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de Varredura e Microanálise
Índice
1. Introdução
1
Microscopia Eletrônica de Varredura
e sua Utilização na Resolução de Problemas Industriais
1. Introdução
As microestruturas determinam muitas das propriedades de interesse
para os materiais e sua formação depende fundamentalmente da composição
química e do processamento. Neste contexto, a microscopia eletrônica de
varredura, cada vez mais freqüentemente associada à microanálise eletrônica,
tem um papel de enorme relevância pelas possibilidades de analisar
microestruturas e identificar fases e segregações químicas, que
freqüentemente são associados a interfaces ou defeitos da estrutura.
A microscopia eletrônica associada à microanálise, possibilita por
exemplo, a visualização de detalhes da estrutura, mesmo em dimensões
nanométricas e a análise química localizada na região de interesse; a
importância destes aspectos na resolução de problemas industrias é que será
enfatizada neste curso.
2
2.1 Estrutura de grão
Em um sistema homogêneo um grão é uma região de mesma
orientação, diferindo da orientação da região vizinha; em um sistema
heterogêneo, além da orientação deve-se também considerar possíveis
diferenças de estrutura e de composição química. A Fig.2.1 esquematiza em
(a) o desarranjo atômico no encontro de duas regiões com diferentes
orientações e em (b) e (c) contornos com diferentes graus de desorientação,
acomodados por redes de linhas de discordâncias.
(a)
Fig.2.1 (b) (c)
3
microestrutura pode ser caracterizada como todos os defeitos da rede que
não estão em equilíbrio termodinâmico
Nos policristais, o controle do tamanho de grão é um dos meios mais
utilizados para otimizar propriedades de materiais. Obviamente, além do
tamanho de grão, os contornos de grão desempenham um papel de grande
importância nas propriedades e vários modelos tentam descrever os contornos
de grão. Este modelos geralmente são divididos em dois grupos; o de linhas
de discordâncias (ou “desclinações”) e o de ajuste atômico (atomic-
matching).
O modelo de linhas de discordâncias é uma extensão do modelo de
contorno de baixo ângulo, onde linhas de discordâncias são espaçadas
uniformemente no plano do contorno; supõe-se que uma interface de baixa-
energia é formada pela interação dos campos de deformação das LD nos dois
grãos, como mostrado nas Figs.2.1 (b) e (c).
O modelo de ajuste atômico (atomic-matching) utiliza o conceito de
sítios coincidentes (coincident site lattice, CSL). Uma rede de sítios
coincidentes é formada por sítios das redes dos dois cristais formando um
contorno que coincidem se os cristais forem superpostos.
Σ é o recíproco da densidade de sítios coincidentes em relação aos
sítios do cristal na rede de cristal superposta; em algumas situações
especiais, Σ é pequeno, para orientações arbitrárias Σ → ∞ e não existe CSL.
Por este modelo (Fig.2.2), quanto menor Σ menor é a célula unitária do CSL e
maior o número de sítios coincidentes por volume. Este modelos tornam-se
importantes quando tentamos associar propriedades com um determinado
tipo de contorno, como será visto no uso da técnica de difração associada ao
microscópio eletrônico de varredura, EBSD.
4
Fig.2.2. Modelo CSL, as posições escuras
coincidem nos dois grão quando estes forem
superpostos.
5
regiões livre de defeitos da rede. A razão física para formação de contornos de
baixo-ângulo é o cancelamento do campo de deformação de longo alcance
das LD contornos de alto/baixo ângulo. A Fig.2.3(a) esquematiza um contorno
de baixo ângulo, indicado na micrografia ótica da Fig.2.3(b).
(a) (b)
Fig.2.3
Inúmeras microestruturas bi- ou
multi-fásicas são encontradas nos
materiais de engenharia. Por exemplo, a
Fig.2.4 mostra a micrografia de um aço
inoxidável austenítico duplex onde duas
fases, neste caso, com diferentes
estruturas cristalinas podem ser
visualizadas. A caracterização de outras
microestruturas deste tipo também serão
abordadas neste curso. Fig.2.4
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A Fig.2.5 apresenta uma
micrografia deste tipo numa liga
Al90Fe5Nd5, onde cristais de
dimensões nanométricas de
alumínio primário encontram-se
distribuídos em uma matriz
ainda amorfa.
Fig.2.5
Fig.2.6
7
associadas a dendritas, segregação ou inclusões; exemplos são apresentados
na Fig.2.7.
Fig.2.7
8
2.5 Microestruturas de tratamentos térmicos e termo-mecânicos
Também em microestruturas decorrentes de tratamentos térmicos e
termo-mecânico o interesse microestrutural e analítico está associado à
presença e distribuição de precipitados; exemplos mostrado na Fig.2.8.
(a) (b)
Fig.2.8 (a) Precitados de nitreto de titânio em Nb; (b) estrutura martensítica em
aços.
Fig.2.9
9
3. Microscopia eletrônica de varredura
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conseguirão atingir o detector e para formar a imagem a intensidade do feixe
no TRC é modulada proporcionalmente à intensidade do sinal de elétrons. A
imagem observada será portanto equivalente a posicionarmos nossos olhos
na linha do detector, com o feixe de elétrons iluminando a amostra. O
aumento é simplesmente a relação entre o comprimento da linha de varredura
sobre a amostra e o comprimento da linha de varredura sobre o TRC.
Aumentos maiores são obtidos com a diminuição da área varrida sobre a
superfície da amostra.
Fonte de
Elétrons
Gerador de Câmera
Varredura Fotográfica
Lente
Coluna Condensadora 1 Vídeo
Óptica
Eletrônica Lente Controle de
Condensadora 1 Bobinas de Aumento
Varredura
Lente
Detetor
Objetiva
Elétrons Secundário TCR p/ TCR p/
Elétrons Retro-Espalhados Imagem Registro
1 2 4 5
Amostra
Imagem no vídeo
do TRC
Rastro sobre
a superfície 1’
da amostra 2’
Fig.3.2. Varredura linear sobre uma 3’
4’
5’
superfície irregular; formação 3 4 A
5
da imagem e relação de a
aumento.
a A
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diferentes alturas em uma superfície irregular estejam todas em foco. Isto
pode ser conseguido usando uma abertura de objetiva pequena ou uma
grande distância de trabalho. Porém, quando for necessário o uso de
microanálise por raios-X devem ser usadas correntes de feixe de pelo menos
-10 -8
10 ampéres para EDX e pelo menos 10 ampéres para WDS.
Uma corrente mais alta reduz o ruído na imagem. Porém, o diâmetro do
feixe aumenta quando as lentes são ajustadas para dar corrente mais alta e,
assim, a resolução espacial na imagem de elétrons fica comprometida.
Assim, existe um compromisso entre uma boa taxa de contagem e imagens
de baixo ruído e a capacidade para a visualização de detalhes finos na
amostra. Se for necessário imagens de elétrons secundários de alta
resolução, então o tamanho do feixe e a distância de trabalho devem ser
pequenos. Isto pode ser conseguido usando uma forte polarização das lentes
condensadora e objetiva. Porém, isto limitará a corrente do feixe e, assim, as
imagens podem aparecer ruidosas.
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grade que é mantido a algumas centenas de volts relativo ao cátodo e o ânodo
que é posicionado na base da câmara do canhão e mantido no potencial de
terra.
A distribuição dos elétrons nesta região do "cross-over" em função da
temperatura do filamento pode ser observada na tela, formando uma "imagem
do filamento" e é geralmente utilizada para determinar o ponto de saturação
do filamento. Para uma dada configuração geométrica do canhão, o valor da
intensidade no "cross-over" em condições de saturação depende do potencial
de polarização.
O cilindro de Whenelt é polarizado negativamente em relação ao
filamento e atua como uma grade que repele os elétrons emitidos e os
focaliza para um ponto (spot) de diâmetro do (denominado de 'diâmetro de
fonte virtual') e ângulo de divergência igual a 2α. Portanto o canhão é
essencialmente uma lente eletrostática que forma um feixe de elétrons de
diâmetro do numa posição imediatamente abaixo do furo do anodo.
(a) (b)
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para baixo na coluna em direção à amostra, por meio de uma combinação de
lentes e aberturas. A diferença de potencial entre o filamento e o ânodo, que
é a tensão de aceleração, governa a velocidade, a energia e o comprimento de
onda dos elétrons O ânodo tem que estar a uma distância suficiente da grade
pra evitar descargas. A corrente emitida é tipicamente 50 mA, e é
consideravelmente maior que a corrente que eventualmente atinge a amostra.
Em um MEV, a alta tensão aplicada à grade é negativa e pode variar
entre várias centenas a alguns milhares de volts. Esta alta tensão acelera os
elétrons para baixo dentro da coluna elétro-ótica. Quanto mais alta a tensão de
aceleração, maior a energia e mais curto o comprimento de onda dos elétrons.
Uma vez que entre o filamento e a grade existe algumas centenas de volts, a
tensão de aceleração efetiva pode diferir da tensão de alimentação.
Cilindro de Wehnelt
O cilindro de Wehnelt ou grade tem duas funções principais: a primeira
para controlar o grau de emissão de elétrons do filamento e a segunda para
permitir que os elétrons sejam direcionados para dentro do canhão.
A grade é mantida a um potencial mais negativo que o filamento. Se
esta é muito negativa, o canhão será cortado porque os elétrons serão
repelidos em lugar de ser atraídos pela abertura da grade, até o ânodo. Em
uma polarização próxima e abaixo da de corte, somente elétrons da ponta do
filamento atingirão a grade. Reduzindo a polarização, ocorre um aumento
adicional da corrente do canhão pela atração de mais elétrons do filamento
mas, eventualmente, isto dá origem a um feixe oco que não pode ser focado
corretamente.
A posição do filamento relativo à grade é crítico. Se está muito muito
distante (para dentro), a máxima corrente disponível é reduzida e o canhão
corta com uma polarização pequena.
Se ele estiver muito para fora, pode ser obtida uma corrente no canhão
mas sem nenhum controle da emissão e a fonte efetiva é maior. O filamento
também deve ser centrado com precisão, relativamente à abertura de grade ou
o feixe emergirá com um ângulo relativo ao eixo. Ajustes de posicionamento
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do canhão e bobinas de inclinação do feixe fornecem compensação para
possíveis desalinhamentos.
Se a alta tensão é aplicada à grade, e o filamento está conectado por
um resistor de vários megaohms, então o canhão é auto-polarizado; quando a
emissão aumenta, isso faz com que a tensão pelo resistor e o aumento da
polarização reduza a emissão e, assim, estabilizando o canhão através de
uma realimentação negativa.
Fig.3.4
Para que os elétrons no filamento escapem do material eles
necessitam energia suficiente para superar a energia da função de trabalho
Ew do material. Esta energia é provida pelo calor provido pelo filamento que é
aquecido pela corrente de polarização.
LaB6 também é um emissor do tipo termoiônico geralmente usado com
uma função de trabalho menor que a do tungstênio.
A termo corrente do feixe (i b) é a corrente no feixe que se move para
baixo na coluna como resultado de combinações de lentes e aberturas pelas
quais o feixe passa.
A termo corrente de sonda (i p) é a corrente medida na amostra que é
igual à corrente do feixe na amostra.
Um feixe estável é essencial para microanálise quantitativa de raios-X
precisa, uma vez que uma variação no número de elétrons incidentes na
amostra será refletido produção de raios-X.
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Idealmente, qualquer variação na corrente de aquecimento do filamento
deveria ter um efeito mínimo na corrente do feixe.
O grau de emissão de elétrons pode ser monitorado em mais de um
modo, dependendo do projeto do MEV. O ponto de saturação para um
filamento pode ser monitorado observando-se a variação do traço no CRT, ou
monitor, que representa o sinal da amostra. A condição onde um aumento na
corrente de filamento já não produz um aumento na compensação (offset) de
intensidade da linha, é o ponto de saturação do filamento. Porém, para uma
determinada corrente de filamento, o ajuste de posição do filamento e
inclinação do feixe devem ser eletricamente ou mecanicamente alinhados
para maximizar a corrente de emissão, e o ponto de saturação deve ser re-
conferido depois do ajuste de alinhamento do canhão.
Porém, alguns projetos de MEV permitem ao operador obter uma
imagem demagnificada do ponto de crossover da fonte sobre a amostra. Isto
permite a visualização da distribuição de elétrons que deixam o filamento
como uma função da corrente de aquecimento do filamento.
Esta imagem de emissão é formada da seguinte maneira. As bobinas
de varredura, responsáveis pelo rastreamento do feixe sobre a amostra, são
desligadas, e corrente é aplicada às bobinas de deslocamento e inclinação do
canhão, para varrer o feixe a partir do topo da coluna.
Este crossover varrido é então incidido na amostra. Elétrons
secundários são produzidos, detectados pelo detector de elétrons secundários
e, assim, é produzida uma imagem deste crossover da fonte.
O número de elétrons secundários, produzido em um determinado
ponto na amostra, reflete o número de elétrons incidentes na amostra e,
conseqüentemente, na distribuição de elétrons emitidos pelo filamento. Isto é
conhecido como modo de imagem de emissão.
