Você está na página 1de 30

Filipe Alexandre de Relatório de Estágio Profissional

Sotto Mayor Negrão


Baptista

Nº202000804

Relatório de Estágio

Curso Técnico Superior Profissional em Manutenção


Industrial

Orientadores

Orientadora: Aldina Soares (docente ESTSetúbal/IPS)

Supervisor do estágio: Nuno Gago (Carl Zeiss)

dezembro de 22
2
Agradecimentos
Em primeiro lugar, gostaria de mandar um sincero agradecimento à minha orientadora
de estágio Professora Aldina Soares, pela orientação do meu estágio ao longo de todo este
processo de crescimento profissional e pessoal que colmatou na elaboração deste relatório.
É de salientar o apoio prestado, a disponibilidade que sempre demonstrou, os conselhos
que deu e as críticas construtivas que ajudaram a ultrapassar as dificuldades que foram surgindo
ao longo do meu estágio.
Ao Nuno Gago, responsável pela equipa de manutenção da empresa Carl Zeiss Vision
Portugal, S.A. pela oportunidade que me deu de concluir a minha formação enquanto estagiário
e por me ter proporcionado momentos valiosos de aprendizagem.
A toda a equipa da manutenção que sem distinção alguma e sendo apenas um mero
estagiário, tratou-me como um “deles”, a todos eles um sincero obrigado.
A todos os professores do curso da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, por sempre
se terem mostrado disponíveis para ajudar em tudo o que fosse preciso.
A todos os meus colegas e amigos de faculdade, que me acompanharam durante todo o
meu percurso académico e o tornaram menos complicado e divertido.
Agradeço ao Centro de Competência do Instituto Politécnico de Setúbal a amabilidade
que os seus membros sempre tiveram para comigo, assim como os conhecimentos e as
aprendizagens impulsionadas.
Agradeço também aos meus pais, Iolanda e Carlos Baptista, pelo incansável esforço que
fazem todos os dias para que siga em frente nos meus estudos, por nunca me terem deixado
desistir e mostrarem que apesar das dificuldades é possível vencer.
E por fim ao meu irmão que tenta constantemente dar-me conselhos de grande valor.
Obrigado a todos, espero um dia poder retribuir as ajudas prestadas no decorrer do meu período
académico.

3
4
Resumo
Este trabalho aborda todas as etapas de maior relevo a que fui submetido durante estes
últimos meses de estágio.
As razões consideradas na escolha da empresa para realizar o estágio são analisadas, bem
como todo o processo de admissão e integração na mesma. É também feita uma descrição da
empresa mais concretamente à caracterização da entidade de acolhimento e ao seu historial.
O estabelecimento de objetivos a atingir no estágio é de enorme relevância, pois foram
definidos com o intuito de aprimorar alguns aspetos onde a empresa se apresenta mais
debilitada. Algumas das intervenções a que tive a oportunidade de assistir e ajudar durante o
estágio académico são descritas.
As atividades foram desenvolvidas tendo sempre em conta os objetivos inicialmente
delineados que são os seguintes: prestar auxílio à equipa de manutenção, assim como aos
trabalhadores intervenientes, manutenções preventivas, pôr a prova conhecimentos adquiridos
em sala de aula e implementação de um inventário da manutenção.
Nas considerações finais do relatório é feita uma análise global do estágio.

Palavras-chave: Estágio; Intervenções; Manutenção

5
Abstract
This work addresses all the most important steps I went through during these last months
of internship.
The reasons considered in choosing the company to carry out the internship are analyzed,
as well as the entire admission and integration process.
A description of the company is also made, more specifically the characterization of the
host entity and its history.
The establishment of objectives to be achieved during the internship is extremely
important, as they were defined with the aim of improving some aspects where the company is
weakest. Some of the interventions that I had the opportunity to assist and assist during the
academic internship are described.
The activities were developed always taking into account the objectives initially outlined,
which are the following: assisting the maintenance team, as well as the intervening workers,
preventive maintenance, testing the knowledge acquired in classes and carrying out a
maintenance inventory.
A global analysis of the internship was made in the final considerations of the report.

