Você está na página 1de 15

A Europa dos Estados absolutos e a

Europa dos parlamentos

Escola Secundária José Gomes Ferreira


Ano letivo 2022/2023

Disciplina de História A
Professora Graça Moura 1
Trabalho realizado por:
- Joana Canhão Nº12 11º8ª
Introdução:

O presente trabalho, no âmbito da disciplina de História A visa abordar a Europa dos


Estados absolutos e a Europa dos parlamentos.
O objetivo deste trabalho é explicar os fundamentos da organização do Antigo
Regime, estabelecer a diferença entre as três ordens sociais, reconhecer os
comportamentos e os valores da sociedade de ordens, identificar as vias de
mobilidade social, apresentar as características do poder absoluto, identificar o papel
desempenhado pela corte no regime absolutista, esclarecer o significado da expressão
“encenação do poder”, caracterizar a sociedade portuguesa do Antigo Regime,
analisar as razões de sucesso do absolutismo joanino, relacionar o desenvolvimento
do aparelho burocrático em Portugal, reconhecer o parlamento como um órgão de
limitação efetiva do poder real, compreender a recusa do absolutismo na sociedade
inglesa e fundamentar de acordo com o parlamentarismo de John Locke, estabelecer
uma distinção entre o modelo sociopolítico absolutista ao modelo parlamentar e por
fim destacar a importância da afirmação de parlamentos numa Europa de Estados
absolutos.
No modelo sociopolítico do Antigo Regime o poder, a sua composição e a
consideração social de cada indivíduo são definidas através do nascimento e com o
contributo das leis e dos costumes. De acordo com a hierarquia social, o rei é
considerado supremo, absoluto e sacralizado.
Em Portugal, o absolutismo é baseado na expressão dada por D.João V. Constitui um
aparelho burocrático complexo, que permite ao rei exaltar a sua pessoa e consolidar a
sua autoridade.
Em Inglaterra, a rejeição do absolutismo origina um período de conflitos, de guerra civil
e até uma experiência republicana. Para pôr fim a estes conflitos, surgiu em 1688,
uma “revolução gloriosa”, onde consagra o princípio da Lei e o respeito pelas
liberdades do indivíduo.

2
1.1 Estratificação social e poder político nas
sociedades do Antigo Regime
1.1.1 Uma sociedade de ordens assente no privilégio

O Antigo Regime refere-se ao sistema social, político e económico que ocorreu entre o
século XVI e o fim do século XVIII que vigorou na maior parte dos países europeus.
Este regime, é caracterizado pelos regimes centralizados e absolutistas, em que o
poder estava concentrado apenas no rei.
Este período é marcado pela lenta decadência da nobreza e pela ascensão do
Terceiro Estado, onde a burguesia alcança riqueza, prestígio e influência.
A nível político, o Antigo Regime corresponde à afirmação das monarquias absolutas.
A sociedade tinha uma divisão tripartida, o Clero, a Nobreza e o Terceiro Estado,
como se pode observar na Figura 1.
A sociedade está organizada em ordens ou grupos sociais, que impôs aos indivíduos
um conjunto de valores e de comportamentos. Eram diferenciados através:

 Do seu nascimento
 Das funções sociais que desempenham
 Dos seus privilégios e deveres
 Da sua condição económica
A cada ordem corresponde um estatuto jurídico próprio e os seus elementos
distinguem-se pelo traje e pela forma de tratamento.
A sociedade de ordens do Antigo Regime assentava no reconhecimento e na
aceitação do princípio da desigualdade natural perante o Estado e a comunidade.
Os monarcas rodeiam-se de uma corte sumptuosa e de um protocolo rígido que
enaltece a figura régia e a coloca no centro das atenções. A França, com o seu rei,
Luís XIV, tornaram-se o modelo das cortes europeias.

O clero ou o primeiro estado

É o estado mais digno devido a estar mais próximo de Deus.


