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UNIP – Universidade Paulista

Educação à Distância
Curso: Pedagogia

Nome:
Núbia Parreira Dorneles

“A Pedagogia no Ambiente Hospitalar:


a verdade que os números não revelam”.

Caldas Novas
2014
UNIP – Universidade Paulista
Educação à Distância
Curso: Pedagogia

Nome:
Núbia Parreira Dorneles

“Uma Proposta de Implantação da Pedagogia no Ambiente Hospitalar sob uma Nova


Perspectiva”

Trabalho monográfico – Curso de Graduação –


Licenciatura em Pedagogia apresentado à
comissão julgadora da UNIP INTERATIVA, sob
coorientação do professor...

Caldas Novas
2014
BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

__________________________________________________

Caldas Novas
2014
Agradecimentos

Ao Senhor Jesus Cristo, autor e consumador da fé, aquele que sempre guiou meus
passos e predestinou-me à vitória.
À minha mãe guerreira, Maria da Glória, mais que genitora, minha querida amiga
sempre presente, de alma pura e fé inabalável: minha inspiração nos momentos mais
sombrios.
À minha família, Jonathas e Josué, que nunca me desanimaram.
Aos meus ex-professores (as), amigos (as) e colegas que direta ou indiretamente fazem
parte desta conquista, pelo simples fato de terem ajudado ou simplesmente acreditado em
mim, mesmo quando nem eu imaginava poder alçar vôos tão altos.
Epígrafe

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor,
nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse
o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se
ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

1 Coríntios 13:1-7
Sumário

I INTRODUÇÃO.................................................................................................................09
CAPÍTULO I – A ORIGEM DA PEDAGOGIA HOSPITALAR..........................................09
1.1 – A ORIGEM DA PEDAGOGIA HOSPITALAR ..................................................09
CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA..................................................................10
CAPÍTULO III – O PROBLEMA DA PESQUISA.................................................................11
4. A RECREÇÃO E O LAZER COMO FORMA DE ENTRETENIMENTO........................25
4.1. Uma Terceira Idade bem sucedida, self e bem-estar subjetivo................................26
CONSIDERAÇOES FINAIS....................................................................................................29
REFERÊNCIAS........................................................................................................................31
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Lista de tabelas e gráficos

Tabela 1 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal.......................... 18


Gráfico 2 - Dados de matrículas realizadas em 2012 em Caldas Novas.... 20
Gráfico 3 - Dados de matrículas realizadas em 2012 em Caldas Novas.... 21
Gráfico 4 - Registro de Morbidades Hospitalares em Caldas Novas........... 22
Gráfico 5 - Registro de Morbidades Hospitalares em Caldas Novas ........... 23
Gráfico 6 - População residente, por tipo de deficiência permanente, no
estado de Goiás........................................................................... 23
Gráfico 7 - População residente com deficiência permanente...................... 24
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Resumo

O pedagogo da era globalizada não é apenas um profissional de um ambiente escolar


tradicional, é um profissional de atuação em ambientes variados, muita das vezes, não
convencionais. Dentre eles figura o chamado “ambiente hospitalar”.
Apesar dos primeiros relatos, datados de 1900 e 1931, na cidade de São Paulo, as
diversas discussões em torno da temática, “Pedagogia Hospitalar”, ainda é pouco conhecida
no Brasil. Tragicamente, acabamos por nos furtar do privilégio de oferecermos às nossas
crianças e adolescentes, o que desde 1950 e 1953 já vinha sendo implementado no Rio de
Janeiro, a chamada “classe hospitalar”.
Este artigo tem por objetivo investigar, por meio da pesquisa bibliográfica, algumas
práticas pedagógicas em classes hospitalares que sirvam de modelo para a cidade de Caldas
Novas-GO e região. Para tal vamos conhecer as legislações pertinentes e algumas
possibilidades de mediações pedagógicas possíveis nestes ambientes. Todavia, as tentativas
de levantamento de dados realizadas nas tabelas apresentadas no capítulo “Os números que
nada dizem”, pouco contribuíram para da interpretação dos mesmos, mostrando-se
contraproducente, uma vez que pouca cidades dispõem destes dados. Não diferente, o
município de Caldas Novas e órgãos até mesmo federais, também não realizam estes
levantamentos. Inevitavelmente, conclui-se que é preciso adotar mudanças, não apenas nas
políticas educacionais, mas não atuação dos órgãos responsáveis pelo levantamento de dados,
fomento das práticas pedagógicas.
Como resultado verificou-se a necessidade urgente de uma intervenção pedagógica em
favor das pessoas em internação, norteada por propostas pedagógicas plausíveis e a urgência
na aplicação das leis existentes.

Palavras-chaves: Ambiente Hospitalar; Mediação Pedagógica; Classe Hospitalar.


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ABSTRACT

The pedagogue of the globalized era is not only a professional of a environment


traditional scholar, is a professional of varied performance, much of the times, not
conventional. Among themselves figure the called "environment hospital".
Despite early reports, dated from 1900 and 1931, in city of São Paulo, the various
discussions around the theme, "Pedagogy Hospital", is little known in Brazil. Tragically, we
ended up stealing the privilege to bring to our children and adolescents, which from 1950 to
1953 had already been implemented in Rio de Janeiro, the called "hospital class".
This article aim to investigate, through of biographycal research, pedagogical practices
in hospital schools that serve as model for the city of Caldas Novas-GO and region. To this
end we will know the relevant laws and some possibilities of possible pedagogical mediations
in these environments. However , attempts to survey data held in the tables in chapter " The
numbers say anything," contributed little to the interpretation thereof , being
counterproductive , since few cities have such data.
Not unlike the city of Caldas Novas, and even federal agencies, also do not do these
data collection. Inevitably , it follows that we must embrace change , not only in educational
policies , but not performance of agencies responsible for data collection , promotion of
pedagogical practices .
As result there is an urgent need for an educational intervention on behalf of such
persons in detention, guided by plausible pedagogical proposals and urgency of
implementation of laws existents.

Keywords: Hospital Environment; Pedagogical Mediation; Hospital Class.


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I INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – A ORIGEM DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

A Pedagogia Hospitalar surgiu no ano de 1935 em Paris, quando Henri Sellier


inaugurou a primeira escola para crianças inadaptadas, devido ao grande número de crianças
tuberculosas. Maravilhados por esta simples e importantíssima nova concepção pedagógica,
logo depois, a Alemanha, a França e os Estados Unidos também adotaram essa mesma
proposta.
Segundo Fonseca (1999), a Pedagogia Hospitalar iniciou-se no Brasil na década de
1950, no Rio de Janeiro, no Hospital Escola Municipal Menino Jesus. Isso ocorreu em virtude
da Segunda Guerra Mundial, visto que neste período um alto número de crianças e
adolescentes atingidos ou mutilados estava impedidos de irem à escola.
Não obstante, falar em Pedagogia Hospitalar é, por conseqüência, falar em “Classe
Escolar”:

[...] o atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de tratamento


de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja
na circunstância do atendimento em hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de
atenção integral à saúde mental.
(BRASIL, 2002, p. 13).

É uma nova proposta onde o trabalho pedagógico, normalmente em hospitais,


apresenta diversas possibilidades de atuação e está no foco de diferentes olhares que o tentam
compreender, explicar e auxiliar, objetivando a construção de um modelo que possa facilitar
essa função.
A hospitalização na infância pode alterar o desenvolvimento infantil, uma vez que
restringe as relações de convivência da criança por afastá-la de sua família, de sua casa, de
seus amigos e da escola. Num ambiente em que a dor e a doença são presenças constantes, a
criança passa a ter o contato com uma realidade com a qual não estava acostumada. Como
consequência, Chiattone (1998) e Fonseca (1999b) citam vários efeitos psicológicos
decorrentes da hospitalização, como respostas de culpa, sensação de punição, ansiedade e de-
pressão. Esses efeitos podem ser causadores de intenso descontrole emocional da criança
doente e a atinge nas diferentes etapas do desenvolvimento. Ressaltam, ainda, que a experiên-
cia de adoecimento e hospitalização implicam mudar rotinas, separar-se dos colegas, amigos,
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familiares, escola, brinquedos, dos objetos pessoais, sujeitar-se a procedimentos invasivos e,


muitas vezes dolorosos, além de sofrer com o medo, solidão e, em alguns casos, sensação de
abandono. Evidentemente, cada criança pode apresentar uma reação diferente, dependendo de
uma série de fatores, tais como: da doença que se manifestou, dos cuidados que se tem, enfim,
das próprias reações que são inerentes à constituição subjetiva de cada indivíduo. De acordo
com Ceccim (1999), com tantas preocupações relacionadas aos problemas relativos à saúde
física da criança, os pais geralmente não dão a devida importância à continuidade dos estudos
durante o tratamento. É importante a criança doente perceber-se produtiva e com atividades
semelhantes às demais.