Keywords: Internship; Interventions; Maintenance

6
Índice
Agradecimentos .......................................................................................................... 3
Resumo ........................................................................................................................ 5
Abstract ....................................................................................................................... 6
Índice............................................................................................................................ 7
Lista de Figuras ........................................................................................................... 9
Lista de Siglas e Acrónimos ..................................................................................... 10
1 Introdução .......................................................................................................... 11
1.1 Estrutura do relatório ..................................................................................... 11
1.2 Caracterização da entidade de acolhimento ................................................. 12
1.3 Historial ........................................................................................................... 12
2 Manutenção ........................................................................................................ 14
2.1 Manutenção corretiva ..................................................................................... 14
2.2 Manutenção preventiva .................................................................................. 14
2.3 Manutenção preditiva ..................................................................................... 14
2.4 Manutenção centrada na fiabilidade ............................................................. 15
2.5 Indicadores da manutenção........................................................................... 15
2.6 Conceito .......................................................................................................... 16
3 Processo Produtivo ........................................................................................... 17
3.1 Preparação ...................................................................................................... 17
3.2 Bloqueio .......................................................................................................... 17
3.3 Produção ......................................................................................................... 18
3.4 Polimento ........................................................................................................ 18
3.5 Desbloqueio e limpeza ................................................................................... 19
3.6 Coloração ........................................................................................................ 19
3.7 Revestimento .................................................................................................. 20
3.8 Garantia de qualidade .................................................................................... 21
3.9 Montagem........................................................................................................ 21
4 Descrição do estágio ......................................................................................... 22
4.1 Pertinência do estágio.................................................................................... 22
4.2 Componente Ético-Profissional..................................................................... 22
4.3 Evolução ao longo do estágio ....................................................................... 23
4.4 Higiene e segurança no trabalho ................................................................... 23
4.5 Técnico de manutenção ................................................................................. 23
4.6 Estagiário de Manutenção ............................................................................. 24

7
4.7 Expansão da sala de informática .................................................................. 25
4.8 Apoio à restruturação do escritório .............................................................. 25
4.9 Bancada do controlo final .............................................................................. 25
4.10 Manutenções preventivas periódicas ........................................................... 25
4.11 Inventário da manutenção ............................................................................. 26
5 Conclusões e perspetivas de trabalho futuro .................................................. 28
Webgrafia ................................................................................................................... 29

8
Lista de Figuras

Figura 1 – Caixa de transporte das lentes .......................................................... 17


Figura 2 – Processo de blocagem ...................................................................... 17
Figura 3 – Processo de moldagem ..................................................................... 18
Figura 4 – Processo de polimento ...................................................................... 18
Figura 5 – Processo de limpeza ......................................................................... 19
Figura 6 – Processo de coloração ...................................................................... 19
Figura 7 – Processo de revestimento ................................................................. 20
Figura 8 – Inspeção visual.................................................................................. 21
Figura 9 – Colocação das lentes ........................................................................ 21
Figura 10 – Mudança de filtros ........................................................................... 26
Figura 11 – Organização do armazém ............................................................... 27

9
Lista de Siglas e Acrónimos
CINI Classificação Internacional Normalizada Industrial
TPM Total Productive Maintenance
PCM Planeamento e Controle de Manutenção
MTTR Mean time to repair
MTBF Mean Time Between Failures
CMMS Computerized maintenance management system

10
1 Introdução
Este documento surge no âmbito da atividade final do curso, com o intuito de expor todo o
trabalho desenvolvido durante o estágio curricular realizado numa empresa de Fabricação de material
óptico oftálmico.
O estágio académico é sem dúvida a decisão mais importante para a conclusão do Curso Técnico
Profissional em Manutenção Industrial.
Esta escolha deve-se à intenção de entender mais acerca do funcionamento de uma empresa, e a
informação relativamente aos trabalhos e processos que as empresas efetuam.
Relativamente aos objetivos de estágio são definidos com base numa reunião agendada pela
orientadora.
Em primeiro lugar é estabelecido realizar uma prestação de auxílio à equipa de manutenção, assim
como aos trabalhadores intervenientes, auxílio este que tem em consideração o acompanhamento de
perto nas diversas ocorrências diárias.
Outro objetivo estabelecido é a necessidade de realizar as manutenções preventivas em todos os
equipamentos da fábrica.
Este aspeto leva ao estabelecimento de outro objetivo, que é o desenvolvimento de um inventário
de manutenção, que tenha a capacidade de proporcionar uma maior produtividade aos funcionários da
empresa e consequentemente uma maior organização do armazém da Manutenção.
Também são emitidos alguns procedimentos de segurança a ter em consideração durante as
intervenções.