É o único estado que não se acede pelo nascimento.
Desempenhava funções como:

 Clero secular: dirigido às atividades do culto


 Clero regular: membros de ordens nos conventos ou mosteiros
O Alto Clero é constituído pelos filhos-segundos da nobreza, pelos cardeais,
arcebispos e abades que são provenientes da alta nobreza e de muitos ricos. Viviam
luxuosamente e desempenhavam cargos na corte e na administração central, onde
muito são professores nas Universidades.

3
O Baixo Clero é constituído por párocos, frades e por oriundos das gentes rurais.

O clero possuía vastos privilégios:

 Isentos de impostos
 Prestação de serviço militar
 Não esta sujeito à lei, mas sim ao “foro eclesiástico”
 Direito de asilo
 Recebia a dízima
 Grande proprietário de terras

A nobreza ou segundo estado

A nobreza era a antiguidade de linhagem (de berço) e da proximidade em relação ao


rei.
Ocupava os cargos mais elevados da administração e do exército.
Dedicava-se à carreira nas armas (nobreza de sangue/espada) ou a cargos públicos
(nobreza de toga).
Gozava de um regime jurídico próprio, não podiam ser açoitados nem enforcados, não
pagavam impostos ao rei, exceto em caso de guerra e detinham grandes
propriedades.
A nobreza tinha origem na:

 Nobreza de Sangue/espada: nobreza de nascimento e orgulhosa dos seus


títulos.
 Nobreza de Toga: filhos de burgueses e exerciam cargos importantes
administrativos. Ocupava-se com o ofício das armas e mercantilizava a
produção das suas propriedades
A nobreza rural era fundiária e senhorial, enquanto a nobreza cortesã exercia cargos
na corte.
De acordo, com a riqueza e o poder existiam dois tipos de nobreza: alta nobreza
(constituída por aristocratas com elevado poder fundiário, exerciam tarefas ligadas ao
comércio e dedicavam-se à vida na corte) e a baixa nobreza (constituída por fidalgos
e que possuíam grandes dificuldades económicas
Os nobres estavam isentos do pagamento de impostos ao Estado, continuavam a
cobrar os direitos senhoriais aos camponeses, mantinham em funcionamento o
tribunal senhorial e eram escolhidos para o desempenho dos mais altos cargos
administrativos.

O Terceiro Estado

4
É a ordem mais heterogénea, burgueses ricos cujo membros podem permanecer nas
dignidades mais elevadas.
No topo do grupo encontram-se os homens de letras, onde adquirem saber através
das universidades. Seguem-se os financeiros e os mercadores, os ofícios superiores,
como o boticário, joalheiro, chapeleiro, onde se encontram mais ligados à atividade
mercantil do que ao trabalho manual.
Todos os homens podem usar o título de burguês, embora permaneçam em escalões
diferenciados e constituem a elite do Terceiro Estado.
Em seguida, surgem aqueles cujo trabalho assenta no corpo. Primeiro, os lavradores
que possuem a sua própria terra ou renda. Em lugar inferior, encontram-se os que
desempenham ofícios mecânicos, ou seja, os artesãos. Logo seguidos dos mais
humildes de todos os trabalhadores, aqueles que executam trabalho assalariado.
Restam ainda aqueles que não cumprem a função social do Terceiro Estado, os que
não trabalham, como são o exemplo, dos mendigos, vagabundos e indigentes, onde
são os mais desprezíveis membros da sociedade de ordens.
Sendo ricos ou pobres, todos os elementos do povo pagam impostos e vivem do seu
trabalho.
A população rural era cerca de 80%, constituída por camponeses que:

 Trabalhavam nas suas próprias terras.


 A maioria não tinha terras próprias, logo trabalhavam em terras senhoriais.
 Existiam artesões ligados a atividades rurais.
A população urbana era dominada pela burguesia:

 Alta burguesia: homens de negócios e letrados que exerciam altos cargos de


administração e ascendiam à nobreza de toga.
 Baixa burguesia: mestres de ofício, artesãos, funcionários e detinham alguma
riqueza e prestígio social.