Como a escola é um espaço no qual a criança, além de aprender habilidades


científicas, desenvolve e estabelece elos sociais diversos e distintas aprendizagens (DELORS,
2003), ficar à margem desse espaço de vivências pode ser penoso para a criança hospitalizada.
A educação para crianças e adolescentes hospitalizados não é um fato recente no Bra-
sil. Estima-se que as classes hospitalares existam em nosso país desde a década de 1950
(FONTES, 2005). No artigo 13 da Resolução no 2, de 11 de setembro de 2001, da Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que institui as Diretrizes Nacionais para
a Educação Especial na Educação Básica, há a indicação de uma ação integrada entre os
sistemas de ensino e de saúde, por meio de classes hospitalares, na tentativa de dar con-
tinuidade ao processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças hospitalizadas. Sig-
nifica dizer que, tanto a educação não é elemento exclusivo do ambiente escolar, quanto o
cuidado com a saúde não é exclusividade do hospital (FONTES, 2005). O hospital é, sobre-
tudo, segundo definição do Ministério da Saúde (BRASIL, 1994), um centro de educação.

Em dezembro de 2002, o Ministério da Educação publicou o documento intitulado


“Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar” (BRASIL, 2002), na tentativa de
estruturar ações de organização do sistema de atendimento educacional fora do âmbito
escolar, promovendo a oferta do acompanhamento pedagógico também em espaços hos-
pitalares. Nesse documento, a Secretaria de Educação Especial propõe oferecer estratégias e
orientações para o atendimento pedagógico voltado para o desenvolvimento e a construção do
conhecimento correspondente à educação básica, assim como sublinha que:
O professor deverá ter a “formação pedagógica” preferencialmente em Educação
Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições
11

psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do


ponto de vista clínico, sejam do ponto de vista afetivo. (BRASIL, 2002, p. 22).

A criação das classes hospitalares é resultado do reconhecimento de que crianças


hospitalizadas também apresentam necessidades educativas. Fonseca afirma que, [...] apesar
de limitações que podem decorrer de sua situação médica, a menina e o menino internados
tem interesses, desejos e necessidades semelhantes aos de qualquer jovem saudável. E está
provado que o contato com os semelhantes contribui para o desenvolvimento social dos
pequenos enfermos [...]. Há casos em que a doença chega até a ser esquecida, o que acelera a
recuperação e a reintegração à vida normal. (FONSECA, 1999a, p. 5).
É preciso ter clareza de que a finalidade da ação educativa no âmbito hospitalar é pró-
pria de saberes de uma profissão específica, não se opondo nem se confundindo com a ação e
a finalidade em relação ao profissional da saúde; o professor que participa da prática
educativa no ambiente hospitalar desempenha um importante papel, pois, mediante ações
pedagógicas, é um agente que oportuniza experiências de aprendizagem às crianças ou
adolescentes internados.
12

1.1 SESSENTA E QUATRO ANOS DE DESCONHECIMETO

Apesar de ouvirmos essa temática há pelo menos 64 anos, desde então, pouco se fez
ou escreveu a respeito. Como resultado, pouco se sabe quanto à(s) realidade(s) do ambiente(s)
hospitalar(es), mesmo havendo alguma produção científica. Infere-se que se deve ao fato de
que a educação nunca foi uma meta dos governantes brasileiros, seja nas esferas federais,
estaduais ou municipais. Ademais, na concepção tradicionalista de nossos políticos, e até
mesmo de nossos cidadãos, a educação ainda é pensada como um ato que se dá em um único
lugar possível, associada sempre a conteúdos e práticas tradicionalmente regulares. No
entanto, é preciso enxergar mais adiante e romper algumas barreiras pré-conceituais e
compreendermos que o vocábulo “educação” é muito vasto, rico em significados e
possibilidades que sob certa ótica até mesmo transcende a percepção semântica, devendo ser
associado, especialmente, aos sentidos de construção do conhecimento, formação e
desenvolvimento do ser humano.

Especialmente quando se fala em Pedagogia Hospitalar, onde o professor atua com


crianças de diferentes histórias de escolarização (CHIATTONE, 1998): crianças que passam a
semana no hospital e voltam para casa no final de semana, crianças que passam meses ou anos
no hospital, crianças com o histórico de repetência ou ainda, aquelas que nunca frequentaram
a escola. A ação pedagógica no ambiente hospitalar implica conhecer diversidade
educacional. Diante disso, a educação que se processa no hospital não pode ser identificada
como simples transmissão de alguns conhecimentos formalizados. É muito mais do que isso:
deve ser dado um suporte pedagógico que mantém o estudante/paciente integrado em suas
atividades escolares; o processo de ensino e aprendizagem nunca é linear e, por isso, devem
ser respeitados os diferentes ritmos e interesses apresentados pelas crianças enfermas.
13

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

Cada contexto hospitalar compreende a criança hospitalizada, seus desejos, seus


processos de cura e escolarização, de maneiras bem específicas, assim como esses professores
exercem seus trabalhos com metodologias de ensino e concepções de educação, ao mesmo
tempo, diversas e peculiares. (PAULA, 2002, p. 3)
Segundo Brandão (2007, p. 10), “educação é, como outras, uma fração do modo de vida
dos grupos sociais que a criam e recriam entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua
sociedade”. Portanto, não podemos restringí-la a apenas a um espaço físico chamado de
escola, mas ampliar sua conceituação a um conjunto de “redes e estruturas sociais de
transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi se quer criada à sombra de
algum modo de ensino formal e centralizado” (p. 13).
Para Brandão a educação independe de um espaço para acontecer, ela também não
apresenta um modelo único e nem tão pouco uma única forma para acontecer.
De acordo com Ghiraldelli (2006, p. 16), “as diferenças internas da pedagogia [...]
resultam da maneira como a filosofia moderna passou a depender da figura do sujeito e
também como ela, contemporaneamente, veio a criticar e desconstruir essa noção”. Essa
afirmação corrobora a idéia de somos fruto de uma sociedade absolutamente dinâmica, onde
as regras do tradicionalismo não se aplicam por muito tempo à luz do conhecimento.
Mostrando-nos que na Pedagogia não é diferente, uma vez que é praticada por pessoas e para
pessoas: daí a urgência da humanização no atendimento, especialmente, quanto ao
atendimento às crianças e adolescentes.
A classe hospitalar tem a finalidade de recuperar a socialização da criança por um
processo de inclusão, dando continuidade à sua aprendizagem. A inclusão social será o
resultado do processo educativo e reeducativo. A escola é um fator externo à patologia, logo,
é um vínculo que a criança mantém com seu mundo exterior. Se a escola deve ser promotora
da saúde, o hospital pode ser mantenedor da escolarização. E escolarização indica criação de
hábitos, respeito à rotina; fatores que estimulam a auto-estima e o desenvolvimento da
criança e do adolescente (Fonseca, 1999).
Podendo desenvolver uma oportunidade de ligação com padrões da vida cotidiana, a
classe hospitalar, garante um vínculo entre a criança e o ambiente escolar. É necessário que
as atividades realizadas com essas crianças e adolescentes tenham começo, meio e fim e
que o professor precisa estar ciente que cada dia se constrói com planejamento estruturado
e flexível.
14

