6 se encontra na fidelidade aos Ideais, Prinefpios e Aspiragdes mais elevados de nosso ser. A igualdade deve ser a caracteristica principal do Companheiro que aspira elevar-se interiormente até 0 seu mais elevado Ideal e, em conseqiiéncia, a0 nivel dos que se esforgam no mesmo caminho e para as mesmas finalidades. Enquanto para a fraternidade nio pode ser, se ndo o resultado de haver-se identificado de uma maneira ainda mais intima com seus irmaos, quaisquer que sejam as diferengas exteriores que, como barreiras, aparentam elevar-se algumas vezes entre os homens. ‘Sem divida, o aprendizado que o Aspirante terminou simbolicamente, ao ser admitido no segundo grau, ainda nao esté coneluido: onde quer que estejamos e em qualquer condigZo, em qualquer grau ‘magdnico nao deixamos de ser aprendizes, porque sempre temos algo a aprender. E este desejo ou atitude para aprender & a condigdo permanente de toda possibilidade de progresso interior. Porém a qualidade de aprendiz. deve agregar-se algo mais: a capacidade de demonstrar e colocar em prética em atividade construtiva os conhecimentos adquiridos, e por meio desta capacidade realizadora é como se chega a converter-se em verdadeiros Companheiros. Igualmente, a capacidade de alcangar um estado mental de firmeza, perseveranga ¢ igualdade no os dispensa da necessidade de seguir esforgando-se para estar constantemente em prumo com os seus ideais, principios € aspiragdes espirituais. Cada grau mag6nico simboliza, pois, uma condigto, qualidade, prerrogativa, dever © responsabilidade que se somam &s precedentes sem que nos dispensem de cumprir com as mesmas. Portanto, & qualidade de Companheiro deve agregar-se a de Aprendiz de maneira que, sem que 4 cesse 0 esforgo de aprender e progredir, esta atividade se faga fecunda e produtiva, segundo o expressa o sentido da palavra que indica a passagem do primeiro ao segundo grau. Assim pois, por haver sido admitido em um grau superior, ndo deveis esquecer vossa instrugio de Aprendiz, nem tampouco deixar de continuar estudando e meditando o simbolismo do primeiro grau: 0 malho, o cinzel e 0 esquadro no sio menos necessérios pelo fato de que aprendestes também 0 uso do compasso, da alavanca e da régua, que 0s complementam, porém nio os substituem. Cada grau mag6nico é, sobre tudo, um novo grau de compreensio da mesma doutrina, um grau situado além da capacidade no uso dos mesmos instrumentos, cujas infinitas possibilidades dependem somente de nosso desenvolvimento interior. Com 0 mesmo malho e cinzel, far o hhumilde canteiro ao principio de sua carreira, uma pedra toscamente lapidada; 0 obreiro esperto um trabalho muito mais proveitoso para os objetivos da construgio; um artista de maior habilidade saberé fazer dela um capitel ou outra obra ornamental, Porém o escultor que sabe expressar na ‘mesma pedra um ideal de beleza, fard dos mesmos instrumentos um uso infinitamente superior, € 0 valor de sua obra ser por certo muito maior. © mesmo ocorre com os graus mag6nicos, caracterizados tanto por uma maior capacidade no uso dos primeiros e fundamentais instruments da Arte, como por novos instrumentos simbélicos desconhecidos nos primeiros graus. Porém, o uso sempre perfeito dos instrumentos elementares, € 0 que tomna titeis e proveitosos os demais instrumentos, que de nada serviriam, para aqueles que nao tivessem aprendido ainda a manejar os primeiros. Nao esquegais, portanto, a0 ingressar nessa segunda etapa de vossa carreira magOnica, que todo ‘vosso progresso nela, como na sucessivas, dependem de vossa crescente capacidade de interpretar 0s elementos fundamentais do simbolismo da Arte, aprendendo a vivé-los e realizé-los de uma forma sempre mais perfeita e proveitosa; ja que cada grau ndo € outra coisa que uma melhor, mais iluminada, elevada € profunda compreensio e realizagao do programa de Aprendiz, que sera para sempre a base do Edificio Mag6nico, dado que no seu simbolismo esta concentrada toda a doutrina que se desenvolve e se explica nos graus sucessivos. PRIMEIRA PARTE 0 DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA MAGONARIA MODERNA grau de Aprendiz, busca a resposta 4 pergunta (de onde viernos?) ¢ a esse grau compete 0 estudo das origens primeiras da nossa ordem, as quais tivemos buscando no primeiro Manual desta série, assim também é especial a competéncia do segundo grau simbélico em responder & pergunta (quem somos ?), estudando a histéria da Magonaria Moderna. Os princfpios da Magonaria, conforme os conhecemos atualmente, se devem principalmente 20 estado de decadéncia em que se encontravam, ao fim do século XVI, os antigos grupos de construtores, assim como as demais corporagdes de oficio, que tinham florescido nos séculos anteriores, alcangando 0 seu apogeu prOximo ao fim da idade média. As causas dessa decadéncia foram por um lado a diminuigio do fervor religioso que seguiu a Reforma, de maneira que a construgdo das igrejas foi cedendo seu lugar a outros edificios profanos, tanto piiblicos como privados; e também por um grau maior de especializagio dos operdrios nos respectivos trabalhos, e 5 a falta de conveniéncia por parte desses, de seguirem reunindo-se em associagdes organizadas para a prética de uma arte determinada. Precisamente por esta razio, no mesmo século XVII, havia se estendido a prética de admitir nos grupos de construtores, membros honorérios (magons aceitos), ainda inteiramente estranhos 3 prética da arte de construir, porém que cooperavam para proverem materialmente e moralmente esses grupos. O dia em que estes magons-aceitos comecaram a prevalecer sobre os de oficios, e se thes concederam cargos de dirego (dos quais estavam excluidos anteriormente), foi precisamente 0 ponto que assinalou a transformagdo conhecida com nome de magonaria operativa em especulativa; ainda que o desenvolvimento de um carter teve de ser mais gradual, entretanto de nenhuma ‘maneira necessariamente implicado pela presenga dos membros honordrios, apesar do néimero destes. A GRANDE LOJA DE LONDRES: Assim foi que, em 1717, 08 escassos membros remanescentes de quatro lojas londrinas, que tinham os seus lugares de permanéncia (segundo 0 costume naquela época), em quatro diferentes hospedarias, decidiram celebrar juntos na hospedaria do Manzano sua reuniao anual de 24 de junho (dia de Sao Joao Batista), Nessa reunitio, que depois se tomou tradicional por essa razao hist6rica, ‘sem que os seus participantes pudessem dar-se conta disso, tratando de buscar uma solugo para as suas condigdes, que nos ltimos tempos se encontravam cada vex menos prosperas. Os presentes decidiram juntar-se na, que depois (em 1738) passaram a chamar uma Grande Loja, elegendo para presidi-la oficiais especiais, que deviam promover a sua prosperidade. Esses foram: Ant6nio Sayer, homem desconhecido e de modesta condigio, inteiramente estranho 20 oficio de pedreiro, que foi nomeado Grio Mestre; Jacob Lamball, carpinteiro; José Elliot, capitio; foram eleitos grandes vigilantes’. Dados que essas Lojas no eram as \inicas ento existentes (algumas das outras, como de Preston chegaram até os nossos dias) no hé davida de que de nenhuma maneira poderia tratar-se entio de eleger a um “Grio Mestre dos Magons”, que para tal ndo tinham autoridade, se nao apenas dessas quatro Lojas, ndo se podendo sequer assegurar-se que tal titulo foi efetivamente utilizado nessa ocasidio, ainda que poderia muito bem ter sido; com esta atribuigdo restrita. Sem diivida, somente depois, e por mérito de homens que, sob diversas circunstincias foram atraidos a essa “Grande Loja”, que as denominagdes de Grdo Mestre e Grande Loja adquiriram real significado e importincia. O desenvolvimento futuro de nossa Instituicdo, a partir dessa modesta reunio, no estava de nenhuma forma condicionado A mesma, e s6 se deve & Forga Espiritual que aproveitou e vivificou esse pequeno € modesto agrupamento do qual brotou um movimento que se estendeu para toda a superficie da terra. Sempre so, pois, as idéias, as que operam no mundo, por sobre os individuos que se fazem seus meios, veiculos e instrumentos. E na forga das idéias, que animam e inspiram os homens, que se deve todo o progresso e toda a obra ou instituig’o de alguma importancia, por traz daqueles que aparecem exteriormente como seus fundadores e expoentes. No que particularmente se refere & Maconaria, no hé davida que suas origens mais verdadeiras, vao muito além desses homens de boa vontade e de mediocre inteligéncia que unicamente se preocuparam em salvar suas lojas da decadéncia que as ameacava, por meio da unifio das mesmas. Deve-se buscar essas origens na Idéia Espiritual central, que oculta no seu cerne, o verdadeiro segredo mag6nico, assim como das demais idéias relacionadas com aquela, das quais se fez, em