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+noções de Antropologia Teológica
+noções de Antropologia Teológica
UMUARAMA –PR
ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA
UMUARAMA
2020
NOÇÕES DE ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA
PREÂMBULO
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Teologia não pode ser entendida como simples especulação ou interpretação do que
se manifesta no pensamento teológico cristão, mas tende, particularmente, a
contextualizar e adequar o entendimento da revelação a ambientes culturais que se
modificam com os tempos. Portanto, a adjetivação “Teológica”, que se acrescenta
ao conceito “Antropologia”, indica algo mais do que simplesmente interpretar o
cristianismo, seja pelo que resultou da sua ação ou do que move suas motivações
em torno do que espera alcançar. Daí a perspectiva de alargar o entendimento
antropológico do ser humano, com a riqueza dos elementos da revelação cristã[2].
Ainda que a Teologia também se ocupe com muitas interpretações, ela os realiza a
partir de dados decorrentes da revelação ou da referência a Jesus Cristo.[3] Em
outras palavras, uma Antropologia Teológica pode ajudar-nos a alargar e enriquecer
não somente os conhecimentos acumulados em torno do agir humano, mas pode,
também, envolver-nos numa graça maior de um Deus que aponta um caminho para
ser percorrido, a fim de que os seres, que já se consideram humanos, possam
realmente experimentar-se mais humanizados ou mais capazes de entender-se
entre si.
Nesta breve abordagem dos itens que seguem, procuramos relacionar a
Antropologia pelo lado cultural, no sentido amplo e genérico, para realçar alguns
aspectos da inter-atuação e da interdependência que se estabelece entre
Antropologia Cultural e Teologia. Trata-se, pois, de um texto escrito na perspectiva
de abrir algumas ‘janelas’ para entender a relação da Antropologia com a Teologia,
mas também com o intento de despertar alguma sensibilidade para possíveis
avanços no diálogo entre a ciência religiosa e as ciências humanas.
Mesmo diante do propósito de destacar alguns aspectos, procuramos nos
textos que seguem situar-nos em ponderações ainda mais limitadas e restritas,
porque se constituem apenas de pequenas noções introdutórias a respeito de alguns
aspectos importantes que envolvem a Antropologia Teológica e, de forma ainda mais
delimitada, somente traços da Antropologia Cristã. Entre o que destacamos,
encontram-se os temas: hierofanias, a concepção do sagrado e do profano, a
violência no sagrado, a eroticidade, o mimetismo, o sacrificialismo, sobretudo
relacionados ao percurso da ação cristã.
Ao lado da herança bíblica do Antigo Testamento da Bíblia, o cristianismo
primitivo soube dar um original e profundo conceito do valor do ser humano ao
deduzir que ele é “pessoa”. Mesmo diante das outras heranças antigas de sagrado
e de experiências de Deus, a teologia cristã conseguiu assimilar razões profundas
de esperança para conversão e transformação do mundo marcado por imperialismos
e prepotências cruéis. No entanto, ao longo dos tempos, certos quadros culturais e
religiosos cristãos deslocaram e mimetizaram, através de muitas formas de violência,
a mesma prepotência imperialista e colonizadora. Mesmo assim, não se pode
esquecer que, homens e mulheres de muitos lugares e de muitas condições
diferentes, foram protagonistas alegres e exemplares do engrandecimento humano
a partir do projeto de vida apresentado por Jesus Cristo.
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ALGUMAS HERANÇAS DA ANTROPOLOGIA BÍBLICA DO
ANTIGO TESTAMENTO
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Para a Antropologia, mais do que a imagem usada, torna-se significativo
observar o modo como a Bíblia oferece a imagem com vistas a expressar aspectos
invisíveis da vida. Ela exprime no corpo humano o que não é visível.
b) - Os antropomorfismos - A Bíblia também revela uso freqüente de
antropomorfismos, isto é, usa imagens antropológicas humanas para falar de Deus.
Por exemplo, que Deus “falou”, que Ele é fiel, que é bom, etc. Também usa
antropomorfismos morais, no sentido de que Deus é fonte de obrigações morais. O
antropomorfismo, em tal caso, transmite um conhecimento moral. Se a conclusão de
que Deus cria, fala e age, foi incorporada ao conteúdo bíblico, é porque estas
pessoas de fé queriam passar, para a vida de outras pessoas, a noção de que o ser
humano também pode apresentar outra qualidade de vida, que pode falar diferente
e que pode agir de maneira mais respeitosa e humanitária.
