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1.
No período da individualização do direito português o costume tinha um sentido amplo
ou residual, abrangendo todas as fontes tradicionais de direito que não tivessem
natureza legislativa.
2.
O renascimento do direito romano justinianeu iniciou-se no séc. XII, com a Escola de
Bolonha.
3.
A recepção do direito romano renascido em Portugal contribuiu para o incremento da
actividade legislativa do monarca, a partir de meados do séc. XIII.
4.
Em sentido restrito, a expressão «direito comum» designa o sistema normativo de base
essencialmente romana que se consolidou com os Comentadores.
5.
Na época da recepção do direito romano renascido e do direito canónico renovado os
crimes passaram a ser punidos, sobretudo, com penas corporais.
6.
As cartas de lei começavam com o nome próprio do monarca e continham disposições
destinadas a vigorar mais do que um ano.
7.
Na época das Ordenações, os estilos da Corte eram fonte imediata de direito, mas não
podiam, segundo a opinião dominante, ser contrários à lei.
8.
Francisco de Vitória, um dos principais representantes da Escola Espanhola do Direito
Natural, é considerado o fundador do moderno direito internacional público.
1
9.
A Lei da Boa Razão foi assim denominada no séc. XIX, numa obra publicada por Corrêa
Telles, importante jurisconsulto português da época.
10.
Na época liberal os códigos passaram a ser organizados para cada um dos ramos de
direito já autonomizados.
Identificar a Lei da Boa Razão – a Carta de Lei de 18 de Agosto de 1769 – e dizer que
entre as suas finalidades se encontrava a de evitar os abusos cometidos no recurso ao
direito subsidiário – em especial, a aplicação do direito romano mesmo quando havia
norma no direito pátrio e independentemente da averiguação da sua conformidade à
razão. [0,3 valores]
Dizer que essa lei continuou a admitir a aplicação do direito romano como fonte
subsidiária de direito, mas não em todas as matérias (como se verá a seguir), e somente
desde que os seus preceitos estivessem de acordo com a boa razão, ou seja, com o
direito natural ou o direito das gentes (um critério que, por ser vago e, por isso, de difícil
aplicação na prática, viria a ser esclarecido pelos Estatutos Novos da Universidade, de
1772, que mandaram averiguar o uso moderno que desses preceitos faziam os
jurisconsultos das nações europeias da época, o que redundava em considerar como
direito romano subsidiário o que fosse aceite pelos jurisconsultos da corrente do usus
modernus pandectarum) [0,5 valores]; e que, realmente, foi proibida a aplicação
subsidiária do direito romano em matéria política, económica, mercantil (ou comercial)
e marítima, em virtude de estar antiquado ou nem sequer conter uma disciplina de
algumas dessas matérias, devendo recorrer-se antes, nessas matérias, ao «subsídio
próximo» das leis das «Nações cristãs, iluminadas e polidas»; nas palavras da lei, isso
era «muito mais racional e coerente» do que recorrer às «leis de uns Gentios» (isto é,
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dos romanos), sem qualquer razão atendível depois de «mais de dezassete séculos» [1,5
valores].
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maioria de razão devem permitir procurá-lo nas suas leis» (como que ignorando o
significado doutrinal e filosófico muito concreto daquela referência dos Estatutos –
pensamento de uma escola jurisprudencial, de que os códigos individualistas estavam,
por vezes, muito distanciados); e dizer que o primeiro jurisconsulto a utilizar os códigos
estrangeiros como expressão do uso moderno, e a preconizar a sua aplicação em
Portugal a título subsidiário, fundando-se na autoridade da Lei da Boa Razão, foi Manuel
de Almeida e Sousa (Lobão) [0,7 valores].
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Faculdades, no 5.º ano). Salientar que, não obstante isso, o núcleo central dos cursos de
Leis e de Cânones continuou a ser constituído, respetivamente, pelo Corpus Iuris Civilis,
sobretudo pelo Digesto, e pelo Corpus Iuris Canonici, ainda que encarados de pontos de
vista diversos dos anteriores [1,3 valores].
Mencionar o novo método e a nova orientação do ensino, que se revestiram de
particular importância: determinou-se a utilização do método «sintético-
demonstrativo-compendiário», inspirado principalmente no sistema das Universidades
alemãs – segundo o qual os professores deviam fornecer aos estudantes uma visão geral
de cada disciplina, através de definições e da sistematização das matérias, seguindo uma
linha de progressiva complexidade, e tudo isso acompanhado de manuais adequados,
sujeitos a aprovação oficial; o antigo método analítico apenas sobreviveu em duas
cadeiras do fim do curso, para aprendizagem da interpretação e execução das leis [0,8
valores].
Alusão à minuciosa definição do programa das várias cadeiras nos próprios Estatutos e
aos direitos romano e canónico, o tradicional método escolástico ou bartolista foi
substituído pelas directrizes histórico-críticas ou cujacianas; em relação à aplicação do
direito romano a título subsidiário, que a Lei da Boa Razão tinha regulado pouco tempo
antes, consagravam-se os princípios da corrente alemã do usus modernus pandectarum
[0,5 valores].
Alusão ao facto de ter constituído uma aspiração da reforma que os professores
organizassem compêndios breves, claros e bem ordenados, que substituíssem as
tradicionais postilas ou apostilas (os apontamentos manuscritos que circulavam entre
os estudantes, reproduzindo grosseiramente as preleções das aulas); e à circunstância
de os primeiros compêndios aprovados oficialmente para o ensino (mas só em 1805)
terem sido os de Mello Freire – História do Direito Português, Instituições de Direito Civil
Português e Instituições de Direito Criminal Português. Sublinhar que enquanto os
professores não escreveram tais compêndios (e não ocorreu a sua aprovação), foram
utilizados no ensino das várias cadeiras os de jurisconsultos estrangeiros que se
harmonizavam com as orientações impostas, nomeadamente, de autores
jusracionalistas (por ex., Carlos Antonio de Martini, na cadeira de Direito Natural e o
Direito Público Universal e das Gentes) e da corrente do uso moderno (por ex., Böhmer
e Heinécio [1,0 valores].