diferentes momentos e circunstancias especiais. A essa idéia central, ainda oculta e secreta para a maioria de seus adeptos, também devemos 0 Conjunto de tradigdes, alegorias, simbolos e mistérios, que tem vindo se apropriando, e em parte criando e modificando, para embelezar e dar maior brilho a seus trabalhos, cujas origens, como a de seus cerimoniais, so antiquissimos, tendo nos sido transmitindo através de diferentes civilizagdes que se desenvolveram sucessivamente sobre 0 nosso planeta. Desse ponto de vista esti perfeitamente justificado 0 empenho dos primeiros historiadores mag6nicos, comegando com Anderson, e dos que fizeram ou adaptaram os seus rituais, para relacionar nossa instituigo com todos os movimentos espirituais e tradigGes misticas iniciéticas da antigitidade, segundo também tratamos de faze-lo no manual do Aprendiz. Pois se € certo que a Maconaria Moderna tem sua iniciagao nessa fortuita agremiagio de quatro Lojas que juntando-se, puderam salvar-se da dissolugdo a que pareciam inevitavelmente destinadas - como so todas as coisas que nao sabem renovar-se quando chega 0 momento oportuno - e que, dessa maneira prosperaram muito além de suas expectativas, nfo é menos certo que souberam recorrer em segredo a heranga de todos os segredos, mistérios e tradigdes, assim como souberam fazer-se 0 recepticulo das grandes € nobres idéias que constituem um fermento vital e um impulso renovador no meio em que atuavam. E se pela natureza da obra pode-se reconhecer o artista que a concebeu e realizou, julgamos a Magonaria pela mistica beleza de seu conjunto simbélico- ritual, a essa obra sem diivida nao se pode dar outro qualificado que no 0 de Magistral. em sua esséncia mais intima e profunda, qualquer que possa ser sua filiagdo exterior € aparente, niio pode ser se nio Obra de Mestre na acepgio mais profunda da palavra. Essa esséncia intima é o Logos, ou verdadeira palavra que deve buscar-se em toda Loja Justa e Perfeita, a idéia espiritual que nela se deve realizar. Essa mesma idéia, cujas latentes possibilidades foram depois se desenvolvendo - a maioria delas esperam ainda a oportunidade para vir & luz. - tem sido a semente da frvore poderosa que representa a Magonaria Moderna : um meio destinado ao reconhecimento e & pritica da fraternidade, um crisol de idéias e um movimento libertador das consciéncias e dos povos. PRIMEIROS DIRIGENTES Nas sucessivas assembléias solsticiais de 1718 e 1719 foram eleitos Grandes Mestres da Grande Loja de Londres, respectivamente, Jorge Payne e Juan Te6filo Desagulier, 0 primeiro dos quais tomou novamente o malhete presidencial de 1720. A esses dois homens se devem, 0 nascimento da Grande Loja ¢ 0 impulso espiritual renovador, assim como as linhas ideolégicas que depois caracterizaram a Magonaria Moderna. O primeiro, ex- funcionério governamental, homem muito ativo, enérgico e de posigdes liberal, parece haver sido levado a sociedade, a que levou o prestfgio de sua personalidade e de suas numerosas relagdes sociais, por sua a afeigao pelas antigtidades. O segundo, nascido em La Rochelle e filho de um pastor Hugonote, tedlogo e jurista, amigo pessoal de Newton e vice-presidente da Real Sociedade de Londres, contribuiu sobre tudo, especialmente em colaboragio com Anderson, para o desenvolvimento de sua parte ideol6gica. Esses também foram os que atrairam para a Sociedade outras eminentes personalidades como Duque de Montague quem, em 1721, aceitou a nomeagio de Grio-Mestre, sucedendo G. Payne. A eleigio, feita com a representagdo de 12 Lojas, de um membro da nobreza, foi sem divida muito acertada quanto ao objetivo de assegurar para a Ordem prestigio e prosperidade material: tornou-se, 7 pois, moda © pertencer @ Magonaria, buscando-se nela uma espécie de titulo de reputagdo ¢ honradez. Se fez entdo necesséria a formulag3o de uma maneira mais clara e completa dos estatutos ¢ regulamentos da Ordem, sobre a base das antigas Constituig6es colecionadas por G. Paynes, e das “General Regulations “ compiladas pelo mesmo no segundo ano de sua presidéncia. Desta forma, 0 Duque de Montague solicitou ao Rev. Jaime Anderson, que foi valiosamente assistido em sua obra por G. Paynes e J. T. Desagulier, para os quais colocou “as antigas constituiges Goticas” em uma forma nova e melhor. Assim nasceu 0 Livro das Constituigdes dos Franco-Magons, tratando da historia, deveres & regulamentos daquela antiquissima e mui-venerdvel Fraternidade. © manuscrito foi examinado pela primeira vez por uma comissio de 14 Irmdos, nomeada no fim do mesmo ano de 1721 pelo Duque Montague, e foi aprovado em 25 de margo seguinte, com as emendas sugeridas pelos mesmos, depois do que ordenou a sua impressio, estando 24 Lojas representadas na assembléia. livro foi publicado e foi presenteado solenemente por Anderson na assembléia da Grande Loja que se verificou no dia 17 de janeiro de 1723, sendo entdo confirmado e proclamado Grio-Mestre 0 Duque de Wharton, quem se havia feito nomear como tal no dia 24 de junho do ano anterior, numa assembléia convocada irregularmente por ele mesmo. Foi sucedido pelo Conde de Dalkeith, continuando-se depois com 0 mesmo costume de eleger-se para 0 cargo de Grdo-Mestre um membro destacado da nobreza. A CONSTITUIGAO DE ANDERSON ‘A Obra de Anderson foi sempre considerada nos ambientes Magénicos com muita benevoléncia, sem indagar-se até que ponto seu livro das constituigdes comespondia com a Obra “Las Antiguas Constituciones Goticas” que no nos foram transmitidas, e passando por cima das faltas, erros, omissdes ¢ invengdes que pudessem conter. A hist6ria legendaria das origens MagOnicas que aqui se relata, repousa, como € natural, sobre A Biblia, livro que para os povos anglo-saxdos foi sempre objeto especial de veneracdo, Caim e seus descendentes como os descendentes de Seth, se consideram como os primeiros edificadores, ‘mencionando-se a continuagao a Arca de Noé, que mesmo sendo de madeira foi fabricada segundo 05 prinefpios da geometria e das regras da Magonaria. Noé e seus trés filhos foram, assim, “verdadeiros Macons que, depois do diltivio, conservaram as tradigdes € artes dos antediluvianos e a transmissio ampla a seus filhos. Depois do qual, se menciona os Caldeus ¢ os Egipcios e aos descendentes de Jafet que emigraram as ilhas “Gentiles”, como todos igualmente habeis na Arte MagOnica. Considera-se os israelenses, a0 sair do Egito, como todo um povo de magons, bem instrufdos sob a lideranga de seu Grdo-Mestre, Moisés, que as vezes os reuniu numa loja geral regular” Finalmente se fala na construgdo do ‘Templo de Jerusalém, por Salomao, sendo Hiran 0 Mestre da Obra. Também a Nabucodonosor, depois de haver destruido e saqueado esse mesmo Templo, Ihe & atribuido haver posto o seu coragdio na Magonaria, construindo as muralhas e os edificios da sua cidade, auxiliado pelos habeis artifices da Judéia e de outros pafses que haviam sido levados cativos para a Babil6nia. 8 Também cita-se 08 gregos, a Pitdgoras, os Romanos ¢ os Saxdes, que com natural disposigdo para a ‘magonaria, apressaram-se a imitar os Asidticos, Gregos ¢ os Romanos na instalagiio de Lojas, tragando-se uma hist6ria suméria sobre o desenvolvimento da Arte magOnica na Inglaterra. ‘Somente na segunda edigio da obra, redigida no ano de 1738, se dava escassas noticias sobre a fundago da primeira Grande Loja que teve lugar em 1717, dizendo-se somente na primeira edigao que naquela época, em Londres e em outros lugares floresciam diversas e dignas lojas individuais que celebravam um conselho trimestral e uma junta geral anual para nelas conservar sabiamente as formas e os usos da mui antiga e venerivel Ordem, cuidar devidamente a Arte Real e conservar a argamassa da Fraternidade, afim de que a Instituigdo parecesse uma abdbada bem ajustada DEVERES MAGONICOS ‘Segue uma compilagdo dos Deveres de um Franco-Magao “retirados de antigos documentos”, que tratam : (1) de Deus e da religiao, (2) do chefe de estado e dos seus subordinados, (3) das Lojas, (4) dos Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes, (5) dos trabalhos das Oficinas, (6 da conduta em Loja bem como fora da mesma, em passos perdidos, em presenga de profanos, no lar e na vizinhanga. No que conceme a Deus ¢ a Religido dizem : “um magom esta obrigado, como tal, a obedecer a lei moral; e, se bem compreende a Arte, nunca se ser um ateu estipido, nem um libertino irreligioso. “Ainda que, antigamente, 0s magons estiveram obrigados, em cada pais, a praticar a correspondente religido, qualquer que fosse, estima-se atualmente oportuno que se hes imponha outra religido, fora daquela sobre a qual todos os homens esto de acordo, deixando-Ihes toda a liberdade no que concerne as suas opinides particulares. Assim, pois, € suficiente que