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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Questionário para a disciplina de Direito Empresarial I

Docente: Virgílio Fernandes de Macêdo Júnior

Discente: Tatiane Emanuele Brito de Oliveira Rodrigues (20200063287)

Questionário

1. Estabeleça as principais diferenças entre um empresário individual e uma


sociedade empresária.

O artigo 966, do Código Civil de 2002, estabelece o empresário. Este pode ser um
empresário individual ou uma sociedade empresária. A maior diferença é que para o
empresário individual existe a confusão patrimonial e, consequentemente, todos os
seus bens respondem pelo risco do empreendimento, além de não gozar da limitação
de responsabilidade, isto é, a sua responsabilidade é direta e ilimitada; já na sociedade
empresária o patrimônio da pessoa jurídica não se confunde com o patrimônio dos
sócios, além da responsabilidade do sócio poder ser limitada (sociedades limitadas e
anônimas) ao valor integralizado no formação do capital social, isto é, a
responsabilidade do sócio é subsidiária e pode ser limitada.

2. Como se deu a evolução histórica do Direito Comercial? Quais e quantos


foram esses momentos?

É possível observar a evolução histórica do direito comercial a partir de quatro fases:


a primeira fase é a antiguidade, em que não havia atividade empresarial, mas o
comércio era realizado por meio das trocas de bens, nessa época não havia grandes
regulações, possuindo normas jurídicas reguladoras espaças e difusas; a segunda fase
é a subjetiva, na idade média, marcada pelas corporações de ofício e um comércio
praticado ao redor do mar mediterrâneo, a partir desse momento o direito comercial
aplicava as suas regras a alguns sujeitos (uma classe) daí seu caráter subjetivista; a
terceira fase é a objetiva, foi atingida por meio da superação dos interesses de classe
e a ampliação da aplicação do direito comercial, os códigos civil e comercial francês
de 1804 e 1808 inauguram a mudança de fase, houve uma abolição dos benefícios da
nobreza e a mercantilidade que era defina pela qualidade dos sujeitos da relação
jurídica passou a ser definida pelo seu objeto (atos de comércio), por isso essa fase é
a objetiva, o propósito era a igualdade de todos, entretanto, esse código não abrangia
atividades econômicas que eram extremamente importantes como a prestação de
serviços, a agricultura, a pecuária e a negociação imobiliária; a quarta fase é chamada
de subjetiva moderna, que inicia em 1942 com o código civil unificado italiano e a
criação da teoria da empresa, isto é, o direito comercial não se limita a regular apenas
as relações jurídicas em que ocorra a prática de um determinado ato definido em lei
como ato de comércio.

3. Está correto afirmar que empresário é o mesmo que empreendedor?

Não. Empresário e empreendedor são coisas distintas. O empresário é o que exerce


profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de
bens ou serviços como descrito no artigo 966, do Código Civil de 2002. Isto quer
dizer que o empresário pode ser individual ou uma sociedade empresária. O
empreendedor está ligado a pessoa que empreende, ou seja, pode ser o empresário
individual ou o sócio, não fazendo sentido que o empreendedor seja uma sociedade,
pois está mais ligado a uma característica pessoal. Em suma, as sociedades
empresárias são empresários pelo artigo 966, mas não são empreendedores.

4. As EIRELI foram transformadas em sociedades limitadas, o que mudou


com essa determinação?

O fim da Eireli se deu por meio da Lei nº 14.195, de 26 de agosto de 2021, como parte
da desburocratização empresarial e dos atos processuais. O artigo 41, da lei 14.195/21,
decretou o fim da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada:

“As empresas individuais de responsabilidade limitada existentes na data da entrada


em vigor desta Lei serão transformadas em sociedades limitadas unipessoais
independentemente de qualquer alteração em seu ato constitutivo.”

E, em seu parágrafo único, determinou que “Ato do Drei disciplinará a transformação


referida neste artigo”. Isso significa que as Eireli se tornaram SLU. Mas o detentor,
antes dessa lei, da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada nada necessita
fazer, pois a alteração da Eireli para SLU foi automática.

As principais alterações entre a Eireli e a SLU são: o capital social exigido (na Eireli
exigia-se, no mínimo, 100 salários mínimos na abertura da empresa, na SLU não há
quantia mínima); as restrições para pessoa física (a Eireli só permite que exista uma
sociedade – Eireli – por pessoa física, já a SLU não traz limitações quanto à abertura
de mais empresas do tipo SLU por pessoa física).

5. Qualquer estrangeiro pode exercer a atividade empresarial no Brasil?

Qualquer estrangeiro, maior de 18 anos ou emancipado, com visto de permanência ou


residência fixa pode exercer atividade comercial no Brasil. Entretanto, é necessário
comprovar a aplicação de pelo menos R$ 150 mil e a contratação de profissionais
brasileiros. Ainda, é possível que um estrangeiro seja sócio ou acionista sem ter
residência fixa no Brasil, mas, nesse caso, ele precisará de um procurador residente
no Brasil.