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A relação entre a corrente de
filamento e a corrente do feixe é a
seguinte; inicialmente, quando a
corrente de aquecimento é
aumentada, a corrente do feixe
aumenta para um máximo inicial
(conhecido como ponto falso de
saturação), antes de cair e subir Fig.3.5
novamente para um ponto em que a
corrente do feixe não mais aumenta,
Fig.3.5.
Isto é conhecido como o ponto de saturação, e qualquer aumento
adicional na corrente de aquecimento somente reduz a vida do filamento.
Com o filamento operando no ponto de saturação, um pouco acima do
'joelho' da curva, a emissão é estabilizada pelo circuito de auto-polarização do
canhão. Operando abaixo deste valor, ela tende a cair.
Brilho de um filamento
A densidade de corrente do feixe é definida como sendo a razão da
corrente no feixe dividida pela área de seção transversal
Jb = corrente / área
2
Jb = ib / [p (d/2) ]
Onde ib é a corrente no feixe em qualquer ponto na coluna e d é o diâmetro do
feixe. Porém, esta expressão não leva em conta o espalhamento angular ou
divergência do feixe pelas lentes na coluna.
O parâmetro mais importante para descrever o desempenho de uma
fonte de elétrons é o seu brilho, β, definido como a densidade de corrente pelo
2
ângulo sólido nas unidades de A/(m )(sr) e expresso como
β = densidade de corrente / ângulo sólido
β = Jb / p a
2
(3.1)
17
2
O ângulo sólido em esterioradians (sr) é aproximado por p a onde a é a
convergência do feixe ou divergência em um determinado ponto na coluna.
Ignorando aberrações de lente, o brilho é constante em qualquer determinado
ponto ao longo da coluna e serve como uma comparação útil entre fontes de
emissão. Quanto maior β, maior a resolução do microscópio.
Dois tipos de fontes de elétrons são normalmente utilizados nos
microscópios eletrônicos; as de emissão termiônica (que inclui os filamentos
de tungstênio e os de hexaborato de lantânio, LaB6) e as de emissão de
campo ("field emission gun", FEG). As diferenças entre elas estão associadas
basicamente ao brilho, que de maneira simplificada representa a corrente de
elétrons no feixe.
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necessárias imagens de alta resolução que requerem diâmetros de sonda
pequenos.
A principal vantagem de um filamento de tungstênio é a excelente
estabilidade de corrente que é essencial para microanálise precisa. Porém
suas desvantagens são sua vida e brilho limitados.
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prevenir acúmulo de compostos na superfície do emissor que reduz a emissão
do filamento.
O emissor de elétrons neste tipo de filamento é feito de um pedaço
pequeno de um mono-cristal de LaB6, tipicamente com 0.5 mm em
comprimento e 100 µm em diâmetro.
O aquecimento demasiado do cátodo deve ser evitado e, idealmente, o
filamento deve ser operado logo abaixo do ponto de saturação para maximizar
-7
a vida do filamento. O vácuo na área do canhão deve ser melhor que 10 torr.
A forma da grade e o valor da tensão de polarização requer modificação do
projeto do canhão se LaB6 for usado para substituir um filamento de
tungstênio.
Fig.3.7 Esquematização de um
canhão de emissão de campo
(FEG).
20
Os canhões FEG podem operar de dois modos; com emissão de
campo fria e com emissão de campo termicamente ajudados. A operação
básica do FEG é a extração de elétrons de uma ponta muito fina de um mono-
cristal de tungstênio, usando um campo elétrico local muito alto, gerado entre
a ponta e o ânodo de extração. Esta voltagem de extração V1, essencialmente,
controla a corrente de emissão. Quanto maior esta voltagem de extração,
maior a corrente de emissão. Um ânodo adicional é usado para acelerar os
elétrons até a tensão de aceleração exigida e é mantido entre 1 e 30 kV
conhecido como V0. A ponta do mono-cristal de tungstênio geralmente é
montada sobre um outro filamento de tungstênio. Campos elétricos muito
altos podem ser gerados nestas pontas muito finas, e isto é alcançado
aplicando-se alguns kilovolts à ponta relativamente oo para o primeiro ânodo
como mostrado no arranjo esquemático da figura do canhão.
Este alto campo elétrico, concentrado na ponta da fonte reduz
efetivamente a barreira potencial dos elétrons no material de tal forma que
eles criam um túnel por esta barreira e saem do material sem a necessidade
de ativação térmica.
Este par de ânodos fornece o foco eletrostático similar para ao
encontrado no arranjo do canhão termoiônico convencional. Um ponto de
crossover dos elétrons é formado e este é demagnificado sobre a superfície
do espécime, pelas lentes na coluna. Podem ser formadas altas correntes em
sondas pequenas (1 - 2nm), tipicamente de 1nA, através de fontes de
emissão de campo. Porém, emissores de tungstênio e de LaB6 produzem
mais corrente na sonda que emissores de campo para tamanhos de sonda
nominalmente maiores que 200 nm.
-10
a) cátodos de emissão de campo fria necessitam um vácuo melhor que 10
torr na área do canhão para uma operação estável e prevenir absorção de
átomos de gás residuais na área da ponta. Mesmo assim, com o tempo,
porém, a emissão de elétrons cai exponencialmente. Para que a emissão de
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elétrons permaneça constante, a voltagem de extração deve ser aumentada
até um certo valor quando a ponta produzir um ‘flash'. A ponta é
momentaneamente aquecida, o que remove alguma contaminação da área da
ponta. O FEG frio tem um ponto de crossover de diâmetro pequeno de tal
forma que é necessário uma pequena demagnificação da fonte e uma energia
pequena é espalhada (0.3eV). Esta fonte de alto brilho tem uma vantagem
enorme para produzir imagens com alta resolução mas tem uma desvantagem
para análise precisa de quantitativa de raios-X porque a estabilidade da
corrente é que nos canhões convencionais.
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fonte de iluminação e a capacidade de focalizar elétrons no microscópio é
alcançada usando-se lentes eletrônicas. Estas podem ser eletrostáticas ou
eletromagnéticas. Lentes eletrônicas estão todas sujeitas a aberrações mas
menos no caso de lentes eletromagnéticas que em lentes eletrostáticas. O
papel principal de lentes eletromagnéticas em colunas eletro-óticas são a de
demagnificar a fonte de elétrons para formar um feixe incidente de diâmetro
muito menor na superfície da amostra.
A intensidade de atuação da lente pode ser variada ajustando-se a
quantidade de corrente que flui através das bobinas ao redor do núcleo de
ferro do eletro-ímã. Há duas lentes principais usadas em um MEV: a
condensadora e a objetiva. A condensadora afeta o número de elétrons no
feixe para um determinado tamanho de abertura de objetiva, e as lentes
objetivas focam os elétrons na superfície da amostra, disposta a uma
determinada distância de trabalho ("working distance").
A formação da imagem pelos elétrons na lente eletromagnética é
geometricamente equivalente à formação da imagem por uma lente ótica
ilustrada na Fig.3.8. O diagrama de raios da lente e com isso o seu plano da
imagem pode ser construído lembrando-se que:
a) raios paralelos convergem sempre para um mesmo ponto no plano focal da
lente,
b) o ponto focal dos raios paralelos ao eixo ótico está localizado no eixo ótico,
c) não há desvio para os raios que passam pelo ponto de interseção entre o
eixo ótico e o plano principal da lente.
A geometria do diagrama de raios permite uma fácil dedução das
chamadas "fórmulas de lente" e demonstra que o aumento da lente depende
apenas da sua distância focal e da posição do objeto em relação ao seu
plano principal. No caso de lentes eletromagnéticas, a distância focal é
modificada de maneira simples pela variação da corrente elétrica que passa
pela bobina de excitação.
23
Fig.3.8 Diagrama de raios de
uma lente ótica. O aumento M
da lente depende das distâncias
a e f.
24
Se N é o número de voltas, então a distância focal ou intensidade da
lente (f) é determinada por:
2
f = AV0 / (Ni)
onde A é uma constante determinada pelo desenho (projeto) e V0 é a
voltagem pela qual os elétrons foram acelerados.
Os elétrons acelerados dentro da coluna são afetados pelo campo e,
sob certas condições, seus trajetos formam hélices. A ação de foco destas
lentes formadoras de pontos focais é convergir os elétrons apertando o raio
dos seus caminhos helicoidais.
25
Um valor típico do diâmetro do feixe antes de atingir a primeira lente
condensadora é da ordem de 60µm, e sobre a amostra, da ordem de 3 a
10nm.
Em geral o sistema de lentes é composto de duas condensadoras e
uma objetiva. Na maioria dos microscópio as lentes condensadoras são
controladas automática e simultaneamente e a distância focal da lente
objetiva é ajustada para focalizar o feixe sobre a superfície da amostra. A
distância da superfície da amostra à parte inferior da lente objetiva é chamada
de distância de trabalho (DT) e quando esta distância varia, a corrente da
objetiva deve ser ajustada para continuar focalizando o feixe sobre a superfície
da amostra.
Dois pares de bobinas de varredura são localizados dentro da lente
objetiva, com a função de varrer o feixe sobre uma área na superfície da
amostra. Utiliza-se um sistema de deflexão duplo, produzido pelo campo
magnético dos pares de bobina.
Lentes Condensadoras
O papel principal da lente condensadora, Fig.3.11, é controlar o tamanho do
feixe e, para um determinado tamanho de abertura de objetiva, determina o
número de elétrons no feixe que atingirão a amostra. Até três lentes de
condensadoras podem ser freqüentemente encontradas em MEVs. O controle
que ajusta a intensidade da lente condensadora difere de um fabricante de
microscópio para outro e pode ter as seguintes denominações: tamanho de
"spot", resolução ou intensidade de C1.
26
Quanto maior for a corrente que flui pela
condensadora, maior a intensidade da
lente, menor o diâmetro de feixe
resultante e maior o ângulo de
convergência para um determinado
tamanho de abertura de objetiva,
conseqüentemente, menor a corrente de
feixe que atingirá a amostra. A lente
condensadora reduz o diâmetro do "cross
over" d0 e o ângulo de divergência a0 para
um diâmetro d1 e um ângulo de
Fig.3.11
divergência a1 como mostrado na
Fig.3.11.
A intensidade da lente condensadora determinará o tamanho do ângulo
de divergência deste 'segundo ponto de crossover. Deste modo a distância
entre a lente e o segundo crossover varia com a intensidade da lente.
Lentes Objetivas
Essencialmente, a intensidade da lente
objetiva varia a posição do ponto no qual os
elétrons são focalizados na amostra. Este
ponto pode, então, ser focado em diferentes
distâncias de trabalho, onde a distância de
trabalho é definida como a distância entre a
última peça polar da lente objetiva e o ponto
de foco sobre a amostra, Fig.3.12.
Geralmente há uma abertura localizada no
mesmo plano que a lente objetiva. O
diâmetro desta abertura pode ser variado.
Fig.3.12
Esta abertura, então, seleciona um
subconjunto de ângulos a1.
27
A abertura da objetiva controla o número de elétrons que alcançam a
amostra. Também controla o ângulo de convergência final do feixe de elétrons
sobre a amostra que conseqüentemente determina a profundidade de campo
(ou de foco). Maiores profundidades de campo podem ser alcançadas com
ângulos de convergência menores. O ajuste da intensidade da lente objetiva
muda o ponto no qual os elétrons vêm a ser focados. A distância de trabalho é
definida como a distância entre a última peça polar da lente objetiva e a
posição da amostra na qual os elétrons estão focados sobre a amostra. Para
que a imagem final esteja em foco, o porta amostras deve ser ajustado, tal
que a amostra esteja na mesma posição em altura que o ponto de focal do
feixe de elétrons. Uma fraca intensidade de lente objetiva dará origem, então,
a uma grande distância de trabalho, por outro lado, forte intensidade de lente é
necessária para uma menor distância de trabalho.
28
Em resumo, se a intensidade da lente condensadora é aumentada
então d1 diminui, isto aumentará o ângulo de divergência. A corrente que
atravessa a lente objetiva é controlada pelo tamanho da abertura objetiva.
Porém, a aberração esférica da lente magnética colocará um limite inferior no
tamanho da abertura objetiva usada que vai então, limitar o número de
elétrons sobre a amostra.
29
3.4 Interação feixe-amostra
A interação de um feixe de elétrons de alta energia com a superfície de
uma amostra resulta na emissão de elétrons e de raios-X com uma faixa de
distribuição de energia e, em alguns casos, com emissão de radiação
catodoluminescente que possui menor energia que raios-X.
Os elétrons gerados pela interação do feixe primário com a amostra
podem ser divididos em três tipos: retro-espalhados, secundários e Auger.
Elétrons retroespalhados podem ser emitidos devido a espalhamento
elástico, a espalhamento de plasmons (oscilações coletivas e quantizadas dos
elétrons da banda de condução) ou transições interbandas e a espalhamento
inelástico. Estes três tipos são referidos como tipos 1, 2 e 3 respectivamente.