1.1 Estrutura do relatório

No âmbito da Unidade Curricular de estágio Profissional, foi me solicitado que realizasse


um relatório de estágio Profissional. Este está dividido em 5 partes:
• 1ª parte – Introdução
• 2ª parte – Manutenção
• 3ª parte – Processo Produtivo
• 4ª parte – Desempenho de Funções
• 5ª parte – Conclusão

Na primeira parte é elaborado uma introdução, seguida de uma caracterização da


entidade de acolhimento. Por fim, é apresentado todo o historial da empresa.
Na segunda parte é feita uma breve explicação do conceito “manutenção”, os tipos de
manutenção mais usados e os indicadores de manutenção.
Na terceira parte é explicado todo o processo produtivo das lentes Zeiss até chegarem ao

11
consumidor final.
A quarta parte é certamente a mais relevante do relatório pois relata a descrição do
estágio, desde trabalhos realizados, pontos de destaque para a realização do estágio e até
mesmo evidenciar diferenças no desempenho de funções de um técnico e um estagiário.
Na quinta e última parte são feitas as conclusões e reflexões finais do estágio curricular.

1.2 Caracterização da entidade de acolhimento

A empresa de nome Carl Zeiss Vision Portugal, S.A., está inscrita como sociedade anónima,
na conservatória do registo comercial. O desempenho da sua atividade empresarial já dura há
73 anos. A principal atividade está enquadrada na atividade económica CINI pertencente a
Fabricação de material ótico oftálmico.
A localização da empresa encontra-se na cidade de São Sebastião Setúbal, que pertence
ao distrito de Setúbal. A sede está localizada no seguinte endereço: Rua Luís Sá, 2910-836.

1.3 Historial

A Carl ZEISS é uma grande empresa internacional líder em tecnologia nos setores da ótica
e da optoeletrónica, que emergiu das cinzas após anos turbulentos devido a guerras e a crises
financeiras que a Alemanha, país de sua criação, enfrentava naquela época.
No ano de 1847, numa oficina de mecânica de precisão e ótica, Carl Zeiss treinou os seus
primeiros funcionários: August Löber que depois viria a treinar muitos outros funcionários que
ajudariam a empresa a seguir em frente.
Em 1866, Carl Zeiss recrutou o físico Ernst Abbe para ajudá-lo a melhorar os microscópios.
O seu compromisso logo se dispersou para outras áreas da empresa e em 1877, tornou-se sócio
da empresa e ajudou a moldá-la.
No início do mesmo ano seria inventada a primeira lente objetiva de imersão em óleo,
homogénea desenvolvida por sugestão de John Ware Stephenson. Nesta altura, a ciência e a
indústria estavam separadas por um longo período de tempo e com esta invenção voltaram a
estar interligadas. A Carl Zeiss foi a pioneira dessa grande mudança, que moldou o nosso mundo
moderno.
A maioria dos alunos de Abbe viriam a alcançar grandes feitos tanto para a ciência como
para a empresa.
No ano de 1889 dá-se o falecimento de Carl Zeiss, que fez com que Ernst Abbe criasse a
Fundação Carl Zeiss, que se tornaria a única proprietária da empresa.
Os lucros beneficiaram a ciência, os projetos sociais e culturais e o trabalho da empresa.

12
Atualmente a empresa tem mais de 35 000 funcionários.
A Carl ZEISS tem uma presença global ativa em mais de 50 países, com aproximadamente
60 empresas de vendas e assistência, 30 unidades de fabrico e 27 centros de desenvolvimento.
Fundada em 1846, em Jena, a empresa encontra-se atualmente sediada em Oberkochen,
na Alemanha.
A Carl Zeiss Foundation é uma das maiores fundações da Alemanha empenhadas na
promoção da ciência e é a única proprietária da holding Carl Zeiss AG.

13
2 Manutenção

2.1 Manutenção corretiva

É a atividade técnica executada após a ocorrência de uma avaria e tem como objetivo
restaurar o ativo para uma condição em que pode funcionar como o pretendido, quer pela sua
reparação ou por substituição. Caso este tipo de manutenção não seja utilizado de forma
precisa, pode eventualmente causar paragens imprevistas, deste modo, podemos concluir que
uma estratégia alicerçada exclusivamente a manutenção corretiva significa um maior tempo de
paragem e custos de manutenção mais elevados.

