Você está na página 1de 13

PROCEDIMENTO DE REFORÇO DIFERENCIAL DE COMPORTAMENTOS

ALTERNATIVOS NA EDUCAÇÃO: ANÁLISE DE PUBLICAÇÕES.

Silvia Aparecida FORNAZARI1


Hellen Cristine Machado de MELLO2
Ingrid Caroline de Oliveira AUSEC3
Grazielle NORO4
Simone Martin OLIANI5

Programa de Mestrado em Análise do Comportamento


Universidade Estadual de Londrina UEL Londrina/PR

A análise do comportamento é a ciência que tem como objeto de estudo a interação entre organismo
e ambiente e suas relações funcionais. Essa abordagem traz contribuições quando esclarece sobre
variáveis que controlam as interações entre organismo e ambiente (GUIMARÃES, 1999). Na Saúde
e na Educação, pode contribuir com a geração de tecnologias que possam auxiliar no manejo de
comportamentos, por meio da aplicação de seus princípios científicos para mudança
comportamental.
O avanço da medicina e o uso de medicações cada vez mais eficazes aliado ao movimento inclusivo
na educação têm garantido ao longo dos tempos que indivíduos com limitações severas no
comportamento estejam inseridos na rede regular de ensino e avancem em seu processo de
escolarização. Assim, os conhecimentos produzidos na área de saúde para o manejo
comportamental de indivíduos com déficit intelectual se fazem cada vez mais presentes no contexto
educacional bem como influenciam novas produções.

Educação e Análise do Comportamento


No campo da educação, a Análise do Comportamento busca contribuir para responder as questões
de ensino e aprendizagem e formação de professores. A aprendizagem é a finalidade do ensino.
Quando um aluno não aprende é fundamental que o professor conheça sobre suas dificuldades para
planejar e conduzir o ensino, porém não deve transformar essas condições em razões pelas quais o
aluno não aprende. Práticas de ensino têm valor na medida em que geram aprendizagem, se não,
perdem a função (PEREIRA, MARINOTTI e LUNA, 2004).

Doutora em Educação Escolar pela UNESP- Araraquara/SP e Mestre em Educação Especial pela UFSCar São
Carlos/SP. Docente Programa de Mestrado em Análise do Comportamento do Departamento de Psicologia Geral e
Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina, UEL Londrina/PR.
Endereço: Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Centro de Ciências Biológicas,
Universidade Estadual de Londrina, Campus Universitário. Caixa Postal, 6001. Londrina, PR. CEP 86051-090. E-mail:
silfornazari@yahoo.com.br
Aluna do Programa de Mestrado em Análise do Comportamento do Departamento de Psicologia Geral e Análise do
Comportamento da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: hellensonoda@hotmail.com
Aluna do Programa de Mestrado em Análise do Comportamento do Departamento de Psicologia Geral e Análise do
Comportamento da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: ing_ausec@hotmail.com
Aluna do Programa de Mestrado em Análise do Comportamento do Departamento de Psicologia Geral e Análise do
Comportamento da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: gra.noro@hotmail.com
Aluna do Programa de Mestrado em Análise do Comportamento do Departamento de Psicologia Geral e Análise do
Comportamento da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: oliani@sercomtel.com.br
Para Skinner, a Educação é entendida como uma instituição socia

(SKINNER, 1998, p. 437). Na definição de Skinner, o ensino é entendido como o arranjo de