A Antropologia bíblica ajuda a perceber que, ao longo de muitos séculos,
diferentes grupos humanos se moveram pela fé num Deus que se relacionava com
eles e lhes deixava, contudo, uma constante cobrança para a transformação, além
de seguidas interpelações para que estes seres humanos pudessem melhorar a
qualidade de sua vida. Por trás destas motivações estava uma noção muito
significativa: o centro é Deus e não o ser humano. Os seres humanos são apenas
criaturas ou obras de Deus.
c) - O Pecado - A Antropologia Bíblica também deixa muito evidente um traço humano
que, constantemente, nos envolve: o doloroso problema do pecado. O livro de Jó, do
Primeiro Testamento, reflete muito bem este paradoxo. No capítulo 42, destaca que
quanto mais encontra Deus, mais se dá conta do pecado. Ali, a noção de pecado
não é a de uma infração de regra, mas pecado é não ter entendido a Deus. Jó fez
uma “desantropomorfização” de Deus (distinguiu e separou Deus das características
das pessoas humanas), pois constatou que há uma grande diferença entre Deus e
o ser humano. Por isso deduziu que os seres humanos não são donos do seu sopro
vital...
No século IV da nossa era cristã desenvolveu-se outra noção sobre o pecado
e esta teve muitas e profundas repercussões nos quadros da Igreja Católica. Na
época começou a desenvolver-se a chamada doutrina pelagiana (de Pelágio) que
desvirtuava a proposta salvadora de Jesus Cristo. Sustentava que uma pessoa
poderia salvar-se e redimir-se com suas próprias forças. Nenhuma intervenção de
outro mundo seria necessária à salvação. Para justificar tal convicção, estabelecia
uma polarização entre Adão e Jesus Cristo. O primeiro, Adão, seria um exemplo
negativo de superação, enquanto que Jesus Cristo, teria sido um exemplo positivo
de como cada pessoa poderia auto-transcender-se. Os males que se manifestam na
vida das pessoas, todavia, seriam apenas contrariedades da natureza e não teriam
nada a ver com a situação dos pecados das pessoas, tanto pessoais quanto
coletivos.
Agostinho de Hipona (ou Santo Agostinho) estabeleceu grande polêmica
contra o pelagianismo ao sustentar que a salvação somente aconteceria com a
graça, dom gratuito de Deus. Por isto, sustentou também que o pecado de Adão foi
transmitido a todos os seres, porém, a salvação aconteceu através de Jesus Cristo,
pois Ele não foi apenas um bom exemplo, mas foi o salvador de Deus.
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Independente desta polêmica e dos seus efeitos na história da Igreja é
possível constatar que existe um mal nas pessoas, nas sociedades e em toda a
humanidade. O modo como estes seres humanos vivem, com certeza, não preenche
adequadamente a noção de que foram feitas à imagem de Deus. Tal constatação
requer um caminho ou um processo de remissão ou de saída deste estado de
pecado, que aconteceria a partir do batismo... Mesmo que hoje muitas pessoas não
pensam e agem como Agostinho de Hipona, não nos escapamos de uma
melancólica constatação: mesmo cientes da proposta de remissão apontada por
Cristo, e ainda que estejamos encantados pela sua proposta de salvação, agimos de
modos que nem sempre concorrem para este caminho salvador. Esta misteriosa
inclinação que nos leva a fazer as coisas pelo lado avesso tende a alienar da
proposta de amor que vem de Deus.
II
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experiência passou a ser denominada de hierofania (ou seja, envolve um fato em
que o sagrado nos revela algo).
III
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Na concepção do Primeiro Testamento já havia sido salientado que o ser
humano é um ser que dialoga com Deus e capaz de assumir responsabilidades
através do dom que Deus oferecia. O ser humano era visto como um agente
relacional de conversa. Nesta perspectiva o Segundo Testamento apresentou Jesus
Cristo como um primoroso modelo desta relação de conversa com Deus. Tal noção
evidenciou dois aspectos importantes: um ser humano é convidado por Deus a
estabelecer relações de diálogo com outros seres humanos para se sentir ele
mesmo.
Este duplo aspecto oferecia ao ser humano a condição de ser único. Portanto,
um ser humano não é a mesma coisa do que as outras pessoas. Ainda q1ue o agir
com os outros tenha em vista uma auto-realização, Deus apresenta um projeto para
melhor viabilizar esta dupla fonte de realização. Aceitar o projeto de Deus não
significaria, pois, negar-se a si mesmo, mas acolher uma mediação para melhores
relações com os outros e, evidentemente, consigo mesmo. Dali também resultou a
tríplice dimensão de abertura ao mundo, aos outros e a Deus. A salvação de uma
pessoa não poderia acontecer sem simultâneo processo de salvação sócio-política
e do ambiente macro-social. Bem sabemos que num momento histórico
relativamente recente, esta noção passou a ser assimilada como salvação individual
da própria alma.
Para nossas ponderações, muda alguma coisa se damos uma ou outra
conotação ao termo “pessoa”?
O pensamento moderno tende a usar mais o termo “indivíduo” do que o de
“pessoa”, uma conotação mais ligada ao aspecto físico de um ser humano. Diversos
pensadores cristãos como Mounier, Marcel e Maritain enfatizaram que o termo
pessoa deve realçar sua capacidade de transcendência sobre o mundo: é capaz de
estabelecer comunhão e ao mesmo tempo é livre e capaz de abrir-se a múltiplas
formas de vida.