2.2 Manutenção preventiva

A manutenção preventiva surge por oposição à manutenção corretiva. Em vez de esperar


que a avaria ocorra, este tipo de manutenção tem como objetivo prevenir que esta aconteça.
A manutenção preventiva ocorre de forma periódica e programada, independentemente
da condição do ativo e com a finalidade de evitar avarias e minimizar as consequências de
debilidade dos equipamentos.
A maioria das organizações que pratica este tipo de manutenção utiliza um software
CMMS para receber alertas sobre as ordens de trabalho quando é necessário efetuar um plano
de manutenção preventiva. Como o planeamento é feito com a devida antecedência, é mais fácil
possuir as peças e recursos necessários para completar cada tarefa.

2.3 Manutenção preditiva

O propósito da manutenção preditiva é prever quando é que uma avaria está prestes a
ocorrer, quando algo indesejado é detetado, então uma reparação é agendada antes do
equipamento avariar, eliminando assim, a necessidade de manutenção corretiva dispendiosa ou
de uma manutenção preventiva desnecessária.
A utilização de um software de manutenção (CMMS) é a forma mais simples de
implementar uma estratégia de manutenção preditiva, já que esta solução permite acompanhar
as leituras dos contadores. Com o acesso aos dados dos sensores, a manutenção acaba por ser
determinada pelo estado real do equipamento e não por suposições.

14
2.4 Manutenção centrada na fiabilidade

Este tipo de manutenção analisa todos os modos de falha possíveis para cada peça do
equipamento, criando um plano de manutenção personalizado para cada equipamento.
O principal objetivo da manutenção centrada na fiabilidade é aumentar a fiabilidade ou
disponibilidade dos equipamentos, para que seja possível elaborar um plano de manutenção
preditiva mais eficaz.
A manutenção centrada na fiabilidade é uma estratégia que requer uma equipa de
manutenção que domine a prevenção, manutenção preditiva, as inspeções básicas e que tenha
acesso a dados seguros sobre os ativos.

2.5 Indicadores da manutenção

O MTTR é definido como o tempo medio para os reparos, ele indica o tempo que a equipa
da manutenção leva para a realização do reparo, deixando dessa forma o equipamento apto
para a produção. Nesse mesmo período de tempo estão envolvidas todas as ações de reparo.
No cálculo do tempo de reabilitação do sistema após ter ocorrido uma falha, ainda pode
ser incluindo o tempo que é gasto para detetar o problema, tempo gasto até a chegada de um
técnico e o tempo que poderá levar a reparação do sistema.

Tempo Total de Manutenção


𝑀𝑇𝑇𝑅 =
Número de Reparações

O MTBF é apontado como o tempo médio entre falhas, esse indicador é também
responsável pelo cálculo do tempo médio entre a ocorrência de uma falha e a próxima
ocorrência, reproduz ainda o tempo de bom funcionamento do equipamento.
O MTBF nada mais é que um modelo que assume o erro do sistema, que será
imediatamente reparado.
A definição do mesmo depende da definição que considera um sistema de falha.

Tempo de trabalho − Tempo Perdido


𝑀𝑇𝐵𝐹 =
Número de Avarias

Confiabilidade é dado como a probabilidade de que um certo equipamento trabalhe em


boas condições durante um determinado período de tempo ou ainda se permanecer apto após
um determinado período de funcionamento.

15
A disponibilidade inerente é uma disponibilidade considerada estável, para o cálculo da
mesma e considera-se o tempo de inatividade do equipamento por paragem de manutenção
corretiva.
Os tempos de inatividade por manutenção preventiva, atrasos logísticos e atrasos de
fornecimento são fatores excluídos.

2.6 Conceito

A Manutenção é um fator essencial atualmente, indispensável em qualquer indústria no


mercado. Com a mecanização das indústrias nos finais do século XIX, surgiu a necessidade dos
primeiros reparos.
No início, a manutenção tinha um caráter secundário, não havendo nenhum critério
específico ou especialização das atividades e era executada pelo próprio operador. Daí em
diante e com o aparecimento de duas grandes guerras mundiais, as indústrias foram obrigadas
a adotar uma posição diferente face as circunstâncias provenientes de uma guerra turbulenta.
Foram estabelecidos programas mínimos de produção de maneira a evitar a paralisação
das fábricas e das linhas de produção e criaram-se equipas capazes de solucionar os problemas
apresentados pelas máquinas, no menor tempo possível, e desenvolver métodos de
manutenção capazes de reduzir a ocorrência desses problemas.
Atualmente com o forte avanço da tecnologia presenciasse o surgimento de máquinas
cada vez mais sofisticadas em todos os setores produtivos da economia mundial.

16
3 Processo Produtivo
O avanço na indústria de lentes oftálmicas tem tido uma enorme evolução ao longo dos
tempos, dessa forma, empresas como a Carl Zeiss optaram por adotar novas tecnologias ao seu
processo de fabrico.