Elétrons espalhados elasticamente saem basicamente com a mesma
energia que o feixe incidente, enquanto que os espalhados inelasticamente,
geralmente sofrem várias interações de espalhamento e saem da amostra
com um espectro de energia menor que a energia do feixe. Elétrons do tipo 2
são espalhados por interações que produzem oscilações de plasmons no
material da amostra ou uma transição de elétrons da amostra entre diferentes
bandas de energia. Essas transições requerem uma quantidade de energia
específica, que difere de elemento para elemento e algumas vezes difere
também se os elementos estão presentes como elementos puros, ou na
forma de óxidos, hidretos, nitretos, etc. Elétrons retroespalhados desse tipo
são chamados de elétrons de perda de energia porque perdem uma
quantidade específica de energia, podendo ser detectados por um
espectrômetro magnético.
Elétrons secundários são elétrons de baixa energia (abaixo de 50eV), e
são formados pela excitação de elétrons fracamente ligados ao núcleo, devido
a interação com elétrons primários ou elétrons espalhados de qualquer tipo,
de alta energia, passando próximo a superfície.
Quando um elétron de uma camada interior de um átomo é arrancado
por um elétron de alta energia (do feixe primário), o átomo pode retornar ao
seu estado de energia original com a movimentação de um elétron de uma
camada mais externa para a camada interior vacante. Neste processo, existe
30
liberação de energia, que é acompanhada ou pela emissão de um fóton ou
pela emissão de outro elétron da camada mais externa. A emissão de fóton
resulta no espectro característico de raios-X e a emissão de elétrons é
conhecida como efeito Auger. Também neste caso, as energias tanto do fóton
como do elétron emitidos são características dos elementos que os gerou,
possibilitando a obtenção de informações das características químicas do
material.
A emissão de luz visível devido a interação feixe-amostra é chamada de
catodoluminescência, e é um fenômeno menos geral que a emissão de
elétrons ou de raios-X. O efeito catodoluminescente ocorre para sulfeto de
zinco e outros fósforos usados em tubos de raios catódicos, além de alguns
outros semicondutores, minerais e materiais biológicos. A intensidade e o
comprimento de onda da luz emitida é função do material o que permite
análise química qualitativa.
Os tipos de espalhamento de elétrons que resulta nestes divesos tipos
d sinais serão detalhados nos itens a seguir.
A Fig.3.14 mostra esquematicamente o espalhamento que ocorre
abaixo da superfície da amostra, decorrente da interação feixe de elétrons -
amostra. Esta Fig. mostra também os sinais que são gerados em decorrência
da interação elétron-matéria; apesar do feixe poder ser condensado até um
diâmetro da ordem de 10nm, a geração de raios-X estará ocorrendo sobre um
volume aproximadamente 100 vezes maior. Este volume é chamado de
volume de interação e também será discutido com mais detalhes adiante.
Fig.3.14. Espalhamento do
feixe de elétrons no
interior da amostra e os
sinais gerados .
31
3.4.1 Espalhamento elástico e inelástico
Quando elétrons atravessam um material eles interagem com os átomos
através de uma força eletrostática e podem ser espalhados inelástica ou
elasticamente, Fig.3.15.
O espalhamento elástico conser-
va ambos: a energia e o momento dos
elétrons e envolve uma interação Cou-
lumbiana com o núcleo atômico e
todos os elétrons ao redor dele. Tal
espalhamento dá origem aos elétrons
retroespalhados e difração. Eventos de
espalhamento inelásticos resultam na
transferência de energia entre o feixe
incidente de elétrons e a matéria com a
qual eles interagem. Fig.3.15
Estes eventos de espalhamentos inelásticos podem produzir raios-X, elétrons
secundários, fônons ou plasmons.
A probabilidade que um elétron tem de sofrer um evento de
espalhamento em particular é descrito pelo livre caminho médio para aquele
tipo de particular de evento de espalhamento.
32
λ = Α / (ΝΑρσ)
onde σ é a seção transversal em cm , A é o peso atômico em g/mol, NA é o
2
Espalhamento elástico
Elétrons que perdem energia cinética desprezível ao interagir com a
amostra são elétrons espalhados elasticamente. Porém, a trajetória do elétron
pode ser substancialmente desviada, como resultado de uma colisão elástica.
A interação entre o elétron incidente e a carga do núcleo atômico
(espalhamento de Rutherford) é Coulumbiano. Geralmente, menos de 1eV
energia é transferido do feixe de elétrons ao espécime. Como resultado deste
espalhamento elástico, o caminho do elétron é desviado de sua direção inicial
por um ângulo F que pode ter valores entre 0-180°. Em média o caminho do
elétron incidente é desviado somente de alguns graus, mas eventos de alto
ângulo ainda são possíveis. A seção transversal do espalhamento de
Rutherford para deflexões de ângulos maiores que F é determinado por:
σ(F) = 1.62 x 10
-14 2 2 2
(z / E0 ) cotan (F /2)
onde z é número atômico e E0 é a tensão de aceleração.
A seção transversal de espalhamento então aumenta com o quadrado
do número atômico, e diminui com o quadrado do inverso da tensão de
33
aceleração. O espalhamento elástico é o efeito principal que degrada a
resolução espacial de microanálise.
Espalhamento inelástico
Como resultado de uma interação inelástica
entre um elétron incidente e um átomo, pode
ser transferida energia aos elétrons de
camadas fracamente ligadas, elétrons das
camadas exteriores ou aos elétrons de
camadas internas firmemente ligados,
Fig.3.16. Em ambos os casos a energia
cinética do elétron incidente diminui e uma Fig.3.16
certa quantidade de energia é transferida ao
átomo, dependendo do tipo de processo.
Há numerosos tipos de eventos de espalhamento inelásticos, e
somente aqueles comumente observados em mcroanálise em microscópios
eletrônicos serão discutidos aqui.
34
?min = 12.396/E0
onde E0 é a energia do feixe em keV.
Catodoluminescência
Catodoluminescência (CL) é um termo que descreve o processo da
emissão de radiação eletromagnética nas regiões: visíveis, ultravioletas e
infravermelhas do espectro quando certos materiais são bombardeados com
elétrons de alta energia. Estes materiais emissores de luz, que geralmente
são isolantes ou semicondutores, têm preenchidas as bandas de valência e
de condução vazia com "gaps" de banda específicos do próprio material.
Quando um elétron incidente se espalha inelasticamente para fora do
átomo, elétrons na banda de valência preenchida podem ser promovidos para
a banda de condução, enquanto deixando uma vacância na banda de valência.
As energias dos "gaps" de banda estão, tipicamente, entre 2 e 5eV. Pares
elétron-lacuna vão se recombinar e liberar o excesso de energia na forma de
luz ou CL.
35
A eficiência de CL é determinada através da competição entre eventos de
recombinação radioativos e não-radioativos e, então, qualquer imperfeição, química
ou estrutural, na estrutura cristalina pode alterar as características de CL.
Espalhamento de fônons
Uma quantidade significativa da energia perdida na amostra pelos
elétrons incidentes, resulta na criação de fônons, ou vibrações da rede. Em
cada interação, os elétrons incidentes podem perder ou podem ganhar energia
da ordem de kT (0.025 eV) onde T é temperatura em graus Kelvin e k é a
constante de Boltzman.
Tais interações fazem os átomos na rede vibrar, e isto efetivamente
aquece o sólido. Entretanto, a perda de energia é mínima, mas ângulos de
espalhamento podem ser significativos.
Espalhamento de Plasmons
Um plasmon é um termo dado à oscilação coletiva dos elétrons de valência
em um átomo que acontece como resultado da interação de Coulumbiana
com o elétron incidente. A energia do plasmon é determinada por
2
Ep =?
v (ne / m)
onde n é o número elétrons livres ou de valência por unidade de volume da
amostra, m é a massa do elétron e e é a carga do elétron. Valores típicos são
0 - 50 eV, que é transferido do elétron incidente. A meia largura angular deste
espalhamento é determinada por
?p = Ep / 2E0
onde E0 é a energia dos elétrons incidentes em eV e Ep é a energia do
plasmon. Ângulos de espalhamento típicos são da ordem de 0.5 mrad, e o
livre caminho médio para espalhamento de plasmons é tipicamente da ordem
de 50-150 nm.
36
Espalhamento individual
Se o elétron incidente interage com elétrons individuais, ao invés de
coletivamente para produzir um plasmon, podem ser emitidos elétrons de
baixa energia, conhecidos como elétrons secundários. Estes elétrons são
caracterizados por terem uma energia cinética menor que 50 eV. No caso de
metais estes são os elétrons de condução.
Em semicondutores, secundários são produzidos pela geração de
pares elétron-lacuna, e em isolantes, pela liberação de elétrons de valência.
Estes elétrons podem estar sujeitos a eventos de espalhamento adicionais
pelos quais a energia é perdida, e então, somente elétrons que têm energia
suficiente para superar a energia de barreira de superfície podem escapar do
material e podem contribuir com o sinal detectado; aqueles na superfície da
amostra. Também são emitidos secundários quando elétrons retroespalhados
deixam a amostra, freqüentemente mais distantes do feixe.
37
sua trajetória pela amostra. Um gerador de número aleatório é usado para dar
uma visão realística de como física e probabilidade alteram a trajetória em
cada ponto ao longo de seu caminho.
Vários parâmetros podem ser obtidos de tais simulações, inclusive o
coeficiente de retroespalhamento (h), que é determinado contando-se o
número de elétrons incidentes que saem da superfície do amostra. Uma
simulação de Monte Carlo também pode ser usada para determinar a
distribuição de profundidade de produção raios-X dentro da amostra. Este
parâmetro essencial é necessário para calcular as várias matrizes de efeitos,
tais como: absorção e fluorescência que acontecem quando raios-X são
transmitidos pela amostra. A determinação precisa destas matrizes de efeitos
é necessária para a determinação da composição da amostra a ser
determinada pela medida de intensidades de raios-X.
Existem vários programas envolvendo o método de Monte Carlo,
disponíveis para simular trajetórias de elétrons em uma amostra, cada um
usando um modelo físico ligeiramente diferente. Apesar disso, nos modelos
usados, a forma geral do volume de interação gerado pelas diferentes
simulações é bem parecido. Um grande número de trajetórias deve ser
calculado para obter uma forma realística do volume de interação.
A distribuição de trajetórias está contida dentro do volume de interação, que
tem forma e dimensões fortemente afetados pelo número atômico da amostra, pela
energia do feixe incidente dos elétrons e o ângulo de inclinação da amostra. Se o
evento de espalhamento dominante é elástico, (que altera a direção de uma trajetória
do elétron significativamente), ou inelástico, (que resultará em perda de energia)
depende do número atômico do material e da energia do feixe usado.
Se o evento dominante for elástico, os elétrons tenderão a se espalhar para
longe da direção do feixe incidente, dando 'largura' ao volume de interação. Por outro
lado, se o evento dominante for inelástico, os elétrons sofrerão menor desvio e
penetrarão na amostra ao longo das suas trajetórias originais, mas perdendo energia
durante seu trajeto. A Fig.3.17 mostra o volume de interação em uma amostra grossa
não inclinada de silício a 20kV. Em qualquer ponto ao longo de uma determinada
trajetória, podem ser produzidos fótons de raios-X se a energia do elétron ou do
38
próprio raios-X é maior que a aresta de absorção associada com uma linha de
emissão característica.
39
dependência com o inverso do quadrado da energia de elétron. Quando a energia do
feixe aumenta, os elétrons penetram mais na amostra, sofrendo colisões inelásticas
ao longo de um caminho próximo a direção da feixe incidente. Quando os elétrons
perdem energia, a probabilidade de espalhamento elástico aumenta, e eles
começam a ser desviados dos seus caminhos originais, possivelmente voltando para
trás para a superfície da amostra depois de eventos múltiplos de espalhamento.
Um fator adicional que afeta a forma geral e dimensões do volume de
interação é a taxa com a qual os elétrons perdem energia, como determinado
pela expressão de Bethe. Esta diz que a taxa de perda de energia é
inversamente proporcional à energia do elétron. Isto significa que quando a
energia de feixe de elétron aumenta, a taxa com a qual estes elétrons perdem
energia diminui, desta forma eles penetrarão mais na amostra.
Esta relação entre a energia do elétron e a taxa de perda de energia
quando atravessam a amostra, significa que, aumentando-se a energia do
feixe, nem sempre conduz ao aumento de danos na amostra. Por exemplo, no
caso de uma amostra grossa, aumentando-se a tensão, para uma corrente de
feixe constante, conduz a uma maior quantidade de energia que é depositada
na amostra. Porém, energia depositada na amostra sobre um volume maior e,
em alguns casos, ela não é a energia total que conduz a danos, mas a energia
depositada por unidade de volume.