5
Fig.1- As três ordens sociais como suporte do Reino de França
Na figura 1, podemos observar a representação das três ordens sociais, o Clero, a
Nobreza e o Terceiro Estado.
Mostra uma desigualdade a nível das três ordens sociais. No topo, podemos ver a
nobreza, através da sua espada. Em seguida, está representado na figura, a ordem
social do clero através do seu vestuário. E por fim, a sobrecarregar todo este peso,
visto como forma de impostos, temos o Terceiro Estado, um estatuo inferior.

A diversidade de comportamentos e valores. A mobilidade social

A diferença social era vista de forma clara, no comportamento dos indivíduos e no


tratamento que os outros lhes dispensavam.
Cada grupo social tinha os seus comportamentos e vestuários próprios.
A nobreza usava a espada e roupas feitas de tecidos caros. O clero era identificado
pela tonsura, que era um corte de cabelo, onde se deixava uma coroa rapada no alto.
Em locais públicos o Terceiro Estado deveria afastar-se para dar passagem aos
privilegiados, só se podendo dirigir se solicitado, tinham de permanecer de cabeça
destapada e olhos postos no chão, o que representa uma posição de inferioridade.
Os elementos das ordens privilegiadas estão isentos de penas vis, como o açoite e o
enforcamento. Os seus crimes são punidos com pesadas multas, com degredos e em
caso de pena máxima, são executados por decapitação.
A mobilidade social era muito reduzida e difícil devido ao nascimento marcar o grupo
social de cada um. Trata-se de um processo lento, cheio de avanços e recuos.
Apenas o rei podia decidir a mudança de estatuto de alguém.
Porém, lentamente o Terceiro Estado conseguiu ascender socialmente. Foi o dinheiro
que abriu à burguesia os caminhos que conduzem ao topo.
Vias de mobilidade social:
- os estudos
- o casamento com filhas da velha nobreza
- os lucros de grande comércio (dinheiro)
- a declaração aos cargos do Estado

6
1.1.2 O absolutismo régio

No século XVII e XVIII as monarquias absolutas marcaram a sua totalidade. As


monarquias absolutas concentram no rei todo o poder do Estado, o poder executivo,
que aprova e ordena o cumprimento das leis, o legislativo, que tem o poder de
conceber leis e de intervir na atividade administrativa e económica e o poder judicial,
que tem o direito de julgar em situações de incumprimento de leis.
O ponto alto da hierarquia social é ocupado pelo rei, o considerado, Deus supremo,
como podemos observar na Figura 2. A legitimidade deste poder supremo só poderia
ser encontrada na vontade de Deus, que provinha através da escolha e dádiva, não só
a autoridade real como as qualidades necessárias ao exercício de tão importante
cargo.

Os fundamentos do poder real

O clérigo francês Bossuet foi um dos principais teorizadores dos fundamentos e


atributos da monarquia absoluta.
Segundo Bossuet, as principais caraterísticas do poder absoluto são:
- É sagrado, pois provém de Deus que conferiu aos reis o poder para estes
governarem em seu nome. Nesse sentido, a origem divina do poder real torna-se
incontestável, mas o rei deve ter obrigação de governar para o bem da Nação.
- É paternal, visto que, o rei era considerado a autoridade paterna e que na forma de
governação, deve estar ciente do bem-estar do seu povo.
- É absoluto, onde o rei não é obrigado a prestar contas a ninguém das suas ações.
Deve assegurar o respeito pelas leis e pelas normas da justiça, como forma de evitar a
anarquia que retira aos homens os seus direitos.
- Está submetido à razão, ou seja, à sabedoria e à inteligência que lhe permite decidir
o bem e fazer o povo feliz. Deve demonstrar algumas qualidades como a bondade,
firmeza, prudência e força de carácter.

7
Fig.2- A imagem do poder
Na figura 2, podemos observar a representação de Luís XV de França.
Neste retrato, o rei está rodeado de luxo e ostentação. Está representado o manto
com flores-de-lis bordadas a ouro, ao pescoço, o colar da Ordem do Espírito Santo e a
sua espada, que representa o poder militar.