3.1 Preparação

A Preparação é um processo que dá início logo após o reencaminhamento do pedido de


lentes do paciente para a Zeiss, em seguida, a lente é calculada e colocada numa caixa onde lhe
é atribuído um código de barras relativamente a cada encomenda de produção, dessa forma, os
dados para o processamento da lente poderão ser identificados para serem enviados para a
estação de processamento específica.
Dependendo da prescrição, as lentes semi-acabadas são retiradas do armazém e para
criar a prescrição do futuro utilizador a superfície interna da lente é moldada utilizando uma
tecnologia chamada “Freeform”, depois de colocadas no tabuleiro então começa o seu trajeto
para a próxima estação: a correia transportadora conduz o tabuleiro até a blocadora de lentes.

Figura 1 – Caixa de transporte das lentes

3.2 Bloqueio

A lente leva um revestimento de proteção na sua superfície e é então fixada a um


bloqueador. Este passo é necessário para que a lente fique bem presa e seja devidamente
processada na blocadora de lentes.

Figura 2 – Processo de blocagem

17
3.3 Produção

Após o bloqueio, a lente é moldada com o formato e prescrição desejada. Devido a


tecnologia freeform da ZEISS, a superfície externa da lente semi-acabada já possui a potência
óptica de correção quando esta é retirada do armazém, mas a superfície interna não, isto faz
com que ainda seja preciso moldar para o utilizador. Para tal é utilizado um método CNC de 5
eixos que cria a forma e a prescrição correta para o utilizador em cerca de um minuto e meio.
Neste método são executados 3 passos diferentes: endurece-se a lente, dá-se-lhe uma
forma geral e, em seguida, definem-se dezenas de pontos de corte utilizando um diamante
natural.

Figura 3 – Processo de moldagem

3.4 Polimento

O processo de polimento permite com que a superfície de cada uma das lentes seja polida,
mantendo-se constante as suas propriedades óticas. Cada lente Zeiss recebe uma assinatura
própria, para isso é utilizado um laser para gravar um “Z” quase invisível na lente.
Esta marcação posicionada com precisão é importante para garantir a qualidade e
funciona também como carimbo que posteriormente ajudará na centragem das lentes.

Figura 4 – Processo de polimento

18
3.5 Desbloqueio e limpeza

A lente é cuidadosamente removida do bloqueador. Uma vez que a liga metálica que fixa
a lente ao bloqueador derrete um pouco abaixo dos 50ºC, basta mergulhar em água quente. Em
seguida, as lentes são limpas: utilizando-se escovas, diferentes agentes de limpeza e água pura
e especialmente tratada para remover resíduos das lentes e prepará-las par o revestimento.
As lentes são secas com um secador. Existe ainda o cuidado de tratar e reutilizar os
materiais como a liga de metal, e a água necessária para a produção é reciclada de forma
ecológica.

Figura 5 – Processo de limpeza

3.6 Coloração

Nesta fase, as lentes recebem uma tonalidade, caso tenha sido solicitada.
As lentes são divididas em orgânicas, onde são colocadas num lote para receberem um
banho de coloração ou de vidro, no qual são aplicadas em camadas de óxido de metal. Uma vez
que cada lente é fabricada individualmente e a Zeiss disponibiliza tonalidades de qualquer cor,
é necessária uma equipa experiente para conseguir atingir a tonalidade desejada.

Figura 6 – Processo de coloração

19
3.7 Revestimento

O revestimento é a etapa final do processo de fabrico, é também uma das etapas mais
exigentes devido ao grau de complexidade na aplicação do revestimento na lente oftálmica.
Os revestimentos têm a função de deixar as lentes mais duradouras e resistentes aos
riscos, ajudam ainda a garantir uma visão nítida em meio a alterações climáticas que prejudique
o campo de visão, repelem sujidade, reduzem reflexos e oferecem inúmeros benefícios,
nomeadamente durante a condução ou em trabalhos que exijam muito tempo em frente ao
computador. Por si só as lentes orgânicas não são suficientemente resistentes a riscos, por isso,
as lentes orgânicas Zeiss levam um revestimento duro adequado para as proteger dos riscos.
Este é aplicado na lente sob forma de verniz, durante a imersão, endurecendo-a. Existem vários
vernizes consoante o tipo de plástico e de espessura da lente.
Após uma limpeza ultrassónica, o próximo revestimento é aplicado em camadas de
antirreflexo mediante um processo de deposição a vácuo.
A camada final do revestimento confere a lente à lente uma superfície extremamente lisa,
tornando-a resistente à sujidade e à água.