O pensamento moderno, por sua vez, ao dar ênfase ao termo indivíduo,
justifica que ele, na verdade, não é algo original e genuíno e tampouco vive o que é
especificamente seu, pois é mero fruto da socialização e das estruturas sociais,
políticas, econômicas, educacionais, etc. Do empirismo inglês herdamos a noção de
que, ao nascer, somos como uma folha em branco sobre a qual se escreve a história,
boa ou má, segundo a educação. Na verdade, atualmente, tudo indica que uma
pessoa se caracteriza por traços bem mais amplos e variados do que os da influência
do meio social.
A conciliação destes enfoques não desvia certas polêmicas: mesmo que a
declaração universal dos direitos humanos insista que todos os seres humanos são
constituídos de dignidade, fica no ar a dúvida sobre que dignidade e que grau de
dignidade.
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IV
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qualquer pessoa. Isaías, por exemplo, destaca que Ele é santo e que Ele formula um
convite para que o povo também se torne santo.
O SAGRADO E O PROFANO
O SAGRADO E O DIVINO
Se, de um lado, o “sagrado” é visto como algo distinto das forças da natureza,
ele fica situado em que âmbito? Podemos situá-lo nas instâncias superiores, divinas
ou de outro mundo, e ligar-nos a esta exterioridade para salvar o nosso mundo
decaído e frágil, ou, podemos satisfazer-nos com os valores racionais que orientam
nosso mundo técnico, científico e moderno.
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A resposta é complicada porque estamos imersos num mundo racional, mas
que também agrega os valores da religião e do âmbito divino. Todavia, quando nos
referimos à religião, seriam todas ou somente algumas delas? A globalização da
racionalidade fez com que também a religião viesse a se tornar um objeto de
exportação. Esta trans-nacionalização faz com que certas agremiações religiosas
entram em muitos segmentos de diferentes sociedades nacionais. Tal fenômeno,
evidentemente nos leva a constatar que o termo “religião” se presta para muitas
interpretações muito distintas umas das outras.
Enquanto algumas formas religiosas apelam em favor de uma abertura para
o “outro mundo”, o divino, muitas outras se sentem plenamente confortáveis na
adequação às regras do mercado internacional. Por isso Luiz Roberto Benedetti
salienta que vem ocorrendo uma reconfiguração da religião na sociedade. [7] O
consumo da religião parece tornar-se mais importante do que transformação de
situações humanas inadequadas. Mesmo que o iluminismo e todo o prolongado
processo de secularização tenham preconizado o fim da religião, esta, ao contrário,
se manifesta muito mais intensa e aguda, mas, agregada ao mundo secular e se
apresenta como religião indiferente aos tradicionais grupos religiosos. Portanto, mais
do que pertencer a uma determinada religião, a religião leva as pessoas a fazer
escolhas subjetivas. Assim, em vez de dogmas, normas e orientações divinas, o fato
religioso leva as pessoas a escolher livremente os variados produtos nas prateleiras
dos grandes mercados.
Este deslocamento do papel da religião vai provocar uma alteração na relação
entre divino e sagrado. O Sociólogo Allain Touraine sustenta que o divino foi
deslocado para o interior dos indivíduos.[8] Estes interiorizam certos valores e estes
é que lhe indicam as luzes para o caminho da vida. Observa-se, portanto, que o
divino, que por longo tempo histórico foi estabelecido como algo que está além do
nosso mundo, precisa incidir sobre este mundo para transformá-lo. Esta ótica teria
permitido a certas pessoas manipular o divino para justificar seu próprio poder sobre
as pessoas. É praticamente o que Immanuel Kant já havia formulado ao levantar a
suspeita de que, quando alguém fala para outras pessoas a respeito do que Deus
delas espera, poderia, na verdade, estar sendo veiculado apenas o desejo desta
pessoa pretender controlar as outras que a escutam. Ao invés de proclamar a
vontade de Deus, estaria afirmando apenas o seu poder de controle dos ouvintes.
Para Touraine, Jesus de Nazaré, no que fez e falou, teria colocado um
encerramento no processo de utilizar-se o divino para manipular politicamente as
pessoas e justificar seu exercício de poder. De certa forma, ele teria ajudado a
deslocar o divino do “mundo do além” para o mundo da interioridade humana.
Mesmo situando o divino nesta interioridade humana, esta ainda pode
oferecer a tentação de julgar o mundo de forma negativa, a partir da luz exterior e
condenar a vida pelo seu materialismo, pelo seu hedonismo e pelos seus interesses
mercantilistas. O sistema capitalista, de certa forma, ajudou a tirar da religião a
capacidade de manipular politicamente as pessoas a partir de um suposto poder
divino. Desta forma o que seria o lado benéfico deste deslocamento do divino, da
exterioridade do outro mundo para a interioridade humana, representa, todavia, um
novo problema: se o divino emerge do interior de cada sujeito já não se carece de
nenhuma instituição religiosa, como a Igreja Católica e tantas outras.