O exercício da autoridade. O rei, garante da ordem social estabelecida

O rei absoluto concentra em si todo o poder do Estado, ele governa, julga e faz as leis.
O Estado é substituído pelo rei, daí, a afirmação de Luís XIX “O Estado sou eu”.
Os monarcas dispensam o auxílio de outras forças políticas e não existe qualquer
organismo que controle o seu poder.
Em França, os Estados Gerais reuniram-se pela última vez em 1614-1615. No entanto,
nenhum desses organismos foi realmente abolido, pois abolir qualquer instituição seria
uma afronta aos privilégios estabelecidos que ao rei cabia preservar.
O rei torna-se assim, o único que garante a ordem social estabelecida, jurando-o na
cerimónia da sua coroação. Qualquer tentativa de alterar este estado de coisas é
considerado um desrespeito e traição.

A encenação do poder: a corte régia

As cortes régias durante o absolutismo adquirem uma grande importância. Tornam-se


um espelho do poder
Versalhes torna-se o padrão da corte real. O palácio e a vida que nele se desenrolava
identificam-se com a própria realeza.
O grande palácio de Versalhes foi construído à imagem do Rei Luís XIV. Nele viviam
os principais funcionários e conselheiros régios, seguindo as normas impostas por
uma hierarquia rígida e uma etiqueta.
No interior do palácio, viva-se num clima de luxo e festa permanente.
Esta sociedade de corte servia de modelo a toda a realeza, pois representava o cume
do poder e da influência. Os monarcas favoreciam a sua existência pois era uma
forma de controlarem a principal nobreza do país.
A vida quotidiana em Versalhes representava uma encenação do poder e da grandeza
do rei. A encenação dos grandes espetáculos, a ostentação dos banquetes, a riqueza

8
do vestuário e o complicado cerimonial. Todos estavam dependentes de um sorriso ou
de um cumprimento real.

1.1.3 Sociedade e poder em Portugal

A preponderância da nobreza fundiária e mercantilizada

A sociedade em Portugal apresenta as características do Antigo Regime.


A restauração da independência, em 1640, por iniciativa da nobreza, concedeu a esta
ordem de grandes proprietários de terras um papel social importante, reforçado pelos
cargos na governação da monarquia.
A nobreza por seu lado, tornou-se uma ordem poderosa, devido ao nascimento de
uma nobreza mercantilizada que ocupava os cargos de direção de comércio
ultramarino. Esta atividade mercantil, da ordem da nobreza, criou a figura do cavaleiro-
mercador. Deste fenómeno decorrem duas consequências: a difícil afirmação da
burguesia portuguesa e o atraso económico de Portugal face a vários países da
Europa.
O clero aumentou o seu património fundiário
No entanto, a burguesia apresentou dificuldades em se afirmar, não se fortalecendo
enquanto grupo social.
O tempo histórico acompanha o ritmo das mudanças na sociedade, onde se destacam
três períodos, o tempo curto relacionado com os acontecimentos e com questões
políticas, como exemplo datas importantes para a história, o tempo médio, ligado à
conjuntura e aos aspetos/ crises económicas e por último o tempo longo, relacionado
com a estrutura, estudando as mentalidades.

A criação do aparelho burocrático do Estado absoluto

Com a criação do aparelho burocrático do Estado, a concentração de poderes obriga à


sua organização.
No século XVII, após o domínio filipino D.João IV, viu-se na necessidade de
reestruturar os órgãos da administração central e da guerra.

9
D.João IV cria um núcleo administrativo central, as secretarias, que intervém em
áreas como a defesa, a criação do Conselho de Guerra, as finanças, a reforma do
Conselho da Fazenda e a justiça e a reestruturação do Desembargo do Paço.
Na segunda metade do século XVIII, o rei D.João V, teve um papel importante na
governação. O reforço do poder real atenuou o peso que a política detinha na nobreza
e conduziu ao apagamento do papel das Cortes como órgão do Estado.
Apenas, D.João V, podia estabelecer em Portugal, a imagem do rei absoluto. Como
forma de melhorar o núcleo central da governação, o rei em 1736, procedeu à reforma
das três secretárias do Estado.
Embora, os esforços conseguidos, em meados do século XVIII, a máquina burocrática
do Estado continuava pesada, lenta e insuficiente.