sejam homens bons e leais, honrados e probos, qualquer que sejam as confissdes ¢ convicgdes que 0s constituam” Assim a magonaria seré o centro de unido € © meio para estabelecer uma sincera amizade entre pessoas as quais, fora dela, sempre estiveram mantidas mutuamente afastadas” Sobre 0 assunto da autoridade civil escreve : "O Magom € um sujeito trangiiilo diante dos poderes civis, em qualquer lugar em que resida ou trabalhe; nunca deve estar implicado em complés e conspiragdes contra a paz € contra a prosperidade da nago, nem comportar-se incorretamente com 0s magistrados subalternos, porque a guerra, 0 derramamento de sangue ¢ as insurreigGes foram em todo o tempo funestas para a Magonaria ... “Se algum Inmao viesse a insurrecionar-se contra 0 estado, deveria se cuidar de favorecer sua conversio, ainda que tendo piedade dele, com um desgracado. Sem dtvida, se no esté envolvido em nenhum outro crime, a leal fratemidade, ainda que desaprovando sua rebeldia, fiel ao governo estabelecido, sem dar-Ihe motivo de desconfianga politica, nfo poderia expulsé-lo da Loja, jé que suas relagdes com ela sio indispensiveis “ E sobre a conduta na Loja nos recomenda : “que vossos desgostos ¢ pleitos no passem nunca do umbral da Loja; mais ainda : evitar as controvérsias sobre religifo, nacionalidades e politica, pois, 9 em nossa qualidade de magons nao professamos mais que a Religido Universal antes mencionada. Por outro lado, somos de todas as nagdes, de todos os idiomas, de todas as ragas, e se excluirmos toda politica € por razio de que nunca contribuiu no passado para a prosperidade das Lojas, nem 0 faré no futuro A ESSENCIA DA MAGONARIA MODERNA Destes estratos se depreende a orientagdo estabelecida naquele tempo pelo movimento que produziu a magonaria modema cujos prinefpios fundamentais podem ser formulados, como se segue: 1) um reconhecimento implicito da Universalidade da Verdade acima de toda opinidio crenga, confusio ou conviegao. 2) a necessidade de obedecer a lei moral, como carateristica e condigdo “sine qua non” da qualidade de magons. 3) a pritica da tolerdncia em matéria de crengas, opinides e conviegdes. 4) 0 respeito, o reconhecimento e a obediéncia as autoridades constitufdas, desaprovando-se toda forma de insurrei¢ao ou rebeldia, ainda que no se considere como crime que merega a expulsio da Loja. 5) a necessidade de fazer nas Lojas um trabalho construtivo, buscando 0 que une os Irmaos ¢ fugindo daqueles que os dividem. 6) A prética de uma fraternidade sincera e efetiva, sem distingdo de raga, nacionalidade e religio, deixando fora das Lojas toda luta, quest®es ou diferenga pessoal. 7) Considerar e julgar os homens por suas qualidades interiores, espirituais, intelectuais e morais, muito mais que pelas distingGes exteriores da raga, posigiio social, nascimento e fortuna. A promulgagio destes principio realmente universais (que constituem a esséncia do humanismo e cuja perfeita aplicagio faria desaparecer todas as diferengas entre os homens, todo motivo de luta e de inimizade, fazendo reinar em toda a parte a Harmonia e a Paz), no livro de Anderson foi o que atraiu & Sociedade um ntimero crescente de simpatizantes e ocasionou sua répida expansio e difusio em todos os patses. Todos 0s idealistas se sentiram no dever de colaborar com ela, encontrando na mesma um campo de ago e uma riqueza exterior, apropriados para expressar e realizar suas particulares idéias € propésitos. Assim foi como convergiram a ela os homens mais distintos da época e se concentraram muitos esforgos até entio isolados e separados. MULTIPLICAGAO DAS LOJAS Por um duplo impulso da exposigao dos Principios e de prestigio pessoal de seus Grandes Mestres, assim como dos que se haviam agrupados a0 movimento, as Lojas se multiplicaram rapidamente: as doze Lojas que haviam tomado parte na eleigo do duque de Montague ascenderam a 20 no fim do ano, ¢ 49 Lojas foram representadas na assembléia de 1725. 10 Mas nio deve crer-se que nesse niimero foram compreendidas todas as Lojas entio existentes: muitas das que existiam em 1717 nao aderiram ao movimento iniciado pelo nascimento da Grande Loja por vérias razOes, entre elas a de crer usurpada a autoridade dela, e preferiram permanecerem independentes. Algumas Lojas nao aprovaram as novidades introduzidas no Livro das ConstituigGes, sustentando a obrigagdo da crenca em Deus e a fidelidade as praticas religiosas; isto, assim como outras razSes, produziu, como veremos, um cisma que conduziu a fundagao de outra Grande Loja. Além de incrementar-se na Inglaterra, Escécia e Irlanda, 0 nimero de Lojas, passou de pronto a multiplicar-se sobre 0 continente, estendendo-se 0 movimento em todo 0 mundo civilizado. As primeiras Lojas que se constitufram fora da Inglaterra, a base do modelo Inglés (jé existia antes e depois da fundagio da Grande Loja), foram constitufdas em geral por magons isolados; desejosos de propagar o ideal magOnico, em virtude do direito que acreditavam ser inerente a essa qualidade. Toda vez. que um macom isolado, desejoso de formar uma Loja, nfo podia juntar-se com outro, ou com outros dois para formar uma loja simples, iniciavam um profano que julgavam digno de pertencer a Ordem; os dois juntos procediam a iniciagio de um terceiro, formando-se assim a Loja simples, que sucessivamente podia fazer-se justa e perfeita. Assim, pois, no primeiro periodo, a maioria das Lojas se formaram simplesmente em virtude desse natural direito mag6nico, independente de toda carta patente ou da autoridade de uma Grande Loja, cuja autoridade nao reconhecida por todos, reservando-se outras Lojas, e fazendo expedir mais tarde uma patente regular. Um local qualquer, disposto para a ocasidio, com a condigio de que pudesse fechar-se e estar abrigado das indiscrigdes profanas, era tudo 0 que se necessitava para as reunides, tragando-se no solo cada vez, com giz, os desejos simbélicos que os transformavam no Templo dos mistérios magénicos. Assim, pois, muitas destas Lojas, que contribuiram na formagao de magons e a répida propagagao da Ordem em sua nova orientagdo, puderam forma-se dissolver-se sem desejar nenhum trago ou recordagio. Por conseqliéncia é muito dificil fixar com seguranga a data do comego da Magonaria Modema nos diferentes paises: como sempre, as origens se acham envoltas na obscuridade. trabalho das Lojas, segundo dos costumes ingleses, consistia essencialmente nas recepgdes ou iniciagdes, que se fazia com grande cuidado ¢ atengo, j4 as que se altemavam com muita freqiiéncia festividades e égapes fratemais consolidando-se ao redor de uma mesa comum o espirito de igualdade e da solidariedade entre seus membros. Nao se havia introduzido 0 costume de tratar diferentes temas, e especialmente se fugir de todas as discussdes que pudessem comprometer a harmonia eo bom entendimento entre os irmaos. Sem diivida, sempre se praticava alguma forma de beneficéncia. Por essa razio as Lojas se constitufram especialmente nas hospedarias que costumavam ser freqiientadas por pessoas distintas. Ali se alternava a vida exterior de sociedade com os intimos trabalhos de ritual. Como a Inglaterra, também a Franga encontramos as primeiras Lojas das quais se tem noticias hist6ricas, instaladas em hospedaria. Duas delas foram constituidas, respectivamente em 1725 € 1729, em Paris, na casa de um hospedeiro inglés cuja hospedaria levava o nome de "Au Louis d'Argent"; a tiltima delas obteve em 1733 a carta patente ntimero 90 da Grande Loja de Londres. Nesse mesmo ano as Oficinas que pertenciam a Grande Loja chegaram ao nimero 109. u Nessas Lojas também se pronunciaram homens eminentes, ¢ durante 0 Grio-Mestrado do duque de Wharton os magons impuseram a mostrar-se em pablico com suas insfgnias simbdlicas. ‘A Loja de York foi talvez a mais importante entre as que nao reconheceram a autoridade da Grande Loja londrina e se mantiveram apartadas. Considerada como a Oficina mais antiga, fazendo remontar suas origens a0 ano 600, na qual o Rei Edwin havia se assentado "como Grio-Mestre". Em 1725 assumiu o titulo de "Grande Loja de York *, dizendo que seu Grande Mestre devia ser reconhecido como tal em toda Inglaterra; mas no fundo nem teve outras Lojas sob sua dependéncia até 40 anos depois. Essa Grande Loja, que professava ¢ praticava os mesmos prinefpios que a Grande Loja de Londres, ndo foi a mesma a causa de dificuldades; mas 0 que foi bastante a que se ops em 1751 € se constituiu praticamente em 1753. Nasceu ela principalmente pela iniciativa de um irlandés, Lorenzo Dermot (na Irlanda, desde 1724, jé se havia fundado uma Grande Loja semelhante da de Londres), iniciado em Dublin em 1740, na qual, visitando uma Oficina londrina em 1748, nio ficou muito satisfeito com as inovagdes que encontrou nos