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Avaliação Psicológica, 4(1), 2005, pp.

75-74 75

A importância da avaliação psicológica na saúde

Cláudio Garcia Capitão1 - Universidade São Francisco


Silvana Alba Scortegagna - Universidade de Passo Fundo
Makilim Nunes Baptista - Universidade São Francisco

Resumo
Este artigo tem como objetivo apontar a importância da avaliação psicológica no contexto da saúde. A psicologia no
campo da saúde vem se constituindo como uma das formas de se compreender o adoecimento e as maneiras pelas
quais o homem pode manter-se saudável. Atualmente, a psicologia na saúde ganha espaço e importância em âmbitos
multi e interdisciplinares para a compreensão dos vários fenômenos relacionados à saúde e ao adoecimento. Entre
seus objetivos, destacam-se a promoção e a proteção da saúde, prevenção e tratamento de enfermidades, identifi-
cação de etiologias e disfunções associadas às doenças, bem como propor melhorias no sistema de cuidados e nas
políticas públicas de saúde. A avaliação psicológica no contexto da saúde é um dos mais importantes recursos para
a sistematização dos vários aspectos do funcionamento dos usuários dos serviços de saúde e na elaboração de
protocolos, podendo desempenhar um relevante papel social, como ajudar a documentar a efetividade ou não de um
tratamento por que passa um paciente, caracterizar a população atendida, traçar estratégias de intervenção, preven-
ção e profilaxia no campo da saúde.
Palavras-chave: avaliação psicológica; estratégias de intervenção; protocolos de avaliação; psicologia na saúde.

The matter of psychological assessment in health

Abstract
This article has the purpose of pointing out the importance of the psychological evaluation in the health context.
Psychology in the field of health is becoming one of the forms of understanding how one falls sick and the manners
through which man could maintain healthy. Presently, psychology gains space and importance in health in multi
and interdisciplinary spheres for understanding the several phenomena related to health and falling sick. Among its
objectives, we could highlight health promotion and protection, prevention and treatment of diseases, identification
of etiologies and dysfunctions associated to diseases, as well as proposing improvements in the care systems and
in the public health policies. The psychological evaluation in the health context is one of the most important
resources for systematizing the various aspects of the operation of the health service users and in the preparation
of protocols, capable of performing a relevant social role, such as assisting in the documentation of the effectiveness
or not of a treatment through which a patient is undergoing, characterizing the assisted population, establishing
intervention, prevention and prophylaxis strategies for the health field.
Keywords: psychological evaluation; intervention strategies; evaluation protocols; psychology in health.

Introdução manter-se saudável. Em um campo não uniforme de


A Psicologia na Saúde: um breve histórico teorias e técnicas, cujas contribuições são oriundas de
diferentes áreas ou especialidades, a psicologia na
A psicologia no campo na saúde vem se consti- saúde vem ganhando espaço e importância em âmbi-
tuindo como uma das formas de se compreender o tos multi e interdisciplinares para a compreensão dos
adoecimento e as maneiras pelas quais o homem pode vários fenômenos relacionados à saúde e ao

1) Endereço para correspondência:


Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45 – Itatiba/SP – CEP 13251-900 – Tel. 011 - 4534-8040 – e.mail: claudio.capitao@saofrancisco.edu.br
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adoecimento, bem como vem propondo intervenções propôs uma política nacional de saúde voltada para a
para a melhoria e manutenção do bem-estar humano. biologia humana, o meio ambiente, o estilo de vida e
Segundo Richmond (1979), a psicologia na saú- a organização dos cuidados de saúde, os quatro pila-
de surge na década de 70 com o objetivo de respon- res constitutivos do campo da saúde.
der as novas exigências apresentadas no campo da Esse modelo passa a ser utilizado, em meados
saúde. Um dos principais desafios até então era a do século XX, na análise de diversos estudos das
superação do modelo biomédico centrado na doen- principais causas de morte nos países com alto de-
ça, já que o comportamento humano se revelava como senvolvimento econômico. Algumas estimativas de
uma das causas de morbidade e mortalidade. Os prin- causas de morte apontam que cerca de metade das
cipais fatores de risco, responsáveis pela maioria das mortes prematuras podem ser devidas a comporta-
doenças e mortes prematuras nos Estados Unidos mentos inadequados ou ao estilo de vida, 20% a
estavam relacionados aos comportamentos de risco, fatores ambientais, 20% a biologia humana e 10%
tais como o fumo e o uso abusivo de álcool e drogas, a cuidados de saúde inadequados (Ribeiro, 1998;
entre tantos outros. Sendo assim, a relação entre Richmond, 1976). Outros fatores como as altera-
causa e efeito implícito nas antigas teorias ções demográficas, o envelhecimento da popula-
epidemiológicas começou a enfraquecer, pois as do- ção, diversificação da família e a revolução
enças não mais evidenciavam uma origem exclusi- tecnológica vêm contribuindo para a necessidade
vamente patogênica. O equivalente ao germe para de formação de profissionais qualificados. Esses
as novas epidemias, passa a ser a relação do com- novos fatores também acabaram por aumentar os
portamento do sujeito com os fatores ambientais, or- custos e investimentos da assistência à saúde, a
gânicos e sociais. Como resultado, o que se conhe- aproximação dos serviços de saúde à comunidade
cia por “vacina”, nesse novo contexto, agora estaria e a emergência de uma nova compreensão do con-
relacionado à uma abordagem integral com o objeti- ceito de saúde (Ramos, 1988).
vo de “imunizar” as doenças relacionadas à etiologias Vê-se que a psicologia na saúde é um campo
comportamentais (Ribeiro, 1998). que estuda as influencias psicológicas na saúde, os
A American Psychological Associacion foi cri- fatores responsáveis pelo adoecimento, as mudanças
ada na década de 70 com o objetivo de estudar a de comportamento das pessoas no adoecer (Taylor,
natureza e a extensão da contribuição dos psicólo- 2002). Não se restringe apenas a ambientes hospita-
gos para a investigação básica e aplicada sobre os lares ou a centros de saúde, mas se dedica também a
aspectos comportamentais nas doenças físicas e na todos os programas que venham a enfocar a saúde
manutenção da saúde (APA task force on health física e mental coletiva (Baptista & Dias, 2003). A
research, 1976, p. 263). Após cinco anos, criou-se a psicologia na saúde pode ser compreendida como um
divisão de psicologia da saúde da Amerian domínio da psicologia que utiliza vários conhecimen-
Psychological Associacion, conhecida como a Divi- tos resultantes de estudos e de pesquisas psicológi-
são 38, com o objetivo de compreender os processos cas, com o intuito de promover e proteger a saúde. É
de saúde e doença por intermédio de pesquisa bási- também seu objetivo, prevenir e tratar enfermidades,
ca e clínica, a fim de promover a integração da co- bem como identificar etiologias e disfunções associa-