contingências para procedimentos e conteúdos a serem ensinados. Assim, não cabem explicações
que culpem o aluno por não aprender e os professores precisam adquirir conhecimentos sobre o
comportamento humano que os habilitem a planejar as contingências adequadas para ensinar e
pautar seu comportamento em função do comportamento o aluno (ZANOTTO, 2004).
A escola, até pouco tempo atrás, estava incumbida apenas da formação acadêmica do aluno, sem a
necessidade de se preocupar com questões relativas às dificuldades de aprendizagem, ou com a
efetividade de suas propostas pedagógicas e metodologias e seus impactos positivos ou negativos.
As crianças que apresentavam algum tipo de dificuldade eram levadas a outras escolas,
especializadas em seu problema, ou faziam parte de um enorme grupo de crianças que fracassavam
de alguma forma; não respondendo às demandas da instituição que os recebiam, fossem essas
demandas de ordem acadêmicas ou comportamentais (LOPEZ, 2004).
Esse é um panorama que tem se modificado, principalmente nas últimas décadas, quando houve um
movimento social e educativo em direção a atender e integrar as crianças com necessidades
educacionais diferenciadas, de maneira efetiva, solicitando uma atenção aos problemas emocionais,
sociais e de conduta, pois um número significante de alunos com necessidades educacionais
especiais apresentam ao mesmo tempo, dificuldades emocionais, sociais e de comportamento
(LOPEZ, 2004).
O entendimento de que a educação especial deveria ser organizada de forma paralela à educação
comum, foi durante muito tempo considerado a forma mais adequada de atendimento aos alunos
com deficiência ou que não se adequassem ao sistema de ensino regular. Essa concepção resultou
em práticas que enfatizavam os aspectos relacionados à deficiência, em contraposição à sua
dimensão pedagógica. No entanto, estudos no campo da educação e dos direitos humanos vêm
modificando os conceitos, as legislações, as práticas educacionais e de gestão, indicando a
necessidade de se promover uma reestruturação das escolas de ensino regular e da educação
especial (MEC, 2008).
Segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (2008), na perspectiva
da educação inclusiva, a educação especial passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular,
promovendo o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência,
transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação de modo a garantir a
transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; a
continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; o atendimento educacional
especializado; a formação de professores para os atendimentos educacionais especializados e
demais profissionais da educação para a inclusão escolar; a participação da família e da
comunidade; a acessibilidade arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na
comunicação e informação e a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.
Esse novo enfoque ampliou os limites da educação especial, que situou na escola regular a maior
parte dos problemas dos alunos impondo a educação desafios que requerem uma ampliação das
perspectivas dos recursos educativos (MARCHESI, 2004).
Esse novo conceito de necessidades educacionais especiais, segundo Fierro (2004), dá ênfase não
apenas as limitações e dificuldades de aprender, mas também as demandas da escola. Sua utilização
oportuniza uma abordagem diferenciada da tradicional em que outros termos e conceitos como
deficiência, incapacidade ou atraso, acabavam por qualificar apenas as pessoas, desconsiderando o
aspecto social e a interação com o ambiente. Sobre esse conceito, Fierro (2004) compreende que
sim com sua inter-
o aluno.
Esta concepção está de acordo com a política nacional de Educação Especial na Perspectiva
Inclusiva onde avalia que

cação especial enfatizam que as definições e uso


de classificações devem ser contextualizados, não se esgotando na mera especificação ou
categorização atribuída a um quadro de deficiência, transtorno, distúrbio, síndrome ou
aptidão. Considera-se que as pessoas se modificam continuamente, transformando o contexto
no qual se inserem. Esse dinamismo exige uma atuação pedagógica voltada para alterar a
situação de exclusão, reforçando a importância dos ambientes heterogêneos para a promoção
da aprendizagem de to