rituais. Formou ento um movimento que teria por objetivo uma maior fidelidade aos usos antigos, sete Lojas se uniram em Londres desde 1751, fundando uma Grande Loja da qual foi Grande Secretério. ‘A nova Grande Loja distinguia os seus membros com 0 nome de Ancient Masons (velhos magons), em contraposi¢o com os "Modern Masons" (magons modernos) da qual se constituiu em 1717, baseando sua constitui¢do sobre outra que se supunha datada do ano de 926. Nao prosperou essa Grande Loja menos que a outra, a qual fixou uma séria competéncia (dado que a denominagao de antigos angariava maiores simpatias que a dos modemos), chegando a ter em 1813, quando finalmente se uniram as duas Grandes Lojas, entre as quais quase no havia nenhuma diferenga, 359 Oficinas sob sua jurisdicao. Foram constituidas por estas duas Grandes Lojas muitas Lojas regimentais, formadas por militares e que se transladavam com eles, e também algumas Lojas maritimas, a bordo dos navios de guerra. Além das Grandes Lojas citadas existia em Edimburgo a Grande Loja da Escécia, fundada por 34 Lojas em 1736. ‘A MAGONARIA NA FRANGA Depois da Inglaterra a Franga foi o primeiro pafs no qual fincou suas raizes a Magonaria Moderna. Lojas magOnicas isoladas fundadas por ingleses, parecem haver existido neste pais desde antes de 1700 ; mas tal fato nao tem veracidade historia. As primeiras quatro Lojas parisienses, sobre as que se tem noticias certas, se reuniram em 1736, estando presentes cerca de 60 membros, e procedendo-se pela primeira vez a eleigdo de um Grande Mestre na pessoa de Charles Radcliff, conde de Derwentwater, fundador que foi da primeira Loja na hospedaria Au Louis d’Argent. Devendo este abandonar o pais, foi elegido em 1783, em uma segunda assembléia, como Grande Mestre ad vitam, Louis de Pardaillon, duque de Antin, quem aceitou 0 cargo, apesar de o Rei Luis XV ter ameacado com a Bastilha ao francés que a aceitara, 2 Principia nessa época as primeiras graves hostilidades contra a Magonaria, tanto de cardter politico como religioso. As primeiras suspeitas nasceram quando ela j4 ndo se limitava a reunir entre si elementos estrangeiros, se no que admitia igualmente a membros da nobreza e cidadaos ordinarios, fraternizando mutuamente com toda aparéncia de conspiragao. Entao as Lojas foram vigiadas e se chegou até a suspende-las, aprendendo-se 0s Magons e a todos que os hospedassem; sem diivida, tudo isto ndo obstruiu seu processo, e as lojas seguiram reunidas, aumentando-se as precaugdes e até © lance a que se expunham, mas atrativo em pertencer a mesma. ‘Tampouco impediram seu processo da bula de Clemente XII ¢ 0s meios que se usaram para difamar ‘a Magonaria e colocé-la em ridiculo, como ja se havia feito na Inglaterra; quando em 1743 morreu prematuramente 0 duque de Antin, havia na Franga mais de 200 Lojas, 22 das quais atuavam em Paris. Remonta a essa época, e precisamente a 21 de margo de 1737, 0 famoso discurso de Andrés Miguel Ransay, Grande Orador da Ordem, pronunciado durante uma recep, e que tanta importancia teve depois por suas miltiplas repercussdes, as quais ocasionaram por um lado a concepgao e criagao daquela famosa obra que foi a Enciclopédia, e pelo outro movimento conhecido com o nome de Mestres Escoceses, que principiaram em juntar um quarto grau privilegiado (isto também havia sido feito pela Grande Loja dissidente fundada na Inglaterra em 1751, com o nome de Real Arco), que depois se multiplicou em uma série de graus suplementares que queriam reproduzir as antigas Ordens cavalheirescas, crescendo até 05 33 graus atuais do Rito Escocés Antigo e Aceito. Essa iiltima novidade nao foi a princfpio muito bem acolhida, e um artigo das Ordenangas Gerais da "Grande Loja Inglesa da Franga” (como assim se chamava entio) no reconhecia os Mestres Escoceses, quanto aos direitos ou privilégios acima dos tés graus de Aprendiz, Companheiro ¢ Mestre. Sem diivida, doze anos mais tarde, repudiando-se 0 nome da Grande Loja Inglesa, substitufdo pelo nome simples de "Grande Loja da Franca”, e revisando-se os Estatutos de Lojas, 0 privilégio de permanecer cobertos nas posses, assim como © direito de inspecionar as Lojas restabelecendo a ordem quando fora necessério. O conde de Clermont, que em 1743 havia sido eleito em substituigdo ao duque de Antin, ndo levou 1 sério 0 cargo aceito, e até transcorridos os primeiros quatro anos nao se atreveu a ostentar 0 titulo de Grande Mestre. Para esquivar sua responsabilidade elegeu em principio um substituto que nao foi mais ativo que ele, e depois um intrigante mestre de danga que levantou veementes protestos, € recusa pela maioria dos componentes da Grande Loja a reunir-se sob sua presidéncia. Apesar de haver sido, em 1762, revogado seu cargo e substituido pelo Deputado Grande Mestre nao obstante a boa vontade deste, ndo se pode evitar a anarquia, que levou as Lojas a autonomia mais completa, dissolvendo-se praticamente a Grande Loja; esta, por mandato do rei, foi suspensa em 1767, quatro anos antes da morte do conde de Clermont. Nessa ocasio foi novamente convocada, sendo eleito como Grande Mestre 0 duque de Chartres. E como desde um principio nao se faziam demasiadas ilusdes os magons franceses sobre suas fungdes essencialmente honorificas, se nomeou também, como Administrador Geral, a0 duque de Luxemburgo, destinado a substitui-lo efetivamente. © duque de Luxemburgo, que teria entio 33 anos, tomou como muito zelo e ardor seu cargo, elaborando um plano completo de reorganizagio, convocando em Assembléia, para aprové-lo, 0s representantes de todas as Lojas da Franga. Ficou assim constituida a Grande Loja Nacional, sendo representadas permanentemente nas mesmas, por meio de disputas (eleig6es), todas as Lojas, juntas a autoridade central direta que tomou 0 nome de Grande Oriente da Franga. Também se pds fim a0 B privilégio dos Mestres de Lojas, que se consideravam até entio vitalicios, estipulando-se que todas as oficinas elegeriam anualmente seus oficiais. Como nem todas as Lojas reconheceram essas reformas, se formou também, em oposi¢ao ao Grande Oriente, a Grande Loja de Clermont, que reconhecia igualmente como Grande Mestre 0 Duque de Chartres. Também tiveram existéncia na Franca, nessa época, varios ritos e ordens mais ou menos relacionadas com a Magonaria, entre aos quais 0 rito do "Elu Cohen” fundado por Martinez de Pasquallis (Elu Cohen significa sacerdote eleito), que teve entre seus adeptos 0 célebre Louis Claude de Saint-Martin, chamado de 0 Filésofo Desconhecido. Igualmente deve ser notado 0 rito de Menfis-Misraim ou Magonaria Egipcia fundada por José Balsamo, mais conhecido com o nome de Conde de Cagliostro, que admitia a mulher e compreendia 96 graus. \Varias associagdes destinadas a dar a mulher a participagao nos trabalhos mag6nicos foram criadas cerca do século XVIII; e em 1774 a Magonaria concordou oficialmente em reconhecer a Magonaria de Adogdo, com o rito especialmente elaborado para a mulher, constituindo-se entio muitas Lojas femininas. Desde 1773 a 1789 tomou a Magonaria na Franca um impulso formidavel, passando de 600 0 niimero das Lojas, sem contar cerca de 70 Lojas regimentais. Se fizeram iniciar na Magonaria homens mais conhecidos da época, entre eles Voltaire, com idade de 80 anos, que foi recebido em 1778, apresentado por Franklin e Court de Gebelin, sendo a assembléia presidida pelo célebre astrOnomo Lalande. Com a revolugdo a Magonaria suspendeu na Franga suas atividades. Se Ihe atribui erroneamente haver participado diretamente na revolugio, se bem & certo que participou na revolugao intelectual que a precedeu, com a afirmagao do trindmio liberdade-igualdade-fraternidade que, interpretado profanamente, pode ter sido causa indireta de muitos excessos. Mas um conhecimento mais profundo da verdadeira esséncia da Instituico, e de como deva realmente interpretar-se esse trindmio, colocam-na acima de toda efetiva responsabilidade daquele cataclisma, do qual foi também uma das vitimas. PRIMEIRO ANATEMA primeiro andtema contra a Magonaria foi langado como vimos, em 1738, pelo papa Clemente XII, havendo preocupado muito o clero de ento, de que "homens de todas as religides e de todas as seitas, satisfeitos com a pretendida aparéncia de certa classe de honradez. natural, se aliam em estreito e misterioso Iago". © segredo magénico (cuja verdadeira natureza tratamos de por em evidéncia nestes manuais) foi © ponto de acusagdo contra a Ordem. Os homens em geral, e ainda mais as autoridades, divagam e desconfiam ¢ tem medo de tudo aquilo que ndo compreendem: a crenga no mal (0 verdadeiro pecado original do homem) Ihes faz supor que ali deva esconder-se algo mal e indesejavel, e portanto atribuem facilmente mas intengdes ainda que onde nao hd o ‘menor trago delas. Assim nasce a suspeita, e dessa passa facilmente & acusagio, & condenagao e & perseguiciio. A enciclica no teve 0 mesmo efeito em todos os paises: ainda que os Estados Pontificios e a Peninsula Ibérica, a qualidade de magom se castigou até com a pena da morte (e nfo faltaram Magonaria seus mértires), na Franga, pelo contrério, nem essa enciclica nem a seguinte (que 0 Parlamento francés recusou registrar) foram tomadas em consideragdo: prelados e sacerdotes continuaram sendo recebidos nas Lojas, dado que tal qualidade Ihe abria facilmente suas portas. 