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O espargir de muitas emoções religiosas, pode não constituir um avanço real
para a superação da fragilidade humana: ainda que a entrada do divino para a
intimidade humana possa parecer louvável, e, aparentemente reafirmar os
fundamentos cristológicos, pode o próprio sentimento divino da interioridade, voltar
a ser exercido como um poder tirano e que instrumentaliza as outras pessoas
segundo as leis do mercado. Já veiculado como um produto a mais nas prateleiras
do consumo, o divino, fica na mesma e velha função manipuladora das pessoas. Se
apenas o mundo interior é a fonte para ditar o que é divino, sagrado e bom, pode
ainda alguém, que está além do nosso mundo, nos dizer algo para não ficarmos na
mera condição de lagartas que consomem as folhas que manipuladores nos tratam?
VII
O SIMBÓLICO E O DIABÓLICO
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Esta luta dialética ultrapassa as dimensões do nosso quadro humano e se
revela na disputa de espaço de sobrevida das plantas e dos animais. Trata-se de
uma disputa frenética, envolvendo mecanismos de salvação e de morte ao mesmo
tempo. Com relação às plantas, não é diferente. Ocorrem disputas ferrenhas entre
terra e água, entre seres machos e fêmeas, enfim, ao lado da busca de beleza e da
harmonia, atua uma grande voracidade que leva à destruição e morte.
Voltando à nossa condição humana, podemos ainda constatar que a busca
de equilíbrio diante dos incontáveis riscos e mecanismos de morte, aponta para um
extraordinário desvelo em favor de nascimentos, sonhos e esperanças que deles
podem emergir. A nossa querida mãe Terra também apresenta esta contradição: de
um lado fornece vitaminas, sais, aminoácidos, fibras, carbo-hidratos e muitos outros
elementos vitais, mas, de outro lado, produz toxinas, bactérias e formas de vida que
atentam radicalmente contra a nossa existência.
Mesmo que a inteligência humana tenha dado passos gigantescos e
fantásticos para melhorar a qualidade de vida, de saúde e de sobrevivência no
Planeta, esta mesma inteligência produziu armas incontáveis e sofisticadas para
matar sistematicamente seres humanos que, violenta ou pacificamente, querem
viver e ser felizes.
A nossa condição humana, riquíssima pela produção artística, científica,
técnica, religiosa e cultural, não consegue esconder esta escancarada contraposição
de polarizações, mobilizadas entre o melhor e o pior. Enquanto, de um lado, se
produzem gestos de extraordinária grandeza humana, outros são de degradação
destes mesmos alcances. São forças de transformação e de superação, convivendo
com forças entrópicas e de exterminação. Este jogo diabólico e simbólico também
pode ser constatado em nossos processos psíquicos e emocionais, ao lado da sua
manifestação na Terra e no universo. Estaríamos, pois, fadados a este
determinismo?
Boff salientou algo muito importante: “O sim-bólico haure forças do dia-bólico.
É a nossa esperança”.[9]
Em outras palavras, o anseio pelo humano emerge do mundo tenebroso, pois,
necessitamos transformar forças diabólicas em forças simbólicas para continuar a
viver e, ainda, na tarefa de redimir a humanidade e a natureza que nos envolve.
VIII
IX
O CAOS E O COSMOS
ÍCONES E ÍDOLOS
CONDENAÇÃO E SALVAÇÃO
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Este jogo, que envolve maldição e salvação, é, na verdade a contraposição de
bem e mal. Tal quadro nos coloca, a partir das raízes bíblicas, duas perspectivas
distintas de lidar com os acontecimentos e com os projetos para o futuro da
humanidade:
a) A perspectiva do Gênesis – que pressupõe a revelação divina e a ação de Deus
na história concreta para eliminar o mal que ali se estabeleceu. O mundo teria sido
criado bom (paraíso), mas o mal produziu o pecado, a morte e a ruína da criação.
Assim, o mal foi personificado na serpente (teria sido a cultura Cananéia que
ameaçava a fragilidade das 12 tribos de Israel?). Isto coloca um limite: ou as pessoas
obedecem a Deus, ou seguem a serpente – o mal.
b) A perspectiva do Profetismo - que apresenta uma mensagem de salvação para o
mundo presente. A profecia apocalíptica faz uma advertência a respeito do que vai
acontecer no fim. Num quadro de perseguição e de muitas hostilidades, a
perspectiva apocalíptica apresenta um horizonte de esperança e de estímulo para
que se agüente o sofrimento até o fim, pois, então, o mal será eliminado em todas
as suas formas. Acredita-se, pois, na erradicação do dragão, ou do mal.
TEMPLO E CORPO
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Algo similar a este episódio já se repetiu inúmeras vezes ao longo da história.
De instâncias consideradas especiais da parte de Deus, desrespeitou-se o corpo
humano e, a partir das “luzes” oriundas dos templos, massacraram-se templos
corpóreos.
A experiência das comunidades cristãs primitivas, que procurou orientar-se no
modo de ser como Jesus lidou com as pessoas, procurou sacralizar o corpo humano,
como espaço das fragilidades humanas, mas também, como lugar eminente da
manifestação de Deus e de irradiação das interpelações de Deus. A dimensão
sagrada do corpo, todavia, não foi suficiente para que dos espaços de templos de
grande aparato arquitetônico fossem profanadores de sagrados templos corpóreos.