CAPÍTULO III - O PROBLEMA DA PESQUISA

A grande problemática desta batalha educacional perpassa pelas políticas públicas,


mas não se detêm aí, é um longo trabalho de conscientização que requer o sentimento de
fraternidade e amor para com o próximo, especialmente aos mais fragilizados, em situações
de risco social, mais até mesmo que o próprio risco físico; uma vez que negar a educação de
qualidade a uma alma humana é condenar-lhe à irreparável ignorância: é um prejuízo
incomensurável, aos povos civilizados.
Também é preciso levar em consideração que o pedagogo no hospital precisa exercer
o papel de professor e não apenas de recreacionista. Para se exemplificar, cita-se que, quando
se entrou na Santa Casa, os administradores da Instituição manifestaram o pensamento de que
se faria recreação. Cabe ao pedagogo uma ação educativa que favoreça o processo de
aprendizagem da criança, como se tem insistido, dentro das possibilidades apresentadas pelas
crianças internadas. A ação pedagógica no ambiente hospitalar implica conhecer diversidade
educacional. Diante disso, a educação que se processa no hospital não pode ser identificada
como simples transmissão de alguns conhecimentos formalizados. É muito
mais do que isso: deve ser dado um suporte pedagógico que mantém o estudante/paciente
integrado em suas atividades escolares; o processo de ensino e aprendizagem nunca é linear e,
por isso, devem ser respeitados os diferentes ritmos e interesses apresentados pelas crianças
enfermas.
Estamos acostumados a lidar com um currículo já moldado, que não se preocupa com
as vivências dos alunos e não oferece abertura para criação de novas estratégias de
aprendizado. O currículo no ambiente hospitalar deve ser construído respeitando a realidade
da criança e do adolescente hospitalizado, buscando compreender os conhecimentos prévios
que estes possuem a fim de relacioná-los com o conhecimento “novo” a ser transmitido.
Segundo Botelho (2007): No trabalho pedagógico hospitalar, o currículo trabalhado
abrange todas as questões ligadas diretamente à identidade do aluno internado. A doença, a
rotina hospitalar com os procedimentos médicos e de enfermagem, a alimentação, o tempo, o
espaço físico, a família, a escola, são conceitos trabalhados pedagogicamente durante as
situações de aprendizagem. (p. 122)
15

O currículo, independente ser for construído em um hospital ou em uma escola ou em


qualquer outro lugar, deve ter por objetivo construir um conhecimento no aluno que produza
significado/sentido para ele. No caso das crianças que estão hospitalizadas, faz-se necessário
falar sobre temas que abordem saúde, corpo humano, contágio de doenças, pois estes temas
estão ligados à vida destes alunos, o que proporciona a eles significado ao estudar estes
assuntos.
Conhecer o significado de suas doenças e também das doenças das demais crianças
hospitalizadas pode ajudar não somente a esclarecer sobre as forma de tratamento e profilaxia
(se houver), como também contribui para desenvolver uma estabilidade emocional, a partir do
momento em que a criança ou o adolescente vai tomando consciência do que está ocorrendo,
entendendo seus limites e possibilidades. Obter informações sobre uma realidade imediata
que os atinge concretamente amplia seu arcabouço de conhecimento sobre o mundo. É nesse
sentido que o desenvolvimento de atividades educativas em hospital contribui para a saúde da
criança que ali se encontra. (FONTES, VASCONCELLOS, 2007, p. 284)
É importante que a criança conheça o que está acontecendo com seu corpo, passar por
essa experiência possibilita a criança uma “vivência significativa” como afirmam Rocha e
Passeggi (2010), onde a criança vai aprender a valorizar a vida e a vivência com outros que
estão em situação semelhante. Dessa maneira quando o currículo, dentro desse espaço, busca
meios de abordar a saúde do sujeito envolvido, respeitando suas vivências, possibilita a
criança mecanismos onde esta poderá enfrentar a doença de maneira crítica e reflexiva.
Conhecer a rotina do hospital, explorar junto à criança internada este ambiente,
estabelecer um diálogo onde o educador busca perceber no educando sua visão de mundo,
suas necessidades de vida e seus problemas e, a partir daí, realizar uma prática pedagógica
que vai ao encontro de sua realidade, contribui para a construção de novos conhecimentos.
(METZ; RIBEIRO, 2007, p. 75)
16

1.1 OBJETIVOS
1.2 OBJETIVOS GERAIS

Dentre os objetivos mais urgentes verificados nas literaturas, poderíamos citar a


urgência na fiscalização do cumprimento da lei, uma vez que já existem. Faltam incentivos
fiscais, criação de parcerias e esclarecimento, posto que muito se debateu e lutou para
conquistar essas garantias legais, todavia, não são postas em prática na grande maioria dos
municípios brasileiros.

1.3 ESPECÍFICOS

Há também a intenção de explicitar a relevância dos pedagogos como resultado de


suas contribuições ao possibilitar a continuidade do processo de aprendizagem das crianças e
adolescentes com necessidades imediatas, uma vez que favorecem não apenas a socialização
destes pacientes e profissionais, mas também, através de um atendimento profissional de
qualidade, a igualdade de condições de desenvolvimento intelectual e pedagógico com
amparo legal da legislação vigente, que não apenas ampara, mas legitima o direito universal à
educação.
Em segundo plano espera-se a oportunidade de abertura de todos os envolvidos neste
processo, prefeituras, secretarias, órgãos governamentais, parcerias privadas etc, na gratuita
receptividade destes para conhecer estas novas práticas pedagógicas: a implantação e
multiplicação de classes hospitalares.
17

1.6 METODOLOGIA

O presente estudo traz como metodologia a pesquisa bibliográfica, que, como afirma
Malheiros (2007, p. 81), tem como finalidade de “[...] identificar na literatura disponível as
contribuições científicas sobre um tema especifico”. Esta modalidade de pesquisa é de
cunho qualitativo, descritivo e tem como característica fundamental localizar o que já foi
produzido em diversas fontes, confrontando os resultados (p. 81).
Para a presente pesquisa, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre a produção
científica relacionada à pedagogia hospitalar, mais precisamente, sobre classe
hospitalar. Pretendeu-se com este levantamento investigar as práticas dos pedagogos
em classes hospitalares, buscando verificar as
- 14 -
18

naturezas e os tipos de mediações pedagógicas realizadas por este profissional em


classes hospitalares.
A pesquisa foi realizada por meio de busca eletrônica das produções científicas na base
de dados do Google Acadêmicos e Scielo com os descritores Pedagogia Hospitalar e
Classe Hospitalar. Buscou-se fazer um levantamento de material bibliográfico entre os
anos de 2000 a 2012 que abordasse a temática de estudos de caso sobre a prática do
pedagogo hospitalar em classes hospitalares no Brasil. Realizou-se esse recorte
temporal, buscando obter literaturas mais atuais sobre a temática escolhida para
análises da pesquisa. Este levantamento foi realizado entre os meses de janeiro e
fevereiro/2013.
Durante o processo de busca foram encontrados 30 publicações inicialmente, que foram
inseridos na Planilha 1 (Apêndice A) e organizados por: titulo, autor, ano e gênero.
Também foram encontradas literaturas produzidas em Pernambuco, porém, a maioria
das temáticas não atendiam as necessidades da pesquisa.
Partindo desta seleção, foram encontradas 5 publicações que se enquadram no perfil de
seleção do material bibliográfico citado anteriormente. Porém, destas 5 obras,
selecionaram-se apenas duas para um estudo mais pormenorizado das classes
hospitalares, aqui chamadas de Classe A e Classe B. A escolha destas duas obras,
sustentou-se nos seguintes critérios: localização das classes hospitalares (uma na
região sul e outra da região nordeste do país); uma das obras escolhidas é a que mais
se aproxima do perfil da escuta pedagógica citada por Fontes (2005) e outra foi
escolhida por trabalhar de maneira mais conteudista, aproximando-se mais de uma
prática pedagógica de escola regular; e as obras selecionadas eram do gênero de artigo
científico e trabalho de conclusão de curso (TCC).
Para análise qualitativa dos dados, tomou-se como referência categorias de análise que
foram definidas em três, são elas: o trabalho do pedagogo hospitalar, a dinâmica da classe
hospitalar e a mediação pedagógica na classe hospitalar.
XXXXXXXX
As metodologias escolhidas para o desenvolvimento desse trabalho foram as revisões
bibliográficas (artigos científicos diversos, dissertações de mestrado, teses de doutorados etc)
e a consulta às legislações vigentes, onde foi possível constatar a falta de consonância entre o
que determina a legislação federal e o que de fato se aplica através de políticas educacionais.
Também foram realizados revisões bibliográficas da investigação do trabalho
pedagógico realizado na Santa Casa de Caridade, na cidade de Jaguarão (Estado do Rio
Grande do Sul), um estudo de abordagem qualitativa e descritiva. Onde o período de
realização da intervenção pedagógica no ho
spital foi de 08 de setembro de 2010 a 1o de outubro de 2010, totalizando 24 dias de
atuação.
O embasamento teórico perpassa pelas contribuições de vários autores, tais como: Bee
(1977), Wiles (1987), Lindiquist (1993), Morais (2001), Vasconcellos (2002), Ceccim e
Carvalho (2003), Menezes (2004), Fontes (2005), Paula (2007), Fonseca (2008), Esteves
(2008), Porto (2010), Matos e Mugiatti (2011), entre outros.
19

E por fim, após análise de todos os dados levantados, quanto à realidade vivida pelos
pacientes da cidade de Caldas Novas, propor debates e possíveis soluções à problemática
encontrada, segundo a realidade de sua economia.