4 ‘Uma segunda bula papal, publicada em 1751, por Benedicto XIV, foi também causa, nos paises acima mencionados, de perseguigdes sangrentas, considerando-se isto como se fora um crime, 0 privilégio de pertencer a Ordem. PRIMEIROS ANATEMAS primeiro andtema contra a Magonaria foi langado como dissemos, em 1738, pelo papa Clemente XIL, houve muita preocupago do clero de que “homens de todas as religides e de todas as seitas, satisfeitos com a pretendida aparéneia de certa classe de honradez natural, se aliam no estreito ¢ misterioso lago”. O segredo magénico (cuja a verdadeira natureza tratamos de por em evidéncia nestes manuais) foi o ponto de acusagdo fundamental contra a Ordem. Os homens em geral, ¢ ainda ‘mais as autoridades, teimam desconfiar e ter medo de tudo aquilo que ndo chegam a compreender: a renga no mal (0 verdadeiro pecado original do homem) faz supor que ali esconde algo de mal e indesejavel, e portanto atribuem facilmente mAs intengdes onde nao h4 o menor trago delas. Assim nasce a suspeita, e desta passa-se facilmente & acusago, 3 condenagiio e & perseguiciio. A enciclica ndo teve 0 mesmo efeito em todos os paises: enquanto nos Estados Pontificios ¢ na Peninsula Ibérica, a qualidade de magom se castigou com pena de morte (endo faltaram a magonaria seus mértires), na Franca, pelo contrério, nem esta enciclica nem a seguinte (que 0 Parlamento francés recusou registrar) foram tomadas em consideragdo: prelados ¢ sacerdotes seguiram recebendo nas Lojas, dado que tal qualidade abriria facilmente suas portas. Uma segunda bula papal, langada em 1751, por Benedito XIV, foi também causa, nos paises acima mencionados, de perseguigdes sangrentas, considerando nesses como se fosse um crime, o privilégio de pertencer a Ordem. © EXORDIO WA ITALIA ‘A Magonaria conforme 0 uso inglés foi introduzida na Itélia em torno do ano de 1733, por Charles Sackville em Florenga, em princfpio unicamente entre os ingleses que visitavam as Academias, a0 que nao tardaram em juntarem-se varios italianos entre os mais cultos. A idéia se propagou rapidamente, primeiro em Toscana e depois em toda a peninsula. Fundou-se uma Loja em Livorno, na que trabalharam harmoniosamente, catdlicos, protestantes ¢ judeus e que, precisamente por tal razo, no tardou em excitar as suspeitas do clero romano, preocupado pela nascente sociedade na qual via sobre tudo um perigo para sua hegemonia espiritual. E essa foi a origem da enciclica em eminente da qual acabamos de falar. © anétema pontifical nio pode ser contrério ao auge da Magonaria, que seguiu difundindo-se, naquela mesma época, pelas principais cidades da Itélia setentrional. Porem um Magom florentino, Tommaso Crudili, denunciado involuntariamente pela indiscrigfo entusiasta de um abade companheiro de Loja, teve de pagar com a tortura € com a morte (apesar de haver sido posto em liberdade pela enérgica interveng4o do duque Francisco Esteban, iniciado na Haya em 1731) 0 crime de pertencer a Sociedade. Em Napoles a Magonaria floresceu notavelmente, constituindo-se ali, cerca da metade do século, uma Grande Loja, enquanto as demais oficinas da peninsula dependiam de Londres. Nao teve nenhuma restricdo sob 0 reinado de Carlos VII, porem nao ocorreu 0 mesmo com seu sucessor Fernando IV, que chegou a odiar a Instituigdo por sua mesma debilidade de carster, tendo medo das provas da iniciagdo. Sem divida, os magons napolitanos receberam durante certo tempo a ajuda e 1s protegdio inesperada da rainha Carolina, que fez num principio revogar o editorial, suprimindo-se as sangSes penais contra os magons (1783); porem, depois, a morte de sua irm Maria Antonieta na revolugdo francesa foi causa dessa simpatia se mudar totalmente. NA PENINSULA IBERICA A peninsula ibérica tem, indubitavelmente a primazia no martirolégio magdnico, em que o privilégio de haver iniciado a persegui¢o contra os magons corresponda melhor ao clero catélico da Holanda que, desde 1734, iniciou com suas caliinias as massas ignorantes, fazendo que fosse invadida uma Loja em Amsterda, destruindo-se méveis e cometendo violéncia contra as pessoas. Por causa da persegui¢do que Ihe foi imposta, assim que as primeiras lojas foram constitufdas em 1726 e 1727, respectivamente em Gibraltar e Madri, tardou na Espanha quase meio século antes de que pudesse constituir uma Grande Loja, sob 0 reinado de Carlos Ill, mais liberal que seu predecessor, o qual havia autorizado o desterro dos magons e dado carta branea a Inquisiga0. Quase 20 mesmo tempo que na Espanha, (1727) foi introduzida a Magonaria em Portugal pelo capitio escocés sir George Gordon; porem desde de 1735 se empenhou em derramar sangue dos magons por obra de um Frater fandtico que denunciou 17 irmdos por conspiragdes e heresia. Desde de entio os pedreiros livres foram cagados, condenados morte ¢ atormentados nas formas mais barbaras, até o reinado de José I. Em Madr, 0s primeiros magons foram arrastados e conduzidos aos cérceres da Inquisigao em 1740: ito deles foram condenados as galeras, os demais a diferentes penas. A Magonaria foi tolerada ¢ pode prosperar unicamente durante mencionado reinado de Carlos Ill (1759-1788), depois do qual se proibiu todo trabalho magdnico até a entrada dos franceses em 1808. No ano de 1750 também floresceu a Magonaria por algum tempo em Portugal, sendo primeiro ministro do rei José I, Sebastido de Carvalho, depois marqués de Pombal, que foi iniciado em Londres em 1744, Esse ministro foi muito benéfico para 0 pafs ao qual deu uma constituigdo mais liberal, abolindo a Inquisigao e desterrando os jesuitas. Porem ap6s a morte do rei, eles se vingaram fazendo-o cair em desgraca com a rainha Maria I e, depois de ser condenado & morte ¢ anistiado teve 0 ex-ministro que abandonar Lisboa na idade de 78 anos. Renovando, a rainha Maria, a lei de Jodo V contra os magons, estes foram novamente perseguidos: alguns puderam escapar, porem outros tiveram que sofrer por vérios anos as penas da Inquisigio. Apesar disso, algumas Lojas seguiram trabalhando em certos barcos ingleses ancorados no porto, um dos quais se fez célebre como a Fragata Macénica. Em que nfo se ousara proceder de uma maneira direta a execugo dos magons apreendidos, muitos deles morreram nas masmorras.. NA ALEMANHA E AUSTRIA ‘Se bem que Lojas magGnicas de cardter mais transit6rio existiram na Alemanha anteriormente (sem falar, naturalmente, das antigas corporagdes de construtores de igrejas), a primeira que teve certa a importincia e duragio parece ter sido a que foi fundada em Hamburgo em 1737, com 0 nome francés de Société des acceptés Macons Libres de la Ville d’Hambourg. O bario de Oberg, Venerdvel da mesma, teve no ano seguinte a fortuna e a honra de iniciar na Ordem ao principe herdeiro Frederico da Prussia, Enquanto o pai dele, entdo reinante, sempre se opds a introdugao da Magonaria em seus estados, Frederico se fez. desde o principio seu protetor, € a0 subir a0 trono em 1740 declarou publicamente sua qualidade de Magom. 