munidade psicológica e biomédica. No início da dé- das às doenças, além da análise e melhoria do siste-
cada de oitenta, começa a ser editado o periódico ma de cuidados de saúde e aperfeiçoamento da políti-
intitulado Journal of Health Psychology, bem como ca de saúde (Matarazzo, 1982, p. 4).
outros jornais especializados. Segundo a APA (2005), a psicologia na saúde
Se a primeira revolução da saúde se deu com a utiliza, cada vez mais, conhecimentos básicos da ci-
descoberta dos microorganismos como fator ência psicológica e suas extensões no campo da saú-
etiológico de diversas doenças infecciosas, a segun- de, avaliando o impacto do comportamento na saúde
da revolução da saúde, ou seja, a importância dos e vice-versa. A relação entre os estudos psicossociais
fatores comportamentais na determinação da doen- e psicofisiológicos mostra-se um campo promissor
ça, foi conseqüência de investigações que, de modo nas investigações de manifestações clínicas e suas
crescente, alertaram para as novas epidemias, e cujos extensões na compreensão de fenômenos tais como
resultados começaram a ser conclusivos e a ganhar o estresse, repercussões psicológicas pelo contágio
notoriedade na década de 70. (Lalonde, 1974; do HIV, alcoolismo, doenças ocupacionais, dentre
Michael, 1982; Richmond, 1979). Para responder a outros, que demandam uma abordagem multifacetada
essa “epidemia comportamental”, Lalonde (1974) dos problemas de saúde.
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A saúde, como abordada anteriormente, pode organismo consegue se adaptar e resistir ao estressor,
ser considerada como um estado de completo bem- o processo de estresse se interrompe, e não traz pre-
estar físico, psicológico e social. A psicologia na saúde juízos à saúde do individuo. No entanto, se isso não
volta-se para os aspectos psicológicos da saúde no ocorre, ele avança para fases mais severas e pode
decorrer da vida de uma pessoa, não como variáveis comprometer a habilidade do corpo em permanecer
isoladas, mas esferas da vida interdependentes que em homeostase (Baum & Posluszny, 1999).
se influenciam mutuamente. O número e a varieda- O estresse elevado pode contribuir para o au-
de de intervenções da psicologia na saúde para aju- mento na pressão arterial e batimentos, e está asso-
dar as pessoas a enfrentar a dor, a ansiedade, a de- ciado a mudanças hematológicas que podem contri-
pressão e outros subprodutos de doenças crônicas, buir diretamente para doenças cardíacas e hiperten-
vem aumentando progressivamente. Atualmente, os são, como fator de risco ou desencadeador cardía-
psicólogos na saúde realizam uma variedade de ati- cos (Santagostinho, Amoretti, Frattini, Zerbi, Cucchi,
vidades, incluindo treinamento de residentes e inter- 1996, Krantz & Manuck 1984). O sistema
nos, enfermeiros sobre a importância dos fatores imunológico por meio de uma série de caminhos
psicossociais na adesão e recuperação do paciente neurais e hormonais está também relacionado ao
e intervenção direta para auxiliar pacientes que es- estresse, que provoca modificações significativas na
tejam sofrendo procedimentos difíceis em relação à variação de neurosubstâncias e, consequentemente
sua adaptação às doenças crônicas (Straub, 2005). das reações emocionais e cognitivas (Besedovsky
& Del Rey 1991; Maier & Watkins, 1998). Tais
mudanças no sistema imunológico podem ser sufici-
A Multideterminação na Saúde entes para aumentar a vulnerabilidade às infecções
ou doenças e estão implicadas na etiologia e pro-
Em geral, fatores psicossociais ou compor- gressão de infecções virais, cicatrização de
tamentais exercem sua influência sobre a saúde ou ferimentos, câncer e doença por HIV (Andersen,
a doença (Krantz, Grunberg, Baum, 1985). Os as- Kiecolt-Glaser, Glaser, 1994; Baum & Nesselhof,
pectos emocionais podem ser precedentes do 1988; Cohen & Williamson, 1991; Kiecolt-Glasser,