Este trabalho justifica-se pela necessidade que a sociedade contemporânea tem em


conhecer e compreender os conceitos e práticas da Pedagogia Hospitalar, bem como do
termo “classe hospitalar” como modalidade de ensino em educação especial.
Barros (1999) lembra que o processo de hospitalização é sempre envolvido por uma
situação de estresse provocada pela angústia da indefinição diagnóstica, pela ansiedade de
resposta ao tratamento médico e pelo afastamento do lar. Assim sendo fica claro os benefícios
da Pedagogia hospitalar: proporcionar melhorias na qualidade de vida daqueles que
necessitam de cuidados médicos, através de um atendimento individualizado, seja no
atendimento hospitalar ou domiciliar.
Ora, não são apenas as inquietudes da alma a que estão submetidas estas pessoas, elas
têm familiares que compartilham suas agonias, suas dores e frustrações diante do temerário e
incerto. Incluir cada um destes novos pacientes do século XXI é acolher toda uma rede de
pessoas: familiares, amigos, colegas, simpatizantes etc. É um investimento barato e que em
curto prazo tem retornos imensuráveis. Negar o atendimento as classe especial de pessoas
excluídas pelo acaso e pelas ações omissas do poder público é negar os direitos universais os
quais foram duramente conquistados às duras perdas de vidas humanas, é retroceder à idade
média, onde um animal valia muito mais do que uma vida humana.

CAPÍTULO IV – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para Libâneo (2000) é preciso reconhecer a ampliação do conceito das práticas


educativas que acompanha a diversidade de ações pedagógicas presentes na sociedade
contemporânea. As ações educativas não se restringem mais a escola. A animação cultural, os
movimentos sociais, os meios de comunicação, a saúde pública, a educação popular, a
educação ambiental, a educação sindical e tantas outras formas de educar abrem um campo
profissional de exercício profissional para o pedagogo. Desse modo, Libâneo (2000, p. 43-4)
afirma que a área de atuação profissional do pedagogo é tão vasta quanto as práticas
educativas presentes na sociedade e que em todo lugar onde houver uma prática educativa
com caráter de intencionalidade, há aí uma pedagogia... Ainda segundo este autor, cumpre
20

distinguir diferentes manifestações e modalidades de prática educativa, tais como a educação


informal, não-formal e formal. A educação conhecida como não-formal seria a realizada em
espaços educativos fora dos marcos institucionais, mas com certo grau de sistematização e
estruturação pedagógica.
Se há muitas práticas educativas, em muitos lugares e sob variadas modalidades, há,
por conseqüência, várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia
dos meios de comunicação, etc.; e também a pedagogia escolar. (LIBÂNEO, 2000, p. 23-4)
Em síntese, estamos diante de uma sociedade genuinamente pedagógica (BEILLEROT, 1985
apud. LIBÂNEO, 2000). Então por que não haver uma pedagogia hospitalar, com princípios,
métodos e avaliações diferenciadas da pedagogia escolar oficial?
A especificidade de uma educação em hospital leva à necessidade de se pensar
métodos pedagógicos específicos para o contexto hospitalar. Assim como os educandos, nas
escolas oficiais, apresentam suas particularidades, esta questão também se faz presente entre
as crianças hospitalizadas e a categoria profissional denominada professor hospitalar.
O ambiente da classe hospitalar necessita ser diferenciado, tem que ser acolhedor,
com estimulações visuais, brinquedos, jogos, sendo assim um ambiente alegre e
aconchegante. É através do brincar que as crianças e adolescentes internados encontram
maneiras de viver a situação de doença, de forma criativa e positiva. Portanto, o trabalho
em classe hospitalar faz com que há diminuição do risco de comprometimento mental,
emocional e físico dos enfermos.
No entanto às atividades são coordenadas de forma a dar um suporte e continuidade
ao trabalho escolar das crianças/adolescentes atendidos na classe hospitalar. Assim, o
planejamento de tais atividades torna-se imprescindível com o objetivo de reintegrar as
crianças/adolescentes à sua escola de origem, assim que obtenham alta do hospital.

2. LEGISLAÇÃO

A primeira possibilidade de atendimento educacional à criança hospitalizada surge


com o Decreto-Lei 1044/69, que assegurava aos alunos com necessidades especiais o direito a
exercícios domiciliares, com acompanhamento da escola, sempre que compatíveis com seu
estado de saúde e condições do estabelecimento. Com a abertura das escolas para a maioria da
população, cresce o número de estudantes gestantes e, com isso, a Lei 6.202/75 assegura o
direito das gestantes, a partir do oitavo mês de gestação e durante os três primeiros meses
após o parto, de realizar exercícios domiciliares, exceto recomendação médica contrária.
21

A partir de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído pela Lei 8069, de


13 de julho de 1990, assegura os direitos das crianças e adolescentes em condições de
hospitalização.
A legislação brasileira, através do Estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado,
reconheceu, através da Resolução nº 41 de outubro de 1995, no item 9, o “Direito de desfrutar
de alguma forma de recreação, programas de educação para saúde, acompanhamento do
currículo escolar durante sua permanência hospitalar” (BRASIL, 1995). Em 2002, o
Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou um
documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares,
assegurando o acesso à educação básica. Este estatuto surgiu em decorrência da preocupação
da Sociedade Brasileira de Pediatria em listar uma série de necessidades de atenção à criança
ou adolescente que requerem cuidados de saúde em condição de internação hospitalar
(MUNHÓZ; ORTIZ, 2006, p. 69).
Em consonância com estas orientações o artigo 214 da Constituição Federal afirma
que as ações do Poder Público devem conduzir a universalização do atendimento escolar. É
este amparo legal que a classe hospitalar, bem como, a educação especial tem sua implantação
assegurada em alguns princípios e fundamentos, tais como: “A Educação é direito de todos e
dever do Estado e da família. O direito à educação se expressa como direito à aprendizagem e
à escolarização” (BRASIL, 1988).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional assegura ainda que o Poder Público
criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino (art. 5º § 5º), podendo
organizar-se de diferentes formas para garantir o processo de aprendizagem (art. 23). (Brasil,
1996). A partir de 1988, com a previsão legal instituída pela Constituição Federal
Nossa sociedade, vê crescer cada vez mais a necessidade que crianças, jovens e
adultos têm, em diferentes contextos, da mediação de um profissional que os acompanhe nos
processos amplos de aprendizagem, não só intelectual como também físico e emocional.
Como afirma Fontes (2005, p. 21b), é por esses motivos que “os pedagogos precisam
preparar-se para a diversidade de espaços que se oferecem ao seu trabalho”. Todavia, na
contramão da tão debatida “inclusão”, esta pequena categoria de alunos é excluída deste
processo por não ter uma voz ativa que se faça ouví-la em todo o território nacional. Fato este
que facilmente se comprova ao consultarmos dados oficiais apurados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Observe que ao criarem o controverso IDH (Índice de desenvolvimento Humano), a
cada ano, não há menção alguma à educação fora da sala de aula (a educação em ambiente
22

hospitalar ou domiciliar). – Como é possível qualificar ou quantificar em números o suposto


grau de desenvolvimento humano se um dos itens a ser mensurado nem mesmo existe ou é in
exato? Diante deste grave equívoco não se pode medir o desenvolvimento humano com a
precisão que se espera, tão pouco, esperar que a questão da Pedagogia Hospitalar possa ser
contemplada e fomentada em decorrência destes números.
Ao verificarmos o banco de dados do IBGE encontramos muita informação, dentre
elas:
* IDH e IDHM
* Dados do total de pessoas matriculadas em instituições de ensino
* Registro de Morbidades Hospitalares em Caldas Novas
* Dados de matrículas realizadas nas redes de ensino do estado e municípios
* Indicadores socioeconômicos
* A distribuição da população por sexo
* População residente, por tipo de deficiência
* Nível de instrução de pessoas a partir dos 10 anos de idade, por cor e raça
* Evolução da população nos últimos 40 anos
* Percentual de população urbana x rural
Ao consultarmos o banco de dados dos órgãos federais, estaduais e municipais, como
por exemplo, os do IBGE (gráficos, figuras e tabelas abaixo), nada é encontrado quanto a
quantidade de crianças, adolescentes ou adultos hospitalizados. Não é possível saber o tempo
de hospitalização, a quantidade de pessoas em ausência escolar ou mesmo em evasão escolar
decorrente da necessidade dos cuidados médicos.