Um dos problemas que mais preocupam pais e a escola são as condutas agressivas, pois além de
aumentarem as dificuldades que já existem, são destrutivos para a relação de ensino e aprendizagem
(LOPEZ, 2004).
No caso de pessoas com necessidades educacionais especiais, a análise comportamental demonstra
grande efetividade na redução de Índices e duração de comportamentos inadequados (FORNAZARI
e LIBRAZI, 2009).
É importante considerar que os comportamentos inadequados abordados neste artigo, incluindo as
condutas agressivas, são tratados pela literatura enquanto comportamentos aberrantes, e são
considerados inadequados por apresentarem oposição ao que se espera em termos de condutas
sociais em ambientes familiares, educativos, ou sociais. Constituem-se como produto da história de
vida, ou seja, são resultado da história de reforço e punição das pessoas que apresentam
necessidades educacionais especiais desde seu nascimento (FORNAZARI e DIAS, 2009).
Uma vez que as pessoas com déficit intelectual estão incluídas no sistema de ensino, seja ele regular
ou especial, os conhecimentos dos princípios da análise do comportamento não devem estar
restritos ao psicólogo. (FORNAZARI, 2005). Faz-se necessário um trabalho com os profissionais,
no caso p
educação no preparo de indivíduos competentes e autônomos para atuar nas variadas instâncias da
realidade social esta diretamente relacionada á sua eficácia em preparar, de modo especial, aqueles
ZANOTTO, 2004)
Os professores, muitas vezes, não dispõem de métodos que consigam atingir seus alunos em suas
manifestações comportamentais, que não respondem às demandas sócio-educativas. Segundo
Fornazari (2005) é aqui que a Análise Experimental do Comportamento traz, efetivamente,
contribuições ao trabalho do educador.
Procedimentos de reforço diferencial, enquanto esquemas complexos de reforçamento, têm sido
usados na redução dos comportamentos inadequados, podendo incluir treino de repertório adequado
(FORNAZARI, 2005). Segundo Saunders e Saunders (1995) citado por Fornazari (2009), existem
quatro tipos de procedimentos de reforço diferencial: (1) o reforço diferencial de outros
comportamentos (DRO), que consiste na liberação do reforço após um determinado intervalo de
tempo no qual o comportamento inadequado não é emitido, reforçando-se assim a ocorrência de
qualquer outro comportamento que não aquele que se pretende reduzir a freqüência ou extinguir; (2)
o reforço diferencial de baixos índices do comportamento (DRL), onde o reforço é liberado depois
de um intervalo fixo durante o qual o comportamento indesejado é emitido em número igual ou
inferior a um índice pré-determinado; (3) o reforço diferencial de comportamentos incompatíveis
(DRI), que consiste na liberação do reforço depois de uma ou mais ocorrências de um
comportamento que seja topograficamente incompatível com o comportamento inadequado; e (4) o
reforço diferencial de comportamentos alternativos (DRA), no qual o reforço é liberado depois de
uma ou mais ocorrências de um comportamento particular, que seja ensinado ou treinado, e que não
necessariamente seja incompatível com o comportamento indesejado.
De acordo com Fornazari (2009), o procedimento de DRA mostra resultados relevantes na redução
de comportamentos inadequados para pessoas com necessidades educacionais especiais, já que
permite a instalação de comportamentos considerados adequados.
A análise funcional é o instrumento de avaliação necessário e imprescindível para a realização de
um procedimento de reforço diferencial de comportamentos alternativos. É de extrema relevância
uma avaliação prévia que identifique as características funcionais do comportamento, sem essa
análise funcional, o procedimento se torna inviável. A análise funcional se apresenta como uma
poderosa ferramenta para identificar fontes de reforço que mantêm o problema de comportamento, e
identificar potenciais reforçadores a serem utilizados no desenvolvimento de qualquer programa de
tratamento, que requer a identificação das variáveis presentes nas interações (Iwata et. Al, 2000;
Vollmer, Roane, Ringdahl, & Marcus, 1999). A grande vantagem em se conduzir uma anállise
funcional de pré-tratamento é que o reforçadores que mantêm o comportamento do problema
podem ser retidos durante o tratamento (extinção) e ensinado um comportamento alternativo, mais
adaptativo. O comportamento desejado poderá ser efetivamente reforçado, por reforço diferencial
potente, identificado por essa análise anterior (VOLLMER e IWATA, 1992).
O presente artigo teve por objetivo fazer uma revisão da literatura sobre o uso do procedimento de
reforço diferencial de comportamentos alternativos no contexto da educação.

Materiais e Método

Procedimento: O levantamento bibliográfico foi realizado nos periódicos Journal of the


Experimental Analysis of Behavior (JEAB); Journal of Applied Behavior Analysis (JABA); e nas
seguintes bases de dados: Cambridge Journals Online (textos completos); Oxford Journals (Oxford
University Press - textos completos); PsyArticles (APA textos completos); PsycINFO (APA
resumos); Scielo.ORG (textos completos); Science (AAAS textos completos); SCOPUS (Elsevier
resumos); Web of Science (resumos); Enciclopaedia Britanica (resumos, teses e dissertações),
disponíveis no Portal Capes de Periódicos.
Para a busca foram usadas as palavras-chave: differencial reinforcement of alternative behavior, sua
variação em português e a sigla DRA. Conforme os seguintes critérios de inclusão: artigo empírico
e publicado em inglês, português ou espanhol; no período de janeiro de 2005 a abril de 2011.
Nos periódicos JEAB e JABA foram encontradas 850 ocorrências com a palavra chave completa e
com a sigla DRA foram encontradas 189. Após uma primeira leitura foram selecionados 24 artigos,
sendo 21 no periódico JABA e três do JEAB. No Portal Capes de periódicos foram encontrados 185
registros com a palavra chave completa em inglês. Destes foram selecionados para uma leitura mais
detalhada 50 artigos. Também foi consultada a Base BSV (Biblioteca Virtual em Saúde) com a
palavra chave em português (reforço diferencial de comportamento alternativo) e foi encontrado
apenas um artigo, que foi selecionado.