desencadeamento de problemas físicos, bem como Stephens, Lipetz, Speicher, Glaser, 1985).
enfermidades causadas por agentes orgânicos tam- Comportamentos saudáveis como dietas balan-
bém podem desencadear reações emocionais diver- ceadas e exercícios podem ajudar a minimizar con-
sas. A saúde pode ser influenciada por variadas con- dições subjacentes às doenças cardiovasculares e
dições, tais diferenças individuais, traços de perso- cânceres e são freqüentemente citados como com-
nalidade, sistema de crenças e atitudes, comporta- portamentos protetores. Já o uso de tabaco e abuso
mentos, redes de suporte social e meio ambiente. de álcool estão associados às mudanças biológicas
Embora a evidência experimental seja ainda incon- nos pulmões, coração e outros sistemas corporais
sistente, em alguns casos, os dados advindos de es- que predispõem à doenças, sendo comportamentos
tudos sobre saúde e comportamento sugerem que os que deterioram a saúde. Assim, o uso de drogas, a
processos psicológicos e os estados emocionais es- atividade sexual de alto risco e outros comportamen-
tão diretamente relacionados com a etiologia e a dis- tos potencialmente prejudiciais são importantes me-
seminação de doenças (Baum & Posluszny, 1999). diadores de processos de doença (Baum & Posluszny,
Um dos fenômenos mais estudados recente- 1999). Os dados de pesquisas epidemiológicas têm
mente, que envolve a relação entre os aspectos psi- chamado a atenção de profissionais e pacientes para
cológicos, biológicos e sociais, é o estresse. O a importância de hábitos e para o estilo de vida (Ri-
estresse pode ser considerado um fenômeno resul- beiro, 1998). A modificação de alguns comportamen-
tante da interação entre os aspectos físicos e psico- tos, tais como, deixar de fumar, cuidar da alimenta-
lógicos. Selye (1974, 1976), ao explicar a teoria do ção, controlar o estresse, praticar atividades físicas
estresse, refere-se à Síndrome Geral de Adaptação regularmente, dormir um número de horas adequa-
(SGA) como um processo essencial à vida, uma res- do, verificar periodicamente a saúde, reduzem a
posta não específica a um estímulo, que inclui as fa- mortalidade.
ses de alarme, resistência e esgotamento. O Em síntese, pode-se dizer que a boa nutrição, a
restabelecimento do equilíbrio depende da relação boa forma, o ato de beber com responsabilidade e o
das fases e intensidade dos estímulos, podendo ou controle saudável do peso corporal, do estresse e
não causar danos à saúde (Ribeiro, 1998). Quando o dos relacionamentos sociais são tarefas para toda a
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vida, que devem começar bem cedo. Dessa manei- A Relevância da Avaliação Psicológica
ra, prevenir o desenvolvimento de maus hábitos de na Saúde
saúde continuará a ser prioridade da psicologia na
saúde. Pesquisas futuras poderão indicar as inter- A avaliação psicológica em ambientes médicos
venções mais eficazes para atingir o maior número pode ser considerada como uma adequada ferramenta
de pessoas no local de trabalho, em escolas e uni- na apropriação de decisões a respeito do diagnóstico
versidades e na comunidade (Straub, 2005). diferencial, tipo de tratamento necessário e prognós-
A elaboração de modelos de influência saúde- tico. A detecção precoce de problemas compor-
comportamento está em desenvolvimento para expli- tamentais e/ou distúrbios psicológicos/psiquiátricos
car a relação de alguns problemas de saúde física e em pacientes inseridos em ambientes médicos pode
mental, como por exemplo, o câncer e as doenças significar um grande diferencial com relação ao tipo
relacionadas ao estresse (Andersen & cols., 1994). e qualidade do atendimento oferecido ao paciente,
Evidências relacionando partes-chave desses mode- bem como diminuição do sofrimento e de custos
los foram relatadas, e embora não sejam completas operacionais institucionais, sendo que a avaliação