40
A Fig.3.18 mostra o efeito da voltagem e do número atômico do
material no volume de interação; quanto maior a voltagem de aceleração e
menos densa a amostra, maior será a penetração do feixe.
incl = 0o Si Ni Mo
5kV
10kV
20kV
incl = 20o Si Ni Mo
5kV
10kV
20kV
41
3.5 Tipos de Sinais
O feixe de elétrons interage
com a região próxima à superfície de
uma amostra até uma profundidade
de aproximadamente alguns mícrons,
dependendo da tensão de aceleração
e da densidade do material, conforme
esquematizado na Fig. 3.19.
Fig. 3.19
São produzidos numerosos sinais como resultado desta interação que
podem ser detectados, através de detectores apropriados, para fornecer
informações sobre a amostra. Estes sinais incluem emissão secundária de
baixa energia, geração de elétron Auger, emissão de raios-X característico,
raios-X contínuo, emissão de elétron retroespalhados e catodoluminescência.
Alguns destes sinais serão apresentados com maior detalhamento nos itens a
seguir.
Elétrons Auger
O bombardeamento da amostra por elétrons de alta energia resulta em
átomos ionizados a uma certa profundidade, esta depende da tensão de
aceleração e da densidade do material, mas tipicamente é da ordem de 1um.
Um átomo ionizado pode emitir raios-X característico ou energia liberada
como um elétron. Um elétron preenchendo a vacância inicial pode lançar outro
elétron do átomo em uma transição de baixa emissão de radiação chamada
de efeito de Auger.
Se um elétron da camada interna K é lançado e um elétron da camada
L preenche esta vacância, liberta energia e lança um elétron Auger da camada
L, a transição de Auger é então chamada de transição KLL.
Medidas das energias características dos elétrons de Auger formam a
base da espectroscopia de Auger. As energias dos picos de elétron Auger
permitem que todos os elementos, exceto hidrogênio e hélio, possam ser
42
identificados, uma vez que no mínimo três elétrons são necessários para o
processo de emissão.
A espectroscopia Auger é uma técnica sensível à superfície, uma vez
que elétrons Auger gerados mais profundamente, que os das camadas
superficiais, perderão a sua 'assinatura' de energia enquanto caminham para
fora da amostra. Desta forma, o sinal detectado inclui elétrons gerados apenas
das poucas primeiras mono-camadas da amostra - aqueles que têm energia
suficiente para escapar.
Além dos picos Auger principais presentes no espectro, freqüentemente
uma fina estrutura pode ser vista em ambos os tipos de amostras, não-
metálicas e metálicas, que são originados principalmente de efeitos químicos.
A técnica é importante na caracterização de camadas superficiais e,
geralmente, é usado para monitorar o crescimento de filmes de epitaxiais.
Elétrons Secundários
O espalhamento inelástico de um elétron de alta energia com elétrons
de valência mais externos permite a emissão de elétrons secundários que são
caracterizados por terem uma energia cinética menor que 50eV. No caso de
metais estes são os elétrons de condução. Em semicondutores, elétrons
secundários são produzidos pela geração de pares elétron-lacuna e, em
isoladores, pela liberação de elétrons de valência.
Estes elétrons podem estar sujeitos a eventos de espalhamento
adicionais através dos quais a energia é perdida e, então, somente elétrons
que têm energia suficiente para superar a energia de barreira da superfície
podem escapar do material e contribuir com o sinal detectado; estes são
elétrons na superfície da amostra.
43
quando elétrons retroespalhados saem da amostra, freqüentemente a
distâncias maiores do feixe.
Fig. 3.20
Há duas características principais mostradas nesta Fig.; o estreito pico
de baixa energia que é principalmente devido à emissão de elétrons
secundários e o pico mais largo que corresponde à emissão de elétrons
retroespalhados.
Uma observação mais precisa da distribuição de elétrons secundários
no lado direito da Fig. mostra a distribuição de energia de elétrons
secundários. A faixa de emissão de energia destes elétrons está entre zero e
uma região de corte a 50eV, porém a distribuição tem um pico intenso abaixo
de 10eV como mostrado pela área sombreada, com poucos elétrons sendo
emitidos com energias maiores que 50eV.
O rendimento de emissão de elétrons secundários d é determinado por
d = nSE / nB
onde nSE denota o número de elétrons secundários emitidos e nB denota o
número de elétrons do feixe incidente.
44
transversal para este processo inelástico de excitação de elétrons e pelo livre
caminho médio correspondente para este espalhamento.
Se o elétron tem energia suficiente para superar a energia de barreira
de superfície, ele pode escapar da amostra e pode ser detectado pelo detector
de elétrons secundários.
A probabilidade de escape diminui exponencialmente
com a profundidade. A profundidade de fuga de
elétrons secundários é tipicamente, aproximadamente,
de algumas dezenas de nanômetros como mostrado
na Fig.3.21, ao lado, que indica os volumes de
produção para vários sinais.
Fig. 3.21
Quando o feixe incidente penetra na amostra, podem ser produzidos
elétrons secundários ao longo de qualquer fase da trajetória do feixe, mas
somente os com energia suficiente para superar a função trabalho do material
podem escapar da amostra e serem detectados pelo detector.
Porém, o sinal detectado pode ser gerado através de dois processos
distintos. ESI (SEI) são aqueles elétrons secundários que são gerados pela
passagem do feixe de elétrons incidentes na amostra. Aqueles que são
detectados são originados dentro de uma profundidade média de fuga abaixo
da superfície da amostra. Elétrons ESII (SEII) são aqueles elétrons
secundários que são gerados por elétrons retroespalhados quando estes
atravessam a região de superfície da amostra. Como uma conseqüência, os
ESII contêm informações da característica de distribuição espacial e de
profundidade do elétron retroespalhado que resulta em um sinal que é menor
em resolução que o do componente de ESI.
Diferente dos elétrons retroespalhados, que mostram um aumento de
rendimento de geração monotônico com o número atômico, a eficiência para a
produção de elétrons secundários depende do material e também de sua
capacidade de sair da amostra, que depende da função trabalho do próprio
material. Mesmo em amostra plana, onde o contraste de topografia está
ausente, diferenças em nível de sinal podem ser resultado de áreas de
45
composição diferentes. O número de elétrons secundários também dependerá
do número de elétrons retroespalhados produzido que é dependente no
número atômico.
Inclinação da amostra
46
O rendimento de produção de elétrons
secundários também é uma função da
inclinação da amostra. A profundidade de fuga
X0 para emissão de elétrons secundários está
marcado na Fig.3.23. Se a amostra está
inclinada por um ângulo ?, são gerados mais
Fig. 3.23
elétrons secundários ao longo da trajetória X
que na situação da amostra não inclinada
quando X>X0.
Elétrons Retroespalhados
Um número significativo dos elétrons incidentes que atingem uma
amostra grossa é re-emitido através da superfície do material. Estes elétrons
são conhecidos como elétrons retroespalhados, que sofreram espalhamentos
elásticos com alto ângulo no material, fazendo com que eles se aproximem da
superfície com energia suficiente escapar. A intensidade do espalhamento
está relacionada ao número atômico do átomo; quanto maior o número
atômico envolvido do material, maior coeficiente de retroespalhamento, e
maior rendimento.
Esta dependência do rendimento de retroespalhamento com o número
atômico, forma a base para a diferenciação entre fases diferentes provendo,
assim, um ponto de partida ideal para guiar uma microanálise adicional.
47
Fig.3.24. Volume de interação e
saída de elétrons retroespalhados
para atingir o detector.
48
Dependência com o número atômico
A Fig.3.25 mostra a relação entre o
coeficiente de retroespalhamento (?) com o
número atômico. Existe um aumento
monotônico global geral no coeficiente de
retroespalhamento com o número atômico
que forma a base para a diferenciação entre
fases.
Fig. 3.25
Dependência com a inclinação da amostra
Quando os elétrons entram na amostra eles sofrem uma série de
eventos de espalhamentos. Eventos elásticos causam desvios dos elétrons,
de alguns graus, das suas direções originais tal eles podem apenas podem
escapar da superfície depois de vários eventos. Ocasionalmente elétrons
sofrerão eventos únicos de espalhamento de alto ângulo e saem diretamente
para fora do espécime.
Se a amostra é agora inclinada de ?, o número de desvios requeridos
pelos elétrons para sair da amostra diminui e então o rendimento aumenta
como mostrado nas duas simulações de Monte Carlo, Fig.3.26 para uma
amostra inclinada a 0º e 70º.
Deste modo a produção de
elétrons retroespalhados aumenta
com aumento do ângulo de
inclinação. Porém, esta distribuição
representa o número total de
elétrons retroespalhados emitidos da
amostra, sem qualquer considera-
ção do seu espalhamento angular.
Fig. 3.26
49
Distribuição angular de elétrons retroespalhados
A Fig.3.27 mostra a distribuição angular de elétrons retroespalhados
em relação a superfície da amostra. A distribuição é definida em relação a
superfície normal, com a produção máxima de elétrons ao longo desta
direção. A distribuição angular de elétrons em qualquer ângulo relativo a esta
normal é simétrica mas a produção é uma função de F .
A energia mais alta dos elétrons
retroespalhados significa que eles são
menos sensíveis a campos eletrostáticos
que elétrons secundários, e não podem ser
mais eficientemente coletados pela
polarização do detector.
Fig. 3.27.
Quando a amostra está inclinada, a distribuição angular fica assimétrica
como ilustrado na Fig.3.26 para uma amostra inclinada a 70º com relação à
superfície horizontal. O grau de assimetria é uma função do número atômico
do material.
Raios-X
A interação de um elétron de alta energia com um átomo pode resultar
na ejeção de um elétron de uma camada atômica interna. Isto deixa o átomo
em um estado ionizado ou excitado com uma vacância nesta camada. De-
excitação pode acontecer por um elétron de uma camada mais externa que
venha a preencher a vacância.
A variação em energia é determinada pela estrutura eletrônica do átomo
que é única para cada elemento. Esta energia 'característica' pode ser
libertada do átomo de dois modos: a primeira é a emissão de um fóton de
raios-X com uma energia característica específica para aquela transição e,
conseqüentemente, para o elemento. A detecção de tais fótons fornece
informação sobre a composição elementar da amostra, em termos de
quantidade e distribuição. O segundo modo é a liberação dos chamados
elétrons de Auger.
50
O espectro de raios-X contínuo ou bremsstrahlung (literalmente
traduzido como radiação de freada) é gerado juntamente com a emissão de
raios-X característico quando elétrons interagirem com a matéria.
A emissão destes fótons de raios-X está associada com a
desaceleração dos elétrons incidentes no campo de Coulombiano do núcleo
de átomo.
Considerando que a energia perdida pelo elétron pode variar em
qualquer região entre zero até o valor da energia de elétron incidente, é
produzido um espectro contínuo de energias de raios-X. A emissão mais
energética de raios-X tem uma energia conhecida como o limite de Duane-
Hunt. Se a amostra não estiver carregando, o limite de Duane-Hunt é igual à
energia de elétron incidente; o comprimento de onda mais curto, dos raios-X
produzidos, têm comprimentos de onda em Angströms dados por: ?min =
12.396 / E0
onde E0 é energia do feixe dada em keV.
A energia mínima exigida para remover um elétron de um nível de
energia particular é conhecida como a energia de crítica ionização Ec ou borda
de absorção de energia de raios-X; para ocorrer uma determinada transição, a
energia do elétron incidente deve ser maior ou igual à energia crítica. A
energia crítica tem um valor específico para qualquer nível determinado de
energia e é, tipicamente, chamado de absorção K, L ou M.
O modo pelo qual a energia é liberada é governado pelo rendimento de
emissão Auger (a) e pelo rendimento de fluorescência (ω). O rendimento de
fluorescência define a probabilidade de emissão de um fóton de raios-X,
preferencialmente à emissão de um elétron Auger através de: a + ? = 1.
Para elementos leves, em uma dada camada, a probabilidade de um
elétron Auger ser emitido é maior que a emissão de raios-X. Por exemplo, ?
para a camada K do Si é 0.047, camada K do Co é 0.381 e camada K do Mo
0.764.
51
A Fig.3.28 mostra o espectro
de raios-X de uma amostra
pura de Ni, mostrando ambos
os componentes: contínuo e
característico.
A forma básica da
distribuição contínua pode ser
descrita pela relação:
N(E) = aZ (E 0 - E) / E
onde N(E) é a intensidade de
raios-X com energia E, Z é o
número atômico médio, a é
uma constante proporcional à
corrente do feixe e E0 é a
Fig.3.28
energia de elétron incidente.
52
A ocupação destes níveis de energia são descritos por um conjunto de
números que descrevem um nível quântico particular, o momento angular do
elétron e o giro do elétron.
O número quântico principal n é um valor inteiro e descreve a camada
do átomo. Em microanálise de raios-X, n=1 é conhecido como camada K, n=2
camada L e n=3, a camada M.
l é conhecido como o número do momento angular do orbital e pode ter
valores inteiros de 0 a n-1. O elétron tem um giro que é descrito pelo número
quântico spin s que tem os valores ±1/2.
Pode ocorrer o acoplamento magnético entre o spin e o momento
angular. O momento angular total é descrito por j=s+l. Na presença de um
campo magnético externo, o momento angular do elétron pode assumir
direções diferentes, denotada por mj.