Resultados gerais
Dos 50 artigos pré-selecionados apenas 20 atendiam a todos os critérios estabelecidos, ou seja,
tinham seus procedimentos realmente relacionados com DRA. Destes, cinco eram de DRA sem
extinção e quatro com extinção; quatro além do procedimento de DRA incluiam outros elementos
como SOAP (intervenção auditiva auto-operada), RNC (reforço não contingente) ou DRO (reforço
diferencial de outro comportamento). Como pode se ver na Figura 1, apenas um avaliou falhas na
integridade do procedimento, outros dois pesquisaram esquemas de reforço para comportamentos
inadequados, sendo que o DRA foi utilizado após a pesquisa para solucionar os problemas de
comportamentos destes participantes. Como um que focou análise funcional do comportamento
alvo, mas também utilizou o DRA para diminuir estes comportamentos.
Na maior parte dos estudos os participantes eram crianças e adolescentes com desenvolvimento
atípico, poucos foram com adultos com problemas de comportamento (por exemplo, esquizofrenia)
e apenas um teve como participantes universitários, mas num total de 22 participantes. Dentre os
participantes 38% tinham desenvolvimento atípico, a maioria com diagnóstico de autismo com ou
sem outra patologia associada (por exemplo, deficiência mental ou TOC), apesar de 62% dos
participantes terem desenvolvimento típico, 22 deste (universitários) eram participantes do mesmo
estudo, conforme ilustra a Figura 2
Dos 20 artigos selecionados a maioria (50%) faz referência ao uso do delineamento AB para avaliar
a eficiência de suas intervenções, apenas quatro utilizaram delineamento de reversão (ABAB) com
a mesma finalidade. O restante dividiu-se em um estudo de caso e três revisões de literatura (Figura
3). Mas, 76% reportou sua eficácia ao procedimento de DRA, por diminuirem os comportamentos-
problema e aumentarem os comportamentos alternativos; apenas um considerou o DRO mais
eficiente que o DRA, mas apenas neste caso específico, pois o DRA não possibilitou a extinção do
comportamento inadequado; e em um caso os procedimentos comparados DRA e SOAP foram
considerados equivalentes, mas os aplicadores da intervenção (professores) preferiram utilizar o
SOAP, conforme o item outros da Figura 4.

Figura 1 - Elementos que compunham os procedimentos selecionados para este estudo.

Figura 2 - Diagnósticos dos participantes dos estudos selecionados.


De forma geral, o DRA foi eficaz na redução dos comportamentos problemas, com ou sem o
processo de extinção combinado. Os resultados referentes ao estudo de falha na integridade do
procedimento de DRA sugerem que as condições que envolvem reforço para o comportamento
problema podem ser mais prejudiciais do que as condições em que não de reforçar apenas o
comportamento adequado, e que a ordem com que as condições são arranjadas podem afetar os
resultados.
E um segundo momento, foi feito uma seleção dos artigos relacionados ao contexto educacional e
feita uma análise mais aprofundada para verificar o tipo de população atendida.
Foram considerados artigos relacionados à área de Educação aqueles em que o procedimento de
DRA era realizado com estudantes, no espaço escolar ou na capacitação de professores. Todos os
demais contextos de intervenção como, hospitais, residências ou clínicas foram considerados
relacionados à saúde.

Figura 3 - Tipos de pesquisa e delineamentos utilizados para avaliar as intervenções.

Figura 4 - Dados referentes à eficiência dos procedimentos utilizados nas intervenções.

Resultados dos artigos relacionados à Educação


Dos 20 artigos analisados, 04 deles tinham o procedimento de DRA realizado no contexto
educacional e 01 descrevia 3 procedimentos onde os 2 primeiros foram categorizados como da área
de saúde e 01 da área educacional. Os demais artigos ficaram distribuídos na área de saúde ou
revisão de literatura. Os 5 artigos analisados estão no Quadro 1:
Quadro 1 Artigos selecionados para análise, relacionados à Educação

Em relação aos participantes, a maioria dos estudos teve crianças como participantes.

Figura 6 Participação de adultos e crianças nos estudos

Entre os procedimentos realizados com adultos destacam-se 2 estudos:


1. Pipkin, C.P.; Vollmer, T.R.; Sloman, K.N. (2010). Effects of treatment integrity failures
during differential reinforcement of alternative behavior: a translational model. Journal of
Applied Behavior Analysis, 43(1), 47 70
Objetivo: Investigar os efeitos de diferentes tipos de falhas de integridade em DRA partindo
de um procedimento com adultos e estendendo os resultados para crianças com deficiência
em um ambiente escolar.
Participantes: 22 estudantes de Psicologia
2. LeGray, M.W.; Dufrene, B.A.; Sterling-Turner, H.; Bellone, K. (2010). A comparison of
function-based differential reinforcement interventions for children engaging in disruptive
classroom behavior. Journal of Behavioral Education, 19, 185 204.
Objetivo: Este texto fornece uma comparação direta de reforçamento diferencial de outro
comportamento e reforçamento diferencial de comportamento alternativo
Participantes: 3 crianças de salas de aula de um centro encaminhados para avaliação
funcional devido ao comportamento disruptivo em sala de aula, e 2 professoras responsáveis
por suas respectivas salas.
Resultados: Indicaram que ambos os procedimentos de intervenção foram eficazes e
reduziram o comportamento disruptivo, mas o procedimento DRA resultou em maior
reduções de comportamento perturbador em todos os participantes

