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Capítulo 2: Parte 4 1

II. 5 - Pele:

A pele, ou tegumento cutâneo, reveste externamente o corpo, variando em espessura e cor nas diferentes
regiões, assim como na presença de pêlos, glândulas e unhas, possuindo um padrão de estrutura básica. A
superfície externa da pele é formada por um epitélio pavimentoso estratificado, denominado epiderme. A
epiderme é sustentada e nutrida por uma camada espessa de tecido conjuntivo denso, fibroelástico,
denominado derme, que é ricamente vascularizado e possui numerosos receptores sensoriais. A derme
está ligada aos tecidos subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, denominado hipoderme
ou camada subcutânea e que contém quantidade variável de tecido adiposo. Os folículos pilosos,
glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e unhas são estruturas denominadas anexos cutâneos em
virtude de sua origem embriológica a partir de brotamentos que, originando-se na epiderme, penetram na
derme e hipoderme (fig. 2.14).

Fig. 2.14- Pele, suas camadas e Anexos Cutâneos.


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5.1 - Funções da Pele:

A pele é o mais extenso órgão do corpo, constituindo cerca de um sexto do peso corporal e incumbindo-
se de quatro funções principais:

- Proteção: a pele fornece proteção contra a luz ultravioleta, assim como contra agressões mecânicas,
químicas e térmicas. Sua superfície, relativamente impermeável, evita a desidratação excessiva e atua
como uma barreira contra a invasão por microorganismos.

- Sensibilidade: a pele constitui o maior órgão sensorial do corpo, contendo uma variedade de receptores
para o tato, pressão, dor e temperatura.

- Termorregulação: no homem, a pele é o principal órgão da termorregulação. O corpo é isolado contra a


perda de temperatura pela presença de pelos e tecido adiposo subcutâneo. A perda de calor é facilitada
pela evaporação do suor.

- Funções metabólicas: o tecido adiposo subcutâneo constitui importante reserva de energia,


principalmente sob a forma de triglicerídeos. A vitamina D é sintetizada na epiderme, suplementando a
oriunda das fontes alimentares.

5.2 - Camadas da Pele (fig. 2.14)

- Epiderme: É constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, devido à presença da


queratina que é uma proteína fibrosa, constituída por cadeias ricas em pontes S-S. A epiderme apresenta 3
tipos de células:

Melanócitos: produzem pigmento chamado melanina, que é importante na pigmentação da pele. São
células de citoplasma globoso, de onde partem prolongamentos que se dirigem em direção à epiderme. Os
grânulos de melanina formados são injetados na epiderme, onde oferecem máxima proteção ao DNA
contra a radiação ultravioleta. São sintetizados a partir do aminoácido tirosina pela ação da enzima
tirosinase. A ausência de tirosinase leva ao albinismo (fig. 2.15).
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Fig. 2.15- Melanócito

Células de Langerhans: células que fazem parte do sistema imunitário, podendo processar e acumular
na sua superfície os antígenos cutâneos.

Células de Merkel: estas células são tidas como mecano-receptores.

- Derme: é o tecido conjuntivo sobre o qual se apóia a epiderme. Apresenta espessura variável, com
superfície externa irregular, observando-se saliências que acompanham as reentrâncias correspondentes
da epiderme, chamadas de papilas dérmicas. Na derme observa-se duas camadas: a papilar, a
superficial e a reticular. São encontrados na derme vasos sanguíneos e linfáticos, pêlos, glândulas
sebáceas, sudoríparas e unhas.

- Hipoderme: formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco firme a derme aos
órgãos subjacentes. Apresenta camada variável de tecido adiposo que constitui o panículo adiposo.

5.3 - Anexos Cutâneos:

A pele tem vários anexos, como pêlos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas, que derivam
embriologicamente do epitélio da superfície. A substituição, localização e detalhes estruturais dos
apêndices cutâneos variam de um local para outro da pele, porém sua estrutura básica obedece a um
padrão geral. A representação tridimensional utilizada no esquema foi obtida a partir de estudos de
cortes em série, pois um corte único raramente demonstra todos esses elementos (fig.2.16).
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Fig. 2.16- Esquema mostrando o folículo piloso, glândula sebácea e glândula sudorípara