Figura 7 – Processo de revestimento

20
3.8 Garantia de qualidade

As lentes são cuidadosamente inspecionadas, com o intuito de posteriormente serem


aprovadas face aos rigorosos requisitos de garantia de qualidade da Zeiss.
É realizada uma inspeção visual para verificar a presença de poeiras ou eventuais danos,
além de uma inspeção mecânica para assegurar que cada lente cumpre as especificações
necessárias. Caso a lente esteja em perfeitas condições, é então “carimbada” na etapa final.
O selo de orientação é usado para alinhar a lente e para ajudar o óptico a inserir a lente
na armação com precisão.
O selo é removido quando os óculos estiverem prontos e forem disponibilizados ao
cliente. Por fim, o Z de Zeiss só é gravado quando todos os passos da garantia de qualidade
tiverem sido concluídos com sucesso.
O Z é a promessa de qualidade inscrita em cada lente.

Figura 8 – Inspeção visual

3.9 Montagem

Normalmente é o óptico que realiza este tipo de função, melhor dizendo, a colocação das
lentes nas armações. No entanto, se solicitado, a Zeiss também o poderá fazer.
Este processo exige um enorme nível de precisão, uma vez que apenas umas lentes com
um ajusto perfeito podem garantir uma correção da visão ideal.

Figura 9 – Colocação das lentes

21
4 Descrição do estágio

4.1 Pertinência do estágio

Para dar início ao estágio profissional é necessária uma reunião com superiores, a fim de
estipular metas, retratar temas e procurar entender possíveis potenciais que possam ir de
encontro as necessidades da empresa.
Os temas tratados na entrevista visam descrever os conhecimentos técnicos e teóricos.
Foram feitas questões relativamente a disciplinas preferidas, para entender algumas
competências que se destacam no meu perfil de aluno e eventualmente no estilo de trabalho
da equipa de manutenção.
A empresa demonstrou ser muito flexível, ajustando os horários de trabalho de modo a
conciliar o estágio com as aulas da faculdade.
Desde o início da conversa o coordenador de estágio deixou claro o foco da equipa de
manutenção.
A aprendizagem e a bagagem profissional adquirida na área seria sem dúvida o principal
foco durante todo o percurso do estágio profissional.

4.2 Componente Ético-Profissional

A ética e o profissionalismo de qualquer trabalhador são essenciais no relacionamento


com todos os membros da organização e são pilares fundamentais para o sucesso. Estes são
possíveis de analisar no desempenho diário, através da capacidade de trabalhar individualmente
e coletivamente, sentido de responsabilidade, assiduidade e pontualidade, capacidade de
análise crítica, autocrítica e iniciativa, cumprimento dos compromissos comuns e individuais
dentro dos prazos, apresentação e conduta pessoal adequada na presença de colegas de
trabalho e outros funcionários.
Por vezes a falta de conduta mostra-se enraizada em algumas das organizações da
atualidade, mas com enorme espanto não foi constatado nenhuma anomalia a nível de ética e
profissionalismo na Fábrica da Carls Zeiss.
Os trabalhadores são educados e acolhedores e procuram de todas as maneiras manter
uma boa relação de cordialidade, sem dúvida, um passo muito importante para a integração de
qualquer estagiário nas instalações Zeiss.

22
4.3 Evolução ao longo do estágio

A integração na Carl Zeiss foi célere.


A compreensão da dinâmica do serviço foi simplificada pelo contacto prévio com a
atividade.
A rápida adaptação deve-se em grande parte, à excelente equipa de manutenção que
permitiu um à-vontade imenso, que viria a dar frutos mais tarde, com amizades sólidas e claro
um trabalho em equipa extraordinário.
Os colegas com quem tive a oportunidade de trabalhar relatam que mesmo depois de
vários anos de trabalho efetuam ocorrências de avarias novas todo os dias. Devido a uma relação
bem consolidada com os colegas da manutenção, e uma vontade de querer aprender mais,
foram-me sempre esclarecidas todas as dúvidas em meio a várias ocorrências no dia a dia.
A falta de conhecimento e experiência, fez com que muitas vezes não quisesse arriscar,
preferindo ter uma postura mais defensiva e observadora face aos qualificados trabalhadores
da casa, isso fez com que fosse alertado pelo o supervisor de estágio que teria que adotar uma
postura mais proativa, estes factos possibilitaram assim, que a postura observacional, mais
patente nos primeiros casos e nos procedimentos mais complexos, fosse rapidamente
substituída por uma participação mais ativa.