Ainda em relação ao número de adultos, embora o número de participantes seja significativamente


maior, esta informação não foi relevante pois trata-se apenas de 2 estudos.

Figura 7 Participantes dos experimentos por idade

Quanto ao diagnóstico dos participantes dos estudos, enfatizou-se a análise dos estudos com
estudantes com diagnóstico de TGD. No entanto, os mesmos não estavam relacionados a estudantes

Figura 8 Diagnóstico dos participantes


*Contabilizado 1 para os 22 estudantes de Psicologia de um estudo e mais 1 para as 2 professoras
do outro estudo.
Discussão
Os resultados encontrados contabilizaram 50 artigos que apresentam o tema DRA. A eficácia do
DRA foi verificada em todas as pesquisas realizadas com sua utilização como intervenção,
especialmente nas intervenções em deficiências de desenvolvimento como o espectro autista e
comportamentos de recusa alimentar, com a observação de poucos e minimizados efeitos colaterais
indesejáveis. A analise de tais resultados também revelou algumas questões relevantes sobre o
tema: 1) Ausência de publicações do tema no Brasil; 2) Falhas na descrição dos procedimentos,
impedindo a replicação. 3) Comportamento eficácia do DRA em relação ao DRO; 4) Critica a
utilização de modelos animais como base para a analise da utilização em modelos humanos; 5)
Comparação eficácia da utilização de DRA em relação a extinção.

Falhas na Integridade do Procedimento


As falhas na integridade do procedimento referem-se principalmente a um conflito entre os efeitos
da intervenção com utilização de DRA e os efeitos de uma seqüência de vários e diferenciados
procedimentos. Um exemplo foi um estudo no qual os participantes foram expostos, em linha de
base, com total integridade de DRA. Na seqüência, os participantes foram expostos a delineamentos
de reversão com integridade de tratamento de 80, 60, 40 e 20%. Cada subgrupo de participantes foi
exposto a erros de omissão, de comissão e erros de omissão e comissão de respostas combinados.
Na avaliação dos resultados, a condição de ordem do experimento na fase dos delineamentos de
reversão afetou o responder prejudicialmente.
E importante ressaltar que os pesquisadores devem estar atentos ao método, observando o
tratamento da integridade e identificando erros no responder relacionados com a emissão e / ou com
a omissão. Algumas recomendações incluem a utilização de estudos descritivos os quais podem
propiciar a fiel replicação do estudo. Alem disso, e importante que todo e qualquer experimento
conte com a concordância entre os observadores, conforme avaliadas por técnicas estatísticas
recomendadas.

Comparação da Eficácia do DRA (Reforcamento Diferencial de Comportamento Alternativo) em


relação ao DRO (Reforcamento Diferencial de Outro Comportamento)
Em muitos estudos, o objetivo foi comparar a eficácia da utilização de DRA e DRO. Entretanto,
alguns erros conceituais ou metodológicos foram observados. Um destes aspectos e a descrição de
procedimentos de DRO como se fossem DRA e vice-versa. Outro aspecto fora em relação aos
delineamentos como quando da apresentação do DRO e então, DRA ou vice-versa, caracterizando
uma intervenção seqüencial e impossibilitando uma comparação fidedigna dos delineamentos.

Critica a utilização de modelos animais como base para a analise da utilização em modelos
humanos
Alguns estudos utilizaram o esquema de DRA com a replicação do modelo animal em humanos, ou
seja, tais estudos realizaram uma intervenção com a utilização de DRA com humanos para um
comportamento problema encontrados somente com sujeitos infra-humanos.
]Outros estudos partiram da identificação do comportamento problema em humanos, como por
exemplo, a resistência a extinção de comportamento alvo indesejado quando há a utilização de
DRA, e, na seqüência, um modelo animal de estudo foi escolhido para a solução deste problema
para então, a posterior aplicação deste modelo animal com humanos novamente. Apesar dos
resultados relevantes do estudo citado, e importante destacar que nesta analise bilateral de humanos
e infra-humanos, há a possibilidade da extrapolação inadvertida dos resultados a partir dos
pesquisadores, fazendo inferências equivocadas (MACE at al, 2010).
O trabalho conjunto da pesquisa básica e aplicada e de grande importância para o desenvolvimento
da tecnologia comportamental. Entretanto, os estudos comparativos que associam os resultados de
ambas as pesquisas deve ser observada com reservas.