16 A iniciativa do jovem imperador se deve a fundagdo em Berlim da Loja Os trés Globos, que em 1744 foi elevada a categoria de Grande Loja. Desde entio a magonaria pode desenvolver-se livremente naquele pais ¢ se estabeleceram Lojas nos principais povoados alemaes. Em Viena foi fundada em 1741, pelo bispo de Breslau, a Loja Os trés Canones a que pertenceu 0 imperador Francisco I, que foi iniciado em La Haya, em 1731, por Desaguliers, recebendo mais tarde na Inglaterra 0 grau de Mestre. © imperador protegeu a Magonaria da qual se fez. protetor ‘numa ocasidio, quando, em 1743, foram arrastados por ordem de Maria Teresa os membros de uma Loja. Durante a segunda metade do século, na Alemanha como na Franca, houve um especial fervor na criagio de graus suplementéreis aos trés simbélicos e magGnicos propriamente ditos, relacionando a Magonaria com a Ordem do Templo, a qual se pretendeu reconstruir, e com outras tendéncias misticas da mesma época. Nasceu assim entre outras, a Ordem da Estrita Observancia, fundada em 1754, por J.B. von Hund, que se bem nio sobreviveu a morte de seu fundador (em 1776), no deixou de ter certo éxito e ampla ressonancia, também fora da Alemanha, durante sua breve existéncia, e seguiu exercendo sua influéncia em outras ordens, como na Martinista, que a sucederam. Todas essas ordens, de efémera duragao, tiveram sem diivida uma influéncia decisiva na criagdo do Rito Escocés, primeiro em 25 € logo em 33 graus, cuja a instituigao foi falsamente atribufda ao mesmo imperador Frederico, que parece no ter possuido outros graus que os trés primeiros, desaprovando ademais a introdugio de outros graus. Entre os homens mais celebres que, no século XVII, se iniciaram na Magonaria na Alemanha, e escreveram entusiasmadamente sobre a Ordem, citamos Lessing e Goethe que foram recebidos nela em 1771 ¢ em 1780, respectivamente. NOS DEMAIS PAISES DA EUROPA Na Bélgica a primeira Loja segundo o uso inglés foi a Perfeita Unido, estabelecida em 1721, que converteu-se depois na Grande Loja Providencial.. Na Holanda j4 havia Lojas em 1725, que se regularizaram dez. anos mais tarde sob a jurisdigao da Grande Loja de Londres. Em 1757a Grande Loja Providencial tinha treze oficinas e em 1770 se fez independente. Na Suiga a cidade de Genebra e sua regidio foram os primeiros onde se formaram Lojas Mag6nicas; a vida da Sociedade foi ali muito ativa, porem ndo menos agitada por causa das sisOes intemas que esgotaram suas energias. Na Suécia a primeira Loja foi constitufda em redor de 1735 pelo conde Axel Ericson Vrede-Sparre, que foi iniciado em Paris quatro anos antes. Como conseqliéncia da enciclica papal, o rei Frederico I ameagou castigar com a morte a participagio em reunides magOnicas, retardando assim o desenvolvimento da Instituigo, Depois, sem duivida, os reis da Suécia se distinguiram em proteger Ordem, sendo atualmente uma de suas caracterfsticas que os monarcas daquele pais unem a essa qualidade de Grio Mestres. Uma Grande Loja se constituiu em 1761, reorganizando-se em 1780 com um rito especial de 12 graus, que rege na atualidade. Na Polonia, introduzida em 1739, foi proibida pouco depois e tardou em propagar-se até o ultimo quarto do século. As Lojas reconheciam em primeiro a autoridade do Grande Oriente da Franca, e em 1785 se fundou em Vars6via um Grande Oriente nacional, que chegou a ter em poucos anos mais de 70 oficinas. 0 Falam que a Magonaria foi introduzida na Russia por Pedro 0 Grande, iniciado numa Loja de Londres. De todos os modos é certo que, em 1731, 0 capitao Juan Phillips foi nomeado Gro Mestre Provincial da Russia pela Grande Loja da Inglaterra, a0 qual sucedeu em 1740 Jaime Keith, que entio servia no exercito russo. Varios aristocratas russos, comerciantes e marinheiros se fizeram entdo magons. Mais tarde a idéia magOnica recebeu um notdvel impulso pelo celebre gravador Lorenzo Natter, que em Florenga conheceu 0 Lorde Sackville. Nesta época de florescimento, a Magonaria russa foi ‘muito influenciada pelos sistemas e ritos alemaes, e duas figuras dominantes foram nela, o professor Eugénio Schwarz e 0 escritor Nicolas Novikov. Caracteristica da Maconaria Russa foi o desenvolvimento de benéficas atividades em favor das ‘massas populares, combatendo o analfabetismo e a falta de cultura, mediante a impressio e difusio de muitas obras de autores estrangeiros, fundacdo de escolas, hospitais e outras instituigdes, e iniciativa de beneficéncia. ‘A segunda metade do século dominavam dois sistemas rivais, 0 inglés e 0 sueco, cuja a unio se logrou em 1776. A Magonaria, num prinefpio protegida por Catarina Il, foi depois repudiada por essa Imperatriz, e sua atividade se restringiu notavelmente a fins do século, sendo depois proibida por completo durante o reinado de Pablo I Desde de entio a vida da Maconaria na Russia foi muito precéria e ocasional: teve a efémera esperanca de poder ressurgir sob 0 regime de Kerensky, porem encontrou no Bolchevismo um inimigo ainda mais implacvel que a monarquia derrotada, motivando-se esta Ultima perseguicd0 pelo fato de tratar-se de uma instituigao tipicamente burguesa. Também se estendeu a Magonaria inglesa, em seu primeiro século de vida, em Constantinopla, Egito, Pérsia e india, até chegar a Africa do Sul. Em Calcuté a prit Loja foi fundada em 1728 por sir Jorge Pombret, e a esta seguiram depois muitas outras nas principais cidades daquele pais. Cerca da metade do século XVIII havia Lojas em todas as partes do mundo. NA AMERICA Na América a primeira Loja parece ter sido fundada em Louisburg (Canad4) em 1721. Quando em 1730 Daniel Coxe era Gro Mestre Provincial em New Jersey das coldnias inglesas da América, se estabeleceram varias Lojas e a imprensa deu conta do acontecimento. Benjamin Franklin fez em 1734 a primeira edigdo americana do Livro das Constituigdes de Anderson, e no mesmo ano foi eleito Grio Mestre. A atividade mag6nica se expandiu assim rapidamente. ivisio inglesa entre Antigo e Moderno Macons, nao deixou de refletir-se em suas colénias, particularmente na América, onde assumiu um cardter especial pelos acontecimentos politicos que culminaram na Guerra da Independéncia, contando-se entre os modernos especialmente os funciondrios, conservadores ¢ partidérios do governo inglés, e entre os antigos, os impulsores da Independéncia. Apesar de que os trabalhos das Lojas nao tiveram um cariter verdadeiramente politico (os ‘Templos sempre foram lugares de reuniio onde os mesmos adversérios se acolhiam fraternalmente), 18 nas Lojas dos “antigos” foi concebida e se concretizou a idéia da Unido Americana. A maioria dos que levaram a cabo a independéncia desse pafs foram magons, como o demonstra 0 fato de que 53 dos 56 que entregaram a declaragao de Independéncia ostentaram tal titulo. Washington foi iniciado em 1752, € durante toda sua existéncia tomou parte muita ativa na vida ‘magnica: todos os atos de sua vida piblica levam impressos os imortais prineipios da Instituigao. Quando foi eleito Primeiro Presidente dos Estados Unidos, prestou seu juramento sobre a Biblia da St. John’s-Lodge, e em 1793, quando se colocou a primeira pedra do Capitélio, apareceu com as insignias de Venerdvel honordrio de sua Loja. A atividade magOnica nao sofreu nenhuma interrupgdo durante a campanha da Independéncia, sendo que constituiram nos partidos muitas Lojas regimentais que contribuiram notavelmente a manter a unido e 0 espirito de solidariedade entre seus membros, fazendo mais intimos os lagos da disciplina exterior. Também entre os adversdrios de ambos campos, 0 reconhecimento da recfproca investidura magOnica deu lugar a muitos atos de generosidade e, assim como em outros pafses tal circunstancia punha em perigo vida ¢ liberdade, aqui no, poucos deveram uma ou outra coisa ao fato de serem magons. Estes fatos, & parte que teve a Ordem no movimento de independéncia, explicam a extraordindria difusdio que teve depois a Magonaria nesse pais, no qual se contam atualmente 82 por 100 dos ‘magons do mundo inteiro. A MAGONARIA NA PRIMEIRA METADE DO SECULO XIX A prineipios do século XIX se observa em qualquer lugar um novo florescer do Ideal MagOnico. Enquanto nos Estados Unidos se constitui definitivamente 0 Rito Escocés em 33 graus (1801), que to boa acolhida devia ter depois em todo o mundo (apesar de estar hoje demonstrado que 0 rei Federico da Prussia, a0 qual se atribui sua fundacdo, na data de 1786, pouco antes de seu descenso, nada teve a ver no assunto), na Inglaterra as duas Grandes Lojas rivais se fundem em 1813, na Grande Loja Unida que desde de ento seguin sem interrupcio a frente dos magons da Gri Bretanha. Na Franca, ressuscita com 0 advento napoleonico, em que dominada pela vontade ento imperante, que Ihe impuseram seus Gros Mestres, aspirando fazer da mesma um instrumento do governo. Por esta razo, em que se encheram de funcionérios, nem todos os antigos macons voltaram a renovar seus trabalhos. E ao estender-se a dominagio francesa Ihe deu curto parénteses de liberdade nos pafses onde estava entio perseguida: em Espanha, Portugal, Austria e Itdlia. Durante as diferentes guerras que tiveram lugar nesse agitado perfodo da hist6ria européia, foram muitos os epis6dios nos quais se revelou a influéncia benéfica da Magonaria, eliminando os ressentimentos ¢ ddios nacionais, e estabelecendo por cima destes os fundamentos de uma Fraternidade Universal e de uma comum compenetragio que talvez seja a tinica base de uma paz duradoura entre as nagdes. Muitos so os rasgos de herofsmo com os quais os magons, sobre os campos de batalha, conseguiram com 0 perigo da sua, salvar a vida e dar liberdade a inimigos, que se revelaram como irmaos. E isto se verificava igualmente nos dois campos contundentes, sem excegio. 