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UFPB 

– PRG ___________________________________________________________X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA 

3CCSDEFMT01 

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FISICA NA PARAÍBA ­ DEIXEM OS ATORES FALAREM 
Laís Santos Castro (1) , Lizianny Leite Damascena (2),  Iraquitan de Oliveira Caminha (3) , 
Centro de Ciências da Saúde/Departamento de Educação Física/MONITORIA 

Resumo 
A presente pesquisa tem como objetivo descrever e analisar a trajetória histórica da Educação 
Física, vivenciada nas décadas de 30 a 70 no estado da Paraíba. Utilizando­se da história oral 
como  fonte  principal  realizou­se  uma  reconstrução  da  história  da  Educação  Física  no  estado 
da Paraíba ao longo dessas décadas. Foram obtidas 40 entrevistas realizadas pelos alunos do 
curso de Graduação em Educação Física turma 2006.1. Os entrevistados foram indivíduos que 
vivenciaram  a  prática  da  Educação  Física  durante  este  período.  Os  dados  foram  recolhidos 
através  da  gravação  dos  depoimentos  em fita K7. Desde sua chegada ao Brasil, a  Educação 
Física  passou  por  um  processo  constante  de  mudanças  político­ideológicas  e  sociais  no 
cenário  nacional.  Através  da  transcrição  dos  depoimentos  orais  pode­se  observar  os  rumos 
que  tomou  a  Educação  Física  paraibana  ao  longo  dessas  décadas.  Por  meio  desta  pesquisa 
buscou­se resgatar todo este processo  histórico da Educação Física neste estado valorizando 
a memória daqueles que foram atores desta história. 

Palavras­chaves: Educação Física, Paraíba, História Oral. 

