1) Giselle Souza compartilhou sua experiência como pesquisadora do grupo CONSIA sobre consumo.
2) O CONSIA estuda o consumo sob diversas perspectivas como comunicação, cultura, gênero e identidade.
3) A pesquisa de Giselle analisa o chocolate da Ilha do Combu e como ele promove experiências culturais amazônicas.
1) Giselle Souza compartilhou sua experiência como pesquisadora do grupo CONSIA sobre consumo.
2) O CONSIA estuda o consumo sob diversas perspectivas como comunicação, cultura, gênero e identidade.
3) A pesquisa de Giselle analisa o chocolate da Ilha do Combu e como ele promove experiências culturais amazônicas.
1) Giselle Souza compartilhou sua experiência como pesquisadora do grupo CONSIA sobre consumo.
2) O CONSIA estuda o consumo sob diversas perspectivas como comunicação, cultura, gênero e identidade.
3) A pesquisa de Giselle analisa o chocolate da Ilha do Combu e como ele promove experiências culturais amazônicas.
Na última aula ministrada, recebemos Giselle Souza que é mestranda do
PPGCOM/UFPA e pesquisadora do Grupo de Pesquisa Comunicação, Consumo e
Identidade (Consia/UFPA), que compartilhou um pouco de sua experiência com os discentes do 6° semestre de Publicidade e Propaganda do CESUPA. Em seu relato, Giselle conta que passou cerca de 15 anos trabalhando no mercado, mas mesmo assim começou a fazer novas matérias e descobriu aos poucos que gostava de estudar. O que mais motiva é descobrir uma paixão, investigar tal assunto, e disse também que a pesquisa é trabalhosa, mas pode ser encantadora. Em seu trabalho mais recente, o CONSIA enxerga o consumo em todas as suas nuances, não apenas como troca de valor monetário, mas como uma das possibilidades de espaços para questionamentos, vivências, debates e práticas simbólicas que perpassam por estereótipos, marcadores sociais da diferença, ações de divulgação de mercado, resistência e interações no tecido social da vida. As linhas de pesquisa do grupo são definidas em quatro categorias, sendo elas: ● Processos Comunicacionais, Consumo e Sociabilidade: Envolve pesquisas sobre aspectos de divulgação e de produção oriundos dos processos comunicacionais envolvendo as práticas de sociabilidade e suas apropriações e manifestações, por parte de instituições e sujeitos, considerando as tangibilidades e intangibilidades do consumo; ● Comunicação, Consumo e Entretenimento: Compreende estudos que percebam o entretenimento como cenário de consumo e de vivências de experiências, (des)construções e (com)partilhamentos de significados culturais, de materialidades e interações sociais; ● Comunicação, Consumo e Gênero: Engloba pesquisas que busquem discutir a relação entre consumo e gênero, em perspectiva social, cultural, econômico e política, em análise a práticas que articulam características de identificações, de representações e de representatividades; ● Consumo e Cultura Material: A linha de pesquisa se propõe a analisar estudos acerca do consumo a partir das relações entre os objetos e os sujeitos e das experiências e das construções (i)materiais envolvendo o simbólico e as sensibilidades que constituem o tecido da vida social. As pesquisas feitas pelo grupo já abordaram muitos tópicos, como por exemplo: aplicativos, como o grindr, drag queens, o sertanejo feminino, artigo sobre a BIA, a IA (Inteligência Artificial) do Bradesco que sofreu assédio pelo aplicativo. E já em 2020, com o surgimento da pandemia, todo tipo de interação social acabou voltada para o mundo virtual, e seguindo o mesmo ritmo, as pesquisas também foram adaptadas a este meio, assim como teve de ser necessário buscar novas formas de interações, revisões metodológicas, novos olhares aos problemas e objetos de estudo e outras hipóteses. A pandemia causou uma intensa tecnologização da vida social com interferências na sociabilidade, nas comunicações, na economia, no processo de (des)informação e da própria cultura das mídias. A partir disso, muitas coisas não voltarão mais ser como eram antes, em todos os âmbitos, pois não passamos pela pandemia de forma ilesa. No CONSIA a abertura para falar sobre quaisquer assuntos é grande, têm passe livre para falar sobre o que sabem e não sabem, pedem ajuda, e todos os pesquisadores se ajudam. Conversar sobre o assunto que estudaria foi fundamental, pois os outros integrantes a ajudaram com opiniões sobre o objeto de estudo escolhido. O afeto e acolhimento dentro do grupo é imenso, inclusive na pandemia em meio às dificuldades. Atualmente, utilizando o consumo e a cultura material, eles conseguem ter um campo amplo, como videogames, kpop, resistência e feminismo. Os meios comunicativos utilizados pelo grupo são o Facebook e o Instagram, onde compartilham conteúdos de especialistas, artigos, vídeos e outros mais elementos que podem ajudar no assunto abordado. A ideia do CONSIA é falar sobre consumo, sobre o que mais chama a atenção como pesquisa, mas também envolver afeto. A pesquisa em si é realmente muito fria, mas é possível criar algum tipo de relação um pouco mais calorosa com aquele tipo de objeto de pesquisa. Partindo para o seu verdadeiro foco dentro do CONSIA, Giselle atualmente tem a pesquisa “Consumo do chocolate na Ilha do Combu como mediador de experiências identitárias amazônicas” em seu principal estudo. A mestranda possui uma agência de comunicação onde trabalhou para um restaurante da ilha durante 10 anos. O Combu não era tão famoso