4.4 Higiene e segurança no trabalho

Para se realizar qualquer tipo de trabalho dentro da Fábrica é necessário ter uma
formação na área de higiene e segurança no trabalho.
Os conceitos estudados numa reunião de aproximadamente 30min, permitiram adquirir
um conhecimento que visa preservar a integridade física de todos os trabalhadores.
Alguns dos equipamentos de segurança são muito importantes e quase que
indispensáveis como botas de biqueira de aço ou até mesmo luvas de couro. Não menos
importante, temos os equipamentos de proteção coletiva, que sinalizam os outros
trabalhadores da presença de algum tipo de perigo, o que advém de um cuidado maior por parte
de quem avista.

4.5 Técnico de manutenção

O técnico de manutenção industrial efetua a manutenção e inspeção de equipamentos e


instalações elétricas industriais.

23
Este profissional assegura que todos os equipamentos e instalações elétricas estejam em
perfeitas condições.
O técnico é responsável por tratar das intervenções de manutenção tanto corretivas,
como preventivas ou condicionadas. A inspeção dos equipamentos é essencial para assegurar
que estes seguiam todas as normas e especificações técnicas e garantam a segurança da sua
utilização.
A pensar na preservação do meio ambiente, que se encontra no centro dos esforços a
nível mundial, o técnico tem de assegurar que máquinas e equipamentos seguem as normas de
proteção ambiental.
O dia a dia da equipa de manutenção envolve uma série de tarefas, como analisar
documentos técnicos, desenvolver atividades de manutenção das máquinas e equipamentos
industriais, fazer reparações de instalações e de equipamentos entre outras.

Que competências um técnico deve ter?


• Fazer a interpretação clara de desenhos e esquemas.
• Interpretar normas técnicas para conseguir determinar funcionalidades,
dimensões, materiais, formas, entre outras informações importantes
sobre os equipamentos industriais.
• Preparar e instalar equipamentos industriais, bem como os componentes
dos mesmos.
• Realizar ensaios de equipamentos industriais.
• Organizar e controlar a manutenção dos equipamentos, sempre seguindo
as normas de segurança e qualidade.
• Analisar metodologias de manutenção de equipamentos, assim como
desenvolver metodologias e atividades de manutenção, para que esta seja
implementada na empresa.

4.6 Estagiário de Manutenção

O estagiário ajuda nas manutenções preventivas e corretivas.


Contribui com a conservação do património e da segurança, acompanha as inspeções e
vistorias periódicas, monitora os sistemas de proteção e emergência e atua em outras situações
necessárias.

24
4.7 Expansão da sala de informática

A fábrica encontra-se em obras e a realizar mudanças. Em uma dessas mudanças foi


necessário o auxílio dos estagiários de manutenção, numa simples e minúscula sala onde se
agrupava a antiga desmineralizadora.
O objetivo era tirar tudo do local para dar espaço à sala de informática que não detinha
muito espaço e necessitava de expandir. A este tipo de tarefa é solicitado a ajuda de um
estagiário, que vai desmontar tudo que está na sala, retirar os tanques de resina, carvão e água,
guardar o que se aproveita e retirar o que não se aproveita.
O trabalho foi concluído, logo de seguida foi entregue a sala limpa para os operários da
construção civil efetuarem os esquemas elétricos, colocarem um piso novo e uma pintura nova.
No decorrer de todo esse processo, as duas salas foram unidas ficando um espaço bem mais
amplo e agradável.

4.8 Apoio à restruturação do escritório

O escritório era composto por várias salinhas dentro de uma sala maior, que formava
vários escritórios como um todo, onde eram realizados processos de gestão e administração da
fábrica. Houve necessidade de recolher material e armazenar em contentores, à espera de uma
resposta de superiores para o aproveitamento ou dispensa dos mesmos.
Nesta ocasião, foram propostos trabalhos tanto a nível de transporte dos materiais, como
na parte logística de alguns componentes.
O aspeto pouco atrativo e o espaço exíguo, fez com que fosse tomada uma decisão de
retirada dos contentores perto das fachadas da fábrica.

4.9 Bancada do controlo final

O conhecimento adquirido no auxílio às obras da fábrica permitiu uma maior facilidade


no manuseamento das ferramentas.
Dessa forma com o apoio de outro estagiário foi realizado uma bancada nova para a
secção do controlo final.