MODELOS DE EXPERIÊNCIAS BEM SUCEDIDAS

Hospital Municipal foi cedido pela Prefeitura à Universidade Federal Fluminense,


tornando-se assim o Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP).
Atualmente, o HUAP é a maior e mais complexa unidade de saúde da Grande Niterói e,
portanto, considerado na hierarquia do SUS como hospital de nível terciário e quaternário,
isto é, unidade de saúde de alta complexidade de atendimento.
O HUAP atende a população da Zona Metropolitana II que engloba, além de Niterói, as
cidades de Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, São Gonçalo, Silva Jardim e Tanguá. Sua área de
abrangência atinge uma população estimada em mais de dois milhões de habitantes e, pela
23

proximidade com a cidade do Rio de Janeiro, atende também parte da população desse
município.
A proposta pedagógica existe numa tentativa de repor alguns conhecimentos que
seriam de responsabilidade da escola, já que algumas crianças ficam internadas por longo
tempo. Na escola do HUAP dois professores4, concursados da Rede Municipal de Niterói,
desenvolvem o trabalho com as crianças hospitalizadas. O primeiro contato é feito no leito a
partir do primeiro dia de internação, com contação de histórias, desenhos, pinturas e conversa
informal com os pacientes. As crianças são convidadas a conhecerem a escola do hospital,
muitas demonstram entusiasmo ao irem para a sala de aula. O espaço utilizado como sala de
aula, não é muito grande, mas possui alguns equipamentos fundamentais para que as
atividades sejam realizadas. Na sala podemos encontrar dois armários, dois quadros brancos,
dois computadores, mesas, cadeiras, estante com livros e brinquedos, televisão, vídeo game e
laptop (esses três últimos são mais utilizados no leito com as crianças que estão
impossibilitadas de frequentarem a sala). Na parede são penduradas as telas emolduradas e
pintadas pelas crianças que já passaram por esta escola.

Simone dos Santos Botelho e Victor Vita Morais, professores integrantes do Programa Pedagogia Hospitalar.

Telas pintadas pelas crianças hospitalizadas


24

Carteiras e quadro branco

Nesta sala os professores desenvolvem atividades de acordo com o nível educacional de


cada criança. As atividades são diferenciadas e entre elas estão a contação de histórias, pintura em
tela, atividades interativas, exercícios que se adequam ao nível de aprendizado e idade de cada
criança. Os jogos educativos, utilizados nos computadores, chamam a atenção das crianças, assim
também como as releituras das obras do artista brasileiro Romero Britto que são realizadas pelas
próprias crianças.

Algumas das releituras de Romero Britto/ um dos computadores utilizados pelas crianças
25

Acompanhantes e pacientes realizando a atividade

O currículo, independente ser for construído em um hospital ou em uma escola ou em


qualquer outro lugar, deve ter por objetivo construir um conhecimento no aluno que produza
significado/sentido para ele. No caso das crianças que estão hospitalizadas, faz-se necessário
falar sobre temas que abordem saúde, corpo humano, contágio de doenças, pois estes temas
estão ligados à vida destes alunos, o que proporciona a eles significado ao estudar estes
assuntos.
Conhecer o significado de suas doenças e também das doenças das demais crianças
hospitalizadas pode ajudar não somente a esclarecer sobre as forma de tratamento e profilaxia
(se houver), como também contribui para desenvolver uma estabilidade emocional, a partir do
momento em que a criança ou o adolescente vai tomando consciência do que está ocorrendo,
entendendo seus limites e possibilidades. Obter informações sobre uma realidade imediata
que os atinge concretamente amplia seu arcabouço de conhecimento sobre o mundo. É nesse
sentido que o desenvolvimento de atividades educativas em hospital contribui para a saúde da
criança que ali se encontra. (FONTES, VASCONCELLOS, 2007, p. 284)
É importante que a criança conheça o que está acontecendo com seu corpo, passar por essa
experiência possibilita a criança uma “vivência significativa” como afirmam Rocha e
Passeggi (2010), onde a criança vai aprender a valorizar a vida e a vivência com outros que
estão em situação semelhante. Dessa maneira quando o currículo, dentro desse espaço, busca
meios de abordar a saúde do sujeito envolvido, respeitando suas vivências, possibilita a
criança mecanismos onde esta poderá enfrentar a doença de maneira crítica e reflexiva.
Conhecer a rotina do hospital, explorar junto à criança internada este ambiente,
estabelecer um diálogo onde o educador busca perceber no educando sua visão de mundo,
26

suas necessidades de vida e seus problemas e, a partir daí, realizar uma prática pedagógica
que vai ao encontro de sua realidade, contribui para a construção de novos conhecimentos.
(METZ; RIBEIRO, 2007, p. 75)

1. HISTÓRICO DA CIDADE DE CALDAS NOVAS

O município de Caldas Novas está localizado na região Sul do estado de Goiás, a cerca
de 170 km da capital (Goiânia). Situado a 686 m de altitude, na posição geográfica localizada
no paralelo 17º44’37” Sul, em sua interseção com o meridiano 48º37’33” Oeste, com uma
unidade territorial de 1.590 km.
A região de Caldas Novas é impulsionada pelo turismo em torno da utilização de um
recurso natural incomum, as águas termais.
Possui atualmente, mais de 60 mil habitantes sendo que a evolução populacional que
se observou nas duas últimas décadas demonstra o verdadeiro inchaço por que este município
tem passado juntamente com o desenvolvimento econômico regional, destacando dentro das
várias atividades o desenvolvimento da agropecuária.
Estimativa Populacional 2013: 77.899

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais.


http://www.cidades.ibge.gov.br 2013

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, em junho de 2011 registram-se em


Caldas Novas 48.242 eleitores ou 1,19% do eleitorado de Goiás.

O município é conhecido por ser a maior estância hidrotermal do mundo, possuindo


águas que brotam do chão em temperaturas que variam de 33° a 60°. A principal fonte de
renda do município é o turismo. Na alta temporada, a cidade chega a comportar mais de 500
mil turistas.
27

A estrutura da cidade conta com hotéis, pousadas, chalés, clubes, boates e bares. Uma
outra grande atração de Caldas Novas é o ecoturismo, vez que a cidade encontra-se às
margens do lago da represa de Corumbá e ao lado da Serra de Caldas.

1.1 Caldas Country Show

O Caldas Country é o maior festival de música sertaneja do Brasil que ocorre todos os
anos na cidade geralmente no mês de novembro. Vários cantores passam pela cidade nos dois
dias de shows, entre os mais famosos estão: Paula Fernandes, Luan Santana, Chitãozinho e
Xororó, Gusttavo Lima, Cristiano Araújo, Jorge e Mateus, Humberto e Ronaldo, Fernando e
Sorocaba e Banda Eva. A média de público nos dois dias de show é de 100 mil pessoas.

1.2 Clima

Segundo dados da Instituição Particular de Goiás (IPGO), a temperatura mínima


registrada em Caldas Novas foi de 5,7 ºC, ocorrida no dia 24 de julho de 2013, enquanto que a
máxima foi de 38,8 ºC, observada no dia 22 de outubro de 2002. O maior acumulado de
chuva registrado na cidade em 24 horas foi de 105,0 mm, em 12 de dezembro de 2006.

1.3 IDHM (1991 e 2013) - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

Comparação entre os municípios mais próximos à cidade de Caldas Novas-GO.

Figura 1

1991 2013

Colocação Município IDHM Colocação Município IDHM

01º Catalão 0,533 01º Catalão 0,766


02º Marzagão 0,510 02º Caldas Novas 0,733
03 º Pires do Rio 0,507 03 º Morrinhos 0,734
04 º Morrinhos 0,498 04 º Pires do Rio 0,744
05 º Caldas Novas 0,497 05 º Urutaí 0,732
06 º Urutaí 0,496 06 º Rio Quente 0,731
07 º Ipameri 0,476 07 º Água Limpa 0,722
08 º Piracanjuba 0,474 08 º Piracanjuba 0,721
09 º Água Limpa 0,454 09 º Orizona 0,715
10 º Corumbaíba 0,427 10 º Ipameri 0,701
11 º Orizona 0,402 11 º Marzagão 0,699
12 º Rio Quente 0,371 12 º Corumbaíba 0,698
28

Fonte: http://cod.ibge.gov.br/11SG

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa usada para classificar os
países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para ajudar a classificar os países como desenvolvidos
(desenvolvimento humano muito alto), em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e
subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo). A estatística é composta a partir de dados de expectativa de
vida ao nascer, educação e PIB (PPC) per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos a nível
nacional. Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. O IDH também
é usado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como
estados, cidades, aldeias, etc. O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul
Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no seu
relatório anual.