A história da Igreja católica ofereceu tristes ilustrações de abusos de poder,
exercidos no interior de Templos e em nome de Deus. Por isto, ainda em nossos
dias, parece ser mais fácil construir uma edificação pomposa do que elevar algumas
milésimas instâncias o respeito e a dignidade aos seres humanos.
XIII
A VIOLÊNCIA HUMANA
XIV
XV
O MIMETISMO DA VIOLÊNCIA
XVI
A VIOLÊNCIA DO SAGRADO
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sagrado. Poderia, em contrapartida, o sagrado também manifestar formas de
violência.
Um importante estudioso francês, René Girard, sustenta que o sagrado
também exerce violência. Para ele, os sacrifícios constituem expressão privilegiada
de violência, ainda que, aparentemente, não exista violência nestes atos. Defende
ele que o sacrifício resulta da substituição de uma violência. Por exemplo, há
pessoas que imolam animais para substituir a violência praticada contra certas
pessoas achegadas. Em outras palavras, acaba-se dando a entender que a
substituição da morte de pessoas pela morte de animais, significa que a vida destes
importa menos. Ademais, não é apenas uma questão envolvendo o corpo humano,
mas há violências e mecanismos de destruição em correntes afetivas. Ocorrem
certos deslocamentos parecidos com o que acontece no meio das galinhas: quando
uma se coloca de vítima, todas as outras deslocam sua agressividade, agredindo
esta vítima.
Segundo Girard, não se suprime e nem se elimina a violência, mas apenas se
consegue acalmá-la quando é desviada ou enganada... Por isso, os rituais de um
sacrifício não constituem uma relação entre os sacrificadores e a divindade, mas um
ato que disfarça uma violência. O sacrificador realmente não conhece o que está por
trás do sacrifício. Há um pressuposto de que Deus esteja exigindo vítimas e que Ele
somente se acalma quando se lhe oferecem vítimas. Era a questão do deus fenício
Molloch, que exigia sacrifícios de seres humanos e que levava o exército a caçar
escravos para matar, a cada dia, algum deles.
De acordo com Girard, os rituais de sacrifício não passariam de rituais
coletivos de transferência (raivas, rivalidades, rancores, etc.). Seriam projeções
sobre as vítimas. Nesta substituição, a vítima passaria a oferecer proteção aos
membros que realizaram o sacrifício e levaria a um deslocamento da sua violência.
Desta forma, um grupo agredido, ameniza sua agressividade, suas disputas e
hostilidades contra outros que o agrediram. As vítimas podem ser humanas. É o que
podemos perceber na relação da polícia com o bandido. Ao se afirmar que é bandido
ou marginal, insinua-se que devia mesmo ser morto. Do mesmo modo eliminam-se
prisioneiros, reis, etc.
Sem o deslocamento, a violência seguiria um curso espontâneo, gerando
vinganças e represálias intermináveis. Bem sabemos o quanto um ato violento tende
a produzir outros atos violentos. Portanto, um ato violento pode levar a um ato de
vingança, ou ao deslocamento do sacrificialismo.
Como enxergamos a lida com as vinganças? É possível constatar que alguns
grupos, bem como certas regiões, têm mais propensão para cometer vinganças
privadas. Outros grupos ou outras regiões aceitam mais e melhor as regras
judiciárias, e se conformam, aos poucos, com os julgamentos das últimas instâncias.
Na verdade, o que ocorre no sistema judiciário? Por exemplo, caso eu roube o
dinheiro de uma pessoa, o que faz o sistema judiciário? Aplicará uma represália,
considerando-se soberano, para impedir que eu insista com apelações sobre a última
palavra dita.
E se ocorrer que o sistema público não descubra meu furto, é possível que a
vítima vá tentar uma vingança privada contra mim. Assim, acontece, de forma geral,
em nossas socializações: a vingança vai criando, continuamente, novas vítimas. E
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quando a vingança não é vingada ou não se aplicam represálias, então se procura
um amparo mais amplo para que se cobre justiça: é a famosa expressão “queremos
justiça”, que tantas vezes ouvimos.
Existiria ainda, segundo Girard, outro jeito de ocultar a vingança: a de apelar
para a religião. Os povos antigos faziam rituais mágicos e sacrifícios. Atualmente, é
mais comum que as pessoas façam uma racionalização. O sacrifício, portanto,
exerce um papel preventivo contra a vingança. Ele impede que se alastrem
indefinidamente os mecanismos de vingança. É por isto que se apela com tanta
intensidade contra os efeitos da vingança, pois tendem a ser piores do que os da
agressão. É como um dependente de álcool, que é induzido a de afirmar que não vai
beber o primeiro gole, ou o obeso que deve dizer para si mesmo que, naquele dia,
vai conter sua voracidade para comer muito. Assim, também, o sacrifício tenta evitar
a vingança.