Comparação da eficácia da utilização de DRA em relação a extinção


O DRA tem sido altamente recomendado pelos seus efeitos consistentes em relação a extinção.
Ambos são procedimentos bem-sucedidos na redução de comportamentos problema e aumento da
freqüência de comportamentos desejáveis. Contudo, durante a primeira fase da extinção, há a
emissão de comportamentos indesejáveis como a agressão. O DRA, por sua vez, apresenta
vantagens em relação a extinção por não ocorrer a apresentação de tais comportamentos
indesejáveis (agressão). Alguns autores salientam ainda que mesmo com comportamentos
alternativos difíceis de serem implementados, o DRA e recomendado simplesmente por resultar em
taxas aceitáveis de comportamentos indesejáveis, sem os efeitos de resistência a extinção (ATTENS
at al, 2010; MACE at al, 2010).

Procedimentos sem a utilização de Analise Funcional do Comportamento


Muitos estudos selecionaram seus participantes a partir de diagnósticos pré-estabelecidos e
definidos por varias instituições de saúde ou educação especializadas. Entretanto, a analise
funcional e recomendada mesmo quando a função do comportamento parece clara, como no caso de
diagnósticos já estabelecidos (PETSCHER, 2009 apud VOLMER at al, 1992). E recomendada
como apoio no desenvolvimento de tratamentos de alta qualidade, evitando-se assim trabalhar com
hipóteses erradas e o desperdício de recursos. Várias pesquisas nas quais os pesquisadores
projetaram delineamentos com boa variabilidade e confiabilidade necessárias para produzir bons
resultados foram aqueles que incluíram analise funcional antes da intervenção.
Iwata et al (1992 / 1994) sugeriram que tratamentos baseados em função podem ser mais benéficos
do que aqueles baseados em reforços arbitrários.
A análise funcional, além de definir os comportamentos pela sua função, garantindo duplamente o
diagnostico já existente ou fornecendo uma avaliação correta do repertorio de comportamentos
indesejáveis, também fornece dados sobre os reforçadores específicos para sujeitos avaliados,
possibilitando uma intervenção melhor sucedida.

Referências Bibliográficas:

ATHENS, E.S.; VOLLMER, T.R. An investigation of differential reinforcement of alternative behavior


without extinction. Journal of Applied Behavior Analysis, 43(4), 569 589, 2010.

BERGSTROM, R.; TARBOX, J.; GUTSHALL, K.A. Behavioral intervention for domestic pet mistreatment
in a young child with autism. Research in Autism Spectrum Disorders, 5 218 221, 2011.

BORRERO, C.S.W.; VOLLMER, T.R. Experimental analysis and treatment of multiply controlled problem
behavior: a systematic replication and extension. Journal of Applied Behavior Analysis, 39(3), 375 379,
2006.

BORRERO, C.S.W.; VOLLMER, T.R.; BORRERO, J.C.; BOURRET, J.C.; SLOMAN, K.N.; SAMAHA,
A.L.; DALLERY, J. Concurrent reinforcement schedules for problem behavior and appropriate
behavior: experimental applications of the matching Law. Journal of the Experimental Analysis of
Behavior, 93(3), 455 469, 2010.

CAMPBELL, T. L. The effectiveness of family interventions for physical disorders. Journal of Marital and
Family Therapy, Vol. 29, (2) 263-281, 2003.

CHOWDHURY, M.; BENSON, B.A. Use of differential reinforcement to reduce behavior problems in
adults with intellectual disabilities: A methodological review. Research in Developmental Disabilities,
32, 383 394, 2011.

CODDING, R.S.; FEINBERG, A.B.; DUNN, E.K.; PACE, G.M. Effects of immediate performance
feedback on implementation of behavior support plans. Journal of Applied Behavior Analysis, 38(2),
205-219, 2005.
FIERRO, A. Os alunos com deficiência mental. Em, Coll, C., Marchesi, A.,Palácios, J. & col. (orgs)
Desenvolvimento psicológico e educação Transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas
especiais. Vol.3. (pp. 193-214) 2ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

FORNAZARI, S. A. Redução de comportamentos inadequados em portadores de deficiência mental no


treino para o trabalho. Dissertação de Mestrado.Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP,
2000.

