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30/12/22, 00:11 Luso (mitologia) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Luso (mitologia)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Luso é o suposto filho ou companheiro de Baco, o
deus romano do vinho e do furor, a quem a
mitologia romana terá atribuído a fundação da “
Lusitânia, as actuais terras de Portugal e da
Estremadura espanhola. 2
Este que vês é Luso, donde a
História
fama
Com a conquista da Península Ibérica pelo O nosso Reino Lusitânia
Império Romano, a região da Lusitânia foi
convertida numa província romana, chama.
correspondendo aproximadamente à área actual
de Portugal a sul do rio Douro e à província
espanhola da Estremadura. 3
"Foi filho e companheiro do
Tebano,
Que tão diversas partes
conquistou;
Parece vindo ter ao ninho
Hispano
Seguindo as armas, que
contino usou;
Do Douro o Guadiana o
campo ufano,
Capa de Naturalis Historia Já dito Elísio, tanto o
de Plínio, o Velho, a obra
que terá involuntariamente contentou,
sido a origem do
personagem mitológico Que ali quis dar aos já
Luso
cansados ossos
Eterna sepultura, e nome aos

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No entanto, não há registros históricos do


nossos.
epónimo Luso ou Lusus entre os povos locais da
época, celtas e iberos. O nome latino Lusitânia
ter-lhe-á sido atribuído por causa dos seus
habitantes, as tribos guerreiras de lusitanos 4
(lusitani), que formavam bandos de elementos de
várias tribos para resistir ao domínio romano. De
"O ramo que lhe vês para
entre os seus líderes destacaram-se Viriato divisa,
(assassinado em 139 a.C.) e o romano Sertório
(também assassinado, em 72 a.C.) sob cujo O verde tirso foi de Baco
comando os lusitanos se colocaram.
usado;
Mitologia O qual à nossa idade amostra
e avisa
Actualmente pensa-se que a suposta existência do
personagem mitológico Luso deriva de um erro de Que foi seu companheiro e
tradução da expressão «lusum enim Liberi
patris», na obra Naturalis Historia de Plínio, o filho amado.”
Velho. O erro terá sido a interpretação da palavra — Luís Vaz de Camões, Os
lusum ou lusus como nome próprio, em vez de um
simples substantivo que significa jogo. Lusíadas,
Numa tradução livre desta obra: «M. Varro estrofes 2 a 4 do Canto VIII
informa-nos que (...) o nome "Lusitânia" deriva
dos jogos (lusus) do Padre Baco, ou da fúria
(lyssa) dos seus acólitos frenéticos, e que Pã era o
governador de toda a região. Mas as tradições respeitantes a Hércules e Pirene, bem como
Saturno, parecem-me absolutas fábulas.» [1]

Isto teria sido lido por André de Resende como «(...) o nome "Lusitânia" deriva de Luso do Padre
(mestre ou pai) Baco (...)», e portanto foi interpretado que Luso seria um companheiro ou um filho
do furioso deus. É esta a leitura que se vê na estrofe 21 do Canto III d'Os Lusíadas de Camões.

Segundo a mitologia romana, Baco teria sido o


conquistador da região. Plutarco, segundo o 12.º
livro da Iberica do autor espanhol Sóstenes[2], diz “
que:
Esta foi Lusitânia, derivada
«Depois de Baco ter conquistado a Ibéria, deixou
De Luso, ou Lisa, que de
Pã a governar como seu representante, que deu o
seu nome à região, chamando-a de Pania, que Baco antigo
por corruptela se tornou em Hispânia.»
Filhos foram, parece, ou
A expressão grega lyssa significará "fúria
frenética" ou "loucura", típicas de Baco/Dioniso. companheiros,
No entanto, estas etimologias parecem ser pouco E nela então os Íncolas
confiáveis.[1]
primeiros.”
— Luís Vaz de Camões, Os
Lusíadas,
estrofe 21 do Canto III

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Existe também a probabilidade, mais plausível, de que o deus Luso seja resultado da interpretatio
romana e que o verdadeiro deus venerado pelos lusitanos seria o deus celta Lugh, posteriormente
transformado em Luso pelos romanos.

Em Portugal
Na obra Os Lusíadas de Luís de Camões (impressa em 1572),
Luso foi o progenitor da tribo dos lusitanos e o fundador da
Lusitânia [3]. Os portugueses do século XVI buscaram olhar para
o passado anterior ao domínio mouro e visigodo para encontrar
as origens da nacionalidade. Os visigodos também não seriam os
antepassados ideais, devido ao arianismo herético que
professavam. Assim olhou-se para a mais alta cultura de Roma,
origem de um catolicismo puro, e para o povo que habitava o
território de Portugal antes e durante o domínio deste império.
Luso, gravura numa edição
d'Os Lusíadas de 1880.
Ver também
Mitologia lusitana

Referências
1. Naturalis Historia, Plínio, o Velho (eds. John Bostock, M.D., F.R.S., H.T. Riley, Esq., B.A.) (htt
p://perseus.mpiwg-berlin.mpg.de/cgi-bin/ptext?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0137&layout
=&loc=3.3) Arquivado em (https://web.archive.org/web/20090516030307/http://perseus.mpiwg-
berlin.mpg.de/cgi-bin/ptext?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0137&layout=&loc=3.3) 16 de
maio de 2009, no Wayback Machine. (em inglês)
2. Lorenzo Hervás, Catálogo de las lenguas de las naciones conocidas, vol. IV, parte II, 1804, p.
106 (http://books.google.com/books?id=hxMSAAAAIAAJ&pg=PA106&lpg=PA106&dq=plutarco
+Sostenes&source=web&ots=DEMwWsiwAd&sig=HtA3hUQcil-AtOqrdr0H8KcGr-A)
3. Os Lusíadas, Luís Vaz de Camões (estrofe 22 do Canto III e estrofes 2 a 4 do Canto VIII) (em
português)

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