A vítima usada no sacrifício, geralmente não é a culpada, mas o imolado sofre
para livrar a vingança do outro. Se a vítima voltasse a afetar o agressor, passaria a
gerar nova violência, o que também seria visto como impureza ritual. Disto decorre
a evidente conseqüência: que não se busque a vingança. Certamente não
precisamos ir longe para perceber o quanto um ato de vingança é contagiante, uma
vez que a violência gera violência, toda vez que ocorre mecanismo de vingança. Em
muitas situações este extremo chega a tal ponto que parece impossível apaziguar
os ânimos sem derramamento de sangue. E quantas vezes já foram provocadas
verdadeiras catástrofes, simplesmente porque se pretendia impedir o avanço da
violência.
Girard ainda destaca outro elemento da violência: quando uma comunidade
se vê envolvida por atos violentos ou calamidades que não consegue controlar,
busca impetuosamente um “bode expiatório”. Até em derrota de jogo, seja de futebol
ou de baralho, acontece algo parecido. Descarrega-se no outro a culpa do fracasso.
Outro caso muito em voga: quando acontece um acidente aéreo... Desloca-se todo
o problema para achar a caixa-preta, como se ela, ao revelar o porquê do acidente,
pudesse resolver alguma coisa capaz de anular o que aconteceu. No sentido geral,
parece que a destruição da vítima expiatória vai livrar as pessoas daquele mal. Para
Girard, isto é apenas a descarga da violência interior. É como um analgésico que
acalma rapidamente os ímpetos de uma dor ou machucadura. A história humana
está repleta de ilustrações sobre enormes amplitudes de violência que atingiram
certas comunidades. As vésperas de nossas eleições políticas constituem bela
ilustração desta alteração de ânimos. Ocorre que os atos de vingança são, muitas
vezes, agravados por fanatismos que cegam os agressores a tal ponto que se tornam
incapazes de enxergar sua própria violência e percebem apenas violência de seus
adversários ou opositores.
Ocorrem casos em que a violência somente cessa quando se realiza uma
vingança massiva e coletiva e que leva o outro grupo a um conformismo ou a uma
adaptação. A violência se encontra presente até mesmo na cultura, uma vez que ela
cria, gesta e se move em torno de violências. A Grécia antiga mantinha os chamados
Fármacos (pharmakos), prisioneiros desgraçados que eram sacrificados em
momentos de perigo. Porém, antes de serem mortos, eram levados pelas ruas para
que pudessem absorver todo tipo de males que ali se manifestavam. Sua morte,
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depois, produzia um efeito analgésico ou catártico, e a cidade se enchia da convicção
de que, em troca desta morte, receberia um misterioso benefício. É o que ainda hoje
podemos escutar quando muita gente fala da morte de certas pessoas não
desejadas...
Para Girard, este retorno misterioso do que se espera a partir do sacrifício de
alguém, equivale ao sagrado, que, por sua vez, apresenta exigências detalhadas e
assustadoras em torno do que vai acontecer. Sob este aspecto, pode-se perceber
que a violência vem do fora (do sagrado) e incide sobre os homens. Vemos também
que os azares, as doenças e as mortes costumam ser atribuídas a Deus ou ao âmbito
do sagrado. Tudo isto faz com que a alma do sagrado seja a violência e, por isso
mesmo, a necessidade de se manter certa distância do sagrado. Não se deve tocá-
lo, e se deve ter muito cuidado na execução dos rituais.
Qual seria, enfim, o serviço prestado pelo sagrado? Simplesmente o de
atrapalhar a violência humana a partir de uma ameaça transcendente. Esta ameaça
somente pode ser acalmada com certos critérios e quando, numa predisposição de
modéstia, se aceitam estes critérios do sagrado.
A função do sagrado ainda nos remete a outra questão: como seria uma
comunidade humana sem as sanções e ameaças do sagrado? A conclusão deixa
uma conotação de que o pensamento religioso representa certo medo diante do que
atos de violência ou de vingança divina possam exercer sobre o fiel, o piedoso, o
temente e bondoso, bem como, sobre um núcleo comunitário ou sobre a cidade. Em
outras palavras, significa que eu não brigo aqui, a fim de evitar o sofrimento de
violências divinas e sobre-humanas. Neste caso, a raiz da violência se situa no além
e só deixa de crescer em nosso meio, graças aos ritos cultuais.
XVII
A VIOLÊNCIA DO EROTISMO
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normalmente a paixão erótica torna-se ato de violência, porque implica em
sofrimentos, tanto físicos, quanto morais.
Poderíamos, então, indagar: o que um ato erótico tem a ver com sacrifício
religioso? G. Bataille fez, em 1957, uma análise desta questão e sustentou que o
sacrifício não implica somente em nudez, mas em morte real e corporal da
vítima.[16] Um sacrifício, como um ato amoroso, implica em destruição, tanto no
sentido pessoal, quanto corporal. O sacrifício, bem como o ato amoroso, quer a
comunhão, o contato absoluto, o transcendente.
