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A evolução dos materiais destinados a confecção de sensores/atuadores permite a sua aplicação em áreas
de elevada relevância para o desenvolvimento tecnológico, as aplicações na robótica, aeronáutica e os
equipamentos médico-cirurgicos estão entre os exemplos mais notáveis. Dentro do contexto da
aplicabilidade dos materiais funcionais, encontramos as cerâmicas piezoelétricas, os fluidos eletro e
magneto reológicos e as ligas com memória de forma. Este trabalho estuda o efeito memória de forma, a
partir da análise dos parâmetros relacionados a atuadores com o formato de molas helicoidais e os
relaciona com as transformações martensíticas observadas numa liga do sistema Cu-Zn-Al. O efeito
memória de forma observado durante os ensaios termomecânicos realizados permite a aplicação desses
elementos para a transmissão de forças. Os resultados observados neste estudo relacionam a
termoelasticidade obtida com as molas submetidas a ciclos térmicos de aquecimento e resfriamento e o
comportamento das temperaturas críticas de transformação durante a evolução desses ciclos, o estudo
também contempla o estudo do efeito gerado pelo acúmulo de deformação em cada ciclo desenvolvido. O
estudo dessas propriedades relacionadas ao comportamento das molas helicoidais permite selecionar as
principais cargas capazes de induzir a transformação de fase para o atuador em questão, bem como as
cargas que induzem à degradação deste efeito.
Abstract:
The evolution of materials to build sensors and actuators allows its application on related areas including
robotic applications, aeronautics and medical-chirurgical equipments and others which can be listed as
notable examples. Inside smart materials context applications there are: piezoelectric ceramics, magneto-
reologic fluids and shape memory alloys. This paper studies shape memory effect on shape memory
springs parameters, involving martensitic transformation on Cu-Zn-Al alloy. The effect observed on
experiments allows its application on force generation. Results obtained involve thermoelastic effect on
shape memory springs submitted to heat and cooling thermo-cycles and transformation temperature
modifications during thermo-cycles evolution. The study of these properties allows a selection of the
main charges capable to induce martensitic transformation for these actuators as well as those to induce
memory effect degradation.
*
E-mail: cano.oliveira@gmail.com. (C. A. N. Oliveira)
C. A. N. Oliveira et al / Revista Eletrônica de Materiais e Processos / ISSN 1809-8797 / v.4.3 (2009) 79-86 80
2. Procedimento experimental
H t = A50 − M 50 (1)
Computador
Suporte
Sensor LVDT
SensT
60
55 MF
AS
50
45
Transmissão 40
Haste Peso
35
Et (mm)
Termopar 30
25 εt Ht
20
15
10 x
5
Amostra
0 MS AF
-5
-10
20 40 60 80 100 120 140
Temperatura (ºC)
4
π ⋅d3 MF=41,91°C MS=51,31°C
Wt = (6)
16 2
0
mW
4.2. Ciclagem térmica sob carga de tração da mola obtida por T2 atingiu um patamar de
constante 18,0 mm. Este fato pode ser explicado com a
ajuda da entalpia de transformação, que
A mola com 6,0 mm e com 12,0 mm de apresenta valor mais elevado para o tratamento
diâmetro externo foram solicitadas por térmico T1 e, assim, maior facilidade para
carregamentos crescentes de tração. Estes reorientação das agulhas de martensita. O
carregamentos foram cuidadosamente tratamento térmico T2, devido ao bloqueio
calculados por meio da equação (2) para que as dessas agulhas, apresenta menor recuperação de
tensões de cisalhamento no fio da mola forma, tornando-se mais susceptível aos efeitos
tivessem as intensidades de 20, 40 e 60 MPa. do momento torsor na mola anulando a sua
Estes carregamentos são realizados a rigidez elástica.
temperatura de 130˚C, devido à presença da fase As figuras 5(a) e 5(b) mostram o
austenítica, que possui maior rigidez e, por isso, comportamento da mola de 12,0 mm de
é menos deformável. diâmetro durante o treinamento quando
As figuras 4.a e 4.b exibem o comportamento solicitada pela tensão de cisalhamento de 40
dos cinco ciclos termomecânicos obtidos MPa, para os dois tratamentos executados. Estas
durante a aplicação da tensão de cisalhamento figuras exibem um valor de termoelasticidade
de 40 MPa, para as molas de 6,0 mm tratadas aparentemente superior para a mola obtida
através do tratamento térmico T2. Estes dados,
termicamente pelos tratamentos T1 e T2. Estas
bem como os valores relacionados para as
figuras revelam o deslocamento vertical dos molas de 6,0 mm, envolvem o efeito memória
laços de histerese para os dois tratamentos de forma, somado ao efeito gerado pelo
térmicos em análise. momento torsor nestes elementos. A principal
Mola 6 mm - 40 MPa - T1 conseqüência do conjugado destes efeitos é a
80
maior abertura da mola. Este conjugado é mais
70
severo quando se eleva o diâmetro nominal da
60
mola, onde diâmetros mais elevados induzem a
50
redução da rigidez da mola. Quando a rigidez é
Et (mm)
40
reduzida a mola fica mais facilmente
30 deformável.