INTRODUÇÃO 
O  presente  trabalho  tem  por  objetivo  descrever  e  analisar  a  trajetória  histórica  da 
Educação  Física,  vivenciada  das  décadas  de  30  a  70  no  estado  da  Paraíba,  utilizando­se da 
história oral como pilar de sustentação para esta descrição e análise. 
A  história  oral  pode  ser  pensada  sobre  três  perspectivas:  técnica,  disciplinar  e 
metodológica.  Em  seus  aspectos  técnicos,  a  história  oral  fornece  ao  historiador  as 
experiências  com  gravações,  transcrições  e  entrevistas,  bem  como  toda  aparelhagem  que  a 
cerca  (som,  transcrição  de  fitas,  modelos  de  organização  de  acervos  entre  outros).  Ela 
encontra­se  então  ligada  diretamente  à  constituição  e  criação  de  acervos  orais  que  servem 
como  fonte  de  informação  complementar  negando­lhe  qualquer  pretensão  metodológica  ou 
teórica,  ou  seja,  não  passa  de  um  conjunto  de  procedimentos  técnicos.  Não  possuindo 
fundamentos  filosóficos  de  teoria  nem  procedimentos  que  sejam  qualificados  como 
metodológicos, torna­se fruto da tecnologia atual com a curiosidade do historiador. Exigir mais 
que isso da história oral para aqueles que a concebe como técnica seria ingressar num terreno 
de informações fantasiosas e irreais. 
Os  que  pensam  a  história  oral  como  disciplina  baseia­se  em  argumentos  complexos, 
partindo  do  princípio  que,  a  história  oral  inaugurou  técnicas  específicas,  procedimentos 
metodológicos  singulares  e  conceitos  próprios,  o  que  lhe  permite  admitir  o  significado  de  um 
novo campo de conhecimento.  O testemunho oral representa o núcleo da investigação e não 
sua  parte  acessória,  seu  uso  sistemático  possibilita  á  história  oral  esclarecer  trajetórias 
individuais,  eventos,  ou  processos  que  às vezes não tem  como ser entendidos ou elucidados 
de  outra  maneira,  enquadra­se  aí  depoimentos  de  analfabetos,  rebeldes,  mulheres,  crianças, 
movimentos  sócias,  lutas  cotidianas  esquecidas  ou  menosprezadas.  Neste  sentido,  esta 
vertente da história oral constituiu­se ligada à história dos excluídos. A história oral permite na 
sua geração de documentos uma característica singular: os documentos são resultados de um 
diálogo  entre  o  sujeito  e  o  objeto  de  estudo,  o  que  o  leva  a  buscar  caminhos  alternativos  de 
interpretação.  A  instância  da  memória  passa  a  nortear  reflexões  históricas  e  isto  acarreta 
desdobramentos teóricos e metodológicos importantes. Porém na área teórica a história oral é 
capaz apenas de suscitar e não de solucionar questões, as soluções e explicações devem ser 
buscados na antiga e eficaz teoria da história, ai sim se agrupam conceitos capazes de pensar 
abstratamente os problemas metodológicos gerados pelo fazer histórico. 
Entendida  como  uma  metodologia,  a  história  oral  apenas  estabelece  e  ordena 
procedimentos  de  trabalhos,  o  que  não  permite  classificá­la  apenas  como  uma  mera  prática. 
Já  que  consegue  enunciar  perguntas,  mas  não  dispõe  de  instrumentos  capazes  de 
compreender determinados comportamentos tais como: imbricações entre história e memória, 
sujeito  e  objeto  de  estudo;  e  entre diversas apropriações sociais  do discurso, apenas a teoria 
da história é capaz de obter as respostas a estes questionamentos e a estas imbricações, pois 
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 
(1)  (2)  (3) 
Monitor(a)Bolsista;  Monitor voluntário  Prof(a) Orientador(a)/Coordenador(a).
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se dedica a pensar conceitos de história e memória, assim como as complexas relações entre 
eles. 
Para  concretização  deste  trabalho  a  história  oral  foi  utilizada  sobre  uma  perspectiva 
metodológica, que norteou a reconstrução histórica da Educação Física na Paraíba, que desde 
sua  chegada  percorreu  em  seu  trajeto  histórico,  diversas  fases  com  diferentes  pensamentos 
influenciadas  pelo  contexto  na  qual  estava  inserida,  mantendo  relações  profundas  com  o 
pensamento  político­  ideológico  e  social  de  cada  fase  vivenciada.  Permitindo  um  resgate 
histórico  apoiado  em  pontos  de  vistas  individuais  legitimados  como  fontes  por  seu  valor 
simbólico e por seu valor informativo, como a subjetividade, as emoções ou cotidiano. 
Os relatos aqui agrupados formam um paralelo de igualdade ou de divergência com os 
pensamentos  característicos  de  cada  uma  dessas  décadas,  o  que  permite  uma  reconstrução 
histórica  mais  palpável  da prática da Educação Física na Paraíba. Demarcando ainda mais a 
importância  da  utilização  da  historia  oral.  O  acesso  a  estas  fontes  unido  a  uma  situação 
histórica  das  mesmas  nos  permite  compreender  os  motivos  (dos  mais  diferentes  tipos  como: 
acontecimentos  históricos,  políticos,  sociais,  bem  como  mudanças  técnico­científicas  entre 
outras) que ocasionaram estas divergências e convergências. 