- Pêlos: os pêlos são estruturas queratinizadas profundamente modificadas, produzidas pelos folículos
pilosos, que constituem brotamentos cilíndricos do epitélio da superfície, envolvidos por bainha
conjuntiva. 0 crescimento dos pêlos ocorre a partir de uma dilatação do folículo, o bulbo do pêlo, que é
formado por células epiteliais em reprodução ativa cercando uma papila de tecido conjuntivo, a papila
dérmica. Os folículos pilosos passam por períodos de crescimento e de quiescência que se refletem em
alterações de sua estrutura. Os folículos pilosos em crescimento ativo penetram profundamente na
hipoderme e apresentam um bulbo piloso proeminente, porém os quiescentes são menores. Têm bulbos
pilosos menos volumosos e não possuem papila dérmica. Um feixe de fibras musculares lisas, que
constitui o músculo erector do pêlo, insere-se no tecido conjuntivo de cada folículo e prende-se à zona
papilar da derme. A contração do músculo erector eleva o pêlo e retrai seu ponto de inserção, provocando
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o aspecto denominado de "pele arrepiada". Os músculos eretores dos pêlos são inervados pelo sistema
nervoso simpático. A ereção dos pêlos é provocada pelo frio ou pelo medo. Em animais peludos a ereção
dos pêlos provoca a formação de uma camada mais espessa de ar sobre a superfície da pele, aumentando,
assim, a proteção contra a perda de calor. A ereção dos pêlos faz com que o animal pareça maior, sendo,
portanto, um mecanismo de proteção em circunstâncias de agressão. Estas funções, provavelmente, são
de pequena importância fisiológica no homem.

- Glândulas Sebáceas: A cada folículo piloso uma ou mais glândulas sebáceas são associadas. Estas
glândulas produzem uma secreção oleosa, que é lançada na superfície do pêlo na região superior do
folículo. Esta secreção atua como agente impermeabilizante para o pêlo e a superfície da pele. Nas
regiões de transição entre a pele e os orifícios naturais, como nos lábios, pálpebras, glande, lábios
menores e mamilo, as glândulas sebáceas são independentes dos folículos pilosos e lançam a secreção
diretamente na superfície cutânea. A secreção das glândulas sebáceas protege a epiderme. A atividade
dessas glândulas é influenciada por hormônios sexuais. As glândulas coccígeas das aves aquáticas são
glândulas sebáceas modificadas, cujo produto de secreção é espalhado pela própria ave sobre as penas,
tornando-as impermeáveis à água e facilitando sua flutuação.

- Glândulas sudoríparas: Na maioria das regiões da pele as glândulas sudoríparas são glândulas tubulosas
enoveladas que secretam merocrinamente um líquido aquoso, que é lançado na superfície da pele. A
porção secretora enovelada dessas glândulas situa-se na derme e hipoderme, onde são cercadas por um
rico plexo capilar. No homem, as glândulas sudoríparas constituem importante componente do
mecanismo termorregulador. Quando o organismo necessita perder calor, ocorre um aumento na
circulação sanguínea cutânea e na produção de suor. A evaporação do suor provoca resfriamento da
superfície cutânea e perda de calor do leito vascular subjacente. As glândulas sudoríparas merócrinas são
inervadas por fibras colinérgicas do sistema nervoso simpático. A sudorese é estimulada pelo excessivo
aquecimento do corpo e estímulos que provoquem emoção.

- Unhas: São placas córneas que se dispõem na superfície dorsal das falanges terminais dos dedos e
artelhos. A superfície recoberta pela unha recebe o nome de leito ungueal. A porção proximal da unha é
chamada de raiz da unha ou matriz. É na raiz que se observa a sua formação, devido à proliferação,
diferenciação e subseqüente queratinização das células epiteliais aí colocadas. A unha é constituída
essencialmente das escamas córneas fortemente aderidas umas às outras (fig.2.17).

Fig. 2.17- Unha: produzida por células epiteliais que se reproduzem e sofrem queratinização na raiz
da unha.
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5.4 - Tegumento:

O tegumento dos vertebrados consiste na pele e estruturas associadas. Fornece proteção contra abrasão,
invasão por microorganismos e perda de líquidos. Através de modificações na pigmentação (coloração) e
de secreções, o tegumento auxilia tanto na agressão quanto na defesa. Serve como órgão de
armazenamento de energia (gordura subcutânea) e vitaminas (vitamina D). Tem papel na regulação da
temperatura, principalmente em mamíferos.