FORNAZARI, S. A. Comportamentos inadequados e produtividade em pessoas com deficiência mental


severa ou múltipla em um ambiente educacional. Tese Doutorado UNESP Araraquara SP, 2005.

FORNAZARI, S. A. Programa de orientação familiar para redução de comportamentos aberrantes em


pessoas com deficiência mental severa ou profunda: análise funcional e DRA. Em, Fujisawa, D. S...[et
al.] (orgs). Família e educação especial. Londrina: ABPEE, 2009

Fornazari, S.A.; Librazi, L.M. Redução de comportamentos aberantes em crianças com deficiência mental
severa ou mútipla utilizando o procedimento de reforço dferencial de outros comportamentos (DRO),
Em, Manzini E.J., Marquezine, M.C. (et all) Procedimentos de Ensino e Avaliação em Educação
Especial. Londrina: ABPEE, 2009. p. 49-60, 2009.

FORNAZARI, S.A.; DIAS, M. V. Instalação de comportamentos adequados e redução de inadequados em


crianças com deficiência múltipla., Em, Manzini E.J., Marquezine, M.C. (et all) Procedimentos de
Ensino e Avaliação em Educação Especial. Londrina: ABPEE, 2009. p. 61-72, 2009.

FRYLING, M. A behavior analytic approach to adherence in chronic disease management. Vol.1 S(1), 1-11,
2008

GROW, L.I.; KELLEY, M.E.; ROANE, H. S.; SHILLINGSBURG, M.A. Utility of extinction-induced
response variability for the selection of mands. Journal of Applied Behavior Analysis, 41(1), 15 24,
2008.

GUIMARÃES, S.S. Psicologia da saúde e doenças crônicas. In: Kerbauy R.R.(Org.). Comportamento e
saúde: explorando alternativas. 22-45. Santo André: ArtBytes, 1999.

HAMMOND, J.L.; HALL, S.S. Functional analysis and treatment of aggressive behavior following resection
of a craniopharyngioma. Developmental Medicine & Child Neurology, 53: 369 374, 2011.

INGVARSSON, E.T.; KAHNG, S.W.; HAUSMAN, N.I. Some effects of noncontingent positive
reinforcement on multiply controlled problem behavior and compliance in a demand context. Journal of
Applied Behavior Analysis, 41(3), 435 440, 2008.

IWATA, B. A., WALLACE, M. D., KAHNG, S., LINDBERG, J. S., ROSCOE, E. M., CONNERS, J.,
HANLEY, G. P., THOMPSON, R. H., & WORSDELL, A. S. Skill acquisition in the implementation of
functional analysis methodology. Journal of Applied Behavior Analysis, 33, 181 194, 2000.

JOHNSON, S. B. Health behavior and health status: Concepts, Methods, and Applications. Presidential
Address for the Society of Pediatric Psychology. Oct 12, 1993.

KAPLAN, R. M. Behavior as the central outcome in health care. American Psychologist Association. Vol
45, 11, 1211-1220, 1990.

KEARNS, D.N.; WEISS, S.J. Contextual renewal of cocaine seeking in rats and its attenuation by the
conditioned effects of an alternative reinforcer. Drug and Alcohol Dependence, 90, 193 202, 2007.
LEGRAY, M.W.; DUFRENE, B.A.; STERLING-TURNER, H.; BELLONE, K. A comparison of function-
based differential reinforcement interventions for children engaging in disruptive classroom behavior.
Journal of Behavioral Education, 19, 185 204, 2010.

LOPEZ, F. Problemas afetivos e de conduta na sala de aula. Em, Coll, C., Marchesi, A.,Palácios, J. & col.
(orgs) Desenvolvimento psicológico e educação Transtornos do desenvolvimento e necessidades
educativas especiais. Vol.3. (pp. 193-214) 2ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

LUCIANO, M. C. & HERRUZO, J. Some relevant components of adherence behavior. J.Behav. Ther. &
Exp. Psychiat. Vol. 23, 2, 117-124, 1992.

LUCZYNSKI, K.C.; HANLEY, G.P. Do children prefer contingencies? An evaluation of the efficacy of and
preference for contingent versus noncontingent social reinforcement during play. Journal of Applied
Behavior Analysis, 42(3), 511 525, 2009.

MACE, F.C.; MCCOMAS, J.; MAURO, B.C.; PROGAR, P.R.; TAYLOR, B.; ERVIN, R.; ZANGRILLO,
A.N. Differential reinforcement of alternative behavior increases resistance to extinction: clinical
demonstration, animal modeling, and clinical test of one solution. Journal of the Experimental Analysis
of Behavior, 93(3), 349 367, 2010.