6. Quais são os órgãos de registros e suas funções?

O sistema de registro das empresas é dividido entre o Departamento de Registro


Empresarial e Integração (DREI) e as Juntas Comerciais.

É o DREI que estabelece e consolida as normas e diretrizes gerais do Registro Público


de Empresas Mercantis e Atividades Afins, soluciona dúvidas de interpretação das
leis, regulamentos e normas em geral que se relacionem com o registro de empresas,
estabelece normas procedimentais para arquivamento de atos de firmas mercantis
individuais e sociedades mercantis e, ainda, orienta as Juntas Comerciais. As Juntas
Comerciais, por sua vez, são órgãos locais, que integram estrutura administrativa dos
Estados-membros e, tecnicamente, subordinam-se ao DREI – “as juntas comerciais
subordinam-se administrativamente ao governo da unidade federativa de sua
jurisdição e, tecnicamente, ao DREI, nos termos desta lei” (Art. 6.º da Lei
8.934/1994). Elas são responsáveis pela execução de serviços de registro previstos
em lei e administração dos atos de registro.

7. Como se dá a denominação de uma sociedade empresária?

O empresário individual deve adotar como firma o seu nome civil, completo ou
abreviado, aditando-lhe, se quiser ou quando já existir nome empresarial idêntico ou
semelhante, designação mais precisa de sua pessoa ou do gênero de sua atividade (Art.
1156, CC/2002).

A denominação é formada com palavras de uso comum ou vulgar na língua nacional


ou estrangeira e ou com expressões de fantasia, com a indicação do objeto da
sociedade, sendo que:
a) a sociedade ilimitada, operará sob firma, e deverá ter o nome dos sócios ou de
apenas um deles seguindo da palavra “e companhia”, por extenso ou abreviada (Art.
1157, CC/2002);

b) a sociedade limitada deverá ser seguida da palavra “limitada”, por extenso ou


abreviada (“Ltda.”), além da firma ter nome de um ou mais sócios e a denominação
designar o objeto da sociedade (Art. 1158, CC/2002);

c) a sociedade cooperativa deverá ser acompanhada da expressão “cooperativa” (Art.


1159, CC/2002);

d) a sociedade anônima deverá ser acompanhada da expressão “companhia” ou


“sociedade anônima”, por extenso ou abreviada (“S/A.”), vedada a utilização da
primeira ao final (Art. 1160, CC/2002);

e) a sociedade em comandita por ações deverá ser seguida da expressão “em


comandita por ações”, por extenso ou abreviada (Art. 1161, CC/2002).

8. Estabelecimento comercial e empresa são a mesma coisa?

Empresa é uma atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de


bens ou de serviços. E estabelecimento empresarial é o conjunto organizado de bens,
materiais ou imateriais, usados no exercício de uma empresa (Art. 1.142, CC/2002).

9. Quais as diferenças existentes entre associação e cooperativa?

A diferença mais expressiva é que a Associação tem a finalidade de buscar promover


a assistência social, educacional, cultural, de representação política, de defesa de
interesses de classe ou filantrópica, mas possui fins não econômicos, isto é, não pode
distribuir o lucro (Art. 53, CC/2002). Enquanto as Cooperativas possuem atividades
com fins econômicos através de uma cooperação e contribuição de bens e serviços,
seu propósito é viabilizar o negócio produtivo dos associados no mercado, através,
principalmente, do ganho de escala (Art. 3 da lei 5764/71).

Algumas diferenças podem ser observadas na tabela abaixo:

Características Associação Cooperativa


Constituição mínimo 10 pessoas mínimo 20 pessoas*
Resultado deve ser aplicado na Associação pode ser dividido entre os cooperados
Responsabilidade presidente ou diretoria todos os cooperados
Capital Social não possui capital social possui capital social
* existe exceções
Diferenças entre associação e cooperativa
10. Quais são os atos de registro?

São as Juntas Comerciais que executam os atos de registro dos empresários


individuais, das sociedades empresárias e dos seus auxiliares. Esses atos são: a)
matrícula; b) arquivamento; c) autenticação (Art. 32 da Lei 8.934/1994).

A matrícula é a inscrição/cancelamento de profissionais auxiliares do comércio como,


por exemplo, leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e
administradores de armazéns-gerais (Art. 32, I, da Lei 8.934/1994). O arquivamento
envolve atos de constituição, alteração, dissolução e extinção de empresas
individuais, sociedades empresárias ou cooperativas, bem como atos relativos a
consórcio e grupos de sociedade, empresas estrangeiras, a declaração de
microempresa e outros documentos que possam interessar ao empresário e às
sociedades empresárias (Art. 32, II, da Lei 8.934/1994). E a autenticação se associa à
escrituração empresarial e de cópias dos documentos e usos e costumes assentados
em seus registros

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