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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE JACOBINA – BAHIA

PROCESSO: 0001541-64.2022.8.05.0137

MARIA DE LOURDES MOREIRA DOS SANTOS, já qualificada nos autos


em epígrafe, em que contende contra o BANCO PAN S/A., perante esse r. Juízo, por seu
procurador infra-assinado, vem, à presença de V. Exª, requerer:

A EXEQUENTE, apresentou EXECUÇÃO no Evento 68, dos autos.


Noutro diapasão, também estão sendo executadas as custas remanescentes,
conforme Evento 77.
Prima facie, Excelência, a parte executada é pessoa idosa, hipossuficiente,
sobrevive apenas com um salário-mínimo do benefício previdenciário.
Diante do supracitado o(a) idoso(a) não possui condições de arcar com o valor da
condenação sem comprometer a própria subsistência, de modo que qualquer
constrição na conta bancária onde recebe o seu aposento representaria dano a própria
dignidade da idosa, ferindo mortalmente o princípio da dignidade da pessoa humana e se
mostraria ilegal.
Outrossim, a única fonte de renda da parte executada, como supracitado, é o
provento de seu benefício previdenciário, possuindo caráter alimentar e de
impenhorabilidade conforme inteligência do art. 833 do Código de Processo Civil.

Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei


considera impenhoráveis ou inalienáveis.

Art. 833. São impenhoráveis:


IV - Os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de

Endereço profissional: Rua Antônio Rosa, Nº 37-B, Oliveira 01, Capim Grosso - BA
Cel: (74) 99113-6105
Assinado eletronicamente por: JAILSON MATOS DE SOUSA FILHO;
Código de validação do documento: 8844f9f2 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;

Noutro diapasão, em relação a possíveis valores depositados em conta corrente e


poupança, o atual entendimento da jurisprudência é de que não pode ser penhorado.
A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que é
impenhorável o valor correspondente a 40 salários mínimos da única aplicação financeira
em nome da pessoa, mesmo que esteja depositado por longo período de tempo. A garantia
não se restringe às cadernetas de poupança, mas vale para qualquer tipo de aplicação
financeira.
O entendimento foi proferido no julgamento de um recurso especial afetado pela
Quarta Turma à Segunda Seção. O recorrente contestava acórdão do Tribunal de Justiça
do Paraná (TJPR) que afirmou que seu crédito trabalhista aplicado em fundo DI não
possuía caráter salarial e alimentar, por isso poderia ser penhorado.
O tribunal paranaense afirmou que a impenhorabilidade das verbas até 40 salários
mínimos somente seria aplicável às quantias depositadas em cadernetas de poupança, não
atingindo valores depositados em fundos de investimento ou outras aplicações
financeiras.
Depositado em fundo de investimento, o crédito oriundo de reclamação trabalhista
do recorrente não foi utilizado por mais de dois anos, compondo reserva de capital.
Segundo o TJPR, em virtude da não utilização da verba para a satisfação de necessidades
básicas, ela perdeu o caráter salarial e alimentar e ficou sujeita à penhora.

Jurisprudência
A ministra Isabel Gallotti, relatora do recurso no STJ, citou precedente da Quarta
Turma (REsp 978.689), segundo o qual “é inadmissível a penhora dos valores recebidos
a título de verba rescisória de contrato de trabalho e depositados em conta corrente
destinada ao recebimento de remuneração salarial (conta salário), ainda que tais verbas
estejam aplicadas em fundos de investimentos, no próprio banco, para melhor
aproveitamento do depósito”.

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Excelência, todas essas alegações são de fáceis constatação nos autos, nada aqui
inova ou parece ser extravagante, a folha de empréstimos está anexa comprovando o
provento de um salário-mínimo. Além do mais, o próprio conjunto probatório dos autos
prova o alegado.

Diante do exposto:
a) Requer que não haja penhora online dos valores na conta bancária da
executada, por se tratar de conta em que o executado percebe os proventos de
aposentadoria.
b) requer, com fulcro no artigo 921, III, do CPC/2015, a SUSPENSÃO do
presente Processo de Execução, com o seu consequente ARQUIVAMENTO
PROVISÓRIO, pelo período de 1 (um) ano, uma vez que a executada não possui bens
penhoráveis.

Nestes termos, pede deferimento

De Capim Grosso – Ba, data registrada no sistema.

Jailson Matos de Sousa Filho


OAB/BA 49.455

Aecio Murilo dos Santos Almeida


OAB/BA 68.080

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