Peixes: Epiderme constituída por um epitélio estratificado pavimentoso com células secretoras de muco e
células sensoriais. Pode ocorrer queratinização nos tubérculos reprodutivos. A derme é de natureza
conjuntiva. Pode apresentar modificações:

a) escamas: produzidas pela derme e intimamente associadas à epiderme.

b) órgãos sensoriais: os órgãos da linha lateral são estruturas sensoriais tegumentárias, morfológica e
evolutivamente relacionados com o ouvido interno, captam vibrações de baixa freqüência, turbulência e
fluxo d’água.

c) Cromatóforos: células pigmentadas chamadas cromatóforos epidermais (melanóforos).

d) Glândulas: usualmente unicelulares, podendo ocorrer as multicelulares. Alguns peixes têm glândulas
de veneno associadas aos espinhos das nadadeiras.

Anfíbios: Apresentam características dos vertebrados superiores. Girinos têm a epiderme não
queratinizada, como em peixes. Na derme há glândulas, principalmente mucosas, que garantem a
umidade, importantes para a função respiratória da pele; apresentam também cromatóforos.

Répteis: A epiderme desenvolve um extrato córneo mais espesso e a parte viva é constituída por poucas
camadas de células. A superfície da epiderme apresenta escamas epidermais e regiões dobradiças
flexíveis. Nas escamas dorsais dos crocodilos e nas grandes escamas de tartarugas as células fortemente
queratinizadas permanecem por muitos anos antes de serem repostas. Entretanto, a descamação ocorre em
grandes lascas. Cobras e lagartos sofrem uma peculiar queratinização cíclica. Num determinado estágio
as células não queratinizam e formam um plano de fissão mecanicamente fraco para libertar a camada
córnea mais velha. A derme é relativamente fina, sem muita gordura armazenada, pode apresentar ossos
dérmicos que variam de pequenos grânulos às placas calcificadas dos crocodilos e quelônios. Células
pigmentadas existem na epiderme, bem como cromatóforos na derme (controladas por hormônios).

Aves: O tegumento das aves é semelhante ao dos répteis, com epiderme fina, com penas que são
derivadas das escamas epidermais dos répteis. A única glândula importante é a uropígea, presente na
maioria das aves, especialmente bem desenvolvido nas formas aquáticas. Aves marinhas possuem
também uma glândula de excreção de sal. As penas são um dos apêndices epidermais mais complexos
que existem. Cada nova pena cresce imediatamente ao redor da pena velha no mesmo folículo. A
plumagem existe em determinadas áreas, mas toda a pele é coberta por penugem. 0 bico, os pés, as
esporas, etc, são descobertos e ocorre forte queratinização.
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Mamíferos: A epiderme com pêlos é uma característica dos mamíferos. Dentro desta classe a epiderme
tem uma certa diversidade:

(a) A maioria das espécies que tem cobertura de pelos tem epiderme fina, como o rato, carneiro, etc.;

(b) A epiderme humana é muito mais espessa que na maioria dos mamíferos, mesmo nos gorilas, mas a
camada córnea é fina.

(c) O elefante, rinoceronte e hipopótamo também têm a pele exposta, mas com uma grossa córnea
hiperqueratótica.

(d) Mamíferos aquáticos têm um número reduzido de pêlos ou nenhum (como as baleias). Estes
apresentam também hiperqueratose.

As glândulas no tegumento dos mamíferos, podem ser agrupadas em: (1) sebáceas, para lubrificação da
pele e pelos, (2) sudoríparas, que auxiliam na regulação de temperatura e (3) excreção (mamárias).

No tegumento dos mamíferos encontramos vários anexos: escamas (cauda de roedores, bico do
ornitorrinco) , placas ósseas ou córneas (tatu, tamanduá), garras, unhas, cascos (garras são características
de amniotas em geral; unhas, de insetívoros, morcegos e primatas; cascos, de ungulados) . Estas
estruturas são todas de queratina dura. Chifres: consistem de osso dermal coberto por uma camada
epidermal de queratina dura. Há 2 tipos de chifres: verdadeiros - chifres ocos dos bois, carneiros, cabras,
búfalos; permanentes - chifres dos antílopes, que anualmente perdem a camada epidermal mas a parte
óssea mantém-se intacta. Variedades que ocasionalmente são chamadas de chifre: chifre de rinoceronte
(morfologicamente semelhante ao pelo, porém derivado da epiderme) e a galhada dos veados, que é uma
projeção do osso frontal que cai anualmente, com crescimento em ramificações cada vez mais complexas.
Girafas possuem pequenas protuberâncias ósseas permanentes cobertas pela pele.

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