Podemos, no entanto, ponderar a partir da teoria de Tomas Kuhn, que
sustenta o princípio da contradição. Transpondo-o para o ato amoroso ou de
comunhão com o divino, tudo o que atrai, também repele. A simples conseqüência
de um ato sexual, movido por intensa atração, caso não houvesse repulsa, acabaria
em morte dos envolvidos. Basta reparar que quantia relativamente alta de uniões
amorosas acaba em ódios profundos e até em mortes.
Existe nesta relação um duplo aspecto: de um lado, o efeito da proibição, seja
institucional ou moral; e de outro lado, o ato sexual rompe uma tendência de
“enclausuramento” que leva a pessoa a refugiar-se em si mesma. Para a experiência
de quem interpreta o ato sexual como agressivo, há uma força transcendente que se
impõe, seja o mundo das leis e das proibições, ou das restrições religiosas, que
acabam criando um mundo de coação. Por isto funciona um processo contraditório
que é o da transgressão das regras ou proibições estabelecidas.
As transgressões são, na verdade, formas de suspensão das proibições,
sem, todavia anulá-las. Talvez por isto que na Bíblia, desde os seus primórdios já
foram estabelecidos dois mandamentos: não matar e não fornicar, (ou estabelecer
relações sexuais fora do casamento).
G. Bataille fez sua análise partindo de uma realidade contraditória de todo ser
humano: é incompleto e quer encher-se de completude. Constatamo-nos
incompletos, mas obsessivos pela completude, seja com outra pessoa, que
identificamos como um “TU”, ou o totalmente outro e absoluto, que denominamos
Deus.
Para o referido autor, o erotismo exerce esta mesma força propulsora para a
completude. Ainda que não seja pensado na perspectiva moral, o erotismo visa
atingir a mesma completude. Tal contradição de incompletude diante do desejo
profundo de completude é que ocorre na fusão sexual. Mesmo como relação
meramente carnal, envolve uma atitude essencialmente religiosa de transcendência.
É por isto que o erotismo sagrado do ocidente é uma busca do amor de Deus.
A morte é a violência máxima porque tira a incompletude do nosso viver e
remete para além desta incompletude. Deste modo, quando ocorre uma morte, quer-
se saber da pessoa responsável pelo ocorrido e o cadáver é apenas a prova da
violência. Assim também, ao se enterrar o corpo, os familiares e amigos querem
preservar-se do efeito desta violência, isto é, não querem ser atingidos da mesma
forma.
Para Bataille esta é a nossa profunda contradição, pois nos encontramos
amplamente controlados por proibições (o que é uma violência), mas sentimos um
ímpeto da mesma intensidade para rompê-las. O mesmo tipo de agressão de guerra,
de um homicídio ou de outras formas de violência, ocorre também na relação sexual.
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O sexo, como a morte, provoca horror e fascínio por algo que possa regenerar. Situa-
se no quadro acima mencionado de Rudolf Otto, ao descrever o “numinoso”
(experiência do sagrado), como tremendum fascinans (que atrai e que ao mesmo
tempo apavora).
Segundo Bataille, não é possível fazer a passagem da incompletude para a
completude desejada, sem a mediação da violência. Um ato erótico, tal como a
morte, representa um ato violento que é movido pelo desejo de completar a
incompletude, ainda que propulsionada por um profundo ato de amor.
A violência do erotismo estaria num nível metafísico, porque o erotismo se
move para atingir o mais íntimo do ser humano. Portanto, por trás da eroticidade está
um processo movido pelo desejo de dissolução da incompletude na pessoa.
Assim, o feminino dissolve o masculino e o masculino dissolve o feminino. A
eroticidade visa destruir as estruturas fechadas de quem quer se proteger. Por isso,
implica no ato de despir-se. A nudez do fechado da incompletude para buscar a
completude. Dali também resulta que o termo “obsceno” implica na violência da raiz
da vida amorosa, porque leva os corpos a abrir-se para a completude através de
atos que costumamos chamar de obscenos.
Estes atos, na verdade, perturbam os corpos envolvidos, mesmo que se
manifeste num mero erotismo de coração ou de afeição dos amantes, porque
introduzem medos de desordem nas promessas de felicidade que haviam sido
apontadas como sinal de completude e, por esta razão, geram sofrimento. Se a
relação sexual realmente propiciasse a completude desejada, ela implicaria em
morte, conseqüência evidente de uma permanência prolongada da fusão amorosa.
A dedução lógica destas ponderações de Bataille é a de a que o ato amoroso
sempre implica em violência, porque, violando o desejo de fechamento individual
pressupõe na abertura à outra pessoa, a expectativa de completude do seu ser. É
por esta razão que Bataille viu na ação erótica uma relação com o sacrifício religioso.
Num sacrifício não ocorre apenas um despir-se, mas a morte real da vítima. E os
assistentes deste procedimento pressupõem captar, através dela, a dimensão do
sagrado.
Esta ótica de Bataille pode despertar-nos uma ponderação: se as prescrições
proibitivas geram transgressões, como fica o mandamento do não matar e não
fornicar? Por outro lado, é a sexualidade humana mesmo uma realidade que sempre
vai frustrar porque nunca leva à completude desejada? E, se levasse à completude,
levaria necessariamente à morte?