em muitos casos, ainda assim apóiam a idéia de que psicológica não necessariamente deve estar ligada
as variáveis de comportamento afetam a saúde e a somente a pacientes hospitalizados, mas também a
doença (Baum & Posluszny, 1999). Em 80% dos arti- diversos espaços e especialidades em saúde, tais como
gos publicados em 2002 na Health Psychology (cita- clínicas particulares de especialidades ou centros de
do por Montomery, 2004) foram mencionados que os saúde (Stout & Cook, 1999).
fatores cognitivos e comportamentais são fundamen- Levando-se em consideração a complexidade
tais para predição de comportamento de saúde. A uti- dos ambientes médicos, a avaliação psicológica deve
lização de intervenções baseadas em modificações ser alicerçada em um corpo de conhecimento acu-
cognitivas em saúde vem resultando em intervenções mulado por intermédio do binômio prática/pesquisa,
inovadoras e efetivas na promoção da saúde. por isso a importância do contínuo desenvolvimento
Nos últimos 30 anos, diversas abordagens psi- de pesquisas para a criação de protocolos específi-
cológicas vêm sendo aplicadas a uma variedade de cos de avaliação psicológica em diferentes nichos
doenças e condições como o câncer, doenças nos vários ambientes de saúde (Baptista & Dias,
cardiovasculares, diabetes, HIV, obesidade, abuso de 2003; Belar, 1997). Pesquisas em psicologia da saú-
substância, gravidez (Baum, Gatchel & Krantz, 1997; de e medicina comportamental, principalmente as
Montomery, 2004). A psicologia na saúde objetiva o internacionais, vem crescendo exponencialmente nas
aperfeiçoamento da saúde, a prevenção e o trata- últimas três décadas (Montgomery, 2004).
mento de doenças. Muitas práticas clínicas buscam A avaliação psicológica está baseada no méto-
não apenas modificar o ambiente dos pacientes e do científico e a aplicação de instrumentos psicológi-
sua resposta a estímulos, mas também a mudança cos é uma parte apenas, porém importante, de todo
de seus pensamentos, crenças, sentimentos e atitu- um processo. Noronha (1999) relata a avaliação psi-
des em relação à saúde. Se o paciente sabe, por exem- cológica como um processo que pode (ou não), in-
plo, que suas crenças estão levando a emoções e a cluir testes padronizados como um dos recursos para
comportamentos desadaptados e propiciadores de atingir seus objetivos. Nela estão envolvidos a coleta
doenças, ele tem a chance de atuar no sentido de das informações, os instrumentos e as diversas for-
amenizar tal influência (Baptista e Dias, 2003). mas de medidas para que se possa chegar a uma
Nesse sentido, a importância da avaliação psi- conclusão. Ou seja, o processo de avaliação psicoló-
cológica do paciente, em contextos de saúde huma- gica pode incluir diferentes procedimentos de medi-
na, torna-se fundamental. O processo de avaliação, das, identificar dimensões específicas do sujeito, do
além de voltar-se para a natureza da solicitação e seu ambiente e da relação entre eles.
das condições do paciente deve adequar-se às ca- Portanto, cada procedimento de medida, como
racterísticas do ambiente (ambulatórios, enfermari- explica Pasquali (2001), ou de investigação, requer
as) que nem sempre são muito adequadas. A esco- um resultado síntese, que não pode ser confundido
lha de instrumentos, como, por exemplo, entrevistas, com o resultado final, pois este está relacionado com
protocolos, questionários, testes psicológicos a análise de todos os dados colhidos durante o pro-
psicométricos, projetivos e técnicas de observação, cesso. Os testes psicológicos, como lembram
deve ser adequada e bem planejada, sob o risco de Anastasi e Urbina (2000), podem ser considerados
prejudicar a avaliação. essencialmente como uma medida objetiva e padro-
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nizada de uma amostra de comportamento. Eles não O desenvolvimento de protocolos de avaliação de