Nem todas as transições são permitidas pela teoria quântica, e há
várias regras que devem ser satisfeitas antes que uma transição possa
acontecer:
? n?0, ? l ¹ 1, ? j ¹ ±1 ou 0
Elétrons preenchem a estrutura de camadas ocupando orbitais vazios
em ordem de energia. A camada K é preenchida primeiro e então L, depois M
e depois N. A camada K é o contorno mais firmemente ligado, já que ele está
mais próximo ao núcleo, e exige uma maior quantia de energia para a
remoção de um elétron. O zero da escala de energia normalmente é definido
como a energia potencial de um elétron livre mais distante do núcleo. Esta
linha está representada no diagrama de níveis de energia da Fig. 3.29.
53
Fig.3.29. Estrutura atômica e diagramas de níveis de energia.
54
3.6 Tipos de contrastes
A imagem observada em um MEV resulta da variação de contraste que
ocorre quando o feixe se move de ponto a ponto sobre a superfície da
amostra. O contraste é definido como ? S/S, onde ? S é a variação de sinal
entre dois pontos da imagem e S é o sinal médio. Variações do sinal
detectado de diferentes pontos podem ocorrer devido a variação do número de
elétrons emitidos da superfície ou devido a variação do número de elétrons
atingindo o detector.
Os tipos de contraste observados devido a emissão de elétrons
secundários ou elétrons retroespalhados podem ser divididos nos seguintes
tipos: topográfico, de número atômico, de orientação (canalização de
elétrons), de domínio magnético, de voltagem e de corrente induzida.
Contraste de topografia
O contraste em imagens surge principalmente como resultado de
variações no número de elétrons emitidos de um determinado ponto de
impacto do feixe de elétrons na amostra, que depende de uma completa
mistura de fatores que incluem o tipo de interação feixe/amostra, da natureza
da amostra, da natureza do sinal emitido, e das características do detector.
No MEV, o feixe incidente varre uma área da amostra. Para uma
superfície áspera, o ângulo de incidência varia por causa da inclinação local
da amostra e, uma vez que amostras inclinadas produzem mais elétrons que
as planas, o contraste é visto devido ao número diferente de elétrons que são
emitidos. A posição do detector também é crucial. As imagens da Fig. 3.30
mostram exemplos de materiais, observadas em modo de elétron secundário.
55
elétrons retroespalhados para detectar diferenças de composição caso essas
diferenças resultem em diferentes números atômicos. Contraste de número
atômico permite, sob condições ideais, distinguir elementos de números
atômicos adjacentes até Z=20.
Fig. 3.30
2 3
56
Exemplos de imagens formadas com elétrons retroespalhados em
comparação a imagens com elétrons secundários são mostrados na Fig.3.31.
Fig. 3.31
57
incidência do feixe sobre a amostra, pode ocorrer forte interação na superfície
ou penetração por muitas camadas antes que ocorra interação. Um elétron
incidente num cristal pode ser descrito por duas ondas de Bloch com nós
(onda I) e anti-nós (onda II) nos sítios atômicos, como esquematizado na
Fig.3.33(a). A geometria do feixe de varredura é mostrada na Fig.3.33(b), onde
OB é o ângulo de Bragg. Para ângulos de incidência maiores que OB a onda
do tipo I predomina e ocorre penetração anômala, com elétrons sendo
canalizados no cristal. Para ângulos menores que OB, a onda do tipo II
predomina e os elétrons tendem a interagir próximo a superfície, sendo
absorvidos em curtas distâncias. O contraste resultante é na forma de bandas,
formada pela diferença de sinal de elétrons retroespalhados, que terão maior
dificuldade de escapar quando o feixe incidente penetra mais.
Fig.3.33.
(a) Ondas de Bloch que interagem
fracamente (I) e fortemente (II)
com os átomos.
(b) geometria do feixe de varredura
para produzir um DCE.
58
Contraste de domínios magnéticos
Contraste de domínios magnéticos podem ser obtidos através de dois
mecanismos. O contraste do tipo I ocorre em cristais ferromagnéticos
uniaxiais, ou seja, em cristais onde o momento magnético de cada elétron
dentro de um domínio tem somente uma direção, comum a um eixo
cristalográfico. Nestes cristais, existe um campo magnético que flue através
de domínios adjacentes e que podem afetar a trajetória de elétrons
secundários resultando em contraste dos domínios. O contraste magnético do
tipo II é obtido em cristais ferromagnéticos que possuem mais que uma
direção comum a um eixo cristalográfico sendo que o escape de fluxo
magnético pela superfície é reduzido. Dentro do metal existe uma variação
brusca na direção de magnetização no contorno de um domínio, interagindo
em diferentes direções com os elétrons primários. Isto ocasiona variações na
emissão de elétrons retroespalhados quando o feixe é varrido sobre um
contorno, possibilitando a obtenção de contraste.
Contraste de voltagem
É um tipo de contraste exclusivamente associado a detecção de
elétrons, causado pela variação do número de elétrons secundários que
atingem o detector. Por exemplo, num circuito integrado, algumas partes
podem ser polarizadas negativamente em relação ao resto da amostra, o que
resultará em maior nível de sinal detectado e portanto em contraste claro em
relação as regiões de potencial positivo.
59
Fig. 3.34 Detector de elétrons secundários do tipo Evehart-Thornley.
60
polarização positiva terá pouco ou nenhum efeito sobre estes elétrons. Com a
polarização desligada, somente esses elétrons secundários com uma linha
direta de visão para o detector, serão detectados, juntamente com os elétrons
retroespalhados mencionados acima.
Os detectores de elétrons retroespalhados são basicamente de dois
tipos: de estado sólido e cintilador. Geralmente estes detectores possuem
geometria circular e são colocados abaixo da lente objetiva.
Os detectores de estado sólido consistem de uma bolacha de Si entre
a amostra e a lente final. Elétrons retroespalhados da amostra entram no
detector, produzindo pares elétrons-buracos e gerando um fluxo de corrente
que é amplificado para produzir a imagem (Fig.3.36). Os detectores de estado
sólido podem ser divididos em até quatro seções, permitindo coleta
independente de sinais vindo de diferentes ângulos. Esses sinais podem ser
adicionados ou subtraidos para salientar ou suprimir detalhes topográficos da
amostra.
61
fibra ótica no lugar do guia de luz convencional, existindo a possibilidade de
montagem com quatro cintiladores para a deteção de elétrons
retroespalhados, ou com as extremidades livres para a deteção de sinais
catodoluminescentes
62
3.7 Resolução e profundidade de foco
O poder de resolução de um microscópio estabelece o limite no qual
dois objetos próximos podem ser distinguidos (“resolvidos”) pelo observador.
Tipicamente, a olho nu podemos distinguir dois pontos separados por
aproximadamente 0.01 cm; um microscópio amplia os objetos de modo que
os detalhes de interesse sejam separados por uma distância que podem ser
vista pelo olho humano. Em torno de cada ponto em uma imagem existe um
padrão de difração conhecido com disco de Airy. Este disco contem uma
séria de anéis claros e escuros. Dois objetos podem se resolvidas se os seus
centros estiverem separados por uma distância igual ao raio do primeiro anel
escuro. Os raios dos anéis são proporcionais ao comprimento de onda da
radiação utilizada para formar a imagem. O limite de resolução da lente
objetiva de um microscópio é dado pela relação: 0.61 λ / NA, onde NA é a
abertura numérica da lente e λ é o comprimento de onda da radiação utilizada
para formar a imagem. Isto é conhecido como o critério de Rayleigh.
No MEV a resolução é limitada por dois fatores: pela característica do
instrumento, ou seja, pelo balanço entre efeitos de aberração das lentes finais
e efeitos de difração, e pelo processo de interação do feixe de elétrons com a
amostra. Geralmente considera-se a aberração esférica como sendo a mais
importante na definição da resolução de um MEV. Tal aberração é
caracterizada pela constante, Cs, e quanto maior for seu valor, maior será a
aberração.
A resolução do MEV depende portanto, do diâmetro do feixe, do brilho
da fonte de elétrons, da voltagem de aceleração, eficiência de coleta, tempo
de enquadramento e mínimos valores da constante de aberração esférica. A
otimização das características do instrumento não necessariamente significa
aumentos de resolução. Entretanto, resoluções melhores tem sido obtidas
com o uso de filamentos de LaB6, para aumentar os valores do brilho, e com
lentes objetivas especiais, para diminuir os valores da constante de aberração
esférica. Em geral esta constante de aberração aumenta com o aumento da
distância de trabalho e existe a tendência de utilização de lentes onde a
63
amostra é colocada praticamente dentro das lentes. Instrumentos comerciais
modernos apresentam resoluções típicas da ordem de 3nm.
Alguns fatores de operação do MEV podem auxiliar para aumentar a
resolução. Quanto maior a voltagem de aceleração, melhor será a resolução já
que o feixe penetra mais na amostra antes de se espalhar, além do canhão
operar mais próximo das condições ótimas de projeto e produzir um sinal
maior da amostra. Quanto menor a distância de trabalho, maior será o
aumento e a resolução possível. O aumento é maior porque uma distância
menor entre a bobina de varredura e a amostra diminui a área varrida sobre a
superfície da amostra. A melhora de resolução é devida ao fato de que as
lentes tem que trabalhar sob condições de maior exigência, apresentando
menos aberrações. Os efeitos da voltagem de aceleração e da distância de
trabalho sobre a resolução são esquematizados na Fig.3.38.
Fig.3.38 Variação da
resolução com voltagem
de aceleração e
distância de trabalho.
64
4. Microscopia eletrônica analítica
Microestruturas e microanálise:
• As microestruturas determinam muitas das propriedades de interesse para
os materiais e sua formação depende fundamentalmente da composição
química e do processamento. Este aspecto já indica a relevância da
caracterização química de um material, porém outro aspecto de igual
importância está relacionado à identificação localizada de fases e
65
segregações químicas, freqüentemente associada a interfaces ou defeitos
da estrutura.
• Este último caso exemplifica a importância da microscopia analítica, que
possibilita a visualização de detalhes da estrutura, mesmo em dimensões
nanométricas e a análise química localizada na região de interesse.
• Por exemplo, em microestruturas decorrentes dos processos de
fusão/solidificação as informações microanalíticas de interesse, estão
freqüentemente associadas a dendritas, segregação ou inclusões.
• Em microestruturas decorrentes de processos de deformação plástica, o
interesse microanalítico pode estar associado à identificação química de
precipitados em discordâncias e contornos de subirão.
• Também em microestruturas decorrentes de tratamentos térmicos e
termomecânicos o interesse por microanálise está associado à presença e
distribuição de precipitados.
• Em microestruturas de sinterização, a presença de fase líquida (vítrea) e
sua identificação química são de grande interesse.
• Finalmente, em superfícies de fratura o interesse microanalítico pode estar
associado à análise de segregação de elementos causam fragilidade.
• Todos os exemplos mencionados podem ser avaliados com a microscopia
analítica associada tanto a um microscópio de varredura, como a um
microscópio de transmissão.
Microanálise:
• Microanálise eletrônica é baseada na medida de raios-X característicos
emitidos de uma região microscópica da amostra bombardeada por um
feixe de elétrons. As linhas de raios-X característicos são específicas do
número atômico da amostra e os seus comprimentos de onda (ou sua
energia) podem identificar o elemento que está emitindo a radiação. O
espectro de raios-X também contém um contínuo de fótons (chamado
bremsstrahlung), que forma um ruído de fundo nos picos característicos,
limitando a sensibilidade do método, que está na faixa de ppm (partes por
milhão) para a maioria dos elementos. A resolução espacial depende do
66
tipo de equipamento e voltagem do feixe primário; em um equipamento de
transmissão pode ser na faixa de nanômetros e em equipamentos de
varredura, para as voltagens normalmente utilizadas, é na faixa de mícron.
• Espectros de raios-X podem ser obtidos para todos os elementos da tabela
periódica, com exceção do hidrogênio; porém, a emissão dos primeiros dez
elementos de baixo número atômico consiste de bandas na região de baixa
energia onde as perdas por absorção na amostra são grandes, requerendo
a utilização de detectores especiais.
• A grande vantagem da utilização de microsonda eletrônica em comparação
à análise química convencional é a possibilidade de análise localizada de
pequenas regiões, sem necessidade de separação física das fases de
interesse.
67
Fig.4.1 (a) Processo de excitação de elétrons para produção de raios-X. (b)
Diagrama de transições eletrônicas para produção das linhas
características de raios-X.
68
Para átomos de baixo número atômico, somente as linhas K podem ser
criadas; por exemplo, para o átomo de carbono que possui dois elétrons na
camada K e quatro elétrons na camada L, existe somente a linha Kα uma vez
não existem elétrons na camada M. Para número atômico maior que 21 os
raios-X da camada L tornam-se mensuráveis (com energias acima de 0,2 keV)
e do mesmo modo, para número atômico acima de 50 as linhas M podem ser
utilizadas para análise química.