19 Este sentimento de Humanidade, bem pode constituir-se uma acusagio pelos que estio cegados pela visio estreita de um nacionalismo mal entendido, constitui uma das melhores demonstragdes da influéncia, sempre benéfica da Instituigao: ndo fazem, por certo, 0 mesmo os que comungam uma ‘mesma religido, quando se encontram e se reconhecem como tais no campo de batalha. NOVAS PERSEGUIGOES Com a queda de Napoledo, empenharam novamente na Espanha ¢ Portugal as mais cruéis perseguigGes contra os Magons, onde a Sociedade teve que viver uma vida secreta ¢ extremamente agitada, Se bem que desde 1868, com o duque Amadeo de Saboya e com a Republica proclamada depois, pode na Espanha desenvolver-se livremente por alguns meses, as perseguigdes e hostilidades se renovaram logo, em que pese ndo numa forma tio bérbara e violenta como as anteriores. © mesmo sucedeu em Portugal, onde 0 Grande Oriente Lusitano, constitufdo desde 1805, ndo pode trabalhar livremente até 1862. anti-magonismo se estendeu nesta época em toda Europa: na mesma Inglaterra, 0 ministro Liverpool pediu em 1814, sem conseguir, sua supressio. Esta se fez efetiva na Austria até 1768, assim como na Riissia praticamente seguiu sendo por mais de um século (apesar de varias tentativas espordidicas ¢ das 30 Lojas, aproximadamente, que puderam existir durante a guerra),depois de um curto periodo de florescimento, entre 1803 ¢ 1822, Os papas Pio VII, Ledo XII, Pio VIII e Pio IX, continuaram confirmando os andtemas de seus predecessores, e numa forma mais violenta o fez. em 1884 Ledo XII, definindo-a, em sua enciclica Humanum genus, como opus diabuli. As palavras do chefe da Igreja tiveram, como é natural, larga ressonancia no clero romano, que iniciou, de todas as maneiras possiveis, uma vasta campanha contra a Magonaria, a qual unicamente se deve (apesar do cardter eclético da Instituigo, que nunca pode ser anti-religiosa) a um carter decididamente anti-clerical Todas estas acusagdes mostram uma falta de conhecimentos da verdadeira natureza ¢ intentos de nossa Augusta Sociedade, apesar de que seus principios foram varias vezes declarados publicamente, em obras das quais nao hi diivida se encontram exemplares na mesma Biblioteca Vaticana. E suficiente dizer que 0 papa Le&o XIII atribui a Sociedade comprometer seus membros, obrigando-os a uma obediéncia absoluta, para estar seguros de que aqui no pode referir-se a Magonaria conhecida pelos magons, senio mais bem a Companhia de Jesus, cuja a imitagdo nossa Instituigdio nao foi por certo forjada. O efeito nao deixou de fazer sentir nos paises catdlicos: na Bélgica se declarou uma perseguica0 aberta aos magons, alem de serem excomungados, foram danados material e moralmente. Na Franga se formaram bandos de fandticos que iam recorrendo a diferentes populagdes, com 0 objetivo de renegarem os magons, porém no conseguiram 0 éxito pretendido. E quando em 1861, numa circular relativa as sociedades, 0 ministro Pessigny, se atreve a por no mesmo nivel a Magonaria com as sociedades catélicas, eminentes arcebispos levantaram sua voz contra essa tolerdncia que consideravam como monstruosa impiedade, sem obter mais sinal de éxito. Unicamente durante o reinado de Lu(s Felipe, até 1848, a Magonaria teve na Franga um perfodo de relativa decadéncia. OS “CARBONARIOS” 20 Em vérios Estados da Itélia, a Magonaria continuou sendo perseguida nesta época, que preparou a unidade e independéncia do pafs: desta os magons se fizeram especialmente campedes, € € muito provavel que foram alguns deles que fundaram a sociedade secreta dos carbonari (carbonérios), de cardter exclusivamente politico, que foi entdo erroneamente confundida com a Ordem. Nasceram 0s carbonérios (1) no sul da Itilia, propondo-se a liberagdo e independéncia da peninsula do jugo estrangeiro, adaptando uma linguagem simbélica no qual suas oficinas se chamavam cabanas, suas reunides vendas, seus agregados bons primos, sendo 0 dever destes a caga dos lobos do bosque, ou seja a luta contra a tirania. Em seu apogeu, na segunda metade do século passado, a sociedade chegou a ter na Itélia quase um milhdo de aderentes. Os mesmos carbondrios faziam, sem diivida, remontar as origens de sua sociedade para o ano 1000 aproximadamente, surgindo entio com finalidades de ajuda recfproca, no meio da geral preocupagdo do fim do mundo, na parte mais setentrional da Itdlia (cerca dos Alpes orientais). Outra sociedade politica, de inspirago mag6nica a Giovana Itélia (Jovem Itélia) fundada por José Mazzini, o imortal autor daquele livrinho que se chama “Os deveres do homem”, cujo o ideal estava compreendido no trimonio Dios-Patria-Humanidade, e que foi 0 principal preparador moral da independéncia daquele pais. EXTENSA DA MAGONARIA NO NOVO CONTINENTE Tampouco os Estados Unidos ficaram isentos da onda anti-magonica que cercara a Europa sobre nossa Instituig20, com muito efeitos diferentes. Foi causa deste, o assunto Morgan, originado pelo fato de que, em 1826, alguns magons imprudentes cometeram o erro de raptar, com o nico fim de dissuadir-Ihe de seu intento, a um certo William Morgan, canteiro de oficio, que queria publicar um livro sobre a Magonaria, com todos os detalhes dos rituais, simbolos e sinais de reconhecimento. ‘Seu raptores foram condenados e Morgan reaparece alguns anos depois, se celebraram em todas as partes comicios de protestos, culpando os irmaos de assassinato. Se publicaram muitos periédicos anti-magdnicos e 0s magons foram boicotados nos empregos publicos e privados. Por esta razio muitas Lojas cessaram voluntariamente seus trabalhos. Porém a opinido publica nao tardou em dar-se conta do erro, e quando o presidente Andrew Jackson defendeu abertamente a Ordem Mag6nica proclamando-a como uma Instituigdo que tem por objetivo o bem da humanidade, se realizou novamente seu prestigio, e desde 1838 seu progresso € extensio seguiram ganhando continuidade. No primeiro quarto do século XIX a Magonaria se estendeu igualmente em toda a América Latina, onde empenhou em fincar suas rafzes desde do século precedente, porém sem alcancar a extensio lograda nos Estados da Unido Norte Americana. Assim a encontramos estabelecida em 1815 em Sio Tomas, em 1819 em Honduras, em 1821 em Cuba, em 1822 no Brasil (onde neste fato foi recebido magom o imperador dio Pedro I, depois, nomeado Grdio Mestre), em 1823 em Haiti, em 1824 em Colombia e em 1825 no México. E digna de notar especialmente a fundagdo, em 1814, em Buenos Aires, por iniciativa de Sd0 Martin e outros magons, da Loja “Lautaro”, cujos os membros se fizeram promotores do movimento libertador que conduziu a independéncia dos diferentes estados da América do Sul. Nos anos sucessivos foi estabelecendo-se também na Austrélia, remontando-se a0 século anterior sua introdugdo nas ilhas de Java e Sumatra. A SEGUNDA METADE DO SECULO Apesar das excomunhdes da Igreja e da intensa campanha clerical contra ela, a Magonaria seguiu estendendo-se na segunda metade do século, progredindo em quase todos os paises. Na Itdlia tomou a nova forga quando, depois da “Expedi¢ao dos Mil”, Garibaldi foi eleito Grao Mestre ad viram.O ‘mesmo escreveu, em 1867, que os magons eram a “parte escolhida do povo italiano”. Dois anos depois da tomada de Roma, em ocasido da morte de Mazzini, apareceram pela primeira vez, em 1872, os estandartes magnicos pelos quais da Cidade Eterna. Na Franga, depois de ter, nos estatutos de 1849, proclamado obrigatoria “a crenga em Deus e na imortalidade da alma”, mais tarde (depois da terceira Reptiblica, na qual a Magonaria levou a cabo uma atividade realgadamente politica, fazendo um alto labor patriético) em 1877, foi revisado este artigo, suprimindo-se esta clausula, com a mesma também suprimindo-se a invocagio As. L.. 0..G-. De. Ge. As De Us. Este acontecimento atraiu sobre 0 Grande Oriente da Franga a estigmatizagio das Poténcias MagOnicas anglosaxonicas, encabegadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, que considerando minadas com esta supresstio as mesmas bases da Instituigdo, recusaram reconhecé-lo. Trés anos depois se verificou uma cisio entre as Lojas dependentes do Supremo Conselho, constituindo-se estas em “Grande Loja Simbélica Escocesa”: mais tarde 0 Supremo Conselho achou oportuno conceder a autonomia a todas as Lojas nos trés graus simbélicos, terminando-se em 1897 a cisio com a constituigao de uma “Grande Loja da Franga” Enquanto na Austria estava proibida toda atividade magdnica, na Hungria puderam constituir-se varias Lojas, que se reuniram em 1870 na Grande Loja, enquanto paralelamente se desenvolvia a atividade de um Supremo Conselho para administrag40 dos graus superiores. Todos os Supremos Conselhos do Rito Escocés se reuniram num Convento em Lausana, em 1875, com o objetivo de proceder a unificagdo universal do Rito, adaptando-se as Grandes Constituigdes que atualmente o regem. Depois desta data 0s Supremos Conselhos seguiram reunindo-se em cada quinquénio. ‘Sem diivida, na mesma Suiga este Rito no pode