medem diretamente as capacidades e funções, mas pacientes é fundamental para o desenvolvimento de guias
amostras que devem representar adequadamente o de tratamento mais eficientes. Como bem assinalam
fenômeno estudado. São, na realidade, semelhantes Belar e Deardorff (1995), o tipo de serviço prestado, o
a qualquer outro teste científico, uma vez que por objetivo do profissional, bem como o setor em que se
meio de uma pequena amostra, mas cuidadosamen- situa o profissional são algumas das variáveis que influ-
te escolhida, são realizadas as observações do com- enciarão diretamente a forma como o psicólogo desen-
portamento da pessoa. Assim, como instrumentos de volverá seu protocolo de avaliação psicológica. De
medida, devem apresentar certas características que maneira geral, as informações necessárias para uma
possam justificar como confiáveis os dados que por avaliação minimamente adequada estão relacionadas
eles foram produzidos. ao estado geral do paciente, as mudanças que ocorre-
Apesar da confusão entre avaliação psicoló- ram desde o início da doença e o histórico passado,
gica e aplicação de instrumentos, existente na po- principalmente aquele relacionado ao enfrentamento de
pulação leiga e mesmo entre alguns profissionais, situações de doença anteriores.
a avaliação deve sempre manter um compromisso A avaliação proposta também deve levar em
ético e humanitário, que leva obrigatoriamente a consideração as peculiaridades do sistema de saúde,
compreender as técnicas utilizadas, suas funções, bem como os suportes sociais/familiares que o paci-
vantagens e limitações. O seu objetivo não é o de ente vem recebendo, a fim de contextualizar o tipo
dar um simples rótulo, mas, sim, descrever, por de avaliação psicológica e, conseqüentemente o tipo
meio de técnicas reconhecidas e de uma lingua- de intervenção mais específica. Apesar das diferen-
gem apropriada, a melhor compreensão de alguns tes visões que vários autores possuem sobre os ob-
aspectos da vida de uma pessoa, ou de um grupo jetivos e passos de uma avaliação psicológica em
(Tavares, 2004). ambientes de saúde, Belar e Deardorff (1995) rela-
No contexto da saúde, a avaliação psicológica tam um modelo das principais metas de avaliação de
vem ao encontro da formulação atual do conceito de um psicólogo da saúde em ambientes hospitalares,
saúde e das causas das doenças. A saúde não é con- divididos em domínios (biológico/físico, afetivo,
siderada apenas como uma ausência de sintomas, cognitivo e comportamental) em unidades (paciente,
pois, uma pessoa pode estar gravemente enferma família, sistema de saúde e contexto sociocultural) e
sem apresentar qualquer sintomatologia. Por outro relatados de forma simplificada a seguir:
lado, as doenças, atualmente, não são consideradas • Metas biológicas – avaliação de aspectos tais
como possuindo uma única determinação, mas sim, como natureza, localização, freqüência dos sintomas,
são multideterminadas. Não existem duas psicologi- tipos de tratamento recebido e suas características
as, uma psicologia da saúde e uma psicologia da do- (ex. altamente invasivos), informações de sinais vi-
ença. Na realidade, quando se refere à psicologia na tais e exames (ex. presença de álcool no sangue),
saúde, a expressão engloba a vivência de uma pes- além de informações genéticas e procedimentos
soa também no seu processo de adoecimento. As- médicos anteriores à internação;
sim, toda doença tem aspectos psicológicos e que • Metas Afetivas – avaliação sobre os senti-
envolve múltiplos fatores a serem avaliados, tais mentos do paciente sobre a doença, tratamento, fu-
como estilo de vida, hábitos, cultura, mitos familiares turo, limitações e histórico de variações de humor;
(Straub, 2005). • Metas Cognitivas – conhecimento do paci-
A psicologia na saúde está baseada em evidên- ente sobre o quadro e a situação de saúde, manuten-
cias e vem ganhando importância nos meios científi- ção de funções como percepção, memória, inteligên-
co, confirmando resultados práticos da atuação des- cia, tipo de padrões de avaliação da situação (cren-
te profissional, principalmente em países desenvolvi- ças), percepção de controle da situação (lócus de
dos. Gildron (2002) aponta para o desenvolvimento controle), capacidade de avaliação de custo/benefí-
de ensaios clínicos randomizados com o intuito de cio de opções de tratamentos, expectativas sobre
demonstrar a eficácia das avaliações e, conseqüen- intervenções;
temente, das intervenções de psicólogos em ambi- • Metas comportamentais – reações do paci-