DESCRIÇÃO METODOLÓGICA 

As  fontes  de  história  oral  foram  conseguidas  através  de  entrevistas  realizadas  com 
pessoas  que  praticaram  atividades  físicas  durante  o  período  de  1930  a  1970  no  estado  da 
Paraíba. Os entrevistadores da pesquisa tratam­se de 45 alunos do curso de Educação Física 
pertencentes  à  turma  2006.1  da  Universidade  Federal  da  Paraíba,  instruídos pelas  monitoras 
da  disciplina  de  Fundamentos  Históricos  e  Filosóficos  da  Educação  Física,  que  forneceram 
toda ajuda necessária para o bom andamento desta pesquisa, como questionários para nortear 
os entrevistadores, acerca do tipo de informação a ser apreendido durante a coleta de dados e 
no tratamento das informações coletadas. 
O  objetivo  da  entrevista  foi  obter  informações  das  mais  variadas  naturezas  ligadas  à 
prática de Educação Física, tais como, algumas informações pessoais básicas do entrevistado 
(idades,  sexo,  endereço,  nível  de  instrução,  entre  outros)  que  tinham  finalidade  de  criar  um 
perfil social do indivíduo na época, seu contexto histórico para que pudesse situá­lo de acordo 
com  os  acontecimentos  da  época,  o  local  onde  se  realizava  esta  atividade,  sua  motivação 
para  prática  desportiva bem como as modalidades mais populares da  época com o intuito de 
saber como se dava a disseminação da  Educação  Física na Paraíba e qual o pensamento da 
população  em  relação  à  mesma.  As  informações  foram colhidas em fitas K7 os depoimentos 
transcritos. 
De  posse  destas  informações  os  entrevistadores  deveriam  redigir  o  um  texto  com  o 
máximo possível de fidelidade ao que o entrevistado relatava. Este texto­fonte de Historia Oral 
serviria  de  base  principal  para  esta  pesquisa,  permitindo  a  reconstrução  da  história  da 
Educação Física na Paraíba, deixando os atores da história falarem. 