1.3.1Critérios

O índice varia de zero até 1, sendo considerado:

 Baixo: entre 0,500 e 0,599;


 Médio: de 0,600 a 0,699;
 Elevado: de 0,700 a 0,799.
 Muito elevado: quando maior ou igual a 0,800.

1.4 Economia

Indicadores socioeconômicos

PIB municipal (2008):...... R$ 693,523 milhões


PIB per capita (2008):...... R$ 10.512,70

Composição do PIB (2008):

 Valor adicionado bruto da agropecuária:...................R$ 41,931 milhões


 Valor adicionado bruto da indústria: ......................... R$ 240,862 milhões
 Valor adicionado bruto dos serviços: ........................R$ 364,745 milhões
 Impostos sobre produtos líquidos de subsídios:......... R$ 45,985 milhões

Dados em de 2 de abril de 2014.

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2013/estimativa_tcu.shtm
29

Dados de matrículas realizadas nas redes de ensino no exercício de 2012

Figua 2
30

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais.


http://www.cidades.ibge.gov.br 2013

Receita orçamentária no exercício de 2012

Figua 3
31

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais.


http://www.cidades.ibge.gov.br 2013

Registro de Morbidades Hospitalares entre 2009 a 2012

Figura 4
32

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais.


http://www.cidades.ibge.gov.br 2013

Em epidemiologia, morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação


à população total estudada, em determinado local e em determinado momento. A quantificação das doenças ou
cálculo das taxas e coeficientes de morbidade e morbi-mortalidade são tarefas essenciais para Vigilância
epidemiológica e controle das doenças que, por sua vez para fins de organização dos serviços de saúde e
intervenção nos níveis de saúde publica podem ser divididas em doenças transmissíveis e Doenças e Agravos
Não Transmissíveis - DANTs.

Figura 5
33

Figura 6

Gráfico 7
34
35

Resultados e discussões

Situando e caracterizando as Classes Hospitalares


Foram analisadas duas classes hospitalares: a primeira, relatada por Paula (2007), atendia
crianças na faixa etária de 06 a 12 anos, com patologias diversas e de culturas variadas. As
classes eram multisseriadas e na maioria das vezes as aulas eram realizadas nas salas de aula,
as classes eram multisseriadas, com professor polivalente.
A outra classe hospitalar observada por este estudo, relatada por Campos, Gonçalves, e
Baptistela (2009); atende a crianças da educação infantil ao ensino fundamental, com a
realização de aulas que ocorriam de segunda a sexta-feira entre 14 h a 17 h. A turma se
dividia em educação infantil, assistida por 1 pedagoga e 1 voluntária, e ensino fundamental
assistida por 1 pedagoga; e na sala de aula estavam presentes elementos que buscavam
lembrar uma sala de aula tradicional.
A primeira classe hospitalar descrita localiza-se em hospital público do estado do Paraná e a
segunda, localiza-se em uma instituição de assistência a crianças com câncer no estado de
Pernambuco.
 O trabalho do pedagogo hospitalar

Realizou-se as análises do trabalho do pedagogo hospitalar nos estudos que descrevem estas
classes hospitalares. Com as análises percebe-se que o trabalho do pedagogo hospitalar é
complexo por diversas situações: as classes hospitalares atendem a um público diverso quanto
a patologias, culturas, local de origem, faixas etárias e tempo de escolaridade; como mostra
Campos, Gonçalves e Baptistela (2009), ao ressaltar a heterogeneidade que também ocorre na
classe escolar.
A diversidade encontrada nas classes hospitalares favorece a socialização e a convivência das
crianças e adolescentes com o outro, contribuindo para o aprendizado do convívio em grupo e
respeito ao próximo e às diferenças existentes na própria sociedade; além de aprenderem
sobre si, suas enfermidades, a vida e a morte.
- 16 -
36

Observa-se que a frequência dos educandos nas classes hospitalares também é muito instável,
como é descrito por Campos, Gonçalves e Baptistela, que mostram, no relato que apresentam,
a presença de apenas 4 alunos numa das aulas observadas pelas autoras.
Outro fator que torna o desenvolvimento do trabalho do pedagogo hospitalar complexo,
refere-se ao primeiro contato com os alunos e seus familiares, pois, é necessário conhecer
suas escolaridades, tempo de internação, relação com a escola de origem, endereço, contatos,
dados pessoais, enfim, tudo o que venha contribuir para identificação do perfil deste aluno,
como ambos os estudos salientam.
De todas essas questões apuradas, também vale a pena ressaltar a questão dos recursos
matérias, pois, nem todas as classes hospitalares contam com o apoio das Secretarias de
Educação local ou de escolas públicas vizinhas, como a classe hospitalar relatada por Paula
(classe A), em que a professora, para diversificar o tipo de material utilizado, trazia-o de sua
casa, o que não foi explicitado no relato da classe hospitalar B, descrita por Campos,
Gonçalves e Baptistela, que conta com o apoio de uma escola pública vizinha.
 Dinâmica da Classe Hospitalar

Continuando com as observações, verificou-se que as classes hospitalares em estudo


divergiam, em algumas situações, na relação das suas práticas no processo educativo e
pedagógico.
Na classe A, relatada por Paula, a professora revia seus planejamentos e os readaptava para as
situações do momento, não havia na sala de aula hospitalar a questão disciplinadora que
ocorre na escola, na maioria das aulas os trabalhos eram desenvolvidos em pequenos ou
grandes grupos. Havia, por parte da professora, a disponibilização de materiais diversos para a
utilização nas atividades como revistas, letras de músicas, artigos de jornais e atividades
xerocadas; eram realizados trabalhos manuais e artísticos como artes plásticas, teatro, música
e vídeo.
Além de todas essas questões que ocorriam nas aulas, a professora procurou desenvolver seu
projeto pedagógico a partir das necessidades e questionamentos dos alunos.
- 17 -
37

Segundo Fontes (2005, p. 124a), “durante o tempo de hospitalização, o volume de


informações que a criança e seus acompanhantes estão submetidos precisa ser trabalhado de
modo pedagógico num contexto de atividades de socialização...”.
No processo educativo e pedagógico desta classe, como mostra Paula (2007, p. 167), “a
proposta era baseada na pedagogia de projetos”, há o relato que o primeiro projeto foi
denominado “Viagem pelo corpo humano”, que surgiu da curiosidade das crianças em relação
a suas enfermidades e, com o passar dos anos, os projetos foram desenvolvidos visando
complementar os anteriores. Desta forma, eram trabalhados também temas como cidadania e
formação social do sujeito.
Já a classe B, mostrada por Campos, Gonçalves e Baptistela, refere-se inicialmente para a
divisão de duas turmas, educação infantil e ensino fundamental, ambas com atividades no
mesmo espaço de sala de aula, porém, com professoras diferentes.
Nas aulas de educação infantil, observa-se que a professora procura adaptar seu planejamento
de acordo com a necessidade do aluno e procura organizar a rotina em momentos
(acolhimento, contação de histórias, atividade do dia), assumindo também uma postura lúdica
e pedagógica, “visando relaxar as crianças antes de iniciar as atividades pedagógicas”
(CAMPOS, GONÇALVES e BAPTISTELA, 2009, p. 14).
Mesmo contendo momentos de ludicidade nas aulas de educação infantil, a prática da
professora não se distancia muito das que ocorrem numa sala de aula de uma escola regular,
pois, as atividades que são realizadas, de acordo com o que é descrito no estudo, são voltadas
para o processo de escolarização e reforço dos conteúdos de séries iniciais, como as vogais,
consoantes, alfabeto, numerais, entre outros.
Nas aulas de ensino fundamental, observa-se um desenvolvimento do trabalho pedagógico de
forma conteudista e tradicional, pois a professora procura apoiar seu trabalho no
acompanhamento dos conteúdos pelo livro didático dos próprios alunos, buscando dar
continuidade ao processo de escolarização como Fonseca aponta ser uma das contribuições
das classes hospitalares.
- 18 -
38

“O atendimento pedagógico-educacional hospitalar contribui para a reintegração da criança


hospitalizada na sua escola de origem ou para seu encaminhamento a matrícula após a alta
[...] (FONSECA, 1999, p. 33b)”.
Além da utilização do livro didático, a professora também realiza atividades complementares
às da escola de forma individual, deixando as atividades coletivas para as aulas de artes.
Mesmo que a dinâmica da classe hospitalar B reflita um modelo tradicional e conteudista,
aproximando-se mais da rotina da classe de uma escola regular, ainda assim, as professoras
demonstram preocupação em prestar a assistência educacional aos seus alunos de forma mais
particular, visando atender as suas necessidades e especificidades.
 Mediação pedagógica nas classes hospitalares