estender-se, reconhecendo a Grande Loja Alpina, constituida em 1844, unicamente aos trés graus simb6licos. Na Alemanha um dos acontecimentos mais salientes da Magonaria, que nao cessou de progredir durante todo 0 século, foi a admissio dos judeus, que estavam antes exclufdos naquele pais pelas Grandes Lojas locais. Tampouco nesse pais deixou de exercer-se a campanha anti-magonica, porém em troca, seguiu vendo-se honrada a Ordem pelo favor de principes e imperadores que alcangaram a dignidade de Grio Mestres. Nao pode omitir-se nesta simples exposigao da vida magdnica no século passado uma breve informago da campanha difamatéria de Leo Taxil, da qual muito se aproveitaram os adversirios de nossa Instituigo, e cujo epflogo pretende demonstrar com toda clareza quo fundamentadas sio as acusagdes que se fazem A Ordem. Foi este 0 pseudénimo de um tal Gabriel Pages que, depois de ter sido educado por Jesuitas numa casa de corregio, se fez anti-clerical e por breve tempo foi macom, ficando unicamente no primeiro grau € ndo visitando sua Loja mais que trés vezes. Publicou, a partir de 1885, uma série de obras anti-magonicas, que causaram grande impressdo e nas quais (como confessou mais tarde) se propos unicamente explorar a credulidade alheia. Nessas obras, quase de todo fantistica, disse que os magons se dedicam ao culto do diabo, e muitos outros absurdos pelo estilo. Vérios eclesidsticos cafram na rede, que culminou em 1896 com um éxito sem precedentes no Congreso anti-magonico de Trento, com mais de 700 delegados, no qual Leo Taxil foi calorosamente aplaudido. Porem todos que creram tiveram uma merecida ligio, 2 quando no ano seguinte declarou publicamente haver logrado com suas obras “a maior mistificagao da época moderna” ‘Sem diivida os mistificados nao se deram por vencidos, ¢ seguiram ¢ seguem em sua campanha difamat6ria, da qual € certo que nossa Ordem, em que nao oponha mais que o siléncio, no pode deixar de sair definitivamente vencedora, pela simples forga da Verdade que proclama e é, assim como por seu labor construtivo. Assim € como no mesmo campo dos adversérios da Magonaria se observa jé uma troca de tética, enquanto os mais inteligentes reconhecem que a calinia e a difamago no podem perdurar muito tempo (1). A MAGONARIA ANGLOSAXONICA ‘A magonaria se acha hoje espargida sobre todo 0 globo, entre os povos de todas as ragas. Sem divida, 0 povo anglo-saxio, 0 iniciador da idéia em sua atuago modema, tem uma supremacia indiscutivel de superioridade numérica e organizadora, pois em comparagdo com os macons anglosaxdes 0s demais constituem uma exigua minoria. Inglaterra segue a frente do movimento como custédia e defensora da antiga tradigZo, e sua Grande Loja Unida é a continuagao direta da que se constituiu em 1717. Formam parte da mesma membros da familia real, da nobreza e do clero € homens de todas as crengas e todas as profissdes, trabalhando em perfeita harmonia com a tolerdncia mais completa de suas opinides individuais. Se contam, dependendo da Grande Loja Unida, mais de 900 Lojas com quase um milhio de magons, repartidos em 70 Grandes Lojas Provinciais, entre as quais 26 se acham nas colénias. A Grande Loja sustenta muitas instituigdes de beneficéncia. 1 Nao cremos que se deva dar demasiada importincia a sua temporéria eclipse quase completa na Europa, devido a instalagao e o triunfo dos regimes totalitérios. Cremos melhor que a Magonaria ganharé deste parénteses de inatividade, e que ressurgird inteiramente renovada, e mais forte eficiente, para enfrentar-se com a tarefa social que a incube. Nos Estados Unidos cada Estado tem sua Grande Loja, com um total de 17.000 Lojas e mais de trés milhdes de magons. Se praticam todos os ritos, com predominancia do Rito Escocés de 33 graus, e hd Lojas por onde quer. Os Templos Mag6nicos colossais, que se acham nas principais cidades, dio uma idéia do predominio € magnitude do movimento. Se dé nas Lojas americanas uma importancia fundamental a idéia da fraternidade de todos os homens, independentemente de suas respectivas crengas e opinides, reunindo-se volumosas somas para instituigdes culturais e de beneficéncia. No Canadé hd mais de 1000 Lojas repartidas em 9 grandes Lojas. Na Australia as Lojas se constitufram inicialmente a obediéncia das trés Grandes Lojas da Inglaterra, Escécia ¢ Irlanda, formando depois sete Grandes Lojas independentes com vérios centenas de Lojas. ‘A MAGONARIA EUROPEIA Na Franga segue atuando (1) 0 Grande Oriente e a Grande Loja em forma independente porem sem hostilidade, com um total de mais de 600 Lojas e 100 capitulos. Alem disso hé um Supremo Conselho para a administragdo dos graus superiores dos membros dependentes da Grande Loja, enquanto este tem como mesmo objetivo um Grande Colégio dos Ritos. ‘Também na Franga se acha estabelecida a organizago magOnica internacional ou Co-maconaria conhecida com © nome de “Direito Humano”, com centenas de oficinas espalhadas por todo o mundo, praticando 0 Rito Escocés em 33 graus. Esta organizagio considerada irregular pelas demais poténcias magdnicas, se caracteriza pela admissio da mulher em seus trabalhos, em paridade 23 com 0 homem, O movimento se originou em 1882, com a iniciagdio de Maria Deraismes feita pela Loja Os Livres Pensadores na Provincia de Paris, a qual 11 anos mais tarde se fez promotora da nova organizacao. Atualmente © movimento esté estritamente ligado com a Sociedade Teos6fica. 1. Até a conquista alemd em 1940 que, como é sabido, imps a supressio da Ordem. Outras Lojas adaptaram os mesmos prineipios admitindo a mulher em seus trabalhos, e uma Grande Loja Mista se separou em 1914 da Co-magonaria. Na Espanha havia, antes da guerra recente a instaurago do regime Franquista, mais de cem Lojas organizadas em Grandes Lojas regionais, dependendo de um s6 Grande Oriente e outras tantas no Grande Oriente Lusitano, com tendéncia decididamente democritica, sendo todas estas Lojas outros tantos centros de educagio liberal, como natural reagdo a opressio secular da Igreja. As de Espanha favoreceram abertamente a efémera repiblica socialista, contra os “rebeldes” quem de antemio decretaram a supressio da Ordem. Na Itélia havia, em 1922, mais de 500 Lojas sob a dependéncia do Grande Oriente, constitufdo a imitagdo da organizagio francesa, e um mimero menor a obediéneia da Serenfssima Grande Loja Nacional, dependendo de um Supremo Conselho em antagonismo com o Grande Oriente. Ao fim deste ano se originou um movimento entre as Lojas desta tiltima obediéncia, chegando a maioria destas a unir-se com o Grande Oriente. Sem diivida, seguiram subsistindo os dois corpos antagonistas, até que, a0 cabo de dois anos, se desencadeou a ofensiva do fascismo contra a Magonaria, cuja a supressio decretara Mussolini, apesar de haver em geral a Magonaria favorecido © movimento fascista, e de haver uma maioria de magons até entre os membros do Grande Conselho do partido, Atualmente numa forma proviséria, 0 Grande Oriente da Itélia se reconstituiu em Londres, esperando © dia em que seja possivel renovar livremente sua atividade na peninsula cisalpina. Circulam, sem duivida, noticias no sentido de que a Maconaria siga existindo na Itélia dentro do regime fascista, e especialmente entre 0s oficiais do exército. Na Suiga a Grande Loja Alpina constitui uma alianga de Lojas simbslicas auténomas, cuja atividade se desenvolve principalmente no campo pritico favorecendo as instituigdes nacionais e ocupando-se dos grandes problemas intemacionais. Um plebiscito de inspiragao nazista, que queria acabar com a Ordem na reptblica helvética, foi decidido, pouco antes da itima guerra, em favor da mesma. Na Bélgica havia 24 Lojas sob a dependéncia de um Grande Oriente e um Supremo Conselho para os graus superiores, seguindo um caminho anélogo da Magonaria Francesa, O Grande Oriente da Holanda tinha em suas dependéncias mais de 100 Lojas muitas delas nas colénias; a Magonaria hholandesa se aproxima da inglesa por seus principios e fidelidade ao ritual, perseguindo o ideal da fraternidade e da paz. universal ‘A Magonaria Alema compreendia, antes do triunfo “nazista”, 9 Grandes Lojas reunidas em federagdo (Grosslogenbund) com varias centenas de Lojas e dezenas de milhares de magons. Se caracterizam por sua variedade e pela importincia dada ao lado especulativo, filos6fico e educativo, da Instituigdo. Havia muitas Lojas decididamente cristéis, considerando “a mais alta manifestagao divina na vida e nos ensinamentos do Mestre de Nazareth”; e alem disso um Grande Loja chamada Ordem Mag6nica do Sol Nascente, com sede em Hamburgo, considerada pelas as demais como irregular. Depois de mais de um século de proibigio, pode a Magonaria reativar na Austria seus

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