Além da emissão das linhas características, o espectro de raios-X
apresenta um ruído de fundo contínuo produzido por colisões inelásticas dos
elétrons com os átomos da amostra. Este ruído de fundo, sempre presente,
limita a detecção de sinais fracos característicos e conseqüentemente limita a
determinação de baixas concentrações dos elementos.
Dois tipos de espectrometria por raios-X são comumente utilizados: por
dispersão de energia e por dispersão por comprimento de onda, já
tradicionalmente referidas como EDS e WDS, respectivamente.
69
são espalhados por interações que produzem oscilações de plasmons no
material da amostra ou uma transição de elétrons da amostra entre diferentes
bandas de energia. Essas transições requerem uma quantidade de energia
específica, que difere de elemento para elemento e algumas vezes difere
também se os elementos estão presentes como elementos puros, ou na
forma de óxidos, hidretos, nitretos, etc. Elétrons retroespalhados desse tipo
são chamados de elétrons de perda de energia porque perdem uma
quantidade específica de energia e podem ser detectados em um microscópio
de transmissão-varredura ou em um microscópio Auger.
Elétrons secundários são os mais importantes para a formação da
imagem no MEV. São elétrons de baixa energia (abaixo de 50eV), e são
formados pela excitação de elétrons fracamente ligados ao núcleo, devido à
interação com elétrons primários ou elétrons espalhados de qualquer tipo, de
alta energia, passando próximo à superfície. Elétrons deste tipo são os
utilizados para obtenção de imagens de alta resolução no MEV.
Quando um elétron de uma camada interior de um átomo é arrancado
por um elétron de alta energia (do feixe primário), o átomo pode retornar ao
seu estado de energia original com a movimentação de um elétron de uma
camada mais externa para a camada interior vacante. Neste processo, existe
liberação de energia, que é acompanhada ou pela emissão de um fóton ou
pela emissão de outro elétron da camada mais externa. A emissão de fóton
resulta no espectro característico de raios-X e a emissão de elétrons é
conhecida como efeito Auger. Também neste caso, as energias tanto do fóton
como do elétron emitidos são características dos elementos que os gerou,
possibilitando a obtenção de informações das características químicas do
material.
A emissão de luz vencível devido à interação feixe-amostra é chamada
de catodoluminescência, e é um fenômeno menos geral que a emissão de
elétrons ou de raios-X. O efeito catodoluminescente ocorre para sulfeto de
zinco e outros fósforos usados em tubos de raios catódicos, além de alguns
outros semicondutores, minerais e materiais biológicos. A intensidade e o
70
comprimento de onda da luz emitida é função do material o que permite
análise química qualitativa.
Um outro efeito decorrente da interação feixe-amostra, bastante
importante para materiais semicondutores, é a condutividade elétrica induzida
na amostra pelo feixe de elétrons (conhecido como EBIC). Quando o feixe de
elétrons atinge a superfície da amostra, são criados pares eletron-buraco em
excesso que serão arrastados pelo campo elétrico interno de uma junção p-n,
gerando uma corrente induzida pelo feixe num circuito externo que contém a
junção. Esta corrente pode ser utilizada para modular o sinal no TRC e gerar
uma imagem possibilitando o estudo de defeitos cristalinos e gradientes de
composição dentro do volume de interação.
A Fig. 4.2 mostra esquematicamente o espalhamento que ocorre
abaixo da superfície da amostra, decorrente da interação feixe de elétrons -
amostra. Mostra também o efeito da voltagem e do número atômico do
material no volume de interação. Apesar do feixe poder ser condensado até
um diâmetro da ordem de 10nm, a geração de raios-X estará ocorrendo sobre
um volume aproximadamente 100 vezes maior. Quanto maior a voltagem de
aceleração e menos densa a amostra, maior será a penetração do feixe.
Entretanto, devido ao formato do espalhamento, com a diminuição da volta-
gem de aceleração ou com o aumento da densidade pior será a resolução.
Elétrons secundários penetram somente da ordem de 5 a 10nm,
possibilitando melhor resolução. Porém, mesmo neste caso, são evidentes as
limitações de resolução imposta pelo espalhamento de elétrons dentro da
amostra. Em amostras finas, o espalhamento não pode ocorrer e portanto é
útil a diminuição do diâmetro do feixes. Isto é o que geralmente se utiliza nos
microscópios de transmissão-varredura, sendo que alguns instrumentos
podem apresentar feixes da ordem de 5nm. Resultados similares poderiam
ser obtidos em MEVs convencionais simplesmente utilizando-se amostras
finas, porém a resolução é limitada pelas baixas voltagens utilizadas nestes
equipamentos.
71
(a) (b)
Fig.4.2 (a) Volume envolvido na interação feixe de eletrons-amostra. (b) Efeito
da voltagem de aceleração e do número atômico sobre o volume
de interação.
72
separados pela polarização aplicada através do detetor, sendo a carga
coletada na superfície dos eletrodos. A coleta de raios-X é muito eficiente
neste tipo de detetor, que pode ser colocado muito próximo a amostra para
coletar radiação em grandes ângulos. O detetor é mantido a nitrogênio líquido
para que o cristal não se deteriore, e no detectores convencionais é isolado da
coluna por uma janela. A janela é geralmente feita de berílio com espessura
de 8um, suficiente para suportar uma atmosfera de pressão. Entretanto, esta
janela é suficientemente espessa para absorver praticamente todo raio-X
abaixo de 0,75keV o que impossibilita a análise de elementos leves (Z<10).
73
4.3.1. EDS - Partes do Detector
1. Colimador
2. Armadilha de Elétrons
3. Janela
4. Cristais
5. Pares Elétron-Lacuna
6. FET
7. Pré-amplificador
8. Processador de Pulsos
9. Alargamento de Picos
Fig.4.4 Partes de um detetor de EDS
4.3.1.1. Colimador
74
Fig.4.5 Ajuste do o ângulo de aceitação pela limitação do ajuste do colimador
externo ao detector, para evitar a detecção de raios-X espúrios.
75
cristal e contribuam com o ruído de fundo do espectro ou batam no material
da janela e gerem raios-X espúrios. A janela tradicional de Be, que foi até
recentemente a janela de entrada mais comum, absorve eficientemente
elétrons abaixo de aproximadamente 20 keV, e assim, com este tipo de janela,
raramente é necessário uma armadilha de elétron.
76
Fig.4.7 Sequência de aprisionamento de um elétron por uma armadilha de
elétrons.
4.3.3. Janela
77
papel principal do material da janela é selar o vácuo entre o freqüentemente
vácuo pobre da área da câmara de amostras e o vácuo do criostato.
Adicionalmente, a janela deveria permitir uma boa transmissão de
raios-X especialmente para baixas energias de raios-X que são prontamente
absorvidas. Foram desenvolvidos vários materiais de janela e projetos para
aperfeiçoar a combinação de características de transmissão e força mecânica.
4.3.3.1 Desenvolvimento
78
coluna tiver que ser ventilada. Porém, a tendência moderna é para o tipo
janela fina fixa, por várias razões que são detalhadas como segue.
79
atravessam as regiões do filme entre as grades. Diferentes filmes e grades de
suporte são usados e aqueles comumente usados como filmes finos incluem
nitreto de boro, material polimérico e nitreto de silício.
Outra exigência da janela é minimizar o grau de luz transmitida através
do detector. Luz é produzida de amostras que catodoluminescem como ZnS e
diamante ou daquelas superfícies que são tão polidos que elas refletem a luz
do um filamento de tungstênio.
Exemplos (Oxford):
Nome Sigla Descrição
Super Atmosphere Supporting SATW Permite a transmissão de
Thin Window elementos a partir do Be
Atmosphere Thin Window ATW Permite a transmissão de
elementos a partir do Boro
80
4.3.4. Cristais
Porém, mais recentemente, tem sido usado o germânio de alta pureza como o
material do cristal. Uma alta tensão (tipicamente 500V) é aplicada, entre uma
fina camada condutiva na frente e os lítios difundidos atrás do contato, para
estabelecer um campo alto e uniforme. Fótons de raios-X que entram no
cristal perdem energia e criam um número proporcional de pares de elétron-
buraco que são varridos para os contatos pelo campo, a uma alta velocidade.
Um sinal de degrau é induzido assim, no porta do transistor de efeito de
campo (FET) que forma o estágio de entrada amplificador sensível à carga.
Deste modo, o tamanho do pulso de carga é proporcional à energia dos
raios-X incidentes. Resfriamento reduz a corrente de fuga do detector, e isto
normalmente é conseguido montando o cristal no término do dedo frio de
cobre que é esfriado por um dewar cheio de nitrogênio líquido.
81
4.3.4.1. Resolução e taxa de contagem
82
espectro de alta qualidade. A aquisição com taxas de contagem mais altas
permite que a análise interativa, como mapeamento, seja rápida e
reprodutiva.
Avanços nas técnicas de processamento de pulsos, virtualmente
elimina o pile up, e a taxa de aquisição pode ser estendida a 50,000 cps. A
curva de taxa de aquisição e resolução típica para cada ajuste do processador
são mostradas na Fig.4.13.
4.3.4.1.2. Detectores de Ge
83
Se forem necessárias taxas de contagem mais altas (Fig. 4.14), então
podem ser escolhidos tempos de medida de pulso mais curtos para dar
10kcps de taxa de acumulação no espectro, a uma resolução de 125eV que
excedem a especificação para um detector de Si(Li) somente garantida a
1kcps. Também é possível obter mais de 50kcps de taxa de aquisição com
uma resolução de melhor que 165eV.
Os picos de escape Ka e Kb de germânio são um problema para todas
as linhas de raios-X acima de aproximadamente 10keV, mas abaixo desta
energia, o único mecanismo de escape é para o GeL, e desde que a
fluorescência produzida por L é muito pequena, assim, os espectros de Ge,
usando o MEV, é praticamente destituído de qualquer artefato de escape.
84
Um elétron enérgico pode dissipar energia elevando elétrons da banda
de valência até a banda de condução. Elétrons na banda de condução são
livres para se mover pela rede. Quando um elétron é elevado 'a banda de
condução ele deixa para trás um buraco (lacuna) e forma o que é conhecido
como um par de elétrons-lacuna (Fig. 4.15). Lacunas se comportam como
cargas positivas livres dentro do cristal.
Um fóton de raios-X incidente é primeiro absorvido por um evento
fotoelétrico que produz um fotoelétron e um átomo de Si ionizado que então
emite um elétron Auger, ou mais raramente, um fóton Si Ka. São estes fótons
ou elétrons de Auger que perdem energia e geram os pares de elétron-lacuna
(Fig. 4.16).
Uma tensão de polarização aplicada através do cristal impulsiona os
portadores de carga (elétrons e buracos) para eletrodos opostos, produzindo
um sinal de carga cumulativo, o tamanho do qual é diretamente proporcional à
energia do fóton de raios-X.
85
Fig.4.16 Sinais produzidos pela interação elétron cristal.
86
4.3.6.2. Operação
87
considerado quase como um pedaço de fio, que tem corrente fluindo através
dele. Mas, quando um diodo é reversamente polarizado que é, efetivamente,
um circuito desligado ou poderia ser considerado que é um rompimento no fio,
sem que a corrente flua através dele.
Na prática, como mostra a Fig.4.19, isto não é estritamente verdade, ele
precisa de uma voltagem finita a ser aplicada no modo direto antes de o diodo
comece a conduzir corrente. Da mesma forma, quando um diodo estiver em
polarização reversa, correntes muito pequenas podem fluir quando,
teoricamente para o diodo perfeito, não deveria haver nenhuma corrente .
Energias diferentes
Fig.4.18 Exemplos da rampa de pulso. Uma única energia de raio-X que entra
no detector, fluxo contínuo de raios-x de mesma energia e fluxo
contínuo de raios-X de energias diferentes.
88
FETs comerciais normais têm três eletrodos, fonte, dreno e gate.
Alguns fabricantes desenvolveram um com 4 eletrodos ‘Optofet’ onde a
polarização do substrato poderia ser controlado, para otimizar desempenho do
ruído. Outro com cinco eletrodos ‘Pentafet ' que fornece restauração
eletrônica de carga sem qualquer componente opto-eletrônico. O FET precisa
estar a uma temperatura de funcionamento ligeiramente mais alta que a do
cristal do detector para melhor desempenho do ruído. No Pentafet, tanto a
polarização do substrato, como a corrente do aquecedor, são usadas para
otimizar a característica do ruído do FET. Estas podem ser controladas por
software.
20 +I
Polarização Reversa Polarização Direta
10
-V
0 +V
Corrente de Carga
Reversa
-10
-4 -2
-I0 2 4
89
4.3.7. Pré-amplificador
Fig.4.20 Pré-amplificador
V = Q / C and Q = (E * e) / ω
90
pré-ajustado, um sinal é enviado e o FET é restaurado. Isto tem o efeito de
reiniciar o portador de rampa a seu nível básico.
Onde aplicável, são usados componentes de alta estabilidade para assegurar
que o ganho do pré-amplificador não mude como em função de temperatura. Isto é
muito importante, uma vez que o equipamento pode ser usado em vários locais e
climas diferentes.