RESULTADOS E DISCURSÕES 

Com o material coletado observou­se que na década de 30 os entrevistados iniciavam 
suas  práticas  de  Educação  Física  por  motivação  pessoal  ou  por necessidade (deslocar­se de 
casa para o trabalho ou na sua execução, como pesca, agricultura entre outros) sem qualquer 
pensamento em melhorar a qualidade de vida e obter saúde. W.A.R.B, 92 anos, “meu contato 
com  o  esporte  era  baseado  no  meu  cotidiano,  eu  usava  a  bicicleta  como  meio  principal  de 
transporte...  tive  várias  profissões  entre  elas  à  de  pescador,  que  exigia  de  mim  um  bom 
preparo  para  o  nado  e  para  o  remo”.  Os  locais  utilizados  para  a  prática  eram  escassos  e 
ofereciam  pouca  ou  nenhuma  infra­estrutura.  S.  E.  V.  82  anos  “as  modalidades  eram 
praticadas  em  campos  de  barro  na  rua  ou  nas  poucas  quadras  sem  cobertura  que  existiam”. 
Nas  escolas  as  aulas  eram  apenas  práticas.  A  ginástica,  o  alongamento  e  a  recreação  (que 
muitas  vezes  acontecia  livremente  sem  intervenção  do  professor)  eram  mais  praticados  que 
os  desportos  em  geral.  As  aulas  eram  ministradas  por  profissionais  pouco  qualificados,  fato 
que se dava pela pouca existência de cursos de qualificação e pela escassez de conhecimento 
ligado  a  área.  As  reformas  e  leis  aprovadas  exerciam  pouca  força  no  cenário  da  profissão.
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Apenas  os  homens  praticavam  o  futebol,  o  que  denota  a  distinção  de  gênero  na  prática  das 
atividades físicas. O material específico para os esportes era em sua grande maioria artesanal 
e  de  difícil  acesso.  Existiam  raros  campeonatos  organizados  pelos  próprios  praticantes,  o 
amadorismo  era  predominante,  não  se  dando  valor  nem  incentivo  a  formação  de  atletas 
profissionais.  O  governo  também  não  se  interessava  em  investir  nesta área, a destinação de 
recursos  para  o  setor  era  mínima  e  a  disseminação  de  informação  era  difícil  pela  atuação 
diminuta da mídia. 
Na década de 40, já podemos identificar algumas mudanças no cenário da Educação 
Física na  Paraíba, tem­se início as aulas teóricas, a infra­estrutura dos lugares utilizados para 
a  prática  torna­se  um  pouco  melhor,  sendo  notado  um  interesse  maior  por  parte  do  governo 
ainda  que  em  algumas  vezes  fosse  com  interesse  eleitoreiro.  Na  capital  do  Estado  há  um 
crescimento  na  popularidade  em  esportes  como  voleibol,  basquetebol  e  atletismo, 
permanecendo o futebol como o esporte mais popular. Os  jogos e torneios organizados pelos 
alunos  e  pelos  esportistas  começavam  a  gerar  mobilização  social.  Afirma  N.  M.  F.,  59  anos: 
“na  maioria  das  vezes  despertavam  o  interesse  da  sociedade, pois os jogos eram tidos como 
festa, uma vez que era um dos poucos eventos da cidade. A quadra do Astréa ficava lotada... 
as meninas faziam torcidas organizadas, havia uma grande mobilização”. Eventos como a copa 
do  mundo  e  as  olimpíadas  exerceram  pouca  influência  pela  dificuldade  de  disseminação  de 
informações pela mídia por conta da pouca tecnologia existente. Porém as aulas continuavam 
sendo  ministradas  por  professores  de  outras  disciplinas,  ou  por  militares  sem  formação 
acadêmica que utilizavam parâmetros do exército em suas aulas. Relata R. D. M. 66 anos: “o 
professor militar era muito rigoroso, tratava os alunos como os soldados do exército, fazíamos 
abdominais,  polichinelo,  marinheiro,  corridas,  entre  outros”.  Ainda  existia  pouca  oportunidade 
para  formação  profissional.  Os  materiais  esportivos  continuavam  escassos  com  alto  custo  e 
baixo  nível  de  proteção  desempenho  dos  atletas  como  relata  V.  I.  B.  64  anos:  “as  chuteiras 
não  tinham  conforto,  pois  eram de couro, suas travas eram feitas com pregos,  as bolas eram 
pesadas e quando chovia seu peso aumentava bastante”. 
O  interior  do  Estado  compartilhava  das  dificuldades  da  capital  e  além  delas  ainda 
existia grande precariedade na infra­estrutura. Os jogos quando existiam provocavam pequena 
mobilização social. No interior as mulheres também praticavam o futebol. 
A  motivação  para  as  praticas  esportivas  também  era  apenas  pelo  prazer 