Ao se observar a classe hospitalar A, percebe-se que o cuidado que a professora tinha em


relação ao atendimento das necessidades das crianças que participavam da classe era
constante. Todos os momentos eram tidos como oportunidade de aprendizado e mediação por
parte da professora.
Definir especificamente como era realizada essa mediação é uma tarefa difícil, pois, como
mostra Paula (2007), algumas situações corriqueiras do cotidiano hospitalar tornavam-se
“elementos silenciosos” de aprendizagem na vida dessas crianças. Por exemplo, a presença de
um simples relógio na parede da sala de aula hospitalar, que trazia consigo um significado
particular para cada criança, como o aguardo da alta médica, a hora de algum procedimento
médico e/ou cirúrgico, o retorno de um amigo.
Na maioria das aulas, a professora buscava realizar os trabalhos em círculos ou em grupos,
facilitando, portanto, a relação de aprendizagem em grupo. A professora buscava discutir
questões que envolvem o cuidado com bens coletivos, responsabilidade, cidadania, as
enfermidades, os direitos das crianças e adolescentes.
Nesses debates, a professora aproveitava para sensibilizar as crianças e adolescentes a
exporem nos diálogos suas angústias, medos, sonhos e desejos, dando-lhes a oportunidade de
falar e serem ouvidos também.
- 19 -
39

Demonstrando, portanto, sua disponibilização em dar atenção ao outro, que neste caso é o
escolar enfermo hospitalizado.
“O ofício do professor no hospital apresenta diversas interfaces (política, pedagógica,
psicológica, social, ideológica), mas nenhuma delas é tão constante quanto a disponibilização
de estar com o outro e para o outro. (Fontes, 2005, p. 123ª)”
Como veículo de mediação, a professora priorizava o diálogo, a reflexão, a escuta; porém, em
alguns momentos ela também agia de maneira mais direta na indução de algumas respostas
das crianças. Em geral, a professora conduzia seu trabalho de forma a levar as crianças a
refletirem sobre suas condições sociais, econômicas e de existência, auxiliando-lhes a
“pensarem sobre uma atuação crítica, responsável, democrática e solidária na sociedade”.
(Paula, 2007, p. 162)
A professora também oportuniza a fala das crianças, ouvindo-as quando algo as aflige e
reinventando sua prática para atender às necessidades dos seus alunos para amenizar suas
angústias.
Na classe hospitalar B, a professora responsável pela turma de educação infantil, buscava
utilizar o lúdico como meio para a mediação entre os conteúdos pedagógicos e a situação de
enfermidade das crianças. Ela também procurava utilizar histórias como facilitadora dos
diálogos nas aulas.
Entretanto a professora responsável pelo ensino fundamental, da classe B, apoiava-se nos
conteúdos escolares para sua prática. Ela buscava mediar os momentos de aprendizagem de
forma mais individual, auxiliando os alunos na compreensão dos conteúdos acadêmicos.
As aulas são conduzidas de forma expositiva e a atenção da professora é voltada para o
momento de aprendizagem conteudista. As mediações realizadas são em relação ao processo
de escolarização e continuidade dos estudos, que é uma das contribuições apontadas por
Fonseca.
“O atendimento pedagógico-educacional hospitalar contribui para a reintegração da criança
hospitalizada na sua escola de origem [...]” (Fonseca, 1999, p. 33b).
- 20 -

Assim, as práticas e mediações realizadas na classe hospitalar B, tem como objetivo promover
o desenvolvimento cognitivo visando contribuir para a diminuição do fracasso escolar.
40

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve a finalidade de sinalizar os benefícios das ações educativas nos
hospitais para os alunos lá internados. Ter a possibilidade de dar continuidade em seus estudos no
hospital é um direito da criança e do adolescente, que neste espaço tem seu cotidiano modificado
pela rotina do hospital. A escola no ambiente hospitalar auxilia no desenvolvimento destes
sujeitos na medida em que eles têm a possibilidade de continuarem seus estudos e se relacionarem
com outras pessoas (professores e demais pacientes).
Neste espaço cabe ao professor despertar o interesse dos alunos com atividades interessantes que
possibilitem situações de bem estar, autoconhecimento, socialização e tantas outras coisas que
poderão auxiliar o educando a superar a doença. O professor neste ambiente deve estar consciente
da importância de se adequar os conteúdos as necessidades dos alunos, buscando respeitar os
conhecimentos já trazidos e procurando auxiliar na construção de novos conhecimentos. Desta
maneira, o currículo neste ambiente deve ser pensado na perspectiva de incluir aquilo que os
alunos afastados do seu convívio necessitam. Ele não pode ser imutável, absoluto, inflexível, pelo
contrário a todo o momento deve se buscar mecanismos para que o currículo seja recriado
auxiliando na construção de conhecimentos e identidades.
Infelizmente são poucos hospitais que possuem ações educativas, muitos pais não sabem que este
é um direito dessas crianças enquanto que outros não se atentam para importância que essas ações
educativas têm para os sujeitos envolvidos. As pesquisas e os materiais disponibilizados sobre
esta temática também poucas, faltam medidas para que estas ações educativas alcancem a todos.
Acredito que por mais que sejam poucas as ações educativas nos hospitais, faz-se
necessário refletir como o currículo é construído neste espaço, quais são as práticas que norteiam
este lugar, quais os benefícios para os sujeitos envolvidos. Os resultados dessas ações podem ser
vistas no desenvolvimento físico, emocional e social dos pacientes. A escola no hospital contribui
para o fortalecimento de vínculos entre alunos, pais e professores, além de auxiliar na construção
de conhecimentos significativos para estas crianças dando a elas oportunidade de continuarem
seus estudos e futuramente reingressarem na escola de origem.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Situando e caracterizando as Classes Hospitalares


Foram analisadas duas classes hospitalares: a primeira, relatada por Paula (2007), atendia
crianças na faixa etária de 06 a 12 anos, com patologias diversas e de culturas variadas. As
classes eram multisseriadas e na maioria das vezes as aulas eram realizadas nas salas de aula,
as classes eram multisseriadas, com professor polivalente.
A outra classe hospitalar observada por este estudo, relatada por Campos, Gonçalves, e
Baptistela (2009); atende a crianças da educação infantil ao ensino fundamental, com a
realização de aulas que ocorriam de segunda a sexta-feira entre 14 h a 17 h. A turma se
41

dividia em educação infantil, assistida por 1 pedagoga e 1 voluntária, e ensino fundamental


assistida por 1 pedagoga; e na sala de aula estavam presentes elementos que buscavam
lembrar uma sala de aula tradicional.
A primeira classe hospitalar descrita localiza-se em hospital público do estado do Paraná e a
segunda, localiza-se em uma instituição de assistência a crianças com câncer no estado de
Pernambuco.
 O trabalho do pedagogo hospitalar

Realizou-se as análises do trabalho do pedagogo hospitalar nos estudos que descrevem estas
classes hospitalares. Com as análises percebe-se que o trabalho do pedagogo hospitalar é
complexo por diversas situações: as classes hospitalares atendem a um público diverso quanto
a patologias, culturas, local de origem, faixas etárias e tempo de escolaridade; como mostra
Campos, Gonçalves e Baptistela (2009), ao ressaltar a heterogeneidade que também ocorre na
classe escolar.
A diversidade encontrada nas classes hospitalares favorece a socialização e a convivência das
crianças e adolescentes com o outro, contribuindo para o aprendizado do convívio em grupo e
respeito ao próximo e às diferenças existentes na própria sociedade; além de aprenderem
sobre si, suas enfermidades, a vida e a morte.
- 16 -
42

Observa-se que a frequência dos educandos nas classes hospitalares também é muito instável,
como é descrito por Campos, Gonçalves e Baptistela, que mostram, no relato que apresentam,
a presença de apenas 4 alunos numa das aulas observadas pelas autoras.
Outro fator que torna o desenvolvimento do trabalho do pedagogo hospitalar complexo,
refere-se ao primeiro contato com os alunos e seus familiares, pois, é necessário conhecer
suas escolaridades, tempo de internação, relação com a escola de origem, endereço, contatos,
dados pessoais, enfim, tudo o que venha contribuir para identificação do perfil deste aluno,
como ambos os estudos salientam.
De todas essas questões apuradas, também vale a pena ressaltar a questão dos recursos
matérias, pois, nem todas as classes hospitalares contam com o apoio das Secretarias de
Educação local ou de escolas públicas vizinhas, como a classe hospitalar relatada por Paula
(classe A), em que a professora, para diversificar o tipo de material utilizado, trazia-o de sua
casa, o que não foi explicitado no relato da classe hospitalar B, descrita por Campos,
Gonçalves e Baptistela, que conta com o apoio de uma escola pública vizinha.
 Dinâmica da Classe Hospitalar