91
canal no computador analisador multi-canal. Porém, o trabalho do
processador de pulsos é mais complexo que um simples conversor analógico-
digital (ADC).
Como mostra a Fig.4.22, o processador tem que amplificar o suficiente
o sinal de Raios-X para que este possa ser digitalizado de forma que ele
possa ser lido em um computador. Também tem que otimizar a remoção de
ruído presente no sinal de Raios-X original.
92
O processador também precisa ser capaz de reconhecer com rapidez e
com precisão uma grande faixa de energias de eventos de raio-X, de 110eV
até 80keV. Também precisa poder diferenciar entre eventos que chegam
juntos no detector muito próximos no tempo, caso contrário a combinação
produz um artefato espectral conhecido como "pile up".
Os primeiros processadores de pulso eram amplificadores Gaussianos,
estes foram seguidos por processadores dedicados analógicos tempo-
variantes, e então por processadores tempo-variantes analógicos controlados
por computador até o atual, processador de pulsos digital totalmente
controlado por computador.
93
de pulsos que entram não será processado e serão ignorados. Eles serão
ignorados porque há uma certa probabilidade que eles chegarão quando o
processador de pulsos já estiver processando um evento, ou seja, ele
efetivamente está morto naquele momento preciso de tempo. Se a taxa de
entrada é aumentada, durante o mesmo tempo de processo, efetivamente são
ignoradas mais contagens, já que o processador ainda está levando a mesma
quantidade de tempo para processar cada evento.
94
São necessários tempos de processamento porque aplicações
diferentes requerem condições de análise diferentes. Por exemplo quando se
faz análise quantitativa, particularmente para linhas elementares de próxima, é
importante adquirir com uma boa separação picos. Resolução boa também é
importante para observar uma série de linhas que são muito proximamente
espaçadas, como a série L.
Se um tempo de processo pequeno é usado esta série de picos pode
aparecer como um múltiplo pico não resolvido, indistinguível de um único pico.
Reciprocamente, para mapeamento de raios-X, a chave é adquirir com muitos
dados tão rápido quanto possível. Neste caso um tempo de processo pequeno
é desejável e uma taxa de contagem alta. Os dados do mapeamento de raios-
X revelarão detalhes de imagem mais rapidamente, em lugar de serem
submersos pelo ruído estatístico.
Com um processador de pulsos analógico, toda a redução de ruído, e
forma do sinal de Raios-X do detector, é acabada antes do sinal ser
digitalizado.
Em um processador de pulsos digital (Fig. 4.24), o sinal do detector é
digitalizado na entrada do processador de pulsos, e a forma e redução de
ruído é alcançada através de processamento digital. Em um processador
digital, o tempo de processo é governado pela quantidade de amostras digitais
que são usadas para computar a altura dos pulsos.
A saída do pré amplificador é amostrada continuamente e alturas de
pulsos, tipicamente, são medidas pela subtração de valores fixados, medidos
antes de um evento de Raios-X, de um outro conjunto, medido depois do
evento. O valor resultante do passo de medida é então enviado diretamente ao
computador analisador multi-canal. O resultado já é digital, assim não há
nenhuma necessidade de conversão A/D adicional (Fig.4.25).
95
Fig.4.24 Representação esquemática de um processador de pulsos digital
96
medida iria, provavelmente, não representar a magnitude do passo atual.
Porém, se o sinal de rampa é amostrado muitas vezes e é calculado a média,
o ruído é efetivamente filtrado (Fig.4.26).
Com um processador de pulsos digital, o tempo de processo efetivo é
igual ao tempo em cima do qual a forma de onda é calculada através da
média antes do passo (assumindo que o mesmo intervalo de tempo é usado
para calcular a média do sinal no lado alto do passo).
Redução de ruído
4.3.8.1.1. Livetime
97
O diagrama da Fig.4.27 mostra o exemplo de um processador de
pulsos analógico, usando 6 conjuntos paralelos de componentes analógicos
conhecidos como filtros. Cada um destes circuitos de filtro gasta uma quantia
diferente de tempo para remover ruído do sinal. Quanto mais tempo gasto na
limpeza do pulso, mais ruído é removido. O sinal do passo para um único
fóton é transformado em um pico pelo filtro de pulsos. O tempo desde o
começo do pulso para o pico às vezes é chamado de tempo de processo ou
tempo de "peaking". Tempos de processo mais longos produzem ruído
reduzido. Sistemas mais sofisticados usam forma de tempo variante, para
produzir um tempo de peaking mais longo, para uma determinada duração
global de pulsos, que um filtro passivo. Em qualquer sistema o tempo de
processo é governado pelos valores dos componentes discretos para cada
circuito de tempo de processo.
Depois que o sinal de Raios-X é formado pelo filtro ele é alimentado
então em um conversor A/D, onde seu tamanho é convertido em um número
digital representativo, de forma que ele pode ser alimentado no computador
analisador multicanal e aparece como uma contagem no canal de energia
correspondente.
Antigamente, processadores de pulsos analógicos eram controlados
por várias chaves e potenciômetros em um painel frontal. Mais recentes
processadores de pulso analógicos passaram a ser controlados digitalmente
por computador, mas o processo ainda era analógico, assim eles não eram
processadores de pulso digitais verdadeiros , somente processadores de
pulso analógicos controlados digitalmente.
98
Fig.4.27 Exemplo de um processador de pulsos analógico, usando 6 conjuntos
paralelos de componentes analógicos conhecidos como filtros.
99
O número de pares elétron-buraco no cristal do detector tem uma
distribuição Gaussiana. O número comum de pares elétron-buraco gerado por
um fóton de raio-X incidente é determinado por
n = E / ε, Eqn. 1
σ?
= √(FE / ε)
∆E = σε = √(FEε).
100
2 2 2
FWHMT = FWHMS + FWHMN
(a) (b)
Fig.4.28 (a) Efeito de processos estatísticos na largura de pico e (b) resolução
como função da energia.
2 2
FWHMT = FWHMN + 2.48 E + ICC(E)
101
4.4. Espectroscopia por dispersão de comprimento de onda (WDS)
102
Fig.4.29 Geometria de um espectrômetro por dispersão de comprimento de
onda (WDS).
103
de raiso-X. O espectrômetro mostrado na Fig.4.31 é do tipo completamente
focado, ou do tipo Johansson, onde o cristal, a fonte de raios-X - a amostra - e
o detector todos permanecem em um círculo de raio constante. Este círculo é
conhecido como o Círculo de Rowland (Fig. 4.29). Os planos cristalinos são
curvados para duas vezes o raio do Círculo de Rowland, e o próprio cristal é
referência para o raio do círculo. O cristal se move ao longo de uma barra com
rosca de modo linear, girando simultaneamente através de um ângulo θ (Fig.
4.32). Para manter em foco toda a geometria o detector se move através de
um ângulo de 2θ.
104
Fig.4.32 Sequência de movimento do cristal ao longo de uma barra com rosca
de modo linear, girando simultaneamente através de um ângulo
θ. Para manter em foco toda a geometria o detector se move
através de um ângulo de 2θ.
4.4.1.1. Espectrômetro
105
uma unidade comum - o keV - que torna a comparação de EDS e WDS muito
mais fácil.
A geometria de foco significa que, efetivamente, o espectrômetro
somente está em foco em certo ponto da amostra. Movendo para longe deste
ponto reduzirá a intensidade detectada pelo espectrômetro. A orientação do
cristal e a janela de entrada significa que a perda de foco é menos
pronunciada em uma direção que em outro e, efetivamente, uma linha de ‘de
foco ' está presente ao longo da amostra. Então, deve ser tomado cuidado na
interpretação dos dados quando mapeando a amostra, e ao realizar análise
quantitativa.
Para mapeamento, a ampliação mínima que pode ser usada é,
tipicamente, ao redor 300-500 vezes, e normalmente é recomendado que,
para análise quantitativa, um spot ligeiramente fora de foco seja usado no
centro da área varrida.
4.4.1.2. Detector
106
e 2 kV. Dois tipos de gás são geralmente usados: mistura de argônio (90%) /
metano (10%) conhecida como P10, e xenônio (Xe). A mistura de P10 fluiu
pelo contador (detectores de fluxo contínuo) mas o Xe é normalmente lacrado
no tubo.
O raio-X incidente atravessa uma janela de entrada fina, normalmente
de mylar, e é absorvido por um átomo do gás, lançando um fotoelétron. Este
fotoelétron então perde sua energia ionizando outros átomos de gás. Os
elétrons libertados são atraídos para o fio do ânodo central, dando origem a
um pulso de carga.
O alto campo acelera os fotoelétrons suficientemente para ionizar
outros átomos. Esta ionização secundária aumenta a carga coletada, em
várias ordens de magnitude. Quando a tensão aplicada ao ânodo aumenta, a
quantidade amplificação de gás aumenta.
Em baixas tensões, o potencial não é suficiente para prevenir a
recombinação dos íons. Quando o potencial aumenta, a recombinação é
prevenida e o contador opera na região de ionização com um ganho de gás
igual a um. Aumentos maiores do potencial causam ionização secundária, a
carga total coletada aumenta, e o contador entra em o que é conhecido como
a região proporcional. Nesta região o pulso de saída é proporcional à energia
do raio-X incidente. Aumentos adicionais de potencial causam um efeito de
avalanche, e um pulso de saída cuja energia é independente do fóton inicial.
Isto é conhecido como a região de Geiger e o detector se tornam,
efetivamente, um contador Geiger, como o usado para detectar radiação
ionizante. Quando operando na região de Geiger o contador também sofre de
um tempo de morto excessivamente longo, subindo de alguns microsegundos
a centenas de microsegundos. (Tempo morto é o tempo para o tubo se
recuperar e aceitar o próximo pulso). Aumentos adicionais em potencial só
servem para danificar o detector. O metano acrescentado ao argônio para
formar P10 está lá como um sufocador de gás para demorar o começo da
região de Geiger. O gás de Xe que é mais pesado não precisa dele.
Um tubo contador preenchido com Xe é usado para detectar energias
de raios-X mais altas, porque o xenônio os absorve mais efetivamente. Um
107
contador de fluxo contínuo P10 é usado para comprimentos de onda mais
longos (energias mais baixas), com o gás fluindo através de uma pequena
pressão positiva.
As medidas de taxa de contagem devem ser corrigidas para o tempo
morto do contador. Os detectores normalmente são operados na região do
que é conhecido como 'tempo morto não prolongável. Em cada segundo o
sistema está morto para n1t segundos onde t é o tempo morto por pulso, e a
taxa de contagem medida é n1. O ‘tempo vivo' é, então, 1 - n1t, e a taxa
verdadeira n é determinada como
108
Picos de reflexão de segunda ordem, e mais altos, podem surgir de
soluções múltiplas da equação de Bragg.
nλ = 2d senθ
E = 12.396 / λ
109
Fig.4.33 Discriminação do nível de saída. A análise de altura de pulso pode
ser usada para rejeitar o sinal de picos de segunda ordem, ou
rejeitar pulsos dos gases de contador que sofreram perdas de
escape.
110
4.4.1.4. Analisador de altura de pulso
PHA também pode ser usado para separar picos de escape gerados
pelo gás do contador. Neste processo ou o fóton de raio-X que entra, ou o
fotoelétron primário ioniza um elétron da camada interna. Isto causará a
geração de um raio-X característico que terá então uma chance de escapar do
detector, em lugar de transformar sua energia em fotoelétrons. Então, o pico
de escape sempre estará a uma energia diferente constante do pico principal.
Convencionalmente, freqüentemente o limiar mais baixo de energia e a janela
são fixados para incluir o pico de escape na medida (Fig. 4.33).
Embora os raios-X incidentes tenham uma energia discreta, os pulsos
de tensão vistos ao término da cadeia de contando têm um espalhamento de
valores. Isto é causado pelo fato que raios-X de mesma energia
necessariamente não dão origem aos mesmos números de pares de íons-
elétrons, devido a vários processos pelos quais fotoelétrons podem dissipar a
sua energia.
Dentro do software de controle, valores para o limiar de energia mais
baixo , e janela, ou nível superior, são armazenados para todos os elementos.
Também segue que a tensão do contador também deve ser pré-fixada, como
voltagens discrepantes causarão mais ou menos amplificação de gás e,
então, afetará a posição dos pulsos de voltagem.
111
Os cristais são montados em uma torre motorizada (Fig. 4.34). Em
espectrômetros antigos a torre de cristais era foi dirigida a uma posição de
troca, mas em espectrômetros modernos o motor de mudança está montado
na torre cristalina para aumento de velocidade. Isto significa que o cristal pode
ser mudado em qualquer posição do espectrômetro.
112
relaciona o ângulo de incidência, o comprimento de onda de raios-X e o
espaçamento interplanar do cristal que difrata ou que reflete,
nλ = 2d senθ,
onde d é o espaçamento interplanar, n é a ordem de reflexão, e θ o ângulo de
incidência entre o raio incidente e o cristal.