proporcionado pela recreação e não pelos benefícios à saúde. 
A  década  de  50  seguiu  a tendência da década anterior.  I.R.M, 50 anos “encaro  como 
algo  negativo  o  fato  da  precariedade  da  Educação  Física  na  época  diante  do  fato  da 
obrigatoriedade  da  mesma,  não  havia  muitos  recursos,  nem  profissionais  qualificados,  mas 
mesmo assim sua prática era obrigatória, por isso muitas pessoas forjavam atestados médicos 
para se manterem ausentes dessas aulas...”. A Educação Física passou a  ser obrigatória nos 
currículos  escolares  ainda  que  não  houvesse  crescimento  considerável  na  formação  e 
qualificação  profissional  nem  na  estrutura  física  necessária  às  aulas.  As  aulas  eram 
geralmente  ministradas  em  horário  oposto.  O  futebol  ganhou  grande  projeção  por  conta  da 
atuação  do  Brasil  na  copa  de  50.  Porém  essa  projeção  foi  apenas  popular,  não  houve 
crescimento  no  interesse  do  governo  na  formação  de  novos  atletas.  Foram  criados  os  Jogos 
Escolares e os Jogos Universitários  que aconteciam anualmente. Não se percebeu alterações 
consideráveis  nos  artigos  esportivos,  nem  na  formação  profissional  bem  como  nos  estudos 
ligados à Educação Física. 
De  acordo  com  as  entrevistas,  na  década  de  60  ainda  eram  escassas  as  aulas 
teóricas, haviam poucos profissionais qualificados, M. A. L. 48 anos “não haviam profissionais 
qualificados e me lembro de ter ficado algum tempo sem aulas de educação física por falta de 
professores”.  Como  havia  enfoque  nas  modalidades  coletivas  ­  futebol,  handebol,  voleibol  e 
basquetebol  ­  os  praticantes  as  utilizava  como  forma  de  interação  entre  seus  integrantes,  os 
locais  para  a  prática  ainda  eram  escassos,  alguns  praticavam  nos  clubes,  já  se  enxergava  a 
Educação Física como promoção de saúde, qualidade de vida. Havia jogos escolares, o maior 
problema na época era  o alto custo dos materiais esportivos, as pessoas até se interessavam 
na  sua  prática,  o  problema  era  a  aquisição  destes.  A  mídia  não  auxiliava  na  divulgação,  o 
único  foco  era  a  copa  do  mundo,  K.  M.  M.  44  anos:  “apesar  do  esporte  não  ter  tido  muita 
ascensão na mídia, a copa do mundo era mais divulgada, sendo assim a preferência nacional”. 
Os militares utilizavam deste artefato para desviar a atenção da população dos fatos ocorridos
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na  época  da  ditadura,  a  bola  e  os  jogares  serviam  como  camuflagem.  K.  M.  M  relata  ainda 
que:  “a  programação  da  TV  não  exibia  campeonatos  esportivos...  a  transmissão  de  jogos  ­ 
apenas  os  melhores  momentos  ­  era  feita  no  cinema  antes  dos  filmes,  e  as  notícias  sobre 
eventos esportivos eram acompanhadas pela rádio”. 
Baseada  nos  relatos  obtidos  nas  entrevistas  constata­se  que  na  década  de  70  havia 
aulas  teóricas  com  mais  freqüência.  O  início  da  execução  de  novas  modalidades  esportivas 
como  surf  e  bicicross  e  surf.  Relata  A.  D.  30  anos:  “  o  bicicross  era  praticado  num  terreno 
baldio do Estado localizado na Epitácio Pessoa, chamava­se pista “Louca Mania”. Já o surf era 
na praia de Intermares, no mar do Macaco. Superação de limites, adrenalina, o que eu buscava 
era justamente isso, arriscar mesmo, me superar cada vez mais”. Pensamento este que retrata 
os sentimentos da época, rompimento dos valores impostos pelo governo ­fim da ditadura­ era 
uma forma  de protesto à rigidez política.  Não somente o futebol, o voleibol já conquista mais 
aderentes  à  sua  prática,  bem  como  o  atletismo,  havia  um  grande  estímulo  para  os  jogos 
competitivos  escolares  em  conseqüência  do  número  razoável  de  profissionais  em  Educação 
Física  qualificados.  O  governo  já  disponibilizava  material  esportivo  e  uniformização  para  os 
alunos.  A  mídia  já  emprega  um  enfoque  maior  na  área  esportiva,  já  que  o  Brasil  conseguiu 
êxito e mais adeptos ao futebol por conta da conquista da tão famosa copa de 70, L. N. S. 47 
anos:  “as  copas  de  60  e  70  foram  acompanhadas  por  toda  população,  principalmente  pelo 
rádio,  isso  despertava  a  vontade  de  um  dia  se  torna  profissionais  iguais  os  jogadores  da 
seleção brasileira”. 