O absolutismo joanino

O absolutismo joanino caracterizou-se não só pela grandeza e pelo fausto do rei e da


corte, mas também pela criação de instituições políticas. Procedeu a uma reforma
administrativa no sentido de controlar o governo do país.
Tal como Luís XIV, D.João V realçava a figura régia através da magnificência (luxo),
da etiqueta, da teatralização do poder, ou seja, através da criação de uma sociedade
de corte.
O governo joanino correspondeu a um período de paz e de excecional abundância
para os cofres do Estado, visto que, coincidiu com a exploração das descobertas
minas de ouro e diamantes do Brasil.

Administração

Naquela época, Luís XIV, fazia transparecer uma imagem de respeito à autoridade
com que dirigiu os negócios do Estado e de magnificência de que se rodeava.
D.João V, para além da recusa em reunir as Cortes e as reformas, que efetuou na
administração do Estado, procurou de certa forma, expressar a sua posição de
grandeza e superioridade face à nobreza. Expulsou da corte alguns artesãos, por
terem desrespeitado um oficial de justiça, que representava a autoridade real.

Exaltação da figura régia

D.João V, assim como, Luís XIV (Rei Sol) procurava realçar a sua figura de grandeza
e autoridade através do luxo e da etiqueta.
O rei possui o lugar central, sendo o centro das atenções e do poder.

10
A vocação de grandeza que demonstra é integrada, com uma política de mecenato
das artes e das letras. Fundou a Real Academia de História, patrocinando para
importantes bibliotecas.
Inicia uma política de grandes construções, como a remodelação do Paço da Ribeira e
a construção do Convento de Mafra, símbolo de um tempo e de um reinado.

Política externa

O rei promoveu a neutralidade face aos conflitos europeus, garantindo os interesses


do nosso império e do comércio.
Procurou o auxílio do Papa e enviou uma forte armada para combater os Turcos, que
ameaçavam Itália. Como forma de retribuição, o Papa atribui-lhe a criação do
Patriarcado de Lisboa para qual o soberano reivindicou as mais altas honras e ao qual
dispensou a maior proteção.
A época barroca, traduziu-se no brilho e na ostentação que significava autoridade e
poder.

1.2 A recusa do absolutismo na sociedade inglesa

A Holanda e a Inglaterra faziam parte de dois modelos de sociedades e de Estados


que tinham como principais marcas a afirmação política da burguesia, a recusa do
absolutismo e a defesa da tolerância e do parlamentarismo.

1.2.1 Da guerra civil à Declaração dos Direitos

A primeira revolução e a instauração da república

Em 1625, Carlos I sucede a Jaime I como rei da Inglaterra e sobe ao trono, cuja
governação originou protestos por parte do parlamento. O desentendimento entre o rei
e o Parlamento veio a piorar no seu reinado.
Carlos I, aumentou o número de impostos, sem o consentimento do Parlamento e
procedeu a prisões arbitrárias.
De acordo com as várias ilegalidades cometidas, ocorreram diversos discursos e
petições parlamentares.
No ano de 1628, o rei viu-se obrigado a assinar a Petição dos Direitos, onde se
comprometia respeitar as antigas leis e impede-o de proceder a prisões arbitrárias
bem como acumular impostos sem o consentimento dos ingleses.

11
Carlos I, no ano de 1629 dissolve o Parlamento e começa a governar de modo
absoluto. Originou assim, uma guerra civil (1642) entre os apoiantes do Parlamento e
os apoiantes do rei.
Distinguiam-se os Não parlamentaristas e os Parlamentaristas. Os Não
parlamentaristas, também conhecidos como “Cavaleiros”, tinham o apoio do rei, da
Câmara de Lordes e dos membros da igreja (católicos e anglicanos) e opunham-se às
mudanças e ao poder do Parlamento.
Os Parlamentaristas (cabeças redondas), tinham o apoio dos protestantes, da
população urbana e dos defensores da limitação do poder do rei.
Nesta guerra, apoiando os Parlamentaristas, surgiu Cromwell.
A Guerra Civil termina em 1649, originando o fim da monarquia. É abolida a monarquia
e instaurada a república governada pelo Parlamento, Commonwealth and Free State.
As lutas e as divisões no Parlamento levaram Cromwell a instaurar um governo
ditatorial a partir de 1653, onde aboliu a Câmara de Lordes, destituindo os que se
opunham e dissolveu o parlamento.