durante esse período, então foi necessário uma divulgação do lugar, sobre onde estava localizado e como poderia-se chegar até lá. Nesse período que passou conhecendo os moradores da região, conheceu Nena, que é proprietária do Filha do Combu, que é portadora do Chocolate do Combu. A proprietária conta que a receita é de família passada de geração em geração, para fazer o chocolate que tem um sabor diferente, sabor mais autêntico. A empresa Filha do Combu está na Amazônia e tem como pilar fundamental a sustentabilidade e foi fundada por uma mulher ribeirinha, e começou a oferecer trilhas para poder chamar a atenção de turistas, e criação de novas experiências. O chocolate por si só já é algo que encanta, desperta sensações boas, e a maioria dos consumidores do Chocolate do Combu sempre oferecem elogios ao produto, encantados com o sabor diferenciado do doce amazônico. Em meio aos processos de desenvolvimento da pesquisa, a investigação se torna um tópico importante pois nele está inserido: o processo de origem e produção do chocolate; local que está inserido (Ilha na Amazônia e as relações sociais existentes, memória afetiva, mulher ribeirinha); empresa sustentável e o mito da sustentabilidade, onde basta colocar um selo lá e todos abraçam a empresa, mas nem sempre é verdade, muitas empresas poluem na hora da produção e descarte, precisa-se estudar de fato a sustentabilidade e empresa; relação da Marca Amazônica com o Branding e Marketing da Filha do Combu; a cultura material e a força que este chocolate possui; a Diversidade de Consumo entre os consumidores locais e externos, O que os consumidores locais entendem do consumo desse chocolate x consumidores externos (o fato do turista pegar o barco, já é o suficiente para encantar; o cenário e o meio de transporte); a identidade amazônica e as experiências identitárias amazônicas proporcionadas pela empresa através do consumo do chocolate, o que o turista absorve de Amazônia com a experiência que o chocolate gera. Já na metodologia, é feita por pesquisa bibliográfica e a observação participante, onde a mesma estava comprometida no início da pesquisa por causa da pandemia, então não conseguia ir in loco, mas continua a pesquisa online mas vai ao local sempre que pode; a coleta de dados (observa as redes sociais, por exemplo), e análise dos dados e descrição qualitativa dos resultados. Nesse campo de inserção, a Importância do orientador é te dar um direcionamento quando se tem sede de abraçar o mundo, e é preciso refinar e selecionar os melhores métodos e dados a serem utilizados. Início de pesquisas sempre são mais conturbados, mas aos poucos o objeto se molda ao que se vai acrescentando informações e vitalidade. É preciso encontrar algo que incentive e mova verdadeiramente; muito mais do que encontrar um assunto pra falar, precisamos saber o que nos motiva a fazer tudo isso, tendo tcc e doutorado como exemplos; principalmente quando estiver tudo mais difícil, assim se torna um estimulador a reverter essa situação. Giselle fez uma entrevista com os donos da empresa para saber como eles entendem como empresa e sobre o Combu, e no meio disto se tem uma contradição: um dos administradores entende sobre a importância de falar sobre sustentabilidade, enxergar a amazônia não só como uma venda, mas entender como uma parte integrante dessa natureza; o branding era desse jeito. Já para o outro, entende a empresa como força gastronômica, por estar inserida num ambiente conhecido por isso. A partir do momento que se entendeu o que a empresa entende, pulou para outro processo de estudar como os consumidores enxergam a empresa. Tem que estudar pra se valorizar como região; entender a importância que temos em meio a vários processos, o quanto temos de valor; a Nena não entendia o quanto o seu produto era forte, só entendeu quando chefes do mundo todo falaram o quanto era bom; temos o pensamento errôneo de achar que sempre o de fora é melhor. Geralmente, acredita-se que pesquisa acadêmica e do mercado são muito diferentes, e não são. A mestranda confirma que conseguiu ser uma melhor profissional devido a essas pesquisas que realiza na academia; quando começou a estudar sobre o consumo, o olhar dela pro mercado mudou; descobriu outros meios de encantar o consumidor através do estudo das pesquisas de consumo. E concluindo o estudo, Giselle afirmou que se, a sua visão sobre um objeto de pesquisa é único, nenhuma pesquisa vai ser realmente igual a outra; cada pessoa tem uma visão própria. Às vezes o pesquisador nem percebe que o objeto de pesquisa dele tá ali na sua frente, conversando com ele, mas nunca viu ele como um objeto, talvez por ter se tornado algo rotineiro e mais íntimo, por exemplo: Ela se tornou amiga da Nena por anos e sequer pensou sobre estudar o chocolate que ela criava, porém quando começou a estudar na academia, pensou e começou. E por fim, conta sobre uma dica de como se organizar enquanto estiver pesquisando: em seu caso, ela precisa escrever, montar esquemas, olhar (é muito visual); o que mais ajudou ela foi procurar temas de pesquisa dela que mais a chamavam atenção; troca com o orientador e com outros pesquisadores, participar de congressos, por exemplo, porque assim entende o que está se falando, mesmo que seja em algo macro: ela falando do chocolate, mas alguém está falando sobre a amazônia, e vai adquirindo mais conhecimentos que facilitam a pesquisa.