CONCLUSÃO 

Com  base  nos  resultados  obtidos  pela  pesquisa,  conclui­se  a  notória  eficácia  da 
história  oral,  utilizada  aqui  como  metodologia  para  a  reconstrução  da  história  da  Educação 
Física na Paraíba. Pode­se dizer que a análise e descrição desta história foram executadas de 
maneira  mais  palpável  e  próxima  das  realidades  vividas  pelas  pessoas  residentes  neste 
estado  naquelas  décadas  (30  a  70).  A  partir  dela,  observa­se  cada  particularidade 
experimentada pela Paraíba nas diferentes fases por qual a Educação Física brasileira passou 
ao  longo  dessas  décadas  e  suas  semelhanças  e  diferenças  em  relação  ao  pensamento 
político­ideológico  vivenciado  pelo  contexto  histórico  no  qual  a  nação  como  um  todo  estava 
inserido naquela época. 
O pensamento comum do Estado brasileiro na década de 30 vinculava às práticas de 
Educação  Física  ao  desenvolvimento  das  qualidades  físicas  do  indivíduo  e ao fortalecimento 
do  corpo  da  mulher  para  que  gerasse  filhos,  não  foi  diretamente  compartilhado  pelo  povo 
paraibano,  já  que  neste  período  o  contato  com  o  esporte  ou  com  a  ginástica  dava­se  pela 
necessidade  ou  pelo  prazer,  excluindo  daí  o  pensamento  de  saúde.  O  aspecto  que  mais  se 
assemelhou ao pensamento característico da década  de 30 e do início da década de 40 foi o 
fato  de  alguns  professores  serem  militares  e  ministrarem  suas  aulas  direcionando­as  ao 
adestramento  e  formação  futura  de  novos  soldados  pregando  a disciplina e a obediência aos 
superiores,  já  que  neste  período  se  dava  a  Segunda  Guerra  Mundial  e  vigorava  no  país  a 
necessidade  de  formar  homens  fortes  para  fortalecer  a  economia  e  a  defesa  da  nação. 

A  política  que  domina  o  Brasil  baseia­se  no  apelo  direto  à  participação  das  massas 
populares urbanas (mas sob controle do governo), na propaganda nacionalista e na promoção 
da industrialização por meio da atuação do Estado. Neste período, a Educação Física passa a 
ser  componente  obrigatório  nos  currículos  escolares,  ainda  que  a  infra­estrutura  da  época 
assim  como  nas  ocasiões  antecedentes  fosse  bastante  precária.  Os  níveis  de  instrução  dos 
profissionais  deixavam  a  desejar,  os  professores  disponíveis  eram  ainda  em  sua  maioria 
militares ou curiosos o que se dava pelo fato de não haver grande número de instituições para 
formação profissional adequada no país, deficiência esta que se estendia à Paraíba. 
A partir de 1964 encontra­se demarcada na Paraíba a supervalorização do futebol por 
conta da intencionalidade governamental de desviar a atenção da população  da problemática 
ocasionada pela ditadura, e do sentimento do paraibano de ver renascer sua esperança de um 
futuro melhor projetado na forma do atleta de futebol. 
Em  meados  da  década  de  70,  nota­se  o  início  das  práticas  de  novas  modalidades 
esportivas na Paraíba, ligadas ao esporte de aventura como bicicross e ao surf, personificando
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a idéia de rompimento com a ditadura e nascimento da democracia, da liberdade de expressão 
também no esporte. 
Com a conclusão dessa pesquisa pode­se perceber a contribuição da História Oral que 
ocorre de maneira bastante sólida, como metodologia de pesquisa cientifica para  produção de 
conhecimento histórico sobre a Educação Física paraibana já que o obtido nesta pesquisa não 
se  trata  apenas  de  uma  de  um  relatório  ordenado  da  vida  dos  entrevistados  e  de  suas 
experiências  mas,  representa  um  lugar  de  encontro  entre  a  história  da  Educação  Física 
paraiana, as pessoas que a vivenciaram e seus pesquisadores. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

CASTELIANI,  L.  F.  Educação  Física  no  Brasil:  A  história  que  não  se  conta  4ª  ed, 
Campinas, SP ­ Papiros, 1994. 

FERREIRA, M. M., ABREU, A. A. et all, Entre­vistas: abordagens e usos da história oral 1ª 
ed, Rio de Janeiro, RJ ­ Fundação Getúlio Vargas, 1994. 

PORTELLI, A., THOMSON, A., et all  Usos e abusos da História Oral 5ª ed, Rio de Janeiro, 
RJ ­ Fundação Getúlio Vargas, 2002.

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