entes médicos, enfatizando a utilização de ferramen- ente, tais como expressões faciais, sinais de ansie-
tas de avaliação baseadas em estudos de validade e dade (postura, contato), estilos de comportamento
precisão mais elaborados, o que evitaria a avaliação frente à internação (hostil, ansioso) e hábitos de ris-
baseada somente na intuição clínica. co ou protetores.
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Para o registro das informações citadas anteri- les mais específico para uma determinada condição
ormente, Karel (2000), Belar e Deardorff (1995) ou situação, tais como o Beck Depression Inventory
agrupam as vantagens e desvantagens de diferentes (BDI), Hospital Anxiety and Depression Scale
tipos de estratégias que podem ser utilizadas na ob- (HAD), Mini-Mental-State Exam (MMS), Family
tenção dos dados, por intermédio de questionários, Environment Scale (FES), Multidimensional Health
diários, observações, medidas psicofisiológicas, da- Locus of Control (MHLC), Câncer Inventory of
dos de prontuários e instrumentos com qualidades Problem Situations (CIPS), dentre outros, sendo que,
psicométricas. Nesse sentido os questionários podem da mesma forma, alguns já estão adaptados para a
ser de grande valia na economia de tempo e/ou como cultura brasileira e outros não estão ou estão sendo
direcionadores em entrevistas mais específicas; os estudados por pesquisadores/equipes especialistas em
diários são importantes na recuperação de informa- avaliação psicológica.
ção sobre comportamentos e pensamentos relacio- Protocolos de avaliação psicológica em ambi-
nados à saúde e podem ser utilizados com linhas de entes da saúde podem ser considerados como guias
base, apesar de serem questionados sobre as quali- de avaliação específicos para especialidades e ser-
dades psicométricas. As observações podem ser viços com características próprias. Nos casos de
realizadas de forma estruturada durante as visitas atendimentos pré e pós-operatórios de serviços como
ou superestruturada, com situações de role-playing o gastrologia, mais direcionado à obesidade mórbida
filmadas; já as medidas psicofisiológicas são adequa- ou mesmo acompanhamento de obesos em SPAS,
das quando do uso de técnicas de biofeedback. Os avaliação e acompanhamento de pacientes com trans-
dados de prontuários, apesar de serem muito úteis tornos de humor, em nível ambulatorial ou enferma-
devem ser vistos com muita cautela, já que depen- ria, condições psicológicas secundárias à presença
dem da cultura do hospital/país e profissionais em de doenças, desordens psicofisiológicas associadas
operacionalizarem detalhadamente as informações a problemas de saúde, avaliações relacionadas à
sobre o paciente. Para Matarazzo (1990), a avalia- questão da adesão ao tratamento; doenças conside-
ção psicológica é mais adequada quando envolve não radas de cunho psicossomático, programas de avali-
somente o uso de testes psicológicos. Ela deve ser ação para auxiliar pacientes e familiares a desenvol-
complementada por entrevistas clínicas direcionadas verem estratégias de enfrentamento de doenças crô-
ao problema, observações sistemáticas do compor- nicas, modificação de comportamentos de risco em
tamento, troca de informações com equipe de saúde detrimento de diagnóstico de doenças específicas,
(enfermeiras, médicos, terapeutas ocupacionais, etc), avaliação e acompanhamento de mães com bebês
dentre outras estratégias. de alto-risco internados em UTI Neonatal, dentre
Por último, Karel (2000), Belar e Deardorff outras possibilidades (Baptista & Dias, 2003; Stout
(1995) relatam sobre a importância da utilização de & Cook, 1999).
instrumentos com qualidades psicométricas compro- A avaliação psicológica no contexto da saúde
vadas. Pode-se ainda dividir alguns instrumentos em possui alguns objetivos. Entre eles pode-se destacar
amplo e estreito espectro, sempre levando em consi- a sistematização das informações dos vários aspec-
deração algumas variáveis tais como o objetivo da tos do funcionamento do paciente, como dados
avaliação psicológica, contexto em que se insere, perceptuais, motores e funcionamento. Formas ob-
tempo disponível do profissional e paciente, treina- jetivas de se obter informações sem a necessidade
mento do profissional, características do quadro do de avaliação essencialmente subjetiva, a fim de
paciente, dentre outras. elucidar hipóteses que são necessárias para a inter-
As medidas de amplo espectro se referem a venção. Os testes mais utilizados em ambientes mé-