113
ondas, em ambas as condições, dentro e fora de fase. Na reflexão de Bragg
as duas ondas são consideradas como vindo de planos cristalinos diferentes.
Interferência
construtiva
Interferência
destrutiva
114
comprimentos de onda (n = 2) esta é uma reflexão de segunda ordem e
acontecerá a um ângulo de incidência mais baixo .
A intensidade relativa de ordens sucessivas varia com estrutura do
cristal, mas geralmente a intensidade da reflexão de segunda ordem é menos
que 10% da de primeira ordem.
115
Fig.4.37 Dados comparativos entre os sistemas de EDS e WDS.
116
Fig.4.38 Comparação entre espectros obtidos por EDS e WDS, sendo
evidente a resolução superior apresentada pelo WDS.
117
espectrômetro de WD. Um sistema de análise ideal montado em um MEV incluiria a
integração de ambos os tipos de detector, permitindo análise rápida usando o EDS,
apoiado pelo mais lento, mas de resolução mais alta, o WDS por distinguir entre
energias que são muito próximas, ou analisando elementos que só estão presente
em concentrações muito baixas em uma amostra.
118
4.6.2. Análise Quantitativa
Quantidade de ingredientes
Farinha - 200g 20%
Açúcar - 200g 20%
Manteiga - 100g 10%
Ovos (4) - 50g cada 20%
Chocolate - 100g 10%
Leite - 200g 20%
119
o procedimento normal consiste em se obter a concentração a partir de
relações de intensidade de raios-X da amostra e de um padrão apropriado.
Quando a composição do padrão é próxima da composição da amostra, os
efeitos da matriz sobre a intensidade de raios-X é insignificante e a análise se
reduz a comparação das intensidades observadas. Entretanto, na maioria dos
casos utilizam-se padrões de elementos puros porque é possível caracterizá-
los com bastante precisão, mas nesses casos a precisão da análise depende
fortemente do modelo de correção.
O procedimento normal para a quantificação é feito comparando-se a
taxa de contagem para um dado elemento com um padrão do elemento puro
ou de uma liga cuja composição é perfeitamente conhecida. A razão da
intensidade entre o elemento na amostra e o padrão, K, é a medida
experimental básica a ser realizada. Na prática a precisão no valor de K é
melhor que 0,5% para tempos de leitura da ordem de 100s e para valores de
K>0,1, o que implica uma concentração do elemento na amostra acima de
aproximadamente 10%. Fontes de erro estão associadas as incertezas sobre
a voltagem de aceleração, desvios do feixe, desvio do espectrômetro, perdas
de contagem em taxas altas, desvios do porta-amostra, etc, além da já
mencionada necessidade utilização de fatores de correção.
A desaceleração de elétrons na amostra e a probabilidade de geração
de raios-X no processo é uma função da composição total da amostra e
depende principalmente do número atômico de seus componentes. Além
disso, o retroespalhamento de elétrons também causa um efeito na geração
de raios-X porque retira energia da amostra, que de outro modo contribuiria
para a produção de raios- X. A taxa de geração de elétrons retroespalhados
também depende do número atômico médio da amostra. Deve-se portanto
utilizar um fator de correção que englobe tanto a desaceleração como a
emissão de elétrons retroespalhados.
Do mesmo modo, a absorção de raios-X emitidos dentro da amostra
deve ser compensada por uma correção devido a absorção. A perda
dependerá da distância média percorrida pelos fótons de raios-X e portanto do
ângulo que o espectrômetro faz com a amostra e da distribuição em
120
profundidade da geração de raios-X. Esta distribuição é função da energia do
feixe de elétrons e da composição da amostra. Além disso, a absorção varia
fortemente com o coeficiente de absorção de raios-X na amostra para a
radiação de interesse e depende da composição. Esta correção é geralmente
realizada através de expressões semi-empíricas.
Finalmente deve-se considerar que raios-X também podem ser
produzidos pelo mecanismo de fluorescência, ou seja, excitado por outros
raios-X. Neste processo, raios-X primários gerados na amostra por
bombardeamento de elétrons são absorvidos na amostra e causam ionização
adicional das camadas interiores com produção indireta ou secundária de
raios-X característicos. Esses raios-X excitadores podem ser tanto raios-X
característicos como parte do ruído de fundo contínuo. A correção devido a
fluorescência deve ser incluída nos procedimentos de correção para análise
quantitativa.
A combinação das três correções mencionadas, ou seja, a de número
atômico, Z, a de absorção, A, e a de fluorescência, F, na forma de fatores
multiplicadores é conhecido como correção ZAF, utilizada rotineiramente em
programas de qualquer equipamento convencional moderno para
microanálise.
121
Como já indicado, os raios-X de interesse em microanálise, estão na
faixa de energia de 0.18keV (correspondente ao Boro) a 15keV, onde
encontra-se pelo menos uma linha detectável das famílias K, L ou M para
todos os elementos da tabela periódica com número atômico maior que 4. A
Tabela 4.1 apresenta os comprimentos de onda e as correspondentes
energias das linhas Kα de alguns elementos de baixo número atômico.
122
correspondente aumento da penetração, que aumenta a absorção. Deste
modo a variação da voltagem acarreta um máximo de intensidade em uma
faixa intermediária de voltagem, em geral na faixa de 8 a 15 keV para o caso
de elementos leves.
A limitação física mais importante para a microanálise de elementos
leves está associada a diminuição da emissão de fluorescência de raios-X
com o decréscimo do número atômico do elemento analisado, gerando
poucos raios-X por ionização. Para o carbono por exemplo, apenas uma de
cada 400 ionizações da camada K produz raios-X característico do carbono; já
no caso do sódio, cada 40 ionizações produz um fóton de raio x característico.
As interações remanescentes produzem elétrons Auger, cuja emissão é
portanto, mais eficiente que a emissão de raios-X, no caso de elementos
leves.
Além da baixa emissividade de raios-X para elementos leves a
eficiência de coleta destes raios também é relativamente ruim. A maioria dos
detectores de raios-X detectam apenas uma fração dos raios que incidem
sobre eles. Por exemplo, de todos os raios-X de carbono correspondendo a
camada Kα que atingem um detector EDS sem janelas, apenas 67% são
transmitidos através da camada inicial de 100nm do silício. O resultado é que
apenas uma pequena fração dos eventos de ionização que produzem raios-X
que são efetivamente computados para a análise.
Problemas de sobreposição de picos ocorrem com a presença de
metais de transição, por exemplo, a linha Lα do Ti que sobrepõe a linha K do
N em 0,39keV e as linhas Lα tanto do V como do Cr que sobrepõe a linha K
do O em 0,52keV.
Os procedimentos para quantificação de elementos leves, a princípio
poderiam seguir os procedimentos normais de correção ZAF, (lembrando-se
dos cuidados de otimização da energia do feixe e ângulo de análise para
minimizar os efeitos de absorção). Entretanto, devido aos valores
extremamente elevados de absorção, os coeficientes de absorção de massa
precisam ser muito bem conhecidos, e os valores apresentados na literatura
123
freqüentemente apresentam enormes discrepâncias (algumas vezes da ordem
de 100%). Em geral, para elementos leves, uma variação de 1% dos
coeficientes de absorção de massa causam variações de 1% nos valores ZAF
calculados, independente do programa de correção utilizado para o cálculo
dos fatores ZAF.
124
elétrons. Nestes casos, é necessário o uso de baixas intensidades de corrente
para não danificar a amostra o que limita o uso de um espectrômetro WDS.
125
produzir a imagem. Obtendo-se uma série de mapas para diferentes
elementos, a distribuição espacial da composição pode ser visualizada,
conforme pode ser observado na Fig.4.41.
126
Fig.5.1. Diagrama esquemático mostrando a formação de um par de linhas de
Kikuchi.
127
Fig.5.2. Diagrama esquemático mostrando uma Fig.de difração de um cristal
com estrutura CFC e grupo espacial do tipo Fm3m.
128
atômico do material que está sendo analisado, da diferença de potencial
utilizada para acelerar o feixe de elétrons, da corrente da amostra e do tipo de
filamento utilizado para a emissão de elétrons. Por exemplo, para uma
diferença de potencial de 20 kV e para uma corrente da amostra de 1 nA,
utilizando filamento de tungstênio, a resolução lateral é aproximadamente 0,5
µm para o níquel.
c) as orientações podem ser medidas com uma precisão absoluta de cerca de
2° e com uma precisão relativa de cerca de 0,5° e
d) o tempo de cada análise pode ser bastante curto. Para medidas
controladas por computador, o tempo médio de cada medida fica entre 1 e 2
segundos. Isto permite que um número grande de medidas possa ser obtido e
que áreas relativamente extensas sejam pesquisadas.
129
estruturas cristalinas de baixa simetria. A análise de fases não condutoras
acarreta carregamento elétrico da região em que o feixe incide. O
reconhecimento e a indexação automáticos de figuras de difração de fases
não cúbicas ainda apresenta baixa confiabilidade e métodos e programas
computacionais mais eficazes deverão ser desenvolvidos no futuro.
130
representados grãos com três tipos de orientação: branca, preta e hachurada
(pontilhada).
As figuras a seguir apresentam alguns resultados obtidos em uma
o
amostra de um aço Duplex, solubilizado a 1300 C por 1 h, mostrando o
grande potencial de uso em equipamentos informatizados. As figuras mostram
distribuição de orientação, mapas de textura e ângulo de desorientação.
131
6. Técnicas de preparação de amostras
132
brimento de amostras não condutoras é que as camadas depositadas podem
melhorar o nível de emissão de elétrons uma vez que emitem muito mais
elétrons que o material da amostra. Entretanto, é necessário lembrar que
somente amostras não recobertas podem mostrar a verdadeira estrutura da
superfície. Nos MEVs modernos, os efeitos de carregamento são minimizados
pois as operações em baixas voltagens são rotineiras, e além disso, existe a
possibilidade de armazenagem da imagem, após somente uma varrida do
feixe sobre a superfície da amostra.
Duas técnicas de recobrimento comumente utilizadas são a deposição
de íons ("sputtering") e a evaporação de carbono. No recobrimento por
deposição de íons um alvo de Au (Au-Pd, Pt) é bombardeado com átomos de
um gás como argônio, e átomos do metal são ejetados do alvo e depositados
sobre a superfície da amostra. Para este tipo de recobrimento, geralmente são
utilizadas pressões da ordem de 0,1 a 0,05mbar. O metal geralmente é
depositado em forma de ilhas e não de maneira contínua, tornando-se impor-
tante o contrôle do tamanho de grão, penetração do recobrimento, espessura,
etc.
No recobrimento por evaporação de carbono, fibras de carbono
evaporam devido ao aquecimento em temperaturas da ordem de 2000°C a
vácuo e depositam-se na forma de filmes nas regiões adjacentes. Apesar do
carbono não ser um bom emissor de elétrons, este elemento pode fornecer
um caminho condutor sobre a amostra mesmo em camadas muito finas.
Apesar dos procedimentos de recobrimento serem considerados como
rotineiros, é importante salientar que recobrimentos podem facilmente
mascarar a superfície real da amostra. Além disso somente poucas amostras
não podem ser estudadas sem recobrimento, desde que o microscópio seja
operado na faixa de voltagem adequada.
133
portanto, a superfície a ser analisada deve ser preparada cuidadosamente,
evitando-se a formação de filmes e a deformação plástica da superfície
durante sua preparação.
7. Manutenção de Equipamentos
134
dos lados da ponta com as duas extremidades afinadas; caso haja sobre
aquecimento o filamento se quebra do mesmo modo, porém sem apresentar
as pontas afinadas.
O suporte cerâmico do filamento também serve como indicação de
como o filamento foi utilizado. Após situações normais de uso, a cerâmica
estará com coloração azulada devido a evaporação do tungstênio. Caso o
filamento tenha sido sobre aquecido, a coloração será azul escuro. E no caso
de contaminação devido a condições inadequadas de vácuo, haverá uma
coloração marrom.
O cilindro de Wehnelt é feito de aço inoxidável, e deve ser totalmente
limpo antes da colocação do novo filamento. Em geral a limpeza é efetuada
com cera de polimento para metais, que deve ser completamente removida
com limpeza ultrasônica em um solvente. O filamento deve ser alinhado de
acordo com as recomendações do fabricante do equipamento e, antes da
colocação final no canhão, é importante que se verifique o estado dos anéis
de vedação. Lembre-se que para limpeza de anéis de vedação de borracha
deve-se usar preferencialmente um solvente, uma vez que graxas de vácuo
contribuem enormemente para contaminação da coluna.
135
As aberturas devem ser examinadas com um microscópio ótico, para
verificar se estão limpas e perfeitamente circulares. Aberturas que distorcem
após a limpeza não devem ser utilizadas.
Bibliografia
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H.-J.Kestenbach e W.J.Botta F., "Microscopia Eletrônica: Transmissão e
Varredura", Associação Brasileira de Metais, 1989, 104pags. Re-edição
Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais, São Paulo, 1994.
Metals Handbook - Ninth Edition, vol. 10, Materials Characterization, American
Society for Metals (1986).
137