Continuando com as observações, verificou-se que as classes hospitalares em estudo


divergiam, em algumas situações, na relação das suas práticas no processo educativo e
pedagógico.
Na classe A, relatada por Paula, a professora revia seus planejamentos e os readaptava para as
situações do momento, não havia na sala de aula hospitalar a questão disciplinadora que
ocorre na escola, na maioria das aulas os trabalhos eram desenvolvidos em pequenos ou
grandes grupos. Havia, por parte da professora, a disponibilização de materiais diversos para a
utilização nas atividades como revistas, letras de músicas, artigos de jornais e atividades
xerocadas; eram realizados trabalhos manuais e artísticos como artes plásticas, teatro, música
e vídeo.
Além de todas essas questões que ocorriam nas aulas, a professora procurou desenvolver seu
projeto pedagógico a partir das necessidades e questionamentos dos alunos.
- 17 -
43

Segundo Fontes (2005, p. 124a), “durante o tempo de hospitalização, o volume de


informações que a criança e seus acompanhantes estão submetidos precisa ser trabalhado de
modo pedagógico num contexto de atividades de socialização...”.
No processo educativo e pedagógico desta classe, como mostra Paula (2007, p. 167), “a
proposta era baseada na pedagogia de projetos”, há o relato que o primeiro projeto foi
denominado “Viagem pelo corpo humano”, que surgiu da curiosidade das crianças em relação
a suas enfermidades e, com o passar dos anos, os projetos foram desenvolvidos visando
complementar os anteriores. Desta forma, eram trabalhados também temas como cidadania e
formação social do sujeito.
Já a classe B, mostrada por Campos, Gonçalves e Baptistela, refere-se inicialmente para a
divisão de duas turmas, educação infantil e ensino fundamental, ambas com atividades no
mesmo espaço de sala de aula, porém, com professoras diferentes.
Nas aulas de educação infantil, observa-se que a professora procura adaptar seu planejamento
de acordo com a necessidade do aluno e procura organizar a rotina em momentos
(acolhimento, contação de histórias, atividade do dia), assumindo também uma postura lúdica
e pedagógica, “visando relaxar as crianças antes de iniciar as atividades pedagógicas”
(CAMPOS, GONÇALVES e BAPTISTELA, 2009, p. 14).
Mesmo contendo momentos de ludicidade nas aulas de educação infantil, a prática da
professora não se distancia muito das que ocorrem numa sala de aula de uma escola regular,
pois, as atividades que são realizadas, de acordo com o que é descrito no estudo, são voltadas
para o processo de escolarização e reforço dos conteúdos de séries iniciais, como as vogais,
consoantes, alfabeto, numerais, entre outros.
Nas aulas de ensino fundamental, observa-se um desenvolvimento do trabalho pedagógico de
forma conteudista e tradicional, pois a professora procura apoiar seu trabalho no
acompanhamento dos conteúdos pelo livro didático dos próprios alunos, buscando dar
continuidade ao processo de escolarização como Fonseca aponta ser uma das contribuições
das classes hospitalares.
- 18 -
44

“O atendimento pedagógico-educacional hospitalar contribui para a reintegração da criança


hospitalizada na sua escola de origem ou para seu encaminhamento a matrícula após a alta
[...] (FONSECA, 1999, p. 33b)”.
Além da utilização do livro didático, a professora também realiza atividades complementares
às da escola de forma individual, deixando as atividades coletivas para as aulas de artes.
Mesmo que a dinâmica da classe hospitalar B reflita um modelo tradicional e conteudista,
aproximando-se mais da rotina da classe de uma escola regular, ainda assim, as professoras
demonstram preocupação em prestar a assistência educacional aos seus alunos de forma mais
particular, visando atender as suas necessidades e especificidades.
 Mediação pedagógica nas classes hospitalares

Ao se observar a classe hospitalar A, percebe-se que o cuidado que a professora tinha em


relação ao atendimento das necessidades das crianças que participavam da classe era
constante. Todos os momentos eram tidos como oportunidade de aprendizado e mediação por
parte da professora.
Definir especificamente como era realizada essa mediação é uma tarefa difícil, pois, como
mostra Paula (2007), algumas situações corriqueiras do cotidiano hospitalar tornavam-se
“elementos silenciosos” de aprendizagem na vida dessas crianças. Por exemplo, a presença de
um simples relógio na parede da sala de aula hospitalar, que trazia consigo um significado
particular para cada criança, como o aguardo da alta médica, a hora de algum procedimento
médico e/ou cirúrgico, o retorno de um amigo.
Na maioria das aulas, a professora buscava realizar os trabalhos em círculos ou em grupos,
facilitando, portanto, a relação de aprendizagem em grupo. A professora buscava discutir
questões que envolvem o cuidado com bens coletivos, responsabilidade, cidadania, as
enfermidades, os direitos das crianças e adolescentes.
Nesses debates, a professora aproveitava para sensibilizar as crianças e adolescentes a
exporem nos diálogos suas angústias, medos, sonhos e desejos, dando-lhes a oportunidade de
falar e serem ouvidos também.
- 19 -
45

Demonstrando, portanto, sua disponibilização em dar atenção ao outro, que neste caso é o
escolar enfermo hospitalizado.
“O ofício do professor no hospital apresenta diversas interfaces (política, pedagógica,
psicológica, social, ideológica), mas nenhuma delas é tão constante quanto a disponibilização
de estar com o outro e para o outro. (Fontes, 2005, p. 123ª)”
Como veículo de mediação, a professora priorizava o diálogo, a reflexão, a escuta; porém, em
alguns momentos ela também agia de maneira mais direta na indução de algumas respostas
das crianças. Em geral, a professora conduzia seu trabalho de forma a levar as crianças a
refletirem sobre suas condições sociais, econômicas e de existência, auxiliando-lhes a
“pensarem sobre uma atuação crítica, responsável, democrática e solidária na sociedade”.
(Paula, 2007, p. 162)
A professora também oportuniza a fala das crianças, ouvindo-as quando algo as aflige e
reinventando sua prática para atender às necessidades dos seus alunos para amenizar suas
angústias.
Na classe hospitalar B, a professora responsável pela turma de educação infantil, buscava
utilizar o lúdico como meio para a mediação entre os conteúdos pedagógicos e a situação de
enfermidade das crianças. Ela também procurava utilizar histórias como facilitadora dos
diálogos nas aulas.
Entretanto a professora responsável pelo ensino fundamental, da classe B, apoiava-se nos
conteúdos escolares para sua prática. Ela buscava mediar os momentos de aprendizagem de
forma mais individual, auxiliando os alunos na compreensão dos conteúdos acadêmicos.
As aulas são conduzidas de forma expositiva e a atenção da professora é voltada para o
momento de aprendizagem conteudista. As mediações realizadas são em relação ao processo
de escolarização e continuidade dos estudos, que é uma das contribuições apontadas por
Fonseca.
“O atendimento pedagógico-educacional hospitalar contribui para a reintegração da criança
hospitalizada na sua escola de origem [...]” (Fonseca, 1999, p. 33b).
- 20 -

Assim, as práticas e mediações realizadas na classe hospitalar B, tem como objetivo


promover o desenvolvimento cognitivo visando contribuir para a diminuição do fracasso
escolar.
46

REFERÊNCIAS

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pid=MSC0000000092006000100048&script=sci_arttext>. Acesso em: 06 nov. 2010.

DA CLASSE À PEDAGOGIA HOSPITALAR:


A EDUCAÇÃO PARA ALÉM DA ESCOLARIZAÇÃO
Rejane de Souza Fontes
Doutora em Educação, Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Professora
Supervisora Educacional no Município de São Gonçalo / RJ.
E-mail: rejanefontes@ibest.com.br
RESUMO:

O trabalho é resultado da pesquisa desenvolvida como requisito para a conclusão do curso de Pedagogia pela Universidade
Federal do Pampa (UNIPAMPA), Jaguarão, RS, Brasil

Graduada em Pedagogia pela UNIPAMPA. E-mail: priscilafpf@yahoo.com.br


49

Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), RS, Brasil, Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, RS, Brasil. Professor na UNIPAMPA. E-mail: bentoselau@unipampa.edu.com
Artigo recebido em 29/03/2011 e aceito em 26/09/2011

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