instrumentos que possuem por objetivo avaliarem dicos são aqueles que avaliam funções intelectuais,
características da personalidade do paciente, tais escalas auto-administradas (quando possível), inven-
como o Sixteen Personality Factor Inventory (16 PF), tários de personalidade, testes projetivos (quando
Minnesotta Multiphasic Personality Inventory cabível), além dos testes neuropsicológicos que mui-
(MMPI), Millon Clinical Multiaxial Inventory tas vezes são utilizados para realizar um diagnóstico
(MCMI), Symptom Check List-90 Revised (SCL- diferencial. No entanto, a utilização de testes nem
90-R), sendo que alguns destes possuem qualidades sempre é necessária, principalmente em casos em
psicométricas adequadas para a população brasilei- que o diagnóstico se mostra claramente aos profissio-
ra e outros ainda não possuem ou estão em estudo. nais ou casos em que os níveis de funcionamento do
Já os instrumentos de estreito espectro seriam aque- paciente estão evidentemente relacionados a
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estressores específicos do ambiente de saúde ou das por múltiplos fatores etiológicos – genéticos,
estado do paciente (Spikoff & Oss 1995). bioquímicos, comportamentais/psicodinâmicos e
Os protocolos de avaliação psicológica em am- socioambientais que podem interagir de modos com-
bientes médicos também devem ser pensados não plexos e que sua compreensão requer um entendi-
somente em termos de quais medidas serão avalia- mento sofisticado e não apenas especializado das
das ou testadas em determinadas situações, mas é relações entre esses fatores, justifica-se a constru-
importante levar em consideração que há uma inter- ção, validação e aplicação de instrumentos psicoló-
relação entre condições crônicas de saúde, interven- gicos que possam aprimorar a avaliação psicológica
ções farmacológicas, fatores psicológicos, sociais e no contexto da saúde.
econômicos associados a uma investigação compre- A saúde não se resume à ausência de doen-
ensiva para a identificação das causas do problema ça e ao bem-estar físico, mas um estado multi-
do paciente. Sendo assim, a qualidade da avaliação dimensional que envolve três domínios: a saúde
depende, em grande parte, da habilidade do avalia- física, psicológica e social. A saúde física implica
dor em recolher e contingenciar as diversas variá- ter um corpo não apenas livre de doenças, mas
veis relativas ao estado de saúde (Schneider & também envolve hábitos relacionados ao compor-
Amerman, 1997). Neste sentido deve-se tomar um tamento e ao estilo de vida. Em seu outro domínio,
cuidado extra para não transformar protocolos de a saúde social engloba as boas habilidades
avaliação em formas “enfaixadas” de avaliação, as interpessoais, relacionamentos com amigos e fa-
quais, de forma contrária, ao invés de propiciarem mília e atividades socioculturais. A saúde psicoló-
linhas guias para o tratamento, acabam por limitar a gica engloba, apesar das variações culturais, a ca-
compreensão do problema. pacidade de pensar de forma clara e objetiva, pos-
suir uma auto-estima adequada e consciência de
bem-estar. Nela pode-se incluir a criatividade, as
Considerações Finais habilidades intelectuais e a estabilidade emocio-
nal, caracteriza-se pela abertura às inovações e,
A psicologia na saúde reconhece que o ser hu- ao mesmo tempo, pela presença de uma estrutura
mano está em permanente mudança em decorrên- e funcionamento estável da personalidade. A psi-
cia da variação de fatores orgânicos, ambientais e cologia na saúde tem como campo de pesquisa e
psicossociais e tem enfatizado cada vez mais seu de intervenção a interface dos três domínios,
papel ativo no processo saúde-doença. Por ser a objetivando o estado completo de bem-estar físi-
saúde e a enfermidade entendidas como determina- co, mental e social.

Referências Baum, A., Gatchel, R.J. & Krantz, D. (1997). An


Introduction to Health Psychology. New York:
American Psychological Association (2005). Health McGraw-Hill.
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Sobre autores:
Cláudio Garcia Capitão: docente do Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Psicologia da Universi-
dade São Francisco – Itatiba/SP

Silvana Alba Scortegagna: docente na Universidade de Passo Fundo/RS, doutoranda em Psicologia na


Universidade São Francisco – Itatiba/SP

Makilim Nunes Baptista: docente do Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Psicologia da Univer-


sidade São Francisco – Itatiba/SP
Avaliação Psicológica, 4(1), 2005, pp. 75-82

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