MARCHESI, A. Da linguagem da deficiência às escolas inclusivas. Em, Coll, C., Marchesi, A.,Palácios, J.
& col. (orgs) Desenvolvimento psicológico e educação Transtornos do desenvolvimento e
necessidades educativas especiais. Vol.3. (pp. 15-30) 2ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

MEC/SEESP, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.Secretaria Nacional de


Educação Especial. Brasília, DF, 2008.

NAJDOWSKI, A.C.; WALLACE, M.D.; REAGON, K.; PENROD, B.; HIGBEE, T.S.; TARBOX, J.
Utilizing a home-based parent training approach in the treatment of food selectivity. Behavioral
Interventions, 25, 89-107, 2010.

PEREIRA, M. E. M., MARINOTTI, M. & LUNA, S. V. O compromisso do professor com a aprendizagem


do aluno. Em, HUBNER, M. M. C. E MARINOTTI, M. (org) Análise do Comportamento para a
Educação: contribuições recentes. 1º. ed. Santo André, SP. ESETec Editores Associados, 2004.

PENROD, B.; WALLACE, M.D.; REAGON, K.; BETZ.; HIGBEE, T.S. A component analysis of a parent-
conducted multi-component treatment for food selectivity. Behavioral Interventions, 25: 207 228,
2010.

PETSCHER, E.S.; BAILEY, J.S. (2008). Reinforcement of alternative behavior comparing main and
collateral effects of extinction and differential. Behavior Modification, 32(4), jul, 468-488.

PETSCHER, E.S.; REY, C.; BAILEY, J.S. A review of empirical support for differential reinforcement of
alternative behavior. Research in Developmental Disabilities, 30, 409-425, 2009.

PIPKIN, C.P.; VOLLMER, T.R. Applied implications of reinforcement history effects. Journal of Applied
Behavior Analysis, 42(1), 83 103, 2009.

PIPKIN, C.P.; VOLLMER, T.R.; SLOMAN, K.N. Effects of treatment integrity failures during differential
reinforcement of alternative behavior: a translational model. Journal of Applied Behavior Analysis,
43(1), 47 70, 2010.
RADSTAAKE, M.; DIDDEN, R.; BOLIO, M.; LANG, R.; LANCIONI, G.; CURFS, L.M.G. Functional
Assessment and Behavioral Treatment of Skin Picking in a Teenage Girl with Prader-Willi Syndrome.
Clinical Case Studies, 10(1), 67-78, 2011.

RAMOS-CERQUEIRA, A. T. de A. Formação Saúde o psicólogo na área da saúde: a formação


necessária. Em, R. Banaco, Sobre Comportamento e Cognição. Vol. 1 ARBBytes Ed, São Paulo,
1997.

SAUNDERS, R.R.; MCENTEE, J.E.; SAUNDERS, M.D. Interaction of reinforcement schedules, a


behavioral prosthesis, and work-related behavior in adults with mental retardation. Journal of Applied
Behavior Analysis, 38(2), 163-176, 2005.

SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. Tradução: João Carlos Todorov; Rodolfo Azzi. 10 ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1998.

VALDIMARDÓTTIR, H.; HALLDÓRSDÓTTIR, L.R.; SIGURDARDÓTTIR, Z.G. Increasing the variety


of foods consumed by a picky eater: generalization of effects across caregivers and settings. Journal of
Applied Behavior Analysis, 43 (1), 101 105, 2010.

VOLLMER, T. R., & IWATA, B. A. Differential reinforcement as treatment for behavior disorders:
Procedural and functional variations. Research in Developmental Disabilities, 13, 393 417, 1992.

VOLLMER, T. R., ROANE, H. S. & RINGDAHL, J. E., MARCUS, B. A. Evaluating treatment challenges
with differential reinforcement of alternative behavior Journal of Applied Behavior Analysis, 32, 9 23,
1999.

ZANOTTO, M. L. B. Subsídios da Análise do Comportamento para a formação de professores. Em.


HÜBNER, M. M. C., MARINOTTI, M. (Orgs.) Análise do comportamento para a educação.
Contribuições recentes. 1a. ed., Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2004

ZANNON, C. M. L. C. Psicologia aplicada à pediatria: questões metodológicas atuais. Em:


Comportamento e Saúde: Explorando alternativas. Org. R. R. Kerbauy. Santo André: ARBytes, 1999.

Você também pode gostar