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A Inclusão Escolar para jovens com Transtorno de Déficit de Atenção

com Hiperatividade (TDAH)

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH


é um transtorno neurológico de causas genéticas, que aparece na infância e
frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida.
É o transtorno mais comum que ocorre em crianças em idade escolar.
Pesquisas apontam que ocorre em cerca de 3% a 5% das crianças nesta idade, sua
prevalência ocorre entre os meninos.
Segundo Cypel (2010) estes são sintomas que se deve observar caso persista
por mais de seis meses:
1- Em geral, distrai-se facilmente com estímulos pouco significativos;
2- Esquece as atividades do dia;
3- Em geral, tem dificuldade em manter atenção em atividades ou trabalhos;
4- Perece geralmente não estar ouvindo o que está sendo falado;
5- Costumar perder objetos necessários às suas tarefas ou atividades escolares;
6- Pouca atenção aos detalhes nas tarefas escolares e ou atividades;
7- Dificuldades em organizar atividades com objetos determinados;
8- Evita, não gosta ou reluta em participar de tarefas que requeiram esforço
mental mantido por período te tempo determinado;
9- Não segue regras e falha em completar as tarefas escolares, rotinas ou
deveres no local das atividades. (p. 71)
O aluno com TDAH apresenta uma grande dificuldade para manter o foco, é hiperativo
e muito impulsivo. O que acaba por tornar ele um “aluno problema” sob o ponto de
vista dos professores.
De acordo com Meneghel (2016):
“Para a maioria das crianças, ir à escola, assistir
TV, ter contato com computadores, tablets,
videogames, constituem atividades corriqueiras de
deu dia a dia. Do mesmo modo, pode-se afirmar
que o contato com esses aparelhos se tornou a
principal atividade (e por que não dizer preferida)
dos pequenos, uma vez que tal interação se
mostra pelo avanço da tecnologia, cada dia mais
atraente, estimulante e interessante.”

O TDAH é um transtorno que está cada vez mais presente na realidade de nossas
salas de aula. As escolas precisam aprender a lidar e conviver com os jovens que
possuem este transtorno.
Segundo um estudo publicado em Julho de 2018, pela Journal of The American
Medical Association (JAMA), adolescentes que usam smartphones com grande
frequência podem sim ter risco elevado de desenvolverem sintomas como déficit de
atenção e hiperatividade.
Os dados obtidos pelos estudos revelam que dos adolescentes que utilizam os
aparelhos de uma a duas vezes por dia 4,6% apresentaram sintomas de TDAH
(similar ao da população em geral). Já os que usavam os aparelhos com mais
frequência durante o dia de 9,5% a 10,5% apresentaram novos sintomas de TDAH.
O estudo concluiu que usuários intensivos têm duas vezes mais chances de
apresentarem sintomas de TDAH.
Como citado acima, os jovens TDAH possuem uma grande dificuldade em manter o
foco e realizar atividades simples em sala de aula, então a grande questão existente
nesta situação é de como os professores podem conciliar uma sala de aula e com
todos os alunos nelas existentes.
É necessário desenvolver atividades que consigam trabalhar a parte lógica de seus
alunos, pois questões práticas e lógicas acabam por exigir do foco dos jovens com
TDAH, o que é prejudicado por conta do transtorno, porém por torná-lo presente na
atividade consegue fazer com que o aluno com o déficit de atenção consiga produzir
e se desenvolver intelectualmente.
O trabalho com crianças com TDAH é visto por muitos com um desafio, pois
na infância muitas dessas crianças apresentam mais os sintomas de hiperatividade,
em muitos casos as crianças não conseguem ficar paradas em sala de aula, o que
acaba também por prejudicar o andamento das aulas.
O diagnóstico de TDAH deve ser feito com acompanhamento de um profissional da
área da saúde, além de um profissional da educação e da família, para que os
cuidados necessários sejam tomados em relação à educação do jovem.
O trabalho das funções cognitivas dos jovens com TDAH é de extrema importância,
diversos autores tratam algumas etapas do ensino como auxiliares para conseguir
manter o foco do aluno em sala de aula:
1- Estabelecer metas a serem trabalhadas durante as atividades;
2- Determinar o início ou fim de uma tarefa;
3- Planejar etapas para o processo;
4- Monitorar cada uma das etapas de acordo com o processo proposto;
5- Avaliar a atividade realizada pelo aluno de uma maneira que o mesmo se sinta
recompensado pelo objetivo cumprido.
Conforme contato que tive com diversas pessoas diagnosticadas com TDAH
(inclusive eu), o último ponto apresentado acima é de grande importância quando se
trata de conquistar a atenção e foco do aluno em sala de aula. O feedback satisfatório
para o aluno faz com o mesmo se sinta motivado a manter seu empenho no conteúdo
e assim poder se desenvolver intelectualmente.
Para se trabalhar com um jovem que tenha TDAH é necessário que diversas etapas
sejam respeitadas, mas o mais importante é o professor ter a consciência de que suas
aulas não terão a mesma dinâmica que ele está acostumado a ter normalmente. As
aulas tendem a ser mais “agitadas” que o normal, por conta da hiperatividade e até
mesmo do déficit de atenção do jovem.
Além do preparo dos professores, é de extrema importância que os pais estejam
abertos a aceitar e discutir a possibilidade de seus filhos terem TDAH conforme os
sintomas forem se apresentando, para que o mesmo seja diagnosticado ainda na
infância e tenha uma educação que não o prejudique no futuro por conta de suas
dificuldades.
O preparo dos profissionais da área da educação é vital para que o aluno receba o
diagnóstico ainda na infância, pois a grande parte dos sintomas começam a se
manifestar neste período. Não só para o TDAH isto é importante, a presença de um
profissional especializado nas escolas é importante não apenas para auxiliar os
professores na preparação e desenvolvimento da dinâmica das aulas, mas também
para auxiliar a diagnosticar ou alertar os pais dos alunos certos comportamentos que
o diferem de outros alunos ou sintomas que se estendem por um período de tempo
mais longo que do resto da turma.
Nos dias atuais, tornou-se mais raro uma turma onde nenhum aluno possua
algum tipo de diagnóstico, do que turmas onde ao menos um aluno possua algum
diagnóstico (seja ele TDAH, Autismo, entre outros). Hoje em dia, é necessário que as
escolas estejam mais bem preparadas para trabalhar nestas situações, seja com
profissionais especializados nestas questões, seja em preparação dos próprios
professores para poderem lidar com estes alunos. O avanço e a cada vez mais
crescente presença da tecnologia acarreta por aumentar a quantidade de casos de
alunos com estes sintomas e faz com que eles estejam mais presentes nas salas de
aula.
Referencial teórico
CHAELIN K, et al. Association of Digital Media Use With Subsequent Symptoms of
Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder Among Adolescents. JAMA. 2018;320(3):255-
263. doi:10.1001/jama.2018.8931. Disponível em:
<https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2687861>.
ABDA. Associação Brasileira de Déficit de Atenção. 2002. Disponível em:<
https://tdah.org.br>.
CYPEL, S. Déficit de Atenção e Hiperatividade e as Funções Executivas: Atualização
para pais, professores e profissionais da saúde. 4ª Ed. São Paulo: Leitura médica,
2010.
MENEGHEL, Ana Lúcia Pinto de Camargo, 1974-M524u: O uso de aparelhos
eletrônicos de tela e a construção das estruturas lógicas elementares e infralógicas
de espaço / Ana Lúcia Pinto de Camargo Meneghel. – Campinas, SP: [s.n.], 2016.

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