20
Mola 12 mm 40 MPa - T1
10 70
0 60
20 40 60 80 100 120 140
Temperatura (C) 50
a)
Et (mm)
40
Mola 6 mm - 40 MPa - T2
25 30
20
20
10
15
Et (mm)
0
20 40 60 80 100 120 140
Temperatura (ºC)
10
(a)
5
Mola 12 mm 40 MPa - T2
90
0 80
20 40 60 80 100 120 140
Temperatura (ºC) 70
b) 60
Et (mm)
50
40
Figura 4. Curvas de deformação versus 30
temperatura da mola de 6,0 mm com tensão de 20
Tratamento T2. 0
20 40 60 80 100 120 140
Temperatura (ºC)
Tabela 1- Resultados experimentais do deslocamento linear obtidos durante o último ciclo térmico para
as molas de 6,0mm e 12,0mm de diâmetro externo.
a)
M O L A 6 T 1 M O L A 6 T 2
C ic lo s
2 0 M P a 4 0 M P a 6 0 M P a 2 0 M P a 4 0 M P a 6 0 M P a
1 5 7 ,5 1 7 2 ,5 7 6 0 ,7 5 9 1 8 ,3 2 1 6 ,8 4
2 6 1 ,0 8 7 1 ,0 1 6 1 ,6 7 1 0 ,6 1 7 ,3 6 1 5 ,6 5
3 6 0 ,8 7 0 ,2 2 5 6 ,9 7 1 0 ,7 1 1 7 ,5 3 1 4 ,5 8
4 6 1 ,9 2 6 9 ,4 4 5 3 ,4 4 1 1 ,1 5 1 7 ,4 5 1 4 ,0 9
5 6 2 ,4 5 6 8 ,9 3 5 0 ,7 6 1 1 ,3 6 1 7 ,3 7 1 3 ,5 2
M O L A 1 2 T 1 M O L A 1 2 T 2
C ic lo s
2 0 M P a 4 0 M P a 6 0 M P a 2 0 M P a 4 0 M P a 6 0 M P a
1 1 8 ,4 1 4 2 ,2 4 5 6 ,8 6 3 8 ,2 7 5 7 ,2 3 5 9 ,0 2
2 1 9 ,9 8 4 5 ,6 9 5 6 ,3 9 4 4 ,3 1 6 7 ,2 6 5 5 ,5 2
3 2 0 ,7 6 4 6 ,8 5 5 ,3 2 4 6 ,3 7 6 7 ,5 6 5 2 ,5 9
4 2 1 ,1 4 4 6 ,8 2 5 3 ,7 9 4 8 ,4 4 6 6 ,6 7 4 9 ,6 5
5 2 1 ,5 2 4 7 ,0 1 5 2 ,9 5 4 9 ,3 6 6 5 ,6 5 4 7 ,6 2
M O LA 12 - T 1 M O LA 12 - T 2
C iclos 20 M Pa 40 M Pa 60 M Pa 20 M Pa 40 M Pa 60 M Pa
1 5 1 5 1 5 1 5 1 5 1 5
As 49,43 48,77 56,43 53,68 58,06 57,65 70,04 69,83 71,96 70,78 71,74 73,23
Af 79,57 81,77 87,23 92,05 109,66 104,98 92,26 96,4 120,78 116,05 124,91 112,78
Ms 63,97 70,42 60,75 70,96 69,9 81,08 71,65 80,33 87,61 93,61 96,54 94,75
Mf 24,68 22,05 23,35 27,23 27,39 27,94 53,04 54,98 49,88 50,4 43,12 52,29
Tabela 3 - Deflexão em milímetros das molas obtida experimentalmente e calculada pelos critérios
de dimensionamento de molas.
C. A. N. Oliveira et al / Revista Eletrônica de Materiais e Processos / ISSN 1809-8797 / v.4.3 (2009) 79-86 86