A restauração da monarquia. A Revolução Gloriosa

Com a morte de Cromwell, em 1658, é restaurada a monarquia com Carlos II.


Durante o seu reinado, as liberdades dos ingleses são forçadas através de vários
documentos, onde se destacam, o Habeas Corpus (1679), que proibia detenções sem
que a culpa tenha sido formalizada, abolição da censura, garantia da liberdade de
petição e reestabeleceu a Câmara de Lordes.
A Carlos II, sucedeu o seu irmão Jaime II, católico e defensor do absolutismo, o que
suscitou a desconfiança do Parlamento.
Estas atitudes provocaram o descontentamento de muitos ingleses, abrindo portas às
pretensões de Guilherme de Orange, casado com Maria, a filha mais velha do rei.
Em 1688, Guilherme de Orange desembarcou em Inglaterra, à frente de um exército.
Jaime II abandou assim o país.
Assim, Guilherme de Orange e Maria Stuart foram proclamados pelo Parlamento, reis
de Inglaterra.
A Revolução Gloriosa contribui para a consolidação do regime parlamentar e pôs fim
ao absolutismo régio em Inglaterra.
Guilherme de Orange e Maria, em 1689, assinaram a Declaração dos Direitos (Bill of
Rights), como é visível na Figura 3. Esta declaração assegurou os princípios da
liberdade individual e reconhece a liberdade de culto para os protestantes.
Em 1695, é abolida a censura e estabelecido o direito de livre reunião.
Os poderes do Estado eram partilhados entre o rei e o Parlamento, a partir de regras
definidas, que protegiam os ingleses de um poder absoluto.

12
Locke e a justificação do parlamentarismo

John Locke proveniente da burguesia, fundamentou a recusa do absolutismo e a


defesa do parlamentarismo.
As revoluções inglesas inspiraram ao filósofo, um Tratado do Governo Civil, publicado
em 1690, na qual defende que os homens nascem livres, iguais e autónomos e só
através do seu consentimento pode desenvolver um poder a que obedeçam.
O povo tem o direito de se revoltar contra os monarcas, se estes usarem o poder de
forma arbitrária.
Assim, segundo Locke, é do povo que provém a autoridade política, o que contraria a
ideia da origem divina do poder, fundamento do absolutismo régio.
A obra de Locke contribuiu assim, para o prestígio do sistema parlamentar, que ao
passar do tempo, a instabilidade dos tempos revolucionários, se estabilizou.

Fig.3- A Declaração dos Direitos de 1689


Na figura 3, podemos observar a representação de John Locke, o defensor do
parlamentarismo.
O documento da Declaração dos Direitos é um texto fundamental da monarquia
inglesa, estabelecido por Maria e Guilherme de Orange.
Esta declaração limitou o poder do rei na Inglaterra, aumentando o poder do
Parlamento.

Conclusão:

A proposta deste trabalho foi investigar e compreender todos os temas referentes à


Europa dos Estados absolutos e a Europa dos parlamentos.

13
Compreendi vários conceitos como, o de Antigo Regime, de monarquia absoluta e de
Parlamento. Diferenciei as três ordens sociais e realcei a sua importância para a
sociedade do Antigo Regime, bem como o reconhecimento dos seus comportamentos
e dos seus valores da sociedade.
Como forma de investigar todos os subtemas, realizei uma pesquisa em diversos sites
e também através do manual escolar.

Bibliografia/webgrafia

Bibliografia: “Entre Tempos 11- Parte 1”: manual escolar


Webgrafia:

14
https://pt.slideshare.net/vmsantos/4-02-a-europa-dos-estados-absolutos-e-a-europa-
dos-parlamentos: data 1ª vez no site- 19/11

15

Você também pode gostar