Para nossa capacidade de síntese, é importante considerar a sexualidade não
apenas como fonte de fraqueza e de pecado, mas tampouco pode ficar restrita
qualquer banal passatempo. A história revelou exageros de tabus e de condenações
sobre o sexo. Certamente não significa que, hoje, sem os tabus, se possa fazer tudo
quanto é imaginável neste assunto. Como criaturas sexuadas, envolvemos
sexualidade em todas as nossas relações. Mesmo vivendo num tempo em que se
questionam conceitos sobre identidades sexuais, sabemos que a sexualidade
envolve tanto a nossa personalidade, quanto nossas experiências de Deus.
Em nossos dias, está manifesta uma crise entre o exercício da sexualidade e
a prática da sexualidade, que, por longo tempo, foi afetada por muitas normas
proibitivas. Entretanto, como a sexualidade é uma dimensão básica da vida, já nos
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damos conta de que a sexualidade é muito mais ampla do que relações genitais. A
polêmica se estabelece, sobretudo, entre a normatividade da Igreja Católica sobre o
comportamento sexual (como, quando e para que fim) e, por outro lado, uma intensa
estimulação de genitalidade, como mercado de consumo e apontado como o melhor
caminho do prazer e da dissolução de todos os males.
Evidentemente, ocorre uma defasagem e certo desconforto entre o que a
Igreja Católica e o que as Ciências Humanas sustentam sobre a vida sexual. Muitas
pessoas de fato herdaram regras morais extremamente rígidas da tradição católica,
a tal ponto que, sobre este assunto, tudo é grave.
Ainda que levemos em conta um pouco menos o peso moral da herança
histórica, não podemos deixar de observar que muitíssimas relações sexuais
humanas são altamente sintomáticas de falta de amor, pois instrumentalizam outras
pessoas e as fazem sofrer por meros interesses egoístas. Na perspectiva cristã
emerge a noção de que não se pode separar sexo de amor, de ternura e de afeto.
Nem sempre a centralidade do sexo na vida está sendo expressão de amor. Há, de
fato, uma massiva estimulação sexual e até mesmo de auto-erotismo que banaliza
e que coisifica outros seres humanos.
XIII
O SACRIFICIALISMO
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XIX
A VIOLÊNCIA DA RELIGIÃO
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Por isto, ao desejar associar-se aos movimentos da não violência, a religião
precisa lidar com os grilhões causadores da violência. Para John Sobrino, “se isto
não for feito, é inútil, vão e hipócrita criticar a violência que sobrevirá depois”.[18] Tal
ação não precisa necessariamente ser bélica e terrorista, mas requer que se
caracterize por uma postura profética, ideológica, crítica e construtiva.
Como não se vislumbram indicativos categóricos para eliminar a violência,
cabe-nos ajudar na humanização da violência, isto é, minimizar os efeitos da
violência e ampliar as condições de bem-estar das pessoas que nos envolvem. Do
contrário, enquanto nos envolvemos na ideologia da riqueza, impreterivelmente
ajudamos a gerar vítimas de violência.
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[1] ROSS, Susan. Maria: humana, feminina, divina? In: CONCILIUM, 327- 2008/4, p. 29.
[2] Evidentemente, outras religiões não cristãs também apresentam riquíssimos referenciais religiosos
e teológicos. Nesta abordagem, porém, limitamo-nos ao quadro religioso cristão.
[3] O fundamento da Teologia na Revelação não significa unidade na interpretação teológica. Basta
comparar alguns teólogos como Rahner, Congar, Metz, Chenu, Barth, Tillich e outros. A leitura da
Revelação a partir de distintos lugares, sejam culturais ou geográficos, implica em diversificadas
conclusões.
[4] Basta lembrar a dificuldade para entender uma língua diferente dentre as inúmeras que existem
em nossos dias!
[5] Em René Girard com teólogos da libertação, p. 53-54.
[6] No livro O sagrado e o Profano, p. 21.
[7] No Artigo Religião, Crises e Transformações. In: VIDA PASTORAL, maio-junho de 2009, Ano 50,
no. 266, p. 21.
[8] Idem, ibidem, p. 23.
[9] BOFF, Leonardo. O despertar da Águia – o dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade, p.
167.
[10] ELIADE, Mircea. O sagrado e o Profano – a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes,
1992, p. 28.
[11] Segundo Herman HÄRING em CONCILIUM/274 – 1998/1, p.34.
[12] Idem, p. 34-35.
[13] Idem, ibidem, p. 53.
[14] WILS, J. P. A violência como constante antropológica. In: CONCILIUM/272 – 1997/4, p. 148.
[15] Em René Girard com teólogos da libertação, p. 53.
[16] - De acordo com Luis Maldonado em La violência de lo Sagrado – crueldad versus oblatividad o el
ritual del sacrificio, Salamanca: Ed. Sigueme, 1974, p. 159.
[17] No livro René Girard com teólogos da libertação, p. 36.
[18] SOBRINO, John. A redenção da violência. In: CONCILIUM/272 – 1997/4, p. 65
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