4.10 Manutenções preventivas periódicas

A manutenção preventiva ocorre de forma periódica e programada, independentemente


da condição do ativo e com a finalidade de evitar avarias e minimizar as consequências de
debilidade dos equipamentos.

25
Como o planeamento é feito com a devida antecedência, é mais fácil possuir as peças e
recursos necessários para completar cada tarefa.
O estagiário tem a responsabilidade de substituir os filtros das máquinas da fábrica.

Figura 10 – Mudança de filtros

4.11 Inventário da manutenção

O estágio teve um acompanhamento forte por parte da orientadora Prof. Aldina Soares.
No decorrer do estágio profissional houve a oportunidade de realizar uma reunião de maneira
a estipular metas e objetivos a cumprir.
Os assuntos tratados fizeram com que se abrisse a possibilidade da implementação de um
inventário da manutenção. Infelizmente por decisões administrativas não foi possível dar início
ao projeto. Houve a preocupação de substituir essa tarefa por uma organização e
implementação de um inventário feito manualmente, no armazém da manutenção.
Para dar início a atividade, é feita um estudo do material armazenado dentro do armazém
da manutenção, em seguida, é separado em caixas todo o material em função da sua utilidade.
O paquímetro foi usado para medir as peças mais pequenas, pelo facto de ser um
instrumento de medição de dimensões lineares internas, externas e de profundidade de uma
peça. Uma vez que é feita a medição da peça, existe ainda a preocupação de agrupar o conjunto
pelo tamanho e tipo de material.
A colocação de um rótulo com o nome do material assim como a sua medida é importante
para organização e facilidade de procura do produto. Uma das consequências para a falta de
tempo na organização do armazém deve-se ao excesso de ocorrências que a equipa de
manutenção é submetida.
O inventário serve para ajudar a organizar o material armazenado assim como fazer a

26
solicitação do mesmo. Caso se observe uma escassez na quantidade de peças, filtros ou outro
material armazenado no armazém da manutenção, é enviado um relatório para o técnico
superior adquirir o material necessário.
No caso de urgência em alguma peça ou ferramenta onde o técnico não possa sair do local
da ocorrência, é comunicado por rádio, de modo a ser entregue em mão o material pedido.

Figura 11 – Organização do armazém

27
5 Conclusões e perspetivas de trabalho futuro
A realização deste estágio foi sem dúvida uma experiência única, não pelo facto de ser
algo obrigatório no Plano Curricular, mas por ter sido enriquecedor tanto a nível pessoal como
profissional.
Este relatório surge como um documento ilustrativo da aprendizagem adquirida durante
o estágio. Trata-se do culminar de um percurso de aprendizagem, permitindo-me uma constante
mobilização de conhecimentos e a aquisição de competências ao longo dos dois anos de curso.
A manutenção é uma profissão com uma forte atividade transversal a todos os setores da
atividade económica, temos de estar motivados e com uma mente aberta para a aprendizagem
constante de maneira a conseguirmos adquirir uma grande capacidade de adaptação às
mudanças e às inovações.
O estágio permitiu a consolidação dos conhecimentos obtidos em contexto académico e
contribuiu para o desenvolvimento de novas competências a nível prático.
Na área da manutenção industrial grande parte dos objetivos estabelecidos para o local
de estágio foram cumpridos, quer a nível do protocolo associado ao funcionamento da empresa,
assim como as normas e requisitos básicos a realizar para ter uma boa ética de trabalho, a
aquisição de conhecimentos sobre as diferentes técnicas de intervenção, nomeadamente a
preventiva e a corretiva, os métodos e técnicas de gestão e armazenamento de materiais, o
manuseamento de equipamentos e os materiais industriais.
O estágio profissional proporcionou-me um leque variado de experiências, revelando-se
uma fonte inestimável de conhecimentos que proporcionaram o alargando da minha visão sobre
o futuro do setor industrial.

28
Webgrafia

Manutenção Industrial: Conheça os 3 principais tipos de Manutenção para a sua empresa! - Blog
Pipemasters
https://refrimec.com/blog/manutencao-industrial-principais-kpis-para-acompanhar/
(PDF) Histórico e Evolução da Manutenção | Mayara Freitas - Academia.edu
https://www.zeiss.pt/vision-care/melhor-visao/tudo-o-que-precisa-de-saber-sobre-as-suas-
novas-lentes-de-precisao-zeiss.html

29
30

Você também pode gostar